Ligação direta (clicar no link seguinte ou copiar para site de busca) para aceder à listagem interativa de 840 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):
Habitação, integração
etária e intergeracionalidade – versão de trabalho e base documental – Infohabitar
# 857
Artigo XXXIII da
série editorial da Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma
Cooperativa a Custo Controlado” “PHAI3C”
Infohabitar, Ano XIX,
n.º 857
Edição: quarta-feira,
3 de maio de 2023
Caros leitores da Infohabitar,
Com o presente artigo continuamos
a edição de mais um texto integrado na série editorial dedicada ao Programa de
Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma Cooperativa a Custo
Controlado (PHAI3C), prevendo-se que no final de 2023 consigamos chegar ao
remate desta fase do estudo em que se pretende disponibilizar uma base de
trabalho e documental extensa sobre os amplos aspetos de enquadramento associados
às necessidades, aos gostos e às potencialidades sociais e urbanas de uma
reflexão prática sobre os espaços residenciais dedicados a pessoas idosas e
fragilizadas, mas sempre desejavelmente integrados em quadros intergeracionais,
ativamente urbanos e dinamizados e convivializados por cooperativas de
“habitação económica”.
Tal como tem sido divulgado este
estudo, o PHAI3C, integra, desde há cerca de dois anos, a Estratégia de
Investigação e Inovação (E2I) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC); e importa salientar que as referidas cooperativas portuguesas de
“habitação económica”, associadas na Federação Nacional de Cooperativas de
Habitação Económica (FENACHE), apoiaram este estudo desde o seu início, na
continuidade do seu importante papel, desempenhado desde o 25 de Abril, na
promoção de habitação de interesse social, aliando a grande quantidade de
habitações disponibilizadas a uma sua expressiva qualidade arquitectónica e uma
eficaz e humanizada gestão de proximidade.
Lembra-se que a edição destes
artigos de conteúdo sobre o PHAI3C poderá passar a uma estimada periodicidade
quinzenal, caso a respetiva elaboração assim o obrigue; podendo alternar com
estes artigos a edição de informações úteis sobre iniciativas, entidades e
estudos dedicados às temáticas do habitat humano.
Recorda-se, como sempre, que
serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui
editados e propostas de artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com).
Com as melhores saudações a todos
os caros leitores,
Lisboa, em 3 de maio de 2023
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Habitação, integração
etária e intergeracionalidade – versão de trabalho e base documental – Infohabitar
# 857
António Baptista Coelho – com base direta
nos textos, ideias e opiniões dos autores referidos ao longo dos documentos que
integram a respetiva listagem bibliográfica.
Breve descrição do estudo
intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional desenvolvido
num quadro Cooperativo e a Custos Controlados (PHAI3C)
Considerando-se
o atual quadro demográfico e habitacional muito crítico, no que se refere ao
crescimento do número das pessoas idosas e muito idosas, a viverem sozinhas e
com frequentes necessidades de apoio, a atual diversificação dos modos de vida
e dos desejos habitacionais, e a quase-ausência de oferta habitacional e urbana
adequada a tais necessidades e desejos, foi ponderada o que se julga ser a
oportunidade do estudo e da caracterização de um Programa de Habitação
Adaptável Intergeracional (PHAI), adequado a tais necessidades e a uma proposta
residencial naturalmente convivial, eficazmente gerida e participada e
financeiramente sustentável, resultando daqui a proposta de uma Cooperativa a
Custos Controlados (3C). O PHAI3C visa o estudo e a proposta de soluções
urbanas e residenciais vocacionadas para a convivência intergeracional,
adaptáveis a diversos modos de vida, adequadas para pessoas com eventuais
fragilidade físicas e mentais, mas sem qualquer tipo de estigma institucional e
de idadismo, funcionalmente mistas e com presença urbana estimulante.
O PHAI3C irá procurar identificar e caracterizar tipos de soluções adequadas e
sensíveis a uma integração habitacional e intergeracional dos mais frágeis num
quadro urbano claramente positivo e em soluções edificadas que possam dar
resposta, também, a outras novas e urgentes necessidades habitacionais (ex., jovens e pessoas sós),
num quadro residencial marcado por uma gestão participada e eficaz, pela
convivialidade espontânea e social e financeiramente sustentável.
