https://docs.google.com/document/d/1WzJ3LfAmy4a7FRWMw5jFYJ9tjsuR4ll8/edit?usp=sharing&ouid=105588198309185023560&rtpof=true&sd=true
Notas sobre o enquadramento da qualidade de vida e residencial
especialmente dirigida para idosos e pessoas fragilizadas - versão de trabalho e base bibliográfica # 805 Infohabitar
Infohabitar, Ano XVIII, n.º 805
Edição: quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022
Revisão em 6 de Julho de 2022
Nova série editorial sobre Habitação Intergeracional
Adaptável – artigo i
Caros leitores da Infohabitar,
É com muito gosto que a Infohabitar inicia uma nova
série de artigos, que avançam, exploratoriamente, na matéria da Habitação Intergeracional
Adaptável e Cooperativa, na sequência de alguns artigos introdutórios à
temática de investigação intitulada Habitação Adaptável Intergeracional –
Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C), já aqui editados há algum tempo; mas
agora tratando de avançar no tema, numa perspetiva de trabalho de investigação
em desenvolvimento – e daí o título do artigo “versão de trabalho e base bibliográfica” – , mas que
dará, espera-s,e para poder divulgar e discutir matérias tão interessantes como
urgentes.
Lembra-se, agora especialmente a propósito,
que serão muito bem-vindos os comentários e novas sobre os artigos aqui
editados e propostas de novos artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com , ao meu cuidado).
Enviam-se saudações calorosas
a todos e muito especialmente aqueles, que serão muitos, ultimamente afetados
pela pandemia; desejam-se rápidas e completas melhoras.
Despeço-me, até à próxima
semana, enviando saudações calorosas e desejos de muita força e saúde para
todos os caros leitores e seus familiares,
Lisboa, em 16 de fevereiro
de 2022
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Notas sobre o enquadramento da qualidade de vida e residencial
especialmente dirigida para idosos e pessoas fragilizadas - versão de trabalho e base bibliográfica # 805 Infohabitar
texto geral e imagem de António
Baptista Coelho, a propósito das ideias, textos e opiniões dos numerosos
autores que são registados ao longo do texto
Notas introdutórias ao novo conjunto de artigos
sobre habitação integeracional
O presente artigo é o primeiro de uma série dedicada a uma reflexão
temática exploratória, que integra a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada
à preparação e estruturação de um amplo processo de investigação teórico-prático,
intitulado Programa de Habitação Aadaptável Intergeracional Cooperativa a
Custos Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser desenvolvido,
pelo autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do Laboratório Nacional
de Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Plano de Investigação e Inovação
(P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas nestes artigos são,
apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor do PHAI3C e os
numerosos autores citados no texto.
Neste sentido salienta-se o papel visado para o presente artigo e para os
que lhe darão continuidade, no sentido de se proporcionar uma divulgação que
possa resultar numa desejável e construtiva discussão alargada sobre estas muito
urgentes e exigentes matérias da habitação mais adequada para idosos e pessoas
fragilizadas.
Sublinha-se, assim, que os aspetos mais relevantes desta reflexão
específica, sobre o “enquadramento da qualidade de vida e residencial
especialmente dirigida para idosos e pessoas fragilizadas”, serão, depois de
devidamente trabalhados, ponderados, sintetizados, revistos, discutidos e
melhorados, parcialmente integrados num documento-base de enquadramento do
referido PHAI 3C; salienta-se, assim, o papel de apoio a uma discussão
estratégica e tematicamente focada, que se pretende seja cumprido por este e
outros artigos da mesma série que se espera poder editar na Infohabitar ao
longo de 2022.
Nesta perspetiva e tendo-se em conta a fase
preliminar e de trabalho da referida investigação, salienta-se que a forma e a
extensão do texto que é apresentado no artigo reflete uma assumida apresentação
comentada, minimamente estruturada, de opiniões e resultados de múltiplas
pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua perspetiva temática focada e
por corresponderem a estudos razoavelmente recentes; forma esta que fica
patente no significativo número de citações – salientadas em itálico –, algumas
delas longas e incluídas na língua original.
Julga-se que não se poderia atuar de forma
diversa quando se pretende, como é o caso, chegar, cuidadosamente, a resultados
teórico-práticos funcionais e aplicáveis na prática, e não apenas a uma
reflexão pessoal sobre uma matéria bem complexa como é a habitação
intergeracional adaptável desenvolvida por uma cooperativa a custos controlados
e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.
O referido perfil formal do texto de síntese
e de reflexão temática, realizada, frequentemente, a partir de numerosas
opiniões de outros autores, que se segue, reflete, também, naturalmente, o meu
perfil como investigador: muito dedicado à qualidade residencial em geral e à
qualidade da Habitação de Interesse Social, portanto a uma matéria que engloba
a matéria específica agora mais aprofundada da habitação interegeracional, mas
que neste caso tem de se concentrar numa temática bastante particular e
especificamente muito exigente e que ainda pouco domino em termos específicos,
ficando, portanto, em princípio, um maior desenvolvimento de considerações
pessoais e propositivas para fases mais avançadas e sedimentadas do respetivo
estudo; fases estas que merecerão, também, uma adequada ilustração (condição
esta que, por falta de tempo, teve de ser deixada, agora, para uma fase
posterior) .
Nota introdutória à temática do Programa de
Habitação Adaptável Intergeracional – Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C)
Considerando-se o atual quadro demográfico e habitacional muito crítico,
no que se refere ao crescimento do número das pessoas idosas e muito idosas, a
viverem sozinhas e com frequentes necessidades de apoio, a actual
diversificação dos modos de vida e dos desejos habitacionais, e a
quase-ausência de oferta habitacional e urbana adequada a tais necessidades e
desejos, foi ponderada o que se julga ser a oportunidade do estudo e da
caracterização de um Programa de Habitação Adaptável Intergeracional (PHAI),
adequado a tais necessidades e a uma proposta residencial naturalmente
convivial, eficazmente gerida e participada e financeiramente sustentável,
resultando daqui a proposta de uma Cooperativa a Custos Controlados (3C).
