Infohabitar, Ano XVII, n.º 765
Edição: terça-feira, 16
de fevereiro de 2021
A propósito dos “anos dourados” das cooperativas de habitação económica, entre 1974 e 1984, ainda antes da criação do INH (série editorial: artigo 3/8) – infohabitar # 765
Caros
leitores da Infohabitar,
Tal como foi devidamente divulgado continuamos, esta
semana, com a nova série editorial dedicada ao desejável
desenvolvimento da qualidade arquitectónica e da satisfação residencial no que
ainda falta fazer em termos de nova habitação de interesse social portuguesa
(HISP); e para tal estamos a fazer uma viagem prática pelo passado da HISP.
No início do artigo faz-se a apresentação desta nova
série editorial, prevista para oito artigos, que, naturalmente, estão já em
diversas fases de elaboração.
Salienta-se que a viagem pelos
espaços do habitar e designadamente pelos espaços domésticos continuará a ser
feita na Infohabitar, e aliás conta já com um razoável desenvolvimento, que
pode ser verificado no nosso catálogo interativo, designadamente, no seu tema n.º
6 intitulado “Série habitar e viver melhor”.
Lembra-se, novamente, que serão sempre muito
bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui editados e
propostas de novos artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com
, ao meu cuidado).
E talvez por razões acrescidas esta nova série
editorial poderá merecer, espera-se, uma maior participação, seja em
comentários diretos, que ficarão anexados aos respetivos artigos comentados,
seja em proposta de novos artigos de opinião, cujas propostas serão muito
bem-vindas.
Considerando
a muito crítica evolução da pandemia, continua a sublinhar-se, a vital
importância do máximo confinamento e do distanciamento social, conseguidos,
designadamente, através do teletrabalho, bem como do respeito por todas as
medidas de higiene e proteção amplamente divulgadas.
Despeço-me, até à próxima semana, enviando saudações
calorosas e desejos de força e de boa saúde para todos os caros leitores e seus
familiares,
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
A propósito dos “anos dourados” das cooperativas de habitação económica, entre 1974 e 1984, ainda
antes da criação do INH (série editorial: artigo 3/8) – infohabitar # 765
António Baptista Coelho
(texto e fotografias)
Índice da série editorial integrada por oito artigos a editar sequencialmente
Índice geral e estrutura sequencial da (nova) série de oito artigos da infohabitar intitulada “desenvolver a qualidade arquitectónica e a satisfação residencial na nova habitação de interesse social portuguesa”, sobre o que foi o passado e o que pode ser o futuro da habitação de interesse social (HIS) portuguesa”:
1.º Artigo:
apresentação e enquadramento justificativo e pormenorizado dos conteúdos, bases
de referência e quadro qualitativo desta série editorial sobre o passado e o
futuro da habitação de interesse social portuguesa.
2.º Artigo: viagem
sintética pelo que foram os cerca de 70 anos de produção de habitação de
interesse social portuguesa antes do INH/IHRU.
3.º e presente Artigo: ainda antes
da criação do INH, algumas notas sobre “os anos dourados” da promoção
cooperativa de habitação económica 1974 a 1984.
4.º Artigo: síntese, essencialmente qualitativa, do que
se julga ter sido o processo de apoio à promoção de Habitação a Custos
Controlados (HCC), indiretamente pelo INH/IHRU e diretamente por municípios, cooperativas e empresas.
5.º Artigo:
considerações críticas sobre as características projetuais e vivenciais nos diversos níveis físicos
residenciais da promoção de HCC, privilegiando-se as consideradas como menos
positivas e potencialmente a melhorar na nova HISP.
6.º Artigo: avanço
prospectivo e cuidadoso centrado na caracterização
genérica do que poderá ser a promoção da nova HIS portuguesa.
7.º Artigo: proposta
qualitativa para a HIS portuguesa ainda em falta, através de um avanço
prospectivo e cuidadoso na respetiva caraterização
arquitectónica pormenorizada dos seus diversos níveis físicos.
8.º Artigo: apontamentos gerais de síntese sobre a
qualificação da HCC/HIS que é ainda necessária, desde a promoção ao projeto
global e aos renovados e, por vezes, inovadores objetivos de qualidade;
acompanhados pela respetiva discussão.
Resumo
Em primeiro lugar faz-se o enquadramento do tema
deste terceiro artigo (de oito) na respetiva série editorial, intitulada “Desenvolver a qualidade arquitectónica e a satisfação
residencial na nova Habitação de Interesse Social Portuguesa (HISP)”,
e sublinha-se o que se julga ser a sua utilidade no apoio à habilitação do que
que falta ainda fazer, entre nós, de Habitação de Interesse Social (HIS).
No artigo desenvolvem-se algumas notas de
enquadramento geral e histórico e apresentam-se alguns exemplos práticos e de
referência da promoção cooperativa de habitação económica integrada em espaços
urbanos ativos e desenvolvida na década de 1974 a 1984 no âmbito das
cooperativas da Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica
(FENACHE), período que tem sido designado como “os anos dourados” da promoção
cooperativa ligada à Federação.
Sequencialmente abordam-se as facetas qualitativas
que marcaram o primeiro decénio de promoção das cooperativas de habitação
económica, pós 25 de Abril e que perduraram nos anos posteriores
E finalmente faz-se uma pequena reflexão histórica e
prospectiva sobre a promoção cooperativa de HISP, numa perspetiva de
comentários finais aos referidos “anos dourados” e aos posteriores anos da
mesma promoção.
Termina-se, tal como acontece em todos os artigos desta série editorial, com os respetivos agradecimentos e uma bibliografia cronológica sobre a temática.
A propósito dos “anos dourados” das cooperativas de habitação económica, entre 1974 e 1984, ainda
antes da criação do INH (série editorial: artigo 3/8) – infohabitar # 765
Introdução ao artigo e notas sobre a utilidade desta série editorial
Depois
de no Artigo 1 (infohabitar # 763) desta nova série editorial ter sido feita a
sua respetiva apresentação comentada – com o título da série: “Desenvolver a
qualidade arquitectónica e a satisfação residencial na Nova Habitação de
Interesse Social Portuguesa” –, seguiu-se, no Artigo 2 (infohabitar # 764), uma
“Pequena viagem pelos cerca de 70 anos de Habitação de Interesse Social
Portuguesa (HISP) antes do INH/IHRU”; mas, tal como foi brevemente apontado no
final desse artigo, mesmo uma pequena e, sempre pessoal, viagem pela história
da HISP anterior à criação do Instituto Nacional de Habitação (INH)
dificilmente cabe num único artigo, pelo que, no atual e terceiro artigo da
série se abordam, com merecido desenvolvimento, os chamados “anos dourados” da
promoção cooperativa de habitação económica, no decénio que vai de Abril de 74
à criação do INH em 1984.
Salienta-se
que nesta série editorial são abordados os que se julgam ser os principais
aspetos qualitativos e caracterizadores dos últimos mais de trinta anos de
efetiva promoção de Habitação de Interesse Social (HIS) em Portugal – que foi
designada entre nós por Habitação a Custo Controlado (HCC) –, não esquecendo o
que se julga ser essencial dos outros cerca de 70 anos anteriores – matéria
esta específica do artigo anterior e do presente artigo –, e numa perspectiva
não de relato do que foi feito, mas sim de tentativa de apuro do que a
experiência havida nos pode ajudar a enquadrar qualitativamente o que falta
ainda fazer, entre nós, de HIS.
Lembra-se, ainda, a título de enquadramento, julgar-se que o referido âmbito
essencialmente qualitativo do estudo agora apresentado sobre Habitação de Interesse
Social (HIS), e o seu
sublinhado perfil prático, baseado na análise de casos de referência
arquitectónica, habitacional e urbana muito diversificados, proporcionam que
este conjunto de artigos possa ser útil, a título informativo, no âmbito da
abordagem das necessidades em HIS dos diversos países e muito variadas
realidades habitacionais do espaço lusófono.
1. Enquadramento geral do primeiro decénio de promoção cooperativa de HIS
após 1974
Antes
de se iniciar, em 1984, o período de promoção habitacional financiada e apoiada
pelo Instituto Nacional de Habitação (INH) – depois prolongado na atividade do
Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) –, importa dirigir uma
atenção específica a uma significativa
parcela/fase da promoção da Habitação de Interesse Social Portuguesa (HISP),
que decorreu, sensivelmente, a partir de 1976 e que teve expressiva
continuidade durante todo o período de atividade do INH.
Trata-se
da positiva “explosão” que aconteceu com a promoção habitacional por parte de
Cooperativas de Habitação Económica, que, por todo o País, mas com grande
incidência nas duas grandes Áreas Metropolitanas do Porto e de Lisboa, mas
também na zona de Faro, e uma intensidade especial nos Concelhos de Matosinhos
e do Porto, marcaram quantitativa e qualitativamente a promoção de habitação de
interesse social (HIS), através de conjuntos com variadas tipologias
residenciais e integrando:
(i)
espaços exteriores devidamente acabados e mantidos;
(ii)
importantes equipamentos colectivos e conviviais cujo funcionamento foi, desde
logo, assegurado pelas próprias cooperativas;
(iii)
e um enquadramento prévio global de cada conjunto habitacional, que se
prolongava, depois, por uma gestão de proximidade e adequada manutenção da obra
acabada.
E lembra-se que estas qualidades eram, infelizmente, pouco habituais na
HISP então promovida diretamente pelo Estado ou pela iniciativa municipal, sendo problemas, que,
nestas últimas promoções se conjugavam, também, frequentemente com uma crítica
falta de qualidade construtiva e de gestão e manutenção posterior dos edifícios
e dos conjuntos urbanos; gerando-se um novelo de problemas que estiveram na
origem do enquadramento qualitativo global da HISP que se iniciou, depois, com
INH em 1984.
2. Breve enquadramento histórico do primeiro decénio de promoção
cooperativa de HIS após 1974
Este
pequeno enquadramento histórico ao arrancar do intenso movimento cooperativo de
HISP desenvolvido, essencialmente, no âmbito da FENACHE, baseia-se em
testemunhos de alguns autores que se julga terem-no sintetizado de forma bem
clara.
