INFOHABITAR
N.º 660
AS
HUMANIDADES E O HABITAR
Conjunto de 16 artigos e um texto de apresentação
Caros leitores da revista
semanal Infohabitar com a presente edição, damos continuidade
a uma tipologia editorial, em que se procura voltar a focar e divulgar artigos
e séries editoriais já desenvolvidas há algum tempo, mas versando temáticas
intemporais.
Julgamos que quando uma
revista técnica e científica como a nossa atinge um significativo “tempo de
vida” – neste caso 14 anos – e expressão editorial – a caminho dos 700 artigos
– corre-se o risco de textos que deixaram de estar numa primeira linha
editorial, mas que continuam com o mesmo interesse e oportunidade, poderem
ficar um pouco esquecidos “nas prateleiras arquivadoras”, neste caso “na nuvem
arquivista” e, a partir desta consideração, surgiu a ideia de voltar a colocar “bem
à mão”, à distância de um rápido “clic”, conjuntos temáticos de artigos, por
vezes muito bem articulados, entre si, outras vezes marcados por uma salutar
diversidade, como é o caso actual.
E é assim que, na presente
edição da Infohabitar, se sugere a leitura de uma série de 16 artigos,
editados entre 2005 e 2013, desenvolvidos por 11 autores e que têm em comum a
abordagem do grande tema referido à temática das relações entre AS HUMANIDADES E O
HABITAR.
Lembra-se que esta matéria das
relações entre AS HUMANIDADES E O HABITAR constitui um dos 35 temas
editoriais da Infohabitar.
Regista-se, ainda, que esta
matéria das relações entre AS HUMANIDADES E O HABITAR; corresponde a um dos
sete grandes temas abordados num estudo amplo sobre a matéria do “habitar
humanizado”, apresentado e desenvolvido em duas publicações editadas e
disponibilizadas pela Livraria do LNEC (apontadas em seguida) e no n.º 18 dos
Opúsculos da Editora Dafne – neste caso, com o título “Entre casa e cidade, a
humanização do habitar”.
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada: Uma apresentação
geral, Lisboa, LNEC, Memória n.º 836, 2007, 40 p., 19 fig., ISBN
978-972-49-2117-4.
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada, Lisboa, LNEC, Tese
e Programas de Investigação TPI n.º 46. Lisboa: LNEC, 2007. 574 p., 121 fig.,
ISBN 978-972-49-2120-4.
Esta temática global do “habitar
humanizado” refere-se, pois ao habitar espaços domésticos e urbanos e corresponde
a um estudo de investigação, desenvolvido no quadro de uma “habilitação em
arquitetura e urbanismo”, realizado e discutido no Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC), considerando-se que o interesse no desenvolvimento
deste tema decorreu, quase diretamente, da necessidade sentida de se aprofundarem
aspetos ainda considerados menos objetivos e que no entanto caracterizam,
claramente, pela sua existência ou ausência, múltiplas situações domésticas e
urbanas.
Trata-se, assim, de um tema
cuja importância se julga ser evidente numa altura em que o “mal habitar” casa
e cidade continua a marcar, em todo o mundo, um elevadíssimo número de famílias e as periferias e os vazios
urbanos de grandes cidades, uma importância que resulta, tanto da necessidade
de se considerarem, diretamente, os múltiplos aspetos de uma sensível
humanização dos quadros do habitat humano, como da importância de se estar
alerta relativamente às recorrentes simplificações relativas a áreas mínimas
habitacionais mal concebidas (“cegamente” funcionalizadas), e à doentia
repetição de projetos-tipo mal concebidos e mal aplicados em termos urbanos.
Considerando, agora, especificamente, a temática das relações entre AS HUMANIDADES E O HABITAR, relembra-se que a matéria da habitação humanizada é aqui tratada a partir do ponto de vista e com as ferramentas da arquitectura; no entanto, o que se pode considerar como uma limitação tem de ser compensado pela consideração da verdadeira importância de todo um leque disciplinar de outras ciências humanas; e a arquitectura também o é.
Caminhar e filosofar - “Há
alguma coisa nessa actividade, que é o filosofar, que tem alguma afinidade com
o caminhar …” - Eduardo Prado Coelho, “O inabsorvível”, Público - opinião, 17 Janeiro 2004
Considerando, agora, especificamente, a temática das relações entre AS HUMANIDADES E O HABITAR, relembra-se que a matéria da habitação humanizada é aqui tratada a partir do ponto de vista e com as ferramentas da arquitectura; no entanto, o que se pode considerar como uma limitação tem de ser compensado pela consideração da verdadeira importância de todo um leque disciplinar de outras ciências humanas; e a arquitectura também o é.
