Ligação direta (clicar no link seguinte ou copiar para site de busca) para aceder à listagem interativa de 840 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):
Tipologias
residenciais etariamente dirigidas – versão de trabalho e base documental # 869
Infohabitar
António Baptista Coelho – com base direta nos textos,
ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo
Artigo XXXVII da série editorial da
Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através
de uma Cooperativa a Custo Controlado” “PHAI3C”
Infohabitar, Ano XIX, n.º 869
Edição: quarta-feira, 26 de julho de
2023
Caros
leitores da Infohabitar,
Com
o presente artigo, sobre a habitação intergeracional, continuamos a fazer um
intervalo, que irá, provavelmente até meados do próximo mês de setembro, na
edição da série editorial dedicada à temática geral da “Segregação
sócio-espacial em contexto urbano”, através de um estudo comparativo entre
Braga - Portugal e Aracaju-Brasil, um
conjunto de artigos desenvolvido pelo Professor Anselmo Belém Machado um dos
mais assíduos articulistas da nossa Infohabitar, e a quem muito agradecemos.
Voltámos portanto, desde a última semana, à série
sobre habitação intergeracional no âmbito da proposta de um Programa de
Habitação Adaptável Intergeracional (PHAI3C), que vise oferecer soluções
urbanas e residenciais que promovam a convivência entre diferentes gerações,
que sejam adaptáveis a diferentes modos de vida e adequadas para pessoas com
fragilidades físicas e mentais, sem estigmatização; e que, simultaneamente, e
no referido âmbito intergeracional, ofereça soluções habitacionais para outras
necessidades urgentes, como jovens e pessoas solteiras; e tudo isto com uma
abordagem de gestão participativa, socialmente estimulante e financeiramente
sustentável, que, naturalmente, terá sempre muito a ver com uma promoção
cooperativa marcada por claras preocupações sociais e económicas.
Prevemos concluir esta série editorial sobre habitação
intergeracional em meados do próximo mês de setembro.
Recorda-se,
como sempre, que serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas
sobre os artigos aqui editados e propostas de novos artigos (a enviar, ao meu
cuidado, para abc.infohabitar@gmail.com).
Com
as melhores saudações a todos os caros leitores,
Lisboa,
em 26 de julho de 2023
António
Baptista Coelho
Editor
da Infohabitar
Infohabitar, Ano XIX, n.º 869
Tipologias
residenciais etariamente dirigidas – versão de trabalho e base documental # 869
Infohabitar
António Baptista Coelho – com base direta nos textos,
ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo
Resumo
Depois de se
apresentarem algumas notas introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre
habitação intergeracional avança-se para a temática direcionada para o
privilegiar do desenvolvimento de tipologias residenciais etariamente dirigidas,
repartindo-se a matéria em duas partes: uma delas ligada à renovação
tipológica residencial numa fase tardia da nossa vida e a outra ao
desenvolvimento de tipologias e soluções para habitações amigas dos idosos,
numa reflexão ainda de enquadramento.
A primeira parte aborda sequencialmente a questão do
como habitar melhor numa fase tardia da nossa vida e, depois a relação entre a
renovação tipológica habitacional e a atual “revolução” demográfica, marcada
pelo significativo aumento da população idosa e, finalmente, a questão das
cidades poderem ser especialmente amigáveis para os idosos.
A segunda parte inicia-se com a reflexão sobre uma estratégia
de adequação residencial ao envelhecimento populacional, passando-se, em
seguida, para a caraterização do que poderá ser uma nova era na habitação para
as pessoas idosas, para o interesse que terá a implementação de um plano para uma
habitação amiga dos idosos e, finalmente, para a temática da evolução dos modos
de vida residenciais em relação com o envelhecimento populacional.
Notas
introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre habitação intergeracional
O presente conjunto de artigos
inclui-se numa série editorial dedicada a uma reflexão temática exploratória,
que integra a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada à preparação e
estruturação de um amplo processo de investigação teórico-prático, intitulado
Programa de Habitação Adaptável Intergeracional Cooperativa a Custos
Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser desenvolvido, pelo
autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de Investigação e Inovação
(P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas nestes artigos são,
apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor do PHAI3C e os
numerosos autores neles amplamente citados.
Neste sentido salienta-se o papel
visado para o presente conjunto de artigos, no sentido de se proporcionar uma
divulgação que possa resultar numa desejável e construtiva discussão alargada
sobre as muito urgentes e exigentes matérias da habitação mais adequada para
idosos e pessoas fragilizadas, visando-se, não apenas as suas necessidades e
gostos específicos, mas também o papel e a valia que têm numa sociedade ativa e
integrada.
Nesta perspetiva e tendo-se em conta a
fase preliminar e de trabalho da referida investigação, salienta-se que a forma
e a extensão dos artigos agora listados reflete uma assumida apresentação
comentada, minimamente estruturada, de opiniões e resultados de múltiplas
pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua perspetiva temática focada e
por corresponderem a estudos razoavelmente recentes; forma esta que fica
patente no significativo número de citações – salientadas em itálico –, algumas
delas longas e quase todas incluídas na língua original.
Julga-se que não se poderia atuar de
forma diversa quando se pretende, como é o caso, chegar, cuidadosamente, a
resultados teórico-práticos funcionais e aplicáveis na prática, e não apenas a
uma reflexão pessoal sobre uma matéria tão sensível e complexa como é a
habitação intergeracional adaptável desenvolvida por uma cooperativa a custos
controlados e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.
Tipologias
residenciais etariamente dirigidas – versão de trabalho e base documental # 869
Infohabitar
Índice geral (entre
parêntesis, n.º de página do item)
1. Renovação tipológica residencial numa fase tardia
da nossa vida (3)
1.1. Como habitar melhor numa fase tardia da nossa
vida (3)
1.2. Renovadas tipologias habitacionais e
“revolução” demográfica (7)
1.3. A propósito das cidades onde envelhecemos (9)
2. Tipologias e soluções para habitações amigas dos
idosos (11)
2.1. Estratégia de adequação residencial ao envelhecimento
populacional (11)
2.2. Uma nova era na habitação para as pessoas
idosas (13)
2.3. Implementar um plano para a habitação amiga dos
idosos (15)
2.4. Evolução dos modos de vida residenciais e
envelhecimento populacional (23)
Bibliografia (26)
Nota específica relativa às
citações: tal como foi acima sublinhado nas
“Notas introdutórias”, e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho do
presente estudo, ele inclui numerosas citações, todas salientadas em texto a itálico,
reentrante e em tipo de letra “Arial Narrow”, algumas delas longas e quase
todas apresentadas na respetiva língua original; em termos formais e tendo-se
em conta essa grande frequência de citações, optou-se, por regra, pela respetiva
indicação da fonte documental, respetivo título e autoria, no corpo de texto e em
nota de pé de página ou de final de artigo (conforme a edição), seguindo-se a(s)
respetiva(s) citação(ões) com a indicação, posterior, do(s) respetivo(s) número(s)
de página(s) entre parêntesis – ex: (pg. 26) –, e, em alguns casos, mas não por
regra, repetindo-se a indicação específica ao documento que “está a ser
referido” e/ou à sua respetiva autoria.
Specific note regarding
citations: as highlighted above in the
“Introductory Notes”, and taking into account the preliminary and working phase
of the present study, it includes numerous citations, all highlighted in
italicized text, reentrant and in font type. letter “Arial Narrow”, some of
them long and almost all presented in their original language; in formal terms
and taking into account this high frequency of citations, we opted, as a rule,
for the respective indication of the documentary source, respective title and
authorship, in the body of the text and in a footnote or at the end of the
article (according to the edition), followed by the respective citation(s) with
the subsequent indication of the respective page number(s) in parentheses – ex:
( pg. 26) – and, in some cases, but not as a rule, repeating the specific
indication of the document that “is being referred to” and/or its respective
authorship.
1.
Renovação tipológica residencial numa fase tardia da nossa vida
1.1. Como habitar melhor numa fase tardia da nossa vida
Continuando na mesma temática
ligada ao desenvolvimento de tipologias residenciais amigas das pessoas idosas
e de muitos outros habitantes que desejam condições de vida diária agradáveis,
atraentes, geracionalmente bem integradas e apoiadas por espaços e serviços
comuns salienta-se, agora, o estudo desenvolvido pela empresa promotora
habitacional McCarthy & Stone, intitulado London manifesto for housing
in later life, que integra um conjunto de considerações e reflexões, que
são, em seguida, parcialmente apontadas e comentadas. [1]
Uma ideia que não é só desta
promotora de habitação refere-se à aplicação do estatuto e dos apoios oficiais
ligados à habitação de interesse social à “habitação para a aposentação” ou a
uma habitação para idosos devidamente enquadrada em termos recomendativos e
dirigida para um amplo grupo social, tal como é apontado no referido estudo da McCarthy
& Stone. (pg. 5)
Importa no entanto ter em conta
as especificidades de uma habitação amiga dos idosos, que influenciam a sua
disponibilidade, designadamente, em importantes zonas urbanas.
