INFOHABITAR
N.º 664
O
DESENHO E A HUMANIZAÇÃO DO HABITAR
Conjunto de 16 artigos
e um texto de apresentação
Caros leitores da revista
semanal Infohabitar com a presente edição, damos continuidade
a uma tipologia editorial, em que se procura voltar a focar e divulgar artigos
e séries editoriais já desenvolvidas há algum tempo, mas versando temáticas
intemporais.
Julgamos que quando uma
revista técnica e científica como a nossa atinge um significativo “tempo de
vida” – neste caso 14 anos – e expressão editorial – a caminho dos 700 artigos
– corre-se o risco de textos que deixaram de estar numa primeira linha
editorial, mas que continuam com o mesmo interesse e oportunidade, poderem
ficar um pouco esquecidos “nas prateleiras arquivadoras”, neste caso “na nuvem
arquivista” e, a partir desta consideração, surgiu a ideia de voltar a colocar “bem
à mão”, à distância de um rápido “clic”, conjuntos temáticos de artigos, por
vezes muito bem articulados, entre si, outras vezes marcados por uma salutar
diversidade, como é o caso actual.
E é assim que, na presente
edição da Infohabitar, se sugere a leitura de uma série de 16 artigos,
editados entre 2005 e 2008, desenvolvidos por 4 autores e que têm em comum a
abordagem do grande tema: O DESENHO E A HUMANIZAÇÃO DO HABITAR.
Lembra-se que esta matéria relativa
ao DESENHO
E À HUMANIZAÇÃO DO HABITAR constitui um dos 35 temas editoriais da
Infohabitar.
Regista-se, ainda, que esta
matéria relativa ao DESENHO E À HUMANIZAÇÃO DO HABITAR corresponde a um dos
sete grandes temas abordados num estudo amplo sobre a matéria do “habitar
humanizado”, apresentado e desenvolvido em duas publicações editadas e
disponibilizadas pela Livraria do LNEC (apontadas em seguida) e no n.º 18 dos
Opúsculos da Editora Dafne – neste caso, com o título “Entre casa e cidade, a
humanização do habitar”.
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada: Uma apresentação
geral, Lisboa, LNEC, Memória n.º 836, 2007, 40 p., 19 fig., ISBN
978-972-49-2117-4.
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada, Lisboa, LNEC,
Tese e Programas de Investigação TPI n.º 46. Lisboa: LNEC, 2007. 574 p., 121
fig., ISBN 978-972-49-2120-4.
A matéria global do “habitar
humanizado” refere-se ao habitar espaços domésticos e urbanos e corresponde a
um estudo de investigação, desenvolvido no quadro de uma “habilitação em
arquitetura e urbanismo”, realizado e discutido no Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC), considerando-se que o interesse no desenvolvimento
deste tema decorreu, quase diretamente, da necessidade sentida de se
aprofundarem aspetos ainda considerados menos objetivos e que no entanto caracterizam,
claramente, pela sua existência ou ausência, múltiplas situações domésticas e
urbanas.
Trata-se, assim, de um tema
cuja importância se julga ser evidente numa altura em que o “mal habitar” casa
e cidade continua a marcar, em todo o mundo, um elevadíssimo número de famílias
e as periferias e os vazios urbanos de grandes cidades, uma importância que
resulta, tanto da necessidade de se considerarem, diretamente, os múltiplos
aspetos de uma sensível humanização dos quadros do habitat humano, como da
importância de se estar alerta relativamente às recorrentes simplificações
relativas a áreas mínimas habitacionais mal concebidas (“cegamente”
funcionalizadas), e à doentia repetição de projetos-tipo mal concebidos e mal
aplicados em termos urbanos.
A “forma convidativa” no habitar, aqui num
exemplo projectado pelo Arq. Paulo Alzamora, numa acção de regeneração urbana e
habitacional, de um conjunto de realojamento da C.M. de Vila Nova de Gaia, na
Qt.ª do Guarda Livros (139 fogos, 2001); em primeiro plano uma intervenção
artística de jovens moradores.
“Tudo o que projetamos deve ser adequado a cada situação
que surja; em outras palavras não deve ser apenas confortável mas também
estimulante – e é esta adequação fundamental e ativa que eu gostaria de de
designar como «forma convidativa»: a forma que possui mais afinidade com as
pessoas.”
Herman
Hertzberger, Lições de Arquitetura, 1996 (1991), p.174.
