Infohabitar, Ano XIII, n.º 621 e Projeto KnowRISK
Sobre os espaços domésticos privados e pessoais: novo artigo e link para um velho artigos sobre o tema
por António Baptista Coelho
E (antes da nossa edição habitual) uma divulgação importante, de evento a realizar, em breve no LNEC:
Caros colegas,
No próximo mês de dezembro, de 11-12 de dez., terá lugar a Conferência
O evento inica-se no dia 11 (como poderão ver no site), e o dia 12 será no LNEC onde ocorrerá uma Mesa Redonda destinada a
fazer um
balanço da intervenção KnowRISK e discutir o papel das escolas enquanto
plataforma para a comunicação de risco.
Paralelamente, haverá uma pequena exposição, destinada a apresentar os
materiais utilizados ou feitos pelos alunos durante a intervenção nos
três países do consórcio knowrisk. Esta exposição será um pretexto para uma conversa entre a equipa KnowRISK e todos aqueles que se juntarem a nós, em
torno das questões de risco sísmico e medidas protetivas.
Convidamos todos a marcarem presença no dia 12 de dezembro.
(Auditório)!
Envia- se a ligação ao site da Conferência
(https://risklisbon.wixsite.com/knowrisk) onde é possível
conhecer com maior detalhe o que vai acontecer.
E (antes da nossa edição habitual) uma divulgação importante, de evento a realizar, em breve no LNEC:
Caros colegas,
No próximo mês de dezembro, de 11-12 de dez., terá lugar a Conferência
Final do projeto KnowRISK.
O KnowRISK — Know your city, reduce seismic risk through non-structural elements — é um projeto europeu orientado para a divulgação científica sobre risco e proteção sísmica não-estrutural. Este projeto assenta num consórcio de investigação composto por instituições de Portugal (IST e LNEC), Itália (INGV) e Islândia (EERC).
Paralelamente, haverá uma pequena exposição, destinada a apresentar os
materiais utilizados ou feitos pelos alunos durante a intervenção nos
três países do consórcio knowrisk. Esta exposição será um pretexto para uma conversa entre a equipa KnowRISK e todos aqueles que se juntarem a nós, em
torno das questões de risco sísmico e medidas protetivas.
Convidamos todos a marcarem presença no dia 12 de dezembro.
(Auditório)!
Envia- se a ligação ao site da Conferência
(https://risklisbon.wixsite.com/knowrisk) onde é possível
conhecer com maior detalhe o que vai acontecer.
Caros
leitores, nesta edição da Infohabitar, depois de uma pequena introdução
encontrarão um novo artigo sobre a estimulante temática dos espaços domésticos
privados e pessoais e um link para uma “velho” artigo sobre o mesmo tema e que
assegura uma introdução ao desenvolvimento, posterior, da matéria, de acordo
com as diversas tipologias específicas desses espaços domésticos (ex, quartos,
espaços para tranbalho, etc.).
Em
setembro de 2017 a Infohabitar retomou as suas edições semanais regulares e considerando
que, durante um número muito significativo de semanas a Infohabitar editou
artigos integrados no âmbito da série designada “Habitar e Viver Melhor”,
lembrámo-nos de proporcionar uma desenvolvida e comentada revisão desta matéria,
antes de prosseguirmos na edição desta série; uma revisão que inclui,
sublinha-se, sistematicamente, novos artigos
de reflexão e comentário sobre cada uma das matérias específicas tratadas
em cada edição.
Neste
sentido apresentam-se, em seguida, o título interactivo do artigo da série “Habitar e Viver
Melhor”, que aborda a temática dos espaços domésticos privados, e junta-se um
novo artigo com reflexões sobre esta matéria. Em próximos artigos iremos
aprofundar, tipo de espaço a tipo de espaço, as diversas subtipologias dos
espaços domésticos mais privados e personalizados.
Lembra-se
que bastará ao leitor “clicar” no título do artigo que lhe interessa para o
poder consultar.