O PHAI3C visa o estudo e a proposta de soluções urbanas e residenciais
vocacionadas para a convivência intergeracional, adaptáveis a diversos modos de
vida, adequadas para pessoas com eventuais fragilidade físicas e mentais, mas
sem qualquer tipo de estigma institucional e de idadismo, funcionalmente mistas
e com presença urbana estimulante. O PHAI3C irá procurar identificar e
caracterizar tipos de soluções adequadas e sensíveis a uma integração
habitacional e intergeracional dos mais frágeis num quadro urbano claramente
positivo e em soluções edificadas que possam dar resposta, também, a outras
novas e urgentes necessidades habitacionais (ex., jovens e pessoas sós), num
quadro residencial marcado por uma gestão participada e eficaz, pela
convivialidade espontânea e social e financeiramente sustentável.
Trata-se, tal como se aponta no título do artigo, de uma “versão de
trabalho e base bibliográfica ” e, portanto, a um artigo cujos conteúdos serão, ainda, substancialmente revistos até se atingir uma versão estabilizada da temática
referida no título; no entanto, em virtude da metodologia usada, que se
considera bastante sólida, marcada pelo recurso a abundantes referências de
fontes, devidamente apontadas e sistematicamente comentadas no sentido da
respetiva aplicação ao PHAI3C, e tendo-se em conta a utilidade de se poder
colocar à discussão os muitos aspetos registados no sentido da sua possível
aplicação prática no PHAI3C, considerou-se ser interessante a divulgação desta
temática/problemática nesta fase de “versão de trabalho”, que, no entanto, foi
já razoavelmente clarificada – como exemplo do posterior tratamento para
passagem a uma versão mais estável teremos, provavelmente, referências
bibliográficas mais reduzidas e boa parte delas em português, assim como
comentários mais desenvolvidos; mas mesmo este desenvolvimento irá sendo
influenciado pelo(s) caminho(s) concreto(s) tomado(s) pelos diversos temas e
artigos que integram, desde já, a estrutura pensada para o designado
documento-base do PHAI3C, que surgirá, em boa parte, da ligação razoavelmente
sequencial entre os diversos temas abordados em variados artigos.
Ainda um outro aspeto que se sublinha marcar, desde o início, o teor do
referido documento-base do PHAI3C (a partir do qual serão gerados vários
documentos específicos: mais de enquadramento e mais práticos) é o sentido
teórico-prático que privilegia uma abordagem mais integrada e exemplificada da
temática global da habitação intergeracional adaptável e cooperativa,
apontando-se exemplos e ideias concretas logo desde as partes mais de
enquadramento da abordagem da temática.
Como estrutura muito provável para
a temática global da habitação intergeracional adaptável e cooperativa
apontam-se, desde já, as seguintes oito matérias principais: introdução geral e
enquadramento do documento no PHAI3C; (i) qualidade de vida e qualidade
residencial (onde se integra o presente artigo); (ii) idosos, cidade e
sociedade; (iii) habitar a vizinhança em intergeracionalidade; (iv) modos de
habitar e intergeracionalidade; (v) intergeracionalidade e usos mistos; (vi)
tipologias habitacionais específicas para séniores e pequenos agregados
familiares; (vii) casos de referência e notas práticas; (viii) notas sobre a
conceção arquitetónica específica para idosos e fragilizados; comentários
conclusivos e de trabalho futuro.
Finalmente, solicita-se a
compreensão dos leitores para lapsos e problemas de edição que, sem dúvida,
acontecem no texto que se segue, mas a opção era prolongar, excessivamente, o
período de elaboração de um texto que, afinal, se pretende seja essencialmente
prático; as próximas edições serão complementarmente revistas e melhoradas.
Regista-se, também, que foram, pontualmente, retiradas, em alguns dos textos citados as numerações relativas a notas bibliográficas específicas desses textos.
Notas sobre o enquadramento da qualidade de vida e residencial
especialmente dirigida para idosos e pessoas fragilizadas - versão de trabalho e base bibliográfica # 805 Infohabitar
Considerando a significativa extensão
do artigo e visando-se a sua consulta mais prática, regista-se, em seguida, o
seu índice temático:
Introdução
1. Uma “nova” qualidade de vida diária e residencial
holística para os idosos, definindo-se uma nova fase de vida até “invejável”
2. Saúde e bem-estar habitacional e urbano especialmente
completos, integrados e favorecidos para os seniores, elementos do pessoal de
apoio e visitantes
3. Qualidade de vida, sua evolução e respetivos custos em
habitação com prestação de cuidados diversificados
4. Sobre os diversos aspetos que caraterizam a evolução
da qualidade de vida numa Europa cada vez mais urbanizada e envelhecida
(i) Desenvolvimento de uma
qualidade da arquitetura urbana expressivamente positiva e pormenorizada
(ii) Existência de agradáveis
jardins urbanos
(iii) Existência de um
agradável espaço pedonal e ciclável
(iv) Desenvolvimento da
atratividade como elemento crucial da qualidade de vida urbana
(v) Existência de uma
estimulante diversidade populacional urbana servida por variadas tipologias
habitacionais
(vi) Considerar que as
famílias são tendencialmente mais pequenas, mas procurando habitações maiores
ou mais espaçosas
(vii) Ter em conta que os
“novos idosos” têm novos hábitos e exigências, mas também têm velhos problemas
5. Dados sobre as tendências e condições de vida,
considerando o envelhecimento da população
6. Sobre a importância do adequado “design” da habitação
e um conjunto de definições úteis de tipos de habitação e de apoios com tónicas
na acessibilidade e na comunicação
7. Sobre as tecnologias de assistência doméstica e os
processos de adaptação habitacional a pessoas fragilizadas
Notas de remate
Resumo
Em primeiro lugar aborda-se a temática de uma
“renovada” qualidade de vida diária e residencial holística, dirigida para os
idosos, no sentido da proposta de uma nova fase de vida até “invejável” e numa
perspetiva de saúde e bem-estar habitacional e urbano especialmente completos e
integrados em termos de várias categorias de habitantes e utentes.
