Ligação direta (clicar no link seguinte ou copiar para site de busca) para aceder à listagem interativa de 840 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):
O planeamento urbano
no combate às manifestações de segregação sócio- espacial – Infohabitar # 884
Artigo XII da série
editorial da Infohabitar – “Segregação sócio-espacial em contexto urbano. Um estudo comparativo
entre Braga - Portugal e Aracaju-Brasil”. A presente série
editorial integra uma sequência de capítulos da tese de doutorado de Anselmo
Belém Machado intitulada “Segregação sócio-espacial em contexto urbano, através
de um estudo comparativo entre Braga - Portugal e Aracaju-Brasil”, adaptada,
pelo respetivo autor, especificamente, para esta iniciativa editorial na
Infohabitar.
Infohabitar, Ano XIX,
n.º 884
Edição:
quarta-feira, 22 de novembro de 2023
Caros leitores da Infohabitar,
Com o presente artigo continuamos
a edição da série editorial dedicada à temática geral da “Segregação
sócio-espacial em contexto urbano”, através de um estudo comparativo
entre Braga - Portugal e Aracaju-Brasil; tal
como tínhamos planeado.
Informa-se que a matéria
editorial ligada ao estudo da habitação intergeracional participada está agora
suspensa, em princípio, até ao início de 2024, altura em que a retomaremos numa
fase que se julga muito interessante e de divulgação de bases editoriais e de
referência de soluções e casos habitacionais intergeracionais.
O presente conjunto de artigos
sobre “Segregação sócio-espacial em contexto
urbano”, que agora editamos, foi desenvolvido pelo Professor Anselmo Belém
Machado um dos mais assíduos articulistas da nossa Infohabitar, e que, assim, e com base na adaptação da sua tese de
doutoramento a uma sequência de artigos, nos tem acompanhado, ao longo de algumas
semanas, com a edição de mais um conjunto de artigos sequenciais
relativos à, hoje em dia, fundamental e sempre presente problemática da “Segregação sócio-espacial em contexto urbano”.
Saudamos, então, e sempre, o
colega e amigo Anselmo Belém Machado, por esta excelente e substancial contribuição
editorial para a Infohabitar.
Recorda-se, como sempre, que
serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui
editados e propostas de novos artigos (a enviar, ao meu cuidado, para abc.infohabitar@gmail.com).
E desde já se refere que, em
breve, terão notícias sobre a realização de um novo Congresso Internacional da
Habitação no Espaço Lusófono – CIHEL – que será já o nosso 5.º CIHEL, que terá
lugar, novamente, em Lisboa no início de outubro de 2024 (entre 2 e 4 de
outubro) ; assim como da
reativação do GHabitar-APPQH.
Com as melhores saudações a todos
os caros leitores,
Lisboa, Encarnação, Olivais Norte,
em 22 de novembro de 2023
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
O planeamento urbano
no combate às manifestações de segregação sócio- espacial – Infohabitar # 884
Anselmo Belém Machado
Resumo curricular de Anselmo
Belém Machado
Doutor em geografia
Humana pela Universidade do Minho (Portugal). Com mestrado em Organização do
Espaço Rural no Mundo Subdesenvolvido, licenciado e bacharel em geografia na
Universidade Federal de Sergipe (Brasil).
O autor tem
experiência profissional em ensino, pesquisa e extensão nas seguintes
Universidades: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Atualmente é professor associado no
Departamento de Geografia da Universidade Federal de Sergipe (UFS).
O autor tem as
seguintes áreas de interesse: Geografia Humana, Geografia Urbana e em Estudos
de Segregação Sócio Espacial (Portugal e Brasil).
