INFOHABITAR
N.º 665
HABITAR
INTEGRADO
Conjunto de 11 artigos
e um texto de apresentação
Caros leitores da revista
semanal Infohabitar com a presente edição, damos continuidade
a uma tipologia editorial, em que se procura voltar a focar e divulgar artigos e
séries editoriais já desenvolvidas há algum tempo, mas versando temáticas
intemporais.
Julgamos que quando uma
revista técnica e científica como a nossa atinge um significativo “tempo de
vida” – neste caso 14 anos – e expressão editorial – a caminho dos 700 artigos
– corre-se o risco de textos que deixaram de estar numa primeira linha
editorial, mas que continuam com o mesmo interesse e oportunidade, poderem
ficar um pouco esquecidos “nas prateleiras arquivadoras”, neste caso “na nuvem
arquivista” e, a partir desta consideração, surgiu a ideia de voltar a colocar “bem
à mão”, à distância de um rápido “clic”, conjuntos temáticos de artigos, por
vezes muito bem articulados, entre si, outras vezes marcados por uma salutar
diversidade, como é o caso actual.
E é assim que, na presente
edição da Infohabitar, se sugere a leitura de uma série de 11 artigos,
editados entre 2005 e 2008, desenvolvidos por 3 autores e que têm em comum a
abordagem do grande tema: HABITAR INTEGRADO.
Lembra-se que esta matéria relativa
ao HABITAR
INTEGRADO constitui um dos 35 temas editoriais da Infohabitar.
Regista-se, ainda, que esta
matéria relativa ao HABITAR INTEGRADO corresponde a um dos sete
grandes temas abordados num estudo amplo sobre a matéria do “habitar
humanizado”, apresentado e desenvolvido em duas publicações editadas e
disponibilizadas pela Livraria do LNEC (apontadas em seguida) e no n.º 18 dos
Opúsculos da Editora Dafne – neste caso, com o título “Entre casa e cidade, a
humanização do habitar”.
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada: Uma apresentação
geral, Lisboa, LNEC, Memória n.º 836, 2007, 40 p., 19 fig., ISBN
978-972-49-2117-4.
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada, Lisboa, LNEC,
Tese e Programas de Investigação TPI n.º 46. Lisboa: LNEC, 2007. 574 p., 121
fig., ISBN 978-972-49-2120-4.
A matéria global do “habitar
humanizado” refere-se ao habitar espaços domésticos e urbanos e corresponde a
um estudo de investigação, desenvolvido no quadro de uma “habilitação em
arquitetura e urbanismo”, realizado e discutido no Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC), considerando-se que o interesse no desenvolvimento
deste tema decorreu, quase diretamente, da necessidade sentida de se
aprofundarem aspetos ainda considerados menos objetivos e que no entanto caracterizam,
claramente, pela sua existência ou ausência, múltiplas situações domésticas e
urbanas.
Trata-se, assim, de um tema
cuja importância se julga ser evidente numa altura em que o “mal habitar” casa
e cidade continua a marcar, em todo o mundo, um elevadíssimo número de famílias
e as periferias e os vazios urbanos de grandes cidades, uma importância que
resulta, tanto da necessidade de se considerarem, diretamente, os múltiplos
aspetos de uma sensível humanização dos quadros do habitat humano, como da
importância de se estar alerta relativamente às recorrentes simplificações
relativas a áreas mínimas habitacionais mal concebidas (“cegamente”
funcionalizadas), e à doentia repetição de projetos-tipo mal concebidos e mal
aplicados em termos urbanos.
A cidade viva e integrada é
bem diferente do subúrbio caótico, isolado e destruído.
“O
processo de urbanização das cidades empurrou a maioria das pessoas para os seus
subúrbios, onde vivem segregadas e divididas segundo o nível económico de cada
família. Muitas vezes formam-se guetos onde faltam os estímulos culturais e
sociais que favoreçam o convívio entre pessoas de diferentes classes e
profissões mais jovems e mais velhas, ou simplesmente diferentes.”
