Ligação direta (clicar no link seguinte ou copiar para site de busca) para aceder à listagem interativa de 840 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):
Renovadas soluções residenciais para as pessoas idosas – versão de trabalho e base documental # 868 Infohabitar
António Baptista Coelho – com base direta nos textos,
ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo
Artigo XXXVI da série editorial da
Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através
de uma Cooperativa a Custo Controlado” “PHAI3C”
Infohabitar, Ano XIX, n.º 868
Edição: quarta-feira, 19 de julho de
2023
Caros
leitores da Infohabitar,
Com
o presente artigo, sobre a habitação intergeracional, fazemos um intervalo, que
irá, provavelmente até meados do próximo mês de setembro, na edição da série
editorial dedicada à temática geral da “Segregação sócio-espacial
em contexto urbano”, através de um estudo comparativo entre Braga - Portugal
e Aracaju-Brasil, um conjunto de artigos desenvolvido pelo
Professor Anselmo Belém Machado um dos mais assíduos articulistas da nossa
Infohabitar, e a quem muito agradecemos.
Voltamos portanto à série sobre habitação intergeracional
no âmbito da proposta de um Programa de Habitação Adaptável Intergeracional
(PHAI3C), que vise oferecer soluções urbanas e residenciais que promovam a
convivência entre diferentes gerações, que sejam adaptáveis a diferentes modos
de vida e adequadas para pessoas com fragilidades físicas e mentais, sem
estigmatização; e que, simultaneamente, e no referido âmbito intergeracional,
ofereça soluções habitacionais para outras necessidades urgentes, como jovens e
pessoas solteiras; e tudo isto com uma abordagem de gestão participativa,
socialmente estimulante e financeiramente sustentável, que, naturalmente, terá
sempre muito a ver com uma promoção cooperativa marcada por claras preocupações
sociais e económicas.
Prevemos concluir esta série editorial sobre habitação
intergeracional em meados do próximo mês de setembro.
Recorda-se,
como sempre, que serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas
sobre os artigos aqui editados e propostas de novos artigos (a enviar, ao meu
cuidado, para abc.infohabitar@gmail.com).
Com
as melhores saudações a todos os caros leitores,
Lisboa,
em 19 de julho de 2023
António
Baptista Coelho
Editor
da Infohabitar
Infohabitar, Ano XIX, n.º 868
António Baptista Coelho – com base direta nos textos,
ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo
Resumo
Depois de um conjunto de notas introdutórias
e de apresentação ao estudo global intitulado Programa de Habitação Adaptável
Intergeracional desenvolvido num quadro Cooperativo e a Custos Controlados
(PHAI3C), desenvolvem-se, primeiro, alguns aspetos associados às alternativas
tipológicas residenciais à disposição dos idosos europeus, abordando-se, em
seguida, a relação entre as escalas do habitar e os novos tipos habitacionais
ligados aos idosos e rematando-se o texto com uma reflexão sobre a relação
entre novas escolhas residenciais e novas formas de habitar.
Nesta última temática desenvolvem-se,
sequencialmente, quatro temas: a habitação dos idosos “jovens”, uma habitação
que apoie o envelhecimento ativo, uma habitação direcionada para os “adultos
ativos ou “jovens idosos, e habitação para idosos autónomos.
Notas
introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre habitação intergeracional
O presente conjunto de artigos inclui-se
numa série editorial dedicada a uma reflexão temática exploratória, que integra
a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada à preparação e estruturação de um
amplo processo de investigação teórico-prático, intitulado Programa de
Habitação Adaptável Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C);
programa/estudo este que está a ser desenvolvido, pelo autor destes artigos, no
Departamento de Edifícios do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e
que integra o Programa de Investigação e Inovação (P2I) do LNEC, sublinhando-se
que as opiniões expressas nestes artigos são, apenas, dos seus autores – o
autor dos artigos e promotor do PHAI3C e os numerosos autores neles amplamente
citados.
Neste sentido salienta-se o papel
visado para o presente conjunto de artigos, no sentido de se proporcionar uma
divulgação que possa resultar numa desejável e construtiva discussão alargada
sobre as muito urgentes e exigentes matérias da habitação mais adequada para
idosos e pessoas fragilizadas, visando-se, não apenas as suas necessidades e
gostos específicos, mas também o papel e a valia que têm numa sociedade ativa e
integrada.
Nesta perspetiva e tendo-se em conta a
fase preliminar e de trabalho da referida investigação, salienta-se que a forma
e a extensão dos artigos agora listados reflete uma assumida apresentação
comentada, minimamente estruturada, de opiniões e resultados de múltiplas
pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua perspetiva temática focada e
por corresponderem a estudos razoavelmente recentes; forma esta que fica
patente no significativo número de citações – salientadas em itálico –, algumas
delas longas e quase todas incluídas na língua original.
Julga-se que não se poderia atuar de
forma diversa quando se pretende, como é o caso, chegar, cuidadosamente, a
resultados teórico-práticos funcionais e aplicáveis na prática, e não apenas a
uma reflexão pessoal sobre uma matéria tão sensível e complexa como é a
habitação intergeracional adaptável desenvolvida por uma cooperativa a custos
controlados e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.
Renovadas
soluções residenciais para as pessoas idosas – versão de trabalho e base bibliográfica # 868 Infohabitar
Índice geral (entre parêntesis, n.º de página do item)
1. Alternativas tipológicas residenciais para
os idosos europeus
2. Escalas do habitar e novos tipo habitacionais
3. Novas escolhas residenciais para novas
formas de vida
3.1 A
habitação dos idosos “jovens”
3.2 Uma habitação que apoie o envelhecimento ativo
3.3 Habitação direcionada para os “adultos ativos
ou “jovens idosos
3.4 Habitação para idosos autónomos
Bibliografia (referências práticas)
Renovadas soluções residenciais para as pessoas idosas – versão de trabalho e base documental # 868 Infohabitar
Nota específica relativa às citações: tal como foi acima sublinhado nas “Notas introdutórias”, e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho do presente estudo, ele inclui numerosas citações, todas salientadas em texto a itálico, reentrante e em tipo de letra “Arial Narrow”, algumas delas longas e quase todas apresentadas na respetiva língua original; em termos formais e tendo-se em conta essa grande frequência de citações, optou-se, por regra, pela respetiva indicação da fonte documental, respetivo título e autoria, no corpo de texto e em nota de pé de página ou de final de artigo (conforme a edição), seguindo-se a(s) respetiva(s) citação(ões) com a indicação, posterior, do(s) respetivo(s) número(s) de página(s) entre parêntesis – ex: (pg. 26) –, e, em alguns casos, mas não por regra, repetindo-se a indicação específica ao documento que “está a ser referido” e/ou à sua respetiva autoria.
Specific note regarding citations: as
highlighted above in the “Introductory Notes”, and taking into account the
preliminary and working phase of the present study, it includes numerous
citations, all highlighted in italicized text, reentrant and in font type.
letter “Arial Narrow”, some of them long and almost all presented in their
original language; in formal terms and taking into account this high frequency
of citations, we opted, as a rule, for the respective indication of the
documentary source, respective title and authorship, in the body of the text
and in a footnote or at the end of the article (according to the edition),
followed by the respective citation(s) with the subsequent indication of the
respective page number(s) in parentheses – ex: ( pg. 26) – and, in some cases,
but not as a rule, repeating the specific indication of the document that “is
being referred to” and/or its respective authorship.
1.
Alternativas tipológicas residenciais para os idosos europeus
Ainda numa mesma temática
global, ligada ao desenvolvimento de tipologias residenciais amigas das pessoas
idosas e de muitos outros habitantes que desejam condições de vida diária
agradáveis, atraentes, geracionalmente bem integradas e apoiadas por espaços e
serviços comuns salienta-se, agora, o importante e extenso estudo de Mayte
Sancho e Heitor Lantarón, intitulado Viviendas y Sistemas Alternativos de
Alojamiento para personas mayores en Europa, que integra um conjunto de
considerações e reflexões, que são, em seguida, muito parcialmente, apontadas e
minimamente comentadas. [1]
Os autores do estudo
referido salientam a importante mudança de paradigma que aconteceu, há algumas
dezenas de anos, no que se refere às tipologias residenciais para idosos no
sentido de uma vida mais longa com qualidade e autonomia e numa perspetiva que
encara, positivamente, a continuidade dos idosos nas suas habitações familiares, tal como é, em seguida, citado e
comentado: (negrito e sublinhado nossos)
Durante los años 60 y 70 del siglo XX y en el contexto de la crisis
socio-económica que se produce en Europa, una serie de cambios tendrán una gran
repercusión sobre la propia concepción del estado de bienestar y, por tanto,
sobre los modelos de alojamiento para mayores. Este cambio se caracteriza por el gran impulso que
reciben los servicios sociales de atención y cuidados.