Tal
como muito bem sintetizou Barreiros Mateus (1), as primeiras cooperativas de
habitação surgiram em Portugal no final do século XIX, mas foi só após a
revolução de Abril, em 1974, que o sector se desenvolveu, por diversas razões,
entre as quais se salienta a existência de uma política habitacional que
permitiu que famílias de baixos rendimentos tivessem, então, possibilidades de
acesso a habitação condigna.
Há,
portanto, aqui um grande intervalo temporal no movimento cooperativo, que se
caracteriza por reduzida atividade e que não é objecto do presente artigo, mas
que integra iniciativas interessantes. Refere-se, portanto, que as cooperativas
de habitação económica foram desenvolvidas, em Portugal, essencialmente, no pós
25 de Abril de 1974, através do apoio do então secretário de Estado da
Habitação e Urbanismo dos três primeiros governos provisórios (até 26 de Março
de 1975), Nuno Portas, e, com frequência, a partir da vontade comum de grupos
que se organizaram, muitas vezes, com base em núcleos de amigos e conhecidos
e/ou de trabalhadores da mesma empresa/ entidade, ou então a partir de
“heranças” associativas entre moradores, por vezes surgidas quando dos
processos participativos então ligados ao SAAL
- Serviço de Apoio Ambulatório Local.
De
certa forma, pode considerar-se que o processo SAAL e o Movimento Cooperativo
Habitacional (MCH) partilham como base institucional de apoio, a então
Secretaria de Estado da Habitação e Urbanismo, e partilharam, também, os então
inovadores e tão discutidos processos de participação dos habitantes na
resolução dos seus problemas e objectivos habitacionais e urbanos, sendo que,
tal como defende Nuno Portas, o SAAL se caracteriza mais pelo “lugar”, enquanto
o MCH reflecte os respectivos associados, que são de diversas origens.
Olga
Magano refere que: (2)
“numa primeira fase, logo após, o 25 de Abril,
surgiram as Associações e Comissões de Moradores SAAL, tendo-se algumas delas
transformado em Cooperativas de Habitação, apoiadas pelo Fundo de Fomento da
Habitação (FFH). O apoio era dirigido à população insolvente e pressupunha a
organização comunitária, visando a melhoria das condições de alojamento. Numa
segunda fase aparecem as denominadas «Cooperativas de Habitação Económica»,
constituídas em grande parte entre 1976 e 1978, contando com o apoio jurídico,
técnico e financeiro do núcleo de apoio às cooperativas do antigo FFH. Com a
desactivação deste núcleo e com o bloqueamento dos capitais depois de 1978, o
número de cooperativas constituídas por ano começou a decrescer. Em 1982 é
extinto o FFH e, para o substituir, é criado o FAIH (Fundo de Apoio ao
Investimento para a Habitação). Mas este tornou-se insuficiente face aos fins a
atingir e foi substituído em 1984 pelo INH (Instituto Nacional de Habitação)”.
Esta
perspectiva de Olga Magano, que então (1992) integrava o Centro de Estudos do
Cooperativismo Habitacional, é também comentada por Arnaldo Fleming, quando
este refere que o MCH, o Movimento Cooperativo Habitacional, ligado às
cooperativas de habitação “nascidas como ala moderada do movimento em volta do
direito à habitação suscitado com o 25 de Abril, como contraponto ao movimento
de ocupações e do SAAL, toma força já na altura em que o processo político se
encontra em vias de estabilização.” (3)
Podemos
associar estas considerações a alguns apontamentos do Arq.º Duarte Cabral de
Mello, desenvolvidos quando este projectista apresenta, num artigo da revista
Arquitectura (4), alguns projectos e obras realizados por si e pelos membros da
sua equipa – Eugénio Castro Caldas, Manuel Marçal Correia, Maria Manuel Godinho
de Almeida, Miguel Chalbert Santos, Vicente Bravo Ferreira e outros –, que
integravam o Grupo de Apoio às Cooperativas de Habitação (GACH), que foi
desenvolvido em julho de 1976 no âmbito de um programa de Cooperação Luso-Sueca
no sector habitacional, associado ao referido amplo apoio jurídico, técnico,
formativo e financeiro do núcleo de apoio às cooperativas de habitação no
quadro do FFH.
Nesse
artigo Duarte Cabral de Mello refere o previsto desenvolvimento, na altura, de
cerca de 2000 fogos cooperativos a implantar em cerca de 60 hectares, nos
concelhos de Almada (cooperativa CHUT em Santo António da Caparica), Azambuja
(periferia da vila, cooperativa SOCASA) e Vila franca de Xira (Alverca,
cooperativa CHASA).
No
mesmo texto Cabral de Mello salienta que a essas três intervenções terá sido
atribuído o papel de projetos-piloto a partir dos quais e com o auxílio técnico
da Suécia – a designada “cooperação luso-sueca na área da habitação” e
especificamente mente na matéria do cooperativismo habitacional –, "se procuraria lançar um movimento autónomo
das cooperativas de habitação à escala nacional"; e acrescenta que foi
"cometida ao GACH a tarefa de apoiar o lançamento de um movimento de
cooperativas autónomo e à escala nacional ... conforme consta da lista de
tarefas ... da 7.ª reunião dos especialistas luso-suecos para o sector da
habitação."
Julga-se
que estes testemunhos esclarecem o importante e oportuno enquadramento técnico
que foi prestado pelo Estado, através do seu Fundo de Fomento da Habitação
(FFH) – entidade esta que teve relações privilegiadas com o LNEC –, ao reinício
e expressivo desenvolvimento do Movimento Cooperativo Habitacional (MCH) pós 25
de Abril, designadamente, através de apoios específicos da referida Cooperação
Luso-Sueca, que incluiu, entre outros apoios técnicos, a formação de
dirigentes cooperativistas habitacionais; numa iniciativa que, ainda, hoje
é recordada por dirigentes da FENACHE.
É
interessante verificar que as primeiras realizações, assim apoiadas, se terão
centrado na zona da Grande Lisboa, sucedendo-se, depois, a tal fase mais
autonomizada, atrás referida, e na qual, gradualmente, se destacaram as
Cooperativas de Habitação Económica que se criaram no Grande Porto, com
destaque para as cidades do Porto e de Matosinhos, sendo que este último
concelho acabou por se constituir num pólo incontornável do MCH em Portugal.
Este período temporal, que decorreu entre 1975 e 1980, foi, assim, de profunda
renovação e dinamização da promoção cooperativa habitacional portuguesa e
deixou testemunhos inequívocos desses atributos.
Em
1980, coroando esta intensa actividade foi criada a Federação Nacional de
Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE), que passou então a constituir um
dos parceiros privilegiados na promoção de habitação apoiada pelo Estado em
Portugal.
Chegámos
ao início da década de 1980 com um FFH a debater-se com problemas funcionais,
enquanto, tal como indica Fonseca Ferreira (5), a partir de 1981 se procede a
uma significativa liberalização do sector de promoção habitacional, com a
suspensão ou redução do apoio aos programas de iniciativa pública e cooperativa
e reforço do sistema de apoio à aquisição de casa própria.
Salienta-se,
então, no início desta década, a extinção do FFH em 1982, sendo substituído
pelo Fundo de Apoio ao Investimento Habitacional (FAIH), integrado na gestão de
uma instituição bancária (Crédito Predial Português), situação esta, que, na
opinião dos redactores do Livro Branco “ilustra uma clara opção pela redução do
papel do Estado e da promoção pública na produção habitacional.” (6)
Em
Junho de 1984 é criado o Instituto Nacional de Habitação (INH), que mais tarde,
passados mais de 20 anos, em 2007, deu lugar ao Instituto da Habitação
e da Reabilitação urbana (IHRU).
Numa
primeira perspectiva de síntese, relativa ao decénio visado neste artigo (1974
– 1984) e citando Guilherme Vilaverde (7), podemos referir que até 1980, ano
da fundação da FENACHE, foram criadas em Portugal cerca de 250 novas
cooperativas do ramo habitacional; um número extremamente significativo em
termos de cooperativistas inscritos e da sua ampla distribuição territorial no
País, que baseou um arranque forte da dinâmica cooperativista habitacional,
cedo estruturada por um grupo coeso de dirigentes e quadros, devidamente
formados e organizados, que criaram, as cooperativas que originaram a
Federação.
Tal
como aponta Barreiros Mateus (8), em termos de número de habitações as
cooperativas promoveram até 1980, cerca de 18.000 fogos, quase todos
disponibilizados aos cooperadores em regime de propriedade colectiva, uma
modalidade em que as cooperativas ficavam responsáveis pelo financiamento a
longo prazo (30 anos) e os cooperadores pagavam à cooperativa os respectivos encargos,
até que o preço estava liquidado, sendo que então a cooperativa transmitia a
propriedade do fogo para o cooperador-usuário.
A
década seguinte, portanto até 1990, iniciou-se com uma quebra da promoção
cooperativa, face à ausência de apoios políticos, ou mesmo existência de
políticas governamentais hostis, sendo que houve depois uma clara retoma da
promoção, que terminou a década com cerca de 55.000 fogos cooperativos, muitos
dos quais já realizados numa perspectiva de pedido individualizado de empréstimo
à banca, feito por cada cooperador, e associado, logo, ao registo do fogo em
nome individual, quando da sua primeira ocupação.
Foram
muitas as cooperativas promotoras, e muitas as soluções residenciais
desenvolvidas com recurso, frequente, a excelentes projetos de arquitetura
urbana e doméstica muitas vezes marcados por uma assinalável e fundamentada
investigação tipológica, de certo modo numa muito positiva inovação que
decorre, designadamente, de cinco aspetos:
- A procura de respostas específicas e adequadas
a necessidades e modos/gostos de vida concretos; salientando-se aqui a grande e estratégica
diversidade de soluções de arquitetura urbana e a forte presença de soluções
habitacionais ligadas à “terra”, com forte escala humana e capacidade de apropriação;
- A participação real entre futuros habitantes e
projetistas; através de um
contato direto dialogado, informativo e formativo; numa dinâmica participativa,
que teve as suas bases atrás referidas, mas que teve aqui possibilidade de
ganhar uma riquíssima experiência de contacto direto com os habitantes e de
gestão local;
- A elevada qualidade habitacional,
arquitectónica e urbana de grande parte das soluções estudadas e concretizadas; e uma qualidade que também
reflete um continuado e aprofundado diálogo entre os responsáveis
cooperativistas e os projetistas;
- O apoio público estratégico que marcou muitas
das promoções,
designadamente, em termos de modalidades adequadas no que se refere à obtenção
de terrenos razoavelmente localizados;
- E a própria perspetiva cooperativista muito
marcada por um sentido de “serviço” à comunidade, de ajuda mútua e de promoção do convívio natural.
