Ligação direta (clicar no link seguinte ou copiar para site de busca) para aceder à listagem interativa de 840 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):
Fazer da habitação
para idosos uma escolha apetecível – versão de trabalho e base documental –
Infohabitar # 859
Artigo XXXIV da
série editorial da Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma
Cooperativa a Custo Controlado” “PHAI3C”
Infohabitar, Ano XIX,
n.º 859
Edição: quarta-feira,
17 de maio de 2023
Caros leitores da Infohabitar,
Com o presente artigo continuamos
a edição de mais um texto integrado na série editorial dedicada ao Programa de
Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma Cooperativa a Custo
Controlado (PHAI3C), prevendo-se que no final de 2023 consigamos chegar ao
remate desta fase do estudo em que se pretende disponibilizar uma base de
trabalho e documental extensa sobre os amplos aspetos de enquadramento
associados às necessidades, aos gostos e às potencialidades sociais e urbanas
de uma reflexão prática sobre os espaços residenciais dedicados a pessoas
idosas e fragilizadas, mas sempre desejavelmente integrados em quadros
intergeracionais, ativamente urbanos e dinamizados e convivializados por
cooperativas de “habitação económica”.
Tal como tem sido divulgado este
estudo, o PHAI3C, integra, desde há cerca de dois anos, a Estratégia de
Investigação e Inovação (E2I) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC);
e importa salientar que as referidas cooperativas portuguesas de “habitação
económica”, associadas na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação
Económica (FENACHE), apoiaram este estudo desde o seu início, na
continuidade do seu importante papel, desempenhado desde o 25 de Abril, na
promoção de habitação de interesse social, aliando a grande quantidade de
habitações disponibilizadas a uma sua expressiva qualidade arquitectónica e uma
eficaz e humanizada gestão de proximidade.
A edição destes artigos de
conteúdo sobre o PHAI3C poderá passar a uma estimada periodicidade quinzenal, caso
a respetiva elaboração assim o obrigue; podendo alternar com estes artigos a edição
de informações úteis sobre iniciativas, entidades e estudos dedicados às
temáticas do habitat humano ou um outro conjunto de artigos tematicamente
distintos.
Recorda-se, como sempre, que
serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui
editados e propostas de artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com).
Com as melhores saudações a todos
os caros leitores,
Lisboa, em 17 de maio de 2023
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Fazer da habitação
para idosos uma escolha apetecível – versão de trabalho e base documental –
Infohabitar # 859
António Baptista Coelho – com base direta
nos textos, ideias e opiniões dos autores referidos nos documentos que integram
a respetiva listagem bibliográfica.
Breve descrição do estudo
intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional desenvolvido
num quadro Cooperativo e a Custos Controlados (PHAI3C)
Considerando-se o
atual quadro demográfico e habitacional muito crítico, no que se refere ao
crescimento do número das pessoas idosas e muito idosas, a viverem sozinhas e
com frequentes necessidades de apoio, a atual diversificação dos modos de vida
e dos desejos habitacionais, e a quase-ausência de oferta habitacional e urbana
adequada a tais necessidades e desejos, foi ponderada o que se julga ser a
oportunidade do estudo e da caracterização de um Programa de Habitação
Adaptável Intergeracional (PHAI), adequado a tais necessidades e a uma proposta
residencial naturalmente convivial, eficazmente gerida e participada e
financeiramente sustentável, resultando daqui a proposta de uma Cooperativa a
Custos Controlados (3C). O PHAI3C visa o estudo e a proposta de soluções
urbanas e residenciais vocacionadas para a convivência intergeracional,
adaptáveis a diversos modos de vida, adequadas para pessoas com eventuais
fragilidade físicas e mentais, mas sem qualquer tipo de estigma institucional e
de idadismo, funcionalmente mistas e com presença urbana estimulante. O PHAI3C irá
procurar identificar e caracterizar tipos de soluções adequadas e sensíveis a
uma integração habitacional e intergeracional dos mais frágeis num quadro urbano
claramente positivo e em soluções edificadas que possam dar resposta, também, a
outras novas e urgentes necessidades
habitacionais (ex., jovens e pessoas sós), num quadro residencial
marcado por uma gestão participada e eficaz, pela convivialidade espontânea e
social e financeiramente sustentável.
No
presente conjunto de artigos, desta série sobe o PHAI3C, que agora se inicia, e
tendo-se em conta o que se julga ter sido, já, um razoável desenvolvimento,
bibliográfica e documentalmente fundamentado, das complexas matérias da relação
entre habitação e envelhecimento humano, sempre com uma natural tónica na
habitação, pois conhecemos as nossas especificidades formativas e a
sensibilidade do tema, iremos tentar uma máxima síntese dos aspetos apontados
pelos diversos autores citados, privilegiando-se, os aspetos práticos com
aplicação no respetivo projeto de arquitectura e avançando-se, ainda que com muito
cuidado, nos aspetos tipológicos e práticos das soluções arquitetónicas
residenciais intergeracionais e participadas associáveis ao PHAI3C.
Responsável – António
Baptista Coelho
Fazer da habitação
para idosos uma escolha apetecível – versão de trabalho e base documental –
Infohabitar # 859
Resumo
No presente artigo aborda-se, essencialmente, a matéria
ligada aos aspetos que devemos privilegiar aquando do projeto, da construção e
da gestão de soluções habitacionais dirigidas para pessoas idosas, no sentido
em que possam ser proporcionadas caraterísticas vivenciais, domésticas, comuns
e urbanas que façam dessas soluções escolhas verdadeiramente apetecíveis pelos
seniores; salientando-se aqui e desde já a importância que tem, nestas
matérias, o Painel HAPPI - Housing our
Ageing Population: Panel for Innovation – e especificamente o estudo de Richard
Best e Jeremy Porteus, significativamente intitulado “Housing our ageing
population: Positive Ideas - HAPPI 3 Making Retirement Living A Positive Choice”,
que foi muito extensamente citado e comentado no presente artigo.
