Infohabitar, Ano XIII, n.º 620
Espaços comuns no edifício multifamiliar: novo artigo e links para outros 4 artigos sobre o tema
por António Baptista Coelho
Caros
leitores, nesta edição da Infohabitar, depois de uma pequena introdução
encontrarão um novo artigo sobre a temática dos espaços comuns em
edifícios multifamiliares e links para outros quatro artigos sobre o mesmo
tema.
Fig-01: ao fundo edifício em Olivais Norte, Lisboa, projecto de Artur Pires Martins e Cândido Palma de Melo; um caso de referência na Arquitectura residencial portuguesa e um exemplo de protagonismo arquitectónio dos espaços comuns do edifício - neste caso galarias exteriores e torres verticais de acessos.
No
início de setembro de 2017 a Infohabitar retomou as suas edições regulares, através
da edição de um novo artigo em cada semana, logo à segunda-feira. Considerando
que, durante um número muito significativo de semanas a Infohabitar editou
artigos integrados no âmbito da série designada “Habitar e Viver Melhor”,
lembrámo-nos de proporcionar uma desenvolvida e comentada revisão desta matéria,
antes de prosseguirmos na edição desta série; uma revisão que inclui,
sublinha-se, sistematicamente, novos artigos
de reflexão e comentário sobre cada uma das matérias específicas tratadas
em cada edição.
Neste
sentido apresentam-se, em seguida, os títulos interactivos dos artigos da série “Habitar e Viver
Melhor”, que abordam as temáticas dos espaços comuns em edifícios
multifamiliares, e junta-se um novo artigo com reflexões sobre estas
matérias. Em próximos artigos iremos continuar a disponibilizar reflexões
sobre os diversos tipos de espaços habitacionais e domésticos, mais comuns, ou
mais privados e personalizados.
Lembra-se
que bastará ao leitor “clicar” no título do artigo que lhe interessa para o
poder consultar.
Finalmente
regista-se que o processo editorial da Infohabitar, revista ligada à ação da GHabitar
- Associação Portuguesa de Promoção da Qualidade Habitacional (GHabitar
APPQH) – associação que tem a sede na Federação Nacional de Cooperativas de
Habitação Económica (FENACHE) –, voltou a estar, desde o princípio de
setembro de 2017, em boa parte, sedeado no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e nos seus Departamento de Edifícios e Núcleo de Estudos Urbanos e
Territoriais (NUT); aproveitando-se para se agradecer todos os essenciais
apoios disponibilizados por estas entidades.
São os
seguintes os quatro (4) artigos disponibilizados sobre a temática dos “Espaços
comuns no edifício multifamiliar” (basta clicar sobre cada um para aceder
ao respectivo texto):
- Espaços comuns habitacionais conviviais (e associativos)
- Inovação nos espaços comuns
habitacionais (I)
- (Urgente) inovação nos espaços comuns
habitacionais (II)
- Garagens comuns habitacionais
Inovar nos espaços comuns dos edifícios multifamiliares
(novo artigo)
As
temáticas associadas e associáveis à matéria geral da habitação e,
designadamente, ligadas à matéria específica dos “espaços comuns nos edifícios
multifamiliares” são extremamente amplas e tão sensíveis como significantes;
portanto, não queremos correr o risco de dar a ideia de as irmos tratar, aqui,
de forma exaustiva, iremos sim abordar, a propósito, alguns tópicos
considerados talvez mais relevantes e/ou oportunos, hoje em dia, e deixar algumas
reflexões e ideias como pistas para posteriores incursões teórico-práticas.
Algo
de essencial quando se aborda a natureza e o potencial funcional e vivencial
dos espaços comuns em multifamiliares, e talvez matéria bastante esquecida ou
nem sequer reconhecida, tem a ver com o papel tão diversificado como
protagonista destes espaços – entradas interiores, exteriores e de transição
interior/exterior, galerias interiores e exteriores, corredores, patins, etc. –
na “construção” da tipologia do edifício multifamiliar e na sua específica
caracterização.
E
esta matéria por si só levar-nos-ia bem longe, designadamente, quando se
considera ser mais do que a altura para desenvolvermos uma tão afirmada como
“revolucionária” (re)invenção tipológica no multifamiliar, largando de vez a
“ditadura” funcionalista que nos apresentou, praticamente, um muito reduzido
leque tipológico (ex., esquerdo/direito, distribuição por galerias interiores
ou exteriores e pouco mais, como bem sabemos) e avançando, decididamente numa ampla
diversificação tipológica directamente associada a várias vertentes
“modificadoras”, ligadas a uma ampla diversidade projectual de soluções:
- de
acesso comum;
- de
acesso privado;
-
mistas, com acessos comuns e privados;
- do
tipo esquerdo/direito (essencialmente, através de alterações dimensionais e de
configuração geral);
- de
acessos por galerias exteriores e/ou exteriores;
- de
acessos mistos, do tipo esquerdo/direito e por galerias exteriores e/ou
exteriores;
-
que integram edifícios de transição entre o uni e o multifamiliar;
-
que integram e articulam edifícios multifamiliares e edifícios de transição
entre o uni e o multifamiliar;
-
que integram conjuntos específicos de habitações (ex., pequenos apartamentos T0
e T1);
-
que integram conjuntos relativamente diversificados de tipos de habitações;
- que integram diversos espaços de actividades comuns;
-
que integram diversos equipamentos colectivos que servem os habitantes dos
respectivos edifícios e outros da respectiva vizinhança;
-
que integram conjuntos habitacionais e urbanos com expressiva presença ao nível
da(s) respectivas vizinhança(s) próxima(s).
