domingo, julho 26, 2015

543 - Lavandaria doméstica - Infohabitar n.º 543

O 3.º CIHEL recebeu 118 propostas de artigos.

Infohabitar, Ano XI, n.º 543

Lavandaria doméstica - Infohabitar n.º 543

António Baptista Coelho
Artigo LXXXIV da Série habitar e viver melhor


Continuamos, em seguida, a Série editorial sobre "habitar e viver melhor", na qual temos acompanhado uma sequência espacial desde a vizinhança de proximidade urbana e habitacional até ao edifício multifamiliar.
Estamos a abordar , com algum detalhe, os espaços que constituem os nossos “pequenos” mundos domésticos e privativos, refletindo sobre as diversas facetas que os qualificam; e continuamos a desenvolver uma reflexão sobre os espaços de lavandaria domésticos.

Lavandaria doméstica - associações interessantes

Habitualmente a lavandaria e rouparia doméstica está associada à cozinha e, eventualmente, a uma casa de banho mais ampla, mas há que manter total independência com os usos ligados à preparação de refeições.

Lavandaria doméstica - hábitos interessantes

O estender a roupa no exterior é um hábito interessante que convém salvaguardar, havendo excelentes soluções que harmonizam esta atividade com o respetivo e relativo recato e a sobriedade da imagem pública produzida.


Fig. 01: pormenor de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H 15 - 16, Arquitetura: Mats Molén.

Lavandaria doméstica - aspectos motivadores

A associação de boa parte do tratamento de roupa doméstico – lavar, engomar e costurar – num espaço desafogado do tipo sala de família ou mesmo grande cozinha familiar e multifuncional é uma solução associada a uma interessante dinamização do convívio doméstico, desde que os aspectos associados ao ruído da lavagem estejam minimizados, assim como os aspetos de ventilação que são essenciais.

Lavandaria doméstica - problemas correntes

Os problemas correntes nestas matérias têm a ver, frequentemente, com a quase ausência de apoios domésticos específicos ao tratamento de roupas, ou à existência de situações em que espaços desse tipo interiorizam criticamente os espaços de cozinha contíguos.
E há ainda que referir situações críticas onde se propõe uma íntima associação sem qualquer sentido entre tratamento de roupas e espaço de preparação de refeições – por exemplo com um estendal interior cruzando e cortando transversalmente o espaço de cozinha.



Fig. 02: pormenor de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H 33 - 34, Arquitetura: Greger Dahlström.


Lavandaria doméstica -  questões levantadas por áreas mínimas

As áreas e dimensões mínimas agravam as situações de deficiente previsão do tratamento de roupas, tendendo a “amalgamá-lo” juntamente com as diversas funções de cozinhas, sendo estas espacialmente exíguas e mal equipadas.

Lavandaria doméstica - novidades e tendências (ex., idosos, etc.)

As principais tendências relativas ao tratamento de roupas doméstico na sociedade urbana actual, marcada pelo isolamento de cada um na sua célula habitacional têm a ver, frequentemente, com a transferência desta actividade para serviços especializados, uma solução que, provavelmente, será também bastante adequada a uma população envelhecida.

Fig. 03: pormenor de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H 36 - 37, Arquitetura: Bengt Hidemark, Ingemar Jönsson.


References/Referências/notas


Nota importante sobre as imagens que ilustram o artigo:

As imagens que acompanham este artigo e que irão, também, acompanhar outros artigos desta mesma série editorial foram recolhidas pelo autor do artigo na visita que realizou à exposição habitacional "Bo01 City of Tomorrow", que teve lugar em Malmö em 2001.

Aproveita-se para lembrar o grande interesse desta exposição e para registar que a Bo01 foi organizada pelo “organismo de exposições habitacionais sueco” (Svensk Bostadsmässa), que integra o Conselho Nacional de Planeamento e Construção Habitacional (SABO), a Associação Sueca das Companhias Municipais de Habitação, a Associação Sueca das Autoridades Locais e quinze municípios suecos; salienta-se ainda que a Bo01 teve apoio financeiro da Comissão Europeia, designadamente, no que se refere ao desenvolvimento de soluções urbanas sustentáveis no campo da eficácia energética, bem como apoios técnicos por parte do da Administração Nacional Sueca da Energia e do Instituto de Ciência e Tecnologia de Lund.

A Bo01 foi o primeiro desenvolvimento/fase do novo bairro de  Malmö, designado como Västra Hamnen (O Porto Oeste) uma das principais áreas urbanas de desenvolvimento da cidade no futuro.