Mas como tratar estas matérias sem nos
especializarmos em Antropologia, Engenharia(s), Filologia, Filosofia, História,
Geografia, Medicina/saúde, Sociologia e Psicologia? Naturalmente teremos de encontrar
os “postos avançados” dessas áreas de conhecimento que estabeleçam contactos
privilegiados com as áreas da arquitectura do habitar, nesta perspectiva da
humanização do mesmo habitar, que aqui nos motiva. Teremos assim de encontrar e
estudar alguns desses autores/obras, e indicar esses caminhos, mas também
devemos identificar nas matérias que são da arquitectura e do urbanismo, mais
ligadas ao habitar, aqueles arquitectos e urbanistas, que mais têm seguido ou
que mais se têm aproximado (d)esses caminhos. Esta é uma dupla estratégia capaz
de assegurar a fundamental criação de pontos de encontro entre a humanização da
arquitectura do habitar, pelos arquitectos, e o aprofundamento de um habitar
humanizado e culturalmente bem qualificado, pelas outras disciplinas ligadas à
matéria.
Afinal e tal como disse Fernando Gil (Fernando Gil ao Expresso de 10/12/93.1993):
“Aquilo a que hoje se chama
pluridisciplinaridade não é uma metodologia, é a única metodologia possível
para se perceber seja o que for. E essa é a razão pela qual é necessário
estar-se aberto para fora de um certo limite.”
Se houvesse que fazer uma referência sintética
sobre quais as principais temáticas qualitativas a investir, prioritariamente,
nesta grande e “renovada” área de uma qualidade arquitectónica residencial
humanizada, e sobre a forma preferencial de as investir, sistemática e
integradamente (numa espécie de “novelo qualitativo”), uma nota especial
deveria ser endereçada para a necessidade de se irem definindo e articulando,
mutuamente, os conceitos empregues, criando-se, por um lado, uma crescente e
gradualmente consolidada plataforma multidisciplinar de discussão e cooperação
técnica, enquanto, por outro lado, se iriam traduzindo tais conceitos numa
linguagem, o mais possível, a todos acessível e apoiada, sempre que possível,
em exemplos práticos perfeitamente ilustrativos desses mesmos conceitos.
Afinal, e tal como se tem repetido e se irá repetir neste trabalho, esta
matéria das humanidades nos mundos do habitar tem a ver muito directamente com
o eterno e matizado confronto entre quem habita e quem é responsável pelas
soluções habitacionais e urbanas.
E a realidade é que em torno e acerca dos
espaços de habitar que fazem viver quer as cidades quer os pequenos aglomerados,
muitas disciplinas têm vindo a desenvolver, designadamente, nas últimas dezenas
de anos, os seus conhecimentos e modos de actuação, assistindo-se, hoje em dia,
e cada vez mais, a um esforço de concentração multidisciplinar em temáticas
urbanas e residenciais que ainda não há muito tempo eram praticamente
exclusivas da formação em arquitectura, e isto é já “meio caminho andado”,
naturalmente; falta provavelmente uma verdadeira interiorização e um adequado
aperfeiçoamento dos mecanismos práticos da tal pluridisciplinaridade, referida
por Fernando Gil.
Listam-se, em seguida
(ordenados de acordo com a respectiva apresentação), alguns dos subtemas tratados
nos artigos, associados ao tema editorial das relações entre AS HUMANIDADES E O
HABITAR cujos títulos específicos e links
são, depois, disponibilizados mais abaixo:
A dimensão existencial nas cidades
Casa
Casa e sentidos
Cuidador
Arquitectura, Ciências Humanas e Habitar
Cidades vivas
Cidades cultas
Cidades criativas
Territórios em mudanza
Cidadania e ambiente
Sociedade e
envelhecimento
Os idosos na cidade e a cidade envelhecida
O habitar como técnica e poesia
Cultura da cidade e do
território
Fiquem, então,caros leitores com
algumas das muitas páginas da nossa pequena história editorial; e boas
leituras,
António Baptista Coelho
Editor da
Infohabitar, Presidente da GHabitar, investigador principal com habilitação em
Arquitectura e Urbanismo (LNEC), doutor em Arquitetura (FAUP), Arquiteto
(ESBAL).
