Infohabitar,
Ano XII, n.º 568
Verdadeiras casas de banho e não simples e frias “instalações sanitárias” - II
Artigo
LXXXVI da Série habitar e viver melhor
António Baptista Coelho
Aspectos motivadores em casas de banho
No estudo do LNEC que editei em 1998 e que, nesta série
editiria, se tem referido, frequentemente (“Do bairro e da vizinhança à
habitação”), salientavam-se as seguintes características como as mais
desejáveis nas casas de banho (fez-se, apenas, um reordenamento dos aspectos
apontados e juntaram-se alguns comentários):
·
Facilitarem o uso seguro das peças sanitárias
(banheiras, duches, sanitas, lavatórios e bidés) pelos habitantes e,
nomeadamente, por pessoas com dificuldades na movimentação (crianças, idosos e
doentes). Uma exigência que tem actualmente suporte regulamentar, mas onde se
julga haver ainda um caminho a fazer em termos da melhor ergonomia no uso
dessas peças, considerando-se, especificamente, aspectos de uma aprofundada
segurança no respectivo uso, pois as casas de banho continuam a ser locais onde
frequentemente ocorrem acidentes domésticos (por exemplo, escorregamentos,
colisões com peças sanitárias cerâmicas e envenenamento por acesso não
controlado a drogas e mdeicamentos).
·
Permitirem grande facilidade de limpeza geral
e particularizadamente dos equipamentos sanitários e dos espaços entre eles, e
entre eles e as paredes, caracterizando-se por terem revestimentos e pinturas
duráveis, impermeáveis, à prova de humidade e "anti-fungos". Uma
matéria em que também se julga haver um caminho a seguir em termos da ergonomia
dessa mesma acção de limpeza e das influências que tem na própria escolha das
peças sanitárias (por exemplo previsão destas peças em consola, quando as casas
de banho sejam estreitas).
·
Terem excelentes condições de luz e de
ventilação naturais (janelas de abrir) ou "forçada" (grelhas de
entrada e saída de ar). E nesta matéria há que sublinhar que, sem dúvida, são
preferenciais as condições de iluminação e ventilação naturais, aliás com
importância claramente acentuada numa altura em que se procura uma maior
sustentabilidade ambiental habitacional (e aqui há que sublinhar que, por
vezes, se faz o mais complicado nestas matérias da sustentabilidade ambiental e
se esquece o mais simples e igualmente importante como é o caso. E, ainda nesta
matéria, há que salientar que, muitas vezes, a famosa ventilação forçada é
claramente deficiente ou corresponde a sistemas cuja eficácia de ventilação é
claramente duvidosa ou que obrigam, mesmo, a soluções mecânicas que gastam
energia para a resolução de uma situação que pode e deve ter uma resolução
“natural”.
·
Serem em número adequado ao número de
habitantes da casa, considerando-se, como base de provisão, que para mais de
quatro(4) pessoas devem existir, para além de uma casa de banho completa
(sanita, bidé, lavatório e banheira), mais uma casa de banho, que pode ter
apenas um duche, uma sanita e um lavatório (isto será muito importante quando
todas as pessoas da casa tiverem de acordar e fazer a sua higiene pessoal, de
manhã, praticamente, às mesmas horas). E esta é uma matéria cuja importância é
evidente, mas que deve ter em conta: por um lado o risco de se exagerar no
número de casas de banho, devido ao peso financeiro que uma tal situação tem
quando se pensa nas correntes casas de banho “revestidas a cerâmica” e
distribuídas por toda a casa (em vez de soluções com acabamentos racionalizados
e concentradas nos chamados “blocos-água”), e entende-se a diferença que estas
situações implicam em termos das redes de águas e de esgotos em cada piso e em
diversas prumadas; e, por outro lado, deve apostar em soluções de
desmultiplicação dos espaços funcionais das casas de banho, proporcionando, por
exemplo, o seu uso simultâneo (exemplo, zona de banho e zona “sanitária”
autonomizadas).
·
Poderem receber algumas peças de mobiliário
(armários e "cestos" para roupa e atoalhados) e facilitarem a
instalação dos diversos acessórios de casa de banho (cortinas de duche e
toalheiros); uma matéria cuja importância foi já, aqui, devidamente sublinhada.
