Ligação direta (clicar no link seguinte ou copiar para site de busca) para aceder à listagem interativa de 840 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):
Tipologias residenciais para pessoas idosas: um amplo leque de soluções – versão de trabalho e base documental # 870 Infohabitar
António Baptista Coelho – com base direta nos textos,
ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo.
Artigo XXXVIII da série editorial da
Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através
de uma Cooperativa a Custo Controlado” “PHAI3C”
Infohabitar, Ano XIX, n.º 870
Edição: quarta-feira, 2 de agosto de
2023
Caros
leitores da Infohabitar,
Com
o presente artigo, sobre a habitação intergeracional, continuamos num intervalo
editorial, que se prolongará até ao próximo mês de setembro, relativamente à divulgação
da série editorial dedicada à temática geral da “Segregação
sócio-espacial em contexto urbano”, através de um estudo comparativo entre
Braga - Portugal e Aracaju-Brasil, da autoria do
Professor Anselmo Belém Machado.
Com
o presente artigo continuamos, portanto, a série sobre
habitação intergeracional no âmbito da proposta de um Programa de Habitação
Adaptável Intergeracional no âmbito de uma Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C),
que visa oferecer soluções urbanas e residenciais que promovam a convivência
entre diferentes gerações, que sejam adaptáveis a diferentes modos de vida e
adequadas para pessoas com fragilidades físicas e mentais, sem estigmatização;
e que, simultaneamente, e no referido âmbito intergeracional, ofereça soluções
habitacionais para outras necessidades urgentes, como jovens e pessoas
solteiras; e tudo isto com uma abordagem de gestão participativa, socialmente
estimulante e financeiramente sustentável, que, naturalmente, terá sempre muito
a ver com uma promoção cooperativa marcada por claras preocupações sociais e
económicas.
Prevemos concluir esta série editorial sobre habitação
intergeracional em meados do próximo mês de setembro.
Recorda-se,
como sempre, que serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas
sobre os artigos aqui editados e propostas de novos artigos (a enviar, ao meu
cuidado, para abc.infohabitar@gmail.com).
Com
as melhores saudações a todos os caros leitores,
Lisboa,
em 2 de agosto de 2023
António
Baptista Coelho
Editor
da Infohabitar
Tipologias residenciais para pessoas idosas: um amplo leque de soluções – versão de trabalho e base documental # 870 Infohabitar
António Baptista Coelho – com base direta nos textos,
ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo
Resumo
Depois de se apresentarem algumas
notas introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre habitação
intergeracional avança-se na matéria das respetivas tipologias residenciais,
agora, de uma forma mais ligada à prática, iniciando-se, especificamente, o artigo
com uma abordagem de soluções mais correntes e naturais de intergeracionalidade
residencial, neste caso referidas à prática da coabitação, seguindo-se um
avanço nas soluções de “habitação assistida” bem apoiadas numa coerente
filosofia de vida/habitacional e concluindo-se este texto com uma perspetiva de
futuro relativa à habitação para pessoas idosas.
Notas
introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre habitação intergeracional
O presente conjunto de artigos
inclui-se numa série editorial dedicada a uma reflexão temática exploratória,
que integra a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada à preparação e
estruturação de um amplo processo de investigação teórico-prático, intitulado
Programa de Habitação Adaptável Intergeracional Cooperativa a Custos
Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser desenvolvido, pelo
autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de Investigação e Inovação
(P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas nestes artigos são,
apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor do PHAI3C e os
numerosos autores neles amplamente citados.
Neste sentido salienta-se o papel
visado para o presente conjunto de artigos, no sentido de se proporcionar uma
divulgação que possa resultar numa desejável e construtiva discussão alargada
sobre as muito urgentes e exigentes matérias da habitação mais adequada para
idosos e pessoas fragilizadas, visando-se, não apenas as suas necessidades e
gostos específicos, mas também o papel e a valia que têm numa sociedade ativa e
integrada.
Nesta perspetiva e tendo-se em conta a
fase preliminar e de trabalho da referida investigação, salienta-se que a forma
e a extensão dos artigos agora listados reflete uma assumida apresentação
comentada, minimamente estruturada, de opiniões e resultados de múltiplas
pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua perspetiva temática focada e
por corresponderem a estudos razoavelmente recentes; forma esta que fica
patente no significativo número de citações – salientadas em itálico –, algumas
delas longas e quase todas incluídas na língua original.
Julga-se que não se poderia atuar de
forma diversa quando se pretende, como é o caso, chegar, cuidadosamente, a resultados
teórico-práticos funcionais e aplicáveis na prática, e não apenas a uma
reflexão pessoal sobre uma matéria tão sensível e complexa como é a habitação
intergeracional adaptável desenvolvida por uma cooperativa a custos controlados
e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.
Tipologias
residenciais para pessoas idosas: um amplo leque de soluções
– versão de trabalho e base documental #
870 Infohabitar
Índice geral
(entre parêntesis, n.º de página do item)
1. Viver em soluções do tipo coabitação ou
como ter uma “grande casa” pagando apenas um pequeno apartamento (3)
2. Habitação assistida apoiada numa filosofia
habitacional (16)
3.
Futuros da habitação para pessoas idosas (20)
Bibliografia (referências práticas) (23)
Nota
específica relativa às citações: tal como foi acima sublinhado nas “Notas introdutórias”, e
tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho do presente estudo, ele
inclui numerosas citações, todas salientadas em texto a itálico, reentrante e
em tipo de letra “Arial Narrow”, algumas delas longas e quase todas
apresentadas na respetiva língua original; em termos formais e tendo-se em
conta essa grande frequência de citações, optou-se, por regra, pela respetiva
indicação da fonte documental, respetivo título e autoria, no corpo de texto e
em nota de pé de página ou de final de artigo (conforme a edição), seguindo-se
a(s) respetiva(s) citação(ões) com a indicação, posterior, do(s) respetivo(s)
número(s) de página(s) entre parêntesis – ex: (pg. 26) –, e, em alguns casos,
mas não por regra, repetindo-se a indicação específica ao documento que “está a
ser referido” e/ou à sua respetiva autoria.
Specific note regarding
citations: as highlighted above in the
“Introductory Notes”, and taking into account the preliminary and working phase
of the present study, it includes numerous citations, all highlighted in
italicized text, reentrant and in font type. letter “Arial Narrow”, some of them
long and almost all presented in their original language; in formal terms and
taking into account this high frequency of citations, we opted, as a rule, for
the respective indication of the documentary source, respective title and
authorship, in the body of the text and in a footnote or at the end of the
article (according to the edition), followed by the respective citation(s) with
the subsequent indication of the respective page number(s) in parentheses – ex:
( pg. 26) – and, in some cases, but not as a rule, repeating the specific
indication of the document that “is being referred to” and/or its respective
authorship
1.
Viver em soluções do tipo coabitação ou como ter uma “grande casa” pagando
apenas um pequeno apartamento
Continuando na temática ligada ao
desenvolvimento de tipologias residenciais amigas das pessoas idosas e de
muitos outros habitantes que desejam condições de vida diária agradáveis,
atraentes, geracionalmente bem integradas e apoiadas por espaços e serviços
comuns salienta-se, agora, o muito
importante estudo, que se recomenda, que integra a excelente iniciativa
designada por Atelier International du Grand Paris, e que foi desenvolvido por um amplo conjunto de grupos
de pesquisa, coordenado pela STAR strategies + architecture (mandataire)
& MONU Magazine, e muito significativamente intitulado Co-Résidence™ ‘Habiter en
Grand’ ou Comment Payer pour une ‘2CV’ et Remporter une ‘Co-Rolls Royce’, que
integra um conjunto de considerações e reflexões, que são, nas páginas
seguintes, eextensamente apontadas e comentadas. [1]
A propósito desta interessante e ampla
ideia de viver em soluções do tipo coabitação e, assim, poder ter uma “grande
casa” com os custos semelhantes aos de um pequeno apartamento, interessa
referir que ela acaba por estar na base da ideia do PHAI3C, isto no sentido em
que a total privacidade e a forte apropriação e identificação com o espaço
doméstico será inteiramente garantida no âmbito dos apartamentos privados,
enquanto um conjunto de espaços e equipamentos de apoio a uma vida diária muito
estimulante e positiva, que são dispendiosos em termos de custos iniciais e de
manutenção e muito difíceis de obter a título individual, são proporcionados a
um nível comum ou condominial.