Numa última parte do artigo aborda-se sinteticamente a
temática do interesse que tem o desenvolvimento de uma nova cultura do
envelhecimento e sua aplicação nessas soluções residenciais e urbanas
caraterizadamente atraentes para as pessoas mais idosas.
Notas introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre habitação intergeracional
O presente
conjunto de artigos inclui-se numa série editorial dedicada a uma reflexão
temática exploratória, que integra a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada
à preparação e estruturação de um amplo processo de investigação
teórico-prático, intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional
Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser
desenvolvido, pelo autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de Investigação e
Inovação (P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas nestes artigos
são, apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor do PHAI3C e os
numerosos autores neles amplamente citados.
Neste sentido
salienta-se o papel visado para o presente conjunto de artigos, no sentido de
se proporcionar uma divulgação que possa resultar numa desejável e construtiva
discussão alargada sobre as muito urgentes e exigentes matérias da habitação
mais adequada para idosos e pessoas fragilizadas, visando-se, não apenas as
suas necessidades e gostos específicos, mas também o papel e a valia que têm
numa sociedade ativa e integrada.
Nesta perspetiva e
tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho da referida investigação,
salienta-se que a forma e a extensão dos artigos agora listados reflete uma
assumida apresentação comentada, minimamente estruturada, de opiniões e
resultados de múltiplas pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua
perspetiva temática focada e por corresponderem a estudos razoavelmente
recentes; forma esta que fica patente no significativo número de citações –
salientadas em itálico –, algumas delas longas e quase todas incluídas na
língua original.
Julga-se que não
se poderia atuar de forma diversa quando se pretende, como é o caso, chegar,
cuidadosamente, a resultados teórico-práticos funcionais e aplicáveis na
prática, e não apenas a uma reflexão pessoal sobre uma matéria tão sensível e
complexa como é a habitação intergeracional adaptável desenvolvida por uma
cooperativa a custos controlados e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.
Fazer da habitação para idosos uma escolha apetecível –
versão de trabalho e base documental – Infohabitar # 859
Índice geral (entre parêntesis, n.º de página do item)
1. Fazer da habitação para idosos uma escolha apetecível2. Sobre uma nova cultura do envelhecimento
Bibliografia (referências práticas)
Fazer da habitação para idosos uma escolha apetecível –
versão de trabalho e base documental – Infohabitar # 859
Nota específica relativa às citações: tal como foi acima sublinhado nas “Notas introdutórias”, e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho do presente estudo, ele inclui numerosas citações, todas salientadas em texto a itálico, reentrante e em tipo de letra “Arial Narrow”, algumas delas longas e quase todas apresentadas na respetiva língua original; em termos formais e tendo-se em conta essa grande frequência de citações, optou-se, por regra, pela respetiva indicação da fonte documental, respetivo título e autoria, no corpo de texto e em nota de pé de página ou de final de artigo (conforme a edição), seguindo-se a(s) respetiva(s) citação(ões) com a indicação, posterior, do(s) respetivo(s) número(s) de página(s) entre parêntesis – ex: (pg. 26) –, e, em alguns casos, mas não por regra, repetindo-se a indicação específica ao documento que “está a ser referido” e/ou à sua respetiva autoria.
Specific note regarding citations: as highlighted above in the “Introductory Notes”, and taking into account the preliminary and working phase of the present study, it includes numerous citations, all highlighted in italicized text, reentrant and in font type. letter “Arial Narrow”, some of them long and almost all presented in their original language; in formal terms and taking into account this high frequency of citations, we opted, as a rule, for the respective indication of the documentary source, respective title and authorship, in the body of the text and in a footnote or at the end of the article (according to the edition), followed by the respective citation(s) with the subsequent indication of the respective page number(s) in parentheses – ex: ( page 26) – and, in some cases, but not as a rule, repeating the specific indication of the document that “is being referred to” and/or its respective authorship.
1. Fazer da habitação para idosos uma escolha apetecível
Avançando na temática ligada ao desenvolvimento de
tipologias residenciais amigas das pessoas idosas e de muitos outros habitantes
que desejam condições de vida diária agradáveis, atraentes, geracionalmente bem
integradas e apoiadas por espaços e serviços comuns salienta-se, agora, o
estudo coordenado por Richard Best e Jeremy Porteus, e significativamente
intitulado Housing our ageing population: Positive Ideas - HAPPI 3 Making
Retirement Living A Positive Choice, que integra um conjunto de
considerações e reflexões, que são, em seguida, extensamente apontadas e
comentadas, porque são consideradas estruturantes no âmbito do PHAI3C: [1] (negrito nosso)
Uma questão importante na promoção de habitação amiga dos
idosos e fragilizados é a sua respetiva e adequada informação aos potenciais interessados,
passando até pelo apoio na escolha das soluções, referem Richard Best e Jeremy
Porteus no estudo referido (pg. 6) – quando essas soluções existam,
naturalmente, o que não é o caso português.
É muito interessante e curiosa a referência que se faz no
documento de Richard Best e Jeremy Porteus aos arrendamentos para “habitação
para a aposentação” com prazos de cerca de 1000 anos relativos ao aluguer do
terreno, sendo que a parte construída tem de ser adquirida; neste caso podemos
ser, portanto, proprietários durante um dado período temporal; mas há que pagar
renda pelo terreno (“x”) assim como taxas de gestão (“y”) para cobrir as
despesas de limpeza e manutenção e funcionamento das áreas e dos serviços
comuns e respetivos trabalhadores – como exemplo que Richard Best e Jeremy
Porteus retiraram de uma publicação da promotora McCarthy
& Stone em Nightingale Place, Clapham Common, Londres, in London (com 94
apartamentos, piscina, cinema, restaurante e “clube de saúde”), os preços
variam entre cerca de 600.000 a 1.600.000 libras e a mensalidade de gestão é de
cerca de 1.000 libras; sendo que tal como é apotando em diversas fontes tal
custo é superior ao da habitação corrente em localizações idênticas; e a
propósito e no referido estudo de Richard Best e
Jeremy Porteus refere-se:
We were impressed with the provision by
some developers of retirement housing with much longer leases 999 or 1,000
years – which give purchasers a greater sense of security and helps property
retain its value: we recommend this practice to the sector at large. (pg.