Mais se refere que, sempre que seja possível, as imagens recolhidas pelo autor do artigo na Bo01 serão referidas aos respetivos projetistas dos edifícios visitados; no entanto, o elevado número de imagens de interiores domésticos então recolhidas dificulta a identificação dos respetivos projetistas de Arquitetura, não havendo informação adequada sobre os respetivos designers de equipamento (mobiliário) e eventuais projetistas de arquitetura de interiores; situação pela qual se apresentam as devidas desculpas aos respetivos projetistas e designers, tendo-se em conta, quer as frequentes ausências de referências - que serão, infelizmente, regra em relação aos referidos designers -, quer os eventuais lapsos ou ausência de referências aos respetivos projetistas de arquitetura.

Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.


Infohabitar, Ano XI, n.º 543
Artigo LXXXIV da Série habitar e viver melhor
Lavandaria doméstica - Infohabitar n.º 543

Editor: António Baptista Coelho 
abc@lnec.pt e abc.infohabitar@gmail.com
GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional

Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.

domingo, julho 19, 2015

542 - Arrumações domésticas: aspetos inovadores – Infohabitar n.º 542


http://labhab.fau.usp.br/3cihel/ 

O 3.º CIHEL recebeu 118 propostas de artigos.

Infohabitar, Ano XI, n.º 542

Arrumações domésticas: aspetos inovadores – Infohabitar n.º 542

António Baptista Coelho
Artigo LXXXIII da Série habitar e viver melhor


Continuamos, em seguida, a Série editorial sobre "habitar e viver melhor", na qual temos acompanhado uma sequência espacial desde a vizinhança de proximidade urbana e habitacional até ao edifício multifamiliar.
Estamos agora a abordar , com algum detalhe, os espaços que constituem os nossos “pequenos” mundos domésticos e privativos, refletindo sobre as diversas facetas que os qualificam; e continuamos a desenvolver uma reflexão sobre os espaços de arrumação domésticos, agora considerando matérias diversas que ficam para desenvolvimento futuro, como aquelas associadas a áreas mínimas e a novas formas de habitar.

Arrumação doméstica: hábitos interessantes e críticos

Como já se apontou em artigos desta série, uma maior e mais diversificada capacidade de arrumação tem a ver com hábitos residenciais marcados por modos de vida não-urbanos, no entanto a vivência da cidade é também caracterizada pela profusão dos mais diversos e numerosos gadgets, elementos de comunicação e consumíveis, que invadem as nossas casas, diariamente, e que obrigam, cada vez mais, a uma grande e sistemática disciplina de triagem, rejeição, arrumação e, eventual arquivamento, se não se quiser assumir o risco de se viver, constantemente, num ambiente doméstico desarrumado e confuso.
Há, ainda, que sublinhar que a intensificação do trabalho profissional e do estudo em casa é um aspecto que marca o habitar de hoje e que muito agrava a referida invasão doméstica de gadgets, elementos de comunicação e consumíveis; de certa forma trata-se de associar à casa boa parte ou a totalidade das valências de um escritório doméstico.
Naturalmente que a disseminação de uma adequada capacidade de arrumação, por toda a habitação, tal como acabou de se apontar, muito ajuda nesta “batalha” diária contra a desarrumação, seja pela arrumação disponibilizada, seja, indirectamente, pela capacidade de “esconder” a desarrumação com alguma facilidade.
Uma coisa é certa, quanto menor for a capacidade de arrumação doméstica oferecido, tanto maior a necessidade de sistematização e de disciplina nessa luta diária contra a desarrumação.



Fig. 01: interior de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H21 – 24, Arquitetura: Mario Campi, Arne Jönsson, Jan Telving.

Arrumação doméstica: problemas correntes

A arrumação eficaz e bem disseminada ao longo dos diversos espaços domésticos é um factor fundamental para a funcionalidade, a agradabilidade e a satisfação do desenrolar das actividades que aí são frequentes, sublinhando-se que a ocorrência de uma situação distinta terá como consequência a ocorrência dos mais diversos tipos de problemas nessas actividades, e o avolumar de um sentimento de insatisfação com as respectivas condições domésticas. 