Do referido documento da McCarthy
& Stone, intitulado London manifesto for housing in later life, salientamos
então alguns aspetos que caaterizam uma habitação amiga dos mais idosos: (negrito
nosso)
. Be located close to local shops,
services and transport links which tend to be sites on expensive brownfield
land
. Include shared living spaces such as lounges and
guest suites, typically around 30% of total floor space
. Include design features such as
wheelchair accessibility and level access
. Provide estate management
services and, in the case of Extra Care, domestic support and personal care
assistance
. Restrict occupation of homes to older people aged
60 and above (or 70 for Extra Care properties) meaning a different marketing
approach and typically longer sales periods
. Complete the whole development in one go. Potential
homeowners like to view apartments before buying, making it difficult to phase
developments and resulting in a large financial outlay per site before any
return is made. (pg. 5)
A promotora McCarthy & Stone
carateriza o “seu” modelo de “habitação para a aposentação” como influenciador
dos respetivos proprietários no sentido de terem vidas ativas e independentes
num quadro residencial facilitador da vida diária e construído no cumprimento
das regras que definem a “habitação para toda a vida” (Lifetime Home
standards); sendo o número total de apartamentos frequentemente abaixo de
50, integrados num edifício baixo (ex., três pisos) e disponibilizando pequenas
tipologias (T1 e T2), mais alguns espaços comuns interiores (bastante
delimitados). (pg. 8)
Nestes Lifetime Home
standards a McCarthy & Stone aponta um interessante conjunto de aspetos
que deverão caraterizar as habitações para pessoas com mais de 60 anos:
It provides high-quality
apartments exclusively for those aged 60 and over, offering security,
independence and companionship among like-minded people.
Our site-based House
Managers, who
are available to offer help and assistance, are responsible for the day-to-day
running of each development.
Features:
. Exclusively for people aged 60
and above
. One and two-bedroom apartments
. House Manager and emergency call
line
. Independent living in
privately-owned, owner-occupied apartments
. Built to Lifetime Homes standards
. Shared homeowners’ lounge
. Lifts to all floors and secure
camera entry system
. Guest suite and landscaped gardens
Site
criteria
.. Within half a mile/easy
walk of shops for day-to-day needs [800 m]
.Good public transport links
. Land of 0.5 to 1.5 acres
(0.2 to 0.6 hectares)
. Centrally located,
typically brownfield land [zonas industriais]
. Close to amenities with level
access
. Scope for three-storey
(or higher) development
(pg. 8, 9)
Dos elementos apontados pela empresa
McCarthy & Stone retiram-se aspetos práticos interessantes, bem como uma
referência que dá que pensar no que se refere à oferta “de segurança,
independência e companheirismo entre
pessoas afins.”
Isto porque será sempre mais fácil
operar este tipo de conjuntos entre pessoas com idênticas referências
socioculturais; e então a mistura social? Mas como fazê-la?
Um aspeto importante que podemos
retirar das imagens ilustrativas disponíveis no site da empresa, é a
“sensibilidade” dos espaços domésticos criados, em termos de microzonamentos
potenciais, a uma arquitectura de interiores muito completa e qualificada, o
que evidentemente dependerá de cada um ou de cada família no que se refere à
respetiva ocupação com mobiliário e todos os outros elementos de apropriação
doméstica – o que é um assunto que sempre nos leva longe, pois há algumas
pessoas e famílias que têm êxito nesta apropriação, mas a maioria provavelmente
não terá tal êxito, acabando as habitações por serem muito diferentes daquelas
apresentadas como modelos no site, isto a não ser que as habitações sejam
arrendadas mobiladas e que exista possibilidade de aconselhamento no mobilar e
na apropriação da habitação (tal como acontece em alguns promotores de
habitação para idosos, designadamente, nos EUA); a não ser no caso das cozinhas
e casas de banho que estão já muito funcionalmente organizadas.
E do próprio site da McCarthy
& Stone retiram-se
alguns aspetos interessantes a esse nível: [2](negrito nosso)
… All of
our independent senior living properties are designed with intelligent ergonomics to ensure they are a joy to live
in, energy efficient, light and warm. They have the latest safety features
built in,
including a 24-hour emergency call system, fire detection and video door entry,
as well as the reassurance of a manager onsite at all times. Many have private balconies
and patios. Car parking is usually available too.
Um excelente ambiente residencial que
se prolonga por adequados espaços comuns, referidos e caraterizados no site da McCarthy &
Stone: (negrito nosso)
In our
retirement complexes you'll find lounges, large gardens and roof terraces designed
for socialising and relaxing. These communal facilities soon become social hubs – a hive of informal
gatherings, regular clubs, events and meet-ups. There's things like film nights, gardening clubs, pie and
mash lunches, knitting clubs and cocktails. Best of all, we take on all the maintenance of
shared areas, inside and out, so you can devote your time to the things you
most enjoy.
E ainda do mesmo site da McCarthy
& Stone encontramos a referência desenvolvida a um “gestor local”, com
variadas atribuições e disponível durante as horas de serviço, à existência de
suites tipo hotel para estadia de hóspedes,
a aspetos igualmente muito úteis para a vida diária, tais como um
serviço “plus” - que assegura limpeza doméstica,
compras correntes, acompanhamento a consultas marcadas e lavandaria – e até a
aspetos especiais da nossa vida como apoios na compra e venda do apartamento,
apoio na mudança de casa, e até, eventualmente um serviço de renta Car, tipo
“clube”, que facilita o aluguer de uma viatura quando desejado; e isto para
além da permissão de mascotes.
Um outro aspeto interessante, ainda
retirado do site da empresa, é a disponibilidade de apartamentos para venda e
para arrendar, todos eles devidamente apresentados no mesmo site.
Voltando ao documento que está a ser
comentado [3], importa referir que nele se faz uma
apresentação das caraterísticas das promoções residenciais dedicadas a
“Habitação Assistida” (Assisted Living), que disponibiliza cuidados
pessoais especiais (Extra Care) e que é dedicada a pessoas 70+; um modelo residencial
que junta ao anterior modelo de “habitação para a aposentação” (que é
naturalmente o mais similar ao nosso PHAI3C), um “serviço de cuidados
pessoais”, um restaurante com serviço de mesa completo com refeições feitas na
altura e no local, e ainda compartimentos
diversos de apoio incluindo uma pequena garagem para scooters elétricas;
estando a equipa de gestão presente numa base de 24 horas. (pg. 9, 10)
A empresa também desenvolve conjuntos
residenciais onde integra os dois tipos de habitação apontados: “para a
aposentação”, e “assistida”; o que, muito provavelmente, será um dos “segredos”
para a sua viabilidade. (pg. 10)
Para além destes dois tipos de
conjuntos residenciais a McCarthy & Stone tem ainda uma solução para
“jovens idosos” (55+), as Ortus Homes (essencialmente do tipo T2):
… designed for more
active retirees who seek an alternative to traditional retirement housing
schemes but recognise the benefits of age-exclusive developments.
… it is designed for people
wanting to downsize into high-quality,
well-located and low-maintenance apartments.
Developments have fewer
units than our core products, with more car parking and larger apartments. They are intelligently and
attractively designed to future-proof later living.
Their age-exclusivity
means that security and lifestyle is a focus, and privacy and personal space is
a key consideration.
The more active nature of these homeowners allows us to look for new land
opportunities away from our traditional locations. (pg.
10)
Quem sabe não possa ser este um dos
caminhos tipológicos para o PHAI3C, sendo muito interessante atentar,
cuidadosamente, na qualificação pormenorizada que é acima registada e
salientada a negrito.
1.2. Renovadas tipologias habitacionais e “revolução” demográfica
Relativamente à temática das
novas tipologias habitacionais Luís Morgado desenvolveu, com a coordenação de
António Reis Cabrita, um extenso estudo intitulado Tipos Emergentes de
Habitação, infelizmente ainda pouco
divulgado, onde são apontadas diversas
considerações que são, em seguida, muito parcialmente, apontadas e minimamente
comentadas, designadamente, nos aspetos mais ligados à promoção de conjuntos
residenciais amigos dos idosos com caraterísticas intergeracionais participadas
e apoiados por espaços e serviços comuns. [4] (negrito nosso)
Um dos aspetos que, afinal, foi já
abordado no último item, no que se refere à realidade europeia em 2009 e que já
sucedia em 2005, é o aumento grande das famílias unipessoais, UE em 1995 cerca
de 42 milhões prevendo-se mais 30 a 40% para 2025; constituindo cerca de 10% da
população no sul da Europa em 2025, sendo cerca de 1 milhão em Portugal;
influenciando uma acumulação de problemas de solidão, falta de assistência e
redução de rendimentos (pg. 62), que, dizemos nós, serão mais graves quando
aplicados à população idosa.
A ideia, tal comos e entenderá, e tal
como já antes se avançou, é associar esta existência de numerosas pessoas que
vivem sozinhas ou em casais sem filhos (tendência esta que também é crescente
no mundo ocidental) à oportunidade do desenvolvimento de soluções residenciais
intergeracionais, participadas, apoiadas por serviços domésticos e pessoais e
associadas a intervenções funcionalmente mistas – e cá temos o PHAI3C.