Fig. 04: uma casa de banho que alia funcionalidade e simplicidade de equipamento e de arranjo (formal, cromático, textural) a excelentes condições de conforto ambiental, designadamente, com luz e ventilação naturais, e a um certo sentido de agradabilidade doméstica (grande espelho, zonas de cor e de texturas adequadamente diversificadas, um interessante "móvel" com lavatório e algum espaço livre, para uma cadeira; Interior de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H33, Arq.º Greger Dahlström.
Fig. 04: uma casa de banho que alia funcionalidade e simplicidade de equipamento e de arranjo (formal, cromático, textural) a excelentes condições de conforto ambiental, designadamente, com luz e ventilação naturais, e a um certo sentido de agradabilidade doméstica (grande espelho, zonas de cor e de texturas adequadamente diversificadas, um interessante "móvel" com lavatório e algum espaço livre, para uma cadeira; Interior de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H33, Arq.º Greger Dahlström.
Problemas correntes em casas de banho
Os problemas mais correntes em casas de banho domésticas, estão ligados, numa primeira linha ao mau funcionamento das respectivas instalações, à falta de privacidade no uso destes espaços e designadamente no acesso a estes espaços e a eventuais influências negativas do uso destes espaços nos espaços domésticos contíguos – más influências estas que têm a ver com a falta de isolamento em termos de cheiros e de ruídos.
Numa segunda linha, de maior pormenor, os problemas mais
correntes em casas de banho domésticas, estão ligados ao não cumprimento ou à
deficiente satisfação das condições acima referidas como aspectos motivadores
no uso destes espaços e designadamente: a dificuldade no uso das peças
sanitárias – situação esta que incrivelmente nem é pouco corrente; a falta de
espaciosidade crítica no uso das mesmas peças e a ocorrência de associações funcionais
negativas e que possam concorrer para acidentes domésticos; a dificuldade de
limpeza dos espaços e das peças sanitárias; a ausência de agradáveis condições de luz e de ventilação naturais, ou
mesmo a ocorrência de más condições de ventilação forçada (por exemplo, através
de condutas); as casas de banho e as respectivas peças sanitárias serem em
número insuficiente e/ou estarem mal distribuídas na habitação; e não haver
desafogo mínimo para se poderem arrumar algumas peças de mobiliário.
E é interessante sublinhar que o primeiro conjunto de
problemas está associado a um projecto e construção deficientes e que este
segundo conjunto de problemas é, simplesmente, resolvido com casas de banho
razoavelmente espaçosas e com janelas exteriores.
Questões dimensionais (e outras) em casas de banho
Há matérias fundamentais em termos de agradabilidade no uso
de uma habitação e nestas sublinha-se a importância de as casas de banho
servirem, no mesmo nível, cada um dos pisos de uma dada habitação, desenvolvida
por exemplo em dois pisos, uma exigência que deveria ser extensível a um
quarto, proporcionando-se uma vivência “de nível”, por exemplo, a um idoso;
trata-se de um aspecto que tem, naturalmente, implicações críticas na concepção
residencial, mas chama-se a tenção para se estar aqui a tentar construir uma
ideia de habitação que seja muito satisfatória, e tudo o que evite usos únicos
e zonamentos domésticos rígidos, dando alternativas de vivência, é claramente
muito positivo para uma vida doméstica diversificada e adaptável.
No que se refere à recorrente questão, que está
devidamente regulamentada, da relação entre número de quartos (de dormir) e
número e características das respectivas casas de banho, ela coloca questões
sensíveis quando uma das casas de banho e, frequentemente, a melhor
desenvolvida, está reservada a um uso privativo. A questão destes usos
privativos merece ser bem equacionada quando se trata de habitação de interesse
social, avançando-se que nos parece que uma única casa de banho, espaçosa, bem
equipada e com luz e ventilação naturais continua a ser uma excelente solução
para estes casos, suportando, julga-se uma razoável pressão de uso e podendo
ser, até, eventualmente, subdividida em zona de banhos e zona sanitária.
A questão do dimensionamento, frequentemente
mínimo, das casas de banho merece uma atenção específica pois, por um lado não
se julga que, numa casa de banho, o mais caro seja propriamente o espaço, mas
sim as instalações e as peças sanitárias, pelo que um relativo desafogo
espacial permitirá, de certa forma rentabilizar e tornar mais útil o
investimentos feito nesses aspectos, melhorando, realmente, a habitabilidade da
casa e, complementarmente, tornando as casas de banho muito mais amigáveis e
confortáveis quer para o cada vez maior número de idosos, quer para um amplo
leque de usos, ainda muito pouco servidos, e que aí podem encontrar excelente
sítio de realização, como é por exemplo o caso do banho de crianças.