Acrescentando-se a esta procurada
harmonização de espaços e equipamentos privados e comuns, acresce que no âmbito
do PHAI3C se visa que o ambiente doméstico privativo seja ricamente microzonado
e profunda e positivamente pormenorizado em termos espaciais e especificamente
de uma apurada arquitetura de interiores, naturalmente, desenvolvida por
profissionais, mas numa estreita ligação com os respetivos habitantes, e com as
suas necessidades e os seus desejos e mesmo alguns sonhos domésticos,
“desmultiplicando-se” e “ampliando-se”, aparentemente, um espaço que poderá ser
estrategicamente condensado em termos de áreas globais, através de uma
excelente arquitetura de interiores.
Tais cuidados serão também dirigidos
para os respetivos espaços comuns, embora provavelmente numa perspetiva muito
racionalizada designadamente em termos da minimização dos cuidados de
manutenção aplicáveis.
Salienta-se, assim, que esta ideia de
viver, de alguma forma, em coabitação e, assim, poder ter uma “grande casa” com
os custos semelhantes aos de um pequeno apartamento é interessante mas só será
viável entre nós se o espaço individual for razoavelmente folgado e muito bem
pormenorizado e se a relação entre ele e o espaço comum for muito bem
autonomizada a todos os níveis físicos e sensoriais (acessibilidade, vistas,
cheiros, sons e ruídos). A solução de coabitação tem ainda vantagens potenciais
interessantes no que se refere à reconversão funcional aplicada à reabilitação
seja de zonas centrais seja de bairros de interesse social social,
designadamente, em termos de fusão de apartamentos mais pequenos e subdivisão
de habitações maiores.
Devido ao interesse de toda esta
matéria ligada à coabitação e à sua aplicabilidade no âmbito do PHAI3C ela foi
razoavelmente desenvolvida, neste subitem, aproveitando-se paulatinos
comentários a aspetos constantes do estudo que está a ser referido e que muito
se recomenda.
Um primeiro aspeto a ter em conta é o
potencial de poupança de área bruta habitacional privada que é proporcionado
pelo conceito de coabitação, no qual alguns espaços e equipamentos de apoio
doméstico podem ser partilhados pelos habitantes de vários apartamentos
vizinhos; e não esquecendo que podemos estar, aqui, a poupar na multiplicação
de tais espaços por um dado número de fogos próximos; e refere-se, então,
citando o documento atrás referido, intitulado” Habiter en Grand’ ou Comment Payer pour une ‘2CV’ et
Remporter une ‘Co-Rolls Royce’ “:(negrito nosso)
Pour générer un ensemble
résidentiel, la méthode actuelle utilise la répétition d’un seul appartement,
autant de fois que nécessaire.
L’application des principes de
la Co-Résidence – où certains espaces peuvent être partagés par différentes
unités privées – entraîne une réduction considérable de la surface totale du
bâtiment – sans réduction de la surface de l’appartement. Dans cet exemple
simple, nous sommes parvenus à réduire de 35%, espace, temps et budget
pour réaliser un même nombre de
logements. Ou
en conservant les conditions initiales, nous obtenons
35% d’appartements en plus, lesquels sont 35% moins chers. (pg.
15)
Uma outra ideia que importa ter
presente, paralelamente, a esta possibilidade de delegar certos espaços e
equipamentos tradicionalmente do fogo, para um nível comum, é que há limites a
uma tendencial redução do espaço doméstico, no evidente sentido da respetiva
redução de custos; e não é por acaso que os conceitos de mínimos habitacionais
e de “casas mínimas” foram sempre tão explorados pelos melhores arquitectos.
Poderíamos passar, então, neste
sentido, tal como se aponta no estudo em referência, intitulado” Habiter en Grand’ ou Comment Payer pour une ‘2CV’ et
Remporter une ‘Co-Rolls Royce’ “, de uma perspetiva de “simples” minimização espacial do
espaço doméstico privado, para uma outra de tipificação e gestão espacial desse
espaço em articulação com o espaço comum, considerando os respetivos usos: (pg. 18)
Si la propriété devient
inaccessible, nous ne devons pas simplement penser à concevoir des logements
plus petits ; nous
devons repenser le concept de ‘propriété’ lui-même. (pg. 18)
STAR+MONU/BOARD ont développé
une série de 6 Co-Résidences. Ce plan est une adaptation des Immeubles-Villas
de Le Corbusier, 1922.
Cette Co-Résidence en duplex …
génère 40 % d’économie (argent, espace…) par rapport à un appartement standard.
Elle accueille une petite communauté de 5 unités, chacune avec des espaces
privés (chambres et salles de bains) et une grande cuisine et un salon en
double-hauteur partagés (et de meilleure qualité que dans un appartement
classique).
Le ‘partage’ autorise
l’addition de ‘fonctions luxueuses’ comme un atelier, une buanderie ou une chambre d’ami, et
le tout atteint une économie de 40%. Par exemple, la famille 1 bénéficie d’un appartement
co-résidentiel de 145 m² (27 m² en propriété individuelle + 118 m² en propriété
collective) – soit le double d’un appartement standard de 2 chambres – avec
bien plus de services, tout en payant 40% de moins. (pg.
20)
Teremos, assim, uma coabitação ou uma
solução coresidencial basicamente caraterizada, não por um sentido
negativamente minimalista e mesmo pauperizador do espaço de vida doméstico, mas
sim uma abertura para a adição a esse mesmo espaço doméstico de “funções
luxuosas”, tal como se aponta e muito bem no estudo que está a ser referido.
Teremos, assim, talvez uma solução do
tipo hotel residencial marcado por um conjunto específico de caraterísticas
arquitetónicas a definir, previamente, pelos próprios residentes (o que já aqui
distingue da “hotelaria” corrente), e por uma fortíssima caraterização
doméstica no sentido de se evidenciar, essencialmente, o respetivo agrupamento
de fogos, ou conjunto de fogos, e não os associados espaços e equipamentos
comuns, por maiores e mais elaborados que eles sejam.
E, afinal, e tal como se aponta no
estudo que tem estado a ser referido, todos os multifamiliares contêm já um pouco de coabitação
e é fundamental aprender com esse pouco e com os seus melhores casos de
referência, quando se pretende ampliar a respetiva dimensão comum; de certa
forma passando de uma solução “multifamiliar” para uma outra mais “coletiva”,
recuperando-se o esquecido conceito de “habitação coletiva” – uma matéria que bem merece adequado e posterior
desenvolvimento:
Escaliers, ascenseurs,
corridors, système de chauffage, toits terrasse… sont déjà de propriété commune
dans les immeubles collectifs. Par exemple, les ascenseurs ne sont utilisés que
quelques instants par jour et il semble donc plus intelligent de les mutualiser
pour économiser espace et coûts.
Nous pouvons apprendre de la gestion de ces espaces,
pour partager d’autres pièces de l’appartement. (pg. 34)
Esta ideia de partir do espaço comum
residencial corrente para um novo espaço comum melhorado nos seus aspetos
estratégicos e mais influenciadores é realmente muito interessante e pode ser
associada ao conhecido adágio popular “para melhor está bem, está
bem, para pior já basta assim”; e tal como se aponta no estudo que tem
estado a ser referido:
Il nous importe peu
d’aller vers le ‘collectif’, si c’est pour arriver à quelque chose de mieux.
