Infohabitar, Ano XV, n.º 702
Esboços recentes de árvores e edifícios II – Infohabitar 702
por António Baptista Coelho (imagens
e textos)
Nota prévia:
A Série “Habitar e Viver
Melhor”, assim como outras temáticas teórico-práticas nas áreas
específicas da “arquitectura do habitar” - matéria, como sabemos, “central” na
edição da Infohabitar - serão retomadas dentro de algumas
semanas, salientando-se que, por agora, a nossa revista continuará a desicar-se
a uma edição "multicomentada" de esquissos/desenhos, seja numa
perspectiva da própria prática do desenho livre, seja considerando os aspectos
de arquitectura e de habitar que estejam, eventualmente, associados a cada tema
desenhado.
O editor da Infohabitar
Retomando-se o que é já uma tradição da
Infohabitar continua-se a edição de alguns esboços recentes, associando-se, por regra, sintéticos comentários informais, julgados oportunos,
seja numa perspetiva de Arquitectura/habitar (quando adequado), seja
considerando notas informais no sentido do próprio fazer do esboço/desenho, aqui, sublinha-se, numa perspetiva de clara informalidade e sentido prático - eventualmente útil a quem, como o autor, continua a desenhar numa base diária, procurando, sempre, alguma melhoria (ainda que esta, sendo sempre relativa, exige muita paciência e obrigaria a muitas mais horas de prática).
Salienta-se que boa parte dos esboços aguarelados que se seguem foram realizados na zona central e
"verde", do bairro de Olivais Norte em Lisboa, um bairro modernista
exemplar (de cerca de 1955/1965, considerando o respetivo projeto), e talvez "o bairro" modernista exemplar português, que é
urgente requalificar e dar a conhecer pois alia a uma excelente qualidade de vida e a uma arquitetura urbana original e extremamente qualificada, uma evidente atualidade nas suas
preocupações de sustentabilidade ambiental - ex., intervenções multidisciplinares integrando arquitetos paisagistas integração expressiva de verde urbano em grande "manchas" mais simples de manter, orientação dos edifícios segundo o movimento aparente do Sol de modo a "rentabilizar" a respetiva insolação dos espaços das habitações.
Fig. 01: Como um "teatro" a primeira fila de grandes árvores prepara e enquadra a "cena" de sequências bem "coladas" de espaços verdes e edificados, espaços estes onde as árvores são já mais pequenas e existem também grandes arbustos. Fotografou-se todo o caderno para se ter uma ideia da versatilidade associado ao desenho num caderno A6, que desdobrado, como é o caso, permite desenhos A5 (já razoáveis em termos dimensionais); cabe num bolso e numa pequena bolsa, vai connosco para todo o lado sem problemas e guarda os desenhos em segurança - atenção que nem todos os desenhos que têm sido aqui apresentados foram realizados neste formato, havendo uma variação entre o A6 e o A3 (menos frequentes).
Fig. 02: É aqui bem patente a mistura orgânica. "natural" e visualmente estimulante de diferentes espécies de verde urbano (árvores maiores e menores, grandes e pequenos arbustos e cobertura de solo). O esboço/desenhoprocurou usar, com alguma naturalidade, os negros nas sombras próprias e projetadas; e conseguiu-se neste esboço uma tonalidade global julgada interessante, entre os verdes e so castanhos rosados.
Fig. 03: O, já referido, "entremear" entre grandes blocos duplos - fundidos por extensas galerias comuns com acessibilidade alternativa (é também possível aceder aos fogos por comunicações verticais) - e conjuntos de árvores e grandes arbustos que propiciam uma estimulante paisagem de proximidade ás habitações contíguas. No esboço procurou-se jogar com um estimulante contraste entre traços bem "negros" e zonas texturadas com tais traços (mais em primeiro plano) e manchas de cor razoavelmente uniformes, sendo tal uniformidade mais marcante nas paredes dos edifícios - a construção é naturalmente muito mais uniforme nas suas cores do que os elementos da natureza.
Fig. 04: sendo embora este artigo dedicado ao tema da relação entre árvores e edifícios, esta imagem quer relevar o interesse da existência de paisagens "naturais" humanizadas e parcialmente "construídas", em que a escala de uso e de imagem é muito dada pelos bancos de jardim e mesmo pela dimensão do perfil dos respetivos caminhos. O desenho, premeditadamente, muito livre e "simplificado", procurou apostar nos contrastes naturais entre algumas manchas e o traçar em primeiro plano, neste caso servido pelo uso de "marcadores".
Fig. 05: é extremamente interessante proporcionar num meio urbano consolidado a possibilidade de deambular, prazenteiramente, por caminhos cujos meandros construídos nos fazem lembrar percursos mais naturais, numa natureza "reforçada", projetualmente (arquitetura pisagista) em termos de cores e de texturas distintas; e o desenho investe nestes aspetos, desde a procura do evidenciar do "caminho", que nos leva a mergulhar no desenho, à perspetiva tentada com tal caminho, com as árvores e com a maior nitidez em primeiro plano e menor no fundo, e ainda com o aproveitar das texturas pormenorizadas e expressivas e as cores quentes em primeiro plano.
Fig. 06: trata-se aqui de um apontamento muito livre (faltam as pequenas vias de acesso local) dedicado aos impasses residenciais que envolvem o coração "circular" de Olivais Norte, constituídos por alongadas e muito humanizadas bandas de edifícios arquitetonicamente despojados, mas que se "casam" perfeitamente com uma extensa mancha de pinhal. Árvores e edifícios numa integração que se procurou apontar neste esquisso aguarelado.
Fig. 07: árvores e edifícios, dando-se primazia àquelas no coração/pulmão "verde" do Bairro de Olivais Norte, num ensinamento ainda hoje bem vivo e excelente em termos de qualidade de vida diária que, infelizmente, pouca "escola" fez. O desenho procurou sublinhar o espetáculo sazonal e diário das estações, estando os velhos ainda atrasados na sua folhagem no início da Primavera; o desenho apostou nos traços negros e acentuados que procuram seguir as expressivas verticais livremente ramificadas dos altos e velhos choupos.
Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
(ii) De acordo com o mesmo
sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e
científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito
significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver
com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo
GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à
respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas
e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Infohabitar, Ano XV, n.º 702
Esboços recentes de árvores e
edifícios II – Infohabitar 702
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL, doutor em Arquitectura/FAUP –
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Investigador Principal com
Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no LNEC
Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para
a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na
Federação Nacional de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).
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