A partir de los años 70, esta tendencia empieza a cambiar. Los motivos
principales se deben a una combinación de dos factores: por un lado, una mayor
sensibilidad hacia la importancia de la autonomía, la privacidad y el derecho a
elegir de las personas mayores. Por otro lado hacia las opiniones y deseos de
los mayores, el Gobierno danés estableció la primera comisión sobre lo
envejecimiento. El
objetivo principal fijado fue permitir a los mayores mantener durante el mayor
tiempo posible una vida de calidad según sus propias decisiones … (pg. 17).
… en asegurar que los mayores
puedan “envejecer en casa”. Este principio fue reforzado por la Ley de
Alojamiento para Personas Mayores, Ældreboligloven, de Julio de 1987, cuyo
objetivo era la sustitución paulatina de las residencias existentes por nuevas
y modernas viviendas sociales para mayores.
Además, en enero de 1988, el
derecho a construir nuevas residencias fue permanentemente revocado. Este hecho
se ajustaba perfectamente a los deseos de las futuras generaciones de mayores,
aumentando así el interés por modelos alternativos de vivienda. Pero, además,
al descartar el uso de modelos institucionales en el futuro, recogía la opinión
de los expertos que apuntaban a evitar institucionalizaciones desnecesarias ...
(pg. 18)
Aprofundaram-se, assim, modelos
e tipologias residenciais que proporcionam aos idosos viverem durante muitos
anos com autonomia, independência e segurança; acabando por se dividir as
soluções habitacionais para idosos entre estas últimas que são, essencialmente,
residenciais; e as outras institucionais, “cujos modelos se estão
especializando, cada vez mais, em utentes com um elevado grau de dependência.”
(pg. 19)
No âmbito das soluções
expressivamente residenciais para idosos a tradição habitacional cooperativista
do Norte da Europa continuou a “dar cartas” e, após os movimentos de habitação
económica convivial iniciada na década de 1960, diversificou a produção e desenvolveu
as designadas soluções de cohousing e específica e mais recentemente as
intervenções de “cohousing sénior”, tal como apontam Mayte Sancho e
Heitor Lantarón:
Se trata de las denominadas
Cooperativas con Cesión de uso o Andelboliger, las cuales en su mayoría se
organizan como Senior Co-housing. Este tipo de cooperativas son una figura con
larga tradición en Dinamarca y su objeto es promover vivienda privada con un
precio limitado. Se gestionan siempre como una cooperativa, tanto durante la
construcción como posteriormente.
Esto significa que cada cooperativista es propietario de un porcentaje y le
da derecho a usar una vivienda, así como las zonas comunes. (pg. 26)
De certa forma podemos
considerar que o sentido mais comunitário ou coletivo desta nova solução
tipológica residência e mesmo “social” que é o “senior cohousing”
resultará, por um lado dos aspetos mais coletivos e conviviais dos anteriores
conjuntos de habitação cooperativa, que foram numerosos no Norte da Europa, e
que integravam as chamadas “casas comuns”, e, por outro lado, da vontade de
muitos dos antigos moradores desses conjuntos no sentido de aprofundarem os
seus laços de vizinhança e convivialidade numa perspetiva mais forte, que vai
até à entreajuda e a partilha de atividades comuns, numa altura da vida em que
tais “entre-apoios” e entreajudas começam a ser muito oportunos e, por vezes,
até vitais para o bem-estar e a segurança dos respetivos e “agora” idosos
vizinhos; a título de exemplo da diversidade tipológica pormenorizada que pode
ser atingida, Mayte Sancho e Heitor Lantarón apontam um espaço comum de um Senior
Cohousing dinamarquês, que consiste numa “casa comum”, “que funciona como
sala de jogos, biblioteca, sala de jantar, cinema, etc.” (pg. 27)
Uma outra nova perspetiva
tipológica residencial apontada no estudo que está a ser citado, refere-se a
uma oferta atraente para os “idosos jovens” viverem com um máximo de conforto e
apoios suplementares, visando-se não apenas os mais idosos (ex., com mais de 50
anos) mas também as respetivas famílias, provavelmente integradas por poucas
crianças:
Neptuna, 2005. Viviendas 50+
(Suecia): Promoción privada para mayores de 50 años ubicada en el nuevo distrito Bo01
de Malmö, diseñado como un barrio para toda la vida. Se trata de 95 apartamentos
de 1 a 2 habitaciones distribuidos en dos edificios paralelos frente al mar.
Además, incluye una serie de zonas comunes como gimnasio, spa, sala común
y comercios en la planta baja.
Se trata de un ejemplo claro de apuesta por el mercado de los mayores. La ubicación y calidad de la propuesta la convierten en foco de atención y
atracción no solo para los mayores mas también para las familias. (pg. 29)
Esta nova família tipológica
residencial baseia-se numa não distinção exterior, numa intergeracionalidade
interior e em aspetos programáticos domésticos sensivelmente adequados aos
gostos e necessidades dos habitantes mais velhos (os tais “idosos jovens” com
50+ anos), como será o caso de um quarto/suite muito espaçoso e restantes quartos
espaçosos; grande zona “social”, arrumações espaçosas e uma área exterior
privativa; salientando-se a importância desta “não distinção exterior”, tal
como é apontado no estudo que está a ser referido:
Desde el exterior no es posible distinguir las viviendas de mayores del resto, ya que no existe diferencia alguna. La idea general es promover un entorno adaptado a las necesidades de cualquiera independientemente de su edad. (pg. 30)
Podemos aqui sublinhar
este objetivo de desenvolvimento de um quadro residencial intergeracional
“adaptado às necessidades de todos independentemente da sua idade”, embora,
muito naturalmente, sensível e reazoavelmente estruturado, mas de forma sempre
subtilmente “invisível”, pelas necessidades e alguns gostos residenciais específicos
dos residentes mais idosos e fragilizados; o que nos leva ao nosso PHAI3C.
E Mayte Sancho e Heitor Lantarón
avançam, também, para outras tipologias essencialmente residenciais, dizemos
nós, ainda tímida ou apenas funcionalmente intergeracionais e já dirigidas para
pessoas mais idosas:
Hässleholmsporten, 2012.
Modelo Mixto, viviendas y servicios. (Suecia): Viviendas para mayores de 70
años. Se trata de un edificio de 15 plantas con 72 viviendas y 6
apartamentos para parejas o familias. En planta baja se ubican ciertos espacios
comunes de lectura, un pequeño comedor, sala de reuniones, etc…
Como se puede apreciar, no existe
diferencia con cualquier otro tipo de edificio de vivienda convencional,
enfatizando la idea de normalizar este tipo de alojamientos para evitar
diferenciación social.
(pg. 31)
Subsequentemente, avançando na
idade visada para os respetivos habitantes e/ou nas respetivas condições de
autonomia, chegamos às tipologias residenciais associadas à prestação de
cuidados pessoais específicos, apontadas no estudo que está a ser referido:
Kjeldsgården, 2014. Viviendas
con Cuidados (Dinamarca): Viviendas con cuidados para personas mayores con
demencia. Se trata de un proyecto situado en un entorno natural a las afueras
de la ciudad de Viborg. De esta manera, se apuesta por una relación
muy directa con el entorno. Las vistas y los jardines fomentan la actividad
sensorial de los mayores.
Incluye 54 viviendas distribuidas en dos fases. La primera fase comprende
40 viviendas agrupadas en 4 grupos de 10 viviendas cada uno con espacios
comunes de cocina, sala de estar, televisión, etc… La segunda fase se compone
de un grupo especial de 14 viviendas. (pg. 32)
Mayte Sancho e Heitor Lantarón,
no estudo que tem estado a ser referido, intitulado Viviendas y Sistemas
Alternativos de Alojamiento para personas mayores en Europa, apontam depois
uma série de soluções tipológicas residenciais amigas dos idosos que, em
seguida, são citadas. (negrito e sublinhado nossos)
Los pisos integrados reúnen en una sola vivienda a personas con diferentes tipos de necesidad de
atención y recurre en gran medida a servicios de la comunidad y del vecindario, y menos a servicios
profesionalizados. (pg. 34)
… un tipo de vivienda en comunidad
en el que solamente conviven personas mayores de 60 años, prestándose apoyo
mutuo … es una especie de transición entre la vivienda propia y la vivienda
asistida o tutelada.