Série Editorial sobre Segregação
Sócio-espacial em Contexto Urbano: Texto de apresentação
Face ao contexto actual de urbanização acelerada, são vários os desafios
que se colocam ao desenvolvimento das cidades contemporâneas, de entre os quais
aqueles que se relacionam com a urgência de novas políticas de gestão urbana,
capazes de promover um urbanismo inclusivo que contribua para o surgimento de
cidades socialmente mais coesas, integradas e justas. Assim, importa reforçar o
conhecimento existente em torno das dinâmicas urbanas de segregação sócio-
espacial. Este trabalho contribui para esta reflexão a partir de uma
investigação que se singulariza por uma abordagem comparativa desenvolvida a
dois níveis. Por um lado, trata-se de um estudo de geografia urbana que
privilegia a comparação entre duas cidades (Braga em Portugal e Aracaju no
Brasil), que embora se enquadrem em países diferentes e com culturas e
realidades sócio- econômicas específicas, enfrentam ambas processos de
segregação sócio-espacial no interior das suas malhas urbanas. Por outro lado,
trata-se de um estudo que confronta simultaneamente a análise de dinâmicas
espaciais distintas, quer a concentração de cidadãos de baixo nível sócio-
económico (segregação imposta), quer a realidade oposta onde a homogeneidade
sócio- económica de algumas bolsas territoriais se faz sentir pela presença
exclusiva de cidadãos de altos rendimentos (auto-segregação).
O planeamento urbano no combate às manifestações de segregação sócio- espacial – Infohabitar # 884
Nesta secção procura-se avaliar como o planeamento
urbano pode contribuir para minimizar a
segregação sócio-espacial urbana a que se assiste
a nível mundial que, como vimos, está bem enraizada com a política e a economia
global, o que em muito dificulta a resolução deste problema. Existem vários
projetos de regeneração e transformação urbana a nível mundial, que visaram
solucionar a segregação sócio-espacial imposta e dos quais decorreram mudanças positivas
no funcionamento das cidades. Muitas dessas experiências resultam da necessidade
de adequação das políticas urbanas a objectivos que visem a melhoria da qualidade
de vida para a generalidade da população que reside nas cidades, e não apenas para
satisfazer os interesses de um grupo minoritário de população de nível socio-económico
mais elevado.
“As cidades têm que se ajustar
aos instrumentos e às soluções projectadas na política de cidades, a fim de proporcionar
novas condições relacionadas com a melhoria na qualidade de vida da população urbana,
bem como daqueles que aí se deslocam diariamente para trabalhar ou simplesmente
visitar.” (Silva, 2011, p.26).
Silva (2011) descreve que há cidades que procuram
que os seus exercícios de planeamento urbano venham a dar origem a intervenções
urbanas visando alcançar uma maior coesão social. Relembrando que em 2007 foram
elaboradas recomendações para promover o crescimento ordenado das cidades
segundo princípios de coesão social e territorial, os quais se encontram expressos
na CARTA DE LEIPZIG de 2007, de entre as quais se podem destacar as seguintes recomendações
para o desenvolvimento urbano:
“- Maior recurso a
abordagens de política de desenvolvimento urbano integrado:
Criação e preservação de espaços
públicos de qualidade;
Modernização das redes de infraestruturas
e melhoria da eficiência energética;
Desenvolvimento de políticas
ativas em matéria de inovação e educação.
Atenção particular aos bairros
carenciados no contexto da cidade:
Prosseguir estratégias para
melhorar o ambiente físico;
Reforçar a economia local e
a política local de mercado de trabalho;
Adoptar políticas ativas em
matéria de educação e de formação de crianças e jovens;
Promover transportes urbanos
eficientes e a preços razoáveis.” (Silva, 2011, p. 34)
A grande concentração populacional na área urbana,
bem maior que na área rural, tem reforçado a necessidade de realizar planeamentos
estratégicos visando a diminuição dos impactos negativos da urbanização. Entre os
quais a segregação sócio-espacial que se tem intensificado enormemente com o crescimento
das cidades e da população urbana, em grande parte devido a uma grande
incapacidade das políticas públicas urbanas em adaptar a programação das
infra-estruturas e serviços urbanos ao crescimento rápido e contínuo da população
que reside nas cidades. A este respeito Acselrad (2001, p. 122) atribui:
“ a insustentabilidade urbana à incapacidade das políticas urbanas de adaptarem a oferta de infra-estrutura e serviços urbanos às demandas sociais acrescidas pelo incremento demográfico constantes, provocando desequilíbrio ou uma queda da produtividade política dos investimentos urbanos.”
Um planeamento urbano verdadeiramente comprometido
com a promoção da coesão social não se alcança apenas colocando em prática um projeto
de inovação para uma parcela da cidade ou para ser cumprido em um determinado e
curto espaço de tempo (por exemplo associado ao realojamento da população que reside
num bairro social problemático ou numa área urbana de génese ilegal), mas pela perseguição
de um projeto mais amplo de sustentabilidade urbana que projete como será a
cidade no médio e sobretudo no longo prazo. Entende-se esse desenvolvimento
urbano sustentável como um desafio ambicioso que abrange objectivos em
múltiplas dimensões, que não apenas a sustentabilidade económica e ambiental, mas
também a cultural e social.
