Dos quartos
aos pequenos apartamentos: um novo artigo e links para cinco artigos
sobre o tema
por António Baptista Coelho
Caros leitores, nesta edição da
Infohabitar, depois de uma pequena introdução encontrarão um novo artigo sobre
uma ampla temática que parte dos quartos domésticos e que vai aos grandes
quartos autónomos e aos pequenos apartamentos, integráveis em
edifícios com espaços e serviços comuns; para além deste artigo são também
disponibilizados links para cinco artigos sobre o mesmo tema.
Em
setembro de 2017 a Infohabitar retomou as suas edições semanais regulares e
considerando que, durante um número muito significativo de semanas a
Infohabitar editou artigos integrados no âmbito da série designada “Habitar e
Viver Melhor”, lembrámo-nos de proporcionar uma desenvolvida e comentada
revisão desta matéria, antes de prosseguirmos na edição desta série; uma
revisão que inclui, sublinha-se, sistematicamente, novos artigos de reflexão e comentário sobre cada uma das matérias
específicas tratadas em cada edição.
Finalmente
regista-se que o processo editorial da Infohabitar, revista ligada à ação da
GHabitar - Associação Portuguesa de Promoção da Qualidade Habitacional
(GHabitar APPQH) – associação que tem a sede na Federação Nacional de
Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) –, voltou a estar, desde o
princípio de setembro de 2017, em boa parte, sedeado no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e nos seus Departamento de Edifícios e Núcleo de
Estudos Urbanos e Territoriais (NUT); aproveitando-se para se agradecer todos os
essenciais apoios disponibilizados por estas entidades.
Registam-se, em seguida, os artigos
já disponibilizados na Infohabitar sobre a temática dos “dos quartos e do pequenos apartamentos privados” (basta
clicar sobre o título para aceder ao respectivo texto):
Dos quartos aos pequenos apartamentos
(novo artigo)
A eterna escolha entre mínimos e “máximos” de espaciosidade
As temáticas
associadas e associáveis à matéria geral dos quartos domésticos são muito
amplas, sensíveis e significantes; portanto, não queremos correr o risco de dar
a ideia de as irmos tratar, aqui, de forma exaustiva, iremos sim desenvolver,
de seguida, uma reflexão geral e informal sobre o tema.
E uma tal
reflexão inicia-se, simplesmente, com a ideia geral da caracterização própria e
relacional entre quarto mínimo e quarto máximo (esta última uma ideia pouco
usada, mas que se julga interessante) e podemos, desde já, apontar que sobre o
“quarto mínimo” muito se reflectiu, designadamente, em termos de áreas mínimas,
e já menos em termos de dimensões mínimas – que correspondem a matéria
essencial – e também muito pouco em termos de áreas e dimensões recomendáveis,
que é matéria essencial, designadamente, para a boa adaptabilidade e para a boa
apropriação dos espaços de quarto; havendo apenas e sistematicamente, a ideia
de se ligar a “tipologia” de quarto mínimo a uma definição da sua ocupação –
por uma duas pessoas e pouco mais – e numa perspectiva sempre limitada de se
considerar o quarto individual com cama individual e o quarto de casal com cama
de casal.
Relativamente
à, pouco frequente, ideia de “quarto máximo”, podemos visar a noção ou a
“figura” do pequeno apartamento em um único espaço principal marcado por com
continuidades visuais caracterizadoras, ainda que, eventualmente, parcialmente
repartido em subespaços; e aqui facilmente poderemos imaginar uma unidade do
tipo “T0”, que pode ter uma pequena bancada de cozinha, uma boa casa de banho e
um conjunto de diversos subespaços razoavelmente caracterizados. E continuando
a avançar nesta ideia pode-se considerar como sendo, de certa forma,
facultativa/opcional a maior ou menor autonomia desta unidade (pequeno
apartamento espacialmente compacto): (i) numa habitação (que ela própria pode
ser funcional e ambientalmente muito diversificada), (ii) ou, directamente, num
edifício multifamiliar, que pode ter, ou não, espaços, equipamentos e serviços
comuns bem desenvolvidos.
Já
poderemos considerar que a capacidade e diversidade de agregação do “quarto
mínimo” é, claramente, mais limitada, dirigindo-se, designadamente, para
quadros de habitação também mínima, e para situações específicas em que quartos
razoavelmente mínimos se agregam, quer em unidades habitacionais especializadas
e, por exemplo, dedicadas a pequenos grupos de pessoas idosas ou de jovens,
quer em equipamentos específicos e especializados, como hospitais e prisões –
estas são matérias bem distintas, mas ambas extremamente especializadas.