Aborda-se, em seguida, a qualidade de vida, aspetos
da sua evolução numa Europa cada vez mais urbanizada e envelhecida e respetivos
custos em habitação com prestação de cuidados diversificados.
Na parte final do artigo aborda-se a
importância do adequado “design” da habitação, apresenta-se um conjunto de
definições úteis de tipos de habitação e de apoios habitacionais com tónicas na
acessibilidade e na comunicação e aponta-se um leque de tecnologias de
assistência doméstica e de processos de adaptação habitacional a pessoas
fragilizadas.
Introdução
As presentes notas de enquadramento e bibliográficas à problemática
de uma qualidade de vida e residencial especialmente dirigida para idosos e
pessoas fragilizadas, mas sempre considerada numa essencial perspetiva de total
integração social, urbana e edificada, na vizinhança e na cidade, visa uma
contribuição para a definição e divulgação do que pode ser uma “renovada”
qualidade de vida diária e residencial holística para os idosos, para pessoas
fragilizadas e para qualquer pessoa que queira integra-se numa solução
residencial e urbana intergreacional que alie privacidade, convivialidade,
amplo conforto e apios diversos em termos de equipamentos e serviços, definindo-se,
assim, uma verdadeira nova fase de vida que seja, até, verdadeiramente
“invejável”.
Neste sentido o texto que se segue integra e
comenta variadas contribuições de autores e estudos que visam uma tal
“renovada” fase de vida residencial e urbana marcada por condições de saúde e
bem-estar especialmente completas e bem integrados e que tenham em conta,
especificamente as exigências dos habitantes mais sensíveis, das pessoas que
prestem os diversos serviços de apoio e dos visistantes, sublinhando-se, desde
já, a importância ativa destes visitantes, pois estas novas intervenções
residenciais e funcionalmente mistas devem ser maximizadas em termos do seu
papel vitalizador urbano e local.
Tendo-se em conta a sensibilidade e complexidade
desta matéria do fazer de um habitar intergeracional tão específico para idosos
como globalmente útil e integrado, aborda-se a problemática da qualidade de
vida, sua evolução e respetivos custos globais, tendo-se em conta a sua
aplicação em habitação com prestação de cuidados diversificados e os diversos
aspetos que caraterizam a evolução da qualidade de vida numa Europa que está
cada vez mais urbanizada e envelhecida, situação esta que se traduz em
influências bastante diretas nas tendências e condições de vida que marcam o
continente.
Finalmente e embora este texto seja,
essencialmente, de enquadramento à problemática de uma qualidade de vida e
residencial especialmente dirigida para idosos e pessoas fragilizadas,
avança-se, desde já, um pouco nas matérias associadas à importância do adequado
“design” da habitação e da procura tipológica habitacional específica para
soluções intergeracionais – com tónicas na acessibilidade e na comunicação – e
desenvolve-se um avanço prospetivo nas importantes mtérias ligada à assistência
doméstica e aos processos de adaptação habitacional a pessoas fragilizadas;
isto porque se considera que no abordar de uma adequada intergeracionalidade
residencial adaptável a diversos desejos e necessidades residenciais, mesmo
quando tratamos dos aspetos de enquadramento da tamética há, desde logo, que
ter atenção a matérias especializadas e muito exigentes como é o caso das que
foram referidas.
1. Uma “nova” qualidade de vida diária
e residencial holística para os idosos, definindo-se uma nova fase de vida até
“invejável”
Defende-se que a
qualidade de vida dos idosos tem de ser considerada numa perspetiva holística,
tal como apontam Sidney Katz e Barry J. Gurland (1) e tendo em conta,
designadamente, os aspetos específicos associados aos próprios idosos, ao
ambiente em que vivem e às suas anteriores experiências espaciais e temporais,
tendo-se por base uma adequada informação, aos idosos, sobre o que poderá caracterizar,
na prática, uma sua adequada qualidade de vida diária e residencial, e
visando-se, designadamente, os seguintes aspetos particularizados (referidos no
documento registado na nota acima):
. deslocação da habitação de cada um;
. quadros de dependência e risco/perspetivas
de falta de apoio e de medo da morte;
. eventuais riscos de atentados à dignidade e
à autoestima;
. riscos de perdas de afeto e de respeito por
parte de outros;
. e as tensões sempre associadas às mudanças
físicas, mentais, sociais e de estatuto económico e sempre afetando a
autoestima e a identidade de cada um e de cada família.
No
sentido específico do PHAI3C tais considerações são muito sensíveis, seja ao
ter-se em conta a “história de vida” e as “histórias de vida” – o que pode até
facilitar intervenções com uma base residencial anterior marcadamente “comum”
(ex., no caso da pessoa ter habitado numa cooperativa de habitação com sentido
de comunidade e convivialidade), seja visando-se uma nova intervenção que
poderá e deverá apoiar um quadro físico, social, ambiental e de integração
urbana que “pontue” em cada um desses aspetos, tornando a mudança claramente
desejada e até, quem sabe e desejavelmente, “invejada”.
Este
sentido com sinal positivo a marcar o que será, sempre, uma mudança de habitat,
no mínimo, desconfortável parece ser essencial para equilibrar e apoiar uma tal
mudança.
Salienta-se
que o estudo da qualidade de vida avançou, essencialmente, na década de 1980, sendo
que até aqui o conceito era considerado como “abstracto, «suave», e difícil de
operacionalizar”, sendo consequentemente pouco considerado pelas ciências
sociais, que favoreceram medições mais concretas como a mortalidade para
avaliar a eficácia das intervenções e a qualidade da prestação de serviços, tal
como referem Birren, James
Birren e Lisa Dieckmann. (2)
No
sentido específico do PHAI3C talvez que seja necessário partir de uma
redefinição do programa com base numa ampla consideração do que deve ser a
respectiva qualidade de vida; o que é tão complexo como verdadeiramente
importante.
