https://docs.google.com/document/d/1WzJ3LfAmy4a7FRWMw5jFYJ9tjsuR4ll8/edit?usp=sharing&ouid=105588198309185023560&rtpof=true&sd=true
Notas sobre qualidade de vida e qualidade arquitetónica e urbana
na habitação para idosos e intergeracional - versão de trabalho e base bibliográfica # 806
Infohabitar
Infohabitar, Ano XVIII, n.º 806
Edição: quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022
Revisão em 6 de Julho de 2022
Artigo ii da série sobre habitação intergeracional
Caros leitores,
Damos continuidade à Nova série editorial sobre Habitação Intergeracional Adaptável , que avança, exploratoriamente, na matéria da Habitação Intergeracional Adaptável e Cooperativa, na sequência de alguns artigos introdutórios à temática de investigação intitulada Habitação Adaptável Intergeracional – Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C), já aqui editados há algum tempo; mas agora tratando de avançar no tema, numa perspetiva de trabalho de investigação em desenvolvimento – e daí o título do artigo “versão de trabalho e base bibliográfican ” – , mas que dará, espera-s,e para poder divulgar e discutir matérias tão interessantes como urgentes.
Lembra-se, agora especialmente a propósito,
que serão muito bem-vindos os comentários e novas sobre os artigos aqui
editados e propostas de novos artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com , ao meu cuidado).
Enviam-se saudações calorosas a todos e muito especialmente aqueles, que serão muitos, ultimamente afetados pela pandemia; desejam-se rápidas e completas melhoras.
Despeço-me, até à próxima
semana, enviando saudações calorosas e desejos de muita força e saúde para
todos os caros leitores e seus familiares,
Lisboa, em 23 de fevereiro
de 2022
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Notas sobre qualidade de vida e qualidade arquitetónica e urbana
na habitação para idosos e intergeracional - versão de trabalho e base bibliográfica # 806
Infohabitar
texto geral e fotografia de António Baptista
Coelho, a propósito das ideias, textos e opiniões dos numerosos autores que são
registados ao longo do texto
Notas introdutórias ao novo conjunto de artigos
sobre habitação integeracional
O presente artigo é o segundo de uma série dedicada a uma reflexão
temática exploratória, que integra a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada
à preparação e estruturação de um amplo processo de investigação teórico-prático,
intitulado Programa de Habitação Aadaptável Intergeracional Cooperativa a
Custos Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser desenvolvido,
pelo autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do Laboratório Nacional
de Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de Investigação e Inovação
(P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas nestes artigos são,
apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor do PHAI3C e os numerosos
autores citados no texto.
Neste sentido salienta-se o papel visado para o presente artigo e para os
próximos, no sentido de se proporcionar uma divulgação que
possa resultar numa desejável e construtiva discussão alargada sobre estas muito
urgentes e exigentes matérias da habitação mais adequada para idosos e pessoas
fragilizadas.
Sublinha-se, assim, que os aspetos mais relevantes da reflexão que consta deste artigo, depois de
devidamente trabalhados, ponderados, sintetizados, revistos, discutidos e
melhorados, parcialmente integrados num documento-base de enquadramento do
referido PHAI 3C; salienta-se, assim, o papel de apoio a uma discussão
estratégica e tematicamente focada, que se pretende seja cumprido por este e
outros artigos da mesma série que se espera poder editar na Infohabitar ao longo
de 2022.
Nesta perspetiva e tendo-se em conta a fase
preliminar e de trabalho da referida investigação, salienta-se que a forma e a
extensão do texto que é apresentado no artigo reflete uma assumida apresentação
comentada, minimamente estruturada, de opiniões e resultados de múltiplas
pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua perspetiva temática focada e
por corresponderem a estudos razoavelmente recentes; forma esta que fica
patente no significativo número de citações – salientadas em itálico –, algumas
delas longas e incluídas na língua original.
Julga-se que não se poderia atuar de forma
diversa quando se pretende, como é o caso, chegar, cuidadosamente, a resultados
teórico-práticos funcionais e aplicáveis na prática, e não apenas a uma reflexão
pessoal sobre uma matéria bem complexa como é a habitação intergeracional adaptável
desenvolvida por uma cooperativa a custos controlados e em parte dedicada a
pessoas fragilizadas.
O referido perfil formal do texto de síntese
e de reflexão temática, realizada, frequentemente, a partir de numerosas
opiniões de outros autores, que se segue, reflete, também, naturalmente, o meu
perfil como investigador: muito dedicado à qualidade residencial em geral e à
qualidade da Habitação de Interesse Social, portanto a uma matéria que engloba
a matéria específica agora mais aprofundada da habitação interegeracional, mas
que neste caso tem de se concentrar numa temática bastante particular e
especificamente muito exigente e que ainda pouco domino em termos específicos,
ficando, portanto, em princípio, um maior desenvolvimento de considerações pessoais
e propositivas para fases mais avançadas e sedimentadas do respetivo estudo;
fases estas que merecerão, também, uma adequada ilustração (condição esta que,
por falta de tempo, teve de ser deixada, agora, para uma fase posterior) .
Nota introdutória à temática do Programa de
Habitação Adaptável Intergeracional – Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C)
Considerando-se o atual quadro demográfico e habitacional muito crítico,
no que se refere ao crescimento do número das pessoas idosas e muito idosas, a
viverem sozinhas e com frequentes necessidades de apoio, a actual
diversificação dos modos de vida e dos desejos habitacionais, e a
quase-ausência de oferta habitacional e urbana adequada a tais necessidades e
desejos, foi ponderada o que se julga ser a oportunidade do estudo e da
caracterização de um Programa de Habitação Adaptável Intergeracional (PHAI),
adequado a tais necessidades e a uma proposta residencial naturalmente convivial,
eficazmente gerida e participada e financeiramente sustentável, resultando
daqui a proposta de uma Cooperativa a Custos Controlados (3C).
O PHAI3C visa o estudo e a proposta de soluções urbanas e residenciais
vocacionadas para a convivência intergeracional, adaptáveis a diversos modos de
vida, adequadas para pessoas com eventuais fragilidade físicas e mentais, mas
sem qualquer tipo de estigma institucional e de idadismo, funcionalmente mistas
e com presença urbana estimulante. O PHAI3C irá procurar identificar e
caracterizar tipos de soluções adequadas e sensíveis a uma integração
habitacional e intergeracional dos mais frágeis num quadro urbano claramente
positivo e em soluções edificadas que possam dar resposta, também, a outras
novas e urgentes necessidades habitacionais (ex., jovens e pessoas sós), num
quadro residencial marcado por uma gestão participada e eficaz, pela
convivialidade espontânea e social e financeiramente sustentável.
Trata-se, tal como se aponta no título do artigo, de uma “versão de
trabalho base bibliográfica ” e, portanto, um artigo cujos conteúdos serão, ainda, substancialmente
revistos até se atingir uma versão estabilizada da temática referida no título;
no entanto, em virtude da metodologia usada, que se considera bastante sólida,
marcada pelo recurso a abundantes referências de fontes, devidamente apontadas
e sistematicamente comentadas no sentido da respetiva aplicação ao PHAI3C, e
tendo-se em conta a utilidade de se poder colocar à discussão os muitos aspetos
registados no sentido da sua possível aplicação prática no PHAI3C,
considerou-se ser interessante a divulgação desta temática/problemática nesta
fase de “versão de trabalho”, que, no entanto, foi já razoavelmente clarificada
– como exemplo do posterior tratamento para passagem a uma versão mais estável
teremos, provavelmente, referências bibliográficas mais reduzidas e boa parte
delas em português, assim como comentários mais desenvolvidos; mas mesmo este
desenvolvimento irá sendo influenciado pelo(s) caminho(s) concreto(s) tomado(s)
pelos diversos temas e artigos que integram, desde já, a estrutura pensada para
o designado documento-base do PHAI3C, que surgirá, em boa parte, da ligação
razoavelmente sequencial entre os diversos temas abordados em variados artigos.
Ainda um outro aspeto que se sublinha marcar, desde o início, o teor do
referido documento-base do PHAI3C (a partir do qual serão gerados vários
documentos específicos: mais de enquadramento e mais práticos) é o sentido
teórico-prático que privilegia uma abordagem mais integrada e exemplificada da
temática global da habitação intergeracional adaptável e cooperativa,
apontando-se exemplos e ideias concretas logo desde as partes mais de
enquadramento da abordagem da temática.
Como estrutura muito provável para
a temática global da habitação intergeracional adaptável e cooperativa
apontam-se, desde já, as seguintes oito matérias principais: introdução geral e
enquadramento do documento no PHAI3C; (i) qualidade de vida e qualidade
residencial (onde se integra o presente artigo); (ii) idosos, cidade e
sociedade; (iii) habitar a vizinhança em intergeracionalidade; (iv) modos de
habitar e intergeracionalidade; (v) intergeracionalidade e usos mistos; (vi)
tipologias habitacionais específicas para séniores e pequenos agregados familiares;
(vii) casos de referência e notas práticas; (viii) notas sobre a conceção arquitetónica
específica para idosos e fragilizados; comentários conclusivos e de trabalho
futuro.
Finalmente, solicita-se a compreensão dos leitores para lapsos e problemas de edição que, sem dúvida, acontecem no texto que se segue, mas a opção era prolongar, excessivamente, o período de elaboração de um texto que, afinal, se pretende seja essencialmente prático; as próximas edições serão complementarmente revistas e melhoradas.
Regista-se, também, que foram, pontualmente, retiradas, em alguns dos textos citados as numerações relativas a notas bibliográficas específicas desses textos.
Notas sobre qualidade de vida e qualidade arquitetónica e urbana na habitação para idosos e intergeracional - versão de trabalho e base bibliográfica # 806 Infohabitar
Considerando-se a significativa extensão do artigo e visando-se a sua consulta mais prática,
regista-se, em seguida, o seu índice temático:
Nota introdutória
1. A importância crucial de um devido enquadramento da
melhoria arquitetónica qualitativa do novo habitar
(i) Uma melhor arquitetura
habitacional proporciona mais satisfação e maior valorização residencial
(ii) A investigação prova
que a habitação com qualidade tem muitos benefícios
(iii) A melhoria dos
standards espaciais da habitação tem várias vantagens
(iv) A importância da
aplicação de um conceito do tipo « construir para a vida »
(v) Os 20 critérios
associados ao conceito « construir para a vida » (“Building for Life”)
2. Qualidade residencial e arquitectónica, uma síntese
entre conforto, desejo e normas
(i) Desenvolver o conceito
de habitação/habitar como sítio caraterizadamente caloroso e seguro
(ii) Desenvolver uma
estimulante mixagem funcional, tipológica e social das intervenções
(iii) Aprofundar os
aspetos de agradabilidade residencial , e especificamente da iluminação natural
e da comunicabilidade exterior
(iv) Construir,
sistematicamente, condições de expressiva « habitabilidade » ao longo
dos diversos espaços domésticos
(v) Considerações gerais
sobre estas matérias de conceção doméstica específica aplicadas ao PHAI3C
3. Desenvolver uma urbanidade local claramente positiva
(i) Criação de sítios
urbanos com sucesso
(ii) Influência das novas
agendas urbanas
4. Criação de comunidades residenciais e urbanas
socialmente bem integradas e caraterizadas
(i) Defesa de comunidades
socialmente diversificadas e integradas (a propósito do programa “ Decent
Home”)
(ii) Comunidades
residenciais seniores e “temáticas”
5. Inovação arquitetónica e tipológica e qualidade vida
residencial para variadas necessidades e desejos residenciais
(i) Sobre o urgente e
específico aprofundamento da importância da qualidade arquitetónica para a
satisfação residencial e urbana
(ii) Estudo sobre
tipologias e soluções de pormenor habitacionais inovadoras e potencialmente
aplicáveis em edifícios funcionalmente mistos e intergeracionais
(iii) Habitat
intergeracional: exemplos de várias propostas práticas que vão até ao
multifamiliar densificado e equipado
6. Aspetos de bem-estar e saúde associados ao projeto de
habitação para pessoas fragilizadas
(i) Aspetos a ter em conta
na conceção arquitetónica residencial para habitantes fragilizados
(ii) Aspetos a ter em
conta na promoção da qualidade de vida na perspetiva do idoso e dos cuidadores
e visitantes
(iii) Aspetos globais a
salientar na conceção arquitetónica futura e específica para idosos e pessoas
fragilizadas
Breves notas de remate
Notas sobre qualidade de vida e qualidade arquitetónica e urbana na habitação para idosos e intergeracional - versão de trabalho e base bibliográfica # 806 Infohabitar
Resumo
Em primeiro lugar aborda-se a importância crucial de um devido
enquadramento da melhoria arquitetónica qualitativa do novo habitar, prosseguindo-se
para a discussão da relação entre qualidade residencial e arquitectónica, numa síntese
entre sentido de conforto, desejos de habitar e aplicação de normas e
regulamentos habitacionais e nunca perdendo de vista a aplicação destas
temáticas à habitação intergeracional adaptável e participada.
Em seguida desenvolve-se a importância da criação de sítios urbanos
vitalizados e vitalizadores e de comunidades socialmente diversificadas e
integradas, quando se visam programas habitacionais desse tipo, sendo
sequencialmente abordado o papel da inovação arquitetónica e tipológica ligada
ao desenvolvimento da referida qualidade vida residencial ao serviço de variadas
necessidades e desejos residenciais.
Na parte final do artigo faz-se um aprofundamento da noção de uma qualidade
arquitetónica ampla, associada ao bem-estar e à saúde de intervenções
habitacionais que integram pessoas fragilizadas.
Nota introdutória
As presentes notas de investigação focam-se no enquadramento da
problemática de uma qualidade de vida bem apoiada por uma expressiva qualidade
arquitetónica e urbana aplicada em soluções residenciais intergeracionais, que
tenham em conta, especialmente, os para idosos e as pessoas fragilizadas e que respeitem,
sempre, uma essencial perspetiva de total integração social, urbana e
edificada, na vizinhança e na cidade.
1. A importância crucial de um devido enquadramento da
melhoria arquitetónica qualitativa do novo habitar
Aborda-se, em seguida, a importância crucial de se assegurar um devido
enquadramento da melhoria arquitetónica qualitativa do novo habitar,
considerando-se um amplo conjunto de aspetos da referida qualidade
arquitetónica e de uma “nova” qualidade residencial muito direcionada para uma perspetiva
de habitação adaptável ao longo da vida do respetivo habitante, servindo-o bem
em cada fase de vida e servindo, depois, também, adequadamente outros
habitantes e outras histórias de vida.