E
julga-se valer a pena desenvolver este perfil de reflexão, pois no caso da
unidade de quarto maximizada ela pode constituir um elemento extremamente
maleável na geração de novas tipologias edificadas e funcionalmente mistas
(habitação e equipamentos), enquanto no caso da unidade de quarto minimizada
ela pode ser um caminho interessante para a disponibilização de um expressivo
“maior número” de espaços realmente individualizados, privatizados e bem
apropriáveis, integrados em soluções de equipamentos que, de outro modo,
continuariam a apostar em quartos para duas, três e até mais pessoas, situação
esta que parece poder ser adequada em casos excepcionais , mas não por regra,
pois anula muitas das adequadas condições de direito à privacidade pessoal e de
adequada apropriação espacial e ambiental.
O quarto como espaço mínimo
Globalmente julga-se que mesmo uma
pequena “cela” individual (uma cela que pode
ser de um monge ou de um recluso, por exemplo), desde que extremamente bem projectada e pormenorizada (espaço,
pormenor, ergonomia, conforto ambiental, relações espaciais, cor, mobiliário,
“carácter”, etc.), e desde que integrada
num “complexo” que disponha de adequados espaços, equipamentos e serviços
comuns – e aqui a referência a
“adequação” é muito específica e poderá ser muito especializada e exigente em
aspectos bem distintos dos aspectos da agradabilidade doméstica, aqui
abordados, como acontecerá no caso de um estabelecimento prisional (mas nem por
isso há que pôr de lado a referida condição do “bom projecto” dos respectivos
espaços de cela e comuns) –, será,
sempre, mais humana para uma pessoa isolada, do que a “convivência” forçada em
espaços, relativamente, maiores, mas partilhados; onde ou ninguém pode
exprimir a sua individualidade, ou alguém irá fazê-lo e assim acabar por
sobrepor-se à individualidade dos outros.
Haverá, sem dúvida, situações que
recomendam a outra opção de partilha do espaço de quarto, quando seja
recomendável em termos de bem-estar e de saúde, ou mesmo quando preferida pelos
habitantes/utentes – mas aqui há que cuidar bem de como se apura uma tal
preferência, que tem de ser expressa de forma bem livre de influências.
Mas
atenção que, tal como acontece na concepção de espaços ditos mínimos em
habitação de interesse social, este caminho da concepção do quarto mínimo está
só ao alcance de um projecto de arquitectura de muito elevada qualidade e que,
designadamente, em casos específicos (ex., quartos hospitalares, quartos para
idosos, quartos para pessoas com demência, celas prisionais, etc.) deverá
articular-se com a participação de diversos especialistas; afinal, uma exigência
que não se limita à matéria da concepção de espaços “mínimos”, mas que adquire
vital relevância em espaços mínimos.
E há, sempre, que ter cuidado com uma opção por
espaços mínimos, havendo que incluir na “opção pelo mínimo”, o valor de tal
opção no conjunto da respectiva operação, e sempre que tal avaliação não seja
relevante será sempre preferível trabalhar acima dos mínimos espaciais, e
designadamente quando o espaço “a mais” não está associado a uma mais
significativa disponibilização de instalações e de equipamentos; isto, é,
quando o espaço a mais é, apenas, um pouco mais de chão, tecto e paredes
simples – e esta é uma noção que interessa aprofundar em futuros artigos e que
decorre, seja de uma reflexão lógica sobre o assunto, seja de testemunhos de
promotores de habitação de interesse social, que o afirmaram claramente.
E quando a opção for por espaços mínimos há que a tratar “especificamente” e há que a
“suavizar” e pormenorizar nessa mesma perspectiva de “pequeno espaço”, isto é:
(i) assumi-la em termos de caracterização da solução, de uma forma, sempre que
possível, bem distinta do desenvolvimento de um “quarto clássico”, mas
minúsculo e até, eventualmente, com esse pequeno dimensionamento visual e
negativamente reforçado por um grande pé-direito (altura de paredes); (ii)
tratá-la de modo muito benéfico no que se refere a aspectos de conforto
ambiental, com um especial destaque para a relação visual com o exterior
(vistas agradáveis e estimulantes e bem visíveis do interior, até em posições
sentadas e/ou deitadas), para adequadas condições (exposição e controlo) da luz
natural e da insolação e para excelentes condições de isolamento sonoro (e
pensando ao contrário é só imaginar as péssimas condições oferecidas por um
quarto minúsculo, “sem” vistas, frio e ruidoso); (iii), se possível,
pormenorizá-la “apaixonadamente” e seguindo um pouco a tipologia de
microarquitectura de interiores, “superergonómica”, usada, por exemplo, em
iates e autocaravanas.