Restaurants, spas, cinémas...
sont les équivalents dans le domaine public des salles à manger, salles de bain
ou salles TV. Et
nous partageons sans problème des ‘extra’ services comme la ‘salle de sport’,
avec d’autres usagers pour y avoir accès.
Dans la Co-Résidence les
espaces partagés sont toujours de meilleure qualité que dans des appartements
standards et les habitants bénéficient de services supplémentaires. Par exemple, une Co-Résidence
peut avoir des chambres de logements sociaux, un salon ‘bourgeois’, et un
‘extra’ service haut de gamme.
35
É uma ideia interessante basearmo-nos
nos serviços comuns ou de uso público já existentes e intensamente usados, como
é o caso de cafés-restaurantes, cinemas e salas para desporto. Usar o sentido
do lazer e do passatempo como elementos de base da conceção residencial de uma
coabitação (ou solução co-residencial), que poderá e deverá ser naturalmente
intergeracional e ativamente participada; mas nunca fazer uma tal coesão e
conjugação das unidades residenciais “em torno” de espaços e equipamentos
assistenciais, que, existindo, deverão estar embebidos em espaços e
equipamentos de lazer e recreio (ex., piscina com alguns elementos
hidrodinâmicos e espaços de sauna e jacúzi próximos; gabinete de apoio à saúde
e ao bem-estar na proximidade de uma sala com máquinas de exercício físico,
etc.).
E mesmo os espaços partilhados devem
ser apercebidos, pelos habitantes vizinhos, como uma afirmada extensão dos
espaços privados domésticos e como parte integrante do seu próprio espaço
habitacional; sendo que para isso a estrutura geral da coresidência deve
inspirar-se numa grande estrutura caraterizadamente doméstica, tal como se
aponta no estudo coordenado pela STAR strategies + architecture (mandataire)
& MONU Magazine, que está a ser referido (pg. 37). Matérias muito
interessantes e úteis para uma aproximação à tipificação das soluções do
PHAI3C, quer porque se afastam, assim, tratamentos excessivamente formais e
“cerimoniosos” dos espaços comuns, quer porque se tende, assim, ao
favorecimento de soluções espaciais mais ligadas entre espaços privados e comuns,
embora mutuamente muito bem privatizados.
A história do habitar está marcada,
praticamente, desde algumas das suas primeiras soluções especificamente
premeditadas e construídas, talvez há cerca de 100.000 anos, por soluções
comuns onde vários agregados da mesma família alargada viviam, por vezes, em
cabanas estreitas e muito alongadas, ao longo das quais as pequenas fogueiras,
bem delimitadas, para cozinha, aquecimento e reunião, iam marcando o referido e
comprido espaço.
Soluções comuns essas muito mais
duráveis do que a vivência que caraterizou por exemplo as soluções do tipo
“familistério”, no recente século XIX; onde cerca de 2000 pessoas usavam
espaços e serviços coletivos.
E soluções que, na prática, em tempos
recentes tendiam a separar os espaços privados dos comuns, seja em edifícios
anexos, seja num determinado nível do edificado (tal como o Narkomfin, Moscovo,
1928 e nos fogos do edifício na rua Ericssongattan, Estocolmo, 1935; casos
estes apontados no estudo que está a ser referido, pg. 37); soluções que
tiveram, talvez, a sua melhor expressão nos muito numerosos exemplos
cooperativos escandinavos e alguns também no Reino Unido e nos Países Baixos,
realizados a partir da década de 1950, e muitas vezes compostos por pequenas
moradias, onde existiam as frequentemente designadas “casas comuns”, onde se
passava a respetiva vida em comum, muito associada quer ao convívio natural,
quer à prática de diversas atividades, talvez mais estimulantes quando
realizadas num grupo alargado (ex., ver TV num aparelho maior do que o
existente em casa, consultar mais livros e jornais e mais diversificados do que
os em casa disponíveis, partilhar práticas exteriores de horticultura baseadas
nesses espaços comuns, etc.).
E é interessante e muito adequado
reter que embora tendo passado gerações há muitos desses casos, referidos no
último parágrafo, que estão ainda bem ativos - tendo sido criados, muitos,
desde a década de 1960 - agora com rotação de vizinhos, sendo muitos deles
excelentes exemplos de soluções de vida em comunidade, mas também de soluções
arquitectónicas extremamente qualificadas e de referência, e, cumulativamente,
soluções residenciais e convivenciais que, ao longo do tempo, acabaram por
gerar as novas e atuais soluções de cohousing, talvez afirmadamente mais
coletivas e mais habilitadas para pessoas mais idosas, enquanto as velhas
“aldeias” coperativas estavam naturalmente muito ligadas a jovens famílias com
crianças.
Neste sentido seria interessante
realizar um estudo prático-teórico específico da evolução da relação entre os
espaços privados e comuns em quadros co-residenciais diversificados (mais
hoteleiros ou mais comunitários) – uma matéria que terá de ficar para uma outra
oportunidade.
Temos aqui, no entanto, uma matéria
tipologicamente interessante, referida, talvez, a uma diferença entre a
coabitação e o cohousing, ligada no caso da coabitação a uma partilha de
funções “mais reservadas” associadas ao espaço de refeições e de estar e à
preparação de refeições, e também muito ligada a uma solução habitacional
considerada simples e económica; enquanto no caso do cohousing a partilha
estará mais associada a funções “menos reservadas”, como o quarto suplementar
para visitantes, a sala polivalente, a lavandaria, etc., aplicadas em muitos
casos de cohousing e em soluções do designado “habitat participativo”,
tal como se aponta no estudo que está a ser referido (pg. 38), embora haja que
sublinhar que existem casos de cohousing muito marcados pela vivência
coletiva.
É também importante ter em conta que
os habituais processos de habitat participativo são exigentes e temporalmente
longos (os autores do estudo em referência apontam cinco a sete anos, pg. 38),
e aqui acrescenta-se que os nossos correntes processos cooperativos de
habitação económica tendem também para longos períodos de desenvolvimento
(frequentemente de cerca de cinco anos).
Julga-se que tanto maior se pretenda
que seja o sentido comunitário espacial e vivencial do espaço comum
habitacional, tanto mais intencional e preparada deve ser a respetiva
comunidade.
Tendo em conta tudo isto importa
considerar que o cohousing pode levar a tempos incomportáveis na gestão dessa
intencionalidade, sendo estratégico aproveitar o saber-fazer cooperativo ligado
às dezenas de anos de trabalho com os cooperantes, das cooperativas da Fenache,
para agilizar expressivamente o respetivo processo participativo, desde o
pré-projecto à pós-ocupação.
É também muito interessante
considerar, neste caso, mais especificamente um cohousing não necessariamente
comunitário, portanto, essencialmente associativo, quase como um verdadeiro
“luxo acessível” em termos residenciais – tal como é apontado pelos autores do
estudo que está a ser referido (pg. 44); e isto porque as pessoas que o integrem
poderão ter o melhor dos dois mundos: privado e associativo/comum, sendo que
neste último “mundo” poderão ter acesso, associativamente, a um leque amplo de
espaços e equipamentos extremamente funcionais, agradáveis, atraentes e de
passatempo/lazer, os quais seriam praticamente impossíveis de obter de forma
individual; e os exemplos aqui possíveis são apenas limitados por uma
imaginação racionalizada – “oferecendo-se as vantagens de ser membro/utente versus
proprietário”; e neste sentido, tal como se defende no interessante estudo que
está a ser referido, intitulado Co-Résidence™ ‘Habiter en Grand’ ou Comment
Payer pour une ‘2CV’ et Remporter une ‘Co-Rolls Royce’”: (pg. 44)
Nous ne pouvons prétendre
que les usagers du métro sont pauvres, et les automobilistes, riches. Normalement, vous êtes
chanceux si vous vivez à proximité d’une station de métro, sans nécessité de
prendre la voiture en ville.
