INFOHABITAR
N.º 662
HISTÓRIA(S) E
TIPOLOGIAS DO HABITAR
Conjunto de 27 artigos
e um texto de apresentação
Caros leitores da revista
semanal Infohabitar com a presente edição, damos continuidade
a uma tipologia editorial, em que se procura voltar a focar e divulgar artigos
e séries editoriais já desenvolvidas há algum tempo, mas versando temáticas
intemporais.
Julgamos que quando uma
revista técnica e científica como a nossa atinge um significativo “tempo de
vida” – neste caso 14 anos – e expressão editorial – a caminho dos 700 artigos
– corre-se o risco de textos que deixaram de estar numa primeira linha
editorial, mas que continuam com o mesmo interesse e oportunidade, poderem
ficar um pouco esquecidos “nas prateleiras arquivadoras”, neste caso “na nuvem
arquivista” e, a partir desta consideração, surgiu a ideia de voltar a colocar “bem
à mão”, à distância de um rápido “clic”, conjuntos temáticos de artigos, por
vezes muito bem articulados, entre si, outras vezes marcados por uma salutar
diversidade, como é o caso actual.
E é assim que, na presente
edição da Infohabitar, se sugere a leitura de uma série de 27 artigos,
editados entre 2005 e 2012, desenvolvidos por 9 autores e que têm em comum a
abordagem do grande tema das HISTÓRIA(S) E TIPOLOGIAS DO HABITAR.
Lembra-se que esta matéria das
HISTÓRIA(S) E
TIPOLOGIAS DO HABITAR constitui um dos 35 temas editoriais da
Infohabitar.
Regista-se, ainda, que esta
matéria das HISTÓRIA(S) E TIPOLOGIAS DO HABITAR corresponde a um dos
sete grandes temas abordados num estudo amplo sobre a matéria do “habitar
humanizado”, apresentado e desenvolvido em duas publicações editadas e
disponibilizadas pela Livraria do LNEC (apontadas em seguida) e no n.º 18 dos
Opúsculos da Editora Dafne – neste caso, com o título “Entre casa e cidade, a
humanização do habitar”.
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada: Uma apresentação
geral, Lisboa, LNEC, Memória n.º 836, 2007, 40 p., 19 fig., ISBN
978-972-49-2117-4.
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada, Lisboa, LNEC,
Tese e Programas de Investigação TPI n.º 46. Lisboa: LNEC, 2007. 574 p., 121
fig., ISBN 978-972-49-2120-4.
A matéria global do “habitar
humanizado” refere-se ao habitar espaços domésticos e urbanos e corresponde a
um estudo de investigação, desenvolvido no quadro de uma “habilitação em
arquitetura e urbanismo”, realizado e discutido no Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC), considerando-se que o interesse no desenvolvimento
deste tema decorreu, quase diretamente, da necessidade sentida de se aprofundarem
aspetos ainda considerados menos objetivos e que no entanto caracterizam,
claramente, pela sua existência ou ausência, múltiplas situações domésticas e
urbanas.
Trata-se, assim, de um tema
cuja importância se julga ser evidente numa altura em que o “mal habitar” casa
e cidade continua a marcar, em todo o mundo, um elevadíssimo número de famílias
e as periferias e os vazios urbanos de grandes cidades, uma importância que
resulta, tanto da necessidade de se considerarem, diretamente, os múltiplos
aspetos de uma sensível humanização dos quadros do habitat humano, como da
importância de se estar alerta relativamente às recorrentes simplificações
relativas a áreas mínimas habitacionais mal concebidas (“cegamente”
funcionalizadas), e à doentia repetição de projetos-tipo mal concebidos e mal
aplicados em termos urbanos.
“Ele
também avança no jogo da caverna” – uma inovadora tipologia
residencial e urbana em Hamburgo, Aufbruch in Hamm-Süd, Arq. Czerner und
Czerner, 2000.
“Só o
homem constrói habitações que variam de acordo com requisitos, clima e padrão
cultural... ele também avança no jogo da caverna, para métodos cada vez mais
refinados de espaços fechados. Pouco a pouco ele empenha-se em dar forma a tudo
o que o cerca.”
Steen Eiler Rasmussen,
“Arquitetura Vivenciada”, 1998 (1986), p.32
Há que sublinhar que à questão
tipológica se atribui uma importância fulcral na conquista de um habitar
humanizado e arquitectonicamente valioso, desde que a “velha” questão da
tipologia seja agora considerada e seguida numa perspectiva por um lado
extremamente ligada à prática – constatação da vida das gentes nas soluções
habitacionais que foram sendo inventadas – e por outro muito construtiva ou
orgânica e extremamente solta de preconceitos, mas muito fiel à história e à tradição
dos habitares humanos.