Mas importa aqui sublinhar que o que acabou de ser apontado
para uma adequada geração de quartos mínimos tem uma aplicabilidade genérica
para qualquer quarto mínimo, mas uma aplicabilidade específica para exercícios
bem dirigidos para a procura de espaços de quartos/espaços pessoais mínimos e
extremamente bem adequados em termos de ergonomia e caracterização; o que
corresponde a mais uma matéria a desenvolver em outros textos e que é, aliás,
matéria muito querida de grandes nomes da Arquitectura e da Filosofia,
designadamente, quando se dedicam à concepção dos espaços por vezes designados
como pequenos abrigos e “cabanas”.
O quarto como espaço “máximo” ou pequena mas agradável habitação
Acabámos
de abordar, sumariamente, os quartos como espaços mínimos e vamos agora seguir
um mesmo caminho no que se refere a considerar os quartos como espaços
“maximizados”, constituindo verdadeiras pequenas habitações.
E,
desde já, se volta a lembrar que esta é uma reflexão, que se deseja útil, mas
que se deverá articular com muitas outras reflexões sobre o assunto, que vale
bem um adequado aprofundamento, seja pela importância fulcral que, para todos
nós, sempre teve e terá a boa concepção dos nossos quartos privados – e
atente-se que, mesmo aqui, se está a evitar usar a designação, considerada
limitativa, de “quartos de dormir” –, seja porque há novas e renovadas funções
a considerar nos nossos quartos privados, seja porque há todo um “novo” leque
tipológico a considerar no desenvolvimento de quartos privados, seja
considerando aspectos de vital especialização (ex., de hospital), seja
considerando o (res)surgimento de um interessante e amplo leque de tipologias
em que os quartos privados podem/devem ser, também, praticamente, pequenas
habitações, ou pequenas células habitacionais, mais ou menos, autonomizadas
relativamente a um edifício em que se integram e que poderá dispor de um também
amplo leque de espaços, equipamentos e serviços comuns e até, eventualmente, de
acesso/uso público.
Importa,
ainda, sublinhar que será, naturalmente, muito benéfico, para não dizer mesmo obrigatório,
que não existam, por regra e considerando as situações especializadas à parte,
fronteiras rígidas entre intervenções que integrem células habitacionais
privadas mínimas e outras maximizadas, sendo, claramente, muito desejável que
se desenvolvam soluções mistas a este nível, e que, designadamente, tratem as
suas células mínimas de forma muito adequada em termos dos seus conteúdos
espaço funcionais e ambientais específicos e que não façam transparecer essa
condição “mínima” para além da respectiva porta de entrada.
E
aqui se avança para o desenvolvimento de conjuntos edificados que integrem uma
expressiva mistura de quartos e pequenos apartamentos privados com variadas
dimensões, e que proporcionam, assim, a sua ocupação por pessoas com uma
expressiva diversidade de recursos financeiros, numa “mixagem” sociocultural
que tem os seus riscos e exigências de gestão, mas que parece ser caminho
essencial a seguir, designadamente, em estruturas habitacionais que integrem
pessoas idosas – e já agora importa referir que uma tal “mixagem” raramente foi
feita, entre nós, ao nível da contiguidade entre edifícios habitacionais para
diversos grupos socioculturais.
E
faz-se, ainda, uma referência para a importância que assume a referida
mistura de quartos e pequenos
apartamentos privados com variadas dimensões, que são dirigidos para pessoas
com diversidade de recursos financeiros e que, devido a essa expressiva
diversidade dimensional poderão mobilar e equipar os seus espaços privados de
forma adequada e compatível com os seus meios, evitando-se negativas situações
de espaços deixados praticamente vazios de mobiliário por evidente ausência de
meios do habitante.
