terça-feira, agosto 05, 2014

494 - Equilíbrios dimensionais e de privacidade na habitação - Infohabitar 494

Artigo LVI da Série habitar e viver melhor

Infohabitar, Ano X, n.º 494

Equilíbrios dimensionais e de privacidade na habitação

António Baptista Coelho

Nota inicial:
Os temas em seguida abordados, foram desenvolvidos, pelo autor, para o estudo “Guia do comprador de habitação”, editado pelo Instituto Nacional de Defesa do Consumidor de Portugal em 1991.

Equilíbrios dimensionais e de privacidade

Desenvolvem-se, em seguida, algumas considerações sobre o equilíbrio com que se distribui o espaço na habitação e as respectivas consequências na adequação aos tipos de família e de modo de vida.
Diversas situações-tipo a considerar:

Os quartos, a sala e a cozinha têm dimensões razoáveis e habituais.

Importa, no entanto, ter em conta o que consideramos como dimensões razoáveis e habituais nos principais compartimentos habitacionais, uma matéria que nos pode levar longe; sendo aqui, para já, apenas referido, que nesta consideração não deveremos ter em conta dimensões de áreas e de extensões lineares mínimas, ou mesmo pouco acima das mínimas – e assim teremos, por exemplo cozinhas com cerca de 10 m2, quartos com cerca de 12m2, salas polivalentes com cerca de 20m2 e ausência de dimensionamentos lineares (ex., larguras de compartimentos) mínimas, que são aquelas associadas a situações em que o respetivo mobiliário corrente deixa muito pouco espaço de sobra para circulação e/ou mobiliário complementar.
Um dimensionamento deste tipo poderá servir muitas formas de viver, mas temos de considerar que não será financeiramente possível desenvolver todas as promoções habitacionais com este desafogo espacial.

Quartos pequenos, mas sala e cozinha espaçosas   

Os quartos são mais pequenos, mas a sala e a cozinha são maiores; a casa favorece famílias com filhos pequenos ou com vida social activa (recebendo frequentemente amigos e familiares).

Quartos espaçosos, mas sala e cozinha mais pequenas

Os quartos são maiores e a sala e a cozinha mais pequenas; a casa favorece famílias com fihos crescidos ou vivendo com familiares idosos; também acolhe bem actividades profissionais no domicílio, desde que um dos quartos seja relativamente independente (acessível da porta da rua).

Um dos quartos é maior do que os outros

Um dos quartos é significativamente maior do que os outros; a casa favorece famílias com hábitos tradicionais relativamente a um tratamento preferencial do "quarto de casal", desde que o quarto maior esteja próximo de uma casa de banho.

Fig. 1

Os quartos são todos idênticos

Os quartos são todos idênticos; a casa favorece famílias em mutação ou desenvolvimento, facilitando mudanças na ocupação dos quartos e nas contiguidades, usando-se o mesmo mobiliário.

Sala grande e cozinha pequena

A sala é grande e a cozinha é pequena; a casa favorece famílias com "hábitos citadinos", que passam pouco tempo em casa, que comem fora muitas vezes (casal trabalha e passa os dias de semana fora de casa), que consomem refeições fáceis de preparar e que por outro lado dão uso real à sala de estar, que não é só a sala de visitas (é onde estão, comem, trabalham e recebem).

Cozinha grande e sala pequena

A cozinha é grande e a sala é pequena; a casa favorece famílias com hábitos rurais ou "pouco citadinos", que passam muito tempo em casa, que aí preparam e tomam refeições frequentemente (casal não trabalha fora ou trabalha perto e usa muito a habitação durante a semana), que consomem refeições com elaborada preparação e que por outro lado não dão uso real e frequente à sala de estar, que é, essencialmente, uma "sala de visitas".

Equilíbrio entre privacidade e desenvolvimento de zonas de entrada e circulação

O equilíbrio entre privacidade e poupança de zonas de entrada e circulação joga-se, essencialmente, na cuidadosa ponderação dos dois seguintes conjuntos de aspectos:

(i) Opção entre o desenvolvimento de uma sala relativamente aberta para a entrada da casa e para a zona de circulação que dá acesso aos quartos, ou pela criação de uma zona de estar recatada e tornada independente da entrada e da zona de acesso aos espaços mais íntimos da habitação.

(ii) Opção entre o desenvolvimento de uma zona de entrada relativa, ou totalmente, aberta para a sala comum e/ou para a zona de circulação que dá acesso aos quartos, ou pela criação de um hall/vestíbulo, relativamente espaçoso, recatado, agradável (exº, recebendo luz natural), encerrado e proporcionando acessos alternativos às diversas zonas da habitação (zonas íntima, social e de serviço).

Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.

INFOHABITAR Ano X, nº 494
Artigo LVI da Série habitar e viver melhor

equilíbrios dimensionais e de privacidade na habitação

Editor: António Baptista Coelho – abc.infohabitar@gmail.com

GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional

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