… viviendas asistidas (betreute Wohnungen) suelen estar ubicadas en edificios adaptados a las necesidades individuales
de las personas que viven en ellos. En función de la titularidad de las viviendas y de
la gestión de las mismas son de aplicación las normas reguladoras de las
residencias para la atención a la dependencia o las normas del arrendamiento de
vivienda. Si la vivienda compartida es gestionada por una entidad se aplica lo
regulado por las normas regionales para las residencias de mayores. (pg. 34)
… El Ministerio para Familias,
Mayores, Mujeres y Jóvenes cuenta con la página “En la vejez: en casa”
www.serviceportal-zuhause-im-alter.de/ que recoge una serie de recursos
centrados en el tema vivienda y personas mayores. El instrumento más
importante del Ministerio para Familias en el ámbito de las viviendas
alternativas para mayores es el programa “Convivir en comunidad, vivir de forma
autónoma”: www.serviceportal-zuhause-im-alter.de/programme/modellprogramm-gemeinschaftlich-wohnen-selbstbestimmt-leben.html (pg. 35)
Este projeto piloto financia
três tipos habitacionais alternativos, todos eles marcados por uma abordagem
natural da temática habitacional dos idosos e sempre numa perspetiva não
institucional, tal como é também sublinhado no estudo que está a ser referido:
(pg. 35) [2]
Tipo A: Viviendas en comunidad
que ofrezcan soluciones alternativas para promover la
autonomía y la vida independiente sobre todo de personas mayores en un
proyecto, barrio o pueblo
(iniciativas de vecinos, estructuras mixtas de atención y otros).
Tipo B: Formas de vivienda en
comunidad dirigidas sobre todo personas que viven de alquiler y que tengan como objetivo principal la mezcla social y generacional, prestando
especial atención a las personas con ingresos bajos.
Tipo C: Viviendas en comunidad
u otros proyectos innovadores que hagan una aportación especial
para la creación de un municipio incluyente y adaptado a las necesidades de
edad y género.
E mais à frente no mesmo estudo
que está a ser referido, chegamos mesmo à desejada intergeracionalidade residencial:
Generationenhaus West, 2001.
Modelo Mixto, viviendas + dotaciones: Dotación municipal que concentra multitud
de usos, incluyendo un Centro de cuidados para menores, un Centro de Día,
viviendas para mayores y comercios, fomentando la convivencia
intergeneracional. Los espacios públicos se sitúan en planta baja
y sobre ellos las 9 unidades en dúplex para cuidar de los menores. Las 10
viviendas para mayores ocupan las plantas superiores y están diseñadas para ser
compartidas por dos residentes. Aunque mantienen accesos y aseos
independientes, comparten una sala de estar … (pg. 35)
E, podemos dizer, a uma
intergeracionalidade residencial marcada por uma grande diversidade tipológica
em termos de alguma proximidade física promocional, mas não de relação direta,
entre soluções de habitação apoiada e outras totalmente autonomizadas e até com
porta independente que liga “à rua”; sublinhando-se, assim, a respetiva
autonomia e independência vivencial, tal como é apontado no estudo que está a
ser referido:
La zona asistencial
se compone de agrupaciones de 8 viviendas con una zona común (em torno a
patios, portanto mais sossegadas). La zona de viviendas
para mayores independientes conforma el frente del edificio hacia la calle,
comportándose como cualquier otro edificio de viviendas. (pg. 36)
Importa atentar especificamente
nesta interessante “solução”, que procura habilitar uma mesma intervenção
residencial e urbana a integrar grupos de habitantes que exigem cuidados
específicos e outros de têm uma vida independente; destinando aos primeiros um
espaço mais sossegado e “protegido” e aos outros uma clara integração urbana.
Salientando-se que este tipo de integração é um dos aspetos tendencialmente
mais complexos na habitação amiga de pessoas idosas e fragilizadas.
Salienta-se, ainda, que se julga
que uma intervenção que simule um agregado de edifícios pode ajudar
muito na ligação entre funções e gerações. E soluções domésticas que integrem
múltiplos (re)cantos tipo padrões habitáveis podem habilitar inúmeros usos e
micro-usos.
Um outro aspeto importante é que
as entidades promotoras e designadamente aquelas do terceiro setor e sem fins
lucrativos possa imprimir os seus próprios modelos de vivência, gerando-se
modos de vida inovadores e expressivamente intergeracionais tal como é apontado
no estudo de Mayte Sancho e Heitor Lantarón:
Precisamente la libertad de
las asociaciones que gestionan estos alojamientos para proponer y aplicar sus
propias filosofías, da lugar a modos de vida innovadores. Generalmente se trata
de animar a los mayores a mantenerse activos física y socialmente el mayor
tiempo posible, fomentando la independencia o la convivencia intergeneracional
con jóvenes estudiantes
(como por ejemplo en Humanitas). (pg. 41)
O Reino Unido marcou e marca
nestas matérias do habitar amigos dos idosos com a “solução” tipológica, de modo
de vida e de gestão intitulada “habitações para toda a vida” (Lifetime Homes),
que na prática aposta numa conceção residencial “à prova do envelhecimento” dos
seus habitantes, que, assim, poderão permanecer nas suas habitações “até
sempre”; matéria sublinhada no estudo que está a ser referido :
En 1989 se lanzó el movimiento “Viviendas para toda la Vida (Lifetime
Homes)” desde la Fundación Joseph Rowntree … (pg. 45)
… No se trata de que
permanezcamos siempre en ese hogar, sino de que, si así lo queremos, lo podamos
hacer. Se debe poder adaptar a los
cambios producidos a lo largo de nuestra vida: criar niños, afrontar las
consecuencias de un accidente, tener visitas de alguien con discapacidad, o
simplemente nuestro propio envejecimiento. Por lo tanto, es
importante señalar que las viviendas para toda la vida no son viviendas con
necesidades especiales, sino viviendas convencionales que sirven para casi
cualquier persona. (pg. 45)
Julga-se que esta nova tipologia
de “habitações para toda a vida” poderia começar a ser oferecida entre nós, por
exemplo, no âmbito da promoção cooperativa de “habitação económica” e, talvez,
com alguns aspetos intergeracionais e participativos, assim como alguns espaços
e serviços comuns bem escolhidos e apurados; numa perspetiva que seria algo
como um PHAI3C light.
Em todos estes processos
promocionais inovadores um aspeto fundamental é a necessidade de o espaço
doméstico e o espaço comum serem extremamente bem pormenorizados em termos de
uma arquitetura de interiores qualificada, atraente e apropriável por muitos;
evidentemente que “na casa de cada um” é cada um que manda em termos do
respetivo arranjo, mas nos espaços comuns porventura existentes já não é assim
e também será muito mau que nos fiquemos nestes espaços pela sempre “salvadora”
opção pseudo-minimalista, fria e impessoal; e, mesmo nos espaços privados, e
designadamente quando estes tendem a ser razoavelmente circunscritos, importará
pelo menos mostrar aos habitantes como é possível ocupar e arranjar esses espaços
de formas tão diversas e tão dignas, agradáveis e atraentes, propondo-lhes um
apoio nesse arranjo, apoio esse que pode ter diferentes caraterísticas de
cooperação; e isto não só porque as pessoas irão viver melhor em apartamentos
bem pormenorizados e decorados, e em espaços comuns agradáveis e envolventes,
mas também porque vizinhos assim satisfeitos tenderão a ser melhores vizinhos.
Um outro aspeto a considerar na
diversificação tipológica das intervenções residenciais no sentido de uma maior
amigabilidade para com os idosos e fragilizados refere-se ao grande universo da
“habitação social” e a como vamos apoiar os habitantes que aí estão a
envelhecer, tendo em conta, especificamente, os espaços habitacional mínimos ou
apenas razoáveis onde eles habitam – por exemplo, sem espaços exteriores
privados, com casas de banho mínimas e com reduzida “manobralidade”, salas
comuns onde pouco mais cabe do que o mobiliário respetivo mínimo, cozinhas sem
flexibilidade funcional (por exemplo, para serem zona de refeições informais),
quartos de casal dimensionados “à medida” de uma cama de casal e pouco mais,
outros quartos mínimos, espaços comuns do edifício por vezes exíguos e até
perigosos em termos de potencial de evacuação e, por vezes, ascensores que
estão mais tempo parados do que funcionais.
Estas matérias configuram uma
subproblemática importante e muito sensível que corresponde à dificuldade de
muitas soluções de habitação de interesse social serem realmente convertíveis
em soluções amigas dos idosos, designadamente, devido à exiguidade das suas
áreas, e especificamente das suas dimensões mínimas estruturantes, por exemplo,
dos acessos comuns, do uso das casas de banho e cozinhas e de uma adequada
disposição de camas e mesas; o que levará, sem dúvida, a intervenções profundas
que poderão chegar, frequentemente, à fusão de fogos contíguos e ao respetivo
“rearranjo” tipológico – tipos de operações estas que já têm casos concretos
entre nós, por ex.º no Bairro Rainha D.ª Leonor, no Porto, com projeto dos
arquitectos Luís de Almeida D'Eça (inicial)
e Inês Lobo (reabilitação e reconversão) (1953/2013).