Naturalmente
que esta foi a regra nos “anos dourados” do MCH, que se julga, extremamente
positiva e inovadora e que foi trazida pelas cooperativas à promoção HISP,
tendo havido, é claro, como sempre acontece, casos menos positivos em alguns
dos referidos aspetos; mas o que ficou para provar a evidente qualidade da
aposta desta primeira fase do MCH é muito mais do que suficiente para provar o
seu extremo interesse e vital oportunidade no desenvolvimento da HISP,
salientando-se que este importante conjunto de características:
- marca a promoção cooperativa habitacional logo na primeira fase de promoção pós 25 de Abril, e ainda sem a participação do INH, portanto trata-se de uma marca distintiva deste tipo de promoção habitacional, que, logo de seguida se irá manter e aprofundar, no período temporal subsequente;
- e está associado a um importante número de excelentes conjuntos
habitacionais e urbanos, em
pequenos bairros e agrupamentos significativos, que integram um muito
significativo número de habitações, que,
hoje em dia, apresentam, podemos afirmar, maior qualidade vivencial e maior
valia urbana do que quando foram inaugurados, e isto com um mínimo
de apoios públicos na sua gestão; ao contrário, infelizmente, do que
aconteceu com muitas outras experiências de HISP.
Conclui-se
este pequeno enquadramento histórico aos anos dourados e de nascimento do
movimento cooperativo integrado na Habitação de Interesse Social Portuguesa
(HISP), com uma citação de parte de um testemunho de Guilherme Vilaverde,
Presidente da FENACHE, integrado num artigo sobre os “anos dourados” da
promoção cooperativa de HISP: (9)
“Foi na sequência da Revolução dos
Cravos de 25 de Abril, das mudanças e transformações de imediato experimentadas
e, desde logo, no âmbito dos primeiros passos dados para o início de
importantes reformas estruturais aos mais diversos níveis e domínios da vida
pública portuguesa, que, com a importante e inovadora legislação publicada logo
em Dezembro desse ano de 1974 – os decretos-lei 730 e 737-A –, Portugal viu
nascer e florescer um muito forte e entusiástico movimento popular social que,
em posterior fase organizativa, tomou a designação de movimento cooperativo
habitacional.
“As inúmeras carências
populacionais de então em matéria de alojamento condigno e, por outro lado, a
total ausência de soluções e respostas minimamente capazes de poder satisfazer
as mais elementares e justas aspirações neste domínio por parte de amplas
franjas sociais foram, a par das grandes expectativas de mudança para uma vida
melhor geradas a partir da instauração do novo regime democrático, o mote certo
para uma histórica aventura a que todo o povo tinha direito.
“Tal como outros jovens que à época
ansiavam por uma “casa digna”, fui um dos que integrei um movimento social de
residência e de local de trabalho que lutou activamente por alcançar esse
desiderato, do que resultou, volvidos escassos quatro meses, a constituição de
uma cooperativa de habitação económica.
“O caminho do sonho para a realidade foi desde
os primeiros passos marcado por muito querer e muita perseverança, mas foram
também vastas e enormes as contingências, dificuldades e incertezas que houve
que vencer para que a edificação das ambicionadas primeiras casas, num
magnífico conjunto de 264 moradias unifamiliares, chegasse finalmente a bom
porto, volvidos sete anos de actividades canseiras intensas....
Foi uma caminhada de imenso
trabalho e de progressivo sucesso, quer no âmbito próprio quer no da
organização e desenvolvimento do movimento cooperativo habitacional nos planos
regional e nacional.”
3. Exemplos habitacionais e urbanos cooperativos de referência no decénio
1974 a 1984
Uma
história devidamente pormenorizada e “vivida” destes “anos dourados” da
promoção cooperativa de habitação económica e do seu natural e direto
prolongamento pela promoção cooperativa de HCC/HISP apoiada pelo INH/IHRU está,
ainda, por fazer, e será, julga-se, bem oportuna, integrada com a também
pormenorizada apresentação da continuidade da promoção de HISP cooperativa nos
tempos do INH/IHRU, como fonte de uma expressiva diversidade de soluções
habitacionais e urbanas, se os objetivos da nova HISP forem marcados pela
expressiva exigência de diversidade e de adequação local, como naturalmente
será desejável.
E sublinha-se essa ideia de uma história habitacional devidamente
pormenorizada e “vivida” , porque, infelizmente, é frequente que a abordagem
técnica dos conjuntos de HISP esqueça, quase ou totalmente, que eles são sítios
de vida diária e urbana e não “apenas” arquiteturas, “espaços urbanos” e
construções.
Não
sendo o objetivo deste texto, como foi referido, fazer aqui essa história,
registam-se e comentam-se, em seguida, cronologicamente e a título de exemplos
de referência da promoção de HISP cooperativa neste decénio pré-INH de 1974
a 1984, algumas obras julgadas muito significativas e cuja visita é essencial
(no sentido de um seu conhecimento mínimo), distribuídas um pouco por todo o
país, embora com uma maior incidência a Norte; numa escolha que é, sempre,
naturalmente, pessoal, mas que tentou ouvir quem sabe destas matérias.
Alverca, Cooperativa CHASA, 1.ª fase: projecto de Duarte Cabral de Mello, Eugénio
Castro Caldas, Manuel Marçal Correia, Maria Manuel Godinho de Almeida, Miguel
Chalbert Santos e Vicente Bravo Ferreira, no âmbito do Grupo de Apoio às
Cooperativas de Habitação (GACH); 275 fogos; datas aproximadas de
estudo/realização, 1978-1979.
Em Alverca, na já “velha” CHASA e na sua fase inicial do que, depois, e
gradualmente se tornou uma pequena cidade muito bem ligada à cidade
preexistente, há que destacar, desde logo, a escala humana, a capacidade de
integração e de continuidade urbana e a adequação aos diversos modos de vida.
Como
comentário global a este conjunto salienta-se que pode constituir um esboço de
manifesto do que de melhor foi feito pelas cooperativas neste período temporal:
continuidade urbana, sentido de conjunto, aliança entre sentido público e uso
privado, identificação e apropriação, e pormenorização à escala do homem e ao
serviço de uma agradável vizinhança de proximidade, são, todos, aspectos
presentes nesta obra, que de certa forma marca o início da actividade do
movimento cooperativo de forma mais visível.
Como
consideração complementar a esta intervenção na CHASA lembra-se que o
referido Grupo de Apoio às Cooperativas de Habitação (GACH), foi criado
em 1976 e projectou outros grandes conjuntos cooperativos na Área Metropolitana
de Lisboa (ex., o interessante quarteirão com diferentes tipologias da SOCASA
em Azambuja e os vários conjuntos da CHUT na Caparica).
Fig. 2 – A marcante escala humana e urbana, a
expressiva e sóbria dignidade, a forte capacidade de apropriação, e a evidente
qualidade construtiva conseguidas com assinalável racionalidade de projeto e
economia de execução no primeiro grande grande conjunto habitacional (264 fogos
unifamiliares T3) da grande Cooperativa As Sete Bicas, no Carriçal, Senhora da
Hora, Matosinhos, com projecto coordenado por Eduardo Iglésias e Pedro Q.
Mesquita.
Carriçal, Senhora
da Hora, Matosinhos, Cooperativa As Sete Bicas, 1.ª fase: projecto coordenado por
Eduardo Iglésias e Pedro Q. Mesquita; 264 fogos (unifamiliares do tipo T3) e
diversos equipamentos sociais e conviviais; datas aproximadas de
estudo/realização, 1978-1982.
Trata-se de um atraente e caloroso “bairro jardim”, marcado pela escala
humana e pela apropriação dos moradores, designadamente, através do verde
privado, mas uniformizado, quer por uma solução edificada de moradias geminadas
funcional e construtivamente racional, que harmoniza esta qualidade com uma
agradável imagem doméstica, quer por uma solução urbana de pormenor que faz
conviver uma estrutura mista (veículos e peões), com uma estrutura pedonal e de
recreio/lazer. Trata-se de uma daquelas soluções cujos traços gerais poderiam
ser agradavelmente replicados e, eventualmente, apurados e diversificados em
outras situações urbanas, pois o resultado é muito positivo em termos de
desenho e de apropriação.
Fig. 3 – as densas correntezas de casas-pátio que
geram ricas continuidades urbanas, bem marcadas pelas vivências internas das
habitações e pela escala humanizada das ruas, no Bairro da Malagueira, Évora:
projecto coordenado por Siza Vieira.
Bairro da
Malagueira, Évora:
projecto coordenado por Siza Vieira; 1200 fogos – dos quais 407 para as Cooperativas Boa Vontade e Habitévora, 100
para a Associação de Moradores de São Sebastião, 300 por promoção directa do FFH,
93 por Contratos de Desenvolvimento e 300 por iniciativa privada; datas
aproximadas de estudo/realização, 1977-1981.
Neste
conjunto as densas aglomerações de casas-pátio geram ricas continuidades
urbanas e relacionam-se com aspectos actuais e históricos da cidade
preexistente. Na Malagueira aplicam-se soluções domésticas unifamiliares
evolutivas centradas em pátios privativos e formando ruas estreitas e densas,
mas com baixa altura do edificado. Salienta-se que esta grande intervenção se
desenvolveu durante um período temporal alargado, sendo acabada já após 1984,
com apoio do INH.