2. Saúde e bem-estar habitacional e
urbano especialmente completos, integrados e favorecidos para os seniores,
elementos do pessoal de apoio e visitantes
Para
se viabilizar uma mudança de habitat que aconteça numa altura mais sensível da
vida de cada um, porque somos idosos e, portanto, temos já gostos e hábitos de
vida bem marcados, par lá de necessidades funcionais específicas (em termos de
eficácia nas lides dométicas, acessibilidade/movimentação, comunicação e
segurança), há que avançar, decididamente, numa múltipla relação entre
bem-estar e habitar e numa aprofundada e adequada definição de bem-estar,
tendo-se em conta nesta caracterização, especificamente, situações concretas em
que se visou e se conseguiu tal relação.
Nesta perspetiva há que aprofundar,
designadamente, o seguintes e bem distintos aspetos, retirados do relatório
intitulado Insights and the Future of Wellness in Senior Living, que é
abaixo referido: (3)
. Desenvolvimento de comunidades
que proporcionem, potencialmente, uma vivência completa/ampla e saudável.
. Oferta de um adequado leque de
tipologias de serviços/equipamentos a disponibilizar, respetivos níveis de conforto/serviço
a considerar, sua priorização e formas positivas de integração (ex., as
questões ligadas ao “serviço” religioso, que podem ser “vitais” para alguns
habitantes, mas que devem ser tratadas com adequada sensibilidade).
. Modos de lidar com e de
integrar as problemáticas associadas às situações de perda de memória e de
falta de orientação.
Considera-se que a saúde e o bem-estar
residencial dos seniores – que podemos considerar profundamente interligadas,
designadamente quando se aborda o PHAI3C – estão ligados, por exemplo, à
previsão de condições tão distintas como as seguintes, apontadas, também, no
mesmo relatório:
. Disponibilização de cuidados
específicos de bem-estar (ex., banhos e massagens).
. Facilitação de refeições verdadeiramente
estimulantes (ex., menu e entretenimento eventualmente associado).
. Prática regular e adequada da
ginástica e do yoga.
.Possibilidade de ir fazendo
pequenas excursões/passeios pelo campo, minimamente acompanhados. Existência de
um pequeno jardim de meditação.
. Promoção de grupos de discussão
cuidadosos e estimulantes (ex., discussão acerca de um livro conhecido).
O leque de aspetos a ter em conta vai variar
entre comunidades, mas deve sempre basear-se numa ampla e adequada definição de
bem-estar diário e residencial, visando-se, quer o dos residentes, quer o dos
empregados nessas comunidades, quer o dos seus potenciais visitantes; só assim
poderemos ter, à partida, um máximo de condições prévias de apoio ao desejado
êxito da operação.
Sobre estas matérias o Mather Lifeways
Institute on Aging (www.mather.com) defende (num estudo de 2013) uma cultura de
bem-estar para residentes, pessoal (equipa de funcionários) e a respetiva
comunidade de integração (que deve ser alargada), que considere a pessoa
completa em termos de corpo, mente e espírito e uma adequada qualidade de vida,
minimizando-se os efeitos da doença e as perdas funcionais e reduzindo-se os
custos com os cuidados de saúde; e sobre esta matéria o referido Instituto
reconhece seis dimensões de bem-estar: físico, social, intelectual, emocional,
espiritual e vocacional; que, naturalmente, deverão ter respostas específicas.
No sentido específico do PHAI3C esta
estruturação de um bem-estar residencial e pessoal tendencialmente completo –
com as referidas seis dimensões: física, social, intelectual, emocional,
espiritual e vocacional –, dependente de cada situação e de cada comunidade e
dirigido para residentes, pessoal e comunidade, é essencial e evidencia,
designadamente, a necessidade de uma gestão competente e ativa, muito sensível
às respetivas e amplas exigências de bem-estar e com uma expressiva capacidade
de diálogo e de acompanhamento diário – aspetos estes que naturalmente evidenciam
o seu possível perfil cooperativista.
3. Qualidade de vida, sua evolução e
respetivos custos em habitação com prestação de cuidados diversificados
Diversos
documentos desenvolvem reflexões globais, frequentemente com base em estudos de
caso, sobre os essenciais equilíbrios entre qualidade de vida, sua evolução e
respetivos custos associados, designadamente, a soluções habitacionais que
integram prestação de cuidados de bem-estar e saúde, apontando-se, em seguida,
aspetos selecionados, nestas matérias, com base num estudo de Pannell, Jenny
Pannel, Imogen Blood e Ian Copeman. (4)
Um aspeto que se salienta é a questão das
incertezas dos residentes em termos de custos devidos, perfil e disponibilidade
de cuidados pessoais e domésticos proporcionados, mudança (no tempo) das
características e serviços disponibilizados e possibilidade de permanência no
local sem limitações; incertezas que se ligam, entre outros aspetos, com a
modalidade financeira de ocupação de cada residente (ex., auto-financiados
parcial ou totalmente) e com uma preocupação recorrente no sentido da
menorização dos gastos próprios, seja por receio de incapacidade financeira no
futuro, seja devido ao objetivo, frequente, de querer deixar herança.
Nesta perspetiva sublinha-se, desde já, que,
por exemplo, os modelos de Housing With Care (HWC) no Reino Unido variam
enormemente em termos de conteúdos programáticos, tipos de custos e serviços
associados :
. desde habitações muito apoiadas associadas
em conjuntos entre 20 a 50 pequenos apartamentos;
. a verdadeiras “aldeias para a reforma” com
maior número de unidades habitacionais, diversidade de oferta, tipos de
uso/posse por vezes mistos e/ou associados a um equipamento residencial para
idosos;
. a conjuntos habitacionais associados a
prestação de cuidados;
. e a tipologias próximas da habitação de
interesse social, ou caraterizadas por uma ampla diversidade de tipos de posse
(ex., tipo leasing) e/ou ainda geridas por associações assistenciais;
soluções estas que, desde já, se consideram como muito interessantes.