Acabou de se tentar fazer, a
propósito deste tema da vetustez do nosso parque de habitação social e da
velhice de muitos dos seus habitantes, uma pequena fotografia de síntese da
nossa situação portuguesa nesta matéria.
Mas faltam aqui os dados
numéricos com a sua frieza e urgência, como aqueles que caraterizam o mesmo
parque habitacional social, mas em França, onde, já em 2011, um terço dos
inquilinos de habitações desse parque tinham mais de 60 anos, e um terço desse
terço ultrapassava os 75 anos – hoje terão, respetivamente, cerca de mais de 70
e mais de 85 anos, tal como é apontado no estudo de Mayte Sancho e Heitor
Lantarón. (pg. 55)
E, sendo assim, em França tem-se
tentado avançar em termos de uma adaptação dessas “velhas” tipologias de
“habitação social” às necessidades e gostos dos habitantes que nelas envelhecem;
matéria sublinhada no estudo em referência:
Adaptación de las viviendas
existentes, intentando introducir innovaciones tecnológicas y
organizacionales que faciliten el acompañamiento de las personas mayores
apoyados por servicios de proximidad, que facilitan un seguimiento de dichas
necesidades conforme van surgiendo. Las políticas de anticipación de las situaciones
de dependencia se están aplicando en el ámbito de la vivienda social y de la
adaptación del entorno cercano, con el objeto de poder hacer frente a futuras
necesidad de una población creciente que necesitará de ayuda
No podemos olvidar que en 2025 entraran en la conocida como 4ª edad las
generaciones de baby –boomers, cuya expectativa es vivir en su casa y en su
entorno, preservar su autonomía y recibir los servicios que sean necesarios en este
espacio. (pg. 55)
Entre nós, infelizmente, parece
que ainda não passámos, essencialmente, de algumas intervenções de adaptação do
entorno edificado para melhoria do conforto ambiental do nosso parque de
habitação de interesse social; embora com certeza já tenham existido
intervenções pioneiras no que se refere à adaptação etária dos respetivos
espaços – e deixem-me desabafar que acaba por ser num sentido idêntico à, na
nossa opinião, errónea ideia de que a sustentabilidade é algo essencialmente
ambiental.
Tais urgentes cuidados no
sentido de uma adaptação etária das soluções para-mínimas que utilizámos ao
longo de decénios nos conjuntos habitacionais de interesse social, levam-nos a
uma importante reflexão, relativamente à nova promoção habitacional de cariz de
interesse social, que se julga deveria ser marcada por uma espaciosidade mais
sensível do que a anteriormente utilizada, e aplicada, estrategicamente, ao
serviço da respetiva adaptabilidade residencial a diversos usos e necessidades
e às respetivas mutações ao longo do tempo e em resposta a eventuais situações
inesperadas; sendo que uma tal reflexão deveria, obrigatoriamente, chegar à
escolha das soluções edificadas, tendo-se em conta e visando-se, entre outros
aspetos, um maior desafogo ergonómico nos espaços comuns, acessibilidades
diretas e quase de nível dos fogos ao exterior sempre que possível e um
repensar do uso de edifícios que obriguem ao uso intenso de ascensores.
No que se refere aos cuidados
específicos de adaptação doméstica e não esquecendo, nunca, que há que garantir
a funcionalidade e a rapidez dos circuitos habitação/exterior servido por
ambulância, portanto passando pelos respetivos espaços comuns e considerando
diversos tipos de exigências (cadeiras de rodas e macas por exemplo), importa
considerar as necessidades de mais espaço geral e de melhores capacidades de
movimentação global (e “3D”), de arrumação bem disseminada e oportuna e de
minimização, metódica, de todos os riscos de queda, que são, todas elas,
exigências naturais se quisermos ser amigos da vivência doméstica dos mais
idosos.
Mas domesticamente teremos,
ainda, de prever o espaço, as relações espaciais, os aspetos de pormenor e as
reservas para instalação de elementos e aparelhos que possam apoiar, ao máximo,
quer uma vivência autonomizada por parte de pessoas menos-válidas, quer as
tarefas dos cuidadores e dos prestadores de serviços domésticos e de serviços
pessoais diários e especiais, tal como é salientado no estudo de Mayte Sancho e
Heitor Lantarón:
Ello lleva, entre otras cosas,
a planificar viviendas no excesivamente pequeñas, ante la posibilidad de que
pueda vivir alguna persona cuidadora ou seja necessário alguna instalación más
compleja para hacer frente a sus necesidades de atención: (pg. 55)
No estudo que está a ser referido
apontam-se três conjuntos de aspetos ligados à adequação da habitação a pessoas
idosas e fragilizadas tendo-se em conta a adaptação: do serviço ao inquilino;
do edifício; e do próprio fogo privado:
La adaptación del servicio al inquilino, dotando de un interlocutor referencial (gestor del
caso) que asume las tareas de integración en el vecindario de los nuevos
inquilinos mayores, facilitación de todos los trámites administrativos,
información sobre los servicios existentes, pequeños servicios de mantenimiento
y bricolaje en la vivienda, etc.
La adaptación del inmueble: señalética, sistema de interfonía, parada “minuto
senior” para conductores ante un edificio de seniors, etc.
Adaptación de la vivienda:
electrificación de persianas, enchufes más altos, accesibilidad en el baño,
barras, acceso adaptado a la terraza o balcón, etc… (pg. 55)
Ainda no estudo referido
chega-se à opção
residencial intergeracional e numa positiva perspetiva do que parece ser uma
verdadeira e natural intergeracionalidade, consequência de misturas etárias
equilibradas, e não de
uma opção, também possível, mas que não é a nossa neste estudo, de uma intergeracionalidade que
acaba por ser um “chapéu” de uma prestação de serviços por um pequeno conjunto
de jovens, eventualmente estudantes, que
obtêm estadia em troca de um dado conjunto de horas de convívio e/ou de
pequenos serviços à maioria dos residentes que são idosos.
Há, no entanto, e deve sempre
haver ofertas mistas dos dois tipos de intergeracionalidade tal como sucede em
algumas intervenções francesas, especificamente referidas no estudo de Mayte
Sancho e Heitor Lantarón:
… la congregacion religiosa
Notre-Dame de la Charité, es el movimiento Habitat y Humanismo que ha creado
miles de alojamientos en diferentes territorios franceses a través de sus
asociaciones locales. Su planteamiento en todos sus proyectos es de carácter
intergeneracional, combinando el alojamiento de familias, sobre todo monparentais
(1700 em 2015) com apartamentos intergeneracionales em que predominam idosos
isolados.
L’Humani-cite de la Rue Papu
en Rennes, 2012. Está
compuesta por tres iniciativas:
18 estudios para personas o
familias en situación de necesidad.
16 apartamentos intergeneracionales
con mayoría de personas mayores y estudiantes.
5 casas independientes que se
alquilan a parejas jóvenes comprometidos con el proyecto.
Además, dispone de espacios
comunes y jardín. (pg. 58)
Finalmente e ainda no excelente
estudo, de Mayte Sancho e Heitor Lantarón que tem sido amplamente referido [3],
e que aborda o que os autores designam de Viviendas y Sistemas Alternativos de
Alojamiento para personas mayores en Europa (negrito nosso), faz-se o “fecho do
círculo” e chegamos a onde, praticamente, sempre se parte quando se aborda esta
temática, que é a solução de “alojamento” em “partilha de habitação”.
Não iremos desenvolver
especialmente esta última subtemática, mas sim, essencialmente, considerar que
ela tem grande sensibilidade e parece exigir uma eficaz e quase constante
gestão de acompanhamento para que possa ter possibilidade de sucesso; e na
prática a prova disto decorre da sua aplicação mais corrente, quer em grandes
instalações residenciais para pessoas sozinhas (estudantes, trabalhadores,
etc.), em que a gestão estará centralizada e será, provavelmente, idêntica à
hoteleira, mas muito mais “mecanizada” e provavelmente rigorosa, quer como
sub-solução integrada em intervenções residenciais para pessoas idosas e
fragilizadas, que são estrategicamente subdivididas em grupos de vizinhança
pequenos e diretamente apoiados por cuidadores, no sentido de se obterem
quadros habitacionais mais humanizados e diretamente acompanháveis(ex., casos
de pessoas com demências, ou sem autonomia).
Podemos até referir que aqui,
neste tipo de soluções, estaremos no âmbito de uma coabitação, que será tanto
mais efetiva quanto maior for o recurso a pequenos núcleos “de coabitação ,
cujos quartos são servidos pelo mesmo espaço comum multifuncional e, eventualmente,
até, pelos mesmos pequenos complexos de instalações sanitárias; sendo que um
tal “clima” de , podemos dizer, quase “camarata”, será ainda tornado mais
crítico se não existirem quartos ou mesmo miniquartos individuais.