Fig. 4 – a grande qualidade de uma vizinhança
habitacional feita de edifícios tão atraentes como visualmente depurados e
marcados pela apropriação de quem lá mora , nas Antas, Porto, Cooperativa Santo
Ildefonso: projecto de Alfredo Resende.
Antas, Porto,
Cooperativa Santo Ildefonso: projecto de Alfredo Resende; 67 fogos, conclusão em 1982.
Este
conjunto constitui um interessante exemplo de aliança entre a extrema
racionalidade formal e construtiva, com a introdução de pormenores com forte
potencial de apropriação pelos moradores. Um outro aspecto que se realça nesta
solução é a íntima aliança que foi atingida na relação entre formas construídas
depuradas e um verde urbano quase exuberante.
Ovar, Cooperativa
HABITOVAR:
projecto de Pedro Ramalho, Alcino Soutinho, Bernardo Ferrão e Rolando Torgo;
237 fogos; datas aproximadas de estudo/realização, 1976-1982.
Em
Ovar foram seleccionados quatro gabinetes de arquitectura, o que proporcionou
condições de diversidade e de inovação/adequação tipológica, que parecem
basear, ainda hoje, o êxito das soluções residenciais deste conjunto, marcadas
pela escala humana, pelos espaços equilibradamente visíveis e apropriados, e
por um predomínio do tráfego pedonal. Uma solução feita de variadas
micro-soluções, que ofereceram e oferecem grande diversidade de escolha de
quadros domésticos, desde os unifamiliares em “L” com pátio privativo, aos
pequenos multifamiliares com quintais privativos térreos.
Tal
como refere Pedro Ramalho (10), na zona que foi atribuída para a Habitovar, não
havia uma estruturação urbana clara, "viviam-se
nessa altura as primeiras experiências no campo do cooperativismo da habitação
social e não existiam grandes directrizes do FFH. Era pois necessário avançar
para propostas construídas em colaboração com os cooperantes."
E,
logo de seguida, Pedro Ramalho oferece-nos uma útil síntese das características
e das vantagens da relação projectista/futuro morador no âmbito do MCH.
"O diálogo arquitecto/utente,
quando não é comprometido por um ou outro dos intervenientes, na atitude de que
o técnico é «senhor sabe-tudo» ou na posição de que as populações «é que sabem
o que querem», é fundamental para os resultados positivos dos projectos. Às
«prepotências» do arquitecto, tão correntes antes do 25 de Abril como agora,
tentou-se opor uma atitude que teve grande voga nos meios escolares nos finais
da década 60 e que reagia contra a prática «formalista» dos arquitectos...
“O arquitecto pela sua formação tem
necessariamente uma posição sobre a forma de habitar, que deverá confrontar com
as posições dos futuros utentes. Cabe-lhe equacionar os problemas em discussão,
sem os viciar pelos seus pontos de vista; e do diálogo, mutuamente aberto,
resultarão as soluções adequadas às questões em causa...
Do diálogo com os habitantes da
Habitovar retiraram-se conclusões sobre a ocupação do lote, as tipologias a
utilizar (casa pátio, banda de um e dois pisos e habitação colectiva), a
organização interna dos fogos, a organização do espaço envolvente e o
equipamento a controlar."
São João da
Madeira, Cooperativa 11 de Outubro: projecto de José Pulido Valente; 173 fogos; conclusão em
1982.
É
uma solução cuja assinalável dimensão urbana produz efeitos positivos na
respectiva envolvente, através de uma subtil integração de escalas e de
imagens, sem prejuízo para uma estimulante diversificação tipológica entre
unifamiliares densificados e pequenos multifamiliares expressivamente
identificáveis, estruturados numa malha coesa e motivadora de pequenas vias
rodoviárias e dinâmicas pequenas vias pedonais que atravessam as bandas
edificadas em sequências humanizadas e orgânicas. No interior doméstico
salientam-se as grandes cozinhas familiares, que propiciam, com naturalidade,
um uso da casa muito flexível.
Fig. 6 – A expressiva identidade urbana, tão bem
ligada a uma forte escala humana e à adequada pormenorização da Unidade
Residencial Estrada de Lisboa, em Beja, primeira fase da grande Cooperativa de
Habitação Económica Lar Para Todos; projecto coordenado por Raúl Hestnes
Ferreira.
Unidade
Residencial Estrada de Lisboa, Beja, Cooperativa de Habitação Económica Lar
Para Todos,
1.ª fase: projecto coordenado por Raúl Hestnes Ferreira; 120 fogos; datas
aproximadas de estudo/realização: 1981-1984.
Um
conjunto inovador, marcado por pátios públicos para os quais se abrem,
directamente, as portas dos fogos térreos, enquanto que na fachada principal se
abrem espaços comuns interiores muito generosos e bem acabados em termos de luz
natural e de recantos conviviais.
Há,
assim, um jogo de reforço simultâneo dos aspectos de privacidade e de autonomia
(de alguns fogos), e das características colectivas e agregadoras de cada
edifício. A estas características junta-se uma solução doméstica extremamente
adaptável a diversos modos de vida e ocupação do fogo, destacando-se a
disponibilização de uma cozinha/sala de família.
Fig. 7 – A “pequena cidade” cooperativa pedonalizada
e extremamente atraente no Lugar do Forno, Gondomar, Cooperativa de Construção
e Habitação Mãos à Obra; projecto de Alfredo Costa Brandão e João Carlos
Sarabando.
Lugar do Forno,
Gondomar, Cooperativa de Construção e Habitação Mãos à Obra: projecto de Alfredo Costa
Brandão e João Carlos Sarabando; 399 fogos e diversificados equipamentos de
vizinhança; conclusão (excepto última fase) cerca de 1984.
Trata-se de um verdadeiro bairro, ou “pequena cidade” cooperativa, muito coesa na relação
entre edifícios e espaços exteriores, na grande integração entre habitação e
equipamentos locais e conviviais, na verdadeira simbiose entre massa edificada
e verde urbano. Constitui um verdadeiro exemplo, seja ao nível da introdução da
escala humana num espaço residencial, seja na forma de habitar, criando uma
verdadeira relação de vizinhança e de vivência exterior à porta de casa, seja
na eficácia da gestão local cooperativa.
Uma
diversidade visual acentuada entre várias tipologias, animando sequências
urbanas com forte continuidade de vistas encadeadas ao ritmo do peão; uma rede
de sendas pedonais com diversas importâncias e bem ligadas aos edifícios e
principais espaços exteriores equipados e a sempre presente mistura entre
multifamiliares aproximados à escala do unifamiliar unifamiliares bem densificados;
marcando-se um forte sentido global de humanização e de carácter tão doméstico
como urbano. E o conjunto de equipamentos e serviços comuns proporcionados pela
cooperativa era excelente à altura da visita.
Fig. 8 – A forte escala urbana e residencial,
marcada em contínuo e bem suavizada pela natureza e pelos acessos diretos das
habitações na Barranha, Senhora da Hora, Matosinhos, Cooperativa Tripeira:
projecto de Noé Diniz.
Barranha, Senhora
da Hora, Matosinhos, Cooperativa Tripeira: projecto de Noé Diniz; 206 fogos; conclusão em
1984.
Talvez
o que marque, mais fortemente, o conjunto é a impressiva escala urbana que
marca ruas e amplas praças residenciais, unificando-as em termos de imagem
urbana, mas uma imagem que édepois agradavelmente humanizada através de
estratégicas e bem pormenorizadas acessibilidades.
Hoje,
ao visitar este conjunto vive-se um positivo e múltiplo sentido de ordenamento,
clareza de imagens, equilíbrio urbano entre edifícios e espaços de jardim,
vitalização pontual, mas efectiva, através de equipamentos colectivos
exteriores e de pequenas lojas, e uma expressiva apropriação das habitações
térreas com acesso directo à rua, bem como de sentido unificado de toda a
intervenção.
Fig. 9 – As cooperativas da Federação começaram logo
com ações pioneiras em termos de reabilitação e revitalização urbana e de
evidenciada integração da Arquitectura paisagista, como aqui na Praça da Paz,
Carreira de Tiro, Faro, primeira fase da grande cooperativa COOBITAL: projecto
de José Lopes da Costa com o arquitecto paisagista José Brito.
Praça da Paz,
Carreira de Tiro, Faro, cooperativa COOBITAL, 1.ª fase: projecto de José Lopes
da Costa com o arquitecto paisagista José Brito; 132 fogos e diversos
equipamentos conviviais; datas aproximadas de estudo/realização, 1984-198525.
Esta
solução corresponde a uma intervenção de reabilitação e revitalização urbana de
uma zona anteriormente considerada como socialmente negativa, e conjuga
habitação e equipamentos locais igualmente assegurados pela cooperativa,
responsável por toda esta renovada zona urbana. De salientar, ainda, a aliança
positiva entre a arquitectura urbana e a arquitectura paisagista,
conseguindo-se atingir o objectivo de tornar o exterior habitável e convidativo
ao longo de todo o ano, e a adopção de uma solução edificada que consegue
suavizar a grande escala, com habitações duplex apropriáveis e com estimulante
imagem pública.
Fig. 10 – A interessante e atraente pesquisa
tipológica desenvolvida no Seixo, Senhora da Hora, Matosinhos, cooperativa
Gente do Amanhã: projecto de José Pulido Valente.
Seixo, Senhora da
Hora, Matosinhos, cooperativa Gente do Amanhã: projecto de José Pulido Valente;
200 fogos; conclusão em 1985.
Nesta
solução é muito interessante a grande racionalidade e funcionalidade do
interior doméstico, que, de certa forma, prolonga a racionalidade da solução
exterior e da positiva e inovadora relação entre peões e veículos, desenvolvida
através de uma interessante conjugação entre edifícios e blocos de garagem dos
residentes.
Bairro
Fonsecas-Calçada, Lisboa, Cooperativas 25 de Abril e Unidade do Povo: projecto coordenado por
Raúl Hestnes Ferreira com a colaboração de Vicente Bravo, Jorge Gouveia, Castro
Caldas e Manuel Samora; datas aproximadas de estudo/realização, 1974-1986.