A afirmação que acabou de se fazer não deve ser considerada um “lugar comum” pois nos tempos de hoje, que vão passando com um sentido crítico de velocidade e urgência, tudo e mesmo tudo aquilo que se possa fazer para garantir um máximo de funcionalidade doméstica é essencial para se ganhar uma espécie de “lastro”, em termos de adaptabilidade no uso da casa; e neste lastro tem uma importância vital a existência de uma significativa, bem disseminada e multifuncional capacidade de arrumação doméstica. 


Podemos aprofundar ainda, um pouco mais, esta reflexão considerando que, actualmente, há três tipos de tarefas críticas num uso doméstico “autonomizado”, porque realizado praticamente sem ajudas profissionais (por exemplo empregadas) ou com tais ajudas reduzidas ao mínimo:
. as tarefas associadas à preparação de refeições e ao tratamento de roupas, que poderão e deverão ter um apoio funcional específico e maximizado, tal como foi e será aqui apontado;
. as tarefas associadas à arrumação doméstica, que poderão ser grandemente facilitadas através da estratégia que acabou de ser referida;
. e as tarefas associadas à limpeza doméstica, às quais dedicaremos, mais à frente, um parágrafo específico.
Tudo o que se faça, em termos de concepção de espaços, acabamentos e equipamentos para agilizar estas tarefas constitui uma vantagem determinante para o melhor e mais satisfatório uso da casa; e se considerarmos o uso da casa pelo grupo, cada vez mais alargado, de pessoas idosas, então estas vantagens assumem, ainda, uma importância mais determinante e que obriga a cuidados ergonómicos, funcionais e dimensionais específicos.



Fig. 02: interior de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H21 – 24, Arquitetura: Mario Campi, Arne Jönsson, Jan Telving.

Arrumação doméstica: questões levantadas por áreas mínimas

Como já se apontou, em artigos desta série, a existência de áreas habitacionais mínimas não é compatível com a ausência de adequadas capacidades de arrumação, pois face a esta ausência a arrumação tenderá a ser assegurada, muito provavelmente através de soluções improvisadas e funcionalmente negativas, em espaços que estão já nos mínimos funcionais, com resultados, que, frequentemente produzirão situações domésticas atravancadas e sem quaisquer condições de agradabilidade e de satisfação.
Conclui-se, assim, que quanto mais reduzido for o dimensionamento doméstico, tanto maior deverá ser o cuidado investido na previsão dos respectivos espaços e elementos de arrumação.
E quando há áreas mínimas e, frequentemente, dimensões mínimas, há que cortar no mobilar, o que até é também lógico em termos das poupanças financeiras associadas, e deveria haver uma tipologia de mobiliário específica, eventualmente marcada com um símbolo específico, que fosse caracterizada, seja por um dimensionamento funcional mas mínimo, e por dispositivos funcionais, de integração e de durabilidade muito adequados (exemplo, pequenas mesas rebatíveis, cadeiras dobráveis e bem arrumáveis em conjuntos compactos, sofás confortáveis mas pouco volumosos, camas cujo estrado funciona como grande espaço de arrumação, zonas domésticas com tecto rebaixado e aproveitado como espaço de arrumação, lavatórios dimensionalmente reduzidos, etc.).
Caso contrário e caso frequente, como os habitantes não têm nem têm de ter uma formação em aspectos de espacialidade e de integração dimensional, irão arranjar elementos de mobiliário que são adequados a habitações com mais 50% a 100% da área de que dispõem realmente.
E o exemplo prático do que se está a referir é a opção de mobiliário e equipamento embutido, multifuncional, versátil, subdimensionado, muito durável e facilmente limpável de autocaravanas e de iates; embora a comparação com as unidades habitacionais "mínimas" não possa ser directa, na prática esta é uma reflexão que sempre nos levará longe .



Fig. 03: interior de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H21 – 24, Arquitetura: Mario Campi, Arne Jönsson, Jan Telving.

Arrumação doméstica: novidades e tendências (ex., trabalho em casa; idosos, etc.)

