Uma introdução geral aos espaços domésticos comuns – Infohabitar # 783
Infohabitar,
Ano XVII, n.º 783
Edição:
terça-feira, 13 de julho de 2021
Artigo integrado na série
editorial da Infohabitar “Habitar e viver melhor”
Caros leitores da nossa Infohabitar,
Continuamos a série editorial da Infohabitar especificamente dedicada a uma viagem sistemática pelos diversos espaços do habitar, que iniciámos na vizinhança, avançando, depois para os edifícios e seus espaços comuns (disponível no catálogo interativo da Infohabitar, no seu tema 6 intitulado “Série habitar e viver melhor”) e “terminando” numa reflexão sobre os diversos tipos de organizações, opções e espaços domésticos; reflexão esta que aqui está a ser, e será proximamente, desenvolvida ainda durante mais algumas semanas editoriais aqui na nossa revista.
Lembra-se,
novamente, que serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre
os artigos aqui editados e propostas de novos artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com , ao meu cuidado).
Considerando a mais recente evolução da pandemia,
sublinha-se, uma vez mais, a grande importância de não perdermos, agora, uma
parte significativa do que ganhámos, dando-se agora tempo e cuidado até
estarmos todos, em boa parte, imunizados e mesmo assim, como está a ficar
evidente, continuarmos com um máximo de cuidados de proteção; há que cumprir
com rigor os protocolos de vacina (n.º de doses e períodos temporais
posteriores às mesmas) e continuar, mesmo assim, com os cuidados de proteção
próprios e dos outros, até mais esta presente vaga estar vencida.
Despeço-me, até à próxima semana, enviando saudações
calorosas e desejos de força e de muito boa saúde para todos os caros leitores
e seus familiares,
Lisboa/Encarnação e Azambuja/Casais de Baixo, em 12
de julho de 2021
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Uma introdução geral aos espaços domésticos comuns – Infohabitar # 783
António Baptista Coelho
(texto e imagem)
Resumo
Neste artigo,
dedicado à temática geral e introdutória aos espaços comuns domésticos
abordam-se, primeiro os espaços domésticos comuns na habitação e, depois, os espaços
domésticos comuns fora da habitação.
Relativamente aos espaços
domésticos comuns na habitação são abordados, sequencialmente, os seguintes
tipos de espaços: vestíbulo de entrada; lavabo; corredor e zonas de passagem; sala
ou zona de estar; cozinha; zona de refeições ou sala de jantar; casa(s) de
banho; varanda e outras zonas exteriores privadas elevadas como pátios e
pequenos quintais; áreas de serviço para arrumações; outros espaços de serviço
doméstico; outros espaços domésticos comuns que integram a habitação
Relativamente aos espaços
domésticos comuns fora da habitação são abordados, sequencialmente, os
seguintes tipos de espaços: (virtualidades domésticas do) estacionamento em
garagem; espaços de arrumação; e outros espaços domésticos fora da habitação.
Remata-se o artigo
com algumas notas complementares e estrategicamente discutíveis sobre os
espaços comuns domésticos.
1. Uma pequena introdução aos espaços comuns domésticos
Continuando esta
Série editorial sobre "habitar e viver melhor", na qual temos
acompanhado uma sequência espacial desde a vizinhança de proximidade urbana e
habitacional até ao edifício multifamiliar, e neste os seus espaços comuns,
vamos, agora, falar com algum detalhe sobre s espaços que constituem os nossos
“pequenos” mundos domésticos e privativos, refletindo sobre as diversas facetas
que os qualificam.
Primeiro viajaremos
pelos espaços domésticos comuns, isto é aqueles que são usados por todos os
habitantes de uma dada casa ou apartamento numa base geral de uso partilhado e de alguma comunidade, espaços estes que constituirão
também, sempre, espaços de oferta a quem chega e que não seja morador, mas sem
perder um sentido de intimidade, antes pelo contrário, valorizando-o numa forte
relação com a marcação da identidade dos espaços que são nossos.
E é, desde já,
importante considerar o interesse que tem e terá o visar dos espaços comuns
domésticos sob perspectivas substancialmente distintas das habituais,
rigidamente funcionalistas e hierarquizadas.
Depois iremos até
aos espaços domésticos privativos, portanto aqueles mais amigos de um uso
individual, ou muito ligado ao casal, e onde, também não há que excluir os
outros, mas sim acolhê-los marcando, aqui, ainda mais fortemente, aspectos de
identidade e de abrigo.