Nestas matérias da qualidade
do desenho e da caracterização das paisagens urbanas e do habitar, reentramos,
naturalmente, em áreas com um perfil arquitectónico muito chegado à esfera da
criatividade de cada projectista quando reflecte sobre uma dada solução e constrói,
sequencialmente, uma dada solução residencial e urbana. No entanto o que aqui
se defende e será, nas páginas seguintes, desenvolvido, é, essencialmente, que
o projecto de troços de cidade, feito de exteriores e de edifícios, tem de ser
um projecto extensa e intensamente ponderado, designadamente, nas matérias da
relação estreita entre a humanização, o desenho e a funcionalidade. Não é por o
espaço ser maior, do que no fogo e no edifício, que ele exige uma atenção
menor. A escala é outra, as funções são outras, a imagem é outra, mas a atenção
e o cuidado têm de ser os suficientes.
Naturalmente o construir uma
dada imagem urbana não é o construir de uma habitação, há outras preocupações,
há referências públicas e cívicas, há um tempo de uso que tem de aguentar uma
escala temporal e uma intensidade de uso muito mais longa e exigente, mas tudo
isto provavelmente exige é mais tempo/cuidado de concepção, do que aquele que
dirigimos a uma habitação, pois estamos a projectar para um grande número e
para necessidades, que frequentemente até não serão, em parte, conhecidas.
Uma matéria essencial que será
tratada nesta parte do trabalho é a caracterização das soluções,
considerando-se que tal condição é fundamental para o desenvolvimento de sítios
urbanos e habitacionais com identidade e geradores de sentimentos de
apropriação. No entanto e desde já se refere que se julga que esta preocupação
com a identidade poderá ser uma resultante natural de um projecto e de uma obra
atentos e bem qualificados.
Desta forma também se
clarifica que não se visa aqui, nem tal seria possível, qualquer tipo de
indicação formal, mas sim uma indicação ao nível da preocupação com a qualidade
do projecto arquitectónico global.
Os estudos de Amos Rapoport
são fundamentais nesta matéria da humanização do habitar e, portanto, faz-se
aqui apenas uma referência breve a algumas das sua ideias consideradas “chave”
tendo em vista esse objectivo, mas, neste caso concreto de uma forma centrada
no desenho.
Tal como sublinha Rapoport “a habitação e as suas envolventes são
regiões privadas por excelência contrastando com a natureza pública da
cidadania como uma totalidade, o Bairro se existe proporciona-nos um elemento
mediatizador: semi-público, semi-privado, etc. Se estes elementos falham, o
sistema pode falhar. Qualquer cidade pode ser considerada como uma selecção de
subsistemas com vários graus de publicidade e privacidade,
frontalidade/posterioridade e separados por diversas barreiras e mecanismos…
Domínio privado, variável; transições, semipúblico e semiprivado, muito variáveis; domínio
público medianamente variável” - Amos Rapoport, “Aspectos humanos de la forma
urbana – Hacia una confrontación de las Ciências Sociales com el diseño de la
forma urbana”,1978 (1977), p. 265.
Mas além desta preocupação com
um reflexo projectual nos diversos “níveis” do desenho do habitar, de forma a
que haja uma leitura consistente do que se deseja seja uma cidade vitalizada e
humanizada, tem de haver, naturalmente, um gradual aprofundamento da qualidade do desenho e de
uma sua positiva caracterização.
Listam-se, em seguida
(ordenados de acordo com a respectiva apresentação), alguns dos subtemas tratados
nos artigos, associados ao tema editorial relativo ao DESENHO E À HUMANIZAÇÃO DO
HABITAR cujos títulos específicos e links
são, depois, disponibilizados mais abaixo:
Vizinhanças amigáveis
Políticas de Arquitectura na União Europeia
Nuno Portas e o espaço público
Nova arquitectura na Universidade de Aveiro
Humanização do espaço público
Notas ribeirinhas
Gonçalo Ribeiro Telles no Jardim da Gulbenkian
Fazer cidade, a exposição de Raúl Hestnes Ferreira
Hestnes Ferreira, Teotónio Pereira e Teixeira Trigo
Acerca da Casa – António Reis Cabrita
Espaços públicos amigos das crianças e dos idosos
Protagonismo do verde urbano
Escala humana
Espaços públicos conviviais
Sequências urbanas
Fiquem, então,caros leitores com
algumas das muitas páginas da nossa pequena história editorial; e boas
leituras,
António Baptista Coelho
Editor da
Infohabitar, Presidente da GHabitar, investigador principal com habilitação em
Arquitectura e Urbanismo (LNEC), doutor em Arquitetura (FAUP), Arquiteto
(ESBAL).
Notas práticas:
. a listagem dos artigos mantém a
respetiva ordem cronológica editorial (dos mais recentes para os menos
recentes);
. os artigos são disponibilizados no
seu formato editorial original;
. para aceder ao
artigo basta fazer ctrl + click
sobre o seu endereço eletrónico
(disponibilizado a seguir ao respetivo título); ou sobre o próprio título (quando este está
ligado diretamente ao respetivo ebdereço eletrónico – ao passar o rato/mouse
sobre o título essa ligação fica evidente).