7)
Provavelmente e tendo em conta estes dados do Reino Unido
e pensando no PHAI3C haverá que reduzir ao mínimo os equipamentos e mesmo
alguns espaços comuns e também reduzir os trabalhadores e/ou optar por
equipamentos autonomizados e que encontrem a sua sustentabilidade financeira ao
serviço do público e não apenas dos habitantes do PHAI3C em cujo edifício estão
instalados.
Sendo que outra forma de poupar na promoção e gestão será
investir em “pacotes” de serviços já pré-estruturados
e organizados, assim como em novas tecnologias de apoio doméstico e pessoal,
que proporcionem resultados eficazes com custos contidos.
Em tudo isto importa sublinhar que todos deveríamos poder
“reimaginar nossa vida quando envelhecemos”(pg. 9), como escrevem Richard Best
e Jeremy Porteus no estudo referido, uma possibilidade que se liga a termos
então, por regra, muito mais tempo livre para a gozar, “explorando todas as
opções e considerando como poderemos
aproveitar ao máximo os nossos anos de velhice; e nestes termos deve fazer
parte do nosso planeamento a consideração de uma mudança residencial para uma
habitação que tenha o «tamanho certo»” (pg. 9), como se aponta no estudo que
está a ser referido; e, dizemos nós, as caraterísticas formais e funcionais
adequadas e mais desejadas, tanto no espaço doméstico como no restante e
contíguo espaço de habitar e de vizinhança.
Uma habitação que, finalmente, devemos poder reimaginar
ou, pelo menos, participar ativamente na respetiva escolha e no âmbito de um
rico leque de possibilidades que nada deverão ter ver com “velhas” limitações formais e
funcionais; baseadas no apoio a variados estilos de vida, expressivamente
caraterizadas e identificadas, valorizando os respetivos locais de integração
e, na globalidade, altamente desejáveis; como se aponta no estudo que está a
ser citado e comentado:
PegasusLife’s
[conhecido promotor habitacional no Reino Unido] ambitions to redefine the word ‘style’ in ‘lifestyle’.
PegasusLife
designs and builds “highly desirable,
exemplar homes” that seek to embody the history, character and personality of
their location, creating an environment that attracts people who want to enjoy
living in a unique home and belong to a particular community… (pg.
25)
Esta oportunidade que nos devemos oferecer de viver e
habitar realmente melhor durante a nossa velhice – e atenção que para muitos
esta pode ser uma oportunidade verdadeiramente importante porque sempre
habitaram de forma deficiente – resultará, também, numa oportunidade única para
muitas outras famílias mais jovens poderem aceder a uma habitação espacialmente
adequada, porque ao libertarmos as nossas “velhas” habitações de tipologias
maiores (ex., T3 e T4) estamos a disponibilizar ao mercado, potencialmente, um
muto elevado número de habitações, com as respetivas influências financeiras.
Devemos confessar que embora não apreciemos pensar nestes
termos “oportunistas”, de vagar as habitações dos mais idosos (atraídos por
novos espaços habitacionais mais adequados) para proporcionar habitação às
famílias mais jovens (frequentemente sem habitação espacialmente adequada) ;
tal situação acaba por poder corresponder a uma natural “rotação geracional” na
ocupação habitacional de soluções residenciais adequadas, sendo que, noutra
importante perspetiva acaba por ser uma medida que nos aproxima da resolução do
atual grave problema habitacional – de certa forma avançando-se numa adequação
da ocupação habitacional “mais fina”, o que é um conceito que importará
desenvolver.
No sentido de se dar um exemplo muito significativo da
importância que pode ter esta “rotação geracional” na ocupação habitacional de
soluções residenciais adequadas e na resolução da falta de habitação, recorremos
ao caso do Reino Unido, onde no estudo, que está a ser referido, os respetivo
autores sublinham que as pessoas idosas têm habitações com um valor estimado de
cerca de 820.000 milhões de libras, e que cerca de 8 milhões de pessoas
acima dos 60 anos e que vivem em cerca de 7 milhões de fogos, estão
interessadas em mudar para habitações mais pequenas; sendo que se apenas metade
delas o fizessem poderiam entrar no mercado cerca de 3,5 milhões de habitações
com 3 e 4 quartos (T3 e T4), disponibilizando-se, assim, cerca de 18% do
mercado de habitações para venda – registando-se, no mesmo estudo, que o
mercado do Reino Unido “precisa de cerca de 210.000 habitações, por ano, até
2037 para dar resposta à esperada subida da procura global, que é originada
tanto pelo crescimento populacional como pela mudança na composição das
famílias.”(pg. 12)
E não podemos aqui deixar de lembrar o que temos de
definir como a inconsciência dos responsáveis políticos portugueses quando
deixaram de promover nova habitação de interesse social desde há mais de 10
anos; e a crise de 2008 não pode continuar a ter as costas tão largas.
Para além de tudo isto e acrescentando à referida boa
oportunidade de rotação geracional das maiores habitações, há que salientar que
o fazer habitações mais adequadas para os nossos seniores corresponderá a
proporcionar-lhes mais saúde e bem-estar e, paralelamente, a menores custos com
a saúde em geral; o que pode levar, naturalmente, a alocações estratégicas
destas poupanças; tal como sugerem Richard Best e Jeremy Porteus no estudo em
referência:
Homes
designed for those retiring or in their ‘extended middle age’ achieve cost savings
and have significant benefits in health and wellbeing, including tackling
isolation and loneliness, while also releasing capital to improve the incomes
and quality of life of older people. (pg. 12)
Um melhor bem-estar e saúde que caraterizará mesmo
soluções habitacionais para idosos com caraterísticas muito apoiadas, desde que
marcadas por aspetos significativos de agradabilidade, identidade e
evidentemente humanização, tal como acontece em interessantes soluções de “vida
aldeã aposentada”, disponíveis no Reino Unido, associadas à prestação de
cuidados pessoais especiais; aspetos que promoverão a independência e a
liberdade de escolha das soluções de vida dos idosos, mais convivialidade
local, mais qualidade de vida e um maior sentido de controlo sobre as próprias
vidas; tal como se aponta no estudo que tem estado a ser referido:.