Neste sentido julga-se que a principal
reflexão a desenvolver em termos tipológicos e ao nível do que poderão ser os
fogos a privilegiar, poderá basear-se numa escolha a ser feita entre uma
“célula privada”, mais ou menos compartimentada, situada entre:
. o tipo “T0 –“ , que na prática
também poderemos caraterizar como uma pequena suite de hotel, integrando uma pequena zona de
entrada, uma ampla zona de estar e quarto, espaço este desejavelmente
privatizado, uma pequena bancada de apoio a preparação de refeições pouco
elaboradas, espaços funcionais de arrumação; casa de banho funcional e pequeno
espaço exterior privado;
. e o tipo “T1 +”,
incluindo uma pequena zona de entrada, sala-comum espaçosa, zona de cozinha
mínima, mas funcional, e quarto independente espaçoso, mais amplos espaços de arrumação,
uma boa casa de banho, uma alcova ou recanto multifuncional, a utilizar de
forma diversificada, desde espaço de trabalho profissional a espaço para
dormida eventual e um razoável espaço exterior privado.
A compartimentação poderá ter opções
mais ou menos abertas e flexíveis (ex., através de painéis de correr) e poderá
ser feita em painéis “leves”, mas sempre cuidando-se do adequado isolamento
sonoro relativamente aos espaços: de fogos contíguos, comuns, e exteriores.
Na prática não tenhamos dúvidas de que
é possível, com boa Arquitetura, fazer excelentes pequenas habitações destas
tipologias e, designadamente, quando bem apoiadas por espaços comuns conviviais
e por serviços de apoio domiciliar, e estando tudo isto muito bem integrado numa
excelente solução arquitetónica edificada: então poderemos proporcionar
condições residenciais extremamente adequadas a quem não precisa, realmente, de
mais do que um espaço doméstico minimizado, embora obrigatoriamente muito bem
pormenorizado, e/ou a quem não quer, ou não pode, dedicar muito tempo ao seu
espaço doméstico; e esta condição pode ser bem sentida e vivida por exemplo em
determinadas cadeias hoteleiras e designadamente em algumas marcas do tipo
aparthotel.
Também vale a pena referir que, por
vezes, certas pequenas tipologias residenciais que são, frequentemente,
desenvolvidas para contextos turísticos, por exemplo, através de alongadas e
orgânicas galerias exteriores que vão servindo baterias compactas de fogos
muito alongados, também podem servir como interessantes modelos para as
tipologias a que aqui nos dedicamos; havendo, por exemplo, aproximações entre
essas tipologias “turísticas” e as soluções mínimas, super-pormenorizadas e
volumetricamente ergonómicas aplicadas nas “caravanas” e nos pequenos barcos de
recreio; gerando-se, por vezes, soluções domésticas muito interessantes e
funcionais designadamente para pessoas mais jovens (ex., arrumação muito
alongada aproveitando desvão entre teto falso baixo e laje).
Evidentemente que uma aposta em pequenos
fogos ou mesmo estúdios terá de se apoiar numa adequada orientação, não se
recomendando as monorientações aos quadrantes próximos do Norte.
1.3. A propósito das cidades onde envelhecemos
Continuando na temática ligada ao
desenvolvimento de tipologias residenciais amigas das pessoas idosas e de
muitos outros habitantes que desejam condições de vida diária agradáveis,
atraentes, geracionalmente bem integradas e apoiadas por espaços e serviços
comuns salienta-se, agora, o estudo coordenado por Mauro Oliveri (diretor do
projeto) e desenvolvido pelas empresas Arup, Help Age International, Intel e
Systematica, intitulado Shaping
Ageing Cities - 10 European case studies, que integra um conjunto de considerações e
reflexões, que são, em seguida, parcialmente apontadas e comentadas: [5] (negrito nosso)
A questão de uma verdadeira e amigável
habitabilidade da vizinhança é um aspeto essencial e que deve permear e
“casar-se” com a respetiva tipologia edificada e de quarteirão; um aspeto que evidentemente
não é exclusivo da habitação amiga dos idosos e fragilizados, mas que é, para
estes, essencial, se quisermos, como devemos querer, que eles usem a vizinhança
e indiretamente a cidade de forma intensa e frequente, tal como é referido no
estudo coordenado por Mauro Oliveri: (negrito nosso)
Travel distances, the availability of green spaces,
the general level of connectivity, streets, building and public spaces
typologies, and the urban grain all influence the lives of older people in
their neighbourhoods. (pg. 44)
Tais relacionamentos tipológicos
estendem-se às soluções domésticas e podem construir estimulantes pontes que
ultrapassam níveis físicos, ligando, por exemplo, ao nível térreo, o interior
doméstico ao espaço de uso público e o interior doméstico a espaços exteriores
privados e marcados por uma assumida “externalidade”, que pode, por exemplo,
ser muito fundida com a natureza; aspetos estes bem registados no estudo que
está a ser referido:
Aged housing types … they influence the
daily paths that people take when crossing the threshold of their homes, or the availability and
typologies of green areas they have (e.g. public, semipublic, private).
Similarly, the
facades define street fronts and contribute to street life. (pg.
45)
Neste estudo coordenado por Mauro
Oliveri aponta-se que “a vida doméstica
privada é influenciada pela forma dos quarteirões” (pg. 46) e pela posição e
relacionamento do respetivo fogo no quarteirão, sendo assim possível atribuir
variadas “formas” de fogos diversamente relacionadas com variados exteriores a
pessoas e agregados com distintos modos e necessidades vivenciais,
designadamente, a pessoas idosas – que serão sempre as mais sensíveis a tais
relações; é também por isto que faz todo o sentido falar de “arquitetura
urbana”, neste caso, basicamente residencial, embora devendo integrar outras
funções urbanas; aspetos estes evidenciados no estudo que está a ser referido e
numa relação mais direta com casos urbanos concretos:
The cases studied refer mainly
to 4 typologies. Alfama (Lisbon) is the historic city, with narrow but lively
streets. Uccle and 7e Arrondissement (Paris) have the shape of courtyards,
Uccle being more green the 7e Ar. being denser… (pg. 46)
Housing typology design
changes considerably in-door and out-door daily life for older people. The accessibility of
buildings, their flexibility to change over the years, the open spaces that they design and the relation
that they configure with the street can facilitate or impede older people’s
lives. (pg.
46)
Edifícios baixos e bem conjugados com
o solo e as envolventes estarão muito habilitados a aceitarem uma variada e
flexível família de fogos térreos, mais ou menos ligados a espaços exteriores;
sendo neste quadro muito importante concretizar adequadas medidas de segurança
pública, visando o bem-estar e a paz de espírito dos idosos que vivam ao nível
térreo.
No referido estudo coordenado por
Mauro Oliveri apurou-se que o transporte público e o andar a pé são as formas
de deslocação mais usadas pela população com 65+ em meio urbano (pg. 50); sendo
que a disseminação e o adequado tratamento dos “pontos” de paragem natural, que
vão sincopando os percursos pedonais, deverão estar bem integrados no projeto
pormenorizado das vizinhanças, conforme é, em seguida, citado:
3 km/h is the average
walking speed of 65+ people (all average walking speed is 4.8 km/h). 44% of daily
trips done by 65+ people occur by public transport. (pg. 51)
The level of integration
of the road network and an adequate density and permeability of public
transport facilities ensure a reduction of walking distances and thus greater accessibility
for all categories of older people.
In urban districts with
higher densities of older residents, the urban environment has to be
agefriendly, safe,
free from physical obstructions; roads need to be well-designed, regular, well
equipped with specifi c physical structures as islands, and tailored traffi c
signals, to ensure safe pedestrian crossings.
The design and the location
of stops represent key factors influencing accessibility and active ageing. (pg. 52)
Concluindo, para já, esta matéria
considera-se que devia ser considerado o equipamento das vizinhanças ou, pelo
menos, de alguns “pontos” mais importantes das mesmas com sinal de wifi;
que acaba por poder ser tão importante para os idosos em termos de contatos de
segurança, como em termos conviviais (também importantes), tal como é salientado
no estudo que está a ser referido:
There
are primarily two ways, in which social media could be beneficial for older
people in an urban environment. Firstly, it can help combat the loneliness and
isolation that many older people experience. A second interesting factor is the
impact that on-line interaction activities could have on real life encounters. (pg.
58)
2.