Aponta-se, ainda,
que tal como tem vindo a ser feito nesta viagem pelos espaços de um habitar
mais "amigo" e mais associado a
um dia-a-dia verdadeiramente mais agradável e motivador, não iremos
aqui cansar o leitor com listagens funcionais e dimensionais, que são afinal
matéria-base dos técnicos que desenham o habitar, e matéria que já foi
suficientemente tratada por muitos autores ao longo de mais de cinquenta anos; interessa-nos
“o resto”, o “grande resto”, aquilo que faz as casas serem espaços únicos,
espaços estimulantes, espaços curiosos, espaços fortemente apropriáveis, a tal
“casca de caracol, mas aberta ao mundo”, nas palavras de Amália Rodrigues
(quando de uma sua entrevista).
E sobre esta matéria
e sobre esta perspectiva específica e a privilegiar de compartimentos, espaços
e subespaços domésticos organizados e concebidos tendo por base muito mais do
que os respetivos meros critérios espacio-funcionais aplicáveis, muito haverá a
pensar e a apontar.
São os seguintes os
tipos mais habituais de espaços domésticos comuns que, em seguida, neste
artigo, apenas se sintetizam nos seus aspetos caraterizadores e geradores de
novas ideias, e que, em próximos artigos desta série, iremos
pormenorizar caso a caso, mas sempre nesta perspectiva (de adequada e
diversificada caracterização e de fundamentada inovação):
- Espaços
domésticos comuns que integram a habitação: vestíbulo de entrada; lavabo; corredor e zonas de passagem; sala ou
zona de estar; cozinha e zonas diretamente relacionadas; áreas de serviço para
arrumações; zona de refeições ou sala de jantar; casa de banho; varanda e
outras zonas exteriores privadas elevadas como pátios e pequenos quintais;
outros espaços domésticos comuns que integram a habitação
- Espaços
domésticos comuns fora da habitação: espaços em
garagem; espaços de arrumação; outros espaços domésticos fora da habitação.
2. Espaços domésticos comuns na habitação
São os espaços
domésticos comuns que se encontram da porta da habitação para dentro e que, na
prática, constituem o que podermos chamar o “esqueleto” estrutural e de maior
vivência da mesma habitação.
2.1.Vestíbulo de entrada
A definição de
vestíbulo refere-se ao “espaço entre a via pública e a entrada dum edifício”,
ao “espaço entre a porta dum edifício e a principal escadaria interior” e a
“uma cavidade orgânica que serve de entrada a outra” (Novo Dicionário da Língua
Portuguesa, de Francisco Torrinha, Porto, Domingos Barreira Editor, 1945).
Uma ideia que pode
ficar é que o vestíbulo, ou espaço de entrada numa habitação, corresponde a um
espaço de limiar e de transição entre o espaço público ou comum (no caso de se
tratar de um edifício multifamiliar) e o espaço doméstico privado.
Talvez que o
vestíbulo de entrada possa ser, um pouco, antecipado na sua estrita contiguidade
relativa ao respetivo espaço comum do edifício multifamiliar ou à respetiva
contiguidade de espaço comum ou público exterior e térreo.
E talvez que entre o espaço interior doméstico e comum e o espaço comum do
condomínio ou público, e tendo-se em conta as respetivas características
arquitectónicas possa existir algum tipo de relacionamento e/ou “transparência”
(naturalmente sempre devidamente condicionada).
Fig. 1: E talvez que entre o espaço interior doméstico e comum e o espaço comum do condomínio ou público, ... possa existir algum tipo de relacionamento e/ou “transparência” ...
2.2. Lavabo
O lavabo é uma
pequena casa de banho de apoio, minimamente equipada em termos de equipamentos
de banho e higiene pessoal, que serve, essencialmente, a zona mais social da
casa e que, por isto, deve ter também objectivos de identidade e apropriação,
marcando pela sua localização e pelo seu arranjo os cuidados de recepção.
Os usos do lavabo
devem ser bem considerados, designadamente, em termos do equilíbrio que faça
transparecer, no seu arranjo, no que se refere aos seus aspetos mais formais ou
mais informais e funcionais; afinal o lavabo pode ser como que uma extensão da
zona mais formal da habitação ou constituir-se, praticamente, num desdobramento
funcional da principal casa de banho.