Le ‘luxe’ aujourd’hui,
c’est d’avoir toujours accès à l’option la meilleure et la plus profitable. Le luxe contemporain ne peut
être mesuré comme 50 ans auparavant. Aujourd’hui nous prenons l’avion avec
EasyJet pour voir un opéra à La Scala à Milan, nous avons du mobilier ‘phare’ à
côté d’une table IKEA, ou conduisons une Porsche pour acheter de la nourriture
à Aldi… La ‘convenance’ est attractive pour tous.
La Co-Résidence s’appuie
sur cette philosophie. Les appartements ne doivent pas être ‘logement social’
ou ‘bourgeois’, mais peuvent être les deux en même temps. (pg.
44)
E isto está também realmente na base
do PHAI3C, embora devidamente controlado no sentido de se procurarem e
privilegiarem intervenções com expressiva economia de construção e manutenção,
no sentido de serem úteis a mais pessoas idosas e jovens; mas a ideia global é
esta de uma associação cooperativa, de portas abertas a todos aqueles que
querem viver melhor e não uma associação com caráter assistencialista e
limitada a quem vive mal.
Neste sentido de um caráter
tendencialmente atraente, estimulante e mesmo “prazenteiro” e/ou mesmo lúdico
que deve ser oferecido no âmbito das visadas soluções residenciais
intergeracionais e participadas do PHAI3C, iremos, em seguida, procurar com os
autores do estudo que está a ser referido, alguns aspetos pontuais de
inspiração em outras formas de coabitação.
Considerando a caraterização da
hotelaria em termos de uma verdadeira coabitação intergeracional e
diversificadamente apoiada, tendo em conta a atual diversificação da
experiência hoteleira, designadamente, em termos de soluções mais práticas e
económicas, mas marcadas pelo conforto e de soluções ditas “boutique”,
históricas ou especificamente caraterizadas, e lembrando que a hotelaria tem
cerca de três milénios de prática conhecida, não haverá dúvida de que as
intervenções do PHAI3C terão de obter inspiração em muitas das suas práticas e
dos seus ambientes.
O PHAI3C também poderá ter níveis de
aplicação diversos, designadamente, em termos de HCC “pura” e com mais algumas
“percentagens” suplementares a considerar, seja em termos de áreas privadas e
comuns, seja em termos de serviços comuns propostos.
Uma questão que dá muito que pensar, e
que é bem conhecida por quem já pernoitou em muitos hotéis, com diversas
caraterizações em termos de espaços privados dos quartos e dos espaços comuns,
é a razão por termos usado tão poucas vezes e durante tão pouco tempo os
respetivos espaços comuns; sendo que seria bem interessante e oportuno, no
paralelismo a fazer com o PHAI3C , identificar razões que marcaram os casos,
julgamos bastante pouco frequentes, em que ainda assim usámos os referidos
espaços comuns mais correntes: localização? configuração? ambientes criados?
iluminação? funções e microfunções?
Evidentemente que nos estivemos a
referir aos espaços comuns hoteleiros que designámos como “mais correntes”,
pois todos aproveitamos, sempre que haja tempo, aqueles espaços e equipamentos
hoteleiros especiais e a que dificilmente temos acesso no nosso dia-a-dia, como
as piscinas, a sala de ginástica, a biblioteca, os jardins, um agradável espaço
de reunião, um bar especial, etc.
Sobre esta matéria também interessará
indagar as razões que tornam certos destes equipamentos especiais muito mais
apetecíveis do que outros funcionalmente idênticos; uma pesquisa que terá muito
interesse no sentido de um apuramento estratégicos dos espaços e equipamentos
especiais a integrar, numa sequência de importância nas intervenções do PHAI3C;
e importa ter em conta que só em bons estabelecimentos hoteleiros poderemos ter
um exemplo aproximado e mesmo vivido da realidade, da caraterização global e
pormenorizada e da importância de tais condições como verdadeiros “suplementos”
de residencialidade.
Um outro aspeto a reter aqui e
salientado no estudo que está aqui a ser amplamanete referido, intitulado Co-Résidence™
‘Habiter en Grand’ ou Comment Payer pour une ‘2CV’ et Remporter une ‘Co-Rolls
Royce’ , é a importância que terá uma tal pesquisa, retroativamente, como
participante na reflexão sobre a diversidade e qualidade dos espaços
especificamente hoteleiros; talvez numa perspetiva, um pouco também “simétrica”
e ligada à importância da caraterização “doméstica” ou expressivamente
humanizada e à escala humana dos ambientes hoteleiros; agora num sentido,
essencialmente, inverso, e que vai dos espaços comuns até aos espaços privados,
marcando, sempre, as relações e as transições entre tais espaços, tal como é
interessantemente registado no estudo que está a ser referido:
Les hôtels offrent de nombreux équipements partagés par
les hôtes tels que piscine, centre de
fitness, espaces de travail, garde d’enfants, espaces de conférences et
services associés.
Les lobbies sont les premiers espaces de représentation et d’accueil
des hôtes, mais ils sont également des espaces de rencontre, pour se réunir et socialiser…
Les salles de bain et entrées des chambres d’hôtel, pourtant elles-mêmes privées, créent d’intéressantes
zones tampon et filtres privatisants, entre les couloirs collectifs et les espaces de nuit des
chambres. (pg. 120)
É também interessante refletir sobre
aspetos global e potencialmente aplicáveis aos espaços hoteleiros bem
caraterizados e aos espaços residenciais apoiados por agradáveis espaços comuns
e neste caso salienta-se a questão da receção, do encontro e do convívio, numa
primeira linha, e suplementarmente de poderem ser espaços que privilegiam
interesses comuns, tal como também se sublinha no estudo que está a ser
referido:
Certains hôtels, tels que
l’Hôtel Algonquin à New York, sont des espaces publics de rencontres pour les groupes qui
partagent un intérêt particulier comme peut l’être, par exemple,
la littérature, en créant un groupe littéraire. (pg.
120)
Considerando-se, por um lado os
referidos aspetos de contenção de custos e, por outro, a adequação a habitantes
mais jovens, será, também, importante ter em conta no âmbito da conceção das
soluções do PHAI3C alguns dos aspetos que caraterizam o desenvolvimento de
residências para jovens, talvez, muito especialmente, nas matérias associadas
aos respetivos espaços comuns, embora seja sempre de ter em conta o trabalho
ligado ao projeto de “células” individuais marcadas por excelentes microespaços.
Numa perspetiva idêntica e talvez mais
útil para o PHAI3C serão de considerar as soluções residenciais associadas,
frequentemente, a instituições com variadas naturezas, muito direcionadas para
estadias relativamente longas de pessoas ligadas a essas instituições, que aí
encontram, frequentemente, um ambiente caraterizadamente sossegado e apoiado
por uma boa sala comum com serviço de apoio a pequenas refeições, sendo os
respetivos quartos desenvolvidos numa perspetiva de máxima racionalidade, mas
incluindo pequenos espaços de trabalho/estudo e leitura e sendo marcados por um
ambiente acolhedor, tal como se aponta no estudo que está a ser referido:
Les chambres des auberges de
jeunesse n’offrent qu’un simple endroit pour dormir, mais tous les autres services, tels que cuisines, salles de
bain, espaces de repos et cafés internet, espaces de vie communs et autres
services sont partagés.
Dans les auberges de
jeunesse, à l’exception des chambres
individuelles, la plupart des chambres sont partagées avec d’autres visiteurs, augmentant l’interaction sociale.