Finalmente regista-se que o processo editorial da
Infohabitar, revista ligada à ação da GHabitar - Associação Portuguesa de
Promoção da Qualidade Habitacional (GHabitar APPQH) – associação que tem a
sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica
(FENACHE) –, voltou a estar, desde o princípio de setembro de 2017, em boa
parte, sedeado no Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e
nos seus Departamento
de Edifícios e Núcleo de
Estudos Urbanos e Territoriais (NUT); aproveitando-se para se
agradecer todos os essenciais apoios disponibilizados por estas entidades.
Regista-se,
em seguida, o artigo já disponibilizado na Infohabitar sobre a temática dos “espaços
domésticos privados e pessoais” (basta clicar sobre o título para aceder ao
respectivo texto):
- Espaços domésticos privados
Espaços domésticos privados e pessoais
(novo artigo)
As temáticas
associadas e associáveis à matéria geral dos espaços domésticos privados e
pessoais são extremamente amplas e tão sensíveis como significantes; portanto,
não queremos correr o risco de dar a ideia de as irmos tratar, aqui, de forma
exaustiva, iremos sim desenvolver, de seguida, uma reflexão geral e informal
sobre o tema, aproveitando a oportunidade de o fazer antes de passar a uma
viagem sobre o leque tipológico em que eles se disseminam, e tentar deixar
algumas reflexões e ideias como pistas para posteriores incursões
teórico-práticas; sendo que se procura que tudo isto seja feito numa
perspectiva de inovação sustentada no tratamento da temática.
Tendo dito
isto, importa, agora, clarificar o que se pode entender por “espaços domésticos
privados e pessoais”, uma caracterização mais espacial/ambiental do que
tipológica, e que se refere a todos aqueles espaços domésticos –
especificamente compartimentados ou espacial/ambientalmente definidos (podem
ser apenas parcialmente definidos – que têm tendencialmente um uso/apropriação
privilegiando uma pessoa, um pequeno conjunto de pessoas (ex., irmãos), ou um
casal, estando, assim, definidos, um pouco por contraste relativamente aos
espaços domésticos com características tendencialmente ao serviço de todo o
agregado familiar e conviviais, no sentido de poderem integrar reuniões mais
alargadas, e ainda aqueles espaços que funcionalmente servem todo o agregado
familiar, como será o caso das circulações e espaços de entrada na habitação,
das arrumações gerais domésticas e das casas de banho de serviço comum.
Naturalmente
que uma tal definição pode ser sempre discutível e pode ser encarada de forma
limitada, quando queremos imbuir no espaço doméstico um sentido de expressiva
adaptabilidade, concretizado em zonas que possam, eventualmente, mudar,
radicalmente, de atribuição funcional ao longo do tempo (ex., quarto de dormir
que se transforma em sala e sala que se converte em grande quarto de dormir e
trabalhar).
No entanto
uma expressiva caracterização de privacidade visual e ambiental, relativa ou
quase total autonomização e capacidade de apropriação e identidade deve sempre
marcar os espaços domésticos mais ligados a um uso pessoal exclusivo ou por um
muito pequeno grupo de habitantes (ex., casal).
São,
designadamente, os seguintes os diversos tipos de espaços domésticos pessoais e
personalizáveis de que aqui “falaremos”, caso a caso, em próximas edições:
- Quartos
- Espaço de
lazer/trabalho
- Pequenos
escritórios e espaços de trabalho profissional em casa
- Outros
espaços privativos e diferenciados
- Recantos
vários
- Alcovas em
espaços domésticos comuns
E desde já se
regista que esta lista não é fixa, pois à medida que iremos mergulhando na
matéria a potencial diversidade e dinâmica desta tipologia de espaços privados
e desejavelmente personalizáveis será, espera-se, ampliada e reconvertida.
