Infohabitar, Ano XIII, n.º 612
“Organizar os espaços habitacionais” – sete artigos sobre o tema mais um novo texto
por António Baptista Coelho
Tal
como foi anteriormente divulgado, a Infohabitar retomou as suas edições regulares,
através da edição de um novo artigo em cada semana, preferencialmente, logo à
segunda-feira, aproveitando-se para, mais uma vez, enviar um amigável desafio
aos leitores no sentido de poderem enviar para o editor (mail referido no final
do artigo) propostas de artigos para edição.
Considerando
que, durante já um número muito significativo de semanas a Infohabitar tem
editado artigos integrados no âmbito da série designada “Habitar e Viver
Melhor”, lembrámo-nos de proporcionar uma “revisão da matéria dada”, antes de
prosseguirmos na edição desta série.
Neste
sentido e neste artigo apresentam-se, em seguida, os títulos interativos dos artigos da série “Habitar e Viver
Melhor”, que abordam temáticas relativas a uma adequada e diversificada organização dos espaços habitacionais, aproveitando-se
para acrescentar, no final do artigo, uma nova nota de reflexão sobres estas
apaixonantes e tão atuais matérias; e salienta-se que todos os quatro artigos
aqui editados, desde início de Setembro de 2017, integram, logo a seguir à
listagem interactiva dos artigos, novos textos de reflexão sobre a envolvente
habitacional, as novas tipologias residenciais e a estrututação dos respectivos
edifícios.
Em
próximos artigos iremos disponibilizar reflexões sobre a estruturação e os
conteúdos possíveis ds diversos espaços habitacionais mais comuns, ou mais privados
e personalizados.
Lembra-se
que bastará ao leitor “clicar” no título do artigo que lhe interessa para o
poder consultar.
Lembra-se,
ainda, que por motivos alheios à Infohabitar, que muito lamentamos e que já apontámos, na Infohabitar, a maior parte dos artigos
desta série editorial não conta, neste momento, com as respetivas ilustrações;
estando, no entanto, disponíveis todos os seus textos, que se caraterizam por
expressiva autonomia relativamente às referidas imagens.
Finalmente
regista-se que o processo editorial da Infohabitar, revista ligada à ação da GHabitar
- Associação Portuguesa de Promoção da Qualidade Habitacional (GHabitar
APPQH) – associação que tem a sede na Federação Nacional de Cooperativas de
Habitação Económica (FENACHE) –, voltou a estar, desde o princípio de
setembro de 2017, em boa parte, sediado no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e nos seus Departamento de Edifícios e Núcleo de Estudos Urbanos e
Territoriais (NUT); aproveitando-se para se agradecer todos os essenciais
apoios disponibilizados por estas entidades.
São
os seguintes os sete (7) artigos disponibilizados sobre o tema da “organização dos espaços
habitacionais":
Zonas
domésticas:propostas organizativas
Diversas opções para os espaços da habitação
Equilíbrios dimensionais e de privacidade na habitação
Opções de compartimentação na habitação
“Libertar” a habitação das instalações
Oferta diversificada de espaços domésticos específicos I
Oferta diversificada de espaços domésticos específicos II
Sobre
as temáticas associadas e associáveis à matéria geral de uma adequada e diversificada “organização dos espaços
habitacionais”
muito há a dizer e sublinha-se que o que a seguir se aponta, em alguns
parágrafos temáticos, corresponde, apenas, a uma informal reflexão sobre estes urgentes
e importantes assuntos.