§ It can promote greater independence and provide greater choice in
planning for later life than would otherwise be available.
§ I Its communal environment has the potential to reduce social
isolation, particularly for residents who move from more rural or remote homes.
§ It can also promote residents’ quality of life and 97% strongly
agreed or agreed with the statement ‘I feel safe where I live’.
§ It has an enabling environment which adds to residents’ increasing
sense of control over their daily lives and the services – and care – that they
receive in the village. (pg. 14)
A questão que aqui parece colocar-se liga-se,
provavelmente, de forma clara à escolha tipológica que neste caso incidiu sobre
a designada “vida aldeã aposentada” – tradução literal de retirement village
life – uma solução de localização e de arquitetura urbana provavelmente
muito marcada pela humanização e apropriação das soluções habitacionais
privadas e comuns e que se julga teria em Portugal o interesse suplementar de
poder contribuir para a revitalização territorial; desde que bem servida em
termos de acessibilidades a zonas urbanas mais dinâmicas.
E fica aqui, indiretamente, revelado o problema que mesmo
no Reino Unido existe e que no estudo de Richard Best e Jeremy Porteus, que se
tem estado a referir, indica que por lá
existe uma “genuína falta de escolhas habitacionais para as pessoas idosas”
(pg. 16); situação esta que então transposta para Portugal nos levaria muito,
muito longe.
Uma mudança habitacional dos idosos que, no Reino Unido,
é maioritariamente resultante de uma vontade de poupar na manutenção (pg.
16), optando-se por uma habitação menor (ou um puco menor, habitualmente,
com menos um quarto) e, dizemos nós, provavelmente muito melhor climatizada;
aspetos estes registados no referido estudo de Richard Best e Jeremy Porteus.
Aplicando estes aspetos à promoção de habitações
associadas a espaços, equipamentos e serviços comuns, tal como se prevê no
âmbito do PHAI3C, importará ter uma forte contenção no desenvolvimento dessa
parte comum da intervenção e designadamente, nas associadas despesas iniciais e
mensais; tal como, em seguida, se aponta com base no estudo que está a ser
referido:
• The idea of lower maintenance was the most
important reason for downsizing, reported by over half (56%) of those who had
downsized or would consider it.
• Financial considerations were important
reasons in thinking about downsizing, though reducing the costs of bills was
more important than releasing equity (42% versus 23.2%). (pg. 18)
É interessante ter em conta que a introdução de habitação
de interesse social para pessoas idosas é uma intervenção frequentemente bem
acolhida pela população envolvente, ou pelo menos não provoca os “anticorpos”
frequentes na introdução de habitação de interesse social corrente; condição
bem adequada quando são visadas ações de preenchimento e continuidade urbana e
que podem e devem ser associadas também à introdução de outros grupos etários,
no âmbito de uma essencial intergeracionalidade, tal como defendem Richard Best
e Jeremy Porteus no estudo em referência:
… housing for older people has several planning advantages. Public opposition tends to be more muted since the new residents are the least likely to be anti-social neighbours. Car use is likely to be appreciably lower, reducing worries about extra traffic congestion. And it is difficult to contemplate a form of development that could be any more “sustainable” than retirement housing. (pg. 18 e 19)
Nestas perspetivas importa aqui registar e salientar os 10
aspetos que, no âmbito da importante iniciativa desenvolvida em 2009, no Reino
Unido e designada Housing our Ageing Population Panel for Innovation (HAPPI),
sustentam uma habitação preparada para o envelhecimento dos seus habitantes:[2]
§ Generous
internal space standards
§ Plenty
of natural light in the home and in circulation spaces
§ Balconies
and outdoor space, avoiding internal corridors and single-aspect flats
§ Adaptability
and ‘care aware’ design which is ready for emerging telecare and
tele-healthcare technologies
§ Circulation
spaces that encourage interaction and avoids an “institutional feel”
§ Shared
facilities and community ‘hubs’ where these are lacking in the neighbourhood
§ Plants,
trees, and the natural environment
§ High
levels of energy efficiency, with good ventilation to avoid overheating
§ Extra
storage for belongings and bicycles
§ Shared external areas such as ‘home zones’ that give priority to
pedestrians (pg. 19)
Elementos estes que podem ser diretamente estruturadores
de uma renovada tipologia residencial, convivial e vicinal, muito marcada,
tanto pelo quadro qualitativo oferecido aos seus habitantes, como pelo quadro
de qualidade de integração natural e urbana também a eles oferecido, mas
extensivo aos respetivos vizinhos.
Uma renovada tipologia residencial cujas caraterísticas
de integração natural, urbanas, arquitetónicas, (con)vivenciais, privadas e
pormenorizadas consigam responder muito positivamente ao que parece ser uma
procura habitacional crescente por parte de pessoas idosas, em família e
sozinhas, e uma procura habitacional que, pelo menos no âmbito dos países com a
problemática residencial básica em boa parte resolvida, será, cada vez mais,
uma procura “selecionada” e muito dirigida para sítios/soluções que nos
ofereçam muito mais do que a simples e pobre “funcionalidade habitacional”, na
resposta ao que um estudo do norte-americano Merrill Lynch - citado por Richard Best e Jeremy Porteus, autores
do estudo que está a ser referido - designa, e muito bem, o atravessar,
cerca dos 60 anos de idade, de um “limiar de liberdade”, “a partir do
qual as pessoas se sentem livres de escolherem onde elas mais gostam de viver”
(pg. 24); e juntaria como elas mais gostam de viver, pois, citando o mesmo
estudo norte-americano cerca de um terço dos idosos que mudam de habitação
acabam por escolher uma habitação maior. Matérias estas devidamente salientadas
no estudo que temos estado a referir:
The Panel was interested to learn of research
in the US for Merrill Lynch which found that in the next decade that
households with a member aged 65 and above will account for nearly all
household growth. It found that as people enter their “extended middle
age”, they begin to cross what this US study reveals to be the ‘freedom
threshold” [“limiar de liberdade”]: at the age of 61, the majority
of people say they feel free to choose where they most want to live.