2.3. Corredor e zonas de passagem
Um dos aspectos que
continua a ser estruturador de uma boa solução doméstica é que ela se
caracterize por uma economia ponderada de circulações, conseguida através da
mínima extensão e do aproveitamento máximo das circulações por corredor (por
exemplo por dupla utilidade para circulação e para arrumações em roupeiros) e
também mediante a mínima extensão e posicionamento estratégico das
eventuais zonas de circulação obrigatória através de compartimentos mais sociais
(por exemplo, quartos com acessos através de salas e cozinhas).
No entanto há
excelentes habitações cuja caracterização e valia funcional e imagética muito
ficam a dever a corredores razoavelmente extensos e muito funcionalmente
marcados, por exemplo, pelo acesso que proporcionam a roupeiros embutidos e/ou
pela disponibilidade de boas extensões de parede com boa capacidade para serem
mobiliadas e variadamente apropriada (e.x, espelhos, quadros, luminárias, etc.);
condições estas que têm , naturalmente, exigências dimensionais específicas em
termos da largura do corredor.
2.4. Sala ou zona de estar
Há quem diga que o
convívio familiar, a actividade que marca em primeira linha a sala de estar ou
sala-comum, é uma actividade cada vez menos efectiva. Sinceramente não se partilha
de tal ideia, que se julga estar na linha daquelas que face a um problema dele
se afastam de forma a tentarem resolvê-lo por não lhe darem atenção.
Afinal, talvez que
assim aconteça, em termos de redução do convívio familiar, porque a ascensão e
a intensa dinamização das tecnologias de informação verdadeiramente pessoais e
privativas (smartphones, tablets), se associou, em muitos casos, a situações
espaciais e funcionais domésticas com reduzidas, mal configuradas e pouco
apropriáveis zonas de estar, conviver e receber; e assim o resultado fica
evidente: com cada um muito fechado no seu mundo de comunicações e app.
No entanto em
situações gerais e mais frequentes as condições existentes na zona de sala em
termos espaciais-funcionais proporcionam condições muito reduzidas e mesmo,
muitas vezes, extremamente pobres no que se refere a multiplicidade funcional,
capacidade de mobilar e de apropriação, eventual “repartição” em diversas
subzonas de atividade e real apoio outras atividades menos diretamente ligadas
às funções habituais do “estar”.
2.5. Cozinha
Cozinha para
cozinhar ou para conviver? Uma pergunta que tem como resposta que numa casa é
necessário haver um espaço de preparação de refeições, espaço este
fundamentalmente funcional e marcado por um dado conjunto de instalações e
equipamentos, mas que não deve justificar um dado compartimento, feito
dimensionalmente à medida desse conjunto de instalações e equipamentos, como se
estivéssemos a conceber uma cozinha de um restaurante doméstico onde, quase
sempre, não há “empregados” cuja função é estar nessa cozinha laboratório a
preparar as refeições de quem habita aquela casa.
O que se referiu
para a zona de estar aplica-se também à consideração da zona doméstica que
inclui o espaço dedicado à preparação de refeições, tendo-se em conta: (i) quer
a variedade e inovação que marcam, hoje em dia e marcarão num futuro próximo,
as próprias subactividades ligadas à preparação de refeições; (ii) quer o
potencial de ligação que também hoje em dia e num futuro próximo marcam e
marcarão a relação entre a preparação de refeições e um leque amplo de outras
atividades domésticas, nas quais se destacam as ligadas ao convívio no fogo,
aos restantes trabalhos especificamente domésticos (a famosa “lide doméstica”)
e ainda, naturalmente, à atualmente “crítica” capacidade para apoio ao
teletrabalho.
2.6. Zona de refeições ou sala de jantar
Numa civilização
urbana marcada pela falta de tempo e de convívio, tudo o que se faça para
privilegiar o encontro familiar é extremamente positivo; e como todos temos a
noção que as refeições estimulam o encontro e o convívio, então não deve haver
quaisquer dúvidas sobre o interesse de se privilegiarem condições domésticas
estimulantes para a prática de refeições familiares potencialmente alargadas e
conviviais; e tais condições terão a ver, por exemplo, com aspetos simples de
dimensionamento, conforto ambiental (ex., contiguidade com janela bem orientada
e com vista) e relacionamento multifuncional.