Talvez que a
principal função doméstica exercida no espaço privado seja o sono, o repouso e
actividades associadas, ligado a quartos que incluam camas e ou sofás/camas,
uma condição que faz desde logo relevar a questão dimensional geral deste
espaço, no qual a cama não deve integra-se de forma excessivamente ocupadora do
espaço; caso contrário o quarto vai resumir-se a uma função de alcova, mas não
dispondo das relações que, tradicionalmente, as alcovas proporcionam com
espaços domésticos contíguos, sendo portanto uma espécie de alcova com
eventuais caracterizações excessiva e negativamente encerradas e até, por vezes,
ambientalmente negativas, se o volume de ar for reduzido e existir deficiente
ventilação.
Numa outra
perspectiva, embora ainda na faceta do conforto ambiental, é importante que os
espaços domésticos mais privados sejam espaços caracterizadamente sossegados –
relativamente isolados ou bem isoláveis do ruído exterior e doméstico – e
dispondo de adequados elementos de controlo das respectivas condições de
conforto ambiental, e designadamente da luz natural, proporcionando-se
adequadas condições para o solo e o repouso sempre que estas sejam desejadas;
são, portanto, os espaços domésticos mais sensíveis em termos de conforto
ambiental global e nesta sensibilidade deverá entrar a questão da sua
orientação preferencial relativamente ao movimento aparente do Sol, sendo que,
habitualmente, a orientação a Nascente poderá proporcionar uma agradável
harmonização com os ciclos naturais do homem em termos de despertar e adormecer.
Um outro
aspecto que é determinante no desenvolvimento dos espaços domésticos expressivamente
privados e ligados a uma pessoa ou a um casal, é a sua capacidade para poder
ser fortemente apropriado por quem directamente o habita, uma qualidade que tem
a ver com diversas variáveis entre as quais se destacam; a espaciosidade
suplementar depois de instalada(s) a(s) cama(s) e tendo-se, razoavelmente, em
conta o “sobredimensionamento” que hoje caracteriza algumas camas; a
disponibilidade e a funcionalidade de espaços e equipamentos de arrumação, em
elementos de mobiliário específicos e/ou em roupeiros embutidos; a
disponibilidade de adequados e amplos panos de parede para encostar mobiliário
e para pendurar quadros e espelhos; e a possibilidade de se desenvolverem
outras pequenas áreas funcionais complementares ou enriquecedoras do espaço,
como espaço de toucador e/ou de escrivaninha e sítio para pequeno sofá, bem
situados na proximidade de janela; e naturalmente a relação deste espaço com
uma casa de banho privativa ou próxima – sendo ainda possível desenvolver
outras enriquecedoras relações entre um espaço privativo basicamente centrado
nas funções dormir, descansar, lazer e as micro-funções ligadas ao banho.
Naturalmente
que tais possibilidades dependem muito da espaciosidade básica do espaço
privativo/quarto em questão, mas há aqui dois aspectos que importa salientar:
sendo um deles que é sempre desejável aliar outras micro-funções, realmente possíveis,
à habitual função-base do dormir/descansar, e isto ainda que tais
possibilidades sejam razoavelmente muito delimitadas (ex., uma pequena
escrivaninha servindo também como apoio de cabeceira à cama), pois a
multifuncionalidade enriquece o conteúdo e a imagem dos quartos; e que é
interessante e talvez desejável que tenhamos em conta as metodologias de
concepção dos bons quartos de hotel, quando pensamos nos quartos domésticos –
sem dúvida que muito com eles aprenderemos, designadamente, nesta criação de
micro-zonas funcionais adequadas, atrentes e mutuamente bem ligadas.
Hoje em dia
considerar um quarto como espaço de lazer/trabalho em condições expressivas de
privacidade é condição essencial que importa assegurar pois, cada vez mais,
muito trabalho pode ser realizado à distância, mas devendo, sempre, associar-se
a condições, pelo menos mínimas, de suporte do mesmo, seja em termos
funcionais, seja em termos de resguardo da privacidade e de adequado conforto
ambiental (ex., isolamento sonoro, iluminação natural, conforto higrotérmico,
vistas agradáveis sobre o exterior). E, naturalmente, que tais condições também
servem o lazer doméstico.