Dito
isto, que é, talvez, o mais importante, podemos considerar que uma pequena célula residencial ambientalmente
“compacta”, tal como tem vindo aqui a ser abordada, e que seja razoável ou
mesmo maximizadamente tratada em termos dos seus conteúdos espaço funcionais e
ambientais específicos, poderá ter como características, designadamente:
(i)
uma adequada espaciosidade, privacidade, multifuncionalidade e capacidade de
apropriação da zona ou quarto mais dedicado ao dormir/repousar ;
(ii) uma
adequada espaciosidade, capacidade convivial, multifuncionalidade e capacidade
de apropriação da zona mais dedicada ao estar;
(iii) capacidade específica para
o desempenho de uma dada actividade especializada, que possa ser relativa ou
totalmente isolada;
(iv) capacidade para receber visitantes em pernoita (que
pode ser razoavelmente mínima em termos de condições específicas);
(v) razoável
capacidade e autonomização/isolamento para preparação de refeições; (vi) boas
capacidade e agradabilidade nos espaços integráveis na casa de banho;
(vii)
possibilidade de estar em pequeno espaço exterior privado e com relativa ou
total privacidade;
(viii) e razoável capacidade de recepção, representativa e
protegendo a privacidade dos restantes espaços privados. Globalmente um
programa habitacional “compacto”, mas “maximizado”, deste tipo pode
corresponder, num limite máximo, a uma pequena tipologia T2 ou mesmo "T2,5", mas pode
haver integrações espaço funcionais diversas que “comprimam” a solução sem
aspectos negativos significativos.
Importa,
ainda, referir que, naturalmente, uma unidade habitacional, mesmo baseada
num grande quarto (com múltiplas zonas) ou numa pequena habitação “compactada”,
mas com diversos compartimentos, se quisermos que ela seja bem integrável em
conjuntos residenciais com espaços e serviços comuns, não deverá ser
espacialmente excessiva, até porque se pretende, como se referiu, que exista
uma adequada integração entre unidades com diversos dimensionamentos e porque
será desejável a presença de um número razoável de “condóminos” ou vizinhos.
E
neste sentido poderemos avançar que a referida maximização espacial deverá, em
princípio, respeitar uma espaciosidade designável como razoável, isto é,
claramente acima dos mínimos, com expressiva capacidade de adaptação e usos
múltiplos e com grande capacidade a nível da circulação interna, mas não
caracterizada pelo uso do espaço “a mais”, globalmente justificável apenas como
“espaço representativo”; e julga-se que entrar nesta dimensão das unidades
quartos/mini-habitações marcadas por este espaço representativo far-nos-ia
passar para uma outro quadro de reflexão, que neste momento não nos interessa.
Mas
atenção que, seja nas unidades “mínimas”, seja nas “maximizadas”, a matéria da
circulação interna e da multifuncionalidade no uso dos espaços e nas tarefas
domésticas deve ser especificamente cuidada, considerando que as pessoas à medida que envelhecem
habitam melhor com suplementos dimensionais e funcionais.
Complemento da caracterização das pequenas unidades habitacionais autonomizáveis
Esta
reflexão deveria iniciar outro texto específico, mas o que importa, desde já,
salientar é que uma pequena unidade habitacional “compacta”, autonomizável e
agregável numa unidade com forte potencial de usos comuns – do grande quarto
ao apartamento compacto com poucos
quartos – deve caracterizar-se não só pela funcionalidade, mas também por
adequadas e exigentes capacidades no que se refere à boa apropriação e à
agradabilidade doméstica proporcionadas; de certa forma produzindo-se como que
pequenas unidades habitacionais mas com uma muito expressiva capacidade de
vivência doméstica, privada e própria de cada um ou de cada casal – quase que
numa “compactação” ou intensificação estratégicas do ambiente e das
funcionalidades proporcionadas numa habitação maior e significativamente
isolada.
Não
será fácil assegurar este tipo de condições, com certeza que não, mas parece
ser esse o caminho certo e tudo que seja contrário a tal caminho deve ser
claramente evitado e negado; e apenas para dar alguns exemplos, podem-se
apontar situações de equipamentos residenciais que agregam pequenas unidades
habitacionais e serviços comuns e globalmente caracterizados por: mobiliário
repetido, “frio” e mal desenhado; ausência de um arranjo de arquitectura de
interiores completo e adequado, e incluindo os espaços comuns; espaços comuns
com carácter “hospitalar”, frio e “nu” (sem adequada integração de elementos de
arranjo também nas paredes).
Exemplos
de bons caminhos nestas matérias associadas ao desenvolvimento de pequenas
unidades habitacionais autonomizáveis e agregáveis numa unidade com forte
potencial de usos comuns também se apontam: específico e muito cuidadoso
tratamento dos espaços de acesso às unidades privadas; aconselhamento e apoio
na decoração dos espaços privados, visando-se a criação de ambientes
agradavelmente “domésticos”; disponibilização de recantos e espaços para
integração de mobiliário da pessoa/família; cuidadosa estratégia de iluminação
natural e artificial; etc., etc.