Responsável – António
Baptista Coelho
Habitação, integração
etária e intergeracionalidade – versão de trabalho e base documental – Infohabitar
# 857
Notas introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre habitação intergeracional
O presente conjunto de artigos inclui-se numa série editorial dedicada a uma reflexão temática exploratória, que integra a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada à preparação e estruturação de um amplo processo de investigação teórico-prático, intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser desenvolvido, pelo autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de Investigação e Inovação (P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas nestes artigos são, apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor do PHAI3C e os numerosos autores neles amplamente citados.
Neste sentido salienta-se o papel visado para o presente conjunto de artigos, no sentido de se proporcionar uma divulgação que possa resultar numa desejável e construtiva discussão alargada sobre as muito urgentes e exigentes matérias da habitação mais adequada para idosos e pessoas fragilizadas, visando-se, não apenas as suas necessidades e gostos específicos, mas também o papel e a valia que têm numa sociedade ativa e integrada.
Nesta perspetiva e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho da referida investigação, salienta-se que a forma e a extensão dos artigos agora listados reflete uma assumida apresentação comentada, minimamente estruturada, de opiniões e resultados de múltiplas pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua perspetiva temática focada e por corresponderem a estudos razoavelmente recentes; forma esta que fica patente no significativo número de citações – salientadas em itálico –, algumas delas longas e quase todas incluídas na língua original.
Julga-se que não se poderia atuar de forma diversa quando se pretende, como é o caso, chegar, cuidadosamente, a resultados teórico-práticos funcionais e aplicáveis na prática, e não apenas a uma reflexão pessoal sobre uma matéria tão sensível e complexa como é a habitação intergeracional adaptável desenvolvida por uma cooperativa a custos controlados e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.
Resumo
Lembrando-se que a intergeracionalidade será especificamente
abordada um pouco mais à frente neste estudo amplo sobre o Programa de
Habitação Adaptável e Intergeracional desenvolvido em termos cooperativos e
participados (PHAI3C), o presente texto integra um conjunto de reflexões subordinadas
ao tema geral de um desenvolvimento habitacional harmonizado em termos de integração
etária e de relações entre diferentes gerações de habitantes.
O texto inicia-se com a abordagem de um conjunto de matérias associadas ao interesse que tem a promoção de uma adequada mixagem social e geracional na habitação, e continua, depois, numa perspetiva mais prática, com a apresentação de dois casos de referência recentes, desenvolvidos, neste quadro temático, em Portugal e em Espanha.
Nota específica relativa às citações: tal como foi acima sublinhado nas “Notas introdutórias”, e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho do presente estudo, ele inclui numerosas citações, todas salientadas em texto a itálico, reentrante e em tipo de letra “Arial Narrow”, algumas delas longas e quase todas apresentadas na respetiva língua original; em termos formais e tendo-se em conta essa grande frequência de citações, optou-se, por regra, pela respetiva indicação da fonte documental, respetivo título e autoria, no corpo de texto e em nota de pé de página ou de final de artigo (conforme a edição), seguindo-se a(s) respetiva(s) citação(ões) com a indicação, posterior, do(s) respetivo(s) número(s) de página(s) entre parêntesis – ex: (pg. 26) –, e, em alguns casos, mas não por regra, repetindo-se a indicação específica ao documento que “está a ser referido” e/ou à sua respetiva autoria.
Specific note regarding citations: as highlighted above in the “Introductory Notes”, and taking into account the preliminary and working phase of the present study, it includes numerous citations, all highlighted in italicized text, reentrant and in font type. letter “Arial Narrow”, some of them long and almost all presented in their original language; in formal terms and taking into account this high frequency of citations, we opted, as a rule, for the respective indication of the documentary source, respective title and authorship, in the body of the text and in a footnote or at the end of the article (according to the edition), followed by the respective citation(s) with the subsequent indication of the respective page number(s) in parentheses – ex: ( pg. 26) – and, in some cases, but not as a rule, repeating the specific indication of the document that “is being referred to” and/or its respective authorship.
Habitação,
integração etária e intergeracionalidade: brevíssima introdução
Embora a intergeracionalidade seja especificamente
apontada e desenvolvida um pouco mais à frente neste estudo amplo sobre o
PHAI3C, comentam-se, em seguida, alguns dos seus aspetos de enquadramento,
aliás, em parte já abordados, por diversas vezes, ao longo de alguns dos
subcapítulos/artigos anteriormente concluídos.