Tipologias e soluções para habitações amigas dos idosos
2.1. Estratégia de adequação residencial ao envelhecimento populacional
Continuando na temática ligada ao
desenvolvimento de tipologias residenciais amigas das pessoas idosas e de
muitos outros habitantes que desejam condições de vida diária agradáveis,
atraentes, geracionalmente bem integradas e apoiadas por espaços e serviços
comuns salienta-se, agora, o estudo desenvolvido por Andrea Davies, no âmbito
do Local Government Information Unit (LGiU), intitulado Policy Briefing -
HAPPI 2 - Housing our Ageing Population: Plan for Implementation, que
integra um conjunto de considerações e reflexões, que são, em seguida,
parcialmente apontadas e comentadas: [6] (negrito nosso)
HAPPI highlighted the
determining role of design in making age-inclusive housing a reality. It
identified the following ten critical design elements:
- generous internal space standards
- circulation spaces
avoiding an ‘institutional’ feel and facilitating interaction
- lots of natural
light – not only in the home but in ‘circulation’ spaces
- shared facilities, and
‘community hubs’ in neighbourhoods without a hub
- balconies and
outdoor space, doing away with internal corridors
- ‘care aware’ design for
emerging telecare and telehealthcare technologies
- high energy efficiency and
ventilation standards avoiding overheating
- ‘home zones’ with
priority to pedestrians
- extra storage for
belongings, and for bicycles
- plants and trees.
Um aspeto determinante a ter em conta
na promoção de soluções residenciais integradas por espaços e equipamentos
comuns é o respetivo desenvolvimento deste nível comum nestas soluções.
Importa considerar, assim, que para
além de critérios de espaciosidade privada que não podem estar próximos de
condições mínimas, há
que prever um expressivo desenvolvimento de um amplo leque de espaços e
equipamentos comuns.
No Reino Unido o importante programa
ligado especificamente à melhoria habitacional do crescente número de idosos,
designado Housing our Ageing Population (HAPPI) tem procurado apurar os elementos de conceção
considerados “críticos” para se tornar realidade uma habitação etariamente
inclusiva – conceito este que se considera especialmente interessante e
importante.
Há que ter presente que um tal
desenvolvimento do “mundo comum” residencial pode “absorver até 40% da área
total de construção”, neste caso quando se visam soluções que proporcionam “cuidados
pessoais especiais” – e que, no Reino Unido, têm de cumprir Extra Care Standards (salas comuns e de refeições
espaçosas, casas de banho assistidas e escritórios de apoio em cada nível
edificado), tal como se refere no referido estudo de Andrea Davies. (pg. 2)
Naturalmente que novas habitações para
idosos espacialmente idênticas, em termos de standards, às habitações onde eles
vivem, não terão um tal peso em termos de espaços e equipamentos comuns, sendo
que poerá acontecer, até, uma estratégica redução da respetiva espaciosidade
global devido a uma provável redução tipológica em termos do número de quartos
por fogo, o que não afetará o desejável desafogo espacial dos novos fogos para
idosos, caso contrário estes dificilmente serão atraídos para uma mudança,
sempre trabalhosa e ainda mais quando somos idosos, e que, portanto terá de nos
proporcionar um conjunto bem apelativo de vantagens (ex., localização, serviços
comuns, atratividade formal da solução geral, excelente pormenorização
arquitetónica dos espaços privados, etc.); todos estes aspetos que, tal como se
refere no estudo de tal como se refere no referido estudo de Andrea Davies que
está a ser abordado, influenciam a decisão de mudar, ou não, de habitação
quando chegamos à velhice:
The
HAPPI 2 inquiry Members heard that “upwards from 80% of older people choose to
stay put in their homes”. However, the HAPPI 2 report stresses that older
people are extremely reluctant to downsize, despite the cost of energy and home
maintenance, and the difficulty of hazardous steps and stairs. The report therefore cautions
against compromising its recommended standards: “Only if the alternative
is of sufficient size and attractiveness will, with all the HAPPI components,
will this drive for meeting the housing standards of young and old be realized.” (pg.
4)
2.2. Uma nova era na habitação para as pessoas idosas
Continuando na temática ligada ao
desenvolvimento de tipologias residenciais amigas das pessoas idosas e de
muitos outros habitantes que desejam condições de vida diária agradáveis,
atraentes, geracionalmente bem integradas e apoiadas por espaços e serviços
comuns salienta-se, agora, o artigo de Jeremy Porteus, Diretor da Housing LIN
(importante entidade de investigação prátcio-teórica do Reino Unido),
intitulado El juego de las generaciones: una nueva era de la vivienda para
personas mayores, que integra um
conjunto de considerações e reflexões, que são, em seguida, parcialmente
apontadas e comentadas: [7] (negrito nosso)
A problemática da habitação
desenvolvida com uma atenção específica aos idosos e fragilizados, está
pontuada, tal como é apontado por muitos autores, por um leque muito amplo de
conceitos residenciais e respetivas designações, o que não nos deve assustar
pois talvez o principal aspeto a considerar na respetiva resolução será a
existência de um muito amplo leque de respostas e até, desejavelmente, marcadas
por caraterísticas únicas, ligadas ao sítio, ou aos objetivos específicos da
intervenção, ou ainda a eventuais caraterísticas prevalecentes nos seus
habitantes; e tudo isto contribuindo para um essencial afastamento de respostas
uniformizadoras e institucionalizadas, que, afinal e com alguma naturalidade,
são cada vez mais delimitadas para a resposta a situações humanas já marcadas
por uma grande dependência e por cuidados pessoais muito elaborados.
Uma das organizações que esteve
e está na linha da frente da reflexão e da intervenção prática nestas matérias
é a Housing Learning and Improvement Network (LIN) “uma rede
cuidadosamente estruturada que agrega profissionais das áreas da habitação, da
saúde e dos cuidados sociai de Inglaterra, Gales e Escócia, visando,
designadamente, salientar soluções habitacionais inovadoras para uma população
em envelhecimento”, cujo conhecimento é obrigatório, designadamente, através
das ações de formação e informação gratuitas e com elevada qualidade, que
estão, constantemente a desenvolver e através do enorme manancial de informação
técnica disponibilizado no seu excelente site [8],
que, desde já aqui se sublinha, foi essencial para o desenvolvimento deste
estudo sobre o PHAI3C.
O estudo/artigo que está aqui a
ser especificamente referido foi elaborado por Jeremy Porteus, que dirige a
Housing LIN.
Neste sentido considera-se útil ir
“colecionando” conceitos e designações de soluções de habitação mais ou menos
assistida e é neste caso que se integra, por exemplo, a designada “habitação
com cuidados e apoios” (housing with care and support), caraterizando,
provavelmente, um nível assistencial já bastante elevado e marcado pela
disponibilização de serviços e cuidados 24/24 horas os 7 dias da semana, tal
como se aponta no artigo de Jeremy Porteus. (pg. 57)
No trabalho de Jeremy Porteus que está
ser referido aponta-se a seguinte sequência de soluções residenciais para
idosos: (pg. 62, retirada do Affordability later in life. The Housing Forum, 2011) (negrito nosso)
. Habitação
corrente – proporcionando permanecer na sua casa com eventuais cuidados
prestados no domicílio.
. Habitação
protegida – proporcionando uma vida independente, associada a cuidados
prestados no domicílio.
.
Habitação assistida – proporcionando viver com
apoios de assistência com cuidados flexíveis disponíveis; entre os quais
eventuais cuidados “extra”.
. Residências,
residências assistidas e residências para pessoas com demências –
proporcionando viver com atenções e cuidados assistenciais e de enfermagem
24/24 horas.
. Comunidades
para idosos com cuidados continuados.
Na listagem acima registada
foi, naturalmente, salientada a negrito a opção da vida independente apoiada
por diversos serviços domiciliares, que parece ter muito a ver com a ideia
residencial ligada ao PHAI3C: proporcionar uma nova solução residencial, muito
bem qualificada e apurada em termos dos espaços domésticos privados,
complementada com um rico conjunto de espaços e atividades comuns e apoiada por
um leque de serviços domiciliares, escolhidos “à la carte”, que
facilitem o dia-a-dia habitacional e habilitem os residentes para um máximo
aproveitamento do seu tempo em termos de uma grande diversidade de atividades
privadas e comuns; sendo que, complementar e eventualmente, também existirão
apoios pessoais ligados ao bem-estar e à saúde, mas não sendo estes apoios
elementos caraterizadores desta solução.
No estudo que está a ser referido
cita-se, especificamente, o relatório intitulado Alojando a nuestra Población
Mayor: Panel para la Innovación de alto perfil, de junho de 2008, onde aponta-se
uma listagem de caraterísticas específicas que devem ter as “novas habitações
especializadas para satisfazer, no futuro, as necessidades e aspirações dos
idosos”.
Importa também ter em conta, ao nível
da respetiva influência em termos de eventuais reservas funcionais na conceção
arquitetónica, a tipologia de serviços de apoio domiciliares e pessoais
previstos e potencialmente acrescentáveis, à medida que vão sendo solicitados,
pois as condições de apoio a um pacote restrito de serviços domiciliares
simplificados (ex., limpeza, manutenção periódica e eventual) são naturalmente
bem distintas das associadas a uma assistência de saúde e bem-estar com
eventual caráter de enfermagem e disponível 24horas/7dias semana.