Uma
intervenção a visitar, cujos espaços exteriores
foram intervencionados há poucos anos pela CML; e já referida e
ilustrada no artigo anterior desta série.
4. Facetas qualitativas que
marcaram o primeiro decénio de promoção das cooperativas de habitação económica,
pós 25 de abril e que perduraram nos anos posteriores
Faz-se,
agora, uma pequena síntese dos aspectos projectuais que marcaram este primeiro
período de promoção do movimento cooperativo habitacional de HISP e que tiveram
natural continuidade, depois, durante a atividade do INH/IHRU, a partir de
1984, um pouco por todo o País, embora com especial intensidade na Área
Metropolitana do Porto – com um pólo de grande riqueza em Matosinhos –, e em
casos também muito significativos, no resto do país, especialmente em Lisboa,
Beja, Faro e Funchal.
Fig. 11 – Sequência de Arquitectura urbana da Cooperativa Mãos à Obra, em Gondomar.
4.1. A faceta arquitectónica
Sobre o papel arquitectónico dos edifícios e fogos
realizados neste primeiro período do Movimento Cooperativo habitacional (MCH)
há que sublinhar a qualidade global do desenho e o respectivo e cuidadoso
estudo tipológico. Matérias que fazem sublinhar a importância de se tentar
encontrar soluções à medida das necessidades e mesmo dos gostos, abandonando
práticas absurdamente repetitivas, muitas vezes sem qualquer justificação
financeira.
Há que salientar que, frequentemente, tendemos a
desenhar espaços habitacionais comuns e privativos como se eles só pudessem ser
"assim", daquela maneira, suficientes para as necessidades – e nem
pensar nos gostos/desejos habitacionais e urbanos – de uma tal família
"média", na prática, inexistente.
Mas bastará uma vista geral e, sublinha-se, algumas
simples visitas breves, a algumas das soluções aqui apresentadas para se
entender que tal opção não vingou aqui, neste primeiro período do MCH, nem
depois vingou, é preciso dizê-lo. E assim temos soluções tipológicas
diversificadas, por vezes, mais unifamiliares densificadas ou mais
multifamiliares humanizadas e apropriadas, e temos variações mesmo dentro de
cada conjunto, o que é estimulante e adequado no que se refere a uma importante
estratégia de adaptabilidade das habitações aos mais variados modos e gostos de
vida – um dos factores provados da sustentabilidade do habitar.
E salienta-se que, na altura, vivíamos ainda, nos
ateliers de Arquitectura, o tempo do vegetal, da tinta da china e da lâmina
para raspar a mesma tinta, não existindo as atuais, dinâmicas e extremamente
visualizáveis ferramentas digitais de projeto de Arquitetura, que são
extremamente adequadas, quer para a concretização simplificada desse rico leque
de variações tipológicas e de diversificadas e sequenciais adaptações pontuais
(por exemplo, com as novas ferramentas BIM), quer para a adequada previsualização
das mesmas pelos projetistas e pelos futuros habitantes.
Esta faceta qualitativa arquitectónica não é
evidentemente exclusiva da promoção cooperativa de HISP, mas nela sucede
frequente e expressivamente, destacando-se, nela, designadamente, os seguintes
aspetos específicos (apontados sem hierarquia de importância):
A
herança de um desenho participado e eventualmente participativo; lembremos que
o SAAL tinha a memória bem viva, com algumas continuidades na dinâmica do
movimento cooperativo, tendo mesmo havido numerosos casos de associações de
moradores que se transformaram em cooperativas; ainda hoje há a memória viva e
actuante desse processo participativo, mesmo quando ele se resume,
essencialmente, a uma informação continuada e bem explicitada sobre as
características das soluções urbanas e habitacionais em desenvolvimento, e dos
respectivos processos de promoção.
A
procura de soluções domésticas e edificadas verdadeiramente habilitadoras de
uma vida diária, pessoal e familiar diversificada, adequada e estimulante e
que, portanto, ultrapassem o estrito sentido funcional doméstico, servindo-o,
mas não ficando por ele limitado.
A procura de uma afirmada e múltipla relação do
espaço doméstico privado com o espaço público da rua e/ou com o exterior privado
ou público, caldeando-se e suavizando-se, mutuamente, tanto a privacidade, como
o carácter público e reforçando-se os aspectos projectuais que possam dinamizar
a apropriação das habitações, numa perspectiva que também contempla a sua
expressão pública.
O reafirmar de uma questão estruturante, que tende a
ser sempre a da relação com e/ou expressão evidenciada da escala humana, seja
em termos da utilização projectual das dimensões humanas, seja através de uma
sistemática estima para com uma pormenorização cuidadosa - que tem de se realizar, também, com meios
simplificados e mínimos devido ao necessário controlo de custos da construção.
A constante procura da identidade de cada
intervenção e mesmo do caráter de cada local numa opção bem premeditada, que, por
vezes, se liga à necessidade de se intervir em espaços de terreno complicados e
em vizinhanças sensíveis, mas que frequentemente ultrapassa esta base de
necessidade para se tornar elemento de verdadeira valorização do local de
implantação.
Fig. 12 – Imagem da Cooperativa Irmanadora, na Costa
da Caparica, Almada, uma excelente vizinhança de proximidade e um projecto
coordenado pelo Arq.º Justino de Morais.
4.2. A faceta vicinal e citadina
Um aspecto que parece ser bem legível na observação
dos conjuntos deste período de promoção do MCH é a vontade de não se fazerem
meras intervenções edificadas, mas sim um trecho de “arquitectura urbana” em
cada novo conjunto do MCH. Fazer verdadeiro “urbanismo”, trabalhar o conjunto
do desenho/imagens sequenciais de edifícios e espaços exteriores significantes,
preencher espaços antes vazios de forma a que as novas intervenções dialoguem
com as respectivas envolventes, melhorando hiatos e zonas física e/ou
socialmente difíceis e acrescentando identidade específica.
Os conjuntos realizados no início do MCH procuraram
aprofundar uma significativa relação de vivência continuada da cidade das
proximidades. Nesta estratégia teve lugar preponderante o desenvolvimento
cuidado de espaços exteriores urbanos verdadeiramente positivos, e lembremo-nos
que tínhamos saído de um período de HISP, frequentemente, marcado por inúmeros
casos de bairros ditos "sociais" com espaços exteriores fomalmente
incipientes e/ou muito mal equipados senão mesmo ao abandono, seja no que se refere
ao respectivo arranjo inicial, seja no que se refere à sua vital manutenção
continuada.
Esta perspectiva de um exterior residencial
protagonista e, portanto, devidamente intervencionado, tem a ver com o assumir
do habitar, claramente, para lá da porta de entrada da habitação, matéria que
se liga, também, naturalmente, a um habitar que se vive tanto no espaço
doméstico como no espaço de vizinhança de proximidade; e este
"caminhar" do habitar, do espaço doméstico e privado para o da
vizinhança de proximidade, aquela que deve ser bem perceptível a partir de cada
habitação, é factor simultaneamente de identificação, apropriação e segurança
no nosso espaço habitacional.
Esta faceta qualitativa vicinal e citadina não é
evidentemente exclusiva da promoção coooperativa de HISP, mas nela sucede
frequente e expressivamente, destacando-se, nela, designadamente, os seguintes
aspetos específicos (apontados sem hierarquia de importância):
- O evidenciar de aspectos ligados ao fazer de um (pequeno) bairro ou de uma vizinhança urbana significativa, talvez, essencialmente, numa procura natural da criação de continuidades urbanas mesmo onde elas não podiam/podem existir, devido a frequentes situações ainda isoladas dos locais de implantação.
- A evidenciada oferta de um nível de vizinhança, estrategicamente situado entre o edifício e o espaço urbano afirmado.
- A dinamização do uso do exterior público, e, sempre que possível, do uso da “rua”.
- A consideração da tipologia habitacional, mais ao nível da micro-vizinhança do que ao nível do edifício “isolado”, ou até, por vezes, separado da cidade (pelo estigma e/ou pela distância e/ou por condomínios privativos), visando-se/utilizando-se: um certo esquecer estratégico de uma caracterização tipológica muito definida e o evitar da utilização de tipologias correntes; uma constante e natural procura de renovação tipológica, pela relação forte entre espaço doméstico e espaço/continuidade urbana e numa perspectiva de ousar, com naturalidade, misturar tipologias (utilizando-se, afinal, os ensinamentos/exemplos da grande história habitacional e urbana).
- A muito natural, mas sistemática, preocupação relativamente ao desenvolvimento de um verde urbano protagonista, tanto na sua presença expressiva, como na sua íntima relação, seja com aspectos, talvez até simbólicos, de marcação de bairros/vizinhanças, seja com aspectos de acentuação do carácter residencial e doméstico dos espaços, matérias estas que têm tudo a ver com o reforço da apropriação da vizinhança e de cada habitação, assim como com a melhoria do bem-estar e do conforto exterior no sítio que se habita.
E dá vontade
de comentar que muitos destes aspetos assumem, hoje em dia, uma inesperada
atualidade.
Fig. 13 – Imagem dos espaços privados harmonizadamente apropriados da 1.ª fase da Cooperativa As Sete Bicas no Carriçal, Senhora da Hora, em Matosinhos.
4.3. A faceta social, integradora e humanizadora
O objectivo integrador dos conjuntos cooperativos de
habitação económica foi sempre uma qualidade fundamental desde tipo de
promoção, que se concretizou, habitualmente, em dois níveis distintos, mas
complementares: o nível do edifício, no qual convivem diversos grupos
socioculturais; e o nível da vizinhança urbana onde, de forma, quase
sistemática, se procurou associar a habitação cooperativa de interesse social a
intervenções de realojamento para grupos socioculturais mais carenciados ou
problemáticos.