1. Mixagem social e geracional na
habitação
Em primeiro lugar importa defender que existe uma
necessidade global de se assegurar, sistematicamente, mistura social e
geracional na habitação, condição que deveria marcar qualquer intervenção de
interesse social, havendo reais preocupações de viabilidade urbana, e,
naturalmente, e por acumulação de necessidades e exigências específicas,
qualquer intervenção desse tipo mas direcionada para pessoas mais idosas e
fragilizadas.
De certa forma teremos aqui ou aqui deveríamos
ter, sistematicamente, o habitar de todos ao serviço da urbanidade de todos,
tal como se refere no estudo intitulado Le logement de tous au servisse de
l’urbanité: Loger tout le monde dignement , um interessante estudo do
atelier de Roland Castro, que iremos em seguida citar e comentar. [1]
Afinal porque « temos uma clara responsabilidade no
que se refere à relação com a evolução dos comportamentos”, tal como se refere
no estudo que acabou de ser indicado (pg. 13).
E porque “a beleza está na dignidade” e existe
uma real exigência de mistura social, tal como se defende no citado estudo: (negrito
nosso)
Alain Lampson : … « Il n’existe pas
cependant de logement moyen idéal pour tous…»
Yves Laffoucrière : « la valeur d’usage est un
critère essentiel : on ne peut pas oublier que les gens que nous logeons
sont confrontés à des difficultés d’intégration dans la société qui sont
d’ordre économiques, sociales, sociétales, comportementales. Ces valeurs ne
peuvent être réduites à une conception normative : coins jour, nuit,
cuisine…les modes de vie évoluent considérablement, les gens que nous logeons
n’ont plus rien à voir avec ceux que nous logions il y a vingt ou trente ans :
le vieillissement de la population, l’éclatement des ménages, la mobilité
professionnelle, la volatilité des situations…tout ça doit être pris en
compte. La valeur d’usage renvoie certainement à une meilleure connaissance des
personnes que l’on va loger. » (pg. 13, 14)
Na prática o que importa considerar, também, é
uma verdadeira abertura a uma inovação bem fundamentada e útil em termos de
renovados tipos de Habitação de Interesse Social (HIS); e nesta evolução devem integrar-se,
com grande naturalidade, os conjuntos residenciais do PHAI3C; sendo que, para
tal, importa retirar os melhores ensinamentos do muito que se fez bem
designadamente na diversificada HCC que o INH e o IHRU financiaram durante mais
de três decénios e fazer a nova HIS “apenas” muito bem; e aqui se integrando o
PHAI3C, naturalmente.
O citado estudo do gabinete do arquitecto
Roland Castro continua defendendo o que deveria ser a verdadeira “banalização”
da HIS, uma normalização baseada na integração total de cada intervenção e no
“privilegiar dos programas residenciais baseados na mistura social” (à pg. 23);
e no “nosso” caso específico, portanto, numa mistura social intergeracional,
tal como se aponta no estudo de Roland Castro que está a ser referido:
Si certains affirment encore que la mixité
sociale ne fonctionne pas, c’est qu’il est temps de dresser un bilan des
opérations mixtes réalisées jusqu’à présent. A fortiori quand les opérations
où s’articulent mixité sociale, de classe d’âge et de typologies d’habitat
semblent bien fonctionner. (pg. 23)
… Si elle ne fait pas prévue par le cadre de
la loi, cette mixité est une exigence relative à ce qui produit de la «
bonne » ville.
Danielle Valabrègue : « la mixité n’est pas
seulement sociale, la qualité c’est aussi la mixité fonctionnelle et
typologique : mélanger des logements, des équipements, des bureaux dans un
immeuble mixte. C’est vraiment un concept à travailler, car c’est une manière
de ne pas ségréger, de pas faire de cité dortoir. On pourrait faire un
appel à idées auprès des concepteurs sur ce sujet » (pg. 24)
E, assim, aqui temos todo um “caderno de
encargos” para um adequado programa residencial e urbano intergeracional. Mas o
trabalho de Roland Castro continua e clarifica o que ele considera ser a
importância da intergeracionalidade, definindo-a como um verdadeiro “objetivo
civilizacional”, devendo esta problemática ser abordada como em seguida se cita
da obra que está a ser referida: (pg. 25)
La question de la mixité générationnelle se
pose aujourd’hui avec une acuité nouvelle du fait des effets de la démographie
: … L’approche qui consiste à un arbitrage entre maintien à domicile et
placement en institution sera vite dépassée, d’où la recherche de véritables
solutions. Des solutions se font jour au sein d’un même immeuble comme à
Lyon où la SACVL encourage le maintien à domicile :
Gérard Klein : « Pour les personnes âgées,
on a donné à une association un logement de rez-dechaussée qui a des adhérents
dans l’immeuble avec des services qui fonctionne un peu comme un lobby d’hôtel.