2.3. Implementar um plano para a habitação amiga dos idosos
Continuando na temática ligada ao
desenvolvimento de tipologias residenciais amigas das pessoas idosas e de
muitos outros habitantes que desejam condições de vida diária agradáveis,
atraentes, geracionalmente bem integradas e apoiadas por espaços e serviços
comuns salienta-se, agora, o muito importante e bem estruturado estudo de
Richard Best e Jeremy Porteus, intitulado Housing our Ageing Population:
Plan for Implementation HAPPI 2, que
integra um conjunto de considerações e reflexões, que são, em seguida, parcialmente
apontadas e comentadas. [9] (negrito e sublinhado nossos)
Os referidos autores avançam na
pesquisa e estruturação do que poderá ser feito em termos do desenvolvimento de
novas modalidades habitacionais que
possam responder ao exponencial aumento das necessidades de uma população cada
vez mais envelhecida; e como o foco está centrado na oferta residencial a
designação escolhida foi Housing
our Ageing Population: Plan for Implementation – HAPPI. (pg. 5)
A investigação de Richard Best e
Jeremy Porteus, desenvolvida no âmbito do HAPPI (Housing our Ageing
Population: Plan for Implementation) e que está a ser referida, identificou um conjunto de 10
elementos arquitetónicos espácio-funcionais que são considerados críticos para
o desenvolvimento de promoções habitacionais etariamente inclusivas: (pg. 7)
- generous internal space standards
- plenty of natural light in the home and in circulation spaces
- Balconies and outdoor space, avoiding internal corridors and
single-aspect flats
- adaptability and ‘care aware’ design which is ready for emerging
telecare and
telehealthcare technologies
- circulation spaces that encourage interaction and avoid an
‘institutional feel’
- shared facilities and community ‘hubs’ where these are lacking in
the neighbourhood
- plants, trees, and the natural environment
- high levels of energy efficiency, with good ventilation to avoid
overheating
- extra storage for belongings and bicycles
- shared external areas such as ‘home zones’ that give priority to
pedestrians (pg. 7)
Desde a publicação deste trabalho os
seus autores , Richard Best e Jeremy Porteus, consideram que se desenvolveu uma
sensibilização das autarquias locais para a importância direta deste tipo de
promoção habitacional e para a sua importância indireta na libertação de
habitações com elevadas tipologias e que se encontravam subocupadas por pessoas
idosas. (pg. 10)
Um outro aspeto que tem vindo a ser
salientado nesta matéria e que é registado no documento que está a ser
referido, é a
importância que tem a conceção arquitetónica das soluções amigas dos idosos na
promoção de uma sua vida independente (independence by design) e durante um período temporal
prolongado, com naturais resultados positivos em termos de qualidade de vida e
de redução das respetivas despesas com a saúde, tal como se aponta no estudo
que está a ser referido. (pg. 10)
Nesta perspetiva cita-se, em seguida,
uma significativa listagem de resultados que o Sunderland City Council - no seu Enabling Independence Design Guide - identificou como resultantes da sua
própria dinamização de promoções residenciais que respeitam os princípios HAPPI,
e que são apontados no estudo de Richard Best e Jeremy Porteus que está a ser
referido: (pg. 10; negrito nosso)
. Keeping couples together
within their own homes
. Enabling older households
to live in their own homes independently for longer
. Giving people a choice of
tenure which best meets their
financial circumstances
. Offering sustainable
accommodation which
is well insulated, warm and efficient
. Resolving under
occupation by
providing accommodation which meets the needs and aspirations of older
households
. Delivering more
personalised care to
individuals
. Reducing carer fatigue with increased support to
carers from care staff and peers
. Delivering accommodation
which prevents bed-blocking in hospitals enabling people to be re-skilled and reabled
in a domestic setting before returning to their home
Consideram-se todos os aspetos desta
listagem extremamente importantes como justificadores de um processo urgente de
apoio alternativo à permanência dos idosos nas suas habitações estrategicamente
adaptadas e melhoradas ou à sua mudança para novas tipologias habitacionais
intergeracionais participadas e equipadas; tornando-se assim qualquer uma
destas mudanças atraente e estratégica e perfeitamente integradas no que pode
ser um excelente desígnio nacional, com ótimas influências quer na rotação
geracional de muitas habitações com elevada tipologia (ex., T3 e T4), quer na
dinamização da atividade de construção civil, tanto ao nível de pequenas
empresas, perfeitamente capazes de assegurar as referidas intervenções
domésticas de adaptação à vida dos idosos, quer ao nível de empresas maiores no
que se refere à construção de intervenções edificadas e bem disseminadas do
PHAI3C.
O desenvolvimento dos espaços comuns
das intervenções residenciais amigas dos idosos, um aspeto que é considerado
crítico nestas promoções pois pode absorver uma parte significativa dos
respetivos espaços construídos: até cerca de 40% da área total, tal como se
salienta no estudo que está a ser referido . (pg. 11)
Teremos assim, por um lado, a
vontade de fazer crescer a extensão e a diversificação dos espaços comuns,
construindo-se uma atraente sequência de ambientes multifuncionais e mesmo
lúdicos (ex., grandes zonas de estar
microzonadas, conviviais espaços de refeições, zonas de SPA, banhos assistidos
em cada nível residencial, minicinemas, lojas, etc.), e, por outro lado, a
exigência de uma sustentabilidade financeira inicial e de manutenção do conjunto,
que terá de avançar em três frentes que mutuamente se equilibrem: a redução dessas zonas e a aposta em instalações
multifuncionais; o aumento
de escala das intervenções, para poderem ter uma maior massa crítica de
residentes a custear as instalações e os espaços comuns – caminho este que irá
ter de ser harmonizado com as conhecidas vantagens conviviais e de gestão de
conjuntos mais pequenos; e a aliança promocional destas intervenções com a ação
e as iniciativas de diversas instituições que possam apoiar na respetiva
partilha de custos, que assim não irão recair apenas sobre os residentes, tal
como se refere no estudo de Richard Best e Jeremy Porteus aqui referido (pg.
11) – uma condição que provavelmente só será possível se a iniciativa estiver bem
enquadrada em termos da promoção de habitação de interesse social, aspeto este
que é considerado essencial no âmbito do PHAI3C.
Numa perspetiva prática e considerando
o atual esboço de tipificação do PHAI3C, podemos avançar, desde já, que
mudanças significativas relativamente aos atuais conhecimentos e referências
sobre as áreas e os dimensionamentos mínimos e, especialmente, recomendáveis a
aplicar nos respetivos apartamentos, que serão tendencialmente de pequenas
tipologias (provavelmente entre T0 e T2+), não serão de esperar; havendo, no
entanto, todo um amplo campo de estudo prático-teórico relativamente aos
espaços comuns do PHAI3C, seja no que se refere à sua tipificação e diversidade
funcional, seja aos aspetos de conceção que aí deverão ser aplicados e que
temos estado, já, a apontar, a propósito de variados aspetos de reflexão, tal
como acabámos de fazer ao sugerir a relativa “redução” dessas zonas
(relativamente a um seu grande potencial funcional e espacial) e a respetiva e cuidadosa
aposta em instalações multifuncionais, considerando, por exemplo, harmonização
de funções, aplicação de acabamentos muito duráveis e versáteis no seu uso e
estratégias de distribuição temporal das respetivas atividades.
Neste sentido e no excelente estudo de
Richard Best e Jeremy Porteus que tem estado a ser referido, há uma fotografia
de um espaço comum muto atraente e digno, embora relativamente “concentrado” em
termos de espaciosidade global e de microfuncionalidades, sendo isto idêntico
ao que acontece nos bons espaços conviviais hoteleiros de um hotel, onde “ninguém” se vai sentar num
espaço já meio ocupado por outrem, havendo portanto que multiplicar subespaços
tornados atraentes por caraterísticas arquitetónicas que lhes são,
respetivamente, específicas e identificadoras e até por vezes por excelentes
condições de espaciosidade aparente – por exemplo, frequentemente, ligadas à
contiguidade com vãos exteriores sobre a natureza ou até interiores e
estrategicamente direcionados sobre outros espaços.
Não estamos, provavelmente, em altura
para sermos “mãos largas” em termos de espaciosidade comum (pg. 11), uma
estratégia que poderia até fazer algum sentido como contraponto às economias
espaciais privadas e, portanto, teremos de delimitar os nossos objetivos no
âmbito do PHAI3C aos referidos espaços multifuncionais bem ligados ao exterior
e onde deveremos procurar instalar “iniciativas” tão viáveis como claramente
caraterizadas, como será, por exemplo, o caso, de um espaço associativo e
convivial do tipo “clube” (pg. 11), constituído por diversos espaços mais
pequenos mas conjuntamente bem ligados e integrado por equipamentos comuns para
preparação de refeições, onde seja possível com um mínimo de cuidados
complementares desenvolver um máximo de atividades diversas; portanto numa
perspetiva de pormenorização arquitetónica “refinada” e adaptável.