Nos incontornáveis estudos desenvolvidos pela Commission for
Architecture and the Built Environment (CABE), que muito se recomendam, e
no sentido específico do PHAI3C importa ter em conta, designadamente, os
aspetos que se apliquem em termos gerais à promoção habitacional e em termos
específicos às habitações tipologicamente mais pequenas (ex., T0 a “T2,5”).
Neste sentido salientam-se, citam-se e comentam-se, em seguida, pontualmente, alguns tópicos e aspetos salientados e desenvolvidos no documento da CABE, intitulado Improving the quality of new housing, aqui registado e citado: (1) (negrito e sublinhado nossos)
(i) Uma
melhor arquitetura habitacional proporciona mais satisfação e maior valorização
residencial
CABE research
on the value of a sensitive approach to the design and layout of
development showed that, in all types of development, good urban design:
adds economic, social and environmental value and does not necessarily cost
more or take longer to deliver; delivers high investment returns for
developers and investors by meeting a clear occupier demand that also helps to
attract investors; enhances workforce performance and satisfaction and
increases occupier prestige; delivers economic benefits by opening up new
investment opportunities and delivering more successful regeneration; helps to
deliver places accessible to and enjoyed by all; benefits all stakeholders –
investors, developers, designers, occupiers, public authorities and everyday
users of developments. (pg. 1)
Importa comentar que é, no mínimo, impressionante, o conjunto de vantagens
residenciais e pessoais que podem ser proporcionadas por uma arquitetura
residencial e urbana bem qualificada (a sensitive approach to the design and
layout); sendo que se tratamos de intervenções mais complexas, como as
associadas à habitação intergeracional, que integra espaços comuns
significativos e serviços e equipamentos de uso comum e coletivo (local), então
a diferença entre soluções arquitetónicas bem ou menos bem qualificadas poderá
mesmo ser um elemento vital no êxito da intervenção.
(ii) A
investigação prova que a habitação com qualidade tem muitos benefícios
Sobre esta
matéria referem-se alguns aspetos textos citados do mesmo estudo da CABE sobre os benefícios de uma habitação
com qualidade: (pg. 2)
. It can
improve the social well-being and quality of life and people’s
sense of pride in their neighbourhood, or a community’s willingness to accept
new development.
. It can bring
public health benefits. Research
shows the costs to society of poor housing may be greater than £1.5 billion per
annum and explores the links between housing quality, better welfare and
reduced costs to society.
. It increases
property values. Case studies
show that exemplar schemes can achieve higher residual values than conventional
schemes, whereas poor design can reduce future sales values.
. It reduces
crime. Research shows that residential developments
designed to Secured by Design standards showed lower reported crime rates and
less fear of crime than those without.
. It eases
transport problems and slows traffic down. The Manual
for Streets shows how concepts such as home zones can help streets become
social spaces rather than transport corridors that give priority to the car.
. It rewards
developers. The additional
residual value for the developers of a well-designed housing scheme has been
estimated at almost £11 million per scheme, realised over the five years from
first completion of the scheme.
Embora a investigação tenha provado, inúmeras vezes, que
a habitação com qualidade tem muitos benefícios – do bem-estar e da saúde dos
habitantes, ao maior sentido de segurança e de centralidade urbana e mesmo à
eficácia da promoção – e sublinhando-se que
tais qualidades devem ser muito especialmente reforçadas quando lidamos com
habitantes fragilizados, uma tal condição parece ser ainda muito pouco
interiorizada por todos.
(iii) A melhoria dos standards espaciais da
habitação tem várias vantagens
Sobre o assunto das múltiplas vantagens associadas a uma sensível melhoria dos standards espaciais habitacionais registam-se algumas conclusões também incluídas no estudo da CABE que está a ser citado: (pg. 3)
. Improved
health and wellbeing from living in a well-designed home that provides
sufficient space to function well and support privacy and social activity.
. Family
life and the opportunity for children to study in private and therefore achieve
more, and therefore increase educational attainment and the opportunity to
work from home more.
. The
flexibility of space within the home and adaptability to changing needs.
. The ability to respond to occupants’ changing physical requirements over
their lifetimes.
. The
benefits to society from reduced overcrowding, which can result in
anti-social behaviour.
. It
contributes to a more stable housing market underpinned by an understanding of
long-term need and the usability of homes, rather than short-term
investment.
The CABE
report, « A sense of place » published in 2007, included an analysis
of residents’ perceptions of important factors from a new housing development
showing that the type and size of home is almost equal in importance to the
location ... While the number of rooms in a house is a relatively
important consideration for people, the size of rooms is significantly more
important. (pp. 4-5)
A melhoria dos standards espaciais da habitação, ou, por outras palavras,
da sua espaciosidade ou desafogo dimensional, tem múltiplas vantagens, seja
para um uso por todos os níveis etários e facetas ou modos de habitar, seja
pela respetiva conjugação intergeracional, seja, especificamente, pelo uso por
pessoas fragilizadas em termos de mobilidade e perceção; as matérias associadas
a esta conclusão ligam-se a aspetos de multifuncionalidade, distância
inter-pessoal, adaptabilidade dos espaços, capacidade de apropriação e de
conversão espacial e ambiental, e harmonização entre adequadas condições de
privacidade e de socialização.
E complementa-se esta reflexão, apontando-se que se os “complementos”
espaciais e dimensionais forem muito positiva e parcimoniosamente aplicados em
zonas com poucas instalações e equipamentos (cozinha e casa de banho), sendo associados a uma forte racionalização
destas últimas zonas, então não acontecerá um incremento de custos
significativo, sendo o incremento de satisfação e de utilidade doméstica e
social muito significativo, com destaque para quando é aplicado a habitantes
fragilizados.
Usando-se aqui o interessante conceito de "construir para a vida" (Building for Life) presente no documento da CABE que está a ser citado e comentado, importa reter os seguintes aspetos:
(iv) A importância da aplicação de um conceito do tipo « construir para a vida »
- Building for
Life is the national standard for well-designed homes and neighbourhoods,
promoting design excellence and celebrating best practice in the housebuilding
industry. Building for
Life assessments score the design quality of planned or completed housing
developments against the 20 Building for Life criteria (pg. 6)
-… It concluded
that occupants of housing built since 2002 have varying degrees of satisfaction
with the design and layout of their homes, but would prefer to have rooms
that can be used for multiple purposes. The research highlighted a
preference for: (pg. 8)
. more space
for accommodating furniture and storage cupboards ;
. more space
for circulation and movement of furniture ;
. more space in
the kitchen for food preparation and for supervision of children at play by
adults ;
. adequate
space for waste bins and efficient waste removal.
- These studies
suggest that while, initial levels of satisfaction with their purchase of a new
home remain high, the longer term expectations for space and adaptability
may not be met. Housing needs to be more durable and flexible so that people
have the opportunity to adapt internal spaces to their own needs.
Numa perspetiva de um desenvolvimento residencial resiliente, no sentido de
poder servir o habitante ao longo das mutações de necessidades e de gostos que
marcarão variadas fases do seu ciclo de vida, importa ter em conta o conceito
de « construir para a vida » (“Building
for life” no referido documento da CABE); uma ideia que servirá também a
essencial utilidade geracional da habitação e que será útil tanto na nova
habitação, como na reabilitação, como ainda na programação específica de
habitações para pessoas idosas, sendo que neste caso o enfoque será mais direto
em condições de melhoria do uso da habitação em segurança e de eventual
introdução de elementos de apoio específico à movimentação, aos usos domésticos
e a eventuais cuidados pessoais mais específicos.
E pode ser muito interessante e útil explorar os caminhos de maior
satisfação residencial e doméstica, acima apontados, sublinhando-se o que parece
poder ser aplicação direta de todos estes aspetos a uma habitação dirigida para
os seniores – caraterizados por maiores exigências em termos de movimentação e
usos domésticos, em termos de existência de mobiliário e elementos de
apropriação, com mais tempo livre para se dedicarem, por exemplo, à preparação
de refeições e com uma vivência da habitação tendencialmente versátil na
acomodação de diversos usos (ex., dormida eventual de familiar, zonas e
equipamentos para passatempos, etc.).
(v) Os 20
critérios associados ao conceito « construir para a vida »
Tendo-se em conta os comentários e as reflexões realizados no item anterior
considerou-se oportuno incluir, em seguida, o apontamento sintético dos 20
critérios específicos que estão atualmente associados ao conceito, referido pela CABE, e intitulado « construir para a vida » - Building for
Life - , sendo muito interessante
sublinhar o que é a aplicação direta de todos estes aspetos a uma habitação multigeracional,
mas cuidadosamente dirigida para uma adequada satisfação dos mais idosos, tal como se aponta no referido documento e aqui se cita, em seguida: (pg. 16)
1.
Does the
development provide (or is it close to) community facilities, such as a school,
parks, play areas, shops, pubs?
2.
Is there an
accommodation mix that reflects the needs and aspirations of the local
community?
3.
Is there a
tenure mix that reflects the needs of the local community?
4.
Does the
development have easy access to public transport?
5.
Does the
development have any features that reduce its environmental impact?
6.
Is the design specific
to the scheme?
7.
Does the scheme
exploit existing buildings, landscape or topography?
8.
Does the scheme
feel like a place with a distinctive character?
9.
Are streets
defined by well structured building layout?
10.
Does the
building layout take priority over the roads and car-parking, so that the
highways do not dominate?
11.
Is the car
parking well integrated and situated so as to support the street scene?
12.
Are the streets
pedestrian, cycle and vehicle friendly?
13.
Does the scheme
integrate with existing roads, paths and surrounding development?
14.
Are public
spaces and pedestrian routes overlooked and do they feel safe?
15.
Is public space
well designed and does it have suitable management arrangements in place?
16.
Do buildings
exhibit architectural quality?
17.
Do internal
spaces and layout allow for adaptation,
18.
conversion or
extension?
19.
Has the scheme
made use of advances in construction or technology that enhance its
performance, quality, and attractiveness?
20.
Do buildings or
spaces outperform statutory minima, such as building regulations?
(Total
Building for Life Score required to meet national planning policy 17/20)
Na listagem, que acabou de ser citada, dos 20 critérios específicos que
estão atualmente associados ao conceito, apontado pela CABE, e intitulado
« construir para a vida » (Building for Life), sublinharam-se
os aspetos considerados muito harmonizados com os espaços de residência não
específicas mas adequadas para pessoas fragilizadas e considera-se que a
aplicação de uma análise deste tipo às intervenções do PHAI3C é essencial no
sentido de se procurar que o Programa seja, apenas, desenvolvido através de
soluções de arquitetura urbana muito qualificadas; pois trata-se de um
programa com elevada complexidade e objetivos ambiciosos em termos da qualidade
de vida e das necessidades funcionais e formais que nele são visadas.
Não substituindo o revisitar, metodicamente estruturado, dos aspetos que
acabaram de ser apontados tendo-se em conta, especificamente, conjuntos
residenciais que visem seniores em quadros intergeracionais, importa sublinhar,
desde já, que se todos estes aspetos são importantes para residentes no pleno
uso das suas faculdades fícicas, mentais e de perceção, então serão
verdadeiramente cruciais para os seniores e nestes para aqueles mais
fragilizados.
2. Qualidade residencial e arquitectónica, uma síntese entre conforto, desejo e normas
A qualidade
residencial e arquitectónica a aplicar numa promoção habitacional devidamente
qualificada deve fazer uma síntese entre conforto, desejo e normas aplicáveis,
visando-se o aprofundamento de aspetos, muitas vezes apontados como subjetivos
e consequentemente, muitas vezes, invalidados, mas que, provavelmente, são realmente muito objetivos
em termos de uma verdadeira satisfação residencial, sendo, frequentemente, tanto
ou mais importantes do que os ligados à conhecida e frequente predominância dos
aspetos quantitativos ligados às áreas habitacionais.
Tais condições
e tais contextos qualitativos residenciais são tanto mais críticos quanto maior
for a complexidade dos grupos socioculturais e etários servidos e quanto maior
for a diversidade desses grupos em presença num mesmo conjunto residencial;
situação esta, naturalmente, bem marcante em soluções de habitação
intergeracional e incluindo, especificamente, idosos e pessoas fragilizadas.
Visando a urgente e gradual identificação desses aspetos tão sensíveis como vitais na qualidade residencial, e usando e citando elementos retirados do importante estudo de Monique Eleb e Philippe Simon, intitulado "Entre confort, désir et normes: le logement contemporain " (abaixo registado), salientam-se as matérias que são, em seguida, apontadas e que se referem, designadamente :
. ao desenho
geral e à pormenorização calorosa, afetiva e protetora dos espaços domésticos;
. ao máximo
aproveitamento das relações de comunicabilidade de usos e visual entre interior
e exterior;
. ao
desenvolvimento de uma rica e ampla mixagem tipológica, funcional e mesmo
espacial, marcando desde a vizinhança à habitação;
. e à
sistemática e cuidadosa estruturação de microespaços e de microfunções
domésticas bem disseminadas por toda a habitação, proporcionando inúmeras e
mutantes combinações entre aspetos de espaciosidade, apropriação e conforto.
A partir de um excelente
estudo geral sobre o habitar contemporâneo, realizado por Monique-Eleb e
Philippe Simon, e, aliás, intitulado ”Entre confort, désir
et normes : le logement contemporain” – designação que se usou na construção do título deste item –, apuram-se, em seguida, no
sentido específico do PHAI3C, em primeiro lugar, aspetos globais de
enquadramento e, depois, alguns aspetos/temas destacados que justificam
abordagens específicas e/ou pormenorizadas. (2)
E aliás e como referência paralela a esta reflexão , sublinha-se o interesse da consulta a toda a obra de Monique-Eleb, devido à forma ampla e fundamentada, mas também prática, com que aborda as temáticas do habitar, que ficam assim muito aplicáveis à habitação intergeracional.
(i) Desenvolver
o conceito de habitação/habitar como sítio caraterizadamente caloroso e seguro (“securizador”)
Sobre estes assuntos salientam-se algumas conclusões do
último documento referido: (pg. 32)
. Pour certains
un logement confortable est, d’abord, bien équipé, pour d’autres l’ambiance
chaleureuse créée est première et toutes les nuances entre ces deux positions
se rencontrent. De nombreuses réponses permettent d’esquisser une définition
plus précise du confort quotidien puisque le logement apparaît ici comme un
lieu de convivialité, de détente et de repos et celui où l’intimité de la
famille est préservée... Il y a encore quelques années, la possession des
équipements (de la salle de bains à la cuisine, équipées) aurait tenu une place
plus importante. Aujourd’hui alors que la plupart des Français vivent dans
des lieux confortables matériellement, c’est le confort affectif ou moral
procuré par la maison qui est mis en avant.