» (pg. 25)
E a equipa de Castro generaliza, e bem,
relativamente ao grande número de conjuntos de Habitação de Interesse Social já
existentes, defendendo que é necessário « desenvolver a qualidade do parque
habitacional social existente; reabilitar e remodelar, desenclavar, densificar,
misturar”. (pg. 26)
Avançando-se numa qualificação especial e
múltipla da Habitação de Interesse Social, que, evidentemente, abrangerá a
qualificação das soluções intergeracionais (comentário nosso) e continuando a
citar o estudo que está a ser referido teremos que: (negrito nosso)
Sur cette question [qualidade especial],
Fréderic Druot, Anne Lacaton et Jean-Philippe Vassal ont produit en 2005 un
rapport « Plus. Les grands ensembles de logements, territoire d’exception
» commandé par la DAPA (Direction de l’architecture et du patrimoine).
[onde se apontam os seguintes objetivos :]
-
Offrir des surfaces de logements deux fois plus
généreuses et baignées de lumière naturelle,
-
Offrir des typologies diversifiées et hors norme
- Offrir des facilités de service et d’usages
-
Considérer la qualité des intérieurs et des espaces
communs comme - préalable à la qualité urbaine
- Faire de l’économie le vecteur de cette qualité
(pg. 27)
Uma renovada qualificação arquitetónica
residencial que, naturalmente, terá de ser muito cuidadosamente considerada na
sua aplicação aos mais idosos e frágeis; em termos da forte exigência na sua
aplicação e na forte sensibilidade que deve caraterizar essa aplicação, o que
remete para especiais cuidados na respetiva gestão.
2. Um recente caso de referência
em Portugal
Julgando-se não existir, ainda, em Portugal,
uma experiência significativa de prática específica de intergeracionalidade
residencial associada a intervenções adequadas a idososo e fragilizados,
identificou-se, no entanto, um exemplo bastante recente, de habitação com
objetivos específicos de intergeracionalidade e de apoio a idosos, realizado
pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, com projeto dos arquitetos Sofia
Aleixo e Vítor Mestre, intitulado “Quinta Alegre”, e a partir do qual iremos
apontar e comentar, brevemente, alguns aspetos considerados oportunos,
salientando-se, desde já, a existência de uma excelente publicação onde este
conjunto é devidamente apresentado. [2]
Importa registar que a intervenção
intergeracional municipal na “Quinta Alegre” integrava uma preocupação específica
do então executivo da Câmara Municipal de Lisboa (CML) no sentido de se avançar
em novas tipologias habitacionais, tal como refere a então Vereadora da CML,
Eduarda Napoleão, no documento, significativamente intitulado “Novo paradigma
de habitação para seniores”, que desenvolve uma interessante apresentação
de diversas tipologias de resposta habitacional para os idosos e que
correspondia a um objetivo político municipal que, depois, infelizmente, não
parece ter tido adequada continuidade e cujos objetivos são, muito parcialmente,
citados em seguida: [3] (negrito nosso)
Estes conjuntos habitacionais são construídos
especificamente para os reformados viverem em comunidade. A maioria destas comunidades
oferecem serviços e atividades, com clubhouses para dar aos idosos a
oportunidade de se relacionarem com outros idosos e participarem em atividades
comunitárias, tais como artes e ofícios, …
O conceito de envelhecimento ativo e saudável
traduz a possibilidade de a pessoa idosa permanecer autónoma e capaz de cuidar
de si própria, no seu meio habitual de vida, ainda que com recurso a apoios. No
entanto, a realidade mostra que existe um número considerável de pessoas idosas
que não encontram resposta no seu meio familiar…
Inserida nesta problemática, a Santa Casa da
Misericórdia de Lisboa tem em desenvolvimento um conjunto de projetos para
equipamentos com conceitos alternativos de habitação para os mais velhos, tendo
por base os princípios da intergeracionalidade e da mobilidade.
Estas estruturas residenciais pretendem dar
respostas mais adequadas aos mais velhos mas integrar também os mais novos. Não
é a mesma coisa criar um espaço intergeracional ou um espaço multigeracional.