Furthermore, their
research noted that 3-in-10 of pre-retirees who expected to downsize when they
retired, actually upsized into a larger home! …
This emphasises the need to talk in terms of “right-sizing.” (pg. 24)
Neste sentido de uma ampla escolha residencial quando
idosos, podemos ir desde a solução de habitação com cuidados eventuais e
individualmente escolhidos (em termos domésticos e pessoais), muito associada a
um envelhecimento ativo e temporalmente estendido, sem limites definidos, até
ao que se pode designar de uma solução de cuidados pessoais que também
disponibilizam uma habitação adequada e expressivamente humanizada; numa
mistura funcional e formal muito dirigida para os grandes idosos fragilizados.
Se é possível articular as duas soluções é questão que fica por responder, mas
que sempre exigiria uma gestão profissional reforçada e muito eficaz, incluindo
adequados aspetos de participação e atuando sobre uma excelente solução de
arquitetura urbana bem localizada (pois o habitar da “cidade” e do meio natural
é sempre um essencial aliado de um processo de envelhecimento ativo,
proporcionando ocupação, prazer e “escape”).
Em termos tipológicos pormenorizados há que aprofundar o
equilíbrio, e o coquetel de espaciosidades mais estimulante e financeiramente
adequado entre espaços comuns e privados, considerando-se, designadamente, que
o espaço privado possa ser “condensado” no sentido de se reduzirem os
respetivos custos associados (iniciais e mensais); mas não esquecendo que em
tal caso os espaços comuns também terão de ser estrategicamente contidos em
termos de espaciosidade e custo de acabamento - ex., uso de acabamentos mais
rústicos e económicos, que melhor se aceitam em espaços comuns e investimento
num máximo de espaços exteriores ou de transição interior/exterior, cujos
custos também poderão ser menorizados.
Julga-se que um dos segredos para uma boa promoção estará,
provavelmente, na criação de um bem desenvolvido pólo de convívio e de
comunidade estrategicamente concentrado e localizado, que possa servir, quase
diretamente, um pequeno conjunto de agrupamentos de fogos (ex., três grupos de
apartamentos).
Outro aspeto essencial para uma boa promoção estará na
sua atratividade e sentido único, bem marcado pela aliança com as
caraterísticas de cada localização; mais uma das caraterísticas que ajuda a
afastar qualquer noção de tipificação residencial para idosos; e neste sentido
será sempre essencial aplicar essa
capacidade de atratividade e de integração , mesmo quando estamos a desenvolver
habitação amiga dos idosos e de baixo custo; uma problemática que,
evidentemente, irá “puxar” pelo projeto e sua qualificação.
Em toda esta dinâmica colocada por uma desejável rotação
geracional das habitações com maiores tipologias e pela correspondente mudança
residencial dos habitantes idosos, que viviam nessas tipologias, para
habitações e conjuntos residenciais adequados às suas necessidades e atraentes
relativamente aos seus gostos, pode colocar-se um problema grave que é “o valor
da nova habitação ser maior do que o valor da velha habitação”, tal como
referem Richard Best e Jeremy Porteus no estudo citado. (pg. 26)
Uma questão que se conjuga com a atual pobreza de
mecanismos de financiamento específicos para as pessoas idosas e para a
referida dinâmica de mudança residencial – pois afinal os bancos estão
preparados para emprestar a jovens e com longos períodos de pagamento dos
respetivos empréstimos.
Não iremos avançar nesta matéria, mas no entanto julga-se
que o próprio mercado se encarregará de fazer surgir modalidades adequadas a
este novo quadro de procura habitacional, sendo que: existirão muitos casos em
que os idosos estão já bastante capitalizados, para além do valor das
habitações onde vivem; muitas das habitações a vender, pelos idosos,
encontram-se em localizações extremamente valorizadas; poderão existir opções
de mudança para zonas que sendo agradáveis e vivas sejam claramente mais baratas
em termos de terrenos disponíveis; poderá ser feita uma opção pelo arrendamento
ou outras modalidades e acesso habitacional; e poderão existir associações e
cooperativas cujas caraterísticas proporcionem poupanças significativas em
termos de construção e gestão posterior e, até, de eventuais apoios oficiais
devido à respetiva natureza cooperativa e sem fins lucrativos.
A promoção cooperativa habitacional e o seu mais rescente
descendente, o cohousing pode oferecer excelentes vantagens financeiras,
processuais e de apoios oficiais na promoção de habitação sem fins lucrativos
e, suplementarmente, pode proporcionar um “estilo de vida” para pessoas idosas
e fragilizadas, que parece ser muito adequado a uma vivência calma, convivial e
num seguro quadro de entreajuda mútua; existindo já um numeroso leque de
experiências vivenciais com bastantes anos de vivência e grande diversidade de
facetas habitacionais privadas e comuns.
É exatamente a este nível da existência de grande
diversidade de facetas habitacionais privadas e comuns, marcando inúmeras
experiências de habitação cooperativa em geral e de cohousing em particular,
que se coloca, provavelmente, a opção habitacional talvez mais intensamente
comunitária que podemos designar de Habitação Colaborativa; uma opção que ao
ser conjugada com um excelente e muito adaptável projeto de Arquitetura pode
proporcionar uma “habitação para a vida”, muito positivamente influenciada por
uma rigorosa separação entre espaços privados e comuns.