Uma boa capacidade de arrumação doméstica é uma condição essencial no uso flexibilizado e adaptativo de uma habitação a diversos modos de vida e composições familiares, o que constitui um aspecto de grande importância quando hoje em dia cada vez mais há que favorecer uma máxima diversificação das características residenciais pormenorizadas.
Uma casa com uma boa capacidade de arrumação pode, praticamente, converter-se em diversos cenários domésticos com um mínimo de alterações significativas, mas quando não há tal capacidade tudo o que se altera tem reflexos muitas vezes críticos na vivência de toda a habitação, num crescendo de problemas que se agrava com a existência de áreas e dimensões mínimas.
Estes aspectos têm relação directa com a actual tendência de se intensificar o trabalho profissional em casa, que obriga naturalmente a condições específicas de arrumação e à sua compatibilização com os espaços e as arrumações domésticas...
E a existência de uma boa capacidade de arrumação doméstica é um dos aspectos determinantes da adequação de uma casa à sua vivência prolongada por habitantes idosos, proporcionando o gradual “arquivamento” dos mais diversos elementos, o que é duplamente útil, seja no sentido em que se disponibilizam condições de arrumação diversificadas, para os mais diversos bens acumulados ao longo da vida, seja no sentido em que a boa arrumação pode proporcionar um apreciável desimpedimento dos espaços domésticos, condição positiva para a vivência dos idosos.

References/Referências/notas


Nota importante sobre as imagens que ilustram o artigo:

As imagens que acompanham este artigo e que irão, também, acompanhar outros artigos desta mesma série editorial foram recolhidas pelo autor do artigo na visita que realizou à exposição habitacional "Bo01 City of Tomorrow", que teve lugar em Malmö em 2001.

Aproveita-se para lembrar o grande interesse desta exposição e para registar que a Bo01 foi organizada pelo “organismo de exposições habitacionais sueco” (Svensk Bostadsmässa), que integra o Conselho Nacional de Planeamento e Construção Habitacional (SABO), a Associação Sueca das Companhias Municipais de Habitação, a Associação Sueca das Autoridades Locais e quinze municípios suecos; salienta-se ainda que a Bo01 teve apoio financeiro da Comissão Europeia, designadamente, no que se refere ao desenvolvimento de soluções urbanas sustentáveis no campo da eficácia energética, bem como apoios técnicos por parte do da Administração Nacional Sueca da Energia e do Instituto de Ciência e Tecnologia de Lund.

A Bo01 foi o primeiro desenvolvimento/fase do novo bairro de  Malmö, designado como Västra Hamnen (O Porto Oeste) uma das principais áreas urbanas de desenvolvimento da cidade no futuro.

Mais se refere que, sempre que seja possível, as imagens recolhidas pelo autor do artigo na Bo01 serão referidas aos respetivos projetistas dos edifícios visitados; no entanto, o elevado número de imagens de interiores domésticos então recolhidas dificulta a identificação dos respetivos projetistas de Arquitetura, não havendo informação adequada sobre os respetivos designers de equipamento (mobiliário) e eventuais projetistas de arquitetura de interiores; situação pela qual se apresentam as devidas desculpas aos respetivos projetistas e designers, tendo-se em conta, quer as frequentes ausências de referências - que serão, infelizmente, regra em relação aos referidos designers -, quer os eventuais lapsos ou ausência de referências aos respetivos projetistas de arquitetura.

Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.

Infohabitar, Ano XI, n.º 542
Artigo LXXXIII da Série habitar e viver melhor
Arrumações domésticas: aspetos inovadores - Infohabitar n.º 542

Editor: António Baptista Coelho 
abc@lnec.pt e abc.infohabitar@gmail.com
GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional

Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.

domingo, julho 12, 2015

541 - As máquinas domésticas - Infohabitar n.º 541

As máquinas domésticas - Infohabitar n.º 541
António Baptista Coelho
Artigo LXXXII da Série habitar e viver melhor


Continuamos, em seguida, a Série editorial sobre "habitar e viver melhor", na qual temos acompanhado uma sequência espacial desde a vizinhança de proximidade urbana e habitacional até ao edifício multifamiliar.
Estamos agora a abordar , com algum detalhe, os espaços que constituem os nossos “pequenos” mundos domésticos e privativos, refletindo sobre as diversas facetas que os qualificam; e continuamos a desenvolver uma reflexão sobre os espaços de arrumação domésticos, seja no sentido do "arrumar" das máquinas domésticas, seja no que se refere à arrumação específica associada à lavandaria doméstica.