Neste sentido o
claro e urgente incentivo ao adequado desenvolvimento de uma zona de refeições
é um caminho a privilegiar, seja numa cozinha de convívio, numa sala de família
com zona de cozinha ou numa zona de refeições específica (autonomizada ou
articulada com a zona de estar); e ficará, sempre, para uma segunda linha de
preocupações se tal zona é mais adequada a refeições formais ou informais,
sendo a ideia, talvez mais adequada, que o “cenário” de enquadramento da
preparação de refeições deve possuir uma agradável visualidade e localização no
espaço doméstico.
E não tenhamos
dúvida de que uma boa zona de refeições devidamente dimensionada e localizada,
portanto caracterizada por uma razoável autonomia, é uma condição extremamente
útil em termos do desempenho de outras atividades domésticas, como é o caso do
estudo e do trabalho em casa.
2.7. Casa(s) de banho
Quando falamos de
“casas de banho”, falamos dos espaços que incluem mais instalações de águas e
esgotos embebidas na construção, mas faz muito pouco sentido, numa habitação
que se deseja possa ser geradora de verdadeira satisfação, fazerem-se
“instalações sanitárias”, ostensivamente marcadas pela funcionalidade, pela
frieza ambiental e pela “objectividade” das respectiva “peças sanitárias”, consideradas
tal como “peças de catálogo” em tamanho real (mais estritamente funcionais ou
mais “design”), muito pouco conjugáveis com o desenvolvimento de um cuidado
espaço doméstico, caloroso, apropriável e muito naturalmente versátil.
Naturalmente que uma
tal intenção tem consequências importantes – também em termos de custos –
porque para que tal aconteça é muito importante que, pelo menos, a principal casa de banho tenha:
(i) relação direta
com o exterior;
(ii) espaciosidade
claramente acima de condições mínimas;
(iii) e capacidade
para uma adequada apropriação.
E poderemos, também,
equilibrar racionalidades e custos se, por exemplo, associarmos a um tal espaço
equipamentos de tratamento de roupas.
2.8. Varanda e outras zonas exteriores privadas elevadas como
pátios e pequenos quintais
O título deste tema
não faz justiça à ideia que se tem sobre a importância potencial dos espaços
exteriores privados, salientando-se que se considera que estes espaços podem
ter uma importância estruturadora da própria organização da habitação,
essencialmente no caso das habitações isoladas, mas igualmente em conjuntos
habitacionais coesos e mesmo em edifícios multifamiliares em altura.
Trata-se de matéria
que hoje em dia assumiu uma importância especial e sobre a qual importa lembrar
que até agora a disponibilização de espaços exteriores privados tinha e tem de
suplantar vários problemas, entre os quais: (i) ao nível térreo, a ideia de que
qualquer pátio é um problema em termos de posterior má apropriação e imagem
pública; (ii) ao nível elevado a ideia de que qualquer varanda, mesmo mínima,
corresponde a um conjunto de metros quadrados diretamente subtraídos ao espaço
interior doméstico; e (iii) ainda ao nível elevado a ideia de que uma varanda é
algo autonomizável relativamente ao respetivo espaço interior e não, mas como
deve evidentemente ser, uma potencial expansão das atividades interiores e até
vice-versa.
2.9. Áreas de serviço para arrumações
A arrumação
doméstica é, provavelmente, a função cuja importância tem sido menos
evidenciada no conjunto das funções habitacionais, e é aquela cujo evidente
teor “funcional”, dimensional e quantitativo, sendo muito claro e crítico, não
pode fazer diminuir os respectivos aspectos qualitativos e de opções
residenciais ambientais e de vivência.
Há que ter em conta
que, habitualmente, a nova habitação não tem mesmo qualquer “infraestrutura” de
apoio aos serviços domésticos e o exemplo disto é a anulação dos espaços de
“despensa”, seja de cozinha, seja “geral”, e isto muitas vezes sem qualquer
compensação por previsão de bons “roupeiros” embutidos e módulos de mobiliário
fixo de cozinha especificamente dedicados à respetiva arrumação.
2.10. Outros espaços de serviço doméstico
Habitualmente a lavandaria e rouparia doméstica
está associada à cozinha e, eventualmente, a uma casa de banho mais ampla, mas
há que manter total independência com os usos ligados à preparação de
refeições.