O estudo de Richard Best e Jeremy Porteus, que temos aqui
extensamente citado e comentado e que muito se recomenda, oferece-nos também importantes ligações com a prática e
designadamente no sentido de se sublinhar que o bom projeto de arquitetura
residencial, bem sensível aos seus habitantes e aos seus mutantes gostos e
necessidades, é, frequentemente, capaz de proporcionar a adaptabilidade e a
adequação que são essenciais para um espaço habitacional amigo dos mais idosos
e fragilizados; tal como apontam no interessante exemplo de uma intervenção que
consideram antecipadora das atuais iniciativas de cohousing intergeracional:
The inquiry heard from Richard Morton, a
retired architect living in the Cockaigne Housing Group’s development in The
Ryde, in Hatfield.
Completed over 50 years ago, this …
cluster of 28 single storey properties predates the invention
of cohousing.
It was also not specifically designed for older
people, but both the adaptable design and the management are based on
cooperative ideals and most of the residents are now of retirement age with 11
of the 28 households being ‘downsizers’.
The affection for Cockaigne architecturally and
the adaptability of the houses to meet a diverse range of lifestyle choices and
disability has also ensured a low turnover in ownership.
… “The self-managed nature of the development with large private grounds, all
communally maintained, is a big benefit.
Possibly most important though is
the balance between individual privacy and the support available within the
community, with plenty of social activity and
close neighbour contact and friendships which are vital to alleviate the
loneliness of old age.” (pg. 30)
Considerando, agora, a importância da tecnologia na nova
habitação para idosos e fragilizados, importa apontar que, tal como é
sublinhado por Richard Best e Jeremy Porteus, referindo-se ao Painel HAPPI, ela
oferece excelentes oportunidades para a conectividade social, técnica e
intergeracional:
Panel Members noted the increasing importance
of the “connected home”, i.e. of technological advances and connectivity to the
‘internet of things’ and its impact on designing and building technology into
today’s home.
• Faster broadband ‘streaming’ to improve
communications such as via Skype and Facebook
• Accessing APPs on mobile phones or tablets to
better manage one’s care needs (telecare) or achieve health improvements
(telehealth) that delay a move into residential care or avoid a hospital
admission
• Innovative use of global positioning systems
to set ‘geofencing’ parameters for people who are prone to risk; for example,
someone with dementia. (pg. 30)
… this pathway combines a holistic assessment
of someone’s needs with the installation, monitoring and delivery of an
appropriate response service linked to a range of telecare packages that manage
assessed risks.
This supports older and vulnerable people and
those with long-term needs at home. He reported that the scale of the
operation, with over 200 referrals a week, has resulted in first year savings
of £900,000 to the local health and social care economy. These savings have
been achieved by fewer GP visits and unnecessary admissions into hospital,
fewer incidents of delayed discharge from hospital and avoiding admissions into
residential care see diagram opposite).
… domiciliary care is commissioned into a
system where ‘the circle’ of technology enabled care and support services
offers older people greater control to participate safely and securely online. For
example, the creation of digital social communities and telecare connecting
people in ways that mitigate against some of the challenges of social isolation
highlighted by other witnesses. (pg. 31)
Sublinha-se, também, que, tal como é apontado no estudo de
Richard Best e Jeremy Porteus que está ser referido, a implementação de uma
adequada estratégia doméstica de acompanhamento tecnológico das pessoas
fragilizadas pode adiar um ano a entrada em cuidados residenciais e reduz
incrivelmente os respetivos custos associados; e o que dizer em termos de
qualidade e independência de vida? E quanto isto vale? Neste sentido, importa
salientar e com uma especial importância, que o desenvolvimento de uma adequada
estratégia de prevenção de quedas, tecnologicamente assistida, pode reduzir 15
a 30% o número de quedas domésticas. (pg. 32, 33)
Estas referência à casa conectada e linkada surgem aqui,
quando abordamos a tipologia residencial, pois considera-se que importa pensar
na matéria integradamente e não numa perspetiva de junção de “gadgets”,
eventualmente, escolhidos avulso; visando-se especificamente instalações
dirigidas para o bem-estar, a saúde e a segurança dos habitantes e que possam
ser aplicadas de forma racionalizada (simples e não dispendiosas) e muito
dirigida para as pessoas mais fragilizadas e menos especializadas nessas
tecnologias; e os referidos Richard Best e Jeremy Porteus dão alguns exemplos
de soluções tecnológicas que podem “beneficiar residentes atuais e futuros de
habitação integrada com a prestação de cuidados pessoais:
• Low surface temperature radiators or
underfloor heating and thermostatically controlled domestic hot water
temperatures - avoid scolding and burns
• Automatic smoke/heat detection linked to fire
detection and social alarm facilities
• Sprinkler or misting fire suppressions
systems
• Emergency lighting systems in the event of mains failure. (pg. 34)
Importa no entanto sublinhar que a montante de todo um
“novo” conjunto de “sensores” e elementos de comunicação, que, não esqueçamos,
têm de ser “à prova” de pessoas com dificuldades no uso de novas tecnologias e
até de pessoas com alguns problemas de comunicação e interação, terão de ser
devidamente asseguradas adequadas e múltiplas condições de conforto ambiental
(higrotérmico, sonoro, ventilação e qualidade do ar), que, tal como bem
sabemos, afetam de forma crítica as pessoas mais idosas e fragilizadas.
As questões da disponibilização do melhor conforto
ambiental doméstico e numa perspetiva o mais simplificada e natural possível
parecem ser importantes para todos os habitantes mas quase vitais para pessoas
mais “distraídas” ou até menos informadas, como acontece por vezes com os
idosos e fragilizados, dependendo, assim, muito de aspetos ambientais pouco
tecnológicos e muito independentes do controlo humano (ex., inércia térmica,
sombreamento, isolamento pelo exterior, ventilação natural, luz natural estrategicamente
estruturada, isolamento sonoro global e estratégico, etc.), que, por sua vez,
muito dependem de uma sua adequada integração tipológica e construtiva. Além de
que os custos energéticos são, frequentemente, críticos para os mais idosos e
com menos capacidade financeira.