Não
tenhamos dúvidas de que, se quisermos avançar numa concepção dos espaços comuns
do edifício que seja devidamente adequada a cada uma destas tipologias de
soluções e a agregações, cuidadosamente diversificadas, de algumas destas
tipologias, esses espaços comuns devem reflectir o melhor possível a respectiva
natureza da intervenção em termos espaço-funcionais e de adequada
caracterização arquitectónica, incluindo aspectos de arquitectura e imagem
urbanas; e sendo o trabalho tão cuidadoso como criativo os resultados serão,
sem dúvida, frequentemente, tão inovadores como extremamente estimulantes para
quem habitar tais soluções.
Fig-02: ao fundo edifício em Olivais Norte, Lisboa, projecto de Artur Pires Martins e Cândido Palma de Melo; um caso de referência na Arquitectura residencial portuguesa e um exemplo de protagonismo arquitectónio dos espaços comuns do edifício - neste caso galarias exteriores e torres verticais de acessos.
E
podemos, ainda, avançar que nos melhores projectos, naqueles considerados “de
referência”, tais aspectos foram devidamente considerados e, mais do que isso,
bem usados na caracterização do “partido” próprio e “único” de cada uma dessas
intervenções; numa atitude bem distinta da doentia repetição de soluções
praticamente iguais, interior e exteriormente. E assim se procurará
desenvolver, nos sítios mais diversos e potencialmente suscitadores de soluções
únicas, soluções de espaços comuns estimulantes e valorizadoras de cada um
desses sítios e da dinâmica de vida dos respectivos moradores.
Apenas
para dar alguns exemplos deste sentido de reflexão, exemplos pouco
“ponderados/estruturados” no sentido de serem casos reais que nos vieram à
memória com grande naturalidade enquanto escrevemos estas palavras, podemos
referir:
- Um
caso no Norte da Alemanha em que entre dois blocos habitacionais alongados, com
acessos por pequenas galerias/varandas muito humanizada, existe um amplo espaço
comum com tecto envidraçado e múltiplo pé direito, usado para muitas
actividades dominantemente de lazer, repouso e convívio “contido” (em pequenos
grupos).
-
Vários casos europeus em que a “massa” dos quarteirões habitacionais é
sensivelmente desagregada e humanizada numa orgânica mistura de soluções habitacionais
com acessos comuns e outras com acessos privatizados ao espaço público.
-
Vários casos europeus e norte-americanos em que as galerias exteriores de
acesso às habitações se desenvolvem em termos quase de pequenas ruas elevadas;
havendo soluções em que o acesso a estes espaços continua a ser restrito aos
habitantes de um dado conjunto edificado, e outras soluções em que o acesso é
tornado basicamente público, embora sempre pedonal.
- Um
caso parisiense em que em grandes edifícios multifamiliares em altura, o acesso
às respectivas habitações se faz através de grandes varandas privativas,
simulando-se, assim, o carácter da habitação unifamiliar, mas no quadro de um
grande multifamiliar; e em que, naturalmente, os respectivos espaços comuns
verticais também se caracterizam por estratégicas e estimulantes relações com o
exterior.
-
Casos portugueses de habitação cooperativa, realizados nos últimos três decénios,
em que a principal unidade edificada não é o edifício, mas sim o quarteirão,
sendo que a acessibilidade dos habitantes se faz, em parte, directamente, entre
o respectivo miolo do quarteirão, definido como espaço de uso público pedonal,
e as habitações térreas contíguas.
-
Ainda outros casos portugueses de habitação económica realizada nos anos 60 do
século passado, em que existe um sábio manejar da concepção dimensional e
formal de galerias exteriores, estrategicamente conjugadas com acessos
verticais, por vezes do tipo esquerdo/direito, conseguindo-se soluções
extremamente interessantes na fusão entre funcionalidade e “imagibilidade”; por
vezes atribuindo-se até um certo sentido agradavelmente lúdico à organização
dos respectivos acessos.
