Casas como bosques (I)
“A boa arquitectura dignifica quem a concebe e promove, dignifica o lugar onde se implanta, e dignifica os seus moradores” – nas palavras de Duarte Nuno Simões (intervenção na entrega dos Prémios INH 2000). Trata-se, afinal, de tentar fazer sempre a “casa dos homens” e, julgo, também, sempre que possível, a casa sonhada pelo poeta Eugénio de Andrade (*).
“Ergue-se aérea pedra a pedra
a casa que só tenho no poema.
A casa dorme, sonha no vento
a delícia súbita de ser mastro.
Como estremece um torso delicado,
assim a casa, assim um barco.
Uma gaivota passa e outra e outra,
a casa não resiste: também voa.
Ah, um dia a casa será bosque,
à sua sombra encontrarei a fonte
onde um rumor de água é só silêncio”.
Talvez seja esse o nosso último objectivo, fazer conjuntos de casas que vivam como bosques.
(*) Eugénio de Andrade – "Metamorfose da casa", em O Sal da Língua precedido de Trinta Poemas.
1 comentário :
O tema é interessante
Júlio Marques
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