E deverá
existir, sempre, um suplemento espacial que proporcione um “suplemento de
convívio potencial”, sendo muito pouco agradável e “doméstico”, que, por
exemplo, no quarto de um dado jovem não seja possível a recepção, ainda que em
condições apenas mínimas e claramente informais, de outros dois ou três jovens.
Uma outra
tendência que já não é nova, mas que parece avolumar-se, é o desenvolvimento de
pequenos escritórios e outros espaços de trabalho profissional em casa, numa
tendência que a vulgarização das videoconferências e dos apoios tecnológicos
baratos e vários ao trabalho doméstico (ex., máquinas de impressão, scanner e
fotocópia e mecanismos de autenticação de assinaturas) vai tornando mais
efectiva; sendo realmente já possível para muitas profissões e metodologias de
trabalho por objectivos que o tempo de trabalho individual possa ser realizado
em casa.
Mas para tal
há que proporcionar condições adequadas, que se sintetizam em três vertentes
gerais: (i) adequada e estimulante espaciosidade e capacidade para integrar
mobiliário e equipamento; (ii) muito adequadas e estimulantes condições de
conforto ambiental e de relação com o exterior, pois podemos estar, aqui, a
abordar períodos de trabalho muito alongados ; e (iii) estratégicas capacidades
para um funcionamento do espaço de trabalho de uma forma razoável ou totalmente
autonomizada relativamente ao restante espaço doméstico – condição esta que
está dependente da recepção corrente de pessoas estranhas ao agregado familiar
(ex., clientes), e que pode ser matizada por estruturações gerais da habitação
caracterizadamente adaptáveis a diversos tipos de ocupação espaço-funcional.
Naturalmente
que este último tipo de espaços domésticos poderá existir de modo totalmente
integrado com outras funções privadas, como o caso do dormir e do repouso
pessoal, caso as condições dimensionais e ambientais do compartimento assim o
proporcionem (ex., grande quarto com boas janelas) e, desejavelmente, através
de um cuidado específico com o respectivo mobiliário e equipamento.
Estivemos,
aqui, dedicados a espaços específicos destinados a uma actividade de estudo
e/ou trabalho com algumas exigências em termos espaciais e funcionais, mas no
campo de uma adequada concepção doméstica importa considerar e assegurar que
muitas das principais actividades domésticas, que são, globalmente, adstritas a
um dado compartimento bem definido, serão melhor realizada, quando de certa
forma repartidas ou disseminadas por conjuntos de sub-espaços que podem ter
exiggências específicas de espaço, funcionalidade, conforto e ergonomia, caso
se pretenda que estes sub-espaços sejam bem e intensamente usados e as suas
sub-actividades possam aí ser estimulantemente desempenhadas.
E para além
de tais sub-espaços mais correntes, haverá todo um leque de passatempos cujo
exercício pode depender de espaços de apoio específicos, que não se compadeçam
de uma integração limitada a uma zona de um dado móvel, mas sim a um dado móvel
e eventuais outros equipamentos, agradavelmente integrados naquele espaço e/ou
naquele recanto e/ou naquela passagem espaçosa; e tudo isto faz uma habitação
mais apropriável, estimulante e realmente doméstica.
E, já agora,
comenta-se que entre estes passatempos haverá alguns, tão diversos e
interessantes, como é o caso da bibliofilia, da aquarofilia e da filatelia, que
podem mesmo vir a assegurar um lugar de destaque num dado compartimento e mesmo
numa dada habitação e para tal há que disponibilizar, sabiamente, espaços
gerais, “espaços entre”, relações espaciais, paredes desafogadas, e dimensões
estrategicamente desafogadas. E naturalmente que há espaços que têm de ter
condições funcionais específicas, ainda que bem delimitadas, como é o caso de
uma prática oficinal intensa (ex., marcenaria ou metalomecânica).