Les auberges sont davantage équipées d’espaces partagés et
espaces de rencontre que les hôtels. C’est pourquoi elles sont parfois privilégiées chez ceux
qui préfèrent créer
des relations amicales et rencontrer de nouvelles personnes…
Parce qu’un grand nombre de
services et de chambres sont partagés, avec un nombre de chambre par personne minimisé, les auberges peuvent s’orienter vers des petits
budgets et afficher des prix plus bas. (pg.
121)
Ainda numa perspetiva de possível
utilidade como fonte de alguns aspetos inspiradores da caraterização ambiental
e um pouco funcional do conjunto dos espaços de soluções residenciais
intergeracionais participadas e continuando a referir a obra que tem estado a
ser citada, podemos lembrar as soluções vivenciais e “residenciais” que marcam
as relativamente longas estadias a bordo de grandes navios de cruzeiro, tal
como se indica no estudo que está a ser referido. (pg. 123)
Evidentemente que se trata de
situações e de “viagens” bem diferentes, mas ambas caraterizadas por uma
partilha de vivências, pela frequente interação entre usos dos espaços privados
e comuns, por um equilíbrio entre tais vivências privadas e comuns, por um
sentido de novidade e de espectativa que marca um dado período temporal e,
também, por uma caraterização vivencial que quer ser muito mais do que uma
simples adição de funções e por projetos de viagem e de vida que devem ser
pontuados por boas condições de lazer e mesmo por aspetos lúdicos.
Um outro aspeto que podemos ir buscar
a estas viagens em cruzeiros, embora se confesse aqui uma ignorância
relativamente à sua experiência real, refere-se a uma máxima concentração,
ergonomicamente muito bem desenhada, de todos os aspetos associados a funções e
microfunções de apoio vivencial (ex., arrumações diversas, equipamentos e
mobiliário de apoio, elementos de controlo ambiental, etc.) de modo a que
resulte um máximo de desafogo espacial, e ainda assim também ergonomicamente
bem rentabilizado, em todas as principais funções existentes nos espaços de uso
privado (ex., dormir/descansar, estar sentado a ler, trabalhar em “recanto”
bem apropriado para tal, arrumar roupas,
fazer/desfazer a mala, usar minibar e/ou zona de aquecimento de refeições,
higiene e cuidados pessoais na casa de banho, banho de imersão e duche, etc.);
uma tal estratégia que podemos designar de poupar ao máximo numa
superfuncionalidade dos espaços e equipamentos de apoio para aproveitar, ao
máximo, embora também de forma super-ergonómica, os espaços diretamente usados,
também marca os espaços comuns dos cruzeiros, embora, agora, com um sentido
distinto e formalmente mais espaçoso e mesmo desafogado, onde pontuam aspetos
de representatividade e ainda assim “sobra espaço”.
Esta tipologia de hierarquia de
espaciosidades e funcionalidades poderá, sem dúvida, marcar as soluções
residenciais intergeracionais, proporcionando-lhes espaciosidades contidas mas
estratégicas; e a ela voltaremos, provavelmente, quando lembrarmos a “microespaciosidade”,
tão amiga dos espaços das autocaravanas e outras soluções espacialmente
idênticas, e que pode e deve ser razoavelmente favorecida nos espaços privados
do PHAI3C.
No que se refere a uma possível
inspiração das intervenções do PHAI3C em soluções específicas de “casas de
repouso” ou “residências para idosos”, a vontade imediata é de negar quaisquer
influências, designadamente, por sermos totalmente críticos da existência de
qualquer indício “institucional” numa solução basicamente residencial, muito
marcada pelo potenciar do lazer, da prática de variadas atividades e do
desenvolvimento do convívio natural; no entanto e como em tudo há exceções, que
se ligam, sempre a excelentes intervenções arquitetónicas, por grandes
Arquitectos, como é, por exemplo, o caso de Peter Zumthor e, frequentemente, a
determinadas caraterizações pormenorizadas que acabam por se tornar elementos
fortes do caráter global da respetiva intervenção, tal como se aponta no estudo
que está a ser referido:
Dans la résidence pour personnes
âgées dessinée par Peter Zumthor et achevée en 1993 à Coire, en Suisse, le hall est un long
séjour finement aménagé par les meubles personnels des habitants tout en
gardant un sens communautaire dans l’espace. (pg. 126)
Em termos de solução tipológica temos
de considerar que a concentração de pessoas potencialmente carenciadas em
termos de apoio nos respetivos cuidados domésticos e também, gradualmente, e à
medida que envelhecem, em termos dos respetivos cuidados pessoais, é uma
situação que tende a tornar tais cuidados mais económicos; e uma tal
concentração não tem de obrigar a uma solução com caráter hospitalar e
institucional, até porque muitos dos avanços tecnológicos em termos de TIC
propiciam a instalação de equipamentos de acompanhamento das condições de
conforto, saúde e segurança, muito bem integrados e mesmo estrategicamente
camuflados.
Uma outra solução convivencial e de
alguma oportunidade, no limite alguma “ajuda mútua” e corrente e prática
partilha funcional de equipamentos dispendiosos é o designado coworking
, que também é duplamente inspirador das soluções residenciais,
intergeracionais, participadas e funcionalmente mistas do PHAI3C, seja pela sua
natureza básica, que é idêntica, pois ambos se desenvolvem por razões muito
mais comunitárias do que económicas, seja pela condição de se deverem associar
em termos espaciais e funcionais, pois fará todo o sentido que a
intergeracionalidade residencial, que poderá ter até um cunho, mais coletivo,
de cohousing, integre, também, espaços de coworking, numa
perspetiva de trabalho que deve abranger tanto atividades profissionais como
atividades de recreio e passatempo, como “segundas atividades”, que, na
reforma, são, por vezes, promovidas a “primeiras atividades”; e tantas são as
atividades que ganham em aspetos funcionais e de redução de gastos individuais,
quando são realizadas em grupos minimamente organizados; e tal como se aponta
abaixo os pequenos espaços de coworking são também preciosos “espaços de
partilha de informação e de conhecimentos criadores de sinergias colaborativas
…”, e , neste sentido, são, também, muito bem-vindos às soluções residenciais
intergeracionais participadas.
E não tenhamos qualquer dúvida que a
existência de uma frequente e “diária” “desculpa” de atividade em coworking
irá constitui-se em um dos principais motivos que irão despoletar o convívio e
a discussão correntes entre os respetivos agentes e, indiretamente, na
respetiva comunidade residencial, tal como se aponta no estudo que está a ser
referido:
Le coworking est différent des
“business accelerators”, “incubators” et “executive suites” et basé sur des
aspects sociaux, collaboratifs, et informels avec des objectifs davantage communautaire que de profit. …
Les espaces de coworking sont
simplement des espace
de rencontre, pour se réunir et socialiser afin d’éviter l’isolement des structures indépendantes et
bureaux à domicile.
Ils se préoccupent du sentiment
d’isolement et de la perte d’interaction humaine…
Les espaces de coworking sont
aussi des espaces pour partager
des informations et connaissances et créent un effet de synergie par la collaboration avec des
personnes de talent et partageant les
mêmes intérêt, le tout dans un même espace …
Les utilisateurs d’espaces de
coworking sont de plus en plus intéressés par le partage d’équipements pour des raisons économiques…
Des compagnies américaines ont rapporté une réduction de surface par personne dans les espaces de coworking de 50%, soit environ 18 m² réduit à 9m² … (pg. 130)
Sendo um dos objetivos naturais do
presente estudo a aproximação a condições residenciais capazes de motivarem,
com naturalidade, um ambiente que dinamize os contatos sociais, parece
importante avançar na identificação das condições mais ligadas a uma
co-residencialidade, condições estas têm muito a ver com a forma natural que
pode marcar, ou não, a passagem e a eventual estadia dos residentes pelos seus
espaços comuns mais direcionados para a estadia e para o convívio; o que quase
nunca acontece quando tais espaços estão destacados dos acessos aos espaços
privados e, portanto, apenas serão acedidos, por quem lá pretende ir,
objetivamente, o que na prática corresponde a termos espaços teoricamente conviviais,
mas praticamente sem utilidade.