Em
termos de reflexões de remate, sempre provisório, nesta matéria fica a ideia de
que muitas questões habitualmente colocadas poderão ter respostas adequadas
através de uma adequada capacidade adaptativa oferecida (física, organizativa,
apoios), bem como pela opção de os residentes participarem na própria gestão diária
e a médio ou longo prazo – uma participação que tem de estar perfeitamente
enquadrada/regulada (e que em alguns aspetos pode ser apenas a nível
informativo e de consulta, por exemplo) –, pela capacidade da organização poder
evoluir em termos de instalações e pessoal e pela capacidade que os próprios residentes
tiverem para participarem em cuidados especiais de assistência (capacidade esta
que pode e deve ser devidamente enquadrada em termos organizativos e
consultivos); e reflexões estas que sublinham a importância de uma muito eficaz
gestão participativa.
Globalmente
e refletindo sobre a importante noção unificada de satisfação e custos
associados a este tipo de soluções, parece haver, por exemplo, no Reino Unido, que
é um dos países mais avançados nestas soluções, uma expressiva satisfação com a
nova qualidade de vida proporcionada por estes novos quadros residenciais,
parecendo provar-se que a “habitação com prestação de cuidados” é muito
adequada, designadamente, para casais preexistentes e em formação, cumprindo-se
necessidades básicas em termos de cuidados, mas desde que não se avançando em
“pacotes” individualizados de cuidados potencialmente caros (p.52 do último
documento referido).
No sentido específico do PHAI3C sublinham-se as características de adaptabilidade física e organizativa que devem marcar unidades privadas e espaços/serviços comuns, a eficácia e proactividade oferecidas pela gestão cooperativa e a relação natural que tem de existir com o mercado, sendo muito sensíveis as questões levantadas pela evolução das necessidades, seja no que se refere à capacidade própria para as custear (ex., seguros e outros tipos de ferramentas), seja no que se refere à boa vivência da respetiva comunidade e sua estimulante integração local.
Fig.
01: uma simulação muito esquemática de um ambiente residencial frio e descontínuo
face a um outro muito mais humano e coeso.
4. Sobre os diversos aspetos que caraterizam a evolução da
qualidade de vida numa Europa cada vez mais urbanizada e envelhecida
No
documento intitulado Ensuring quality of life in Europe's cities and towns
da European Environment Agency (5) desenvolve-se um amplo leque de aspetos sobre
o que se pode entender como qualidade de vida urbana e a sua recente evolução
na Europa.
No
sentido específico do PHAI3C interessa identificar quais os aspetos da
qualidade de vida urbana que parecem ser mais aplicáveis e importantes,
realçando-se e comentando-se, em seguida e neste sentido, alguns temas, que
constam do documento referido, por vezes citados (em itálico ou entre aspas,
com referência às respetivas páginas) e outras vezes reinterpretados e
sintetizados.
Os temas, em seguida, abordados e considerados, no
documento acima referido, como fundamentais em termos de qualidade de vida são:
. a
qualidade da arquitetura urbana pormenorizada;
. a
existência de jardins urbanos e de um significativo espaço pedonal e ciclável;
. o
desenvolvimento da atratividade e da qualidade de vida urbanas;
. a
diversidade populacional urbana e a procura de variadas tipologias
habitacionais de resposta a essa diversidade;
. a
espaciosidade habitacional;
. e,
finalmente, a atenção específica com o cada vez mais significativo grupo etário
e sociocultural dos seniores.
Em seguida e com base em citações do último
documento referido, desenvolvem-se, um pouco mais,
estas temáticas. (negrito nosso)
(i) Desenvolvimento de uma qualidade
da arquitetura urbana expressivamente positiva e pormenorizada
Well designed buildings and
public spaces in a Well planned urban environment can provide attractive,
secure, quiet, clean, energy efficient and durable surroundings, in which
prosperous and healthy communities can thrive in the long term. The World
Health Organization (WHO) considers urban planning an important determinant of
health, and also economic development — as the attractiveness of a city or town
is becoming an increasingly important factor in the decision making process. (pp. 13/14)
Tendo-se em conta o PHAI3C o documento
referido defende, depois, uma integração holística dessas qualidades,
integração esta que se julga ser apenas possível através de excelentes projetos
de Arquitectura Urbana de edifícios e respetivas vizinhanças de proximidade e
integração.
Ainda em termos de uma adequada Arquitetura
Urbana sublinha-se o essencial sentimento de segurança que deve ser
proporcionado nas intervenções, porque:
(…)
feeling safe in the neighbourhood is likely to increase levels of physical
activity. Natural features, especially in underprivileged neighbourhoods, can
encourage people to walk, cycle and play outdoors and socialise, so
facilitating social integration. (p. 14)
E
naturalmente as condições de conforto ambiental pois:
Adequate
housing conditions are also important determinants of quality of life. People
living in low standard buildings with poor energy performance and in 'fuel
poverty' experience problems with both excessive cold and heat. Cold is a major
cause of winter death, particularly amongst the elderly. Cold, poor ventilation
and inadequate heating contribute to dampness and consequent health problems.
Poor indoor air quality, poor construction, poor maintenance of housing and
individual lifestyles all influence residents' health.(p. 14)
(ii) Existência de agradáveis jardins
urbanos
Studies
of eight European cities show that people who live in areas with abundant green
open space are three times more likely to be physically active and 40 % cent
less likely to be overweight or obese (Ellaway et al., 2005). Green areas are
important for health because they: allow for contact with nature, promote
recovery from stress, are beneficial for mental health and help improve
behaviour and attention in children; improve air quality and help reduce heat
stress; encourage people to be physically active. (p. 17)
Em termos do PHAI3C julga-se que este
parágrafo é bem claro em termos das condições de vizinhança essenciais para este novo Programa.
(iii) Existência de um agradável espaço
pedonal e ciclável
Good
quality, accessible and safe walkable neighbourhoods encourage daily physical
activity such as walking and cycling. These factors help combat the health
impacts of sedentary lifestyles, especially in relation to obesity and
cardiovascular disease. Public green open space provides opportunities for
exercise. People are more likely to walk, cycle and play in natural spaces,
enjoying the benefits of physical activity and social interaction. The quality
of transport infrastructure has a major influence on walking and cycling in
cities, but it does not explain all differences. Other factors such as city
structure, safety, geography and cultural needs should be considered as well. (p. 19)
Em termos do PHAI3C julga-se que este
parágrafo é bem claro em termos das condições de vizinhança que são
consideradas essenciais para este Programa.