Finalmente,
nesta pequena viagem global pela matéria dos espaços domésticos privados e
pessoais importa dar verdadeiro relevo a uma categoria que poderemos designar
como “recantos vários”, uma tipologia espacial que muito se liga, que à prática
de inúmeras actividades domésticas, quer à fundamental marcação de um dado
espaço como mais ligado a uma dada pessoa ou a um pequeno grupo de pessoas
(ex., um casal); e sendo esta, como tantas outras aqui referidas, muito
associável a um adequado projecto de Arquitectura, pois um dado recanto tem de
ser adequadamente projectado e não pode surgir como algo “a mais” ou “forçado”,
aqui se deixa, apenas, a nota de que um recanto estimulante pode ser um nicho
de cima a baixo para um móvel, ou pode ser o espaço no “interior” de uma bay-window, ou pode ser quase simulado
com uma pequena gola de parede, sendo evidenciado cromaticamente;
sublinhando-se, assim, a infindável diversidade de mais este elemento de
arquitectura doméstica, mais um daqueles que fazem de uma habitação um espaço
único e que vale a pena e não mais uma “unidade” igual a milhares de outras.
Naturalmente
que talvez o principal dos recantos seja aquele que designamos como “alcova” e
que era tradicionalmente uma zona de dormir/descansar, desenvolvida na
contiguidade de espaços maiores e conviviais; uma tradição muito antiga e,
julga-se, muito praticada, diversamente, em várias sociedades e designadamente
naquelas em que havia de assegurar adequadas condições de conforto ambiental,
devido a críticas condições climáticas.
A tipologia
da alcova é muito diversificada, podendo praticamente reduzir-se a um grande
móvel/cama, ou desenvolver-se em recantos que integram sofás e sofás/camas, e
foi descartada nas revisões higienistas do século XIX e nos regulamentos
racionalistas do século XX, naturalmente, por se considerar que este tipo de
soluções estava muito ligada a excessos de ocupação doméstica e a negativas
condições se privacidade e salubridade. Hoje em dia talvez seja de rever a
utilização da tipologia da alcova, mais no sentido de se proporcionar o seu uso
no encontro a desejos e modos de vida doméstica específicos.
Como já, em
parte se apontou, várias questões são fundamentais e devem ser adequadamente
tratadas quando se pensa sobre a concepção de espaços domésticos mais privados
e apropriáveis e nesta perspectiva importa aprofundar melhor, designadamente,
os seguintes aspectos: a questão essencial da espaciosidade e da ergonomia de
tais espaços, com relevo para as suas condições consideradas “mínimas”; a
questão da relação com o exterior privado, nas quais importa atribuir um relevo
muito especial ao projecto de pormenor de vãos exteriores com adequada
aparência, adequada caracterização ambiental (isolamento/controlo) e adequadas
vistas e linhas de vista sobre o exterior; a questão do convívio potencial que
deve marcar mesmo estes espaços basicamente privados/sossegados; e a questão da
existência de uma casa de banho privativa ou da sua estratégica proximidade e
da sua adequada caracterização.
Um outro
aspecto bem interessante e associado a estas matérias das relações visuais e da
presença dos vãos exteriores que servem espaços domésticos mais privados e
pessoais, tem a ver com a respectiva visualização exterior, que pode e deve
integrar uma imagem de edifíco multifamiliar que se caracterize, na sua presença
pública, por uma diversidade de "pequenas imagens" que suscitem a
identificação dos habitantes com as suas habitações e espaços privados que as
compõem, através de uma judiciosa variação das fachadas; procura-se, assim,
seja uma animação e uma atratividade melhoradas dessas fachadas, seja um certo
sentido de que um multifamiliar, tal como a própria designação indica, é um
conjunto ou agregação de “células unifamiliares” e que estas mesmas
correspondema agregação, entre outros (mais comuns) de espaços basicamente
privados e bem apropriados.