De
certa forma poderemos sintetizar que estas unidades habitacionais
autonomizáveis para além de expressivamente funcionais têm de ser expressivamente
“bem habitáveis” e agradáveis de viver, equilibrando com estas últimas
características os aspectos de funcionalidade especializada que poderão ter
(ex., no apoio a condicionados na mobilidade e na percepção), e os aspectos de
expressiva ou relativa redução e concentração espacial que, habitualmente,
também terão; mas conceber tudo isto, sublinha-se, exige um excelente
programa e um excelente projecto de Arquitectura residencial e urbana, deve
“beber” em muitos casos de referência actualmente já disponíveis, tratando-se
de um processo que não está, directamente, limitado por questões financeiras,
pois a diferença entre um bom e um mau projecto reflecte-se numa operação
basicamente viável ou inviável, e uma operação que deve ser considerada, seja em
termos da sua dimensão estritamente económica, seja em termos da sua potencial
relevância humana e social, e neste sentido e desde já se recomenda um caminho
organizacional que passe por uma vertente
cooperativa e/ou associativa, com expressiva sensibilidade social de
proximidade, embora, naturalmente, associada a uma componente “empresarial”
que assegure adequada continuidade e vitalidade à iniciativa.
Antes
de concluir este subtema relativo à caracterização
das pequenas unidades habitacionais autonomizáveis deixa-se uma pequena
reflexão para futuro, uma reflexão que se dirige, basicamente, para um amplo
quadro de soluções habitacionais e urbanas que se podem distribuir entre dois
“conceitos limite”, que definem um amplo leque de soluções: das casas/quartos
aos recantos/casas.
As
casas/quartos são aqueles espaços que acima abordámos, casas/habitações apenas
relativamente espaçosas, e onde uma pessoa só ou um casal pode “dominar”,
facilmente, boa parte do respectivo espaço, mas onde será possível o isolamento
ou o trabalho específico em subespaços específicos; enquanto os recantos/casas
serão os grandes quartos multifuncionais ou, até e no limite, verdadeiros
subespaços onde conseguimos concentrar e expressar boa parte da nossa vida e
identidade; depois, depois ficará à conta da imaginação e da racionalidade
projectuais a capacidade para se gerarem soluções que possam “casar” estas
individualidades (da pessoa ou do casal, e perdoem esta liberdade) com uma
agradável e funcional convivência, no verdadeiro sentido do termo (vivência em
comum), no quadro de conjuntos de edifícios e espaços de uso comum ou público
verdadeiramente adequados e estimulantes.
Sobre a variedade das unidades
habitacionais autonomizáveis e agregáveis
Lembremos,
agora e para concluir, que se começou com uma reflexão sobre “simples” quartos
e se acabou com ideias sobre habitações; e assim se revela um novo “jogo da
glória” – novo, porque distinto do “jogo da glória” urbano que, desejavelmente,
nos deve levar, com naturalidade e motivação, da nossa vizinhança, ao pé de
casa, ao centro da cidade e vice-versa –, um “jogo da glória” interior, privado
e comum, que nos deve apoiar e fazer viver, com satisfação, entre o nosso
espaço pessoal e o espaço de convivência do nosso agregado familiar, ou outro
agregado social em que habitemos, numa perspectiva que, potencialmente,
conjugada com um amplo leque de espaços, equipamentos e serviços comuns e/ou de
uso público, constitui, provavelmente, a principal unidade agregadora de um
enorme e tão pouco explorado leque tipológico residencial.
e a
estas matérias voltaremos; mas, salienta-se que, tal como já se apontou, logo
no início da edição, na lista de cinco artigos acima disponibilizada
encontrarão, desde já, outros conjuntos de reflexões.
Notas editoriais:
(i)
Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a
caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de
edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo
portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii)
De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado
nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma
quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou
que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na
Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição
dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se
circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é
pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser
de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado
tal e qual foi recebido na edição.
Infohabitar, Ano XIII, n.º 622
Dos
quartos aos pequenos apartamentos
privados: um novo artigo e links para cinco artigos sobre o tema
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
abc.infohabitar@gmail.com
Editado nas instalações do Núcleo de Estudos Urbanos e
Territoriais (NUT) do Departamento de Edifícios (DED) do LNEC; Infohabitar,
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade
Habitacional – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativa de
Habitação Económica (FENACHE).
Apoio à Edição: José Baptista Coelho - Lisboa,
Encarnação - Olivais Norte.
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