O arrumar as máquinas domésticas

Sobre o arrumar das máquinas domésticas já falámos um pouco, quando lembrámos o interesse que tem para agradabilidade da vivência na cozinha que não haja aqui significativas perturbações em termos de ruído.
Realmente há aqui uma dupla necessidade: que as maquinas de lavar roupa e louça e, eventualmente, de secar roupa estejam em locais “super-funcionais”, relativamente às suas diversas funções e que elas possam estar ligadas sem perturbarem o conforto acústico na cozinha e naturalmente em outros espaços domésticos de estadia e convívio.
Já se referiu que uma das soluções está na escolha de máquinas pouco ruidosas, e nesta matéria parece ser urgente que além da classificação relativa ao consumo energético seja facultada uma clara classificação relativa ao respectivo nível de ruído.
Outra solução será a arrumação das máquinas associadas ao tratamento de roupas num espaço próprio e acusticamente isolável da continuidade dos espaços associados à cozinha; condição esta que se julga ser até conveniente no sentido de se desenvolver um espaço específico de tratamento de roupas, bem distinto, tal como deve ser, do espaço de preparação de refeições, mas atenção que, sendo um espaço para instalação de máquinas, ele deve cumprir exigências rigorosas também em termos de isolamento relativamente ao exterior.

Fig. 01: pormenor de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H 13 - 14, Arquitetura: Moore, Ruble, Yudell, Bertil Ohrström.

O frigorífico é uma outra grande máquina  doméstica cuja importância funcional, e até quase simbólica, bem como o seu muito significativo dimensionamento, exige um cuidado na respectiva integração na cozinha, muito pouco conseguido em casos habitacionais correntes. Realmente o frigorífico é, habitualmente, um verdadeiro grande armário, com importância crucial no funcionamento diário da cozinha, e até da própria vivência diária na habitação, cuja localização relativa é, habitualmente, fonte de más consequências na vivência da cozinha, tantas vezes atravancando o espaço de movimentação, ou prejudicando gravemente a possibilidade da cozinha ser também um espaço de refeições ou mesmo de estar, agradável para além de funcional, ou ainda constituindo, por vezes, uma barreira à entrada da luz natural no coração da cozinha.
A solução para esta situação, que é infelizmente frequente, até porque os frigoríficos têm sido cada vez maiores – lembremo-nos dos primeiros modelos à altura do ombro, habitualmente decorados/rematados por um urso polar em louça, e façamos uma comparação com os actuais “armários” frigoríficos com a altura de portas – tem a ver com uma adequada previsão da integração do frigorífico considerando a sua utilidade:
(i) na arrumação de alimentos;
(ii) no apoio directo à preparação de refeições;
e (iii) no apoio de serviço eventual a toda a habitação e designadamente ao funcionamento convivial da sala-comum.
Mas o frigorífico também deve ser considerado no que se refere ao seu aspecto visual, tendo em conta o seu volume muito significativo.
Considerando-se estes aspectos na estruturação pormenorizada da própria cozinha, de forma a harmonizar, claramente, a sua presença relativamente às várias actividades que se podem e devem desenrolar nas cozinhas – a ideia aqui é até que o frigorífico constitua um elemento de atractividade visual da própria cozinha, de certa forma aliando-se o que está, naturalmente, na vontade dos habitantes – evidenciando-se um grande electrodoméstico – com um sentido funcional e “ambiental” doméstico aprofundado.





Fig. 02: pormenor de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H 13 - 14, Arquitetura: Moore, Ruble, Yudell, Bertil Ohrström.

