Onde acaba a identidade e começa o turismo?
(a propósito de um artigo de Bruno Alves no Público de 4 de Março)No âmbito da actividade do Grupo Habitar no respectivo blog infohabitar, salienta-se a questão acima referida, apontada pela Vereadora da Cultura de Cascais, Ana Justino, no II Fórum Ibérico sobre Centros Históricos, realizado a 3 de Março no Centro Cultural de Cascais (três dias de debate).
Onde acaba a identidade e começa o turismo?
E sobre esta questão cita-se José Noras, Secretário-geral da Associação Portuguesa de Municípios com Centro Histórico, quando disse que “o viajante não é um turista e ao viajante interessa particularmente a imagem de uma cidade desaparecida” (relembrando palavras de José Saramago em “Viagem a Portugal”) e sublinhou a importância da preservação de “toda uma memória.”
Sobre estas matérias gostaria de deixar aqui a seguinte reflexão em duas “partes”:
Parece ser fundamental articular um verdadeiro ordenamento do território com o desenvolvimento de uma actividade turística consistente e com futuro, não deveria ser possível “sofrer” certos tipos de percursos, perfeitamente destruídos na sua imagem e ambiente, para depois e finalmente se chegar a um local “turístico” e digno de atenção e fruição, esta não é a maneira certa de se dinamizar uma actividade que é provavelmente essencial para a nossa economia e, acima de tudo, para a nossa cultura e memória.
Parece ser possível e desejável reduzir a distinção entre espaço de viver e espaço de turismo, provavelmente o habitar do dia-a-dia ganha com algumas técnicas ligadas ao turismo, enquanto o turismo pode ganhar muito com alguma da qualidade espontânea e com o sentir e participar (d)a vida de comunidades residenciais positivamente caracterizadas e activas, e exemplo disto encontra-se, entre outros “centros”, no centro histórico de Guimarães.
Lisboa, Encarnação, 4 de Março de 2005
António Baptista Coelho
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