Tal como
já se apontou em diversos textos desta série, pensar-se que uma habitação pode
ser estruturada segundo diversos “partidos” organizativos é uma opção deveras
salutar, pois:
-
não só é tempo de olharmos as propostas organizativas domésticas funcionalistas
tal como elas podem e devem ser olhadas/vividas, numa perspectiva
expressivamente “funcional”, ainda que fazendo-a, sempre, passar por um crivo
não “maquinal” e de estruturação rígida das tarefas domésticas, a não ser que
estejamos em presença de um programa exactamente deste tipo, por exemplo,
marcado por actividades realizadas por empregados e/ou serviços domésticos
realizados fora da esfera do respectivo agregado familiar;
-
como parece ser tempo de se abrirem as novas e renovadas organizações domésticas
a uma expressiva diversidade de necessidades, modos e gostos de habitar a
“casa” de cada um e de cada agregado familiar; seja numa opção por organizações
domésticas básicas com um elevado potencial de adaptabilidade passiva – através
de espaços e relações espaciais que propiciem e apoiem, especificamente,
variadas formas de apropriação e diversos usos -, seja numa opção por
organizações domésticas com elevado potencial de adaptabilidade activa, que
propiciem expressivas readaptações e conversões de espaços, equipamentos e
instalações a diversos “mundos” domésticos pessoais e grupais (do respectivo
agregado familiar) – como pode acontecer com variadas fusões e separações de
espaços, recriações de alguns espaços (previamente preparadas) e variadas forma
de reequipamento e reinstalação de elementos associados à vida doméstica;
- e
parece ser, já, tempo de se pensar a “casa potencialmente para a vida”,
proporcionando-se à habitação e, designadamente, aos seus espaços de circulação
e de apoio funcional diversificado a capacidade para “envelhecerem”,
positivamente, acompanhando a mutação das necessidades funcionais e ambientais
dos seus habitantes, enquanto estes envelhecem – também esta uma matéria com
expressiva relação com aspectos de mutação e adaptação de funcionalidades e “agradabilidades”
– e uma matéria que é tão urgente como apaixonante.
Realmente
parece ser altura de se anular, de uma vez, a “tirania” funcionalista das
gradações de privacidade, que transformam muitas habitações em verdadeiros
espaços “sem saída” e rigidamente “zonados”, sem capacidade de mudança funcional
expressiva; e isto não quer dizer, evidentemente, que tais ofertas domésticas não
continuem a ser disponibilizadas, mas não de forma quase única e desejavelmente
contendo sempre algumas opções de adaptabilidade.
Tendo-se
em conta o que acabou de ser apontado, uma forma relativamente fácil de avançar
com habitações mais adaptáveis/úteis ou mais versáteis na sua apropriação pelos
variados “tipos” de habitantes, é estruturar a habitação de modo a que espacial
e relacionalmente os diversos espaços do fogo tenham diversas opções e
capacidades de usos e de apropriações pormenorizadas; uma matéria que muito se
joga com a disponibilização de alternativas de acesso e com a consideração da
organização habitacional de uma forma, talvez, pouco compartimentada através de
espaços de circulação que sejam, apenas e exclusivamente, espaços de circulação;
ainda uma outra forma de avançar nesta perspectiva é proporcionar uma excelente
capacidade de arrumação (em quantidade e em distribuição) e, eventualmente, alternativas
de instalação para algumas máquinas domésticas, arrumando-as de forma a que o
seu ruído e outros dos seus aspectos funcionais não inviabilizem certos usos domésticos (ex., tomar refeições na cozinha sem a incómoda vizinhança de algumas máquinas).
Outras
matérias bem importantes para uma adequada e diversificada organização
habitacional é o desenvolvimento de um equilíbrio dimensional nas zonas mais sociais e mais
privadas, proporcionando, nas primeiras, o desenvolvimento, eventual, de reuniões
familiares alargadas, inclusive, considerando mudanças provisórias de mobiliário
e disponibilizando, nas zonas potencialmente mais privadas a (re)criação de
subespaços muito apropriáveis e identificadores dos respectivos habitantes, subespaços
estes que também devem pontuar zonas sociais e que, tendencialmente, surgem em
privilegiada relação com vãos exteriores.
Um
outro aspecto que nunca é excessivo sublinhar nestas matérias de equilíbrios
dimensionais diz respeito a que mais do áreas mínimas ou “médias”/razoáveis há
que ter em conta e aplicar as dimensões mais versáteis e multifuncionais, e por
vezes 10 cm farão uma grande diferença funcional/formal/ambiental, não sendo,
eventualmente, significativos em termos de custos de construção.
A
questão da compartimentação da habitação é uma matéria importante na sua
caracterização e no seu uso, podendo variar, teoricamente e na prática, entre
opções quase de “planta livre”, com um mínimo de paredes, e outras extremamente
repartidas, inclusivamente, no que se refere a zonas de cisrculação e
distribuição domésticas. Já se referiu, atrás, que um dos mais interessantes
potenciais de adaptabilidade doméstica se joga em “simples” opções de fusão/união
entre compartimentos contíguos e de separação/compartimentação de grandes
compartimentos, mas importa apontar que para além destas opções outras há que
proporcionam uma gestão fácil de separação ou ligação entre espaços, como é o
caso das grandes portas de correr e há tratamentos “ambientais”, ao nível da
arquitectura de interiores, que caracterizam determinados espaços como “prolongamentos”
de outros e há uma essencial ligação entre todos estes aspectos e uma fenestração
exterior que os acolha positivamente; havendo ainda aspectos associados a
instalações que podem facilitar ou dificultar as referidas opções de fusão/separação
de espaços.