(iv) Desenvolvimento da atratividade como
elemento crucial da qualidade de vida urbana
Making
cities more attractive by enhancing the factors — social, cultural, economic
and environmental — that contribute to quality of life stimulates people to
live in the cities themselves, which keeps cities compact and avoids urban
sprawl. ... (pg. 54)
Urban
areas need to provide for their citizens the foundations for choices leading
towards more sustainable life styles, such as affordable housing in more
compact urban areas that provide high quality public spaces and a healthy
environment. (pg. 103)
Há aqui um apontar de possíveis intervenções
(do PHAI3C) que contribuam para a sustentabilidade urbana e local, numa
perspetiva ampla e completa – e isto ainda que os pequenos fogos sejam mais
“gastadores” em termos de instalações.
(v) Existência de uma estimulante
diversidade populacional urbana servida por variadas tipologias habitacionais
(pg. 27)
Cities
with the fastest population growth are those with the smallest share of elderly
people. However, in many Mediterranean cities population growth has continued
in parallel with an aging population due to retired newcomers: the 'sun
seekers'.
Throughout
Europe there is also a trend towards smaller households, and therefore more
households.
... Developments in cities show that one person households gravitate towards urban
centres, while in most cities families with children are leaving the urban core
and settling in the surrounding suburbs.
São parágrafos bem interessantes tendo-se em
conta a identificação das tipologias preferenciais a conjugar no PHAI3C.
Different
population groups — old and young, poor and rich, native and immigrant — have
individual lifestyles, and different ideas, perceptions and expectations of
quality of life. All influence urbanisation
and consumption patterns.
Este aspecto tem de marcar fortemente a
adaptabilidade das unidades privadas do PHAI3C, bem como a espaciosidade e
versatilidade dos seus espaços comuns e os aspetos globais de conforo
ambiental, designadamente,ao nível do isolamento e da privacidade.
(vi) Considerar que as famílias são
tendencialmente mais pequenas, mas procurando habitações maiores ou mais
espaçosas
... although the
number of persons per household is declining, the average living space in new
dwellings is tending to increase across Europe. (pg. 31)
Estas noções irão influenciar diretamente os
aspetos dimensionais das habitações do PHAI3C, anulando, desde já, critérios de
espaciosidade mínimos, quando não bem delimitados a determinados espaços
habitacionais específicos e no sentido de uma concentração espacial estratégica
noutras zonas da habitação.
(vii) Ter em conta que os “novos
idosos” têm novos hábitos e exigências, mas também têm velhos problemas
The
consumer behaviour of older people is not the same as that of other younger
groups as they generally have different needs and different financial and
physical capacities… The baby boomers of the
1980s will probably continue to drive cars when retired. Eurostat statistics
show, that older people on holiday make on average the most and longest trips
(Eurostat, 2008b). Nevertheless, a sizeable proportion of the older population
will have some type of disability …
É este novo idoso, com novos hábitos, mas com
velhos problemas que constituirá o habitante idoso da mistura etária que deve
marcar o PHAI3C.
5. Dados sobre as tendências e condições de vida, considerando o
envelhecimento da população
Tal
como é apontado no documento editado por Anthony B. Atkinson e Eric Marlier (6) , uma maior esperança de
vida e a ocorrência de menos nascimentos levam a que os idosos constituam,
progressivamente, uma parte mais significativa da população, sendo essencial
dedicar mais atenção ao seu bem-estar e condições de vida, considerando,
especificamente, as suas necessidades e os seus desejos.
No
documento referido refere-se, também, que nos países do Sul da Europa é muito
mais comum os idosos viverem com pessoas sem serem um parceiro e frequentemente
com filhos adultos; ficando a dúvida se tais situações de famílias
multigeracionais resultam de preferências socioculturais ou de limitações
económicas; matéria esta que pode interessar no PHAI3C.
A
tendência ao isolamento social dos seniores parece começar a ser crítica e fica
evidenciada, a título de exemplo, nos seguintes tipos de indicadores usados
para a medir em alguns estudos sobre a matéria: (i) falta de capacidade para
pedir ajuda quando necessária; (ii) nunca se encontra com familiares; (iii)
nunca se encontra com amigos; (iv) sem contato com familiares; (v) sem contato
com amigos; (vi) combinação de (ii) a (v) – elementos considerados muito
importantes e constantes da última obra citada, (pg. 231).
Considera-se
que, nesta matéria e tendo em conta especificamente o PHAI3C uma residência
intergeracional baseada, pelo menos parcialmente, em alguma partilha de gostos
e/ou hábitos pode “pontuar” direta e muto positivamente nos referidos indicadores
(i), (iii) e (v).
O
isolamento social tende a aumentar com a idade; e na velhice o relacionamento
com os parentes ganha importância, bem como a existência de um apoio informal,
mas razoavelmente eficaz, que garanta ajudas tão estratégicas como não
intrusivas.
Um aspeto que é apontado no último estudo referido e
que se considera bem interessante é que a intimidade "cibernética"
está a aumentar, pois as pessoas tendem a ter contatos virtuais mais numerosos
do que os tinham quando não existiam as TIC
(Tecnologias de Informação e Comunicação) e os contatos eram essencialmente
pessoais ou telefónicos mas bastante limitados; e, por outro lado, parece que
os contatos virtuais e os encontros pessoais tendem a reforçar-se, mutuamente.
Uma situação que, julgo, será naturalmente muito facilitada e dinamizada quando
temos apoio técnico fácil no uso diário e corrente/intenso das novas TIC –
condição esta que é mais facilmente habilitada em maiores concentrações
habitacionais conjugadas por uma gestão local eficaz.
Globalmente
e tal como se aponta no último estudo referido, os contatos sociais têm um
papel significativo na nossa busca pela felicidade; pois, tal como é apontado,
dar aos outros também parece ser um presente para quem dá, podendo-se concluir
que aqueles que ajudam os outros, por exemplo através de trabalho voluntário,
tendem a ser mais felizes. E assim as atividades sociais, tanto ao nível
pessoal quanto ao nível da comunidade, provavelmente tenderão a tornar as pessoas
felizes e satisfeitas; sendo esta uma conclusão bem importante ao nível de uma
pequena comunidade integrada no PHAI3C.