Voltando à nossa convicção
relativamente a não se aplicarem condições mínimas de espaciosidade nos
apartamentos amigos dos idosos há que citar Richard Best e Jeremy Porteus, que
indicam, mesmo, no estudo que está a ser referido, estarem convencidos “que não
deve haver diminuição da qualidade dos apartamentos individuais no âmbito do
futuro da habitação para a aposentação”, caso contrário as pessoas continuarão
a preferir morar “na sua casa familiar, mesmo dispendiosa em termos de
manutenção e aquecimento, arriscada devido a degraus e escadas perigosos e,
talvez, isolada e insegura.” (pg. 11)
E de certa forma a natureza dos
princípios HAPPI, embora justificados pela amigabilidade para com os idosos,
torna também as novas iniciativas residenciais muito interessantes para outros
níveis etários; ganhando assim os potenciais jovens residentes, seja com a
libertação das habitações com maiores tipologias, seja pela existência dessas
novas tipologias residenciais privadamente “condensadas” e apoiadas por espaços
e serviços comuns, tal como é salientado por Richard Best e Jeremy Porteus:
Only if the alternative is of sufficient size and
attractiveness, with all the HAPPI components, will this drive for meeting the
housing needs of young and old alike be realised. (pg. 11)
Um outro aspeto crítico apurado na
investigação de Richard Best e Jeremy Porteus consiste na clara necessidade
presente e futura de as pessoas com necessidades especiais em termos de
cuidados pessoais e designadamente aquelas com demências, terem a segurança e o
apoio suplementares que são proporcionados por quadros residenciais específicos
ou mesmo para-hospitalares (enfermagem). (pg. 11) Uma condição que tem de ser
considerada no âmbito dos “limites” de apoios pessoais (de bem-estar e de
saúde) que possam ser possíveis nas intervenções do PHAI3C, sempre em termos de
uma sua prestação “individual” e exclusivamente domiciliar; pois de outra forma
iríamos subverter o caráter expressivamente residencial destas intervenções.
A investigação de Richard Best e
Jeremy Porteus, que está a ser referida, avançou no que os autores consideraram
poder ser um positivo “refinamento” dos aspetos ou critérios qualitativos
HAPPI, que abrangem, praticamente, a globalidade de uma intervenção residencial
amiga dos idosos e da integração de adequados cuidados pessoais: (pg. 12 e 13,
negrito e sublinhado nossos)
. Provide accessibility to
wheelchair standards i.e., in excess of Lifetime Home Standards with lift access
to all apartments
. Offer a mix of space standards
that exceed ‘minimum’ requirements and that are dictated by meeting the
accessibility requirements (two bed flats at least 70m sq. and one bed flats at
least 58m sq.)
. Concentrate on typologies that
are suited to older people i.e. apartments or single-storey dwellings (or
dwellings which provide self-contained accommodation on one level)
. Notwithstanding proposed housing
benefit reform, provide predominantly two bed apartments because of the greater
flexibility that they offer MI
. Incorporate communal facilities to promote social
interaction. This could be limited to a single, multi-functional space with
ancillary accommodation
. Provide for high levels of
energy efficiency to minimise energy costs and reduce fuel poverty
. Allow for good security
arrangements
. Be located in an area which
constitute a Lifetime Neighbourhood in terms of accessibility to transport,
retail and other amenities and facilities that older people need
. Be ‘age-eligible’ accommodation,
with a minimum age requirement that will require a lower level of parking
provision
. Offer a housing tenure and management regime that
will ensure that some control is retained by the residents,
. Provide the ability to
incorporate ‘care aware’ smart technology to help with future personal care and
support
. The guidance requires that
account is taken of the changing age structure of London’s population and in
particular the varied needs of older Londoners
. The guidance requires
attention is paid to the concept of Lifetime Neighbourhoods, with places and
spaces designed to meet the needs of the community at all stages of people’s
lives and meet the Lifetime
Neighbourhoods criteria.
A referida investigação de Richard
Best e Jeremy Porteus destaca ainda um conjunto de aspetos considerados de
grande importância na tipificação das soluções do PHAI3C.
Um destes aspetos refere-se na
consideração relativa a que a solução para problemas de saúde e sociais
depende, frequentemente, da disponibilização de condições residenciais
especialmente bem concebidas e com elevada qualidade; condições estas
especialmente relevantes quando aplicadas a pessoas idosas e fragilizadas e
que, complementarmente, poupam dinheiros públicos e privados. E poderíamos
colocar tais condições “ao contrário” e teremos condições residenciais
negativas em termos de saúde e de socialização e que acabam por gerar despesas
suplementares, tal como é salientado por Richard Best e Jeremy Porteus:
Solutions
to health and social care problems so often lie in provision of specially
designed, high quality homes: these reduce risks of falls; provide safety and security; protect against the effects of cold homes and fuel
poverty; enable earlier discharge from, and
fewer re-admissions to, hospital; prevent the need
(both temporary and permanent) for institutional
residential care. And the companionship that
comes with retirement housing can combat
the depression and poor health that so often
results from isolation and loneliness. These
factors can save public (NHS and local
authority) funds as well as conserving private
resources; … (pg. 15)
Ainda no que se refere à relação entre
habitação e condições de saúde dos respetivos habitantes os referidos autores, Richard
Best e Jeremy Porteus, apontam que num
estudo oficial ligado à implementação das recomendações relativas às
“habitações para toda a vida” (Lifetime Homes Standard) foram identificados variados
impactos positivos na saúde dos respetivos habitantes, que são em seguida
citados, sublinhando-se neles o que se refere a um significativo potencial
de poupança global da sociedade,
ligado à respetiva aplicação na construção nova, e “um potencial de poupança
que seria multiplicado por cinco” se fossem realizadas as adaptações ao parque
habitacional existente :
A government Partial Regulatory Impact
Assessment has shown that implementing the would have the following impacts on
health and costs attributed to health:
- Reduce, or delay the need for people to move to
residential care
- Reduce the demand for temporary residential care
- Ensure that people are discharged from
hospital into suitable accommodation instead of remaining in hospital in
expensive acute hospital beds because their accommodation is unsuitable,
and
- Reduce the need for home care for disabled
people. (pg. 15)
Outro aspeto refere-se à já apontada
disponibilização das tipologias maiores para novas famílias, tipologias essas
que podem ser libertadas pelos seus habitantes mais idosos, quando dispõem de
agradáveis alternativas residenciais mais à sua medida de pequenos agregados
familiares ou de pessoas sós; e este aspeto é de especial relevância quando se
vive um período crítico em termos de carências habitacionais. E sobre esta
aspeto é oportuno referir que, no quadro do Reino Unido, se apenas um quinto
dos idosos que vivem nas suas próprias habitações e, frequentemente, em
subocupação das mesmas, as libertassem, entrariam no mercado mais de 800.000
fogos de grandes tipologias, tal como é apontado no estudo que está a ser
referido. (pg. 15)
A investigação de Richard Best e Jeremy
Porteus, que està a ser referida, destaca ainda um conjunto de aspetos
considerados de grande importância na promoção e tipificação das soluções do
PHAI3C e que estão associados à intervenção das empresas privadas de construção
habitacional e às associações e, podemos nós acrescentar, cooperativas de
habitação económica.
Considera-se esta perspetiva
extremamente interessante e eficaz pois coincide com os resultados positivos
atingidos, em Portugal, em cerca de 30 anos após o 25 de Abril, com a
participação ativa dos diversos promotores municipais, cooperativos e privados
na resolução do então extremamente crítico problema de carências de habitação
acessível, então designada de “Habitação a Custos Controlados”.
Tendo isto em conta chama-se a atenção
para o potencial da participação dos promotores privados no desenvolvimento de
iniciativas habitacionais amigas dos idosos, aproveitando-se os seus avanços em
soluções residenciais afins, reconhecendo-se a sua sensibilidade especial para
dar resposta a exigências, gostos e modos de vida específicos, notando-se que
os mais idosos passam muito mais tempo em casa do que os habitantes mais novos
e tirando-se partido da sua eficácia empresarial para a aceleração das
respetivas promoções; neste sentido, no documento de Richard Best e Jeremy Porteus
que está a ser referido, apontam-se alguns interessantes objetivos: (pg. 19)
. … note the lead being taken by
some of the major players to engage and respond to the burgeoning market of
older people;
. recognise the different design requirements, in
terms of space, light, ventilation, accessibility, for older residents as
opposed to the younger age group who may be spending very little of their time
in the home;
. use their entrepreneurial and
marketing skills to accelerate the trend toward retirement housing as a
lifestyle choice.