. … la sécurité
… un lieu où l’on se sent protégé… c’est la première qualité matérielle d’un
logement, avant l’isolation et l’éclairement. Ils sont donc nombreux à attendre
des innovations sur le terrain de la “ sécurité des habitants et des biens ”…(pg. 32)
O privilegiar o espaço habitacional privado como sítio de
adequado conforto quotidiano, espaço de convivialidade e de descontração e
repouso e local protetor da intimidade e identidade do agregado familiar e
eventualmente do habitante que vive sozinho refere-se a um novelo de aspetos
muito amigos da caraterização de uma unidade residencial do PHAI3C; uma
caraterização em que a atenção ao pormenor, a criação de agradáveis microzonas e
a qualidade da arquitetura interior prevalece sobre a simples espaciosidade
« bruta » da habitação.
É também aqui
interessante a questão da segurança própria e mesmo dos bens:
- a primeira
que deverá ter respostas específicas em termos de controlos de acesso, soluções
de evacuação de emergência e de segurança contra incêndios, dispositivos de
comunicação e mesmo estrutura social da intervenção;
- e a
segunda, referida a uma adequada consolidação de móveis e outros bens,
que pode implicar uma capacidade de arrumação e de “decoração” das unidades
PHAI3C extremamente desenvolvida e cuidada, isto no sentido de ser
proporcionada de um modo camuflado de maneira a continuar a proporcionar um
estimulante e funcional espaço global fluído e desafogado, óptimo para ser
usado mesmo havendo condicionalismos na movimentação e na perceção.
E naturalmente
que este sentido de uma “segurança confortável”, naturalmente evidente, mas não
intrusiva, exige um apurado tratamento arquitetónico.
(ii) Desenvolver uma estimulante mixagem funcional,
tipológica e social das intervenções
No sentido mais
amplo de uma mistura urbana considera-se que as intervenções do PHAI3C deveriam
estar tendencialmente presentes em “todos os sítios” adequadamente urbanos ;
e, neste sentido, regista-se uma opinião constante do último documento referido, desenvolvido por Monique-Eleb e Philippe Simon: (pg.
68)
La mixité
devient ainsi un thème urbain global, avec ses superpositions de mixité
typologique et programmatique. La multiplication des macro-lots dans nombre
d’opérations urbaines est symptomatique de cette tendance... « La mixité
s’opère dans la programmation…Le logement social doit être minoritaire dans un
quartier mais présent partout » affirme Patrick Descadilles directeur
général de l’O.P.H. de Nancy.
A
intergeracionalidade que está na base do PHAI3C é fator de evidente mixagem
etária, funcional, tipológica e social, que, sendo devidamente enquadrada, será
sempre estimulante e positiva.
(iii) Aprofundar os aspetos de agradabilidade
residencial , e especificamente da iluminação natural e da comunicabilidade
exterior
Considerando-se
o PHAI3C, a noção da clara e múltipla importância dos vãos exteriores tem
grande importância pois o papel de um expressivo conforto ambiental interior
na habitação e, paralela e harmonizadamente, o papel de uma expressiva
comunicabilidade entre interior e exterior, privilegiando-se vistas
específicas e mais desejadas, como as naturais e sossegadas e as de animação
urbana, podem atuar um pouco como “compensação” no que se refere ao uso do
interior habitacional, por conforto, relações visuais e mesmo de extensão sobre
o exterior privado, relativamente a uma eventual compactação habitacional
voluntária (downsizing) – referida, desejavelmente, a uma habitação com
poucos compartimentos embora espacialmente desafogados.
Numa significativa aliança com os cuidados apontados e
tendo-se em conta um programa habitacional que não deve reger-se por áreas
mínimas, mas que tem de ser extremamente judicioso na atribuição das áreas
disponíveis, a disponibilização de adequados « lugares-janela » é um
trunfo precioso, tanto pelo seu papel protagonista no próprio desenho do
projeto, podendo proporcionar excelentes resultados com expressiva economia de
custos, como pela sua relação direta com os essenciais aspetos de conforto
ambiental e, ainda, com usos frequentes e intensos por muitos dos habitantes de
uma solução integrada no PHAI3C – ex. poder estar « à janela », mas
no conforto e segurança da sua habitação.
Sobre estas matérias que se pensa serem estratégicas na organização e pormenorização de habitações compactas, salientam-se algumas conclusões do último documento referido, desenvolvido por Monique-Eleb e Philippe Simon:
. Le bon
éclairage naturel d’un logement, avec une double ou triple orientation, est
l’un des éléments princeps dans le choix d’un logement aujourd’hui : « Le
besoin de lumière fait l’objet d’un intérêt croissant et devient un critère de
valeur dans le choix d’un lieu de vie (annonces immobilières). La maison
idéale pour les consommateurs est une maison claire, lumineuse et près de la
nature (enquête IPSOS, Lab‘ du bien-être VELUX, Observatoire du Cetelem
2004, 2005) » résume le sociologue de la famille François de Singly, en
indiquant ses sources ... La recherche d’une bonne qualité d’éclairement pour
toutes les pièces, y compris la salle de bains, est aussi une constante chez
certains architectes. (…) L’intelligence d’un projet tient alors à la
manière dont il se joue des contradictions ; comment une mauvaise orientation
devient le support d’un point de vue, comment les logements trouvent des
orientations multiples… (pg 110)
… la fenêtre intègre d’autres rôles qui lui
donnent sa qualité : traiter l’acoustique, permettre des variations dans la
ventilation des pièces et préserver l’intimité des occupants. Objet de
plus en plus technique et sophistiqué, la fenêtre n’en demeure pas moins un
élément d’expression architecturale. Elle est donc redevenue un élément
central de l’écriture ou de l’esthétique architecturale… (pp. 118-120)
As questões de luz natural, insolação, ventilação
natural, isolamento térmico e acústico, vistas sobre o exterior, proteção da
privacidade, facilidade de uso, e segurança no uso e contra riscos de intrusão
e incêndio, assim como os respetivos aspetos de custo, são aspetos todos eles
especificamente associáveis a uma habitação que, eventual mas frequentemente,
poderá ser habitada por pessoas fragilizadas (e podemos fazer um exercício
« ponto por ponto » da especificidade dessas questões quando
relacionadas com pessoas fragilizadas), são aspetos que confluem, assim, na
janela, que parace tornar-se, assim, um dos elementos protagonistas das
intervenções do PHAI3C.
(iv)
Construir, sistematicamente, condições de expressiva « habitabilidade »
ao longo dos diversos espaços domésticos
Apontam-se e comentam-se, em seguida, caso a caso, aspetos ligados ao
desenvolvimento de uma expressiva qualidade de « habitabilidade » ou mesmo
de « domesticidade » ao longo dos diversos espaços domésticos, a
partir de aspetos concretos sublinhados no último documento referido.
Mas importa sublinhar, desde já, que é um aliciante
desafio poder proceder deste modo, desenvolvendo-se uma habitabilidade
concentrada e especialmente expressiva, apropriável e dignamente atraente ao
longo das diversas zonas e dos desejáveis muitos microespaços das habitações
que integram intervenções intergeracionais e adaptáveis do PHAI3C,
proporcionando-se um pequeno mundo doméstico tão extremamente envolvente e
estimulante que a sua provável reduzida « dimensão » tipológica possa
ser facilmente esquecida pelos respetivos habitantes.
E passamos então às ricas indicações constantes do já
citado excelente estudo geral sobre o habitar contemporâneo, que
muito se recomenda, realizado por Monique-Eleb e Philippe Simon, e intitulado ”Entre confort, désir
et normes : le logement contemporain” (2); e tal como já é hábito
no presente trabalho, nos parágrafos seguintes, referem-se, sistematicamente,
primeiro, notas específicas ao estudo citado (referidas às respetivas páginas)
e comentam-se depois cada um desses aspetos no sentido específico do PHAI3C.
A zona de entrada
Quando existe uma zona de entrada específica, esta tem de
ser espaçosa para permitir acesso em cadeira de rodas e manobra da fechadura,
sendo uma solução alternativa a integração da entrada noutro espaço doméstico,
desde que o acesso não se faça diretamente ao exterior. (pg. 121)
E salienta-se também a importância de uma zona de entrada
específica (i) seja no sentido de um incremento de privacidade doméstica, que
pode ser « vital » quando estamos em presença de habitações
desenvolvidas essencialmente em um ou dois grandes espaços, como poderá ser o
caso de algumas unidades habitacionais do PHAI3C, (ii) seja no sentido do apoio
concreto à apropriação e à identidade doméstica específicas, por exemplo,
através da instalação de um « móvel de família ».
A cozinha
. Soulignons
qu’en un siècle la cuisine a migré du fond de l’appartement à la façade et
est passée d’espace de service à pièce principale. (pg. 124-125) … Elle
est décrite comme l’une des pièces les plus chaleureuses, pivot du chez-soi ….
Par conséquent, le séjour n’est plus l’unique pièce de réception. (pg
128)
A cozinha como zona de estar e usar está a afirmar-se,
substituindo, na prática, a sala de jantar e assumindo importantes funções de
receção e convívio, condição esta que assumirá especial importância em
habitações que, como no caso do PHAI3C, tenderão a ter um desenvolvimento
tipológico reduzido e, muito provavelmente, uma tendencial maior integração
entre zona de cozinha e zona de estar, ou, em alternativa, um desenvolvimento
do estar numa zona de preparação e toma de refeições, gerando-se uma pequena
« sala de família » ; isto porque sendo a preparação de
refeições uma zona temporalmente bastante ocupável, quando há tempo para isso,
também poderá e deverá ser uma zona tendencialmente convivial.
O estar
. Le séjour,
bien protégé thermiquement et en termes d’intimité, bien éclairé, parfois
prolongé par un espace extérieur, est sans conteste la pièce préférée des
Français selon les enquêtes consultées. (pg.131)… L’habitude, qui semble
réapparaître dans les façons d’organiser le logement en France, est de faire
du séjour un espace distributif (pg. 136)
Uma sala de estar acolhedora e intimista, bem iluminada e ligada a uma zona exterior privada tende a ser o lugar preferido dos habitantes, condição esta que ganha especial relevo nas habitações do PHAI3C, cujos ocupantes tenderão a estar muito tempo em casa e serão tendencialmente mais sensíveis em termos de conforto ambiental e de um relacionamento adequado com o exterior.
A casa de banho
. Les habitants rencontrés au cours de nos enquêtes rêvent souvent d’une grande salle de bain lumineuse avec un coin détente, une baignoire à bulles - malgré le discours environnemental insistant- une douche d’hydrothérapie, un coin pour faire de la gymnastique… mais cela reste le plus souvent du domaine du rêve. La salle de bains est, d’après l’enquête de 2009 de l’IPEA, la moins aimée des pièces de la maison (1,3% la préfèrent)... (pg. 137)
O conceito de « instalação sanitária »
doméstica mínima e funcional está provavelmente desatualizado pois os
habitantes desejam uma « casa de banho » agradável, multifuncional e
apropriável.
Importará ainda ter em conta a utilidade desdte espaço
para integração de máquinas de tratamento de roupas, libetrtando-se, assim, a
cozinha e as sua imediações de uma função que nada tem a ver com as refeições.
O quarto «de casal»
Si en effet
c’est la pièce que l’on aménage très vite car acheter un lit est une nécessité,
on la décore en dernier... (pg. 143) … Pour la plupart des urbains, la
chambre est en souffrance à cause de sa surface, le plus souvent 9m2, ou à
peine plus, dans le logement récent. Difficile à meubler, partagée, elle
n'abrite plus que le sommeil et ne permet plus de recevoir ses amis intimes.
Les habitants interviewés au cours de nos recherches rêvent tous d’une pièce en
plus, souvent d’une « chambre à soi » qui mettrait donc en question la chambre
conjugale. (pg.287)
O quarto de casal ou o quarto principal ou mesmo o único quarto das habitações do PHAI3C obriga a uma atenção muito especial, seja em termos de preparação de uma sua expressiva capacidade de apropriação (ex., mobiliário de família, paredes com quadros, cortinas, etc.), que garantirá uma importante sensação de bem-estar, de acolhimento e de « mundo próprio » quando o habitante aí está « recolhido », seja em termos de uma extrema funcionalidade do seu uso tendo-se em vista a eventual e progressiva perda de condições de mobilidade, podendo aqui visar-se a posterior integração de equipamentos de apoio a essa mobilidade e a uma relação privilegiada com a casa de banho, seja, ainda, em termos de uma adequada privacidade que tanto garanta, em simultâneo, o
A arrumação
L’absence ou
l’insuffisance des rangements est, après le bruit dans la maison, une des
plaintes récurrentes des habitants rencontrés. La surprise de l’enquête
Leroy-Merlin, en ce qui concerne les caractéristiques du logement, vient de la
place accordée aux rangements et à la “ facilité d’entretien ” qui sont
aussi importants pour les interviewés que l’isolation et l’éclairement. … Or le charme d’une habitation, le calme et
l’harmonie sont liés à la capacité qu’offre le logement de “ cacher les
embarras ” selon l’expression de Palladio. (pg 144)
Os aspetos ligados à oferta de uma excelente e múltipla capacidade de arrumação (arrumar móveis, apropriar paredes, arrumar objetos específicos usados frequente ou ocasionalmente) e ao apoio optimizado no desempenho das atividades ligadas à « lide da casa » tornam-se muito críticos num pequeno apartamento do PHAI3C – designado como pequeno essencialmente numa perspetiva tipológica associada ao respetivo n.º de quartos.
O compartimento ou « espaço » a mais
. Nous avions déjà remarqué en 1995 que la "pièce en plus", non affectée, qui permet de se livrer à ses hobbies, de ranger ou d'installer un petit salon intime réservé à la famille est le rêve de beaucoup. C'était déjà l'une des idées du projet de G. Roux et P. Soria, lauréats du PAN 2 en 1972, "Collectif à prestations d'individuel", qui proposaient un "espace polyvalent privé de 16m2, …(pg. 145)
O apoio espacial e funcional específico ao
desenvolvimento frequente de um dado passatempo ou « 2.ª atividade »
é uma situação muito importante no âmbito do PHAI3C, onde uma “2.ª atividade”,
que se mantém e assume protagonismo quando da aposentação,bpode ser essencial
para a satisfação habitacional e mesmo para o bem-estar físico e psicológico do
habitante, não brigando, por exemplo com : o espaço/quarto; o espaço/sala;
o espaço cozinha convivial ; e o espaço casa de banho. Isto embora possa
haver várias fusões e “não compartimentações”; e tendo-se em conta que este
« espaço inútil » não seja, apenas, espaço de arrumação.