A dificuldade em orientar o desenvolvimento urbano
segundo esta visão ampla de sustentabilidade, que favoreça a coesão social e por
essa via combata a segregação sócio-espacial, advém sobretudo do facto de na cidade
se concentrarem os grupos económicos e políticos que detém o poder de influência
e decisão sobre os projetos e intervenções urbanas, tornando-a muitas vezes o ‘palco
de guerras’ comandadas pela simples intenção de aumento dos lucros dos grupos hegemónicos.
Assim, se percebe que os grupos privilegiados consigam perpetuar ações em prol dos
seus interesses, muitas vezes não coincidentes com os interesses e preocupações
da grande maioria
da população que reside nas cidades, que por sua
vez não conseguem ver representados os seus interesses no desenho das políticas
urbanas.
“O pressuposto fundamental é que a materialidade da cidade é uma construção política, e como tal sua insustentabilidade deriva de conflitos de interesses, incertezas, perda de representatividade e legitimidade de governos e suas políticas urbanas.” (Acselrad, 2001, p.122).
Assim, para que a cidade cresça, com sustentabilidade
e com uma certa coesão social, será necessário que exista um governo urbano onde
sejam defendidos os interesses de todos os grupos sociais, e não apenas dos que
revelam maior capacidade de influenciar as decisões de política urbana, “daí porque
as questões cruciais nessa perspectiva são a equidade e a democracia na alocação
dos recursos” (Acselrad, 2001, p.122). Ora este é um objectivo muito difícil de
alcançar, sobretudo onde os níveis de corrupção são mais elevados, que tendem a
coincidir com as regiões do globo onde existe um grande contingente de pobreza
e muitas vezes com regimes governamentais pouco democráticos, onde o
planeamento urbano dificilmente poderá ser um meio de promoção de uma maior justiça
social e de um desenvolvimento urbano verdadeiramente sustentável. Noutros contextos
é mais provável encontrar exemplos de exercícios de planeamento urbano, marcado
por acções efetivas para erradicar a miséria e tornar as cidades mais humanizadas
e socialmente mais justas. Apresentam-se de seguida alguns desses exemplos de
políticas urbanas que foram colocados em prática, visando minimizar a ampliação
contínua da segregação sócio-espacial.
Notas:
Bibliografia geral (D a L)
Devido à natural extensão da bibliografía esta é,
novamente, apresentada em diversos “blocos” sequenciais.
(D a L)
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Nota: a base bibliográfica deste
conjunto de artigos, por ser muito extensa, é repartida em quatro partes,
sequencialmente editadas, ao longo dos diversos artigos que integram a série
editorial .
Notas editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural
responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos
de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos,
gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos
autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias
autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o
referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta
a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários
"automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos
conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição
da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos
editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à
verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da
revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de
eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.
O planeamento urbano
no combate às manifestações de segregação sócio- espacial – Infohabitar # 884
Artigo XII da série
editorial da Infohabitar – “Segregação sócio-espacial em contexto urbano. Um estudo comparativo
entre Braga - Portugal e Aracaju-Brasil”. A presente série
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de um estudo comparativo entre Braga - Portugal e Aracaju-Brasil”, adaptada,
pelo respetivo autor, especificamente, para esta iniciativa editorial na
Infohabitar.
Infohabitar, Ano XIX,
n.º 884
Edição:
quarta-feira, 22 de novembro de 2023
Infohabitar
Editor:
António Baptista Coelho, Arquitecto (ESBAL), doutor
em Arquitectura (FAUP), Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura
e Urbanismo (LNEC)
Edição:
Olivais Norte, Encarnação, Lisboa; e Casa das Vinte, Casais de Baixo, Azambuja.
A
Infohabitar é uma Revista da GHabitar Associação Portuguesa para a Promoção da
Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação atualmente com sede na
Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) e
anteriormente com sede no Núcleo de Arquitectura e Urbanismo do LNEC.
Apoio à
Edição: José Baptista Coelho - Lisboa.
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