Vasco Croft , “Arquitectura e
Humanismo – O papel do arquitecto, hoje, em Portugal” (2001)
A integração, numa sua
fundamental perspectiva geral, que vai, por exemplo, do mais puro desenho às
mais funcionais preocupações com a vida diária, passando pelos complexos – e
por vezes quase irresolúveis – objectivos de “acalmia” e de positiva mesclagem
de grupos sociais, é uma matéria de grande importância e com uma bem aparente
grande diversidade de facetas, designadamente, em termos físicos,
socioculturais e de dinamização de actividades com relevo para uma positiva e
vitalizadora animação urbana.
Importa salientar, desde já,
que essas três perspectivas de integração física, social e de actividades, na
prática, deverão ser consideradas, frequentemente, de forma intensa e muito
proximamente articulada.
E é possível fazê-lo desde que
com algumas condições de autonomia, de flexibilidade, de densidades e de
standards. E salienta-se que para a formalização coerente e fundamentada da
arquitectura é extremamente importante este “jogo” da integração entre fogos,
edifícios, espaços públicos e equipamentos, tal como fica bem patente em
algumas recentes publicações como é o caso de um número da revista L’
Architecture aujourd'hui (N° 358, Maio de 2005), sob o título “Habitat
collectif, questions de densité”, e como se constata nos diversificados e
motivadores exemplos habitacionais e urbanos, apresentados no também livro de
Javier Mozas e Aurora Per, “Densidad : Nueva vivienda colectiva” (2004),
exemplos estes com diversas densidades mas com uma constante e efectiva
preocupação de integração mútua dos próprios elementos habitacionais e urbanos
constituintes de cada uma das diversas soluções apresentadas, bem como da
integração de cada uma dessas soluções nas suas respectivas partes de cidade.
A integração física, social e
de actividades é assim uma temática extremamente ligada aos aspectos da forma
da arquitectura urbana e da densidade, bem como aos associados aspectos dos
respectivos conteúdos em actividades, e uma temática que está na ordem do dia, no
sentido em que precisamos de aprender a fazer, bem, ruas e quarteirões
citadinos, cujas formas, densidades e misturas sociais e funcionais garantam
uma verdadeira sustentabilidade em termos de equilíbrio social e funcional e no
que se refere a uma adequada e harmonizada animação urbana, bem ligada à
essencial agradabilidade e sossego
residencial, e, naturalmente, a uma adequada humanização da própria imagem
urbana do conjunto, bem como da sua respectiva pormenorização; pormenorização
esta que deve estar claramente ao serviço dos referidos objectivos de
integração.
Esta múltipla integração física,
social e de actividades deve
privilegiar, sempre, a vitalização e o construir no construído, seja na
perspectiva de um habitar humanizado, seja na fundamental e também humanizadora
opção de requalificação do espaço urbano e paisagístico.
Nunca é demais sublinhar que
se refere “habitar” numa perspectiva que vai até aos centros das cidades e aos
pólos intermodais que servem vizinhanças alargadas. De certa forma no respeito
de uma perspectiva de humanização que connosco caminha desde a porta de casa à
porta do museu, no centro da cidade, e à porta do trabalho. Uma perspectiva de
habitar, marcar, dominar positivamente, usar com gosto e facilidade e
curiosidade a cidade e a região, entre os nossos mundos familiares e de bairro
até às pontes de contacto com os outros mundos que devem fazer a riqueza
funcional e cultural citadina; e uma perspectiva que é, afinal, exemplo directo
de uma opção integradora. Uma opção integradora que tem de ter, sempre,
profundo enraizamento na cultura e na comunidade local.