Procura-se avançar,
essencialmente, em dois aspectos fundamentais:
- O primeiro é a grande
importância específica que tem a matéria tipológica ligada ao habitar o meio
urbano, e nesta linha fica muito evidenciada a importância que tem uma
sedimentada prática de projecto/desenho de arquitectura em tudo o que nos leve
para reflexões mais sistematizadas, designadamente, sobre as tipologias
humanizadas, suas formas e conteúdos preferenciais.
- O outro é a grande ligação
que existe entre as matérias e os estudos ligados às utopias do habitar e às
utopias urbanas e a sua respectiva humanização, e, mediando, temos os aspectos
“centrais” da concepção e do projecto; e saliente-se que tais matérias
consideradas mais utópicas e/ou ligadas às raízes mais profundas dos conceitos
de habitar e de cidade, são fundamentais na construção de uma matéria
tipológica habitacional que realmente nos toque em profundidade e nos motive na
busca de melhores e mais humanizadas soluções residenciais.
O que se procura clarificar e
propor é que a matéria tipológica associada à da humanização do habitar e da
cidade possa continuar a merecer abordagens específicas, marcadas pela
igualdade de tratamento entre os referidos objectivos humanos e cívicos e
objectivos mais formais e projectuais, que se consideram tão essenciais para um
avanço fundamentado e prático nesta matéria, como são os objectivos de
humanização e caracterização, que são os mais considerados neste trabalho. E
numa época bem marcada pela multiplicidade dos contextos urbanos e residenciais
e pela diversidade dos modos de vida e dos desejos de como habitar, fica
claramente evidente a importância desta linha de estudos.
Nesta matéria das tipologias
habitacionais as “Lições de Arquitectura” de Hertzberger - Herman Hertzberger, “Lições de
Arquitetura”, trad. Eduardo Lima Machado, 1996 (1991) - são fundamentais, pois
ele nelas traça uma linha sequencial e bem articulada de concepção dos espaços
residenciais extremamente ligada à pormenorização coerente e fundamentada da
casa, do edifício e da rua/zona de proximidade, privilegiando a humanização do
habitar e sublinhando aspectos verdadeiramente “construtores” de tipologias e
de variações tipológicas residenciais, e designadamente:
- as soleiras e os espaços de acesso
aos fogos;
- as vistas estratégicas sobre
o exterior e sobre o interior, pontos de expressão de hospitalidade e que podem
fazem transparecer ou mesmo expandir, controladamente, os espaços domésticos,
ajudando a combater situações de solidão (hoje tão frequentes);
- os espaços comuns como zonas
de algum recreio juvenil vigiado e de convívio, ou mesmo com papel de “rua”
quando os seus utentes assim o necessitam (ex. idosos);
- os edifícios integrando uma
estimulante variedade de acessos privados e/ou geminados, em diversos níveis e
configurações;
- e os espaços do tipo “rua de
convivência”, considerados e pormenorizados como verdadeiras “salas de estar comunitárias” (ou jardins
considerados como salas de estar ao ar livre), combatendo-se o automóvel preponderante,
a descontinuidade física, as densidades reduzidas (número de fogos e número de
habitantes/fogo) e a falta de conforto do espaço público face a um interior
doméstico cada vez mais cativante, apoiando-se o recreio infantil e a
diversidade de contactos casa/rua, e vitalizando-se/polarizando-se o espaço
público com um máximo de acessos directos a fogos bem identificados e
apropriáveis.
Há aqui, portanto, um léxico
de “pequenos” elementos de composição do habitar que podem ser os verdadeiros
protagonistas da composição de variadíssimas tipologias de habitar – e
atente-se no sublinhado –, como se dos fogos e de uma sua aturada
pormenorização passássemos, por exemplo, para a rua, a praceta, o pequeno
quarteirão, sem uma nota de importância especial para o edifício, e note-se a
carga de relação com o habitante, com a casa habitada, com o sítio
“super-humanizado” que é esta casa, que desta forma se atinge; fica, assim, de
pé, uma ideia concretizadora de um reforço da importância dos espaços privados
– a casa – e públicos – a rua, a praceta, por exemplo – e de uma, eventual,
possibilidade de maior apagamento do edifício, como “obra” isolada e, quem
sabe, mais protagonista, bem como dos espaços colectivos desse edifício, a não
ser que estes tenham condições de assumir um verdadeiro protagonismo formal e
funcional, que seja considerado importante numa dada situação/solução urbana
específica.