O último termo refere-se ao design de
ambientes físicos capazes de responder às necessidades de pessoas de todas as
idades… (pg. 8)
Os projetistas da Quinta Alegre, Sofia Aleixo
e Vitor Mestre, desenvolvem variados aspetos que marcaram a respetiva conceção
arquitetónica e que são aqui citados: [4] (negrito nosso)
Foi definido um programa funcional para este
imóvel que, para além da reabilitação, conservação e restauro do edificado
existente e jardins, prevê a instalação de uma Estrutura habitacional
intergeracional que inclui uma Unidade Residencial Assistida para os
reformados da SCML e um conjunto de residências e apartamentos com tipologias
diferentes para os vários grupos etários. (pg. 8)
Esta Unidade Assistida está projetada para
instalar 62 utentes, distribuídos por 27 quartos duplos e oito quartos
individuais e os respetivos serviços de apoio, previstos na legislação em vigor
para este tipo de equipamento social, localizados no piso 0.
De forma a garantir a intergeracionalidade
desde o início do projeto, esta unidade inclui dez apartamentos, sete apartamentos T0 e três T1 localizados no piso 0.
(pg. 11)
Salientando-se o grande interesse desta
iniciativa e a importância que terá a sua respetiva visita técnica, importa, no
entanto, comentar aqui tratar-se de uma associação entre uma estrutura do tipo
equipamento social residencial para idosos com um conjunto de apartamentos, que
terão, naturalmente, um caráter mais corrente e integrado na vivência urbana;
associação esta que, por melhor que esteja integrada, terá sempre uma conotação
ligada ao “apoio de idosos” (aspas minhas).
Considera-se e salienta-se, no entanto,
existirem variados aspetos a reter nesta intervenção, desde a conjugação entre
obras de reabilitação e restauro e obras novas, até a interessantes e práticos
aspetos de gestão e vivência, como aqueles ligados, por exemplo, à liberdade de
se poder alugar um quarto apenas; flexibilidade de uso que se julga muito
interessante.
No que se refere à integração de jovens nesta
estrutura residencial, importa ter presente, designadamente, a possibilidade de
se associarem outras quantidades relativas de unidades-tipo residenciais para os
diversos níveis etários de respetivos habitantes; por exemplo, em Espanha há
indicações deste tipo (ex., 1/3 de jovens).
No caso da Quinta Alegre os seus projetistas
optaram pelas seguintes quantidades de unidades residenciais, apontadas no
último documento referido:
No edifício principal desta Unidade, para além
dos serviços previstos já referidos, acrescentou-se uma lavandaria
self-service, um ginásio, um gabinete de estética e um restaurante/sala de
refeições para uso de todos os residentes, este último também aberto ao
público. (pg. 13)
… pretendeu-se
criar um alojamento autónomo para pessoas de todas as idades. É constituída
por 14 apartamentos, tendo por base a conceção das residências para estudantes.
Cada espaço está dividido em áreas com usos distintos: quarto, instalação
sanitária com acessibilidade para todos, espaço de estar com kitchenette
equipada com equipamentos elétricos. (pg. 15)
O conjunto dos dez apartamentos inseridos
na Unidade Assistida e dos 14 apartamentos T0 da Unidade Residencial tem um
conceito de base inclusivo de arquitetura para todos. Estes apartamentos tanto
podem ser utilizados por jovens estudantes quanto por casais de todas as idades
e por seniores que pretendam viver na sua habitação. (pg. 18)
Na prática nesta solução o idoso terá a opção
entre quarto ou apartamento e o jovem também a deveria, talvez em pisos
distintos; o que será sempre um assunto positivamente discutível.
3. Um recente caso de referência
em Espanha
Aqui ao lado, em Espanha, estão um pouco mais
avançados nestas matérias da intergeracionalidade residencial, embora ainda com
intervenções recentemente concluídas, em obra e em projeto, destacando-se,
desde já, como solução global o recente conjunto habitacional intergeracional e
funcionalmente híbrido/misto, através da inserção de múltiplos equipamentos, intitulado
Plaza de America, e promovido em Alicante pela respetiva municipalidade,
tal como é apontado no documento, de diversos autores, que em seguida é citado
e comentado, intitulado Project title: Intergenerational housing “Plaza de
America”, Ayuntamento de Alicante. [5]
O programa global da Plaza de America integra
e associa em diferentes níveis: (i) 72 pequenas habitações intergeracionais ,
(ii) um diversificado conjunto de espaços e serviços comuns, (iii) um centro de saúde,(iii) um centro de apoio diário aos idosos e (iv)
um estacionamento subterrâneo; tal como se regista no referido documento. (pg.