Tais condições de vivência coletiva
serão muito aprofundadas nos casos de coabitação, habitualmente integrados por
“2 a 5 unidades privativas (“famílias”) que partilham compartimentos primários;
cozinha/sala de refeições e zona de estar, e, por vezes, um grupo maior (6 a
10) partilhando serviços “extra”: spa, sala de jogos, lavandaria, etc.”, tal
como se indica no estudo que está a ser referido (pg. 136)
Daqui se retira, que, tendencialmente,
consoante a dimensão do programa crescerão os respetivos espaços comuns
(estratégia); mas no entanto um tal sentido de crescimento vai debater-se com
problemas provavelmente crescentes em termos de vivência mútua e de gestão
corrente.
Um outro aspeto que importa ter em
conta em termos de estruturação tipológica dos espaços comuns de intervenções
de “habitação coletiva”, título com o qual podemos realmente começar a designar
todo um leque de soluções residenciais intergeracionais equipadas, é a necessidade de se
“concentrar” e mesmo integrar espaços comuns de circulação, de algum convívio e
de separação entre espaços distintos, habilitando-se as respetivas condições de
separação/isolamento entre espaços contíguos, pela sua contiguidade com espaços
domésticos do tipo “tampão”, como arrumações, espaços de máquinas, armários
construídos, casas de banho, zonas de circulação; uma concentração ou
racionalização espacial que é bem clarificada no estudo que está a ser
referido:
Les vestibules qui connectent
chaque appartement aux circulations verticales représentent environ 8% de la
surface totale d’un étage. Dans un bâtiment de 4-8 appartements par étage ceci
représente environ 40 m² par étage.
Dans une Co-Résidence,
les espaces collectifs sont situés dans la continuité des unités privées ; dans
la plupart de nos typologies, ils peuvent aussi fonctionner comme espaces de
distribution, générant une économie de surfaces considérable, et une économie supplémentaire
d’espaces et coûts pour les promoteurs et usagers. (pg.
137)
Esta perspetiva de concentração e
dupla ou tripla utilidade espacial pode ser tornada menos “rígida” e mesmo mais
estimulante e lúdica com o seu cruzamento com aspetos de surpresa e de grande
integração espacial, que ficam patentes, por exemplo, no uso das bem conhecidas
“portas secretas” - apontado no estudo que está a ser referido e em seguida
citado - que ligam espaços, de modo
direto e informal, transformando a exiguidade em riqueza espacial; e quando
associamos este tipo de soluções a condições de espacialidade razoáveis,
portanto sensivelmente acima dos respetivos mínimos, então podemos obter
excelentes e diversificados resultados em termos da capacidade de
relacionamento, vivência e caráter destes espaços:
La ‘Porte Secrète’ s’inspire des
portes qui existaient entre deux pièces dans les appartements haussmanniens. Chacune a un accès
indépendant depuis le couloir mais sont aussi interconnectées depuis
l’intérieur. Ce
mécanisme est également utilisé dans les hôtels, généralement les suites, pour
connecter les chambres sans passer par le couloir commun.
Appliqué à notre projet
de Co-Résidence, la Porte Secrète sera intégrée dans les murs entre deux
pièces, les unités pouvant ainsi être agrandies ou réduites pour s’adapter aux
besoins des habitants à un moment donné : premièrement un studio, un studio + une chambre s’ils
ont un enfant, ou s’ils divorcent, ou si un parent doit emménager avec, etc… (pg.
138)
No estudo que está a ser referido
avança-se, depois, para a apresentação de coabitações diversas, marcadas por misturas
distintas de pequenos conjuntos de pequenos fogos, eles próprios potencialmente
mutantes e muito diversificados (desde estúdios a pequenas habitações), e
associados de forma diversificada “em torno” de um agregado de espaços de estar
e outros espaços e equipamentos de uso comum.
Finalmente, um aspeto contemplado no
estudo em referência e que se considera de grande importância [2]
é o cuidado de se prever,
na medida do possível, a reversibilidade das soluções que se considerem mais inovadoras
ou pouco habituais, no sentido de poderem, eventualmente, converter-se em
soluções habitacionais relativamente correntes.
2.
Habitação assistida apoiada numa filosofia habitacional
Relativamente à temática global de uma
aproximação prático-teórica à tipificação da habitação para as pessoas mais
fragilizadas o professor arquitecto Edward Steinfeld
faz-nos uma revisão crítica e uma apresentação, que consideramos magistral,
de uma das incontornáveis edições de Victor Regnier, neste caso o muito
importante livro intitulado Design
for Assisted Living: Guidelines for Housing the Physically and Mentally Frail
[3] , num artigo que vale por si próprio e que desenvolve um conjunto de
considerações que são, em seguida, parcialmente, apontadas e minimamente
comentadas, designadamente, nos aspetos mais ligados à promoção de conjuntos
residenciais amigos dos idosos com caraterísticas intergeracionais participadas
e apoiados por espaços e serviços comuns.[4]; e sublinha, assim, Steinfeld, referindo-se a Victor
Regnier e à sua obra: (negrito nosso)
To the
author, a house is not necessarily a home. His standards are higher. This
utopian spirit challenges the field to reach further than formula-driven
design.
He
exhorts the practitioners of assisted living to create an environment that has
certain qualities, not merely a limited set of physical and service
characteristics. (pg. 593)
Um dos grandes objetivos de síntese que
Edward Steinfeld sublinha serem apontados no livro de Regnier é que a prática da habitação
assistida seja ligada a ambientes residenciais bem embebidos de um apurado
conjunto de qualidades arquitetónicas residenciais – dizemos, nós, mais exigentes do que
na habitação corrente, embora, provavelmente afins – e não apenas caraterizados
por uma dada listagem quantitativa de aspetos físicos e funcionais; uma
condição que, evidentemente, comentamos nós, apenas decorrerá de um excelente
projeto de arquitetura, com um desenho qualificado e muito sensível aos seus
habitantes e outros utentes. (pg. 593)
Tal como refere Edward Steinfeld, no
estudo acima apontado, Regnier aponta um conjunto de nove critérios que
devem ser bem integrados nesse qualificado e sensível projeto de um espaço residencial
assistido e dirigido para as pessoas física e mentalmente fragilizadas; o
que também é uma excelente forma de integrar os mais idosos num grupo humano
naturalmente mais amplo: (pg. 593)
Assisted
living, Regnier writes, can be defined by projects that meet these criteria …:
- Appear residential in character
- Are perceived as small in size
- Provide residential privacy and completeness
- Recognize the uniqueness of each resident
- Foster independence, interdependence, and individuality
- Focus on health maintenance, physical movement
and mental stimulation
- Support family involvement
- Maintain connections with the surrounding
community
- Serve the frail
No estudo que está a ser apontado Edward
Steinfeld sublinha que Regnier desenvolve uma crítica
negativa ao modelo de cuidados “hospitalizado e institucionalizado”, enquanto salienta o interesse que tem
“a descentralização dos cuidados pessoais proporcionados por cuidadores ao
domicílio, uma condição que associada aos atuais avanços tecnológicos habilitam
os idosos para um excelente envelhecimento na sua própria casa durante um
período temporal mais longo”. (pg. 593)
E Regnier, referido por Edward
Steinfeld , continua apontando que ao chegar a altura em que os autocuidados
apoiados por cuidadores no domicílio já não sejam suficientes, então a oferta
de uma solução do tipo “habitação assistida” é preferível à até agora habitual
“casa de saúde” para idosos; provavelmente, dizemos nós, por se tratar de uma
tipologia muito mais afirmadamente residencial e estimulante da participação
dos seus habitantes e da sua própria apropriação. (pg. 593)
E Steinfeld ainda sublinha que
Regnier considera a “habitação assistida” mais como uma filosofia residencial,
bastante flexível em termos de formas e funções (dizemos nós), do que como uma
tipologia edificada: (pg. 594)
He
argues that the definition of assisted living should not be focused on a
building type, but rather on the philosophy that underlies the program, the way that philosophy is
carried out in the design of the building and services, and the experience of
the residents, taken as a whole.