Naturalmente que um pouco espaço suplementar, onde se pode arrumar uma cadeira
e um vão de janela que pode abrir em dias agradáveis, são também condições
fundamentais para casas de banho realmente mais felizes, e que nada tenham a
ver com os cubículos sanitários que nos são frequentemente oferecidos.
E, finalmente, é possível, numa casa de banho,
distribuir o respectivo equipamento ao longo de um período temporal alongado,
proporcionando-se, por exemplo, inicialmente, equipamentos mínimos, que depois
possam vir a ser substituídos por outros mais elaborados e com maiores dimensões,
mas isto exige que o espaço esteja lá desde o início e que a opção seja por
equipamentos facilmente desmontáveis e substituídos por outros, o que também
favorece a sempre bem-vinda apropriação.
E é interessante pensar na casa de banho,
também, como um espaço da habitação onde se pode estar em privacidade e com
satisfação e durante período relativamente alongados, por exemplo num banho
imersão, lendo; uma opção bem diferente de um banho de chuveiro rápido, mas que
deve ser igualmente possível no nosso espaço doméstico.
Fig. 05: casa de banho como verdadeiro espaço de banho de lazer, numa reconquista do banho com esse sentido, como sempre foi e só deixou de ser quando surgiu o funcionalismo "fundamentalista" e mesmo, frequentemente, muito pouco conhecedor do grande leque de funções domésticas; Interior de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H33, Arq.º Greger Dahlström.
Fig. 05: casa de banho como verdadeiro espaço de banho de lazer, numa reconquista do banho com esse sentido, como sempre foi e só deixou de ser quando surgiu o funcionalismo "fundamentalista" e mesmo, frequentemente, muito pouco conhecedor do grande leque de funções domésticas; Interior de habitação do conjunto urbano "Bo01 City of Tomorrow", desenvolvido no âmbito da exposição que teve lugar em Malmö em 2001 (ver nota final) - H33, Arq.º Greger Dahlström.
Novidades e tendências em casas de banho
Ao longo deste pequeno exercício de reflexão sobre o que são
e o que poderão ser as casas de banho domésticas já se foram apontando aspectos
de inovação e tendências actuais no desenvolvimento destes espaços.
No entanto será interessante considerar aqui como uma opção fundamental
a escolha entre soluções mais ou menos divididas, e, portanto, tendencialmente,
menos e mais desafogadas, sublinhando-se que este desafogo será sempre sinónimo
de mais funções lúdicas e de saúde das casas de banho (ex., banho e
brincadeiras de crianças, repouso e descontracção de adultos) e da sua maior
capacidade de uso por utentes com reduzidas capacidades de movimentação.
Resolvendo um pouco esta opção Sven Thiberg aponta a possibilidade de se
desenvolver uma concentração das instalações em blocos equipados e subdivididos
de tal maneira que fiquem facilitadas as futuras acções potenciais de fusão
entre diversos compartimentos (3), numa adaptabilidade que poderá ser
estratégica, por exemplo, na relação com o envelhecimento dos habitantes.
Outras tendências referem-se à “tradicional” grande separação
dos espaços que incluem as instalações sanitárias relativamente aos restantes
espaços domésticos, alternativamente, a uma nova tendência em que se fazem
misturas diversificadas, embora naturalmente cuidadas em termos de relações de
privacidade, mas aceitando-se, por exemplo contiguidades que podem ainda chocar
espíritos mais habituados a uma vivência doméstica muito hierarquizada e
repartida em zonas “funcionais”, associando-se, por exemplo, uma pequena casa
de banho à cozinha, uma banheira ao quarto, etc.
Sobre estas perspectivas considera-se que é
fundamental proporcionar uma grande
diversidade de modelos de habitar pormenorizados, que se colam muito melhor às
nossas vidas que são bem distintas umas das outras e que as tornam mais
estimulantes e curiosas; ao contrário da oferta única, sempre, quase da mesma
habitação, com as mesmas zonas funcionais e com os mesmos espaços.
De certa
forma, a casa de banho, porque é o compartimento doméstico mais crítico em
termos de privacidade, é talvez o espaço que pode ser “chave” numa
experimentação mais activa de novas organizações e ideias domésticas, pois
inovando-se, de forma fundamentada, nas casas de banho, será sempre mais fácil
inovar também em outros espaços da casa.