E o processo teve dimensões significativas em
determinadas zonas, tendo sido determinante para implantar uma dinâmica
socialmente positiva em pequenas áreas urbanas relativamente
"residuais" e/ou problemáticas (por exemplo em diversas localizações
em Chelas/Lisboa, no Porto e em Faro); isto aconteceu desde o desenvolvimento
inicial do MCH, manteve-se, praticamente, até à actualidade, e nunca foi
devidamente sublinhado nos benefícios induzidos nas respectivas vizinhanças e
nas suas envolventes (uma matéria a desenvolver). Afinal quando o resultado é
um "bairro crítico" até se tende a dar-lhe prioridade, mas quando o
resultado é a anulação de uma zona física e socialmente problemática, e praticamente
sem custos para o Estado, pois as cooperativas asseguram equipamentos e a
própria gestão corrente, então tendemos a não dar conta destas boas práticas.
Paralelamente a este “serviço social” natural, a
promoção cooperativa habitacional do pós 25 de Abril inaugurou um novo sector
de apoio ao habitar, pois passou a haver um novo grupo socioeconómico que
conseguiu aceder a uma habitação condigna, atraente, apropriável e com
custos moderados – para além de muitas vezes adequadamente faseados no tempo e
associados a processos de poupança familiar devidamente estruturados pelas
próprias cooperativas (e aqui deixem-me confessar que falo com experiência
própria dos mesmos).
E, cumulativamente, as cooperativas criaram emprego,
directamente, nas suas próprias estruturas e, indirectamente, nos equipamentos
de vizinhança e urbanos desenvolvidos nas suas diversas promoções, numa
dinâmica que sempre caracterizou o MCH.
Esta faceta qualitativa social, integradora e
humanizadora não é evidentemente exclusiva da promoção coooperativa de HISP,
mas nela sucede de forma quase constante e intensamente, destacando-se, nela,
designadamente, os seguintes aspetos específicos (apontados sem hierarquia de
importância):
Uma natural integração social em cada edifício e preparada com tempo e
naturalidade em reuniões dos cooperantes de cada programa muito antes da sua
conclusão.
A opção pela boa gestão, de proximidade e em continuidade, considerando-a como um
elemento continuador do próprio projecto. De certa forma estas cooperativas nem
concebem que a vivência dos conjuntos por elas promovidos não integre a sua
manutenção corrente, seja ao nível dos edifícios, seja dos seus espaços
exteriores e equipamentos/serviços de proximidade.
A consideração, de forma sistemática, da existência de equipamentos e
de serviços de proximidade, bem embebidos no habitar edificado e exterior dos
conjuntos urbanos e das vizinhanças, salientando-se que esta característica
contribuiu muito para a grande diferença entre as promoções da iniciativa
pública e da iniciativa privada e os conjuntos associados ao movimento
cooperativo, destacando-se, aqui, naturalmente, os casos onde aconteceu uma
parceria estratégica com a iniciativa municipal – e a título de exemplo,
salienta-se que em Beja grande parte da promoção de HIS foi assegurada por uma
das primeiras e maiores CHE, a muito estimável e exemplar Lar Para Todos,
infelizmente uma das que foi sacrificada na crise de 2008.
Fig. 14 –
Pormenor urbano da Cooperativa Santo Ildefonso, no Porto.
5. Pequena reflexão histórica
e prospectiva sobre a promoção cooperativa
de HISP
Sobre o passado e o futuro da promoção cooperativa
de HISP propõe-se, aqui, uma “releitura” de parte de um texto que Arnaldo
Fleming escreveu em 1992, diz esse autor que:
“na
conjuntura presente” (de 1992, naturalmente, mas julga-se replicável a
outras datas) “a acção das
cooperativas de habitação tende a deslocar-se da batalha dos preços para a
batalha da qualidade” – e eu juntaria: para a batalha de uma ampla
qualidade a custos controlados e acessíveis aos grupos sociais carenciados (que
englobam a sempre sacrificada classe média/remediada) -, e continua Fleming
referindo que essa nova frente de batalha
“passa por pensar o redimensionamento dos projectos, concebendo-os mais à
escala da cidade e portanto mais integráveis no tecido urbano existente e
paralelamente reforçando os equipamentos comerciais, desportivos e sociais que
garantam o «must» da promoção cooperativa.”
Apontados em 1992, julga-se que estes caminhos são
aqueles que importa desenvolver, com urgência, na nova habitação cooperativa de
interesse social, pois:
- estamos a viver um tempo no qual, provavelmente, haverá muito pouco dinheiro para promoções municipais e estatais;
- estamos a viver uma altura marcada pela expressiva diversidade da procura habitacional em termos de soluções domésticas e localizações residenciais;
- estamos a viver uma altura em que, de uma vez por todas, se começa a interiorizar que o habitar tem de ser, realmente, muito mais do que um simples espaço doméstico, mais ou menos mínimo, e sem varandas (pois a área das varandas tem de ser regulamentarmente subtraída à área interior do fogo);
- e tudo isto porque a qualidade vivencial real transborda, totalmente, dos mensuráveis aspectos dimensionais;
- e porque se pode e deve habitar, realmente, para além do espaço doméstico, na própria vizinhança e nos espaços de relação com a cidade.
E se assim não acontecer teremos, naturalmente, mais
cedo ou mais tarde, com maior ou menor gravidade, os mais diversos problemas de
rejeição habitacional e urbana.
Escreveu
o incontornável Manuel Correia Fernandes sobre um conjunto razoavelmente amplo
de conjuntos cooperativos realizados em Matosinhos: (12)
(...) A propósito de tudo isto é
possível discorrer sobre alguns casos. Notáveis a seu modo (...) modos de
provocar o contexto e de tentar ‘forçar’ o aparecimento da cidade (...),
liga-os (...) o serem imagens fortes, empenhadas, com identidade. Separa-os o
terem resultados muito diferentes.
Predispõem-se, contudo, sempre, a
garantir continuidades espaciais, visuais e funcionais tentando assegurar,
antes de mais, a sua própria autonomia e auto-suficiência enquanto ‘bairros’ –
que é o conceito que sempre lhes serve de referência (...) .
Provavelmente será “só” isto: procurar a vida urbana, procurar o bairro,
procurar a vizinhança, procurar habitar também (e expressivamente) fora de
casa... e até do bairro; mas existindo o bairro e a vizinhança e existindo um
agradável edifício e uma boa “casa” por detrás de tudo isso; portanto, negando-se a opção do viver a
cidade, “expatriado”, por ausência de possibilidades de viver a vizinhança e,
especificamente, a habitação e, vice-versa, negando-se a opção do viver a
habitação, “enclausurado”, por ausência de possibilidades de viver, bem, o
edifício, a vizinhança e a cidade próxima.
Fig. 15 – Pormenor doméstico e
urbano da Cooperativa Habitovar em Ovar.
6. Comentários finais aos “anos dourados” e posteriores anos da promoção
cooperativa de HISP
O
desenvolvimento que foi dado, neste artigo, aos “anos dourados” da promoção
cooperativa de HISP, não foi premeditado, registando-se que, numa primeira
versão editorial esta parte rematava o artigo 2 da série, que aborda a HISP até
à fundação do INH/IHRU em 1984.
No
entanto, quer o interesse amplo e muito atual da promoção cooperativa de HISP,
desenvolvida no referido período temporal e a continuidade de tal interesse
nos anos subsequentes (até sensivelmente à crise de 2008) levou, com
naturalidade, à sua abordagem própria no presente artigo; até porque nos
próximos artigos desta série o que foi o passado próximo e o que poderá ser o
presente e próximo futuro da HISP serão tratados de forma global, considerando
os vários tipos de promoções (embora apontando aspetos específicos das mesmas).
Importa,
finalmente, referir, embora ainda de forma muito exploratória, pois trata-se de
tema tão interessante como merecedor de uma cuidadosa abordagem – talvez
dirigida ao que poderemos chamar de os bons “mistérios” da promoção cooperativa
de HISP (lembrando os “mistérios” de Alvalade, apontados no Arqtigo 2 desta
série) –, que a diferença entre o que foram os resultados habitacionais
concretos dos “anos dourados” da promoção cooperativa de HISP e os respetivos
resultados habitacionais da mesma promoção cooperativa de HISP durante o subsequente
funcionamento do INH/IHRU, a partir de 1984, se jogou, essencialmente, na
procura, que se julga ter sido bem conseguida, de uma afirmada manutenção e
mesmo de alguns aprofundamentos e estratégicas diversificações do leque
qualitativo atrás referido, mas, então, agora, neste novo período temporal,
enquadrado pelas áreas e custos, que foram em 1984 oportunamente definidos para
a Habitação a Custos Controlados (HCC), a designação que foi dada pelo
Instituto à nova HISP.
E há ainda que comentar que se referiram essas áreas e custos, mas boa parte das cooperativas dos “anos dourados” usavam já excelentes áreas mínimas/versáteis nas suas habitações, que eram também já caracterizadas, frequentemente, por uma adequada qualidade construtiva e de manutenção/durabilidade – aspetos estes aprofundados nas recomendações para HCC (as RTHS) visando-se, um adequado enquadramento global da mesma HCC (promovida por cooperativas, municípios e empresas privadas).
Notas
(1) Barreiros MATEUS – “Para uma definição de um
Modelo de Cooperativismo Habitacional”, em “José Mateus: O Homem, o
Cooperativista, o Sonho e a Obra”, Germina e FENACHE, 2006, p. 152.
(2) Olga Magano, “Dez anos de História”, em
Habitação Cooperativa em Portugal (1974-1991), pp. 19 e 20.
(3) Arnaldo Fleming, “A Experiência das Cooperativas
de Habitação: um balanço”, em Habitação Cooperativa em Portugal (1974-1991), p.
49.
(4) Duarte Cabral de Mello, "Projectos para
Cooperativas de Habitação Económica", em Arquitectura, Ano I (4.ª Série),
n.º 133, Maio 1979,pp. 20 a 28.
(5) Fonseca Ferreira – Política(s) de habitação em
Portugal, Sociedade e Território, nº 6, 1988.
(6) Fonseca Ferreira (coord.) – Livro Branco sobre a
Política da Habitação em Portugal. Lisboa: Associações Organizadoras do I
Encontro Nacional da Habitação, 1993.
(7) Guilherme Vilaverde, “10 anos ...”, in Habitação
Cooperativa em Portugal (1974-1991), p. 15.