O espaço/compartimento privado fora da
habitação
La recherche d’une surface complémentaire ne doit pas être uniquement cantonnée à l’intérieur du logement, ou à la gestion de surface ou de dispositif d’agencement entre pièces. Réfléchir à la qualité des abords, et des espaces extérieurs ne permet certes pas d’offrir des m2 supplémentaires, mais peut aider à compenser la petite surface des logements.(pg. 147)
A possibilidade de existência de um espaço/compartimento
de uso privado mas mas destacado da respetiva habitação será muito interessante
para o apoio a uma atividade profissional ou de tempos livres de forma bastante
funcional e bem separada do espaço doméstico, incrementando-se o conforto
doméstico e uma sua maior privacidade, designadamente, quando estamos em
presença de habitações tipologicamente pouco desenvolvidas (ex., do T0 ao T1),
como poderá ser o caso de algumas unidades habitacionais do PHAI3C.
Por outro lado a previsão de um espaço/compartimento de uso privado mas mas destacado da respetiva habitação poderá proporcionar uma estruturação mais « arrumada » de um conjunto de pequenos fogos, « deslocando-se » essas áreas « suplementares » para uma outra « camada » do edifício residencial, onde tais baterias de compartimentos autónomos poderão ser, também, eficazmente arrumados e sendo que haverá, ainda, um potencial acrescido para a convivência natural entre vizinhos que usam esses compartimentos privados fora dos fogos, isto desde que, naturalmente, os respeticvos espaços comuns sejam convidativos.
(v) Considerações
gerais sobre estas matérias de conceção doméstica específica aplicadas ao
PHAI3C
Em termos gerais e aplicando,
« experimentalmente », estas reflexões ao PHAI3C dá que pensar, pois,
desde já (e mesmo sem grande reflexão), seríamos levados a prever um bom
espaço de cozinha convivial, uma zona de entrada (com SAS), talvez uma sala não
muito grande, uma boa sala de banho e, julgo, que uma funcional zona de quarto
e um “den” convertível em zona de trabalho ou passatempo ou em zona de
pernoita eventual.
Dá que pensar e bastante pois, em princípio, as unidades
privadas do PHAI3C poderão “centrar-se” num excelente quarto, situação que será
ainda possível, julga-se, caso se trate de uma única pessoa, sendo, portanto, o
quarto um espaço de forte apropriação pessoal, mas provavelmente só possível
com apoio profissional em termos de arquitetura de interiores.
Uma relação bem desenvolvida entre interior doméstico e
exterior, e com a natureza apaziguante e/ou com o cenário urbano estimulante, é
de grande importância em qualquer espaço doméstico, mas pode assumir uma
importância crucial quando vivemos n um espaço habitacional
« concentrado », podendo e devendo constituir mesmo uma outra
dimensão de uso da habitação privada (ex., pequena zona de estar e/ou de
refeições ao ar livre e que expanda visual e/ou fisicamente o espaço de estar interior)
e também dos espaços comuns respetivos (ex., vista quando usamos a escada ou a
galeria comum de acesso).
Sublinha-se que os comentários que foram aqui
desenvolvidos a partir da obra atrás devidamente referida são bastante
extensos, pois considera-se que eles sintetizam muito de uma longa experiência
de estudos teórico-práticos de incontornáveis autores nestas matérias.
E, aliás, sublinha-se, ainda, que quando estamos a
trabalhar e aprofundar espaços habitacionais privados potencialmente
« concentrados » ou sintetizados relativamente ao desenvolvimento de
uma habitação adequadamente ampla, funcional e estimulante, visando-se manter
ao máximo as respetivas qualidades e a respetiva satisfação habitacional, mas
em apartamentos espacial e tipologicamente mais condicionados, até por outras
razões funcionais (ex., acessibilidade a condicionados na mobilidade e na
perceção), deveremos usar, ao máximo as melhores conclusões existentes e
desenvolvidas pelos melhores autores relativamente aos espaços domésticos.
Uma urbanidade local claramente positiva e uma total continuidade e intergração de imagens atraentemente residenciais no conjunto cooperativo situado na Av. Salgado Zenha, Guifões, Matosinhos, promovido pela Cooperativa As Sete Bicas (em 2007/2008), com 40 fogos e uma residência de terceira idade com 30 quartos, projeto dos arquitectos Fernando Rocha e Celestino Machado.
3. Desenvolver uma urbanidade local claramente positiva
Tendo-se em conta a diversidade intergeracional dos seus potenciais habitantes, a potencial fragilidade de alguns deles, que é crítica em termos de relações de acessibilidade, e a importância de uma muito bem integrada animação urbana para todos esses grupos etários, é essencial que as operações do PHAI3C estejam muito bem localizadas em termos urbanos ; sendo, naturalmente, essencial que uma tal localização seja bem cuidada, harmonizando-se a sua proximidade estratégica (distâncias e vistas), com a proteção relativamente a potenciais incómodos em termos de conforto ambiental e de privacidade.
(i)
Criação de sítios urbanos com potencial sucesso
Tendo-se em conta que o bem-estar local depende de uma
viabilidade urbana e arquitetónica ativa das soluções de habitar propostas para
os seniores, apresentam-se, em seguida, 13 critérios para uma adequada
sustentabilidade social e urbana de intervenções habitacionais e funcionalmente
mistas, super-sintetizados a partir do documento do Berkeley Group referido em nota, cuja consulta se recomenda,
salientando-se que, tal como é apontado no referido documento, a importância
relativa dos referidos critérios depende da localização da intervenção. (3)
1.
Desenvolver a
identidade local, atividades locais e a integração na zona.
2.
Criar uma
vizinhança ativa, com reforço do convívio, espaços urbanos positivos e
vitalizados e equipamentos para todos.
3.
Privilegiar o
bem-estar no dia-a-dia, por satisfação com a habitação, a vizinhança
(conhecimento mútuo) e a comunidade (ex., eventos) e por interação direta com o
exterior urbano (ex., vários tipos de jardinagem).
4.
Desenvolver
sentimentos de segurança dia/noite, seja por apoio à segurança pública, seja
reforçando a sensação de segurança (ex., através de iluminação reforçada), seja
pela aplicação de critérios urbanísticos de segurança (vigilância passiva a
partir de vãos residenciais e outros, ausência de espaços “mortos” e
escondidos, ausência de espaços sem funções claras, e criando espaços
exteriores apelativos e vitalizados).
5.
Prever
equipamentos locais adequados para apoio à saúde, à educação e à socialização,
estrategicamente localizados e desejavelmente participados.
6.
Ter em conta
que a vontade de atuar/participar do residentes deve ser naturalmente
incentivada e bem integrada em termos de gestão local.
7.
Ter em conta
que a capacidade de influenciar dos residentes deve ser especificamente apoiada
e incentivada.
8.
Construir um
espaço comunitário e/ou coletivo atempada e estrategicamente criado, bem
mantido, designadamente, em termos de espaços de uso público e devidamente
previsto em termos de gestão local.
9.
Criar relações
urbanas bem cuidadas e disponibilizadas em termos de trasnsportes públicos
eficazes e estimulantes, promoção do tráfego pedonal e de ciclistas,
maximização da proximidade das habitações aos transportes e espaços de
estacionamento automóvel bem localizados e suficientes.
10.
Desenvolver um
local com caráter próprio e “distinto” (único e digno), arquitetonicamente bem
marcado (em diversos aspetos, da forma geral à pormenorização).
11.
Promover a
integração local, relacionando física e socialmente a nova intervenção com o
quadro urbano e paisagístico preexistente, unificando e dinamizando,
intergeracionalmente, os equipamentos locais.
12.
Criar ruas
claramente estruturadas, memorizáveis, funcionais, vivas e marcadamente
pedonais.
13.
Criar espaço de
uso público adaptável e multifuncional.
No sentido específico do PHAI3C mais de metade destes
critérios parecem estar ligados à natureza básica deste programa,
salientando-se a importância das ligações com vizinhos, do acesso ao
transporte, dos sentimentos de segurança, da identidade local positiva e da
capacidade de participação.
(ii)
Influência das novas agendas urbanas
Porque se considera importante que o PHAI3C seja um
programa bem integrado nos novos caminhos propostos, globalmente, em termos de
uma cidade mais humana e mais viva, faz-se em seguida uma citação e súmula de
aspetos constantes da última Nova Agenda Urbana da ONU, e considerados aplicáveis
ao PHAI3C (com referência aos respetivos itens/parágrafos). (4)
20:
Reconhecemos a necessidade de dar particular atenção a situações de múltiplas
formas de discriminação enfrentadas por, inter alia, mulheres e meninas,
crianças e jovens, pessoas com deficiências, pessoas vivendo com VIH/SIDA,
idosos, povos autóctones e comunidades locais, ...
31:
Comprometemo-nos a promover políticas de habitação nacionais, subnacionais e
locais para apoiar a concretização progressiva do direito a uma habitação
adequada para todos como uma componente do direito a um nível de vida adequado,
…
32 :
Comprometemo-nos a promover o desenvolvimento de políticas e abordagens
habitacionais integradas e atentas às questões etárias e de género que abranjam
todos os setores, em particular os do emprego, educação, saúde e integração
social, e em todos os níveis de governo - políticas e abordagens que incorporem
a prestação de habitação adequada, económica e fisicamente acessível,
eficiente, segura, resiliente, bem conectada e bem localizada, com especial
atenção ao fator proximidade e ao reforço das relações espaciais em relação ao
resto do tecido urbano e às áreas funcionais adjacentes.
99. Apoiaremos
a implementação de estratégias de planeamento urbano, de forma adequada, que
facilitem o mix social por meio da provisão de opções de habitação
economicamente acessíveis com acesso a serviços básicos de qualidade e espaços
públicos para todos, aumentando a segurança e a proteção, favorecendo a
interação social e intergeracional e a valorização da diversidade. ...
106:
Promoveremos políticas de habitação com base nos princípios da inclusão social,
da eficácia económica e da proteção ambiental. Apoiaremos o uso efetivo dos
recursos públicos para a habitação economicamente acessível e sustentável,
incluindo terrenos em áreas centrais e consolidadas das cidades com
infraestruturas adequadas, e incentivaremos o desenvolvimento de
empreendimentos destinados a pessoas com diversos tipos de rendimentos para
promover a inclusão e a coesão social.
107:
Encorajaremos o desenvolvimento de modelos de políticas, instrumentos,
mecanismos e financiamentos que promovam o acesso a uma ampla gama de opções
habitacionais economicamente acessíveis e sustentáveis, incluindo arrendamento
e outras opções de propriedade, bem como soluções cooperativas como a
co-habitação, fundos comunitários de habitação social, concessão do direito
real de utilização para habitação e outras formas de propriedade coletiva que
abordem as necessidades de evolução das pessoas e das comunidades, a fim de
melhorar a oferta de habitação (especialmente para grupos com baixos
rendimentos) e evitar a segregação, despejos arbitrários e forçados e deslocações,
e fornecer
4. Criação de comunidades residenciais e urbanas
socialmente bem integradas e caraterizadas
Tendo-se em
conta, especificamente, o PHAI3C, visa-se a criação de comunidades socialmente
diversificadas e integradas, através novas intervenções funcionalmente mistas
que integrem, harmonizem e proporcionem condições urbanas locais em falta com
eventuais perspectivas específicas que marquem claramente o perfil vivencial de
cada intervenção.
Considera-se, portanto, que as intervenções do PHAI3C
deverão ser, sempre, em primeiro lugar, positivamente urbanas e de utilidade
intergeracional e, apenas, complementarmente programadas no sentido de apoiarem
especificamente as pessoas fragilizadas; uma perspectiva que se julga garantir o
essencial da integração social e local das intervenções.
Um outro aspeto que se liga, naturalmente, com a matéria
que acabou de ser referida é a consideração de que no desenvolvimento do PHAI3C
parece ser vital harmonizar a total privacidade habitacional com um adequado
potencial de convívio, totalmente opcional, naturalmente disponível e caraterizando
múltiplos aspetos (dos mais físicos aos mais de gestão) da comunidade
residencial que é criada.
Há, portanto, aqui, uma exigência de harmonização
entre :
(i) uma afirmada e bem expressiva privacidade na
habitação de cada um;
(ii) e um perfil convivial e eventualmente comunitário,
disponibilizado opcional mas funcionalmente com base nos espaços comuns da intervenção.
Esta harmonização, entre sentido privado e sentido comum,
poderá ser, ainda desenvolvida, no seu perfil ligado a iniciativas comuns e
moderadamente conviviais, através de uma solução de comunidade que, por sua
vez, harmonize, desejável e afirmadamente :
(iii) uma significativa diversidade de grupos
sociocultturais e etários, integrando-os, na medida do que seja possível e
adequado, com ;
(iv) um eventual perfil temático comum, marcando uma
dada intervenção do PHAI3C, e associado, por exemplo, a determinados gostos em
termos de passatempos, 2.ªs atividades, práticas recreativas e desportivas,
gostos culturais e até perfis associativos.
(i) Defesa
de comunidades socialmente diversificadas e integradas (a propósito do
programa “ Decent Home”)
A propósito da caraterização de uma qualidade do habitar
(da habitação à vizinhança) considerada, “oficialmente”, como
“decente”/adequada e no sentido específico do PHAI3C, interessa considerar uma
implementação bem disseminada de soluções intergeracionais e potencialmente
conviviais como uma base importante para uma comunidade mista/misturada (mixed)
tal como é defendido no documento do Department for Communities and Local
Government que se regista em nota e que se cita em seguida: (5)
In many areas
the Decent Homes programme has already made a real difference to the lives of
tenants by improvements to essentially good quality housing alongside improved
services, helping to create sustainable mixed communities. (pg. 4)
A mixed
communities’ approach aims to create better outcomes for the most vulnerable in
society and sustainable communities for all. There is no
‘one size fits all’ approach and how mixed communities are developed will
depend on the local context. However, mixed communities are areas that: (pg. 7)
. attract and
retain households with a wide range of incomes;
. have good
quality housing in attractive environments with access to good local schools
and retail/leisure facilities and other services such as health;
. have a mix of
housing size, type and tenure;
. attract and
retain households with choice;
. have strong
local economies and contribute to strong regional economies;
. are well
connected to employment opportunities through neighbourhood design, transport
and job access services;
. provide
access to other economic and social opportunities for all residents, enhancing
their life chances;
. have high
quality housing and neighbourhood management;
. have low
levels of crime and provide support services for vulnerable people and families
at risk;
. have a strong
housing market that matches the wider economic area; and
. attract and
utilise private sector investment.
