Sob o título “bairros de crime”
no Correio da Manhã de domingo passado, 6 de Março de 2005,o jornalista Henrique Machado traz-nos uma lista do que será uma espécie de roteiro dos “bairros sem ordem” que “fazem lembrar territórios sem lei, onde mandam os senhores do crime que trazem em pânico moradores que ainda resistem à marginalidade.”A lista é significativa (de sul para norte): Palácio, Portimão; Bela Vista, arredores de Setúbal; Vale da Amoreira, Baixa da Banheira; Pica-pau Amarelo no Monte da Caparica, Almada; Zambujal em Alfragide, Amadora; Estrela de África e Venda Nova, Amadora; Cova da Moura nos arredores de Lisboa e várias zonas do grande bairro de Chelas (e provavelmente de outras zonas com elevados números de realojamentos/notar que este comentário entre parêntesis é meu) em Lisboa; Quintas do Mocho e da Fonte em Loures mas muito próximo de Lisboa; Ingote em Coimbra; Santiago em Aveiro; Paradinha em Viseu; e S. João de Deus e Aleixo no Porto.
Saindo do artigo este tema leva-nos muito longe e, para já, e eventualmente questionando a validade de algumas referências eventualmente não muito justas e a ausência de outras provavelmente bem devidas, aponto apenas que seria muito acertado realizar um estudo prático deste universo da nossa vergonha urbana e para ele tentar e aplicar, de forma expedita, as melhores receitas para lhes aumentar urgentemente a qualidade de vida e naturalmente lhes reduzir a insegurança e a intolerância.
E já agora tal estudo também ajudaria a não repetir os erros, como ainda vai acontecendo, embora menos frequentemente do que aconteceu, entre nós, no período entre o início dos anos 70 e meados dos anos 80.
Fica ainda uma reflexão urgente sobre quantos desses conjuntos têm dimensão excessiva, tipos de edifícios pouco adequados aos seus moradores, espaços públicos pouco acabados ou mesmo quase inexistentes, e deficientes condições de ligação à cidade, seja por reduzida continuidade urbana, seja por reduzido serviço de transportes públicos. E tudo isto é essencial para que a cidade se faça com habitação, como se tem de fazer.
E concluo com duas frases de um sábio colega espanhol, o arq. Luís Fernandez-Galiano:
“O problema da habitação tornou-se o problema da cidade”.
“A habitação ... é um problema urbano, da civitas ou da polis, isto quer dizer, de cidadania e político. Precisamos de mais arquitectura; mas acima de tudo precisamos de mais cidade.”
Lisboa, Encarnação, 09 de Março de 2005
ABC
2 comentários :
100% de acordo com o texto do artigo sobre os "Bairros do Crime". Acrescento só mais um pormenor: muitos desses Bairros não estão legalizados... os edifícios não estão registados... nunca foram feitos, e aprovados, os respectivos projectos(?) de loteamento!
José Barreiros Mateus
100% de acordo com o texto do artigo sobre os "Bairros do Crime". Acrescento só mais um pormenor: muitos desses Bairros não estão legalizados... os edifícios não estão registados... nunca foram feitos, e aprovados, os respectivos projectos(?) de loteamento!
José Barreiros Mateus
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