E não tenhamos dúvidas de que o compartimento de que tantas
vezes falamos como “casa de banho”, não o é, realmente, reduzindo-se, sim, a um
repositório de sanitários de catálogo num cenário frio e muito pouco doméstico,
e, portanto, não há que ter dúvidas em inovar no sentido de acabar, de vez, com
este tipo de soluções, que foram afinal soluções que serviram, numa primeira
linha, vendedores de apartamentos e de peças sanitárias.
E, portanto, e pelo menos, no domínio da higiene pessoal e da
saúde pela água há que assegurar a reconquista do ambiente da casa de banho
tradicional, relativamente espaçosa, onde se atribui uma real importância ao
banho de imersão (com virtudes terapêuticas físicas e psíquicas, hoje em dia,
perfeitamente reconhecidas) e dispondo até de algum mobiliário com utilidade
prática específica e fundamental na apropriação e na humanização da casa de
banho. E o banho e as outras funções habitualmente sediadas nas casas de banho
poderão invadir diversificadamente o espaço doméstico, sempre que este espaço
ganhe dimensões mais desafogadas e zonas mais diversificadas.
Notas
(1) Ernest Neufert, "Arte de Projetar em
Arquitetura", p. 184.
(2) Como indica Sven Thiberg ("Housing Research and
Design in Sweden", p. 180), a maioria das casas de banho não têm um espaço
de arrumações bem organizado, e um simples recanto com cerca de 0.60x0.60m de
área permite a instalação de um armário alto com variadas e úteis utilizações
(ex., toalhas, papel, artigos de higiene e beleza, roupa suja, etc.); caso não
se use para este fim, o referido espaço permite a instalação de uma cadeira,
sempre útil no apoio aos banhos e a outros usos da casa de banho.
(3) Sven
Thiberg (Ed.), "Housing Research and Design in Sweden", p. 181.
Nota importante sobre as imagens que
ilustram o artigo:
As imagens que acompanham este artigo e
que irão, também, acompanhar outros artigos desta mesma série editorial foram
recolhidas pelo autor do artigo na visita que realizou à exposição
habitacional "Bo01 City of Tomorrow", que teve lugar em Malmö em
2001.
Aproveita-se para lembrar o grande
interesse desta exposição e para registar que a Bo01 foi organizada pelo
“organismo de exposições habitacionais sueco” (Svensk Bostadsmässa), que
integra o Conselho Nacional de Planeamento e Construção Habitacional (SABO), a
Associação Sueca das Companhias Municipais de Habitação, a Associação Sueca das
Autoridades Locais e quinze municípios suecos; salienta-se ainda que a Bo01
teve apoio financeiro da Comissão Europeia, designadamente, no que se refere ao
desenvolvimento de soluções urbanas sustentáveis no campo da eficácia
energética, bem como apoios técnicos por parte do da Administração Nacional
Sueca da Energia e do Instituto de Ciência e Tecnologia de Lund.
A Bo01 foi o primeiro desenvolvimento/fase
do novo bairro de Malmö, designado como Västra Hamnen (O Porto Oeste) uma
das principais áreas urbanas de desenvolvimento da cidade no futuro.
Mais se refere que, sempre que seja
possível, as imagens recolhidas pelo autor do artigo na Bo01 serão referidas
aos respetivos projetistas dos edifícios visitados; no entanto, o elevado
número de imagens de interiores domésticos então recolhidas dificulta a
identificação dos respetivos projetistas de Arquitetura, não havendo informação
adequada sobre os respetivos designers de equipamento (mobiliário) e eventuais
projetistas de arquitetura de interiores; situação pela qual se apresentam
as devidas desculpas aos respetivos projetistas e designers, tendo-se em conta,
quer as frequentes ausências de referências - que serão, infelizmente, regra em
relação aos referidos designers -, quer os eventuais lapsos ou ausência de referências
aos respetivos projetistas de arquitetura.
Notas
editoriais:
(i) Embora a edição dos
artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo
editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um
significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e
comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos
respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva
responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o
mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e
científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito
significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver
com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo
GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à
respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas
e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Infohabitar, Ano XII, n.º 568
Artigo
LXXXVI da Série habitar e viver melhor
Verdadeiras casas de banho e não simples e frias “instalações sanitárias” - II, Infohabitar n.º 568
Editor: António Baptista
Coelho
– abc@lnec.pt e abc.infohabitar@gmail.com
GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade
Habitacional
Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação -
Olivais Norte.
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