6. Sobre a importância do adequado “design” da habitação e um
conjunto de definições úteis de tipos de habitação e de apoios com tónicas na
acessibilidade e na comunicação
Tendo em conta o desejável serviço ao
bem-estar e à qualidade de vida do conjunto dos habitantes com menor capacidade
financeira e visando-se uma estratégica conjugação de esforços e de medidas
oficiais importará desenvolver o apoio ao habitar dos seniores logo na própria
promoção de habitação de interesse social (HIS), tornando-a, tendencialmente,
uma “habitação para a vida”, tal como é defendido por Gwendolyn Wright. (7)
No sentido específico do PHAI3C importa
aproveitar esta reflexão se quisermos,
como queremos, que o PHAI3C tenha a maior utilidade possível como nova “tipologia”
de Habitação de Interessse Social (HIS).
Em seguida e a partir de citações do referido
documento de Gwendolyn Wright, sublinha-se a importância de um adequado design
na promoção de uma HIS que apoie os mais sensíveis e fragilizados,
designadamente, através de um conjunto de aspetos que são em seguida apontados.
. As
many practitioners and scholars have documented, good design is not elusive or
subjective. Four themes characterize the best practices, whatever the era,
scale, aesthetic, or auspices. [escala, estética e sinais/marcas]
. The
direct involvement of residents encourages better design. Diverse groups have
asserted their distinctive needs and preferences, sometimes challenging the
architects’ priorities and the power of cultural norms.
. Focused
research helps designers explore alternative technologies and strategies that
lower costs, set design guidelines, increase residents’ satisfaction, and spur
innovation.
. Good
site planning extends from adjacent buildings to the entire metropolitan
region. People in affordable housing often need nearby jobs, shopping,
transportation, childcare, good public schools, parks, cultural activities,
health facilities, counseling, and other supportive services. As Xavier de
Souza Briggs puts it, “Neighborhoods can matter (as locations) even when
neighbors do not” (Briggs, Popkin, and Goering, 2010: 20).
Parece ficar, assim, sublinhada, quer a
importância da dinâmica cooperativa, como elemento de participação em cada
intervenção específica do PHAI3C, quer a importância de um excelente processo
de projeto de Arquitectura urbana e, associadamente, de apoio público e
designadamente municipal à identificação de localizações verdadeiramente
adequadas para os futuros residentes e para a introdução local estratégica de
atividades integradas nos conjuntos do Programa.
Sobre esta temática foi realizado por Margie
Scotts, Kay Saville-Smith e Bev James, e é aqui referido e amplamente citado, um
extenso estudo com âmbito mundial (8), no sentido específico do PHAI3C este
estudo contém inúmeros aspetos de interesse, entre os quais um conjunto muito
útil de definições relativas a aspetos de acessibilidade com sentido amplo
entre as quais se apuraram as que são, em seguida, citadas.
- Universal design - An
approach to the design, construction and adaptation of standard housing to meet
the needs of all home owners regardless of their age, ability, or social
situation. Universal design benefits all age groups... (pg. 3)
- Life Span
Housing - Housing that can accommodate changes in human ability over a
person’s lifespan, enabling the occupants to live and remain in their homes as
long as possible. Also known as Lifetime Homes in the United Kingdom, Lifecycle
Housing in Norway and Adaptable Housing in Australia. (pg. 3)
- Inclusive
Design - A way of designing products and environments so they are usable by
everyone regardless of age, ability or circumstance ... (pg. 3)
- Barrier-free
Design - ... Barrier-free design ensures that the whole
built and transport environment meets the needs of people with physical,
sensory or cognitive disabilities. (pg. 3)
- Incentives for Accessible Housing - The use of incentives by governments to increase the supply of accessible housing is less common than regulation...
- A number
of points emerge from a review of incentives around building access for
disabled people: (pg. 7)
. Private
sector housing developer engagement relies on substantive financial or planning
benefits being available.
. Difficulties
in achieving good quality aesthetic design as well as functionality are widely
reported as an issue.
. ... there is still generally weak market take-up
of universal design housing, ...
- Life
Time homes incorporate design features for accessible and adaptable housing in
any setting to increase choice, independence and longevity of tenure... (pg. 9)
- Modification
programmes focus on meeting individual needs and provide either grants or low
cost loans for building and other work to be carried out. The most common access
modifications to existing housing are mobility related – the installation of
ramps, widened doorways, grab rails and push bars, modified taps and other
plumbing fittings, adapted telephones and various types of alarm. (pg. 10)
- Assistive
technologies (AT) are well known to people with severe or moderate disability ...One of the
new developments in housing, however, is not the specialised assistive
technologies traditionally used by disabled people, but the integration of a
variety of AT devices and systems into standard housing ... (pg. 13)
- Smart
Homes - Built-in devices and systems run by a central computer. Typically
include remote control and sensor activated devices, time-of-day dependant
heating and lighting, internal and external lighting, automatic doors, windows,
home security alarm systems, and/or telemedicine systems. (pg. 13)
- Tele
Medicine - Monitors for heart beat, breathing, blood pressure etc, linked to
hospital assistance services. For people needing continuous check ups. (pg. 13)
- Community
Alarms - Typically focused on safety in the home with passive sensors or alarms
connected to a call centre... Tele Care can
also be as simple as regular telephone calls to check on a person’s wellbeing.
(pg. 13)
- Teleaid -
Alarms, either user or automatically triggered. (pg. 13)
- Telechecking
- Regular wellbeing checks by telephone. (pg. 13)
- Telemonitoring
- Telephone monitoring and devices that provide remote monitoring of health
status (e.g. heartbeat and breathing). (pg. 13)
7. Sobre as tecnologias de assistência doméstica e os processos
de adaptação habitacional a pessoas fragilizadas
Utilizando,
ainda, citações do mesmo estudo de Margie
Scotts, Kay Saville-Smith e Bev James referem-se alguns aspetos julgados muito oportunos no
âmbito do PHAI3C e referidos especificamente às Assistive technologies (AT) e
aos processos de adaptação habitacional e respetivos papeis no bem-estar dos
residentes: (9)
- Although
the use of AT in the homes of disabled people is not yet widespread, there are
several trends that indicate uptake may potentially be far greater in the
future. These trends are: (pg. 14)
. The cost
of devices and systems is reducing ...