(Tema geral)
O
DESENHO E A HUMANIZAÇÃO DO HABITAR
Sobre as fundamentais vizinhanças amigáveis I - António Baptista Coelho (n.º 220, 3
Nov. 08, 4 págs., 3 figs.).
IDENTIDADE ESCOCESA - Políticas de Arquitectura na União
Europeia, artigo de João Ferreira Bento (n.º
190, 30 Março, 2008, 6 págs., 3 figs.).
Opiniões de Nuno Portas sobre o espaço público – relato de António Baptista Coelho (n.º 103, 15 Set. 06, 15p., 5
fig.).
Uma viagem pela nova arquitectura na Universidade de
Aveiro: reportagem fotográfica informal –
Pedro Romana Baptista Coelho e António Baptista Coelho (n.º 101, 1 Set., 7p. 16
fig.).
Sobre a humanização do espaço público – António Baptista Coelho (n.º 98, 10 Ago 06, 8p. 7 fig.).
Humanização e vitalização do espaço público: Cadernos
Edifícios (N.º 4 ) – artigo de
António Baptista Coelho (n.º 90, 27 Jun. 06, 3p. 2 fig.).
Notas ribeirinhas de Lisboa – António Baptista Coelho (n.º 75, 22
Mar. 06, 7p. 9fig.).
Infohabitar/reportagem: com Gonçalo Ribeiro Telles no
Jardim da Gulbenkian –
António e Pedro Baptista Coelho (n.º 71, 26 Fev. 06, 4p.).
Fazer cidade, a exposição de Raúl Hestnes Ferreira no
ISCTE – Celeste Ramos com
fotografias de Pedro Baptista Coelho (n.º 70, 17 Fev. 06, 4p.).
Hestnes Ferreira, Teotónio Pereira e Teixeira Trigo:
sessão do Grupo Habitar com o Instituto Nacional de Habitação – António Baptista Coelho (n.º 69, 8 Fev. 06, 8p. 9fig.).
Acerca de la Casa –
Curso em Sevilha, Relato – António Reis Cabrita (n.º 46, 13
Out. 05, 9 p., 3 fig.).
Humanização e vitalização do espaço público (Tópicos IX
e X): paisagem urbana modelada, marcada pela pequena escala em espaços amigos
das crianças e dos idosos -
António Baptista Coelho (n.º 33, 28 Jul. 05, 3 p., 7 fig.).
Humanização e vitalização do espaço público (Tópicos
VII e VIII): integração entre interior e exterior, pormenorização, protagonismo
do verde urbano e caracterização - António Baptista
Coelho (n.º 32, 27 Jul. 05, 3 p., 4 fig.).
Humanização e vitalização do espaço público (tópicos v
e vi): vizinhanças reforçadas, clareza de ordenamento e escala humana - António Baptista Coelho (n.º 31, 18
Jul. 05, 4 p., 4 fig.,, 2 com.).
Humanização e vitalização do espaço público (Tópicos
III e IV): eixos urbanos habitados, pormenorizados, estimulantes e conviviais - António Baptista Coelho (n.º
30, 11 Jul. 05, 3 p., 4 fig., 1 com.).
Humanização e vitalização do espaço público (Tópicos I
e II): vizinhanças de proximidade, sequências, sítios únicos e níveis de
privacidade - António
Baptista Coelho (n.º 29, 2 Jul. 05, 3 p., 4 fig.).
Finalmente
salienta-se que o processo editorial da Infohabitar, revista ligada à ação da
GHabitar - Associação Portuguesa de Promoção da Qualidade Habitacional
(GHabitar APPQH) – associação que tem a sede na Federação Nacional de
Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) –, voltou a estar, desde o
princípio de setembro de 2017, em boa parte, acolhido no Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e
nos seus Departamento de Edifícios e Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT);
aproveitando-se para se agradecer todos os essenciais apoios disponibilizados
por estas entidades.
Notas
editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
Infohabitar, Ano XIV, n.º 664
O
DESENHO E A HUMANIZAÇÃO DO HABITAR
Conjunto de 16 artigos
Infohabitar
Editor: António
Baptista Coelho
abc.infohabitar@gmail.com
Editado nas instalações do Núcleo de
Estudos Urbanos e Territoriais (NUT) do Departamento de Edifícios (DED) do
LNEC; Infohabitar, Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a
Promoção da Qualidade Habitacional – Associação com sede na Federação Nacional
de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).
Apoio à Edição: José Baptista Coelho -
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.
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