Por outro lado a questão da gestão do conforto ambiental
nos espaços comuns é algo que também nos deverá preocupar em termos da solução
de edifício escolhida.
E há um aspeto importante que influencia numa
parcimoniosas, cuidadosa e multifuncional conceção dos espaços comuns, que é
que os respetivos custos de construção dificilmente são recuperados na
“comercialização” dos associados espaços privados e que os respetivos custos de
manutenção vão pesar nos gastos de cada habitação; tal como também apontam Richard
Best e Jeremy Porteus no estudo em referência:
“Paying for the service charges can be a burdensome cost
both to residents who pay their own way and to the State in covering the
service charge. Floor space taken up with communal facilities is not saleable,
making HAPPI homes more expensive for builders to develop and residents to
maintain.” (pg. 35)
Estas questões acabam por constituir mais uma razão para
se desenvolverem, no âmbito do PHAI3C, menos espaços comuns e mais espaços para
uso público d devidamente “comercializáveis”; sendo que, talvez, possamos
encontrar a boa inspiração para essa contenção nos espaços comuns nas soluções
muito coletivas de cohousing e nas soluções hoteleiras mais económicas.
Aspetos financeiros cuja importância é especialmente
grande quando afetam uma população idosa, cujos recursos estão muito limitados,
frequentemente, ao valor das suas aposentações e terão de ser gradualmente
aplicados no apoio ao seu bem-estar e saúde; condições estas que evidenciam a
importância de uma adequada informação dos interessados relativamente às
despesas com novas soluções residenciais e à sua especificação, visando-se um
adequado horizonte temporal, essenciais aspetos ligados a condições de seguros
pessoais e ainda aspetos de valorização do respetivo investimento residencial
(se for caso disso).
Temos realmente que inventar novas tipologias
residenciais intergeracionais, sensíveis a idosos e fragilizados, cujo
potencial de atratividade, funcionalidade, domesticidade convívio e privacidade seja tal que
correspondam verdadeiramente a habitações para onde se vai para ficar e não
para onde se vai temporariamente; julga-se ser este um dos segredos
importantes que têm de marcar a estruturação das respetivas tipologias
residenciais e urbanas, tal como muito bem sublinham Richard Best e Jeremy
Porteus no estudo que aqui muito longamente referimos, devido ao seu enorme
iteresse: (negrito nosso)
“We
need to create a ‘go to’ and not a ‘move through’ market of retirement housing
which is mutually beneficial.” Bruce Moore, Chief
Executive, Housing & Care (pg. 35)
Em tudo isto realmente não faz sentido que se continue a
ignorar a falta de opções e de escolhas habitacionais e urbanas realmente
adequadas para os mais idosos, e perfeitamente distintas das respetivas
“respostas institucionais”, que não são nem nunca serão habitação; e uma tal
ignorância acontece quando estamos a viver o início de uma “revolução
grisalha”, já com os seus aspetos críticos de pessoas idosas que estão “reféns”
de edifícios altos e com ascensores avariados e/ou com corredores de acesso
demasiado estreitos, e com tantos aspetos críticos associados a idosos que
vivem numa solidão imposta e doentia.
Fala-se da falta de habitação para os mais jovens e não
da falta de habitação adequada para os mais idosos, sendo que uma resposta
diversificadamente integrada é possível, seja em soluções intergeracionais
socialmente estimulantes, seja através de uma natural rotação das tipologias
maiores.
2. Sobre uma nova cultura do envelhecimento
Relativamente à temática “central”, para o
PHAI3C, do desenvolvimento tipológico de soluções habitacionais
intergeracionais participadas e equipadas, Ältere Menschen, no seu estudo
intitulado A new culture of ageing, avança com um conjunto de
considerações que são, em seguida, parcialmente, apontadas e minimamente
comentadas. [3] (negrito nosso)
Podemos iniciar estas considerações com uma nota sobre a
total ligação entre novos modelos residenciais para idosos e uma “nova cultura
para o envelhecimento”.
As ideias associadas a um envelhecimento humano ligado a
uma perspetiva essencialmente assistencial e dedicada a um grupo social
relativamente minoritário e etariamente bem definido está ultrapassada e, numa
perspetiva idêntica, as pessoas que precisam de cuidados especiais e de
longa duração, que são frequentemente idosos, não podem ser humanamente
reduzidas a uma condição de “doentes”, caraterizados pelos seus problemas de
saúde e não, como devia ser, pela sua identidade; situação esta que faz
salientar a importância de continuarem a habitar sítios agradáveis e
“domésticos”; tal como Ältere Menschen desenvolve no estudo que acabou de ser
referido: (negrito nosso)
It’s worth taking a new look at old age. The
need for care and assistance still dominates our attitude to old age – even
though this is often well-intentioned. An interpretation of old age that
sees it solely as a time in life when we need special attention and protection
does not do justice to the diversity of old age. To the caring aspect of
old age must be added a perspective oriented towards the strengths of older
people and the options open to them. (pg. 13)
… In a long life society, the term ‘old age’
is too static and narrow to describe the diversity and dynamics of individual
life situations and developments. In our society, ‘old age’ is still too
strongly bound to the concept of a uniform, clearly defined period in life. The
term ‘old age’ should be replaced by ‘ageing’… the consumer industry should
give greater attention to the development of individual needs over the entire
life course… (i.e. products con-ceived in such a way as to meet the needs of
all age groups) is a sound basis for lifelong brand loyalty. (pg. 15)
Many illnesses are wrongly defined as old age
phenomena. This prevents or complicates opportunities opening up in old age.
Sickness and old age as terms need to be separated from each other, in their
meaning and association… They should acquire the knowledge they need through
training, further training and retraining measures. Health promotion and
disease prevention concepts need to be developed and applied to maintain
physical, mental and social health. Older people must have the same access
to health service provision as younger people. There should be no rationing
of such services based on age considerations.