Whether this happens in a context that
emphasizes more independent apartment living or a licensed long-term care
facility or something in between is immaterial.
Sequencialmente, Steinfeld aponta que
a chave para esta ideia é a ênfase que deve ser dada ao sentido de “habitar”,
no binómio integrado no termo “habitação assistida”: (pg. 594)
Assisted
living provides assistance for living. It helps residents continue their lifelong development as
individuals as part of a social network rather than treating them as if they
have no future as people and no connection to the community.
E Steinfeld sublinha o aspeto, que
julgamos ser extremamente significativo para a nossa ideia do PHAI3C, de que “o
desenvolvimento dos cuidados diários aplicáveis aos adultos e dos programas de
bem-estar e aúde dirigidos para a longevidade habilitarão as pessoas a
permaneceram residencialmente independentes muito mais tempo, com a esposa ou
outro elemento da família ajudando a adiar a mudança para uma solução de «habitação
assistida»”.
Um aspeto, sublinhamos nós, que se
deve aplicar, por inteiro, às soluções residenciais do PHAI3C, onde nos
respetivos espaços bem privados, os habitantes serão livres de envelhecer
positiva e calmamente nos seus mundos domésticos familiares, embora apoiados
por condições funcional e ergonomicamente facilitadoras da vida diária e dos
cuidados de assistência pessoal e pelos referidos avanços tecnológicos.
E Regnier, referido por Steinfeld, no
estudo que está a ser apontado, acrescenta que uma tal dinâmica levará a que o
normal utente/residente de soluções de habitação assistida tenderá a ser, cada
vez mais, menos saudável e mais dependente; o que na prática acaba por ditar um
sentido funcional para-hospitalar destas soluções embora com toda uma forte
caraterização residencial em termos visuais e ambientais.
E finalmente Regnier, referido por
Steinfeld, no estudo que está a ser apontado, refere interessantes e inovadores
aspetos de futuro, tanto num focar dos aspetos comunitários e de vizinhança da
habitação assistida, como na dinamização de um “estilo de vida ativo”
terapeuticamente apoiado; ao contrário da letargia que tradicionalmente marcava
as “casas ditas de repouso” (nota nossa); e assim Regnier defende, em termos de
futuro e de habitação assistida: (pg. 594)
First,
he proposes that assisted living should take on an increasing community-
based orientation and become a focus of neighborhood services and family
support. Assisted living facilities
could capitalize on the expertise they have developed in providing
individualized services in-house to bring them to the community at large. In
particular,
they can provide assistance to families in planning and making decisions for
the later years of life.
Second,
he proposes that an active lifestyle should be encouraged through an
emphasis on movement therapies and wellness. In the United States, he
observes, contemporary facilities emphasize a passive lifestyle through an
environment designed for relaxation … (pg. 594)
Ainda numa mesma linha de
crítica comentada ao conteúdo do referido livro de Victor Regnier, realizada
por diversos autores, e
aproveitando-se para identificar mais dois aspetos práticos considerados
importantes para a conceção de soluções habitacionais amigas dos idosos,
refere-se que Denise
Buchanan - Lecturer in Urban Ecology,
USC School of Architecture, Los Angeles, CA – salienta a questão concetual de as residências para
idosos serem frequentemente projetadas visando mais os responsáveis pelos
idosos do que estes mesmos; e, num sentido, mais pontual e objetivo, mas
igualmente importante, o sublinhar do interesse que tem, para os residentes, a
integração de jardins terapêuticos – cuja importância está sobejamente provada em termos do
seu papel muito positivo como partes da conceção de edifícios dedicados aos
cuidados de bem-estar e de saúde dirigidos para pessoas com problemas mentais
e, numa distinta mas igualmente significativa perspetiva, integrando,
sabiamente, o programa arquitetónico de grandes edifícios de escritórios.
Esta questão de quais serão os
principais aspetos, ou os aspetos mais estruturantes da
organização/estruturação espacial e da caraterização ambiental e funcional de
estruturas residenciais muito dirigidas para idosos e fragilizados,
habitualmente aplicados, levar-nos-ia longe, pois se na habitação corrente
muitas vezes os potenciais habitantes são pouco considerados em termos da
respetiva satisfação e dos respetivos desejos residenciais, sendo estes aspetos
frequentemente substituídos por “simples” aspetos funcionais e por vezes quase
“maquinais”, talvez demasiado ligados a um quadro de conceção pouco informado e
sensível, então o que dizer de quadros residenciais muito dirigidos para
pessoas sensíveis e fragilizadas?
Em todas estas matérias não
faria qualquer sentido deixar de salientar aqui a que se julga ser a última
obra de Victor Regnier sobre estas temáticas, como sempre, desenvolvidas numa
excelente ligação teórico-prática e com
o recurso a uma adequada ilustração e análise de casos de referência, intitulada
Housing Design for an
Increasingly Older Population: Redefining Assisted Living for the Mentally and
Physically Frail. [5]
Em termos de um pequeno comentário a
esta temática que se refere, de certa forma, a um basear filosófico amplo das
tipologias residenciais especificamente assistidas, devido a fragilidades
insuperáveis de forma autónoma pelos respetivos moradores, parece ser
claramente necessário e muito adequado, pois trata-se, sempre, de uma matéria
sensível, complexa e mutante para todos os que estão nela envolvidos: pessoas
fragilizadas, suas famílias, cuidadores e outras pessoas ligadas ao respetivo
apoio; trata-se, portanto, quer de um tema que tem de ter uma excelente, ampla
e sempre atualizada base de conhecimentos científicos e técnicos diversificados
(ex., várias especialidades médicas e de enfermagem, especialidades ligadas às
áreas sociais, etc,), quer de uma matéria feita de muitas matérias boa parte
delas ligadas a aspetos sentimentais, éticos e de essencial humanização dos
cuidados prestados, quer
de uma problemática que conjuga os interesses e as vontades de muitas pessoas,
quer, em primeiro lugar, de uma temática onde o bem-estar e a qualidade de vida
residencial, diária e prospetiva da pessoa fragilizada deve ser sempre o
principal objetivo.
3.
Futuros da habitação para pessoas idosas
Relativamente à temática do
desenvolvimento de soluções habitacionais específicas para pessoas idosas, numa
perspetiva de apontamento de futuras direções tipológicas, vamos agora abordar, muito
pontualmente, a estrutura de apresentação de um curso breve de Victor Regnier e
David Hoglund, intitulado Planning and Design Issues in Retirement Housing:
Current and Future Directions,
designadamente, nos aspetos mais ligados à promoção de conjuntos residenciais
amigos dos idosos, com caraterísticas intergeracionais participadas e apoiados
por espaços e serviços comuns. [6]
(negrito nosso)
Uma questão bem importante é a da
diversidade de opções que deveriam ser proporcionadas às pessoas mais idosas
relativamente aos seus espaços habitacionais; opções que existem desde talvez
mais de 40/50 anos na América do Norte e no Norte da Europa, mas que no Sul do
continente europeu e designadamente em Portugal ainda primam por uma quase
ausência e incluindo até algumas situações, um pouco caricatas, de oferta de
soluções muito onerosas e ditas de nível residencial elevado, mas caraterizadas
por ambientes domésticos muito “pobres”, em termos de arquitectura de
interiores; tal como Victor Regnier e David Hoglund apontam na referida
apresentação do curso:
New
generations of aging adults will have many more options and choices than their
parents. It is imperative that designers and developers of senior housing
understand and appreciate the nuances of their target market and respond with
sensitive and appropriate program and design solutions.
