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EDIFÍCIO COPAN: MARCO DE REVITALIZAÇÃO HABITACIONAL EM SÃO PAULO – Parte II
GALVÃO, Walter José Ferreira (1). ORNSTEIN. Sheila Walbe (2).
(1) Arquiteto. Especialista em Conforto ambiental e Conservação de Energia e Mestrando na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP). Alameda Franca 1336. CEP 01422.001 São Paulo/SP/Brasil e.mail walterga@usp.br. (2) Professora titular da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) e bolsista do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Rua do Lago 876, Cidade Universitária, São Paulo/SP/Brasil. CEP 05508-080 e.mail sheilawo@usp.br.
Nos últimos anos a Prefeitura do Município de São Paulo esforça-se para recuperar a região central e o COPAN busca ser modelo desta recuperação. Desde os anos 90 o prédio vive um período de revitalização física e social. Em recente levantamento feito para pesquisa de Avaliação Pós Ocupação (APO), ainda não concluída, verificamos dados favoráveis nesta busca de revitalização. O número de moradores é de 2038, com médias por apartamento de 1 morador (kitchenettes e apartamentos de 1 dormitório) e 2 moradores (apartamentos de 2 e 3 dormitórios).
A maioria (36%) dos apartamentos kitchenettes e de 1 dormitório tem renda mensal entre 344,82 euros e 689,65 euros e 45,5% dos apartamentos de 2 e 3 dormitórios tem renda acima de 1.034,48 euros1 (Galvão, 2004). Estes valores estão acima dos padrões médios de rendimentos para São Paulo, visto que segundo o Instituto de Estudos de Trabalho e Sociedade (IETS) a renda real domiciliar per capita na cidade é de 201,03 euros – estudo baseado na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de 2003 – www.iets.org.br
Também foi feita uma profunda reestruturação de instalações (elétricas e hidráulicas) e os equipamentos de combate a incêndios são mantidos conforme a periodicidade determinada pelas Normas Técnicas Brasileiras. A limpeza das áreas comuns do prédio é ponto de destaque, visto que 97% dos moradores dos blocos A, C e D, bem como 100% dos moradores blocos E e F – alguns dos universos amostrais considerados na pesquisa de Avaliação Pós Ocupação – assinalaram que este quesito é “bom” ou “ótimo”.
Figura 04 – Entrada principal da galeria do térreo. Fonte – Eduardo Aquino – SPMB/Projects
A galeria do pavimento térreo também se revitaliza. Em mapa comportamental – identifica atividades e comportamentos padrão que se repetem no tempo e no espaço, pode ser aplicado em ambientes externos ou internos (Ornstein, Bruna e Roméro, 1995) – realizado do dia 14 de março ao dia 18 de março de 2005 para a APO citada, pôde-se verificar que, em típico dia da semana de 8:00 hs às 18:00hs, entram pelos cinco acessos da galeria 9.068 pessoas, em sua grande maioria para ir de uma rua à outra por um local seguro e limpo. Este fato está servindo de grande estímulo para o retorno do comércio de qualidade.
Figura 06 – Vista interna da galeria do térreo próximo à entrada 03. Fonte: Walter J. F. Galvão
Figura 07 – Vista interna da galeria do térreo próxima à entrada 01. Fonte: Walter J. F. Galvão
Citado no Guiness Book como o maior edifício de apartamentos da América Latina, este gigantesco prédio, que na década de 50 era ícone de uma grande metrópole que surgia, ainda tem forças para ser exemplo de reestruturação de uma importante região da cidade de São Paulo.
(1) Foi adotado o seguinte valor para conversão de reais (moeda corrente no Brasil) para euros: 1,00 euro = 2,90 reais – fonte: Banco do Brasil (www.bancodobrasil.com.br). Valores para fechamento do dia 17/06/2005.
Referências bibliográficas
- BARBARA, Fernanda. Duas tipologias habitacionais: o Conjunto Ana Rosa e o Edifício COPAN. Contexto e análise de dois projetos realizados em São Paulo na década de 1950. São Paulo. Dissertação (mestrado). Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. 2004
- BOTEY, Josep M. A.. Oscar Niemeyer. Obras e Proyectos. Barcelona, Gustavo Gili, 1996.
- GALVÃO, Walter José Ferreira. Análise de aplicação de questionários como medida para aferir a opinião de usuários em grandes conjuntos de apartamentos: o caso do edifício COPAN/SP. Seminário Internacional NUTAU 2004. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo
- HEISE, Tatiana; BARRETO, Jule. O COPAN renova-se. Revista Urbs. n. 1 , p. 8-15, 1997.
- MENDOÇA, Denise Xavier de. Arquitetura Metropolitana São Paulo Década de 50: análise de 4 edifícios - Copan, Sede do jornal o Estado de São Paulo, Itália e Conjunto Nacional. São Carlos. Dissertação (mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos – Universidade de São Paulo, 1989.
- ORNSTEIN, Sheila Walbe; BRUNA, Gilda Collet; ROMÉRO Marcelo de Andrade. Ambiente Construído e Comportamento: a Avaliação Pós-Ocupação e a qualidade ambiental, São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo /Studio Nobel/Fundação de Pesquisas Ambientais, 1995.
- SAMPAIO, Maria Ruth do Amaral .PEREIRA, Paulo César Xavier. Habitação em São Paulo.Ins. de Estudos Avançados São Paulo: IEA da Universidade de São Paulo V. 17 n. 48 p. 167 – 183. 2003
Sítios consultados
- www.bancodobrasil.com.br
- www.iets.org.br