Sintetizando-se não se considera
que um tal modelo deva ser usado a não ser em casos devidamente justificados –
como por exemplo no alojamento de pessoas com demências e/ou sem autonomia;
sendo, julga-se, possível, substituir tais soluções, com vantagens globais de
vivência individual e de grupo e de eficácia de gestão, por soluções baseadas
em pequenas células individuais, talvez espacialmente mínimas, mas ergonómica e
funcionalmente muito adequadas e completas, incluindo portanto uma casa de
banho “mínima”, e associando-se tal solução a um conjunto unificado e amplo de
espaços e serviços comuns, que provavelmente poderão ser tornados muito
atraentes, equipados e naturalmente conviviais; aspetos estes que são bem
clarificados no estudo de Mayte Sancho e Heitor Lantarón: (negrito nosso)
Existen varias modalidades de convivencia entre personas mayores, o de
otras generaciones. Esta es una opción que, si bien parece interesante
económicamente y atractiva,
al promover una convivencia entre diferentes personas e historias de vida, presenta bastantes dificultades derivadas de la escasa cultura de
convivencia que tienen las sociedades actuales desarrolladas y Francia especialmente. Los
países nórdicos, especialmente Suecia, Holanda y Bélgica tiene amplia
experiencia en este tipo de iniciativas desarrolladas desde hace décadas. Reino
Unido ha sido pionero también en la puesta en marcha de estas experiencias a
través de la organización Abbeyfield, creada en 1956 por Richard Carr- Gomm
ante la constatación de la gran soledad que padecían las personas mayores.
Actualmente cuenta con 625 casas, 7.000 inquilinos y 10.000 voluntarios.
El desarrollo de este tipo de iniciativas, requiere la intervención
profesional de mediación para garantizar su buen funcionamiento, la correcta
elección de los inquilinos, la asunción de las reglas de convivencia y el
seguimiento del grupo.
(pg. 59)
Uma ideia que resulta do estudo
que está a ser referido é que atualmente e enquanto “as instituições se mantêm
como um modelo especializado para pessoas com alto grau de dependência” … “os
modelos habitacionais, sejam específicos para idosos, sejam os novos modelos
mais flexíveis, estão dirigidos para atenderem a todas as necessidades do utente,
independentemente da sua idade e condição física ou mental. (pg. 60)
Será muito aqui, nestas subáreas
de intervenção, que se pode centrar a aplicação do PHAI3C, num modelo
habitacional intergeracional, que dá para todos e também para os idosos e
fragilizados, tal como se aponta no excelente estudo que foi aqui amplamente
citado e comentado: (negrito nosso)
Frente a esta opción, ya hemos
comentado cómo están surgiendo iniciativas dirigidas a un usuario más exigente,
o con menos inclinación a compartir espacio con mayores en peores condiciones,
los llamados “Nuevos modelos de vivienda”. Desde los sectores
públicos se fomentan proyectos intergeneracionales y en algunos países también
la autopromoción en forma de cooperativas. Desde el sector privado se promueven
iniciativas tipo viviendas 50+, dirigidas a los mayores “jóvenes”.
En cualquier caso, todas ellas intentan adelantarse a las necesidades
futuras, promoviendo un envejecimiento satisfactorio en un entorno conocido,
evitando así traslados que rompan los lazos sociales establecidos. Además, incluyen
planteamientos de diseño arquitectónico basados en principios de flexibilidad,
con la intención de evitar costosas transformaciones. Muchas de estas
iniciativas se basan además en los principios de solidaridad y ayuda mutua
entre los habitantes,
reproduciendo modos de vida que se están perdiendo. (pg. 67)
Parece ficar, aqui, bem evidente
o interessa da cuidadosa criação, entre nós, de um Programa de Habitação
Adaptável Intergeracional (PHAI3C), que vise oferecer soluções urbanas e
residenciais que promovam a convivência entre diferentes gerações, que sejam adaptáveis
a diferentes modos de vida e adequadas para pessoas com fragilidades físicas e
mentais, sem estigmatização; e que, simultaneamente, e no referido âmbito
intergeracional, ofereça soluções habitacionais para outras necessidades
urgentes, como jovens e pessoas solteiras; e tudo isto com uma abordagem de
gestão participativa, socialmente estimulante e financeiramente sustentável,
que, naturalmente, terá sempre muito a ver com uma intervenção cooperativa
marcada por preocupações sociais e económicas.
2.
Escalas do habitar e novos tipo habitacionais
Continuando na mesma temática
ligada ao desenvolvimento de tipologias residenciais amigas das pessoas idosas
e de muitos outros habitantes que desejam condições de vida diária agradáveis,
atraentes, geracionalmente bem integradas e apoiadas por espaços e serviços
comuns salienta-se, agora, o estudo desenvolvido por uma extensa equipa da STAR
strategies + architecture, escrito por Beatriz Ramo e Geoffrey Clamour, e
intitulado L’Intérieur de la Métropole L’Habitat, la Plus Grande Petite
Echelle du Territoire, que integra um conjunto de considerações e
reflexões, que são, em seguida, parcialmente apontadas e comentadas. [4]
(negrito nosso)
Considera-se que uma afirmação
que consta deste estudo merece um destaque excecional: Le logement est le
territoire le plus petit et le plus « grand » de la Métropole. (pg. 10)
É realmente aqui que nos
movemos, nesta tão grande como insidiosa e sensível importância do habitar,
evidentemente, na sua perspetiva completa, que vai do espaço privado e
individual à mesa do café de bairro, na coerência e na global sustentabilidade
e vitalidade da cidade, também tomada como metrópole.
Nesta perspetiva da importância
do habitar temos de ter em conta por um lado que os modelos “funcionalistas”,
designadamente, no seu pendor tendencialmente uniformizador, tal como foi
alegremente acolhido pela indústria da construção, começam a estar “estafados”,
enquanto, por outro lado, existe hoje em dia uma necessidade cada vez maior de
novos modelos de habitar mais amigos de uma grande diversidade de grupos e
nichos socioculturais, familiares e etários; numa tendência cujas consequências
são variadas, mas onde se salienta a gradual necessidade de um número cada vez
maior de habitações para um mesmo número de habitantes – tendência esta à qual
os responsáveis político-“técnicos” parecem querer estar cegos – tal como é bem clarificado no
estudo que está a ser referido,
tendo-se em conta situações que, atualmente, indicam a necessidade do
desenvolvimento e da oferta de novos tipos habitacionais, apontadas nesse
estudo: (negrito nosso)
La projection des ménages à l’horizon 2030 montre une tendance à
l’augmentation du nombre de ménages, et une réduction de leurs tailles : une évolution qui génère un
nombre plus grand d’appartements pour une même population à loger.
… La multiplication
des modes de vie en cohabitation : Parents + enfants « adultes » (Effet Tanguy)…
Famille + personne âgée (chez un de ses enfants) … Primo-accédant + primo
locataire … Personne âgée + aidant …Personne âgées + étudian t… Famille +
fille au pair … (pg. 81)
Esta grande diversidade de
grupos e nichos socioculturais, familiares e etários, referida no documento
citado, é extremamente rica na respetiva caraterização de modos de vida
domésticos, e poderá enriquecer-se nas suas pontencialidades específicas se for
servida por um quadro arquitetónico doméstico não só adequado, mas estimulante,
seja dos aspetos universais relativos ao bem-viver doméstico, seja dos aspetos
específicos dos respetivos modos de vida
Neste sentido um conjunto de
“dispositivos arquitetónicos” identificados no estudo que está a ser referido e
que, em seguida, são apontados de forma muito sintética, habilitam, realmente,
nessa adequação, o que não dispensa, evidentemente, que, para cada uma dessas
tipologias de vida doméstica devam ser bem exploradas soluções arquitetónicas específicas.
Apontam-se portanto, em seguida,
quase sem desenvolvimento pois são auto-explicativos e o respetivo comentário
existe no estudo referido e que
é importante consultar, os seguintes “dispositivos arquitetónicos” como amigos
de uma especial adequação a modos de vida específicos e designadamente ao leque
de modos de vida domésticos que integrem a vivência de pessoas idosas e
fragilizadas, constantes
das pg. 81 a pg. 95 da obra que está a ser referida, escrita por Beatriz Ramo e Geoffrey
Clamour:
. O quarto independente.
. O apartamento com acesso duplo.
. O apartamento para dois
coabitantes.
… L’appartement pour deux
cohabitants est un logement de type T3 composé de deux chambres indépendantes
équipées de salles d’eau. Chaque chambre partage - dans un rapport équitable -
un espace de vie comprenant une cuisine et un séjour mutualisé.