(8) Barreiros MATEUS – “Para uma definição de um
Modelo de Cooperativismo Habitacional”, em “José Mateus: O Homem, o
Cooperativista, o Sonho e a Obra”, Germina e FENACHE, 2006, p. 153.
(9) Texto de Guilherme Vilaverde, que integra o
capítulo de António Baptista Coelho, intitulado "Sobre os “anos dourados”
dos conjuntos cooperativos de habitação económica: 1974-1984", do livro
com coordenaçãoode Nuno Portas, intitulado Habitação para o Maior Número.
Portugal, os Anos de 1950-1980. IHRU e CML, Lisboa, 2013, pp. 92 e 93.
(10) Pedro Ramalho, Programa Habitacional para a
C.H.E. Habitovar, Ovar (1976/1982), in Itinerário, FAUP, Textos Teóricos n.º 8,
Porto, 1989, pp. 59 e 60.
(11) Arnaldo Fleming, “A Experiência
das Cooperativas de Habitação: um balanço”, em Habitação Cooperativa em
Portugal (1974-1991), p. 54.
(12) Manuel
Correia Fernandes, Anos 80, "As Cooperativas de Habitação e o Desenho da
Cidade: A Senhora da Hora em Matosinhos", pp. 5 e 6 , in Actas dos
"Encontros AAP - Habitação, 1.º Encontro: Construir Cidade com Habitação,
8 de Maio de 1998, Lisboa, Sede nacional da AAP.
Nota específica importante sobre esta série editorial:
Tal como ficou evidente no texto desenvolvido e ficará sublinhado nos agradecimentos e bibliografia que se seguem, a presente série editorial, intitulada "Desenvolver a qualidade arquitectónica e a satisfação residencial na Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa", muito deve à atividade realizada, ao longo de muitos anos, no Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU), integrado no atual Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT) do LNEC, assim como à atividade do INH/IHRU e da FENACHE.
Regista-se, finalmente, que os eventuais lapsos, imprecisões e esquecimentos que, muito provavelmente, existem no texto - e que serão corrigidos logo que identificados - são apenas da responsabilidade do autor, assim como todas as opiniões aqui expressas.
Agradece-se
ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), então Instituto
Nacional de Habitação (INH), que apoiou, sistematicamente, o desenvolvimento
dos principais estudos que basearam esta série de artigos e faz-se uma
referência específica e alfabética à constante disponibilidade de vários
responsáveis do então INH, hoje IHRU, para apoiar esses estudos, designadamente, o Arq.º Clemente Ricon,
o Eng.º Defensor de Castro, o Eng.º Hermano Vicente, o Arq.º
Rogério Pampulha, o Eng.º Teixeira Monteiro e
o Arq.º Vasco Folha, bem como das excelentes equipas técnicas do
Instituto em Lisboa e no Porto, e agradece-se, também, aos inúmeros
responsáveis e projetistas dos muitos empreendimentos de Habitação a Custo
Controlado (HCC) – a nossa Habitação de Interesse Social (HIS – que foram
visitados e estudados no decurso dos estudos aprofundados de análise urbana e
habitacional retrospectiva e multidisciplinar, coordenados pelo autor, e das
metódicas visitas do Júri do Prémio INH/IHRU em que o autor participou.
Agradece-se,
muito especialmente, o inestimável trabalho, no âmbito das referidas análises
retrospectivas, dos técnicos que integraram as respectivas equipas
multidisciplinares e que pertenciam ao Departamento de Edifícios (DED) do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e a vários Núcleos do DED, com
destaque para os então Núcleo de
Arquitectura e Urbanismo (NAU), Núcleo
de Ecologia Social (NESO) e Núcleo de Tecnologia da Construção (NTC) do DED, e
entre eles faz-se uma especial menção (alfabética) à continuada e preciosa
participação do Eng.º António Leça Coelho (NAU), do Arq.º João Branco Pedro
(NAU), da Eng.ª Fernanda Carvalho (NTC),
da saudosa Arq.ª Isabel Plácido (NAU) e
da Dr.ª Marluci Menezes (NESO); fazendo-se uma menção especial à participação
pontual, mas muito significativa, da Arq.ª Sheila Walbe Ornstein.
Agradece-se,
ainda, no LNEC, todo o apoio no âmbito das referidas análises retrospectivas,
ao Eng.º José Vasconcelos Paiva, então Diretor do DED do LNEC, à Técnica
Superior Anabela Manteigas, e, finalmente, mas nunca por último, ao Arq.º
António Reis Cabrita, que numa fase de passagem de testemunho da chefia do
NAU, teve ainda a oportunidade de apoiar de forma ampla a aprofundada as mesmas
análises retrospectivas.
Novamente
fora do LNEC importa aqui fazer um agradecimento especial e muito bem
justificado ao sempre importante e presente apoio, no âmbito dos estudos que
basearam a presente série editorial, de
um amplo e bem merecedor conjunto de responsáveis e companheiros da Federação
Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE), que o autor tem
também a honra de integrar, com um natural destaque para o saudoso Dr. José
Barreiros Mateus, e para os grandes Guilherme Vilaverde, Manuel Tereso e Orlando Vargas, não
esquecendo o também saudoso Carlos Coradinho.
Faz-se,
em seguida, uma referência amiga e muito agradecida ao constante apoio e
incentivo nestas “lutas” da habitação e do “habitar” aos associados da GHabitar
Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional (GHabitar
APPQH), anteriormente Grupo Habitar
APPQH e, muito especialmente, aos atuais responsáveis da GHabitar APPQH,
entre os quais se encontram alguns dos acima designados e no texto sublinhados,
mas havendo que acrescentar (alfabeticamente) o Arq.º António Carlos Coelho, o
Arq.º Carlos Nuno Lacerda Lopes, o Dr. Dâmaso Silva, o Arq.º Duarte Nuno
Simões, o Dr. João Lutas Craveiro, o Arq.º Manuel Correia Fernandes, e o Arq.º
Paulo Tormenta Pinto.
Lembra-se,
finalmente, e agradece-se a múltipla participação nestas matérias habitacionais
aos membros do Secretariado Permanente do Congresso Internacional da Habitação
no Espaço Lusófono (Secretariado
Permanente do CIHEL), e de outros responsáveis mais diretos pelo desenvolvimento
dos quatro congressos internacionais CIHEL, abordando, frequentemente, o
habitar de interesse social no âmbito da lusofonia e entre os quais há que
salientar (alfabeticamente), para além de uma série de colegas e amigos já
atrás referidos noutros contextos ( e com as minhas prévias desculpas por algum
“imperdoável” esquecimento), a Arq.ª Angelica Benatti Alvim, o Arq.º
António Gameiro, o Arq.º Anselmo Cani, a Arq.ª Camila D’Ottaviano, o Arq.º
Carlos de Almeida Marques, a Arq.ª Denise Antonucci, o Eng.º Fernando Pinho, o
Arq.º Ilidio Daio, a Arq.ª Inês Daniel de Campos, o Arq.º Jaime Comiche, o Dr.
João Carvalhosa, o Eng.º José António Ferreira, o Arq.º Khaled Ghoubar, a Arq.ª
Lúcia Zanin Shimbo, o Arq.º Miguel Amado, o Arq.º Pedro Baptista Coelho, o
Arq.º Rogério Galante, o Arq.º Rui Leão, a Arq.ª Silvia Mikami, a Arq.ª Teresa
Madeira, a Arq.ª Teresa Valsassina Heitor (PDA-IST) e o Arq.º Victor Leonel.
Bibliografia geral de enquadramento da
temática
Apresenta-se em seguida, organizada cronologicamente,
e acompanhará os restantes artigos desta série editorial, a bibliografia
cronológica utilizada no presente estudo, sobre a matéria da Habitação de
Interesse Social Portuguesa (HIS) e sobre qualidade arquitectónica residencial.
ONO, R. (Org.)
; ORNSTEIN, Sheila Walbe (Org.) ; Villa, Simone Barbosa (Org.) ; FRANÇA, ANA
JUDITE GALBIATTI LIMONGI (Org.) ; LEITNER, A. D. (Org.) ; BARBOSA, Maria
Beatriz (Org.); SARAMAGO, R. C. P. (Org.) ; ABATE, Tania Pietzschke (Org.)
; ROMÉRO, Marcelo de Andrade (Org.)
- Avaliação Pós-Ocupação na arquitetura,
no urbanismo e no design: da teoria à prática. 1. ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2018. v. 1. 302p .
TAVARES, Maria - Habitações
Económicas. Federação de Caixas de Previdência. Arquitectura e modos de
actuação no exercício do projecto, Porto: Faculdade de Arquitectura da
Universidade do Portoi, tese de doutoramento em Arquitectura, 2016.
National Crime Prevention Council – NCPC (autoria);
Direção Geral de Administração Interna – DGAI (edição); Ana Verónica Neves e
Filipe Teodorico (tradução) - CPTED – Prevenção
Criminal Através do Espaço Construído: Guia de boas práticas, Lisboa: DGAI,
2013, 66 p., ISBN:
978-989-8477-04-0; edição revista e adaptada para a versão portuguesa por uma
equipa que integrou o autor desta listagem - versão original disponível em <
http://www.veilig-ontwerp-beheer.nl/publicaties/cpted-prevencao-criminal-atraves-do-espaco-construido-guia-de-boas-praticas
MENDES, Maria Manuela; MAGANO, Olga - Ciganos Portugueses: Olhares Plurais e
Novos Desafios numa Sociedade em Transição. Editora Mundos Sociais, Lisboa,
2013, 253 p., ISBN
978-989-8536-26-6. António Baptista
Coelho redigiu o capítulo intitulado "Habitação
e vizinhança para famílias de etnia cigana: algumas reflexões práticas"
(9 p., 4 fig., pp. 239 a 247 do livro).
PORTAS, Nuno (coord. cient.) e AAVV - Habitação
para o Maior Número. Portugal, os Anos de 1950-1980. IHRU e CML, Lisboa, 2013
– lançamento em 2014, 214 p.,
ISBN 978-972-98508-8-2; António Baptista Coelho redigiu o capítulo ilustrado
intitulado "Sobre os “anos
dourados” dos conjuntos cooperativos de habitação económica: 1974-1984"
(20 p ilustradas., 12 fig., pp. 133 a 153 do livro).