- E
ainda outros casos nacionais de habitação de promoção municipal, privada e
cooperativa em que acontece uma estimulante concepção de espaços interiores de
acesso (patins, átrios e galerias/corredores), bem dimensionados,
estrategicamente pontuados pela luz natural e agradavelmente apropriáveis pelos
respectivos moradores.
E,
caros leitores, praticamente todos estes casos se integram nos principais
parâmetros básicos que podem e devem marcar uma construção de habitação que
seja racional e económica, pois, por exemplo, os principais volumes são
caracterizados por forte regularidade geral formal e não existem sinuosidades
construtivas significativas.
A
título de um pequeno desabafo dá vontade de dizer que o limite de tais soluções
estará na imaginação razoavelmente regrada de quem as concebe; só que por vezes a
regulamentação acaba por ser um relativo obstáculo ao respectivo
desenvolvimento.
E
neste sentido convidam-se os leitores à consulta dos artigos sobre espaços
exteriores privados que são facultados acima e que abordam as seguintes
matérias.
Uma
das matérias e que é essencial na estruturação geral e na concepção
pormenorizada dos espaços comuns de edifícios multifamiliares é o claro e geral
respeito e a expressiva salvaguarda da privacidade dos espaços domésticos
interiores, bem como a cuidadosa consideração da privacidade dos espaços
domésticos exteriores; e esta redacção respeita situações onde, por escolha
projectual e programática, se aceita que em zonas domésticas exteriores,
essencialmente afectas a usos privados, haja expressiva abertura visual, quando
não até eventual interpenetração espacial relativamente aos respectivos espaços
comuns de circulação. E sintetizando, a regra deve ser a expressiva salvaguarda
da privacidade doméstica, exceptuando-se situações específicas em que se
aceitam condições diversas.
Outro
aspecto a considerar na concepção dos espaços comuns de edifícios
multifamiliares é que o eventual estímulo às relações conviviais entre
vizinhos, deve ser sempre submetido à referida regra de respeito pela
privacidade doméstica e pelo sossego doméstico (outra importante forma de
privacidade), sendo que poderá ser promovido em situações cuidadosas e sempre
privilegiando condições de convívio relativamente circunscrito; podendo haver,
no entanto, um potencial de convívio alargado e eventual (ex., no interior de
um quarteirão), mas que, neste caso, deverá ser sempre condominialmente bem
condicionado e regrado , pois nunca faria sentido que os moradores fossem
“obrigados” a suportar situações de convívio incomodativo e frequentes.
Um
outro aspecto que já foi, acima, aflorado refere-se à expressão que pode ter a
estrutura de acessos e de espaços comuns na imagem pública dos respectivos
edifícios e mesmo das respectivas vizinhanças de proximidade. E não se trata
aqui de defender qualquer “obrigatoriedade” conceptual, mas sim de sublinhar o
importante papel que tais elementos podem e devem ter numa positiva e afirmada
caracterização local; numa opção bem distinta de paisagens urbanas idênticas,
descaracterizadas e a “perder de vista”.
Relativamente
ao amplo leque de “espaços comuns” possíveis num dado edifício multifamiliar o
limite estará, tal como se procurou apontar, na imaginação e na capacidade de
cada projectista, nos objectivos estipulados para a respectiva intervenção
residencial e no orçamento que esteja previsto para a mesma intervenção, embora
este último aspecto não seja determinante numa estratégia de adequada
diversificação dos espaços comuns, tal como se defendeu acima.
E,
finalmente, abordam-se as garagens comuns como elementos que são, cada vez
mais, protagonistas na vivência diária dos edifícios multifamiliares, mas que,
incrivelmente, continuam, por regra, a ser tratadas apenas como elementos
funcionais – e mesmo nesta matéria muitas vezes caracterizadas por péssima
funcionalidade nas manobras. E não será altura de se encarar a concepção das
garagens comuns com a dignidade que merecem espaços tão intensamente usados?
Fica a questão, que é razoavelmente desenvolvida no artigo acima apontado.
e a
estas matérias relativas aos “espaços comuns no edifício multifamiliar”,
voltaremos (mas, tal como já se apontou, nos artigos acima disponibilizados
encontrarão, desde já, um conjunto interessante de reflexões).
Notas editoriais:
(i)
Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a
caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de
edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo
portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii)
De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado
nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma
quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou
que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na
Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição
dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se
circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é
pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser
de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado
tal e qual foi recebido na edição.
Infohabitar, Ano XIII, n.º 620
Espaços comuns
no edifício multifamiliar: 4 artigos sobre o tema e um novo artigo
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
abc.infohabitar@gmail.com
Editado nas instalações do Núcleo de Estudos Urbanos e
Territoriais (NUT) do Departamento de Edifícios (DED) do LNEC; Infohabitar,
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade
Habitacional – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativa de
Habitação Económica (FENACHE).
Apoio à Edição: José Baptista Coelho - Lisboa,
Encarnação - Olivais Norte.
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