E aqui há uma nota que tem de ser feita relativamente à necessária compatibilização regulamentar de algumas destas opções, designadamente, quando elas se relacionem com aspectos de segurança no suso normal e contra risco de incêndio.
E aqui há uma nota que tem de ser feita relativamente à necessária compatibilização regulamentar de algumas destas opções, designadamente, quando elas se relacionem com aspectos de segurança no suso normal e contra risco de incêndio.
Chegamos, agora, a uma matéria que podemos designar como de adequada previsão dos
principais núcleos de instalações domésticas, nos seus aspectos de serviço directo
e nos seus traçados, de modo a que para além de não dificultarem as referidas
opções e dinâmicas de adaptabilidade, as possam mesmo apoiar. Matérias com
alguma complexidade e crítica relação com custos de construção e adaptação e com aspectos de segurança no suo e contra risco de incêndio, mas
que podem ter respostas tão simples como aquelas associadas à criação de núcleos
de instalações concentrados, estrategicamente localizados e com traçados
adequadamente estruturados e bem conhecidos, numa perspectiva que, no limite,
se pode associar a uma espécie de “libertação” da dinâmica adaptável da habitação
relativamente às suas instalações. Mas, desde já, aqui se aponta que uma tal
dinâmica pode ter importantes reflexos nas questões de privacidade ou de uso
privatizado de certas instações (ex., casas de banho privativas), havendo que reflectir
sobre estes assuntos e tomar decisões específicas nestas matérias.
Finalmente,
mas tendo bem presente que de forma alguma aqui se realizou uma reflexão sistemática
sobre as matérias associáveis a uma adequada organização doméstica (esta reflexão
é, naturalmente, mais desenvolvida nos artigos de que se faz, acima, referência
e link directo), aponta-se a grande importância que tem a disponibilização, em
cada solução de fogo, de uma oferta diversificada e cuidadosa de múltiplos
espaços e subespaços domésticos específicos e bem identificáveis; esta é,
naturalmente, uma matéria de base de uma adequada arquitectura doméstica, pois
uma habitação deve poder ser um verdadeiro “mundo doméstico”, funcional, apropriado,
único, atraente, envolvente e versátil e para tal não pode ser uma simples “máquina”
doméstica mal caracterizada por espaços “áridos”, monótonos e sem carácter próprio
e capacidade de aceitação do carácter que lhe pode e deve ser atribuído por
cada habitante e agregado familiar. Basta lembrar Alexander e a sua “linguagem
de padrões”; uma “habitação” tem ser composta por múltiplos e ricos espaços e
subespaços bem adaptáveis e atraentes, desde os “lugares janela”, aos recantos
de estar, desde os “sítios de entrada” aos espaços pontuados pela luz, desde as
zonas mais interiorizadas e envolventes às ligadas às vistas exteriores; e isto é possível e
desejável desde a habitação de autor para um dado agregado familiar à habitação
mais económica, naturalmente, com limites nesse quadro de riqueza formal e
funcional, sendo que, quanto maiores forem as limitações económicas mais a
qualidade arquitectónica tem de marcar a solução.
e a
estas matérias voltaremos …
Notas editoriais:
(i)
Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a
caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de
edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo
portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii)
De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado
nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma
quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou
que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na
Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição
dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se
circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é
pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser
de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado
tal e qual foi recebido na edição.
Infohabitar, Ano XIII, n.º 612
“Organizar os espaços habitacionais” – sete artigos sobre o tema mais um novo texto
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
abc.infohabitar@gmail.com
Editado nas instalações do Núcleo de Estudos Urbanos e
Territoriais (NUT) do Departamento de Edifícios (DED) do LNEC; Infohabitar,
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade
Habitacional – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativa de
Habitação Económica (FENACHE).
Apoio à Edição: José Baptista
Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.
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