… Segmentation in health and care provision
services should be surmounted. Health, care and social care services should be
better coordinated. (pg. 15, 16)
… Describing
people in need of support as ‘cases’ for long-term care carries the risk of
these people losing their individual identities. People dependent on support
and care have the right not to have to define themselves in terms of their
disablement and need for support. (pg. 16)
[1] Richard Best, APPG Inquiry Chair; Jeremy Porteus,
APPG Inquiry Secretary - Housing our ageing population: Positive Ideas -
HAPPI 3 Making Retirement Living A Positive Choice. All party parliamentary
group on housing and care for older people, Housing Learning and Improvement
Network, The APPG on Housing and Care for Older People. HAPPI 3 inquiry is
supported by Housing & Care 21. National Government. www.housinglin.org.uk/HAPPI3
[2] Lord Richard Best
OBE [ presidente do Painel ]; AAVV [mais 12 membros do Painel abaixo
apontados] - Housing our Ageing Population: Panel for Innovation
(HAPPI) – Final Report. Homes and Communities Agency, Communities
and Local Government, Department of Health¸Design For Homes, Levitt
Bernstein, Pollard Thomas Edwards. Londres, 2009.
https://www.housinglin.org.uk/_assets/Resources/Housing/Support_materials/Other_reports_and_guidance/Happi_Final_Report.pdf
Lord
Richard Best OBE, chairman of HAPPI, is an authority on social housing in the
UK and a member of the House of Lords.
Roger
Battersby is managing director of PRP architects.
Dr
John Belcher CBE is former chief executive of Anchor Trust.
Vera
Bolter MBE has led a senior citizens health action group since retiring as
chief officer of a community health council.
Antony
Hamilton is a Hanover Housing Association resident with a particular interest
in resident/tenant involvement.
Peter
Maxwell is head of enabling (public buildings) for the Commission for
Architecture and the Built Environment
Sir Richard MacCormac
CBE is chairman of MJP Architects.
Aggie
MacKenzie is a journalist and TV presenter, best known for her role as ‘dirt
detective’ in Channel 4’s How Clean is Your House?
John
Penton MBE is an architect with over 40 years of experience designing settings
which acknowledge disability.
Professor
Anne Power CBE is professor of social policy at the London School of Economics.
Tony
Pidgley is chairman of The Berkeley Group Holdings PLC, a leading urban
regeneration company in the South East.
Judith
Torrington is a reader in architecture at the University of Sheffield. Her
research area is the design of living environments for older people.
Dru
Vesty MBE is a board member of the Homes and Communities Agency.
[3] Ältere Menschen - A new culture of ageing.
Findings and recommendations of the Sixth German Government Report on the
Elderly. 2011.
Bibliografia
BEST, Richard, APPG Inquiry Chair; PORTEUS, Jeremy,
APPG Inquiry Secretary - Housing our ageing population: Positive Ideas -
HAPPI 3 Making Retirement Living A Positive Choice. All party parliamentary
group on housing and care for older people, Housing Learning and Improvement
Network, The APPG on Housing and Care for Older People. HAPPI 3 inquiry is
supported by Housing & Care 21. National Government. www.housinglin.org.uk/HAPPI3
BEST, Lord Richard OBE [ presidente do Painel ]; AAVV [mais 12
membros do Painel abaixo apontados] - Housing our Ageing Population:
Panel for Innovation (HAPPI) – Final Report. Homes and Communities
Agency, Communities and Local Government, Department of Health¸Design For
Homes, Levitt Bernstein, Pollard Thomas Edwards. Londres, 2009.
https://www.housinglin.org.uk/_assets/Resources/Housing/Support_materials/Other_reports_and_guidance/Happi_Final_Report.pdf
Lord Richard Best OBE, chairman of HAPPI, is an
authority on social housing in the UK and a member of the House of Lords.
Roger Battersby is managing director of PRP
architects.
Dr John Belcher CBE is former chief executive of
Anchor Trust.
Vera Bolter MBE has led a senior citizens health
action group since retiring as chief officer of a community health council.
Antony Hamilton is a Hanover Housing Association
resident with a particular interest in resident/tenant involvement.
Peter Maxwell is head of enabling (public
buildings) for the Commission for Architecture and the Built Environment
Sir Richard MacCormac CBE is chairman of MJP Architects.
Aggie MacKenzie is a journalist and TV presenter,
best known for her role as ‘dirt detective’ in Channel 4’s How Clean is Your
House?
John Penton MBE is an architect with over 40 years
of experience designing settings which acknowledge disability.
Professor Anne Power CBE is professor of social
policy at the London School of Economics.
Tony Pidgley is chairman of The Berkeley Group
Holdings PLC, a leading urban regeneration company in the South East.
Judith Torrington is a reader in architecture at
the University of Sheffield. Her research area is the design of living
environments for older people.
Dru Vesty MBE is a board member of the Homes and Communities Agency.
MENSCHEN, Ältere - A new culture of ageing.
Findings and recommendations of the Sixth German Government Report on the
Elderly. 2011.
Notas editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural
responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos
de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos,
gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos
autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias
autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o
referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta
a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários
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editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à
verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da
revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de
eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.
Etiquetas/palavras
chave: habitação, habitação
intergeracional, habitação para idosos, intergeracionalidade, espaços
residenciais, PHAI3C, Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional
Cooperativa a Custos Controlados
Fazer da habitação
para idosos uma escolha apetecível – versão de trabalho e base documental –
Infohabitar # 859
Artigo XXXIV da
série editorial da Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma
Cooperativa a Custo Controlado” “PHAI3C”
Infohabitar, Ano XIX,
n.º 859
Edição: quarta-feira,
17 de maio de 2023
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho, Investigador
Principal do LNEC
abc.infohabitar@gmail.com, abc@lnec.pt
A
Infohabitar é uma Revista do GHabitar Associação Portuguesa para a Promoção da
Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação atualmente com sede na
Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) e
anteriormente com sede no Núcleo de Arquitectura e Urbanismo do LNEC.
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