Listam-se, em seguida
(ordenados de acordo com a respectiva apresentação), alguns dos subtemas tratados
nos artigos, associados ao tema editorial das HISTÓRIA(S) E
TIPOLOGIAS DO HABITAR cujos títulos específicos e links são, depois, disponibilizados mais abaixo:
As grandes cidades e a origem das cidades
Composição de edifícios habitacionais
Origens da cidade
Cidade densa
Casa-pátio
Habitação multifamiliar em Lisboa nos anos de 1950
Arquitectura e Habitação: velhos aliados – a Arquitectura e o Problema Português da Habitação, 1948-2008
Nos 60 anos do 1.º Congresso Nacional de Arquitectura , textos de, e organizados por, Nuno Teotónio Pereira
Relação entre o Habitar e a História
O habitar, da proto-história aos romanos
Prémio INH/IHRU 2007
20 Anos de habitação social portuguesa
Arquitectura da habitação social portuguesa recente
Cidades à beira-rio e o rio como paisagem
O Espaço Como Dominação e Consciência
Premiados e mencionados no Prémio INH 2006
Arquitectura por arquitectas
Edifício COPAN
O conjunto de habitações sociais do Monte de São João - um texto de análise do Arq.ºDuarte Nuno Simões
Fiquem, então,caros leitores com
algumas das muitas páginas da nossa pequena história editorial; e boas
leituras,
António Baptista Coelho
Editor da
Infohabitar, Presidente da GHabitar, investigador principal com habilitação em
Arquitectura e Urbanismo (LNEC), doutor em Arquitetura (FAUP), Arquiteto
(ESBAL).
Notas práticas:
. a listagem dos artigos mantém a
respetiva ordem cronológica editorial (dos mais recentes para os menos
recentes);
. os artigos são disponibilizados no
seu formato editorial original;
. para aceder ao
artigo basta fazer ctrl + click
sobre o seu endereço eletrónico
(disponibilizado a seguir ao respetivo título); ou sobre o próprio título (quando este está
ligado diretamente ao respetivo ebdereço eletrónico – ao passar o rato/mouse
sobre o título essa ligação fica evidente).
(Tema geral)
HISTÓRIA(S) E
TIPOLOGIAS DO HABITAR
COELHO, António Baptista – IInfohabitar, Ano
XIII, n.º 607, terça-feira, abril 18, 2017, As grandes cidades e a
origem das cidades, http://infohabitar.blogspot.pt/2017/04/as-grandes-cidades-e-origem-das-cidades_18.html ,
( 3 pp., 2 figg.).
Composição de edifícios habitacionais e conhecimento
histórico - I - António Baptista
Coelho (n.º 445, 24 JUN. 13, 4 págs., 4 figs.).
Notas gerais sobre as origens da cidade (ii): quando a
rua desceu dos tectos das casas que faziam uma cidade densa - António Baptista Coelho (n.º 387, 1 Abr. 12, 6 págs., 5 figs.).
Notas gerais sobre as origens da cidade e uma pequena
introdução à cidade densa e quase sem ruas (i) - António
Baptista Coelho (n.º 383, 4 Mar. 12, 4 págs., 3 figs.).
"O limite do habitar: o exposto e o
recluso", seguido de "casa-pátio: uma tipologia muito
versátil" - Décio Gonçalves e
António baptista Coelho (n.º 287, 28 Fev. 10, 6 págs., 7 figs.).
Apresentação de "O moderno revisitado: habitação
multifamiliar em Lisboa nos anos de 1950", um livro de Ricardo Costa Agarez editado pela
CML - António baptista Coelho (N.º 286, 21 Fev. 10, 6 págs., 6
figs.).
Sobre a casa-pátio: elementos de enquadramento - António Baptista Coelho
(Infohabitar, Ano VI, n.º 283, Janeiro 31, 2010, 6 p., 3 fig.)
Arquitectura e Habitação: velhos aliados – a
Arquitectura e o Problema Português da Habitação, 1948-2008, Artigo de António Baptista Coelho (n.º 208, 1 Ago. 2008, 5 págs., 4 figs.).
Nos 60 anos do 1.º Congresso Nacional de Arquitectura ,
textos de, e organizados por, Nuno Teotónio Pereira (n.º
206, 20 Jul. 2008, 9 págs., 7 fig.).