. The next
generation of disabled and older people are more open to using technology ...
. Wireless
technology and mobile phones are reducing installation and maintenance costs
and have the potential to eventually do away with the need for costly fixed
wiring installations.
. As more
universal design housing comes into the market, the cost of fitting AT and
necessary modifications will reduce...
. The
easiest homes to adapt were found to be ground floor flats or bungalows with
two bedrooms or more, ...
. The
most difficult or costly to adapt are older one bedroom or bed-sit properties,
two storied houses, houses with changes in floor level, houses with restricted
internal layout, small bathrooms with no room for enlargement and restricted
space around the outside of the property for ramps, scooters and extensions.
. The most
costly AT to install were lifts and hoists, which require modification of the
building and the cheapest were grab rails (Tinker et al., 2004).
Isto leva a pensar que,
considerando-se os conjuntos do PHAI3C não se deve exagerar nada nem em
habitações pequenas nem em edifícios altos.
- When
looking to the future for accessible housing for people with disabilities,
several key points emerge from this review : (pg. 17)
...
. Housing
modification schemes are unlikely, in current form, to be a sufficient response
to meet growing need.
. Universal
design features do not meet all the housing needs that arise for people with
moderate or severe individual disabilities. The need for customised
modification will remain.
...
. The
current generation of younger disabled, and the next generation of older
disabled people are more open to use of assistive technologies.
. Mainstreaming
new accessible housing design through regulation will have a limited effect in
the short to medium term. Most disabled people will live in existing stock.
. Consumer
resistance to universal design homes is definite but on evidence, can be
overcome with attention to good aesthetic design.
...
Estas conclusões são importantes pois fazem
destacar a importância de uma habitação globalmente acessível mas
potencialmente adaptável num largo espectro de modificações, bem adequadas a
essa procura bem diversificada.
Notas de remate
Estas matérias da qualidade de vida e qualidade arquitetónica residencial na habitação intergeracional adaptável foram, assim, introduzidas, neste artigo, numa perspetiva de:
- enquadramento da qualidade de vida e residencial especialmente dirigida para idosos e pessoas fragilizadas,
- e serão desenvolvidas em próximos artigos no
âmbito das seguintes temáticas:
. relação entre a qualidade de vida e a qualidade
arquitetónica e urbana na habitação intergeracional adaptável,
. e relação entre qualidade de vida e a
pormenorização da habitação intergeracional
adaptável.
Notas e bibliografia do artigo
(1) Katz,
Sidney; Gurland, Barry J. – Science of quality of life of elders:
challenge and opportunity. In: Birren, James; et al (org.) – The concept and
measurement of quality of life in the frail elderly.* Cambridge, Massachusetts: Academic Press, 1991, p. 335.
(2) Birren, James; Dieckmann, Lisa - Concepts and
Content of Quality of Life in the Later Years: An Overview. In: Birren, James;
et al (org.) – The concept and measurement of quality of life in the frail
elderly. Cambridge, Massachusetts: Academic Press, 1991, p. 344.
(3) Insights
and the Future of, 2016. Wellness in Senior Living.
Chicago, Senior Housing News
(4) Pannell, Jenny; Blood, Imogen; Copeman,
Ian; The Housing and Support Partnership – Affordability, choices and quality
of life in Housing With Care (HWC).York: The Joseph Rowntree Foundation, 2012.
(5) European
Environment Agency; AAVV – Ensuring quality of life in Europe's cities and
towns. Luxemburgo: EEA Report No 5/2009,
Office for Official Publications of the European Communities, 2009. Relatório
escrito e compilado por diversos autores de um amplo conjunto de entidades e
coordenado e editado por Birgit Georgi and Ronan Uhel (EEA), apoiado por David
Ludlow (University of the West of England, Bristol) e Michelle Dobré
(University of Caen‑Normandy, Centre Maurice
Halbwachs).
(6) Atkinson, Anthony B.; Marlier, Eric (ed.) – Income
and living conditions in Europe 2010. Luxemburgo: Eurostat European Commission,
Publications Office of the European Union, 2010
(7) Wright, Gwendolyn – Design and
Affordable American Housing. Columbia University, US Department of Housing and
Urban Development, Office of Policy Development and Research: Cityscape, Volume
16, n.º 2, 2014.
(8) Scotts, Margie; Saville-Smith,
Kay; James, Bev – International trends in accessible housing for people with
disabilities: selected review of policies and programmes in Europe, North
America, United Kingdom, Japan and Australia. Working
Paper 2. Wellington e Auckland: Centre for Research, Evaluation and Social
Assessment (CRESA), Auckland Disability Resource Centre, Centre for Housing
Research Aotearoa New Zealand (CHRANZ), 2007.
(9) Scotts, Margie; Saville-Smith, Kay; James, Bev – International trends in accessible housing for people with disabilities: selected review of policies and programmes in Europe, North America, United Kingdom, Japan and Australia. Working Paper 2. Wellington e Auckland: Centre for Research, Evaluation and Social Assessment (CRESA), Auckland Disability Resource Centre, Centre for Housing Research Aotearoa New Zealand (CHRANZ), 2007.
Notas editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos
artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo
editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um
significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e
comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos
respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva
responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de
natural responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer
elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias,
desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos
respetivos autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as
necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar
assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e
tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de
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global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a
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moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e
exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Notas sobre o enquadramento da qualidade de vida e residencial
especialmente dirigida para idosos e pessoas fragilizadas - versão de trabalho e base bibliográfica # 805 Infohabitar
Edição: quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022
Infohabitar, Ano XVIII, n.º 805
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola Superior de Belas Artes de Lisboa
–, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do
Porto –, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa.
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a
Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na
Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).
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