16)
Salienta-se que esta intervenção integra um
amplo programa municipal de apoio à habitação para idosos, em soluções
“multigeracionais” construídas em terrenos municipais, complementadas por
serviços locais de saúde e lazer para os habitantes, visando-se uma vivência
dos idosos independente e feliz, apoiada, voluntariamente, mas de forma bem
enquadrada. por jovens adultos, que aí também vivem; aspetos estes salientados
no documento que está a ser referido: (pg. 16) (negrito nosso)
… Young people are involved on a voluntary
basis in the communal organisation of everyday life in
the buildings and neighbourhood, and in particular cultural and recreational
activities which take place in communal spaces. On the basis of a ‘good
neighbour’s agreement’, each young person is in charge of taking care of
four older people. (pg. 16)
A intervenção enquadra-se no âmbito da
promoção de Habitação de Ineresse Social para arrendamento “social”,
destinando-se a pessoas com reduzidos rendimentos.
Os equipamentos de apoio de saúde integrados
no eifício servem todos os habitantes da vizinhança e existem diversos serviços
com gestão própria independente (ex., estacionamento, ginásio, etc.), que
contribuem para a boa integração e sustentabilidade da intervenção; tal como se
aponta no documento que está a ser referido:
Residents of the project are people below a
certain income, and the apartments are rented as social dwellings (vivienda de
proteccion publica or VPO), at very affordable rents.
Wide spaces are dedicated to communal services
(library, computer centre, areas for social events and workshops, vegetables
gardens and laundry), and the project comprises also a health care centre,
as well as a day centre located on the premises of the project but open to all
inhabitants in the quarter.
The provision of certain services such as the
parking, sport centre and other recreational centres are outsourced to other
companies/organisations, and different administrations are involved according
to the intervention needed. (pg. 17)
Bibliografia
AA, VV – Quinta Alegre. Património, Volume 2,
Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, Lisboa, 2018.
AAVV - Project title:
Intergenerational housing “Plaza de America”, Ayuntamento de
Alicante, http://www.alicante-ayto.es/vivienda/home.html
ALEIXO, Sofia ; MESTRE, Vítor - Reabilitação da Quinta
Alegre – Estrutura habitacional intergeracional; e AA, VV – Quinta
Alegre. Património, Volume 2, Santa Casa de Misericórdia de
Lisboa, Lisboa, 2018.
CASTRO, Roland Castro; Ministère
du Logement et de la Ville - Le
logement de tous au service de l’urbanité: Loger tout le monde dignement,
Ministère
du Logement et de la Ville, 2008. https://www.vie-publique.fr/rapport/29899-le-logement-de-tous-au-service-de-lurbanite-loger-tout-le-monde-digne Contatos: Plaza Santísima Faz, 5;
Alicante – 03002 Tf: 965206329 - 965206364 -
http://www.alicante-ayto.es/vivienda/home.html
[1] Roland Castro, Ministère du Logement et de la Ville - Le logement de tous
au service de l’urbanité: Loger tout le monde dignement, Ministère du Logement et de la Ville, 2008. https://www.vie-publique.fr/rapport/29899-le-logement-de-tous-au-service-de-lurbanite-loger-tout-le-monde-digne
[2] AA, VV – Quinta
Alegre. Património, Volume 2, Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, Lisboa,
2018.
[3] Eduarda
Napoleão - Novo paradigma de
habitação para seniores , Santa Casa da Misericórdia de Lisboa,
Lisboa, 2018.
[4] Sofia Aleixo,
Vítor Mestre - Reabilitação da Quinta Alegre – Estrutura habitacional
intergeracional; e AA, VV – Quinta Alegre. Património,
Volume 2, Santa Casa de Misericórdia de Lisboa, Lisboa, 2018.
[5] AAVV - Project title: Intergenerational housing “Plaza de America”, Ayuntamento de
Alicante, http://www.alicante-ayto.es/vivienda/home.html
Contatos: Plaza Santísima Faz, 5; Alicante – 03002 Tf: 965206329 -
965206364 - http://www.alicante-ayto.es/vivienda/
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Etiquetas/palavras
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intergeracional, habitação para idosos, intergeracionalidade, espaços
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