Relação entre o Habitar e a História -
I , António Baptista Coelho (n.º 167, 2 Nov. 07, 6
p., 4 fig.).
O habitar, da proto-história aos romanos – Paços de
Ferreira 12 e 13 de Outubro -
António Baptista Coelho (n.º 164, 25 Out. 07, 20 p., 27 fig.).
Prémio INH/IHRU 2007 – 19ª Edição -
Júri do Prémio INH/IHRU 2007 (n.º149, 19 Jul.
07, 11 p.,12 fig.) .
20 Anos de habitação social portuguesa - António Baptista Coelho (n.º 143, 7 Jun. 07, 16 p., 10 fig.).
Arquitectura da habitação social portuguesa
recente – resenha de Sheila Walbe Ornstein (n.º 142, 31 Mai. 07, p., 4 fig.).
Cidades à beira-rio e o rio como paisagem: a
civilização que nasceu da água -
Celeste Ramos com a colaboração e ilustração de António Baptista Coelho (n.º
100, 24 Ago. 06, 10p., 9 fig.).
O Espaço Como Dominação e Consciência – artigo de Maria Luiza Forneck,
ilustração de Susana Abreu, sobre as Missões Jesuítas no Sul do Brasil (n.º 97,
4 Ago. 06, 6p., 7 fig.).
Outros destaques no Prémio INH 2006 – António Baptista Coelho (n.º 92, 9 Jul., 9p., 19 fig.).
Premiados e mencionados no Prémio INH 2006 – António Baptista Coelho e Maria
Celeste Ramos (n.º 91, 3 Jul 06, 10p., 18 fig.).
Prémio INH 2006: candidaturas da promoção privada,
parte II – reportagem de António
Baptista Coelho (n.º 89, 23 Jun. 06, 5p., 16 fig.).
Prémio Instituto Nacional de Habitação 2006: as
candidaturas da promoção privada, parte I –
reportagem de António Baptista Coelho (n.º 88, 17 Jun. 06, 7p., 17 fig.).
Prémio Instituto Nacional de Habitação 2006:
candidaturas municipais e de entidade pública empresarial – reportagem de António Baptista
Coelho (n.º 87, 11 Jun. 06, 6p. 14fig.).
Prémio InstitutoNacional de Habitação 2006:
candidaturas cooperativas – reportagem de António Baptista
Coelho (n.º 86, 4 Jun. 06).
Arquitectura no feminino – texto de Celeste Ramos com imagens
de António Baptista Coelho do conjunto residencial projectado pela Arqª Ana
Valente e promovido pela CM de Esposende (n.º 77, 4 Abr. 06, 6p. 6fig.).
As grandes cidades e a origem das cidades – António Baptista Coelho (n.º 41, ABC, 22 Set. 05, 4 p., 2 fig.).
Edifício COPAN: marco de revitalização habitacional em
São Paulo – Parte II – um artigo do
Arq.º Walter Galvão e da Prof.ª Sheila Ornstein (n.º 28, 27 Jun. 05, 5 p., 4
fig.).
Edifício COPAN: marco de revitalização habitacional em
São Paulo – Parte I - um artigo do
Arq.º Walter Galvão e da Prof.ª Sheila Ornstein (n.º 27, 22 Jun. 05, 7 p., 3 fig.,
3 com.).
O conjunto de habitações sociais do Monte de São João - um texto de análise do Arq.ºDuarte Nuno Simões (n.º
7, 24 Fev. 05, 3 p.).
Finalmente
salienta-se que o processo editorial da Infohabitar, revista ligada à ação da
GHabitar - Associação Portuguesa de Promoção da Qualidade Habitacional
(GHabitar APPQH) – associação que tem a sede na Federação Nacional de
Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) –, voltou a estar, desde o
princípio de setembro de 2017, em boa parte, acolhido no Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e
nos seus Departamento de Edifícios e Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT);
aproveitando-se para se agradecer todos os essenciais apoios disponibilizados
por estas entidades.
Notas
editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
Infohabitar, Ano XIV, n.º 662
HISTÓRIA(S) E
TIPOLOGIAS DO HABITAR
Conjunto de 27 artigos
Infohabitar
Editor: António
Baptista Coelho
abc.infohabitar@gmail.com
Editado nas instalações do Núcleo de
Estudos Urbanos e Territoriais (NUT) do Departamento de Edifícios (DED) do
LNEC; Infohabitar, Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a
Promoção da Qualidade Habitacional – Associação com sede na Federação Nacional
de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).
Apoio à Edição: José Baptista Coelho -
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.
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