Pequenos Comentários
Infohabitar #1
Um peão um pouco triste I
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Infohabitar #1
(Nota explicativa: edita-se esta opinião pessoal, abrindo-se, informalmente, uma secção “informal” e, portanto, “não
numerada” da Infohabitar, que, promete-se, será tematicamente muito ampla)
Há alguns anos, quando se iniciou,e muito
bem, em Portugal,a introdução dos circuitos cicláveis ou para ciclistas, tive a
oportunidade de referir em alguns encontros técnicos, uma preocupação pessoal e quase perplexidade (“positiva”, é claro), relativa à ausência
ou quase ausência, numa salutar simultaneidade, de medidas de expressiva dinamização
da circulação pedonal, naturalmente, em eficaz integração com uma adequada e
tendencialmente melhorada estrutura de
transportes públicos (funcionais e durante toda a semana);
e lembro-me de lembrar (desculpem-me a
expressão) que uma melhorada e eficaz estrutura pedonal também tinha e tem,
suplementarmente, um extraordinário potencial em termos de uso lúdico e em
lazer da cidade, o tal fundamental “flanar”por uma cidade do vagar, que, não
tenhamos dúvidas, dá muita vida à cidade e para ela ganha muitos habitantes (em
estadias e percursos frequentes e prolongados), desde os jovens aos mais idosos,
proporcionando, como “suplemento de alma” funcional (desculpem novamente a
expressão) verdadeiros ganhos de eficácia e de dinâmica urbana na vida da
cidade, dos seus bairrros e das suas vizinhanças; e uma estrutura pedonal que,
em boa parte, já existe, faltando, essencialmente, “atar” continuidades estratégicas,
e equipar pontual e também estrategicamente, seja em termos de mobiliário e
verde urbanos, seja na vital ligação a transportes públicos funcionais (e faltando, também, divulgar adequadamente essas continuidades).
Hoje em dia, quando se assiste a uma
introdução muito expressiva de novos apoios à circulação em bicicleta – e muito
bem, pois o objetivo evidente e positivo é tentar torná-la uma verdadeira alternativa
aos outros tipos de mobilidade – não deixa de ser, pouco agradável
e, julga-se, pouco adequado que os bem “velhos peões” se vejam “invadidos”, nos seus velhos passeios,
por novos percursos “oficializados”, inclusive com “passadeiras” em plenos
passeios, que parecem dar prioridade ao ciclista. E então agora, para além dos veículos
motorizados o peão tem de deixar passar as bicicletas a não ser nas respetivas “passadeiras”;
mas pensar no peão, nas suas condições, nos seus circuitos e nas suas
continuidades e prioridades, parece que ficou para outras calendas ou então não se
trata de preocupação prioritária!
Que ninguém veja neste texto algo contra a
introdução do tráfego ciclista na cidade, nem tal faria qualuer sentido,
evidentemente; vejam,
apenas, a amargura de um peão convicto que continua a sentir-se esquecido e que
agora, para além dos automobilistas tem também de ter expressivo cuidado com os ciclistas;
e, já agora, lembrem-se de desenvolver e divulgar, adequadamente, “regras” de
convivialidade entre os diversos tipos de tráfego urbano antes de começarem a
acontecer numerosos problemas graves
(mas que sejam “regras” verdadeiramente adequadas e funcionais).
António Baptista Coelho
(uma opinião estritamente pessoal)
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