. A coabitação
… La Co-Résidence est un nouveau type d’appartement qui
s’appuie sur l’esprit du partage, à l’image de la « l’appartement pour deux
cohabitants », mais dans une version augmentée.
Elle est constituée d’unités
privées (entre 3 et 5 par Co-Résidence) incluant chacune au moins une chambre
et une salle de bain. Les unités privés partageant entre-elles des espaces de
vie mutualisés - salon, salle à manger, cuisine - et des services
supplémentaires - atelier, buanderie, salle de jeux, spa etc… - qui deviennent
abordables du fait de leur mutualisation…
. Pequenos apartamentos T1 e T2
com soluções específicas: (i) pequenos fogos muito pormenorizados e integrados
com mobiliário e equipamentos “embebidos” e multifuncionais – “gerando-se
superfície sem se acrescentarem metros quadrados” (ex., mobiliário integrado,
parede equipada, etc.)[5];
(ii) agrupáveis e subdivisíveis, proporcionando-se junção de pequenos estúdios
ou subdivisão de apartamento maior, isto é evolutivos ao decorrer da vida e
suas necessidades muitas vezes temporárias; em coabitação, reorganizando-se,
mutuamente, as pequenas tipologias, que podem até constituir unidades
habitacionais de “nível maior”, com espaços “sociais” específicos, mas mantendo
o “nível menor”, associados a um pequeno estúdio ou a um pequeno apartamento
completos; e aplicando-se, estrategicamente, o que que podemos designar de
tipologias intermediárias, por exemplo T0+, T1+ e T2+, em que o “+” corresponde
a um espaço habitável com espaciosidade e autonomia/independência específicas
mas inferiores às de um compartimento corrente, o que lhe propicia uma elevada
adaptabilidade com um mínimo de “espaço a mais”.
. Os fogos T3 “super-adaptáveis” –
considerados como a tipologia com mais elevada capacidade de se adaptar
“passivamente”, sem alterações significativas, a uma vivência familiar e
pessoal “completa”, integrando, designadamente, o “envelhecimento em casa”.
Aconselhando-se para um ainda maior capital de adaptabilidade que possua um
quarto “independente” (próximo da entrada e com casa de banho própria).
. Os grandes fogos T4 e T5
evolutivos – subdivisíveis em apartamentos menores que, em tempo, serão muito
adequados por exemplo a um desdobramento familiar, que pode resultar de
variadas situações (ex., idosos a viverem próximo de filhos, casal jovem a
viver perto de pais)
Salienta-se a importância que
terá, sem dúvida, a consulta específica ao estudo que acabou de ser
referido, onde estas matérias têm adequado desenvolvimento e se encontram
exemplarmente ilustradas.
3.
Novas escolhas residenciais para novas formas de vida
Um amplo conjunto de autores ligados
ao Christchurch City Council, sendo o primeiro autor pelo City Council,
Carolyn Ingles, e o primeiro autor pelo Project Team: Marko den Breems,
desenvolveram um estudo teórico-prático intitulado Exploring new housing
choices for changing lifestyles¸que muito se recomenda (disponível na WWW)
no que se refere a uma aproximação, também excelentemente gráfica, o que
se considera essencial num estudo de base arquitetónica, sobre a exploração
aprofundada de novas escolhas tipológicas habitacionais, que sejam
verdadeiramente adequadas e atraentes para estilos de vida em mudança, como
é bem o caso das variadas tendências habitacionais dos idosos e muito
especialmente dos “novos idosos”; neste sentido apontam então os referidos
autores: [6]
(negrito nosso)
Part Two
illustrates a range of housing typologies suitable for central city living. These
are varied in their design and site arrangements, and respond to range of housing needs and lifestyles; site sizes and
formations; urban locations and densities; and environmentally sustainable
solutions.
3.1 A habitação dos idosos “jovens”
Continuando numa mesma temática
global, ligada ao desenvolvimento de tipologias residenciais amigas das pessoas
idosas e de muitos outros habitantes que desejam condições de vida diária
agradáveis, atraentes, geracionalmente bem integradas e apoiadas por espaços e
serviços comuns salienta-se, agora, o interessante estudo da Senior Housing
News, intitulado The New Active Adult Housing : And how Senior
Living Providers Can Thrive in a 55+ World, que integra um conjunto de
considerações e reflexões, destacadas na respetiva publicação de apresentação,
que são, em seguida, muito parcialmente, apontadas e minimamente comentadas. [7]
A questão das designações aplicadas a
diversas soluções residenciais para variados níveis etários, integrados no
amplo leque que vai dos “jovens idosos” (55+) aos “grande idosos” (talvez 80+)
vale o que vale, mas por vezes acaba por espelhar um interessante leque de
facetas tipológicas residenciais e de vida diária que lhes são aplicáveis, tal como se refere no estudo acima apontado: (negrito
nosso)
Active adult. 55+. 55 or better. Age-restricted.
Age-qualified. Age-targeted. Service-enriched. Non-assisted. Active lifestyle.
Lifestyle housing.
There are
many names for the space perhaps best known as "active adult" or
"55+."
Just
don't call it "senior."
The
growing active adult opportunity for traditional senior living providers
The
lifestyle needs that drive consumers to choose active adult
How
active adult is becoming "independent living light"
What
traditional senior living providers must do to avoid being left behind
É interessante considerar, a
propósito, o que parece ser uma tendência de alargamento do intervalo etário
que anteriormente se referia, talvez, muito apenas a uma designada “terceira
idade”, que desde há mais de 50 anos era marcada pelos 65+; e que hoje parece
integrar um leque etário razoavelmente diversificado, que se inicia naqueles
que são habitualmente designados por “adultos ativos” ou talvez, melhor, por
“jovens idosos”, que têm 55+, dos “idosos” com 65+, e que termina no grupo dos
grandes idosos (ou talvez anciões), com 80+ (“velhice extrema”: 90+).
Na prática o que se julga importante
em tudo isto é considerar a “barreira” da reduzida ou mesmo nula autonomia
pessoal, que em média é cada vez etariamente mais elevada, visando-se tudo
aquilo que no âmbito residencial (do espaço doméstico, aos espaços comuns
edificados e à vizinhança) possa apoiar na maior extensão dessa autonomia e
privilegiando-se conjuntos residenciais onde, à imagem do que sempre aconteceu
no espaço urbano, aconteça uma natural intergeracionalidade, o que no entanto
não implica quaisquer faltas de cuidado na conceção e na gestão que prejudiquem
o bem-estar residencial de todos os vizinhos e em especial dos mais idosos e
fragilizados, por razões bem evidentes.
Há portanto, aqui, um aspeto essencial
em toda esta reflexão que é a ligação entre eventuais e diversificados cuidados
pessoais necessários a residentes, e, exclusivamente, os seus respetivos
espaços domésticos (com dimensões e caraterísticas potencialmente bem
variadas); não se “carregando” os respetivos espaços comuns contíguos (aos
espaços domésticos e aos espaços de uso público) com qualquer tipo de condições
espaciais e de serviços associados a cuidados pessoais, que não sejam aqueles
ligados habitualmente ao bem-estar e ao lazer (ex., SPA, massagens, ginásio,
etc.); sendo nestas matérias essencial procurar associar a intervenções
residenciais amigas dos idosos aqueles espaços e serviços que atraem os
residentes, e evitarem-se os que até afastam os residentes, muitas vezes porque
associados aos velhos estigmas assistenciais aplicados aos idosos.
Ainda um outro aspeto que importa ter
em primeira linha de atenção quando se concebem soluções residenciais amigas
dos idosos é a excelência da respetiva qualidade arquitetónica – global e muito
bem “condensada” em um restrito conjunto de espaços pormenorizados (ex., grande
zona com lareira) – aliada a um expressivo sentido de atratividade aplicável ao
mais amplo leque possível de gostos; e isto porque, por exemplo em Portugal,
até se está a passar nestas áreas de projeto, e muito bem, de uma famigerada
fase de caraterização institucional para uma outra que poderemos designar de
“modernidade institucional”, mas temos de ir mais longe e procurar uma
impressiva qualidade arquitetónica residencial sem quaisquer outros “rótulos”
suplementares, pois cada
intervenção terá desejavelmente o seu caráter e o seu perfil concetual
específico, mas sendo, sempre, basicamente, um excelente espaço residencial e,
cada vez mais, ao serviço de um dado estilo de vida (ex., mais urbano, mais ligado à
natureza, mais convivial, mais sossegado, etc.), tal como se sublinha no estudo
do Senior Housing News Resource
Center, que está a ser referido: (negrito nosso)
The word “lifestyle” is useful when thinking about
active adult because that’s what most residents are seeking when they move to one of these communities. Some do so
to downsize their homes, but some want to upsize. Some want a resort style-community, and others want something
rooted in outdoor activities. Some want to be closer to their own families,
while others want to be away from other people’s families and young children.