A successful
mixed community would bring together the economic, social and physical aspects
of renewal and development in a holistic manner to result in:
(pg. 9)
. high quality
homes, services and opportunities for all;
. narrowing of
the gap between the most disadvantaged areas and the rest;
. and
de-concentration of deprivation, and prevention of social and economic segregation
in new areas of development.
No que se refere especificamente ao PHAI3C considera-se
que esta defesa de uma significativa diversificação social e etária dos seus
habitantes é essencial para o êxito do programa, aproximando-o de um sentido de
« cidade tradicional intensamente
habitada », que será o principal garante de uma vida residencial e urbana
estimulante e enriquecedora em termos pessoais, sociais e de funcionalidade ou eficácia
urbana e habitacional.
Salienta-se que esta mesma diversificação social e etária
dos seus habitantes, poderá constituir-se na principal diferença qualitativa
entre o PHAI3C e modalidades existentes de apoio residencial aos idosos,
algumas delas praticamente exclusivas de quem tem muitos meios financeiros e
muitas outras muito marcadas por um excessivo sentido assistencial e mesmo
quase semi-hospitalar, e que pouco terão a ver com uma verdadeira oferta
residencial.
No entanto não se tem nenhuma dúvida de que essa desejada
integração social e etária, será um desafio físico/arquitetónico e
organizativo/de gestão de elevada complexidade para o PHAI3C, sendo por isso
que se considera que a mais-valia e o saber-fazer cooperativos serão
determinantes ; além das vantagens naturalmente conviviais e potencialmente
caraterizadas.
(ii)
Comunidades residenciais seniores e “temáticas”
A qualidade de vida também tem muito a ver com a resposta
que os quadros residenciais podem dar à diversidade e mutação das necessidades
e dos gostos de habitar dos seus residentes, sendo que hoje em dia os seniores
têm e terão, cada vez mais, gostos e vontades específicos no que se refere ao
gozo da sua vida de aposentados e/ou tendem a expressá-los de forma cada vez
mais ativa e exigente.
Esta matéria é muito bem desenvolvida em vários estudos,
citando-se, aqui, já em seguida, diversos aspetos apontados no documento de Sarah Stevenson,
significativamente intitulado « The rise of niche senior living
communities »: (6)
“A geração
(Baby) Boomer é diferente, diz Andrew Carle, diretor e fundador do Program in
Senior Housing Administration da George Mason University in Fairfax, Virginia.
Eles não procuram as «mesmas velhas» opções para habitação sénior.” E refere
que dos 65 aos 75 estão, habitualmente, em boa forma e passam a vida
divertindo-se pela casa, viajando e jardinando, depois ficam aborrecidos e
procuram actividades que envolvam os seus pares, “querem estar com pessoas com
as quais tenham algo em comum”.
Trata-se, assim, da oferta de algo que podemos designar,
tal como refere a autora citada, de “niche senior community”
(comunidades seniores com nichos de atividades) ou mesmo de uma “aposentadoria
por afinidade”, uma tendência crescente dirigida para gostos diversificados e
especializados (ex., do golf a uma aprendizagem contínua e diversificada). E
citando a última referência bibliográfica podemos referir que, por exemplo, a Long
Beach Senior Arts Colony tem uma galeria, estúdios de arte de dança, um
teatro-clube e aulas de arte e outras atividades criativas).
Trata-se, aqui, da criação e do apoio a novas comunidades
residenciais razoavelmente ligadas, cada uma delas, a uma relativa comunidade
de interesses comuns, ou profissões, ou passatempos ou mesmo “estilos/opções”
de vida (ex., de motociclistas a músicos e carteiros aposentados, de uma paixão
pela astronomia ao interesse comum por um dado desporto, da paixão pelos livros
ou pela pintura ao aprofundar das respetivas discussões e apresentações
comentadas, do gosto pelas viagens à paixão pelas hortas, etc.).
Julga-se ser este um caminho que pode ser seguido quando
se desenvolvem novos quadros urbanos e residenciais cujos habitantes tendem a
ter mais “tempo livre” e mais apetência por um potencial e muito amplo leque de
atividades; e um caminho a seguir seja (i) apenas numa perspetiva
“instrumental” de apoio a uma nova vida com o tempo bem preenchido, seja (ii)
mesmo numa perspetiva de “habitação temática”, que é, aliás, muito
interessante, diga-se, como motivo de intergeracionalidade – e naturalmente
esta perspetiva “temática” e intergeracional poderá estar também associada à
principal atividade dos vizinhos, ativos e aposentados, o que é,
designadamente, o caso das UBRCs, University-Based Retirement Communities,
apoiando-se os seniores a envelhecerem no sítio (age in place) e continuando
bem integrados na comunidade.
No sentido específico do PHAI3C estas comunidades
temáticas ou de “nicho” (grupo, retiro, nicho de atividades) poderão ter uma
tripla viabilidade:
. seja, directamente, por relação com os associados de
uma dada cooperativa de habitação, que, eventualmente, já eram vizinhos em
outros conjuntos habitacionais e que, naturalmente, terão um sentido
associativo comum;
. seja pela capacidade operativa e de gestão
proporcionada por uma cooperativa de habitação em atividade, capaz de poder
sondar e agrupar pessoas de acordo com determinados gostos, passatempos e
atividades específicas;
. seja pela natural capacidade cooperativa de se unirem
pessoas com diversas idades e histórias de vida em torno de um conjunto
habitacional que possa ser desenvolvido tendo em conta determinados gostos e
actividades.
E em tudo isto é, evidentemente, clara a importância de
estarmos a lidar com uma cooperativa que seja uma entidade basicamente não
lucrativa, mas eficaz, profissional e sustentadamente organizada e viável.
Ainda aprofundando esta matéria, neste caso a partir do exemplo de uma comunidade de aposentados com base universitária (University Based Retired Community, UBRC), estudada por Laura Daily (7) , no trabalho intitulado The Village at Penn State, que se julga referido a uma tipologia de intervenção que terá já algum significado nos EUA e não só, fica evidente a riqueza temática em termos de informação, formação e lazer, estrategicamente dirigidos, que pode ser facultada numa nova fase da vida, recheando-a com importantes aspetos de interesse e atratividade até difíceis ou mesmo impossíveis de obter numa opção habitacional individualizada.
No sentido específico do PHAI3C interessará considerar
como tais condições informativas, formativas e de lazer bem diversificadas e qualificadas
poderão influenciar a localização, a infraestrutura física e a gestão da
intervenção; sendo interessante considerar a possibilidade de parcerias
estratégicas institucionais locais e/ou temáticas, a aprofundar, desde que
úteis a todos os intervenientes – por ex., no caso do PHAI3C talvez seja mesmo
de considerar, para além da evidente e direta parceria cooperativa com
entidades da FENACHE, que está na própria raiz do Programa, outras parcerias,
por exemplo universitárias ou afins; e desde que tais parcerias possam
acrescentar também agilização funcional básica no lançamento e no
desenvolvimento do Programa (por ex., em termos da obtenção de terrenos
adequados e a custos comportáveis).
Citam-se, em seguida, alguns aspetos, retirados do referido documento de Laura Daily que acabou de
ser referido, que caraterizam este tipo de solução de UBRC, em termos de
qualidade e perfil de vida, e que fazem evidenciar a importância da
intergeracionalidade e de um envelhecimento ativo e temático, tendo-se
sublinhado alguns aspetos que parecem merecer atenção específica:
This isn't your
grandma's retirement community. "Boomers came of age in the dorms. They
still go to the games, wear the sweatshirts, and love the idea of continuing
education," … "People feel younger when they are surrounded by
20-yearolds.
And they
want the perks that come with college life: theater, classes, guest speakers,
the library, even hanging out. This is the only model community that is
intergenerational by definition. To me, it's the future of senior housing."
The basic UBRC
criteria include the following:
. A location that is accessible to the school (within one
mile of the university, preferably)
. Formalized programming incorporating the school and the
community
. A full program of continuing care, from independent to
assisted living
. A baseline percentage, at least 10 percent, of
residents who have some connection to the school
. A documented financial relationship between the
university and the senior-housing provider.
"The
biggest challenge is keeping up with the choices."The approximately 215
residents each agree to complete 450 hours of continuing education each year.
"This is a true living-and-learning environment," explained the Vice
President for Lasell Village, Paula Panchuck. Though 450 hours may seem
daunting, Panchuck explained that the figure includes homework, classroom time
(either on campus or in the village), study, mentoring, travel, and even
physical fitness activities. "This is not a sedate community. It appeals
to those with an active lifestyle who want to be intellectually engaged."
Se passarmos/transportarmos variados aspetos deste tipo
de solução socialmente integrado e temático para uma opção cooperativista, que
é marcada, basicamente, por uma participação socialmente diversificada e
voluntariamente convivial, como é o caso do PHAI3C, o que
evidentemente logo obsta a situações negativamente marcadas por uma excessiva
homogeneidade sociocultural, poderemos ainda assim daqui retirar importantes ensinamentos
e contributos para o perfil de qualidade de vida que se deseja no PHAI3C,
designadamente, em termos de intergeracionalidade, de um potencial específico
para ajudar a fazer aquilo que sempre se quis fazer antes da aposentação, e da
criação de ambientes de lazer e aprendizagem verdadeiramente estimulantes e
naturalmente inimigos dos problemas mentais e físicos que estão habitualmente
associados ao envelhecimento.
Rematam-se estas considerações sobre « comunidades
temáticas », julgadas potencialmente bem interessantes para O PHAI3C, com
uma pequena nota que sublinha a importância de se desenvolver um evidenciado equilíbrio
formal/visual e funcional entre uma neutralidade e apurada dignididade, mesmo
que relativamente informal, dos espaços comuns, servindo bem e com agrado todos
os habitantes e a referida existência de infraestruturas comuns e « temáticas »,
caso contrário a adesão a uma comunidade deste tipo ficará muito « afunilada »
e o seu êxito global poderá ficar em risco.
5. Inovação arquitetónica e tipológica e qualidade vida
residencial para variadas necessidades e desejos residenciais
Em seguida
desenvolve-se uma reflexão dirigida para uma inovação arquitetónica e tipológica,
que vise uma qualidade vida residencial ligada a variadas necessidades e
desejos residenciais, apoiada no sistemático aprofundamento de uma qualidade
arquitetónica ampla e potencialmente aplicável em edifícios
funcionalmente mistos e intergeracionais.
(i) Sobre o
urgente e específico aprofundamento da importância da qualidade arquitetónica
para a satisfação residencial e urbana
Julga-se que importa dirigir uma especial atenção para a grande importância de uma fundamentada inovação arquitetónica numa promoção habitacional que influencie positivamente a qualidade de vida dos seus habitantes, uma matéria que é especificamente abordada na recente Conferência The Terms of Habitation: Re-theorizing the Architecture of Housing, coorganizada por Yael Allweil, Gaia Caramellino e Susanne Schindler e que é, em seguida, citada: (8)
While the
resulting and growing gap between rich and poor, manifested in
housing, has been well documented, the role of architecture in these
transformations has remained remarkably understudied.
The conference
aims to recast architecture as a crucial aspect of housing provision and
closely examine its divorce from housing as cardinal to the development of
the current crisis.
In order to develop a new outlook on the problem, the conference will investigate and theorize the language of housing.
Sobre esta
matéria importa registar que a frequente ausência de qualidade arquitetónica
residencial, considerada como fator importante nas desigualdades sociais
crescentes e o interesse que tem o aprofundamento de uma verdadeira cultura
residencial e arquitetónica, são aspetos incontornáveis para a promoção de um
espectro amplo de habitação de interesse social, sendo vitais quando se visam
grupos socioculturais mais frágeis, tal como acontece no PHAI3C.
(ii) Estudo
sobre tipologias e soluções de pormenor habitacionais inovadoras e
potencialmente aplicáveis em edifícios funcionalmente mistos e intergeracionais
A questão
tipológica é naturalmente crucial em qualquer estudo sobre qualidade
arquitetónica residencial.
Neste sentido
de desenvolvimento temático e metodológico de estudos e tendo-se em conta
especificamente o PHAI3C, salientam-se e citam-se, em seguida, com algum desenvolvimento, diversos
aspetos de um importante estudo, intitulado Habiter le grand paris ; Paris
Plus Petit, (9) estudo este que muito se
recomenda, e que foi desenvolvido pelo escritório de Arquitetura francês MVRDV,
coordenado por Winy Maas e com múltiplas e excelentes coautorias, destacando-se
aqui: Jacob Van Rijs, Nathalie de Vries, Jeroen Zuidgeest, Bertrand Schippan, Michael Labory, Andrei Feraru, Monique Eeleb,
Sabri Bendimerad, Philippe Simon e Patrick Celeste.
Este estudo é referido na nota específica que foi acima inserida, e carateriza-se por uma assinalável concentração de teóricos
multidisciplinares ligados ao Habitar e à Arquitetura estrategicamente
conjugados com uma conhecida firma de projeto de Arquitetura.
As matérias que são citadas, nos itens seguintes – de (a) a (i) –, são sistematicamente referidas às respetivas páginas do citado documento, são, em cada caso, sistematicamente comentadas na perspetiva do PHAI3C, e abordam um interessante novelo de temáticas, todas elas fundindo aspetos mais práticos com ideias teóricas exploratórias, e visando uma inovação tipológia integrada entre habitação e edifício multifamiliar associado a outras funções.
(a) Multiplicação de relações entre espaços
domésticos e habitações
Multiplication des portes et pièces annexables:
L’appartement dit haussmannien et même certains types qui l’ont précédé, ont pu
traverser le temps et rester si appréciés grâce à leur capacité à s’adapter aux
différentes façons de vivre, grâce aussi à ces portes qui semblent si
inopportunes aujourd’hui entre deux appartements distincts, mais qui permettent
toujours d’annexer une pièce pour agrandir un des appartements au moment de la
vente ou du changement de locataire ou de diminuer une surface quand c’est
pertinent. On voit bien les ajustements nécessaires et les difficultés de tous
ordres que cela soulève. Mais c’est une souplesse voulue par les propriétaires
qui pensaient ainsi satisfaire les demandes de tous les types de locataires. Sans
compter la « pièce en plus » sur le palier destinée au travail mais reliée à
l’appartement principal et les chambres de bonnes. (pg. 302)
Julga-se que será estratégico no PHAI3C o uso da ideia de
incremento da adaptabilidade por aumento das relações e ligações entre espaços
domésticos e mesmo entre fogos modularmente estruturados, sendo que as respetivas
portas deverão ser muito bem pormenorizadas e poderão ser estrategicamente
dissimuladas e/ou serem multifuncionais. Nota-se, no entanto, que um tal
caminho de adaptabilidade depende, em boa parte, da aplicação de áreas e
dimensões sensivelmente acima dos mínimos regulamentares, pois, em termos
gerais, haverá sempre pouca vontade de dividir ou anexar espaços pequenos.