Listam-se, em seguida
(ordenados de acordo com a respectiva apresentação), alguns dos subtemas tratados
nos artigos, associados ao tema editorial HABITAR INTEGRADO cujos títulos
específicos e links são, depois, disponibilizados
mais abaixo:
A integração da habitação social
Realojamento
Espírito do lugar
Carácter local
Arquitectura dos sítios e das paisagens
Casas envolventes e vivas
Sentido do lugar
Sentidos lugares
Lugares sentidos
Identidade e turismo
Fiquem, então,caros leitores com
algumas das muitas páginas da nossa pequena história editorial; e boas
leituras,
António Baptista Coelho
Editor da
Infohabitar, Presidente da GHabitar, investigador principal com habilitação em
Arquitectura e Urbanismo (LNEC), doutor em Arquitetura (FAUP), Arquiteto
(ESBAL).
Notas práticas:
. a listagem dos artigos mantém a
respetiva ordem cronológica editorial (dos mais recentes para os menos
recentes);
. os artigos são disponibilizados no
seu formato editorial original;
. para aceder ao
artigo basta fazer ctrl + click
sobre o seu endereço eletrónico
(disponibilizado a seguir ao respetivo título); ou sobre o próprio título (quando este está
ligado diretamente ao respetivo ebdereço eletrónico – ao passar o rato/mouse
sobre o título essa ligação fica evidente).
(Tema geral)
HABITAR INTEGRADO
A integração da habitação social II – importância e
complexidade da integração social,
artigo de António Baptista Coelho (n.º 207, 26 Jul. 2008, 6 págs. 2 figs.).
Realojamento e (des)contentamento: a integração da
habitação social I – estigmas e êxitos de uma importante forma de promoção
habitacional, artigo de António
Baptista Coelho (n.º 205, 13 Jul. 2008, 8 págs., 4 figs.).
Espírito do lugar – o direito de estar, artigo de António Pedro Dores (n.º 201, 15 Jun. 2008, 14 págs, 12 figs.).
Ainda sobre o espírito do lugar – Maria João Eloy (n.º 62, 6 Jan. 06,
1p.).
Espírito do Lugar –
um artigo gémeo de Celeste Ramos e Baptista Coelho (n.º 60, 26
Dez. 05, 5p. 3fig.).
Da arquitectura dos sítios e das paisagens – e a
propósito um grande texto de Aquilino Ribeiro , António Baptista Coelho (n.º 40, 15 Set. 05, 4 p., 4 fig.).
Casas envolventes e vivas (I) António Baptista Coelho (n.º 39, 11 Set. 05, 3 p., 1 fig.).
Sentido do lugar – I, em memória de Fernando Távora , texto de António Baptista Coelho
(n.º 38, 4 Set. 05, 3 p., 4 fig., 3 com.).
Sentidos lugares II – algumas notas gerais sobre a
integração , António Baptista
Coelho (n.º 37, 24 Ago. 05, 4 p., 3 fig.).
Sentidos lugares I – algumas notas sobre o verde
urbano , António
Baptista Coelho (n.º 36, 21 Ago. 05, 4 p., 5 fig.).
Onde acaba a identidade e começa o turismo? - António Baptista Coelho (n.º 11, 4 Mar. 05, 1 p.).
Finalmente
salienta-se que o processo editorial da Infohabitar, revista ligada à ação da
GHabitar - Associação Portuguesa de Promoção da Qualidade Habitacional
(GHabitar APPQH) – associação que tem a sede na Federação Nacional de
Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) –, voltou a estar, desde o
princípio de setembro de 2017, em boa parte, acolhido no Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e
nos seus Departamento de Edifícios e Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT);
aproveitando-se para se agradecer todos os essenciais apoios disponibilizados
por estas entidades.
Notas
editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
Infohabitar, Ano XIV, n.º 665
HABITAR
INTEGRADO
Conjunto de 11 artigos
Infohabitar
Editor: António
Baptista Coelho
abc.infohabitar@gmail.com
Editado nas instalações do Núcleo de
Estudos Urbanos e Territoriais (NUT) do Departamento de Edifícios (DED) do
LNEC; Infohabitar, Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a
Promoção da Qualidade Habitacional – Associação com sede na Federação Nacional
de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).
Apoio à Edição: José Baptista Coelho -
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.
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