Notas práticas:
. a listagem dos artigos mantém a
respetiva ordem cronológica editorial (dos mais recentes para os menos
recentes);
. os artigos são disponibilizados no
seu formato editorial original;
. para aceder ao
artigo basta fazer ctrl + click
sobre o seu endereço eletrónico
(disponibilizado a seguir ao respetivo título); ou sobre o próprio título (quando este está
ligado diretamente ao respetivo ebdereço eletrónico – ao passar o rato/mouse
sobre o título essa ligação fica evidente).
(Tema geral)
ESCALAS E TEMPOS DO
HABITAR
A emergência da dimensão existencial nas cidades - Uma
proposta a partir do Centro Histórico de Évora - Susana Mourão (n.º 446, 1
JUL 13, 9 págs., 1 fig. e vários filmes).
"CASA. Propriedades que adquire com o «encasado»”, por Célia Faria e colóquio internacional "
Habitar, pensar, investigar, fazer" – Célia
Faria (n.º 328, 9 Jan. 11, 5 págs., 3 figs.).
A Casa dos Sentidos de Sérgio Fazenda Rodrigues - António Baptista Coelho (n.º 324, 12 Dez. 10, 5 págs., 3 figs.).
Quem é cuidador? – Marilice
Costi (n.º 317, 24 Out 10, 4 págs., 2 figs.).
Arquitectura, Ciências Humanas e Habitar,
3.ªConferência Alargada do Grupo Habitar,
31 de Março de 2008 na UNL”O diálogo entre Arquitectura e Ciências Sociais
Humanas na construção do Habitar - I” - artigo de
apresentação por António Baptista Coelho (n.º 189, 23 Março, 2008, 5 págs., 3
figs.).
Cidades vivas, cultas e criativas I - Artigo de António Baptista Coelho (n.º 183, 17 Fevereiro 2008, p págs., 7
figs.)
Os territórios em mudança e o espaço global: questões
de cidadania e de ambiente – João
Lutas Craveiro (n.º 110, 26 Out., 11p., 6 fig.).
Seis cantos contra a guerra – Khaled Ghoubar, ilustração de
António Baptista Coelho (n.º 94, 21 Jul. 06, 5p., 1 fig.).
As sociedades envelhecem, mas somos humanos – Maria Celeste Ramos e António Baptista Coelho (n.º 72, 2 Mar. 06,
5p. 2 fig.).
Retrospectiva –
Maria Luiza Forneck (n.º 68, 5 Fev. 06, 3p.).
Quem sabe começamos por nós? – Marilice Costi (n.º 58, 12 Dez. 05, 3p. 2fig.).
Os idosos na cidade e a cidade envelhecida – Paulo Machado (n.º 56, 5 Dez. 05,
6p., 3fig.).
Interpelações Virtuais ao Cidadão Comum - Maria João Eloy , (n.º 54, Nov. 05,
2 p., 10 fig.).
As cidades também se abatem – “They kill horses - don’t they ?” -
Maria Celeste Ramos (n.º 53, 16 Nov. 05, 4 p., 3 fig.).
O habitar é técnica e poesia I – inclui poema de António Ramos Rosa -
António Baptista Coelho (n.º 44, 4 Out. 05, 2p., 1 fig.).
O Preconceito na apreensão da Cultura da Cidade e do
Território - Maria
João Eloy (n.º 34, 2 Ago. 05, 6 p., 10 fig., 3 com.).
Finalmente
salienta-se que o processo editorial da Infohabitar, revista ligada à ação da
GHabitar - Associação Portuguesa de Promoção da Qualidade Habitacional
(GHabitar APPQH) – associação que tem a sede na Federação Nacional de
Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) –, voltou a estar, desde o
princípio de setembro de 2017, em boa parte, acolhido no Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e
nos seus Departamento de Edifícios e Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT);
aproveitando-se para se agradecer todos os essenciais apoios disponibilizados
por estas entidades.
Notas
editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas
traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses
artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos
autores.
Infohabitar, Ano XIV, n.º 660
AS
HUMANIDADES E O HABITAR
Conjunto de 16 artigos
Infohabitar
Editor: António
Baptista Coelho
abc.infohabitar@gmail.com
Editado nas instalações do Núcleo de
Estudos Urbanos e Territoriais (NUT) do Departamento de Edifícios (DED) do LNEC;
Infohabitar, Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da
Qualidade Habitacional – Associação com sede na Federação Nacional de
Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).
Apoio à Edição: José Baptista Coelho -
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.
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