(b) A
propósito da « planta livre » experimenta-se um avanço significativo
na proposta de estruturação doméstica do PHAI3C
Plan libéré:
Les plateaux libres permettant un aménagement évoluant selon la demande et le
moment, des bureaux peuvent s’agrandir ou se réduire ou être transformés en
logement. (pg. 306)
Plateaux libres
et adaptation; Regroupement des fluides et choix d’organisation … les
ressources des cloisons mobiles … Processus permettant de déplacer les cloisons
changeant la perception et l’utilisation de l’espace. (pg. 313)
O incremento passivo da adaptabilidade por multiplicação
de vãos interiores e contiguidades estratégicas parece ser matéria fulcral para
a utilidade e viabilidade do PHAI3C e deve ser tratada de forma global –
provavelmente com a opção de criação de múltiplos e muito bem arquitectados
microespaços domésticos, suplementarmente apoiados por espaços comuns e de uso
público próximos; e de forma específica na consideração de uma aliança, no
interior da unidade residencial privada do PHAI3C, entre espaços que se podem
definir como “mais domésticos” e outros como “mais de trabalho não doméstico” e
mesmo, naturalmente, de trabalho claramente profissional – pois fará todo o
sentido que, por exemplo, um profissional liberal possa continuar a exercer a
sua profissão em parte da sua habitação (agora mais concentrada), ou em espaços
privados interiores fora da sua habitação e reservados para esse efeito (por
ex., num nível específico do edifício).
Julga-se que no âmbito do PHAI3C as respetivas unidades
residenciais privadas deverão dispor, sempre, de uma zona atribuível a uma
actividade profissional e/ou de passatempo (sempre compatíveis com a sua
integração residencial), podendo existir, suplementarmente, espaços autónomos
próprios para esse tipo de actividades – na contiguidade direta dessas unidades
ou em outra zona do edifício.
Também ao nível dos espaços comuns do PHAI3C esta
possibilidade de uso de uma « planta livre » muito adaptável e
apropriável, designadamente, através da concentração de serviços e de
dispositivos de alteração temporária das espacialidades das diversas zonas da
habitação, parece ser muito mais adequada e estratégica do que a contrária,
associada a uma inicial e rígida demarcação espacio-funcional de um dado
programa.
No entanto esta possibilidade tem de passar por uma
expressiva imagem de bom e “definitivo” “fechamento” e acabamento das
eventualmente sequenciais opções de relativa ou total compartimentação comum; e
tal possibilidade depende também de ser disponibilizada uma gestão bem presente
e eficaz, capaz de gerir bem a essencial participação : logo, julga-se,
uma qualificada gestão cooperativa (presente e sensível).
Um aspecto que parece ser fulcral na previsão dos espaços
comuns do PHAI3C é que eles sejam, essencialmente, suplementares (aditivos, que
se proporcionam “a mais”) das unidades residenciais e não complementares das
mesmas (que as completem ou complementem); matéria esta que merecerá
desenvolvimento posterior específico, até porque talvez seja possível integrar
num conjuntgo PHAI3C algumas unidades residenciais mais económicas, e que
possam tender a usar os espaços comuns de forma mais intensa – sendo no entanto
esta uma matéria sensível, pois poderá ser potencialmente geradora de tensões
entre os residentes.
(c) Desenvolver
uma unidade habitacional passivamente muito adaptável
Plan neutre …
De façon à laisser une liberté d’affectation des pièces à l’habitant toutes les
pièces sont de taille équivalente. (pg. 327)
Le logement à
pièces de surfaces équivalentes … Devant les incertitudes quant à l’évolution
des modes de vie, des architectes ont proposé l’idée de logements avec
pièces équivalentes, de bonne surface (souvent 16 m2 y compris pour la cuisine
et le séjour) qui permet des choix différenciés selon le groupe familial ou
dans le temps.
… Dans un
bâtiment de Kolhof à Berlin, la cuisine est de la même taille qu’une chambre.
(pg. 328)
A aplicação de um processo de adaptabilidade e
apropriação doméstica baseado na disponibilização básica de uma unidade
habitacional muito adaptável pode ser extremamente adequada no âmbito do
PHAI3C ; registando-se aqui, a propósito, a ideia de um pequeno apartamento
– ex., « T1+ » - habitação com sala, quarto e den (um
microcompartimento multifuncional, parcial ou totalmente encerrado), em que
sala, ou sala/cozinha (situações bem distintas), têm áreas idênticas à do
quarto – eventualmente os referidos 16m2 ; produzido-se uma sala pequena
mas um quarto grande, possibilitando, por exemplo, dormir na sala (por exemplo,
numa cama escamoteável) e reservar o quarto para uma actividade específica,
“protegida”/privada e muito marcante do carácter do habitante (ex., um
estúdio/biblioteca). E naturalmente que o micocompartimento multifuncional (den)
corresponderá a um suplemento de desejo/alma e de espaço/necessidades
funcionais, constituindo-se numa « reserva » espacial e funcional sempre
oportuna, designadamente, em situações de habitabilidade
« concentrada » como as do PHAI3C.
(d) Habitação
expressivamente transformável e com espaços suplementares ou « em
reserva » ou destacados da habitação mas privados
Mise en place
de pièces «hors-norme» ou complémentaires au logement ou à l’ensemble de
l’immeuble. (pg. 333)
Certaines
solutions sont expérimentées, pour répondre aux fluctuations de la taille et
des modes de vie différenciés du groupe domestique, comme celles de la pièce
en plus, qui le plus souvent n’a pas 9m2 donc est hors normes et ne peut
devenir une chambre… Cette pièce rend possible le travail à domicile dans
le calme mais aussi d’autres types d’activités et notamment le bricolage. (pg.
334)
As matérias associadas ao desenvolvimento de unidades de
habitação privativas expressivamente transformáveis,
« interiormente », e suplementadas por espaços « em
reserva » ou destacados da habitação, mas privados (pelo menos em termos
de uso), corresponde a uma estratégia com elevado potencial no âmbito do
PHAI3C, pois estamos a visar uma população muito disponível para o lazer, o
recreio e a prática de múltiplas atividades especializadas, mas que deve ser
considerada com o devido cuidado, designadamente, no sentido de se evitarem e
combatarem situações de ocupação especificamente habitacional e indevida desses
mesmos espaços.
(e) « Gadgets » de
compartimentação espacial
Jeux sur le
temps et l’espace: Dans l’entre-deux guerres de nombreux exemples d’utilisation
de cloisons mobiles apparaissent en réponse à la demande d’une élite qui
veut vivre librement mais aussi pousser les cloisons « les soirs de fête ».
(pg. 314)
Murs equipes: Des placards
et des équipements divers (de salle de bain, de cuisine) constituent les murs
des pièces qui s’épaississent. (pg. 319)
Um desafio interessante nestas temáticas é desenvolver
soluções domésticas apoiadas na realização de potenciais conversões entre
espaços através de simples portas e paredes de correr e de paredes equipadas –
condições estas que são extremanente úteis, por exemplo, para reuniões
faniliares relativamente alargadas – , mas num quadro de custos bem controlados
e num quadro sociocultural adequado ; isto porque se considera que tais
soluções são, por vezes, caras e implicam, quase sempre, um uso e uma
aprendizagem cuidados e provavelmente pouco generalizáveis, designadamente, em
habitação de interesse social.
(f) Espaços
e equipamentos comuns aos habitantes dos diversos fogos
Les architectes
(Tekhnê) ont conçu cinq logements répondant à des modes d’habiter différents,
selon les demandes des futurs occupants et ont mis en place des espaces gérés
collectivement par les cinq occupants des appartements qui composent ce projet,
au rez-de-chaussée de l’immeuble. Un socle commun à tous comprend des espaces
dont les usages sont partagés : un local rangement/bricolage et une salle
commune. A cela se greffe un studio disponible à tous, à la demande. Plus
qu’une « pièce en plus» individuelle, s’offre ici une gamme d’usage, grâce à
une extension des logements qui demande une sage et conviviale gestion à
l’échelle de tout l’immeuble.(pg. 340)
La question de la buanderie, qui manque à tous les logements se pose aussi dans le cadre d’une mutualisation dans un espace commun à l’immeuble qui permettrait d’investir dans des machines communes. Mais les Français sont-ils prêts, à l’instar des Américains ou des Suisses, à laver leur linge sale entre voisins ? Si l’on réfléchit sur une mutualisation à une autre échelle, il est évident que partager une cour, un jardin ou un espace commun pour de multiples activités apparaît comme un luxe car cela devient un prolongement du logement, mais extérieur.(pg. 341)
O desenvolvimento de espaços, equipamentos e serviços comuns
aos habitantes dos diversos fogos de um dado conjunto edificado é uma condição
que está, mesmo, na base da ideia do PHAI3C, seja em aspetos muito funcionais
de apoio melhorado ao funcionamento das diversas habitações (ex., lavandaria
comum, compartimento de apoio às limpezas habitacionais, etc.), seja numa
perspetiva de criação de um verdadeiro outro nível de vivência comum do
edifício, nos seus espaços de acesso e em eventuais espaços de estadia e para
atividades variadas e específicas, seja, ainda, na perspetiva da existência,
bem integrada no conjunto edificado e na sua vizinhança próxima, de
equipamentos coletivos que sirvam os habitantes do conjunto edificado e também
os da respetiva vizinhança.
De uma forma preliminar, considerando-se o
desenvolvimento do estudo dedicado ao PHAI3C é possível referir que se julga
que todas estas três perspetivas deverão ter lugar no Programa,
rentabilizando-se e vitalizando-se, ao máximo, todos os « dispositivos »
espaciais e de gestão previstos ; e sendo que a existência de uma outra
« camada » ou nível de interação mais coletivo ou comunitário é
também possível, mas pressupõe, para ser real e efetivo, todo um cuidadoso trabalho de preparação e adesão dos
respetivos vizinhos que partilhem uma dada comunidade : perspetiva esta
que corresponde ao verdadeiro conceito de cohousing tal como é vivido,
designadamente, em alguns países do Norte da Europa.
(g) Trabalho em casa e edifício equipado ou
mesmo funcionalmente misto
La question du
travail à domicile, qui concerne plus de 5 millions de personnes en France est
posée depuis longtemps puisque dans les appartements bourgeois du XIXe siècle,
on trouvait des cabinets de travail ouvrant à la fois sur l’escalier et sur
l’appartement. Architecturalement on connaît les solutions et le bureau n’est
pas toujours une pièce spécifique, cela peut-être au mieux un meuble courant,
mais les ordinateurs portables permettent aujourd’hui de transformer toute
pièce en lieu de travail selon l’heure, y compris la chambre conjugale et la
cuisine… Dans les surfaces très restreintes des logements d’aujourd’hui, l’idée
d’organiser des dispositifs mutualisés tels qu’équipements et secrétariat
partagés dans l’immeuble, par exemple, court depuis plus de 25 ans ... (pg.
342)
L’intérêt est
aussi d’éviter la confusion des espaces de vie et de travail qui perturbe les
deux espaces et les deux temporalités.
Há uma evolução natural e de certo modo sequencial ligada
ao interesse que tem, para a satisfação e adaptabilidade residencial, (i) a
previsão da existência de pequenos espaços multifuncionais
« suplementares » aos espaços domésticos ditos correntes e
« regulamentares », (ii) para a previsão de adequados espaços de
apoio ao « trabalho em casa », que poderão estar até destacados dos
respetivos fogos e bem integrados no complexo de espaços comuns do edifício, e,
finalmente, (iii) para a própria previsão de um edifício multifamiliar com um
desenvolvido perfil de uso comum, convivial, equipado e, afinal, funcionalmente
misto e ativamente urbano ; pois só assim o referido perfil misto será
viável. E é, assim, naturalmente, que chegamos ao edifício adequado ao PHAI3C
e/ou ao conceito cooperativo hoje em dia designado por cohousing.
(h) Habitação
comunitária modular com serviços integrados
Dans le bloc
d’habitation expérimentale de Moïsseï Ginzbourg et Ignaty Milinis à Moscou,
cette oeuvre manifeste du Constructivisme, on peut acheter ou louer d’abord une
pièce, puis d’autres, par exemple quand le nombre d’enfants augmente, et on
peut en revendre une quand on n’en a plus l’utilité... Dans le Familistère de
Guise (1867)2, il en est de même et les espaces communs comme les cuisines sont
aussi dissociées du logement. Ces solutions nous montrent une voie radicale
avec la dissociation des espaces privés et ceux de la vie en commun.(pg. 301
Uma solução de desenvolvimento de uma habitação
comunitária modular com serviços integrados pode ser uma ideia interessante,
logo devido aos evidentes aspetos de repetição estrutural e de componentes da
construção, mas também por permitir: ter uma unidade residencial maior e depois
reduzi-la, poupando na renda ou conseguindo uma venda ; ou ter primeiro
uma unidade mínima e, depois, aumentá-la ; se tal for possível e viável,
designadamente, em termos de gestão.
Julga-se que tratando-se de arrendamento será possível e
mesmo em termos de venda talvez seja viável, se estiver contemplado desde
início, permitindo-se em qualquer dos casos uma grande souplesse no uso das
unidades residenciais contratadas com cada pessoa/casal, desde que a ocupação
global seja respeitada (com naturais intervalos de tolerância) ; trata-se,
claramente, de uma ideia que exige uma gestão diária muito presente e eficaz.
(i) Algumas
breves notas específicas sobre diversos tipos de cohabitação, espaços privados
fora do fogo e coohousing
. L’allongement
de l’espérance de vie conduit à envisager une alternative à la maison de
retraite. De plus en plus de responsables du logement d’Ile de France
envisagent un regroupement des personnes âgées, trois ou quatre dans des
logements communautaires avec services mutualisés : deux salles de bains,
cuisine commune, avec séjour et coin salle à manger mais aussi bureau et pièce
pour un aidant. (pg. 343)
… de plus en
plus de personnes vivent seules et la vie en couple semble en désaffection : «Depuis
20 ans le couple cède du terrain » écrit Alain Jacquot de la division
logement de l’INSEE).