No que se refere ao desenvolvimento de
parcerias e ações conjuntas com “associações habitacionais” (as bem conhecidas
“Housing Associations” do Reino Unido), e que em Portugal poderemos
traduzir pela iniciativa cooperativa ligada à Fenache – onde aliás diversas
cooperativas resultaram da evolução de associações de moradores –, visando-se a
uma idêntica promoção de conjuntos residenciais amigos dos idosos poderão ser
prosseguidos objetivos de aprofundamento das necessidades e desejos
residenciais dos mais idosos, privilegiar da aplicação das TIC numa especial
relação com aspetos de saúde, bem-estar e segurança, aproveitamento das suas
múltiplas experiências de gestão residencial e cooperativa, e, naturalmente, exploração
de opções mais coletivas ou conviviais ligadas à habitação intergeracional e ao
cohousing; neste sentido, no documento que está a ser referido, apontam-se
alguns importantes objetivos:
. bring forward more projects that
accord with HAPPI standards and meet the breadth of retirement needs;
. take forward the emerging
technological changes through telecare and telehealthcare that will support independence,
security and wellbeing in retirement housing schemes;
. use their knowledge of shared
ownership housing
to provide for those elderly home owners in lower value properties for whom the
full cost of new retirement apartments is too high;
. explore further the
options for ‘senior living’ and ‘co-housing’ whereby a group of older people play an active part in the
planning and subsequent management of their retirement accommodation. (pg. 21)
Finalmente, utilizando, ainda o
excelente estudo de Richard Best e Jeremy Porteus na sua referência a alguns
casos residenciais amigos dos idosos e considerados muito positivos,
destacam-se alguns aspetos muito concretos que podem ir constituindo uma
“reserva” de elementos práticos para apoio à tipificação das intervenções do
PHAI3C. (pg. 19 e 20)
A questão do dimensionamento global
das intervenções parece tender a favorecer conjuntos com alguma dimensão – por
exemplo entre cerca de 70 e 140 apartamentos T1 e T2 –, julgando-se que
existirá uma tendência para a maior dimensão, quando a intervenção também
cresce em termos dos cuidados comuns proporcionados (nos dois casos apontados o
conjunto mais pequeno é simplesmente uma iniciativa para “reformados” com total
independência nos seus fogos, enquanto o conjunto maior se refere a “extra
care”, que poderemos traduzir como “cuidados suplementares”), provavelmente
pela necessidade de se rentabilizarem e economizarem espaços, equipamentos e
serviços específicos.
Apenas em termos de exemplos reais
relativos ao grande leque de variados e por vezes inovadores espaços e
atividades proporcionados apontam-se:
“manhãs no café”, saídas em grupo, palestrantes visitantes, grupos de
exercício, biblioteca, visitas de técnicos terapeutas e ligados ao bem-estar
(“realizadas em parceria com os serviços locais de saúde para obstar à redução
do bem-estar emocional dos residentes e da respetiva comunidade”); ginásio,
mini-mercado, espaço/hall de atividades, cabeleireiro e salão de beleza, sala
de jogos, restaurante, bar e salão social, lavandaria, jardim de inverno e
“gabinete de estilo de vida” (tradução literal de lifestyle centre).
Justificamos, desde já, este elencar
de tipologias específicas de espaços e de atividades, apuradas em casos de
referência, pois considera-se que, embora tenhamos de procurar “emagrecer” e
sintetizar espaços e atividades comuns e ligados a conjuntos residenciais
intergeracionais, a respetiva atratividade e viabilidade resultarão em boa
parte do interesse, da novidade e do estímulo que tais espaços e atividades
oferecem e comunicam a quem vive em habitações que lhes são contíguas e
próximas; e há que aprender com as boas experiências e libertarmo-nos, de vez,
das cartilhas de atividades uniformizadas que marcam os nossos equipamentos
coletivos dedicados aos mais idosos.
2.4. Evolução dos modos de vida residenciais e envelhecimento populacional
Continuando na temática ligada ao
desenvolvimento de tipologias residenciais amigas das pessoas idosas e de
muitos outros habitantes que desejam condições de vida diária agradáveis,
atraentes, geracionalmente bem integradas e apoiadas por espaços e serviços
comuns salienta-se, agora, o estudo redigido por Quentin Baillon e uma ampla
equipa da Agence d’urbanisme pour le développement de l’agglomération
lyonnaise intitulado L’habitat face aux évolutions des modes de vie en
Europe: Quels enseignements?, que integra
um conjunto de considerações e reflexões, que são, em seguida, parcialmente
apontadas e comentadas, umas
de forma mais geral e outras através de citações, designadamente, no que se refere à
respetiva parte desenvolvida pela Arquiteta Sabri Bendimarad, intitulado Le
logement collectif vu de l’intérieur (Exercice rétro-prospectif) [10]
(negrito nosso)
Certos aspetos muito ligados a
questões de privacidade e apropriação privada das habitações acabam por ser
razão de equilíbrio e de fomento de uma especial convivialidade nos espaços
comuns da intervenção residencial.
As questões associadas ao uso e
apropriação das soluções multifamiliares ligam-se muito a aspetos de respeito
pela privacidade no interior do edifício e relativamente à sua envolvente, que
é frequentemente de uso público; sendo que esta problemática ganha em sentido
crítico quando as soluções habitacionais aprofundam os seus aspetos de vivência
mais coletiva.
Quando assim acontece, o que será o
caso das soluções residenciais intergeracionais participadas, que aqui
abordamos, então a defesa intransigente da privacidade nos fogos ganha um
relevo muito especial, devendo ser devidamente protegida, quer no âmbito da
respetiva agregação vertical desses fogos e dos seus espaços comuns, quer
relativamente ao mundo de uso público que é especialmente contíguo e
potencialmente intrusivo perto do nível térreo – um nível que, por outro lado,
é também potencialmente muito rico em termos da relação com a natureza e da
apropriação de pequenos quintais e pátios privados e comuns; tal como se aponta
no estudo redigido por Quentin Baillon e que está a ser referido:
La problématique de l’habitat en
rez-de-chaussée est essentiellement liée à celle de l’intimité et de l’invasion
de l’extérieur. La solution courante consiste à reculer le logement de la rue
par l’intermédiaire de terrasses ou de jardins, mais il s’agit également de
concevoir une certaine manière de distribuer les logements : un portail pouvant
par exemple ne distribuer que deux logements. L’idée est de pouvoir créer une
certaine forme de voisinage tout en autorisant une importante générosité des
vues sur l’extérieur. (pg. 8)
No sentido de uma maximização da
apropriação privada, que, tal como se apontou, constitui um dos apoios
dinamizadores de uma maior disponibilidade para o convívio nos espaços comuns,
existem aspetos de adaptabilidade doméstica, visando a amigabilidade para com
diversos modos de vida e necessidades habitacionais e pessoais, que são
essenciais e que se ligam seja a aspetos globais da composição doméstica seja a
aspetos muito pormenorizados e desenhados dessa mesma composição; tal como se salienta
no estudo de Quentin Baillon que está a ser referido:
Nous l’avons vu, il existe une
demande grandissante d’adaptabilité du logement aux modes de vie. Certaines réalisations
architecturales proposent des appartements modulables de manière à pouvoir
transformer les pièces selon le besoin. Par
exemple, le séjour peut être aménagé en
chambre, ou vice-versa. Des parois ouvrables donnent une sensation de grandeur,
alors que la mobilité intérieure par une distribution multiple permet une
appropriation nouvelle de l’espace habité. Certains exemples dévoilent, d’appartement en appartement,
de telles nuances dans l’organisation de l’habitat, et mettent en lumière la
capacité architecturale actuelle à permettre à l’habitant d’adapter lui-même
son logement à ses modes de vie…
De nouveaux besoins
apparaissent et constituent une demande d’innovation. Les jeunes adultes, par
exemple, vivent beaucoup en collocation [apartamentos compartilhados], et la norme actuelle est de
considérer ce phénomène comme relevant de simples contraintes économiques. En réalité, il s’agit
d’une nouvelle manière d’habiter qui concilie espace partagé et intimité ; de
là peut jaillir une nouvel forme d’habitat standard. (pg. 10)
Lembremos que um agregado de
habitações intergeracionais terá de proporcionar, por exemplo, desde soluções
de partilha de habitação em espaços informalmente intervencionados por jovens
adultos, até espaços habitacionais subocupados e altamente apropriados por
mobiliário e outros elementos decorativos que constituem, praticamente, uma
“segunda pele” dos idosos que os habitam; e isto num edifício formal e
construtivamente unificado.
Provavelmente um edifício que deverá
ser marcado por aspetos essenciais da referida adaptabilidade e de uma
adaptabilidade essencialmente passiva, no sentido de se apoiar o mínimo em
intervenções individuais e marcantes dos respetivos habitantes (ex., demolir e
construir tabiques de alvenaria).
Este caminho de adaptabilidade dita
passiva é uma das soluções para esta resposta habitacional intergeracional e
suplementarmente adequada a variados modos de vida, sendo que um outro aspeto
essencial é a aplicação de uma adequada espaciosidade ; tal como se aponta no
estudo de Quentin Baillon que está a ser referido:
Cela nous mène à une question fondamentale, qui s’étend à
l’échelle de la ville : comment
réaliser une cohabitation à la fois créatrice de lien social et préservatrice
d’intimité ? Une
première réponse tend à promouvoir l’élargissement des surfaces, sachant que la
surface standard d’un logement « trois pièces » est demeurée de 65m² durant les
trente dernières années. Une autre posture propose de travailler sur
l’extérieur, sur les terrasses par exemple : tout prolongement possible devient
alors une pièce potentielle. Enfin, certains entrevoient la « neutralisation »
du logement comme solution, c’est-à-dire une indifférenciation des pièces en
termes de qualité pour permettre une plus grande flexibilité d’usage. D’une
manière générale, l’architecte doit réinvestir
l’intérieur du logement. (pg.