Some are working, and some are retirees who view this new period as an
opportunity to volunteer.
But all seek a new lifestyle.
3.2 Uma habitação que apoie o envelhecimento ativo
Importa cada vez mais desenvolver
apoios institucionais efetivos ao envelhecimento ativo tal como é apontado por
Mary Kate Nelson, relativamente à recente criação do Institute on Aging,
uma entidade do tipo instituição particular de solidariedade social que prevê
prestar serviços a cerca de 60.000 idosos locais, e à qual, em seguida
dedicamos alguma atenção. [8]
(negrito nosso)
O objetivo é criar condições
sustentadas para condições de doença crónicas, discriminação e pobreza entre os
séniores da zona; neste sentido serão criadas parcerias com instituições de
prestação de cuidados de saúde, organizações de base local, agências governamentais
e comunidades religiosas, instituições de investigação e universidades.
Tal como se aponta no estudo de Mary
Kate Nelson, na Universidade de Wisconsin há um curso significativamente
designado “”Aged to Perfection”, a ideia da criação do instituto
resultou em parte do êxito desse curso e dos muitos anos de vida (cerca de 150)
de uma non profit continuing care retirement community (CCRC) que é o
principal protagonista da referida iniciativa institucional; na zona existe uma
importante comunidade habitacional para idosos, que inclui 201 apartamentos
para vida independente (AVI) + 24 apartamentos de vida assistida (AVA) + 50
suites com enfermagem especializada (SEE); mais recentemente foi construída uma
torre habitacional com 22 pisos e que inclui, entre outras valências
residenciais ligadas ao habitar dos idosos (ex., apartamentos para catered
living): 79 AVI; 24 AVA; e 50 SSE.
Em 5 anos prevê-se que o Instituto
possa disponibilizar cuidados a cerca de 60000 idosos da zona que vivam fora
dessa comunidade, tal como se refere no estudo que acabou de ser apontado.
O que aqui se destaca é o natural
papel (infra)estruturador e de apoio diversificado, que poderá ser assumido por
entidades ligadas a conjuntos residenciais amigos dos idosos no que toca ao
apoio domiciliar de muitos idosos que vivem, independentes, nas suas
habitações.
3.3 Habitação direcionada para os “adultos ativos ou “jovens idosos”
Relativamente à subtemática de uma
habitação muito direcionada para os designados novos “adultos ativos”, que
também se podem definir como “jovens idosos”, Wayne A. Lemmon, no seu artigo
intitulado The New “Active Adult” Housing, avança um conjunto de considerações
que são, em seguida, muito parcialmente, apontadas e minimamente comentadas,
designadamente, no que se refere ao que acaba por ser uma das poucas
aproximações tipológicas residenciais etariamente focadas, e que, embora muito
ligada a uma faixa etária a partir de cerca de 55 anos (55+), poderá ajudar a
definir caminhos tipológicos residenciais para os mais idosos e
considerando-se, até, que com a atual evolução etária o que um adulto ativo faz
aos 55 anos poderá, provavelmente, fazer durante bastante tempo mais; e neste
sentido já estamos no âmbito dos aspetos mais ligados à promoção de conjuntos
residenciais amigos dos idosos e com caraterísticas intergeracionais
participadas e apoiados por espaços e serviços comuns. [9] (negrito nosso)
Wayne A. Lemmon aponta que o patamar
dos 55 anos foi amplamente aceite como definindo a altura a partir da qual se
desenrolará o habitar do designado “adulto ativo” (Active Adult), numa
fase da vida em que grande parte de nós ainda não estamos aposentados, mas na
qual grande parte de nós já criámos os filhos; isto embora cada vez mais
existam pessoas sem filhos e pessoas que deixam a criação dos filhos para uma
idade mais avançada. (pg. 1).
Podemos considerar que o que iremos
aqui apurar para os designados “adultos ativos” pode ajudar a servir de base
para o “acondicionamento” dos fogos do PHAI3C, sendo este muito dirigido para
idosos e adultos ativos de todas as idades, sozinhos ou em casais sem filhos; o
que, evidentemente, não pode significar qualquer tipo de “proibição” do PHAI3C
para famílias com poucos filhos.
As referência qualitativas de Wayne A.
Lemmon, para as intervenções dedicadas a “adultos ativos”, abarcam desde
vizinhanças bem integradas e atraentes para a vida sociocultural de um grupo
participativo e com variados pontos de interesse, incluindo a proximidade de
percursos pedonais marcados por um “paisagismo densificado”, a dois conjuntos
de aspetos que o autor associa ao que ele designa de promoções (residenciais)
para um mercado maduro (mature market developments).
Um dos aspetos é referido, por Wayne
Lemmon, como um “pacote” de equipamentos socioculturais, amplamente
desenvolvido e rico; o que se refere a uma vizinhança urbana vitalizada e
qualificada.
O outro aspeto, também apontado por Wayne
Lemmon, é a existência de um quadro de
exigências de manutenção muito reduzidas e simplificadas; o que refere ao
desenvolvimento de uma solução residencial e mesmo urbana do tipo condominial,
onde praticamente tudo o que é comum é gerido pela associação ou condomínio;
sendo que, dizemos nós, até poderão existir ofertas de serviços, à la carte,
geridos também pelo condomínio, e que reduzam, no limite, quase a “0”, os
respetivos cuidados domésticos correntes.
Para além destes aspetos que se julgam
perfeitamente replicáveis para habitantes muito mais idosos e muito menos
idosos do que os níveis etários próximos dos 55 anos, há algumas matérias muito
específicas, aplicáveis tanto a esta tipologia residencial, como a outra
qualquer que esteja marcada , quer pela preocupação de algumas limitações
espaciais, quer pela necessidade de se assumir com um caráter de atratividade
capaz de vencer a forte inércia contra a mudança, que carateriza a ligação de
qualquer morador com a habitação onde mais tempo viveu durante a sua vida.
Estas matérias ligam-se, quer a um
adequado desenvolvimento de pormenores de arquitetura, quer a um cuidado e
“aprimorado” paisagismo; um e outro aspeto que contribui para a transmissão aos
habitantes de “imagens de alto nível” (upscale image) relativamente a um quadro
residencial e urbano que terá ainda espaciosidades relativamente moderadas e
sensíveis densidades populacionais.
Outros aspetos podem marcar a
pormenorização tipológica da habitação para “adultos ativos” e, porque não,
dizemos nós, para “idosos ativos”, que os há até cada vez mais avançadas
idades. São estes aspetos, com certeza que, entre outros, e apontados por Wayne
Lemmon: uma relativa substituição da habitual espaçosa sala-comum da habitação
para uma família com filhos, por espaços de estar e de refeições mais
diversificados; uma posição da principal zona de refeições marcando a zona
central da habitação; a consideração dos espaços de receção e de convívio com
familiares e convidados como espaços “focais” da habitação; desenvolvimento de
diversos pequenos espaços, equipamentos e pormenores marcantes (ex., zona de
“lareira”, “armário” para vinhos, tampo de bar em granito). (pg. 2)
Temos de comentar que estas
considerações não podem ser tomadas “literalmente”, mas sim numa perspetiva
relacionada com o que pode e deve ser uma estratégica “compensação” de não se
poder avançar com áreas folgadas, seja nos espaços privados, seja nos comuns, e
no âmbito do PHAI3C, mas avançando-se numa diversificação tipológica, e numa
pormenorização programática, e de elementos e materiais enriquecedores da
experiência do habitar diário desses espaços; sendo que até o enriquecimento em
termos de materiais não obriga, necessariamente, a gastos suplementares,
devendo si tratar-se de uma cuidadosa escolha projetual.