. La présence
de plus en plus longue d'enfants adultes dans la maison, pose comme jamais la
question de la cohabitation intergénérationnelle (pg. 346)
. La
cohabitation entre parents et grand enfant Pour permettre l’indépendance d’un
enfant ou l’accueil d’un parent, se diffuse la solution d’annexer un studio
équipé à un logement principal…
. Cette
chambre, ou ce studio, associé au logement principal, convient, quand on peut
se l’offrir, à ceux qui veulent donner une relative indépendance à un des
enfants, accueillir un ascendant à demeure mais autonome ou encore loger la
jeune fille au pair. Elle devient bien sur un bureau quand la taille de la
famille baisse ou que travailler chez soi devient pertinent. Elle peut aussi
devenir la « soupape de sécurité » des familles recomposées à regroupement
stable ou aléatoire selon les semaines ou le week-end.(pg. 348)
. Dernière
utilisation mais pas des moindres en ces temps d’allongement de la vie ou en
cas d’accident, elle peut à l’occasion être occupée par une personne aidante
pour soutenir l’habitant handicapé ou très âgé. Le studio équipé ou la chambre
près de la porte d’entrée est la solution la moins coûteuse à mettre en place …
. La pièce en
face, sur le même palier ou de l’autre côté de la cour a aussi fait sa réapparition. (pg. 349)
O PHAI3C serve bem um novo sentido de habitar marcado por
um perfil de espaços partilhados mais efetivos, proporcionando espaços comuns
estratégicos e adequados e poderá também ser útil para quando a cohabitação é
obrigatória, como acontece com os filhos adultos que vivem com os pais.
Considera-se que a existência de espaços privados fora
dos fogos, mas caraterizados por adequadas condições de habitabilidade e
relativa autonomia como será o caso da disponibilização de pequenos « estúdios »
basicamente multifuncionais poderão suprir necessidades habitacionais
emergentes significativas, como é o caso da cohabitação com filhos adultos ou
com seniores da família, constituindo também, provavelmente, e desde que bem
enquadrados, uma reserva funcional e mesmo financeira das respetivas famílias.
A existência de espaços privados fora dos fogos e
caraterizados por adequadas condições de habitabilidade e autonomia tem muitas
potencialidades em termos da evolução recente dos modos de vida e uso da
habitação e da atual evolução social e etária global e familiar, podendo
perspetivar, no limite, e naturalmente, um edifício composto por pequenas
unidades residenciais autónomas e um adequado desenvolvimento de um complexo de
espaços comuns; fechando-se, assim, mais um « círculo » tipológico
com a chegada a uma solução do tipo residência/hotel, apartohotel ou residência
de pessoas sós ou pequenos agregados familiares. Condição esta interessante e
perfeitamente válida, mas que impõe cuidados específicos no sentido de se lutar
contra o que poderemos designar de uma « exploração residencial » por
disponibilização de espaços residenciais mínimos e de condições habitacionais e
urbanas mínimas a custos excessivos.
E naturalmente que a evolução maximizada de tais soluções
residenciais em termos de vivência comum acontecerá em intervenções do tipo cohousing
em que na prática o edifício é funcional e fomalmente desenvolvido na
perspetiva de albergar e dinamizar um coletivo residencial e social formado por
um grupo de pessoas e agregados que desejam ter uma vivência marcada pelo
convívio e pela partilha de atividades e ambientes.
Será ainda possível/adequado, nesta perspetiva,
introduzir em determinadas zonas de um PHAI3C habitações de tipo partilhado
(por ex., para 3 ou 4 pessoas com duas C.B. e outros espaços comuns, mais
quarto/escritório para cuidadores) ; mas há que ter um cuidado extremo com
estas experimentações, pois está provado que, por vezes, basta um problema
pessoal grave para inquinar o ambiente de um amplo conjunto residencial.
(iii)
Habitat intergeracional: exemplos de várias propostas práticas que vão até ao
multifamiliar densificado e equipado
Em termos de bairros e conjuntos de HIS defende-se que um
reforço das condições de intergeracionalidade através da introdução de
conjuntos de PHAI3C estrategicamente distribuídos, bem servidos de equipamentos
locais e participando nesse melhor serviço local, designadamante através de
equipamentos integrados nos pisos térreos e bem relacionados com o espaço de
uso público contíguo, poderá ter um resultado positivo e duplo, em termos da
oferta de um « novo » modo de habitar atraente e estimulante para os
amplos grupos sociais e etários das pessoas sozinhas e dos idosos e, também, em
termos da « libertação » de muitas habitações preexistentes e com
tipologias maiores, que estão, atualmente, subocupadas, por exemplo, por idosos
isolados e que são pouco adequadas ao uso por pessoas condicionadas na
mobilidade e na perceção – por ex., fogos em edifícios sem elevador, fogos em
edifícios com espaços comuns muito estreitos, fogos duplex, etc.(sendo esta
uma compilação que importa fazer e aprofundar).
Neste sentido e
tendo-se em conta especificamente o PHAI3C, salientam-se, em seguida, diversos
aspetos do estudo, já atrás referido, intitulado Habiter le grand
paris ; Paris Plus Petit, (9) – voltando aqui a destacar-se a sua autoria: desenvolvido
pelo escritório de Arquitetura francês MVRDV, coordenado por Winy Maas e com
múltiplas coautorias, destacando-se aqui: Jacob Van Rijs, Nathalie de Vries,
Jeroen Zuidgeest, Bertrand Schippan,
Michael Labory, Andrei Feraru, Monique Eeleb, Sabri Bendimerad, Philippe
Simon e Patrick Celeste.
Algumas matérias deste estudo são, em seguida, citadas (à
respetiva pg.) e, sequencialmente comentadas muito na perspetiva da sua potencial utilidade no PHAI3C:
… la Fondation
Abbé Pierre évalue à un million le nombre de jeunes retournés chez leurs
parents ou leurs grands-parents en 2009.
Les logements
devront donc être adaptables et organisés de façon à permettre à tous une vie
qui ménage autonomie et convivialité dans le groupe domestique. L’espace bien
organisé pourrait permettre de limiter les conflits. Une demande commence à
émerger, celle de vivre proche de ses parents mais de façon indépendante et
d’éviter le coût d’une chambre en maison de retraite, sans parler des réactions
de rejet liées aux conditions de cette fin de vie.
Par ailleurs
les grands parents peuvent apprécier la sécurité liée à cette proximité des
enfants et le plaisir de voir grandir, dans la vie quotidienne, leurs petits
enfants. Sans compter tous les services rendus de part et d’autre. (pg. 352)
E aqui temos necessidades mútuas e complementares em
termos de intergeracionalidade residencial e urbana, cruzando jovens adultos,
adultos e adultos idosos, em relações mútuas de entreajuda e de convívio,
potencialmente geradoras de um bem-estar geral e naturalmente de vitalidade
urbana local.
« Les passerelles », … Huit appartements sont regroupés par deux … liés entre eux par un « espace interstitiel » de 15m2, un plateau vitré. Construit par Roland Spitz et habité depuis 2004, son but était de « favoriser les échanges entre parents, enfants et grands parents en les faisant vivre dans un même lieu mais chacun chez soi », « trois générations sur un même palier ». Des portes coulissantes (que l’on peut fermer à clé) s’ouvrent de part et d’autre de cet espace vitré destiné à la rencontre, aux fêtes, à la surveillance des devoirs etc. Les fenêtres d’un logement ne permettent aucune vue sur l’autre logement. En cas de départ la famille peut proposer un autre membre de sa famille. Cependant le résultat est mitigé. L’idée de inter-génération montante n’a pas été choisie, les familles ont plutôt proposé de co-habiter avec un enfant jeune adulte et parfois avec un enfant adulte handicapé, ou encore avec d’autres membres de la famille (collatéraux). (pg. 353)
Estas são reflexões muito interessantes pois introduzem
uma outra ideia: a de novos edifícios em que habitações correntes são
associadas a fogos em edifícios contíguos e preexistentes, com o fim referido e
igualmente “libertadores” dos fogos “de origem”.
Un nombre
croissant d’opérations mêle les types architecturaux (immeubles et maisons
groupées), les types de logements (simplex, duplex) ainsi que les modes de
financement (l’accession à la propriété côtoyant des logements bénéficiant
d’aides publiques) et les différentes fonctions (habitat / commerce /
équipements / bureaux). Et des dispositifs sont aussi pensés pour organiser la
mixité sociale: un immeuble peut accueillir des populations différentes par
l’âge, le niveau culturel, social et/ou économique, le statut social, la
situation matrimoniale. Enfin de très nombreuses opérations, y compris de
logement social, sont composées (pg. 517)
Interessa tentar associar a mixagem tipológica
residencial à integeracionalidade, à mixagem sociocultural possível, e à
respetiva mixagem funcional urbana, servindo bem muitos grupos socio-etários.
Comment cette
mixité se fabrique-t-elle? En multipliant la taille des logements de types
différents, en juxtaposant des immeubles aux financements divers, en associant
bureaux, logements et commerces dans le même immeuble ou la même rue, etc.
L’habitat mixte est un assemblage savant de règles financières, de fonctions et
de dispositifs spatiaux qui poursuit un but : en rassemblant des populations
différentes dans le même espace, il s’agit de créer du lien social, si ce n’est
d’installer la paix sociale. En fait, la densification et la mixité
apparaissent alors comme un moyen pour intensifier les relations humaines,
provoquer la «socialisation par frottement»…
Par ailleurs, la mutualisation des espaces revient à l’ordre du jour. Elle concerne des équipements qui donnent de la qualité à l’habitat, comme la buanderie, les jardins partagés, les studios pour invités gérés en commun, mais aussi des bureaux partagés dans l’immeuble alors que 28% des Français travaillent chez eux (10% de façon régulière) et cela nécessite aussi d’équiper les quartiers de jardins, de promenades plantés, de veiller à l’existence de cafés etc., pour éviter le sentiment d’isolement de ces types de travailleurs et les pousser à continuer à se socialiser. (pp. 518-519)
Deveremos ter uma intergeracionalidade aliada ou mesmo
embebida numa densificação residencial e urbana e numa mistura funcional
estrategicamente localizadas, a tal «socialisation par frottement», que,
evidentemente, tem de ser sempre extremamente cuidadosa e mais ainda quando
integra pessoas fragilizadas, cujo bem-estar tem de ser devidamente acautelado,
numa coquetail arquitetónico, residencial, multifuncional e urbano que exige
uma apurada qualidade de conceção e de gestão diária.
L’immeuble
équipé pourrait donc s’imposer dans l’avenir, non seulement pour le travail
mais pour les loisirs quotidiens, sportifs ou non, mais aussi par la présence
de mini-crèches, garderies, jardins sur le toit, etc. pour faciliter la vie
quotidienne des jeunes couples, des personnes âgées, des familles recomposées
et des célibataires de tous âges. C’est un véritable dispositif spatial qui
permet de vivre en ville à plusieurs moments de passage de la vie, en ayant un
confort à portée de la main.(pp. 520-521)
Importa considerar a intergeracionalidade como exigência
de uma vizinhançasaudável, encontra-se com a intergeracionalidade integrada num
edifício, e com uma mistura funcional de serviço aos residentes e aos vizinhos,
concentrando-se tudo isto num edifício multifamiliar densificado e equipado,
dirigido para o bem-estar dos seus residentes, mas também dos seus vizinhos e
estruturado por uma noção de « construir no construído », e de
complementar e dar coesão ao existente ; portanto segundo um perfil
intermediário e densificador que integra construção e reabilitação.
6. Aspetos de bem-estar e saúde associados ao projeto de
habitação para pessoas fragilizadas
Na promoção residencial geral e especificamente em processos ligados a pessoas fragilizadas é essencial garantir-se o enquadramento da qualidade arquitetónica das intervenções visando-se, especificamente, melhores condições de bem-estar e de saúde dos residentes, que se reflitam no desenvolvimento e na oferta de tipologias residenciais e urbanas estimulantes em termos de inovação, designadamente, pela oferta de usos mistos e mutuamente vitalizadores e de um ambiente residencial agradavelmente intergeracional ou multigeracional.
(i) Aspetos
a ter em conta na conceção arquitetónica residencial para habitantes
fragilizados
No sentido específico de intervenções residenciais para
seniores e do PHAI3C há já um amplo leque de estudos que integram um conjunto
precioso de indicações prático-teóricas e indicações expressivamente
estruturadoras das vizinhanças e da organização e pormenorização do edifício,
existindo, ainda, estudos que o fazem mas numa fundamental perspetiva de custos
controlados, tal como o trabalho de Joanna Frank e Mark Dean, intitulado Building
Innovation in Affordable Design. (10)
Citando-se, agora, este último estudo, registam-se alguns aspetos
importantes, em termos de bem-estar e saúde, a ter em conta numa intervenção
integrada no PHAI3C:
… there is
significant evidence that the design of where you live has a significant impact
on all aspects of health (pg. 6)
. Designing our
neighborhoods and cities to prioritize car use led to a massive drop-off in
walking and biking. (pg. 10)
. Physical
inactivity has now replaced smoking as the leading cause of preventable death
in the world. (pg. 11)
. Creation of
pocket parks to support multigenerational recreation. (pg. 26) [
neste caso podemos mesmo pensar, por ex., em microbosques]
. A 2014 study
in Los Angeles, showed that pocket parks were cost-effective solutions to
increasing moderate to vigorous physical activity. They also served as safe,
attractive destinations that encouraged walking. (pg. 27)
. Use of
community gardens to support food access and multi-generational sense of
community (pg. 28)
. Vibrant
stairwells… Rooftop hydroponic farm… Outdoor exercise equipment …Art elements +
plantings (pg. 35)
. Using the
design of the building to support active transportation (pg. 36)
. Indoor and
outdoor space for physical activity that is visible, inviting, and suitable for
both adults and children (pg. 38)
. Space
designated for gardening to increase stewardship and maintenance by residents
(pg. 40)
. Stairwells …
highly visible, conveniently located, appealing, and comfortable to encourage
everyday use (42) … A post-occupancy survey of Arbor House residents showed
that 58% of residents reported an increase in the number of flights of stairs
climbed per week… Studies show that stair use can result in a 12-20% reduction
in the death rate from any cause. (pg. 44)
Considera-se que PHAI3C pode e deve ter um significativo
impacto na saúde (ampla) dos seus residentes, podendo, por exemplo, incentivar
os usos pedonais em vizinhanças atraentes e seguras e o uso de escadas bem
desenhadas e pormenorizadas, o que tem provados efeitos benéficos nos utentes
(pois até está provado que escadas bem desenhadas e não excessivas são
preferíveis como exercício físico ao uso de rampas), pode ajudar a harmonizar
as despesas de saúde (mais anos com mais saúde e mais eficácia e menos custo
nos apoios), e, naturalmente, pode ajudar a lidar com a “crise” de falta de
habitação etariamente adequada que marcará as próximas dezenas de anos.