10)
Aproveitando-se esta espaciosidade
básica, que podemos qualificar de “razoável” e geradora de uma boa viabilidade
de múltiplas apropriações, avança-se para soluções arqutetónicas concretas
marcadas pela adequação intergeracional em cada “casa”, bem como também por uma
desejável partilha intergeracional, tal como é visado pelo arquitecto P.S. Rheinert
com o seu modelo projetual intitulado «Récipro-Cité®», com o qual se pretende avançar na
flexibilidade do habitat, em geral, e na construção específica de uma vivência
comum, que, entre outras variadas vantagens, será solução para os atuais graves
problemas de solidão entre os idosos, mas não só entre os idosos, tal como se
indica no estudo redigido por Quentin Baillon e que está a ser referido:
L’habitat est conçu de
manière à sus-citer le partage intergénérationnel. Les appartements (T1 à T4) peuvent répondre aux
aspirations de tous, du ménage monoparental au couple de jeunes adultes avec ou
sans enfants en passant par la colocation de jeunes ou de personnes âgées au
rez-de-chaussée. L’idée
est de créer des espaces de partage dès la sortie du logement. Ainsi, les
terrasses d’accès sont des lieux de vie interactifs et d’usages multiples,
notamment de rencontre quotidienne pour tous…
En somme, le concept de «
Récipro-Cité® » s’inscrit dans une démarche qui dépasse le simple travail de
conception architecturale pour s’intéresser à ce que sont les vrais espaces de
convivialité. D’une
certaine manière, favoriser le voisinage
actif au sein de l’habitat est une
façon de concevoir l’idée de
réciprocité comme une solution possible face aux problèmes de solitude,
d’éducation, mais aussi du vieillissement de la population, des difficultés d’accès au
logement et, de façon plus globale, de la baisse du pouvoir d’achat. (pg.
13)
Paralelamente ou, melhor,
integradamente com estas preocupações práticas no sentido de se privilegiarem
agradáveis espaços “de partilha” logo desde a porta do fogo, P.S. Rheinert e o
seu modelo «Récipro-Cité®», defendem a crucial importância da natureza no meio
urbano, em termos do respeito pela sua proteção e da sua presença ativa no
nosso habitat, geradora de “mais serenidade e mais criatividade”; matéria esta
registada no estudo que está a ser referido (pg. 14).
Bibliografia (referências práticas)
BAILLON, Quentin(redacteur) ; Patrice Berger, directeur
des activités internationales;
Richard Nordier, Chargé de mission; Véronique Pélot, documentaliste;
Quentin Baillon, assistant d’études - L’habitat face aux évolutions des modes de vie en
Europe: Quels enseignements? Agence d’urbanisme pour le
développement de l’agglomération lyonnaise. Lyon.
2012.
BEST, Richard, APPG Inquiry Chair; PORTEUS, Jeremy,
APPG Inquiry Secretary - Housing our Ageing Population: Plan for Implementation
HAPPI 2. All Party
Parliamentary Group (APPG) on Housinh and Care for Housing Older
Peoplehousinglin. Housing Lin. 2012. www.housinglin.org.uk/APPGInquiry_HAPPI
DAVIES, Andrea -
Policy Briefing - HAPPI 2 - Housing our Ageing Population: Plan for Implementation - Local Government Information Unit LGiU, 2013. The first landmark HAPPI report, Housing our Ageing Population: HAPPI
McCarthy & Stone - London manifesto for housing in
later life. McCarthy & Stone. Londres. 2016.
https://www.mccarthyandstone.co.uk/ https://www.mccarthyandstone.co.uk/
MORGADO, Luís Jorge; com a coordenação de António Reis
Cabrita - Tipos Emergentes de Habitação. Estudo
integrado no Projecto de investigação do LNEC com apoio dos fundos FEDER,
concedidos através da FCT, intitulado Habitação para o Futuro. Exigências e
Modelos para a Sociedade da Informação e da Tecnlogia. Lisboa, março, 2005.
OLIVERI, Mauro (proj. dir.); Arup;
Help Age International; Intel; Systematica - Shaping
Ageing Cities - 10 European case studies. Arup, Help Age International,
Intel, Systematica. 2015.
PORTEUS, Jeremy - El juego de las generaciones: una nueva era de la vivienda para personas
mayores. Em: Pilar Rodríguez Rodrígues
(coord. e edit.) - Innovaciones
residenciales para personas en situación de dependencia - Diseno arquitectónico
y modelo de atención. Fundación Caser para la
Dependencia; Fundación Pilares para la Autonomía Personal. Madrid. 2012. pp. 57
a 73. https://www.fundacionpilares.org/docs/INNOVRESIDARQUITECYMODELO.pdf https://www.housinglin.org.uk/
Nota
editorial da Infohabitar:
Embora a
edição dos artigos na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo
editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um
significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e
comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos
respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva
responsabilidade dos mesmos autores.
Notas
editoriais gerais:
(i)
Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a
caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de
edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo
portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No
mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a
utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por
exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva
responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas
fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii)
Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da
Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa
de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a
tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo
GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à
respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas
e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Etiquetas/palavras chave: habitação, habitação intergeracional, habitação para
idosos, intergeracionalidade, espaços residenciais, PHAI3C, Programa de
Habitação Adaptável e Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados
Tipologias
residenciais etariamente dirigidas – versão de trabalho e base documental # 869
Infohabitar
António Baptista Coelho – com base direta nos textos,
ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo
Artigo XXXVII da série editorial da
Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através
de uma Cooperativa a Custo Controlado” “PHAI3C”
Infohabitar, Ano XIX, n.º 869
Edição: quarta-feira, 26 de julho de
2023
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho,
Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo –
Departamento de Edifícios do Laboratório
Nacional de Engenharia Civil - LNEC
abc.infohabitar@gmail.com, abc@lnec.pt
A Infohabitar é uma Revista do GHabitar Associação
Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação
atualmente com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação
Económica (FENACHE) e anteriormente com sede no Núcleo de Arquitectura e
Urbanismo do LNEC.
Notas bibliográficas:
[1] McCarthy
& Stone - London manifesto for housing in later life. McCarthy
& Stone. Londres. 2016. https://www.mccarthyandstone.co.uk/
[2] https://www.mccarthyandstone.co.uk/
[3] McCarthy &
Stone - London manifesto for housing in later life. McCarthy &
Stone. Londres. 2016. https://www.mccarthyandstone.co.uk/
[4] Luís Jorge Morgado, com a coordenação de António Reis Cabrita - Tipos Emergentes de Habitação. Estudo integrado no Projecto de investigação do LNEC com apoio dos fundos FEDER, concedidos através da FCT, intitulado Habitação para o Futuro. Exigências e Modelos para a Sociedade da Informação e da Tecnlogia. Lisboa, março, 2005.
[5] Mauro Oliveri (proj. dir.); Arup; Help Age International; Intel; Systematica - Shaping Ageing Cities - 10 European case studies. Arup, Help Age International, Intel, Systematica. 2015.
[6] Andrea Davies - Policy Briefing - HAPPI 2 - Housing our Ageing Population: Plan for Implementation - Local Government Information Unit LGiU, 2013. The first landmark HAPPI report, Housing our Ageing Population: HAPPI
[7] Jeremy Porteus - El juego de las generaciones: una nueva era de la
vivienda para personas mayores. Em: Pilar Rodríguez Rodrígues (coord. e edit.) - Innovaciones residenciales para personas en situación de dependencia -
Diseno arquitectónico y modelo de atención. Fundación Caser para la
Dependencia; Fundación Pilares para la Autonomía Personal. Madrid. 2012. pp. 57
a 73. https://www.fundacionpilares.org/docs/INNOVRESIDARQUITECYMODELO.pdf
[8] https://www.housinglin.org.uk/
[9] Richard Best, APPG Inquiry Chair; Jeremy
Porteus, APPG Inquiry Secretary - Housing
our Ageing Population: Plan for Implementation HAPPI 2. All Party
Parliamentary Group (APPG) on Housinh and Care for Housing Older
Peoplehousinglin. Housing Lin. 2012. www.housinglin.org.uk/APPGInquiry_HAPPI
[10] Quentin Baillon (redacteur), Patrice Berger, directeur des
activités internationales; Richard
Nordier, Chargé de mission;
Véronique Pélot, documentaliste; Quentin Baillon, assistant
d’études - L’habitat face aux évolutions
des modes de vie en Europe: Quels enseignements? Agence d’urbanisme pour le
développement de l’agglomération lyonnaise. Lyon. 2012.
Texto
especificamente referido de: Sabri Bendimarad - Le logement collectif vu de
l’intérieur (Exercice rétro-prospectif). Sabri Bendimarad ENDIMERAD
Architecte et Membre Associé du Laboratoire ACS
(Architecture-Culture-Société)/Ecole Supérieure d’Architecture de
Paris-Malaquais.
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