O que Victor Regnier e David Hoglund
terão apontado na ação de formação que aqui é referida liga-se a essas matérias
da essencial diversidade de ofertas residenciais e urbanas para idosos e
fragilizados, que variam em termos de casos de referência existentes e já bem
experimentados, entre: (i) soluções de pequena escala, em que o que podemos
considerar como uma grande moradia oferece residencialidade e apoios pessoais
potencialmente muito elaborados a um conjunto restrito de moradores, numa
perspetiva de expressivo ambiente doméstico e de apoio múltiplo por uma equipa
em que cada elemento tem várias valências – solução esta muito ligada ao modelo
patenteado “Greenhouse”; e (ii) um leque de soluções semelhantes ao
processo/”movimento” Apartments for Life (A4L), que já aqui foi abordado, e que
se carateriza pela aplicação de uma estratégia de design universal, seguindo-se
uma separação entre a disponibilização do espaço residencial e eventuais
serviços de apoio doméstico e a separada disponibilização de “cuidados pessoais
domiciliares”, que irão apoiando um “envelhecimento em casa”, sem limite de
duração, que não seja o natural.
O que aqui se sublinha é o resultado
conjugado dos referidos “cuidados pessoais domiciliares” no quadro do
desenvolvimento de uma “comunidade intencional”, fisicamente afirmada e
socialmente opcional, mas sempre disponível.
Também se sublinha a referência
apontada por Victor Regnier e David Hoglund ao que se julga ser “a importância
crescente que está a ser dada a uma cultura ligada aos cuidados pessoais e a
formas de se mitigarem as suas recorrentes limitações regulamentares;” matéria
esta que se julga bem importante no sentido do apoio ao referido
“envelhecimento em casa”.
Outras perspetivas bem interessantes e
referidas a esta apresentação de Victor Regnier e David Hoglund referem-se a
uma abordagem ampla e natural ao conjunto de aspetos que podem facilitar a
transição para uma fase de aposentação e de vida mais retirada, aspetos estes
onde, evidentemente, a habitação ocupa um lugar fundamental e crescente, à
medida que envelhecemos, sendo aqui bem oportuno considerar as recentes ligadas
à criação de “aldeias intencionalmente comunitárias” e ao movimento NORC (NORC,
Naturally Occurring Retirement Community [7]).
Finalmente e passando do mais geral
para o mais pormenorizado, Victor Regnier e David Hoglund, na referida
apresentação do curso Planning and Design Issues in Retirement Housing:
Current and Future Directions, salientam a importância que tem uma adequada
pormenorização interior e exterior, e neste caso uma expressiva componente
natural, no bem-estar dos residentes e designadamente quando afetados por
demências, tal como se cita em seguida:
… the intentional community
"Village" and NORC movement.
Presentations by landscape architects and interior designers will reinforce the evidence of how natural
environments and furniture choices can affect
resident well-being especially for people with dementia.
… This case study is part of a series of international
policies that focus on easing the transition to retirement and later life. The case studies and the
accompanying report were produced for the Calouste Gulbenkian Foundation (UK
Branch).
Bibliografia (referências práticas)
REGNIER, Victor -
Design for Assisted Living: Guidelines for Housing the Physically and
Mentally Frail. Wiley, 2002.
REGNIER, Victor -
Housing Design for an
Increasingly Older Population: Redefining Assisted Living for the Mentally and
Physically Frail. Wiley, 2018.
REGNIER, Victor;
HOGLUND, David – Planning and Design Issues in Retirement
Housing: Current and Future Directions [apresentação]. USCalifornia.
USC Architecture. XED – Executive Education & Professional Development.
[curso breve, 14h, S.D.]
STAR strategies +
architecture (mandataire) & MONU Magazine on Urbanism / BOARD com
Elioth-Egis Group e Lyn Capital - Co-Résidence™
‘Habiter en Grand’ ou Comment Payer pour une ‘2CV’ et Remporter une ‘Co-Rolls
Royce’. Atelier International du Grand Paris. Paris. Abril, 2013.
STEINFELD, Edward
– Assisted Living: A Search for Philosophy of Practice. The Gerontologist, Volume 43, Issue 4, August 2003, Pages 592-
595 https://doi.org/10.1093/geront/43.4.592
Nota
editorial da Infohabitar:
Embora a
edição dos artigos na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo
editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um
significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e
comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos
respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva
responsabilidade dos mesmos autores.
Notas
editoriais gerais:
(i)
Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a
caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de
edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo
portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No
mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a
utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por
exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva
responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas
fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii)
Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da
Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa
de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a
tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar,
a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva
moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e
exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Etiquetas/palavras chave: habitação, habitação intergeracional, habitação para
idosos, intergeracionalidade, espaços residenciais, PHAI3C, Programa de
Habitação Adaptável e Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados
Tipologias residenciais
para pessoas idosas: um amplo leque de soluções – versão de trabalho e base documental # 870 Infohabitar
António Baptista Coelho – com base direta nos textos,
ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo
Artigo XXXVIII da série editorial da
Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através
de uma Cooperativa a Custo Controlado” “PHAI3C”
Infohabitar, Ano XIX, n.º 870
Edição: quarta-feira, 2 de agosto de
2023
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho, Investigador
Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo – Departamento de
Edifícios do Laboratório Nacional de
Engenharia Civil - LNEC
abc.infohabitar@gmail.com, abc@lnec.pt
A Infohabitar é uma Revista do GHabitar Associação
Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação
atualmente com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação
Económica (FENACHE) e anteriormente com sede no Núcleo de Arquitectura e
Urbanismo do LNEC.
Apoio à Edição: José Baptista Coelho - Lisboa,
Encarnação - Olivais Norte.
Notas bibliográficas:
[1] STAR
strategies + architecture (mandataire) & MONU Magazine on Urbanism / BOARD
com Elioth-Egis Group e Lyn Capital - Co-Résidence™ ‘Habiter en Grand’ ou Comment
Payer pour une ‘2CV’ et Remporter une ‘Co-Rolls Royce’. Atelier International du Grand Paris. Paris.
Abril, 2013.
[2] STAR strategies + architecture (mandataire) & MONU Magazine on
Urbanism / BOARD com Elioth-Egis Group e Lyn Capital - Co-Résidence™
‘Habiter en Grand’ ou Comment Payer pour une ‘2CV’ et Remporter une ‘Co-Rolls
Royce’. Atelier International du Grand Paris. Paris. Abril, 2013.
[3] Victor Regnier - Design for Assisted Living:
Guidelines for Housing the Physically and Mentally Frail. Wiley, 2002.
[4] Edward Steinfeld – Assisted Living: A Search for Philosophy of
Practice. The Gerontologist, Volume 43, Issue 4, August 2003, Pages 592- 595 https://doi.org/10.1093/geront/43.4.592
Professor of Architecture, School of Architecture and Planning, University at Buffalo, State University of New York.
[5] Victor Regnier - Housing Design for an Increasingly Older Population: Redefining Assisted Living for the Mentally and Physically Frail. Wiley, 2018.
[6] Victor Regnier, David Hoglund – Planning and Design Issues in Retirement Housing: Current and Future Directions [apresentação]. USCalifornia. USC Architecture. XED – Executive Education & Professional Development. [curso breve, 14h, S.D.]
[7]
NORC, naturally occurring retirement
community: conjunto residencial onde a maioria dos residentes têm mais de
60 anos, embora o conjunto ou comunidade não tenha sido construído visando-se
as necessidades específicas deste grupo etário.
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