3.4 Habitação para idosos autónomos
Continuando numa mesma temática
global, ligada ao desenvolvimento de tipologias residenciais amigas das pessoas
idosas e de muitos outros habitantes que desejam condições de vida diária
agradáveis, atraentes, geracionalmente bem integradas e apoiadas por espaços e
serviços comuns salienta-se, agora, embora de forma muito sintética, o estudo
de Roberta de Miranda Henriques Freire e Nivaldo Carneiro Junior, intitulado Produção
científica sobre habitação para idosos autônomos: revisão integrativa da
literatura, que integra um conjunto de considerações e reflexões, que são,
em seguida, muito parcialmente, apontadas e minimamente comentadas. [10]
(negrito nosso)
Tal como outros estudos aos quais
muito ficamos devedores na presente fase de trabalho do PHAI3C, este trabalho de Roberta Freire
e Nivaldo Junior avança, como se salienta e cita em seguida, no crescente
número de pessoas a viverem sozinhas e
também aliando tal condição à condição de idosos e mesmo, frequentemente, de
idosos fragilizados, quer por
condições de saúde concretas, quer pela falta muito sentida de pessoas de
família muito chegadas: (negrito nosso)
A constituição de
domicílios unipessoais parece ser uma tendência cada vez mais presente na vida
dos brasileiros devido à redução do número de filhos, aumento do número de divórcios, mudanças no estilo de vida, melhora nas
condições de saúde e aumento da longevidade. A tendência é inevitável mesmo
para aqueles que, apesar de se sentirem sós ou abandonados, não possuem outras
pessoas com as quais possam coabitar... Além disso, morar sozinho poderá ser
indicativo de um envelhecimento bem-sucedido, dado que esses idosos tenderiam a
apresentar independência e autonomia. Porém, os idosos que moram sozinhos podem
apresentar uma maior fragilidade e suscetibilidade a riscos de adoecer, com a
(in)capacidade de autocuidado, com a insegurança física... (pg. 718)
… Alguns mencionaram
o temor de sofrer algum acidente e não ter a quem recorrer. Esses idosos sentem-se incomodados quanto à necessidade de pedir
favores a estranhos, bem como a obrigatoriedade de avisar os filhos cada vez
que vão à consulta médica. Contudo, sentem-se muito bem ao longo do dia com
suas ocupações diárias... (pg. 721)
Há, evidentemente, neste estudo de Roberta
Freire e Nivaldo Junior sobre a cada vez maior solidão funcional de muitas
pessoas e não apenas idosas, uma porta aberta para soluções habitacionais que
respeitem até o prazer que pode haver em tal solidão, tal como foi abordado já
no âmbito do estudo do PHAI3C, mas amparando-a em termos de “rede de
segurança”, com alguns espaços e serviços comuns e uma posição urbana
estratégica e viva; sendo que os idosos serão talvez aqueles que mais tempo
terão para gozar tais facilidades qualificadoras de uma adequada qualidade de
vida: (negrito nosso)
“[...] ao definirem qualidade de vida, os idosos valorizam aspectos
relacionados à saúde, mas demonstram também que esta não é entendida por eles
apenas como ausência de doença”... (pg. 724)
Bibliografia (referências práticas)
AA. VV. -The New Active
Adult Housing : And how Senior Living Providers Can Thrive in a 55+ World. Senior Housing News
Resource Center . www.seniorhousingnews.com | info@seniorhousingnews.com. 2018
INGLES, Carolyn ; FISHER,
Michael ;NICHOLSON, Hugh ; RADLEY, Jason ; DRAVITZKI, Martha;
Project Team: Marko den Breems, Martin Udale, Alistair Ray,
Tim Robinson, Nikki Launder, Shonagh Lindsay, Sigrid de Vrij
and John Davis - Exploring new housing choices for changing
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& Planning Team, Christchurch City Council Project Team, Jasmax. 2018.
www.ccc.govt.nz https://www.ccc.govt.nz/assets/Documents/The-Council/Plans-Strategies-Policies-Bylaws/Urban-Design/Exploring-New-Housing-Choices.pdf
LEMMON, Wayne A. - The New “Active
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RAMO, Beatriz ; CLAMOUR, Geoffrey Clamour ;
STAR strategies + architecture - L’Intérieur de la
Métropole L’Habitat, la Plus Grande Petite Echelle du Territoire. Par STAR strategies +
architecture en collaboration avec MONU magazine on urbanism et BOARD (Bureau
of Architecture, Research and Design) pour l’AIGP - Atelier International du
Grand Paris. © STAR strategies + architecture. Paris. 2015. « La surface
limitée des T1-T2 est parfois insuffisante au regard des pratiques et des
besoins de leurs habitants. Il apparaît donc nécessaire pour ces petites
typologies d’optimiser l’espace à travers un travail articulant les échelles de
l’architecture et du meuble. » (pg. 95)
SANCHO, Mayte; LANTÁRON,Heitor - Viviendas y Sistemas Alternativos de Alojamiento para personas mayores en
Europa. Matía Instituto, Ayuntamiento
de Donostia/San Sebastián, Plan de Ciudad Donostia Lagunkoia. Donostia, San Sebastian. 2017.
Notas
editoriais gerais:
(i)
Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a
caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de
edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo
portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No
mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a
utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por
exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva
responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas
fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii)
Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da
Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa
de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a
tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo
GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à
respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas
e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Etiquetas/palavras chave: habitação, habitação intergeracional, habitação para
idosos, intergeracionalidade, espaços residenciais, PHAI3C, Programa de
Habitação Adaptável e Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados
Renovadas soluções residenciais para as pessoas idosas – versão de trabalho e base documental # 868 Infohabitar
António Baptista Coelho – com base direta nos textos,
ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo
Artigo XXXVI da série editorial da
Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através
de uma Cooperativa a Custo Controlado” “PHAI3C”
Infohabitar, Ano XIX, n.º 868
Edição: quarta-feira, 19 de julho de
2023
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho,
Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo –
Departamento de Edifícios do Laboratório
Nacional de Engenharia Civil - LNEC
abc.infohabitar@gmail.com, abc@lnec.pt
A Infohabitar é uma Revista do GHabitar Associação
Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação
atualmente com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação
Económica (FENACHE) e anteriormente com sede no Núcleo de Arquitectura e
Urbanismo do LNEC.
Apoio à Edição: José Baptista Coelho - Lisboa,
Encarnação - Olivais Norte.
[1] Mayte Sancho (Matía Instituto), Heitor Lantarón (Dr.
Arquitecto. Experto en envejecimiento, por encargo del Ayuntamiento de
Donostia/San Sebastián en el marco del Plan de Ciudad Donostia Lagunkoia.) - Viviendas y Sistemas
Alternativos de Alojamiento para personas mayores en Europa. Matía Instituto, Ayuntamiento de Donostia/San
Sebastián, Plan de Ciudad Donostia Lagunkoia. Donostia, San Sebastian. 2017.
[2] Plataforma do programa
com descrição dos projetos selecionados:
[3] Mayte Sancho (Matía Instituto), Heitor Lantarón (Dr.
Arquitecto. Experto en envejecimiento, por encargo del Ayuntamiento de
Donostia/San Sebastián en el marco del Plan de Ciudad Donostia Lagunkoia.) -
Viviendas y Sistemas Alternativos de Alojamiento para personas mayores en
Europa. Matía Instituto, Ayuntamiento de Donostia/San Sebastián, Plan de
Ciudad Donostia Lagunkoia. Donostia, San
Sebastian. 2017.
[4] Beatriz Ramo, Geoffrey
Clamour ; Beatriz Ramo (org.) ; STAR strategies + architecture - L’Intérieur de la Métropole L’Habitat, la Plus Grande Petite Echelle du
Territoire. Par STAR strategies +
architecture en collaboration avec MONU magazine on urbanism et BOARD (Bureau
of Architecture, Research and Design) pour l’AIGP - Atelier International du
Grand Paris. © STAR
strategies + architecture. Paris. 2015
[5] « La surface limitée des
T1-T2 est parfois insuffisante au regard des pratiques et des besoins de leurs
habitants. Il apparaît donc nécessaire pour ces petites typologies d’optimiser
l’espace à travers un travail articulant les échelles de l’architecture et du
meuble. » (pg. 95)
[6] Carolyn Ingles, Michael
Fisher,Hugh Nicholson, Jason Radley, Martha Dravitzki ; Project Team: Marko den
Breems, Martin Udale, Alistair Ray, Tim Robinson,
Nikki Launder, Shonagh Lindsay, Sigrid de Vrij and
John Davis - Exploring new housing choices for changing
lifestyles. Strategy & Planning Team, Christchurch City Council
Project Team, Jasmax. 2018. www.ccc.govt.nz
[7] AA. VV. -The New Active Adult Housing : And how Senior Living Providers Can
Thrive in a 55+ World. Senior Housing News Resource Center . www.seniorhousingnews.com |
info@seniorhousingnews.com. 2018
[8] Mary Kate Nelson - CCRC Commits $500,000 to Launch Institute on Aging. Senior Housing News, 1
julho, 2018.
https://seniorhousingnews.com/2018/07/01/ccrc-commits-500000-launch-institute-aging/
[9] Wayne A. Lemmon - The New “Active Adult” Housing. Planning Commissioners Journal. N.º 51, verão, 2 0
0 3.
[10] Roberta de Miranda Henriques Freire, Nivaldo Carneiro Junior - Produção científica sobre habitação para
idosos autônomos: revisão integrativa da literatura. Revista Brasileira de Geriatria
e Gerontologia (RBGG), Rio de Janeiro, 2017; 20(5): 717-726 Universidade do
Estado do Rio Janeiro. https://doi.org/10.1590/1981-22562017020.170065
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