COELHO, António Baptista - Qualidade
Arquitectónica e Satisfação Residencial na Habitação de Interesse Social em
Portugal no final do Século XX”, Lisboa, LNEC, Relatório 176/2011-NAU, Maio
2011, 93 pp., ilustrado
COELHO, A. Baptista;
PEDRO, J. Branco; COELHO, A. Leça – 2.ª Análise retrospectiva do parque financiado pelo Instituto Nacional
de Habitação nos anos de 1989-2005.
Análise arquitectónica. Lisboa
: LNEC, 2011. (Relatório
Confidencial 115/2011 – NAU).
DIAS, Jorge Miranda; LOPES, Grandão (coord.) - Conservação e reabilitação de edifícios
recentes. Cadernos Edifícios N.º 5, LNEC, Lisboa, 2010, 218 p., ISBN 978-972-49-2197-6. António Baptista Coelho redigiu o capítulo
intitulado "Critérios a aplicar na
requalificação arquitectónica do exterior residencial" (25 p., 6 fig.,
pp. 37 a 62 do livro).
COELHO, António Baptista - Entre casa e cidade, a humanização do habitar. dafne editora,
opúsculos - Pequenas Construções Literárias sobre Arquitectura, opúsculo 18,
Porto, Julho 2009, 20 p., 4 fig.,
ISSN 1646–5253, www.dafne.com.pt/pdf_upload/opusculo_18.pdf
DGS e AAVV - Planos
Locais de Ação em Habitação e Saúde – Manual para projetos: Fichas Técnicas
sobre Habitação e Saúde . Direcção Geral da Saúde (DGS), Plano nacional de
Ação Ambiente e Saúde (PNAAS), Lisboa, Novembro de 2009, ISBN: 978-972-675-191-5; António Baptista Coelho participou
na organização do livro e elaborou os seguintes quatro capítulos: (i) "Bem-estar na envolvente
residencial" (8 p., item 2.4); (ii) "Bem-estar e tipos de soluções
habitacionais (7 p., item 2.5)"; (iii) "Problemas sociais na
habitação" (7 p., item 2.6); e (iv) "Bem-estar e conforto ambiental
no interior habitacional" (7 p., item 3.3) download em:
http://www.dgs.pt/?cn=552055525576AAAAAAAAAAAA
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada, Lisboa, LNEC, Tese e Programas de
Investigação TPI n.º 46. Lisboa: LNEC, Livraria
do LNEC, 2007. 574 p., 121
fig., ISBN 978-972-49-2120-4
LOPES, Carlos Nuno Lacerda – Projecto e modos de habitar. Dissertação de doutoramento, Porto:
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), 2007.
COELHO, António Baptista – Instituto Nacional de Habitação, 1984 – 2004: 20 anos a promover a
construção de habitação social, Lisboa, INH, LNEC, 2006 (456 pp., muito ilustrado) – disponível por consulta ao IHRU,
Depósito Legal n.º 242704/06.
COELHO, António Baptista; COELHO, Pedro Baptista - Habitação de Interesse Social em Portugal:
1988 – 2005. Livros Horizonte, Horizonte Arquitectura Lisboa, 2009, 327 p., muito ilustrado, ISBN
978-972-24-1655-9 .
COELHO, António Baptista (coord.) – Humanização e vitalização do espaço público. Cadernos Edifícios n.º
4, LNEC, Lisboa, Livraria do LNEC, Outubro
de 2005 (Março 2006), 268 p., muito
ilustrado, ISBN 972-49-2058-5.
COELHO, António Baptista; COELHO, António Leça; MENEZES,
Marluci; CARVALHO, Fernanda Rodrigues; PLÁCIDO, Isabel – 3.ª Análise Retrospetiva do Parque Habitacional Financiado pelo INH,
Anos de 1995 a 1998. Lisboa: LNEC, 2004.
Relatório Confidencial 239/04-NAU. 402 p. 178 fig. 10 quad., 8 gráf.
INSTITUTO NACIONAL DE HABITAÇÃO; PAMPULHA, Rogério
(Coord.) – Habitação a Custos
Controlados, Projectos de Referência n.º 1 a n.º 8. Lisboa: INH, Projecto
de Referência, 2001 a 2004.
FERNANDES, Fátima; CANNATÀ, Michele – Guia da Arquitectura Moderna, Porto, 1925-2002. Porto: ASA
Editores, 2002, 335 p.
COELHO, António Baptista; CABRITA, António Reis; PEDRO J.
Branco – A Qualidade Arquitectónica e a
Satisfação Residencial – Qualité Architectonique et Satisfaction Résidentielle
– Projeto de Investigação Conjunta LNEC/CSTB sobre Qualidade Arquitectónica e a
Satisfação Residencial. Relato de sntese 1998-2000. Lisboa: LNEC, 2001. Relatório 149/01-NA. 60 p.
HEITOR, Teresa Valsassina – A vulnerabilidade do espaço em Chelas, uma abordagem sintáctica.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Junta Nacional de Investigação Científica
e Tecnológica, Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas, 2001, 421 p.
CABRITA, António Reis; COELHO, António Baptista; FREITAS,
M. João – Gestão Integrada de Parques
Habitacionais de Arrendamento Público – guião recomendativo, MES -
Secretaria de estado da Habitação, Laboratório Nacional de Engenharia Civil,
Intervenção Operacional Renovação Urbana, Lisboa, Dezembro de 2000 (240 p.), ISBN 972-981133-6-1;
António Baptista Coelho redigiu os Capítulos 4 (Enquadramento global da
gestão), 5 (Dimensões fundamentais da gestão), 6 (Métodos e instrumentos de
gestão do parque habitacional de arrendamento público), 7 (Requalificação
urbana), 8 (Integração da requalificação e da gestão e notas conclusivas), a
Bibliografia e o Anexo III (Ação e estrutura organizativa dos Zeladores).
CABRITA, António Reis (coord.), “A Futura Habitação Apoiada”. Proc. 086/01/13758. Relatório
Confidencial 75/00 – NA, 299 pp. 2000.
COELHO, A. Baptista – Qualidade
arquitectónica residencial. Rumos e
factores de análise. Lisboa: LNEC,
Livraria do LNEC, 2000. 500
p. (Informação Técnica de Arquitectura,
ITA 8). ISBN 972-49-1857-2.
AAVV e MEPAT , “Habitat
II, Plano Nacional de Ação – Habitação”, MEPAT e Secretaria de Estado da
Habitação e Comunicações, MEPAT e SEHC, 1999,
76 p., Dep. Legal 141975/99.
BERNARDO, Jorge Almeida – INH 15 Anos a Apoiar Quem Precisa. Lisboa: Instituto Nacional de
Habitação, 1999, 124 p.
PEDRO, J. Branco – Programa
habitacional. Espaços e compartimentos. Lisboa : LNEC, 1999. 270 p. (Informação Técnica de Arquitectura, ITA 4).
PEDRO, J. Branco – Programa
habitacional. Habitação. Lisboa : LNEC, 1999. 270 p. (Informação Técnica de Arquitectura, ITA 5).
PEDRO, J. Branco – Programa
habitacional. Edifício. Lisboa : LNEC, 1999. 226 p. (Informação Técnica de Arquitectura, ITA 6).
PEDRO, J. Branco – Programa
habitacional. Vizinhança Próxima. Lisboa : LNEC, 1999. 174 p. (Informação Técnica de Arquitectura, ITA 7).
COELHO, A. Baptista; PEDRO, J. Branco – Do
bairro e da vizinhança à habitação.
Tipologias e caracterização dos níveis físicos residenciais. Lisboa : LNEC, Livraria do LNEC, 1998. 546 p.
(Informação
Técnica de Arquitectura, ITA 2). ISBN
972-49-1756-8.
COELHO, António Baptista (colaboração de Nuno Teotónio
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uma cidade na cidade – o mistério de Alvalade, Palestra proferida nos
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FERNANDES, Francisco Barata – As formas da casa na forma da cidade, Palestra proferida nos
Encontros da Associação dos Arquitetos Portugueses – Habitação, Construir
Cidade com Habitação. Lisboa: AAP, 1998
FERNANDES, Manuel Correia – Anos 80 As Cooperativas de Habitação e o Desenho da Cidade, a Senhora
da Hora em Matosinhos, Palestra proferida nos Encontros da Associação dos Arquitetos
Portugueses – Habitação, Construir Cidade com Habitação. Lisboa: AAP, 1998, 8 p.
PEREIRA, Nuno Teotónio (colaboração de António Baptista
Coelho) – Os Olivais – experiência
colectiva de uma geração, Palestra proferida nos Encontros da Associação
dos Arquitetos Portugueses – Habitação, Construir Cidade com Habitação. Lisboa:
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Meritórios de Habitação de Custos Controlados – 1991, Coleção Edifícios nº
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Lyndon – La Casa: Forma y Diseño.
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CULLEN, Gordon – El
Paisaje Urbano. Tratado de estética urbanística (The Concise Townscape).
Barcelona: Editorial Blume, 1977 (1961).
FARIA, António – O
problema das casas económicas (esboço de estudo), Lisboa: Edições Cosmos,
Biblioteca Cosmos, N.º 140/141, 7.ª Secção – problemas do nosso tempo n.º
26/27, 1948, 195 p.
Em termos práticos lembra-se que no primeiro artigo desta
série editorial são devidamente salientados os principais documentos e
publicações, de minha autoria, utilizados como fontes mais diretas destes
artigos, registando-se, ainda, a autoria própria de todas as imagens
utilizadas.
Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar
seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar
assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e
científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o
pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e
comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos
autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos
mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é,
igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que
deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.
Infohabitar, Ano XVII, n.º 765
A propósito dos “anos dourados” das cooperativas de habitação económica, entre 1974 e 1984, ainda
antes da criação do INH (série editorial: artigo 3/8) – infohabitar # 765
Infohabitar
Editor: António Baptista
Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola Superior de Belas Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa.
Revista do GHabitar (GH)
Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar –
Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação
Económica (FENACHE).
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