O “arrumar” dos apoios ao tratamento da roupa e da própria roupa a secar

Outro esquecimento é frequente na estruturação dos espaços de serviço de uma habitação, referimo-nos aos espaços, ainda significativos, que são sistemática e semanalmente necessários para assegurar os diversos passos do tratamento das roupas domésticas.
Tal como acontece com outras funcionalidades domésticas estes espaços crescem, directamente, com a dimensão da família, e é racional, que, por exemplo, em habitações mínimas – com um quarto ou mesmo sem um espaço específico para quarto – estes espaços de tratamento de roupas possam até não existir, considerando-se que as pessoas que vivem sozinhas ou em casais, em zonas urbanas densas, poderão optar por fazer o seu tratamento de roupas fora de casa.
Será, no entanto, prudente que, mesmo nestes casos tal função seja pelo menos minimamente prevista – por exemplo, com espaço adequado para a instalação de uma máquina de lavar e secar roupa (exige pequena abertura própria para o exterior), até associada, por exemplo, a outros espaços funcionais.
Numa situação corrente é fundamental que haja uma previsão funcional, quer para o espaço de arrumação da roupa para levar, quer de um outro espaço relativamente desafogado para a montagem periódica de uma tábua para passar a ferro, quer de espaços específicos para arrumação de apoio de roupa já tratada, quer, naturalmente, de um espaço específico para colocar a roupa a secar no exterior. E há que sublinhar que todos estes espaços são funcionalmente exigentes e não são muito compatíveis com a preparação de refeições, exigindo, assim, cuidados específicos de previsão e de integração na habitação.
Naturalmente que uma cozinha espaçosa e funcionalmente desafogada pode acolher quase todas estas necessidades, com natural exclusão do espaço de estendal, numa base de funcionamento periódico, mas há que prever os espaços de arrumação de apoio e, sublinha-se, que quando não se verifica uma verdadeira espaciosidade o resultado será sempre a periódica geração de situações de atravancamento e de mistura entre roupas e cozinha, que parece ser sempre de evitar.
Quanto à previsão do estendal exterior é, como sabemos, um tema recorrente, com defensores da roupa a secar à vista de todos, porque é tradicional e é funcional e sustentável o aproveitamento do sol e do vento, e com detratores desta solução, procurando esconder estendais por considerarem menos adequada a sua exposição “pública”.
Entre uma e outra posição a ideia que parece ficar é que há soluções práticas, pouco dispendiosas, que proporcionam o secar exterior da roupa com eficácia – é mais o vento que seca a roupa do que o sol – e de forma pouco evidenciada ou até “camuflada” em termos de vistas públicas. Há ainda soluções de desmultiplicação do tratamento de roupas com a utilização do espaço de cobertura em terraço, dividido em pequenas parcelas “boxes” individualizadas, destinadas essencialmente à secagem de roupa.
Naturalmente, haverá a possibilidade de desenvolver soluções comuns de lavagem de roupa, designadamente, em conjuntos de pequenas habitações.
A ideia que fica, relativamente a estas soluções com diversas facetas de partilha de espaços e equipamentos comuns, é que elas não são, habitualmente, muito apreciadas, talvez pelo “convívio” obrigatório a que sempre obrigam; e, assim, a opção talvez mais viável de tratamento de roupa fora de casa é o que é realizado em serviços próprios, assegurados por firmas especializadas, e que, eventualmente, até poderão ter uma pequena delegação associada a um serviço diversificado de condomínio.
Sobre o arrumar de tudo o resto, de todos “os pequenos nadas” funcionais e não-funcionais, se falará, com algum pormenor, em outros artigos desta série editorial.

References/Referências/notas


Nota importante sobre as imagens que ilustram o artigo:

As imagens que acompanham este artigo e que irão, também, acompanhar outros artigos desta mesma série editorial foram recolhidas pelo autor do artigo na visita que realizou à exposição habitacional "Bo01 City of Tomorrow", que teve lugar em Malmö em 2001.

Aproveita-se para lembrar o grande interesse desta exposição e para registar que a Bo01 foi organizada pelo “organismo de exposições habitacionais sueco” (Svensk Bostadsmässa), que integra o Conselho Nacional de Planeamento e Construção Habitacional (SABO), a Associação Sueca das Companhias Municipais de Habitação, a Associação Sueca das Autoridades Locais e quinze municípios suecos; salienta-se ainda que a Bo01 teve apoio financeiro da Comissão Europeia, designadamente, no que se refere ao desenvolvimento de soluções urbanas sustentáveis no campo da eficácia energética, bem como apoios técnicos por parte do da Administração Nacional Sueca da Energia e do Instituto de Ciência e Tecnologia de Lund.

A Bo01 foi o primeiro desenvolvimento/fase do novo bairro de  Malmö, designado como Västra Hamnen (O Porto Oeste) uma das principais áreas urbanas de desenvolvimento da cidade no futuro.

Mais se refere que, sempre que seja possível, as imagens recolhidas pelo autor do artigo na Bo01 serão referidas aos respetivos projetistas dos edifícios visitados; no entanto, o elevado número de imagens de interiores domésticos então recolhidas dificulta a identificação dos respetivos projetistas de Arquitetura, não havendo informação adequada sobre os respetivos designers de equipamento (mobiliário) e eventuais projetistas de arquitetura de interiores; situação pela qual se apresentam as devidas desculpas aos respetivos projetistas e designers, tendo-se em conta, quer as frequentes ausências de referências - que serão, infelizmente, regra em relação aos referidos designers -, quer os eventuais lapsos ou ausência de referências aos respetivos projetistas de arquitetura.

Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.

Infohabitar, Ano XI, n.º 541
Artigo LXXXII da Série habitar e viver melhor
As máquinas domésticas - Infohabitar n.º 541

Editor: António Baptista Coelho –abc@lnec.pt e abc.infohabitar@gmail.com
GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional

Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.