Nesta perspetiva de apoio ao bem-estar dos residentes é
muito interessante o conceito de “edifício ativo”, um edifício estimulante em
termos visuais prospetivos e de condições de acessibilidade, orientação,
conforto e mesmo algum sentido lúdico no seu uso diário e anual (ex. sentir a
passagem das estações do ano e poder sentir acentuadamente datas especiais,
etc.); pretende-se que o PHAI3C ajude a desenvolver vizinhanças e
especificamente edifícios ativos, com influências positivas nas suas envolventes,
e nos seus residentes e outros utentes (ex., pessoal, familiares, visitantes).
Há no documento referido acima, assim como em outros
estudos, um conjunto precioso de indicações prático-teóricas e expressivamente
estruturadoras de vizinhanças e da organização de um dado conjunto edificado realizado
no âmbito do PHAI3C, mas atenção que tais indicações têm resultados globais
extremamente determinantes das respetivas soluções arquitetónicas, por
exemplo, ao nível da crucial opção pela altura mais desejável para os
respetivos edifícios, que devem ser baixos, no sentido de se incentivar o uso
das escadas e ao nível de um urbanismo de pormenor e de vizinhança extremamente
cuidadoso e equipado.
(ii) Aspetos
a ter em conta na promoção da qualidade de vida na perspetiva do idoso e dos cuidadores
e visitantes
Tal como se aponta na tese de mestrado de Anna Lúcia
Cordeiro Baptista Martins Ferreira, que é referida em nota: (11)
“no início da
década de 90, a OMS reuniu um grupo de peritos pertencentes a culturas
diversas, para dar resposta a esta necessidade ; este grupo, chegou a
acordo de que o termo qualidade de vida deve ter em conta três aspectos
essenciais: subjectividade (a definição deve depender da perspectiva do próprio
indivíduo), multidimensionalidade (a definição deve ter em conta diferentes
aspectos ou dimensões) e presença de dimensões positivas e negativas (Fleck
e col., 1999)”. (pg.6)
Importa ter
sempre presente que “a nível biológico, os idosos estão mais susceptíveis a
potenciais problemas de saúde que poderão influir no seu bem-estar e, por
consequência, na sua qualidade de vida (Fernandes, 1996).” (pg.8)
De muitas “definições” sedimentadas e relativas ao
conceito de qualidade de vida, que salientam a respetiva complexidade e o seu
necessário “apuramento” quando aplicado
a seniores, retira-se a grande exigência arquitetónica que tem de marcar as
intervenções do PHAI3C.
Nestas matérias é também fundamental ter em conta
opiniões de cuidadores de idosos, que ficam evidenciadas num estudo que é citado
no último documento referido, e onde se sublinhou que “como condições que
prejudicam o seu bem-estar [dos idosos], a falta de atenção e amor, e
dificuldades em acompanhar os avanços tecnológicos” e referindo como aspetos
que poderiam melhorar a sua qualidade de vida: “a valorização, a preparação dos
jovens para lidar com a velhice, o amor e contacto por parte da família, e a
motivação para aprender.” (pg.8)
Sublinha-se aqui que todos estes aspetos têm lugar na
ideia de intergeracionalidade que marca o PHAI3C.
Fica, ainda, evidenciado, num estudo, também citado no último
documento referido e que visou as redes de solidariedade e interação com idosos
institucionalizados e não institucionalizados, que a maioria dos seniores que
estavam a viver nas suas habitações “revelaram vontade de manter a sua
independência em relação aos seus familiares e continuar em suas casas o mais
tempo possível”. (pg.9)
Uma conclusão bem conhecida, mas que se julga não pôr em
causa a ideia de uma eventual opção livre do idoso por uma habitação mais
“compacta”, funcional, atraente e melhor integrada no espaço urbano, uma
habitação que lhe proporcione a manutenção de boa parte do seu modo de vida
anterior, mas acrescentando-lhe um maior potencial de independência de vida
diária durante muito mais tempo, assim como eventuais aspetos habitacionais
“temáticos” antes inexistentes.
Importa ainda sublinhar, nessa vontade de permanência em
« sua casa », que a eventual opção por mudar tem de ser uma escolha
voluntária e claramente com sinal positivo; um sinal positivo que a
caracterização das novas intervenções e do PHAI3C deve ter em primeira linha,
influenciando na clara atratividade e domesticidade dos ambientes e conteúdos
funcionais disponibilizados; e que a opção por permanecer em « sua
casa » deveria também ser devidamente tratada e disponibilizada,
designadamente, através de « pacotes » de pequenas intervenções de
adaptação a um uso mais seguro e funcional por pessoas fragilizadas.
(iii) Aspetos
globais a salientar na conceção arquitetónica futura e específica para idosos e
pessoas fragilizadas
Segundo o excelente estudo intitulado Non-mainstream
housing design guidance Literature Review, desenvolvido por um amplo
conjunto de autores integrados na Levitt Bernstein Architects, no PRP
Architects e na the Homes and Communities Agency , e que é referido
em nota específica, apontam-se, globalmente ( neste caso sem a referência às respetivas
páginas) alguns importantes aspetos a salientar na conceção arquitetónica
futura e específica para idosos e pessoas fragilizadas. (12)
Antes de passar a uma referência comentada a estes
aspetos, importa registar que, embora estas matérias sejam mais específicas de
uma outra parte do estudo sobre o PHAI3C, mais dirigida para os aspetos
concretos do Programa, julgou-se oportuno ir fazendo estas
« chamadas » diretas a este tipo de aspetos quando se estão a apresentar
e discutir os objetivos mais globais do Programa, pois, tal como já se tem
apontado, este estudo tem um caráter fortemente teórico-prático, sendo
importante ir confrontando objetivos com a sua concretização concreta.
Voltando, então, à abordagem comentada de aspetos a
salientar na conceção arquitetónica futura e específica para idosos e pessoas
fragilizadas, a partir do último estudo referido (em nota bibliográfica), teremos,
designadamente, que sublinhar as seguintes considerações :
Soluções inclusivas - importa destacar
a importância de recomendações gerais de projeto inclusivas; portanto
aumentando os níveis exigenciais da habitação corrente de acordo com princípios
de design inclusivo e associando isto a opções de cuidados flexíveis,
reduz-se a necessidade de habitação especializada e muitos dos aspetos
negativos do « idadismo ».
Nesta perspetiva importa sublinhar que os aspetos de
maior qualidade habitacional ligados, habitualmente, a idosos e condicionados
na mobilidade são úteis e enriquecedores para todos os habitantes,
contribuindo, também, para a importante adaptabilidade das habitações,
designadamente, numa perspetiva multigeracional e sequencial.
Soluções ambientalmente sustentadas – considerando
que pessoas idosas e fragilizadas tendem a passar mais tempo dentro da
habitação, as exigências de durabilidade e sustentabilidade ambiental
devem aqui aplicar-se, pelo menos, com um grau de exigência idêntico ao da
habitação corrente.
Soluções bem localizadas – uma boa
localização urbana, bem próxima a transportes públicos eficazes e
confortáveis e pedonalmente acessível a equipamentos de proximidade é essencial
para o bem-estar de pessoas idosas e vulneráveis.
Soluções adaptáveis – apesar da
importância da resposta a condições específicas a habitação deve poder
responder com alterações minimizadas a diversas e sucessivas ocupações e a
necessidades e gostos mutantes; condição esta que é também amiga dos critérios
de intergeracionalidade.
Soluções espacialmente desafogadas – habitações
correntes, mas um pouco mais espaçosas do que o habitual, devidamente
projetadas em termos de adaptabilidade a mudanças nas formas de uso da
habitação e adequadamente localizadas podem ser adequadas para pessoas idosas,
fragilizadas ou com necessidades religiosas e culturais específicas.
Ainda nesta perspetiva de espaciosidade doméstica e como
as pessoas idosas e mais vulneráveis passam muito tempo em casa, são
fundamentais condições de adequada espaciosidade, capacidade de arrumação e
grande funcionalidade nas tarefas mais exigentes (ex., soluções para secar a
roupa eficazes, evitando-se a sua disseminação pela habitação), vistas sobre o
exterior atraentes e ligação com espaço exterior privado. E nesta perspetiva importa
sublinhar que nem soluções de quartos encerrados exíguos fazem qualquer sentido
(ex., 10m2), nem, pelo contrário, exigências de quartos muito amplos como regra
também não farão muito sentido (ex., 16m2 para uso de cadeira de rodas).
Considerar a prestação de cuidados de uma forma integrada – em situações
de necessidade de prestação de cuidados aos residentes, definidos como
« reduzidos » ou mesmo « médios », está, atualmente, a
evoluir-se de uma tónica nos cuidados mais passivos, relativamente à ação dos
próprios residentes objeto dos cuidados, para soluções associadas a dinâmicas
mais ativas que podem ser seguidas para a promoção do bem-estar e da saúde dos
residentes (ex., edifícios e
vizinhanças que dinamizem o uso de escadas seguras e confortáveis e integrando
excelentes espaços de circulação e pequenas hortas).
Considerar a mudança de habitação mais cedo e por opção – está a favorecer-se
uma importante substituição da perspetiva de uma mudança de habitação realizada
nas idades dos 80 e 90 anos por necessidade, para a mudança de habitação por
opção/escolha, mais cedo, nos 60 e 70 anos; para se mudar para habitações
mais compactas, funcionais e melhor localizadas e apoiadas por equipamentos e
serviços.
Soluções edificadas mais pequenas e humanizadas – a tendência
em habitação para seniores apoiada por cuidados está a favorecer, atualmente,
ambientes gerais com escalas menores e caracterizações humanas e apropriáveis,
em vez de soluções e aproximações maiores e mais institucionais; um caminho
muito compatível com opções de mais escolha, mais flexibilidade, cuidados mais
personalizados, uma aproximação mais cuidada e feita à medida relativamente ao
desenvolvimento de espaços comuns e uma ênfase geral no desenvolvimento do
bem-estar.
Nestas perspectivas, ligadas a edifícios mais baixos, menos
extensos e melhor integrados, privilegiam-se, assim, soluções mais específicas
de cada situação/local, menos tipificadas e mais marcadas por objetivos
« sensoriais » e mesmo « sentimentais », mas não se
sacrificando os aspetos de segurança e funcionalidade ; e naturalmente que
um tal caminho é também, necessariamente, um caminho de uma qualidade
arquitetónica apurada e exigente.
Breves notas de remate
Estas matérias da qualidade de vida e qualidade arquitetónica residencial na habitação intergeracional adaptável foram, assim, introduzidas, neste artigo, numa perspetiva de:
. relação entre a qualidade de vida e a
qualidade arquitetónica e urbana na habitação intergeracional adaptável,
Tendo sido já abordadas, em artigo anterior, numa faceta
de :
. enquadramento
da qualidade de vida e residencial especialmente dirigida para idosos e pessoas
fragilizadas,
e serão desenvolvidas em próximo artigo no âmbito da seguinte
temática:
. relação
entre qualidade de vida e pormenorização
da habitação intergeracional adaptável.
Notas e bibliografia
(1) CABE - Improving the quality of new housing. Londres: Commission
for Architecture and the Built Environment (CABE), 2010.
(2) Eleb, Monique ; Simon, Philippe – Entre confort, désir et normes : le logement
contemporain (1995-2010). Paris :
Ministère de l’Ecologie, de l’Energie, du Développement Durable et de la Mer,
PUCA, Rapport,2012
(3) Berkeley Group
– Creating
successful places: A toolkit.
www.berkeleygroup.co.uk. 2015
(4) ONU-Habitat – Nova Agenda Urbana (Habitat III).
Quito 17 a 20 out 2017 : ONU-Habitat, 2017.
(5)
Department for Communities and Local Government – A Decent Home: Definition
and guidance for implementation. Londres:
Department for Communities and Local Government, 2006.
(6) Stevenson, Sarah – The
rise of niche senior living communities. Senior Living Blog, posted 21 janeiro 2014.
(7) Daily, Laura – UBRCs:
Goodbye Bingo, Hello Blue Books. Why just retire when you can retire with
class(es)? American Association of Retired Persons (AARP)
(https://www.aarp.org), 2008.
(8) co-organized by Yael Allweil, Gaia
Caramellino, and Susanne Schindler - The Terms of Habitation:
Re-theorizing the Architecture of Housing; academic conference for housing scholars and practitioners,
April 20-23, 2020, IIAS Jerusalem and Technion, Haifa, Israel; Convened by the
Research Group “Retheorizing the Architecture of Housing as Grounds for
Research and Practice” at the Israel Institute of Advanced Studies (IIAS).
(9) MVRDV (Winy Maas, coord.); et al – Études 2:
Habiter le grand paris ; Paris Plus Petit. Roterdão : Recherche Design Edition, 2013. Outros
autores a destacar: Jacob VAN RIJS, Nathalie DE VRIES, Jeroen ZUIDGEEST,
Bertrand SCHIPPAN, ArchitecteMichael
LABORY, Andrei FERARU, Monique ELEB, Sabri BENDIMERAD, Philippe SIMON, Patrick
CELESTE.
(10) Frank, Joanna; Dean, Mark – Building
Innovation in Affordable Design. Center for Active Design, SD.
(11) Ferreira, Anna Lúcia Cordeiro Baptista Martins - A qualidade de vida em idosos em diferentes contextos
habitacionais: a perspectiva do próprio e do seu cuidador. Mestrado Integrado em Psicologia,
Secção de Psicologia Clínica e da Saúde, Núcleo de Psicologia da Saúde e da
Doença, 2009.
(12) AAVV; Levitt Bernstein Architects; PRP
Architects; the Homes and Communities Agency – Non-mainstream
housing design guidance Literature review. Londres: Homes and Communities Agency, 2012.
Notas editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de
natural responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer
elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias,
desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos
respetivos autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as
necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar
assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e
tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de
comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia
global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a
respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva
moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e
exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Notas sobre qualidade de vida e qualidade arquitetónica e urbana
na habitação para idosos e intergeracional - versão de trabalho e base bibliográfica # 806
Infohabitar
Edição: quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022,
Infohabitar, Ano XVIII, n.º 806
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola Superior de Belas Artes de Lisboa
–, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do
Porto –, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa.
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a
Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na
Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).
Sem comentários :
Enviar um comentário