Finalmente,
aponta-se, aqui, apenas de forma muito geral, um caminho de reflexão sobre os
espaços domésticos privados, que, só ele, corresponde a um rumo de urgente
investigação: trata-se da ligação entre a caracterização dimensional,
ambiental, funcional e pormenorizada, em termos de Arquitectura, de espaços
domésticos privados e pessoais, do tipo quarto multifuncional e/ou pequeno
apartamento T0 ou no máximo T2 (mas pequeno), mas sempre com apoio a cozinha
relativamente limitado, e a respectiva integração em edifícios com um leque
significativo de espaços e equipamentos comuns.
Esta é
matéria específica que importa continuar a desenvolver em sede/artigos
próprio(s), mas desde já se avança que ela terá sempre muito a ganhar com uma
reflexão cruzada com o que se vai passando em novos e renovados
estabelecimentos do tipo hoteleiro, em que se vão “manejando” múltiplas
valências quantitativas e qualitativas, bem para lá de uma simples abordagem
espaço-funcional – e apenas a título de exemplo regista-se uma nova “corrente”
hoteleira em que os quartos, para lá de uma classificação de base como de casal
ou duplos, são classificados como “pequeno”, “médio”, “XL” e “XXL”, sendo que
cada um deles tem um leque de sub-ambientes e de microfuncionalidades
especificamente associado.
A título sequencial e suplementar e numa perspectiva de “ponte” temática com a matéria, acima
referida, de espaços privados, caracterizados por grandes quartos
multifuncionais ou pequenos apartamentos com funcionalidades domésticas
mínimas, porque associados em edifícios com leques variados de espaços,
equipamentos e serviços comuns – matéria esta que será tratada no próximo novo
artigo da Infohabitar – é interessante considerar que um adequado e maximizado
desenvolvimento de espaços privados e apropriados no quadro de uma habitação
corrente – embora tendencialmente bem desenvolvida – é uma qualidade que muito
enriquece em termos funcionais e caracterizadores essa habitação (enquanto,
necessariamente, quartos mínimos e mal caracterizados a empobrecem); de certa
forma colando-se, positivamente, uma outra dimensão, muito privada, à dimensão
doméstica e de grupo que caracteriza essa habitação (enriquecendo-se esta
conjugação de leitura/vivência de ambientes e dimensões). De certa forma, e num
sentido inverso, o excelente desenvolvimento de um leque (o mais possível amplo)
de conjuntos de espaços privados, em micro-zonas funcionais de grandes quartos
ou pequenos apartamentos, integrados em edifícios com valências comuns,
enriquece tais soluções em termos globais, pois atribui-lhes, realmente,
conteúdos domésticos bem vitalizados e viáveis – ao contrário de “soluções” que
“encaixam” quartos quase mínimos e sem espaço para privacidade e apropriação,
servidos por corredores apenas funcionais, que levam a espaços comuns, mas tantas
vezes sem carácter e sem um ambiente atraente e envolvente/afectivo.
e a
estas matérias relativas ao amplo leque de espaços domésticos privados,
voltaremos (mas, tal como já se apontou, nos artigos acima disponibilizados
encontrarão, desde já, um conjunto interessante de reflexões).
Notas editoriais:
(i)
Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a
caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de
edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo
portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii)
De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado
nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma
quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou
que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na
Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição
dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se
circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é
pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser
de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado
tal e qual foi recebido na edição.
Infohabitar, Ano XIII, n.º 621
Sobre os espaços
domésticos privados e pessoais: um novo artigo e lembrar um velho artigo
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
abc.infohabitar@gmail.com
Editado nas instalações do Núcleo de Estudos Urbanos e
Territoriais (NUT) do Departamento de Edifícios (DED) do LNEC; Infohabitar,
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade
Habitacional – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativa de
Habitação Económica (FENACHE).
Apoio à Edição: José Baptista Coelho - Lisboa,
Encarnação - Olivais Norte.
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