2.11. Outros espaços domésticos comuns que integram a habitação
A inserção deste
subitem tem como principal objetivo constituir como que uma reserva tipológica
de previsão de “outros” espaços domésticos comuns, que não apenas os
“habituais”, espaços estes bem conhecidos e associados a uma renovada
“filosofia” de organização e de conteúdos domésticos, que seja bem distinta da
respetiva e estafada faceta essencialmente “funcionalista” e rigidamente
hierarquizada.
Trata-se, assim, de
matéria que será devidamente ponderada e desenvolvida no respetivo artigo.
3. Espaços domésticos comuns fora da habitação
São os espaços
domésticos comuns que se encontram da porta da habitação para fora e que, na
prática, constituem elementos complementares de apoio à vida doméstica diária e
não-diária das pessoas e das famílias, mas que podem, eventual e desejavelmente,
em alguns casos, assumir funções específicas e alguma autonomia até de imagem
(ex., garagem comum adequadamente tratada em termos de espaço de chegada e
recepção, associando portanto, esta função à sua função básica de
estacionamento protegido).
3.1. Virtualidades domésticas do estacionamento em garagem
Este título
suscitará, naturalmente, dúvidas, mas a ideia é, simplesmente, que o
estacionamento comum em garagem possa ser um espaço, pelo menos, minimamente
agradável e com algum carácter doméstico e representativo, e deixe, assim, de
ser uma espécie de “cave” residual, estritamente funcional, por vezes suja e
frequentemente mal iluminada e com cheiros, por vezes, menos agradáveis através
da qual entramos e saímos, quase sempre, no nosso edifício.
Em próximos artigos desta série iremos abordar
cada uma das tipologias de espaços domésticos comuns, aqui apontadas,
considerando diversos aspetos tais como: opções mais habituais; frequentes
associações funcionais; hábitos interessantes e aspectos motivadores; principais
problemas; novidades e tendências.
3.2. Espaços de arrumação
Importa sublinhar, a
título inicial, que a disponibilização deste tipo de espaços de arrumação fora
da habitação pode levantar alguns problemas, designadamente, em diversos
aspetos de segurança (ex., usos por pessoas estranhas ao condomínio e
acumulação de matérias e objetos que levantem risco de incêndio), situações
estas que devem ter abordagem específica, pelo menos em termos de regulamentação
ao nível dos respetivos condomínios.
No entanto é bem
evidente que a disponibilização de espaços de arrumação privativos e fora da
habitação é um aspeto muito positivo no que se refere a um apoio bastante
direto à capacidade de arrumação doméstica, proporcionando, por exemplo, bases
de arrumação “de bastidor”, capacidade de arrumação sazonal críticos e mesmo
capacidade de arrumação especialmente significativa, quando existam condições
adequadas de funcionalidade e espaciosidade nos respetivos espaços.
3.3. Outros espaços domésticos fora da habitação
A inserção deste
subitem tem como principal objetivo constituir como que uma reserva tipológica
de previsão de “outros” espaços privativos fora do fogo, que não apenas os
“habituais” espaços de estacionamento e de arrumação; reserva esta que será devidamente
ponderada e desenvolvida no respetivo artigo, abordando-se diversas soluções e
até, no limite, num sentido de um seu significativo desenvolvimento, que
corresponda, praticamente, ao caminhar para um outro equilíbrio tipológico no
edifício, caracterizado por um menor peso da própria habitação relativamente a
outros seus espaços privativos mas dela destacados.
Estes caminhos estão naturalmente associados a
uma renovada “filosofia” de organização e de conteúdos domésticos, que seja bem
distinta da respetiva e estafada faceta essencialmente “funcionalista” e
rigidamente hierarquizada.
E evidentemente este tipo de desenvolvimentos
tem também muito a ver com o atual exponencial acréscimo da prática do
teletrabalho na habitação, portanto da prática de trabalho profissional em
contexto doméstico; numa aposta que acabou por resgatar e tornar
“instantaneamente” real, a sempre presente, desde há bastante tempo, tendência
para o trabalho informatizado e á distância e para uma renovada estruturação
dos tempos e espaços dedicados ao trabalho profissional.
4. Notas complementares a propósito dos espaços comuns
domésticos
Os espaços comuns domésticos merecem, na sua
globalidade, uma reflexão devidamente renovada, flexibilizada e capaz de se
dirigir para a “oferta” de “novos” espaços e subespaços comuns domésticos,
tendo-se bem presente que a capacidade de “comunidade” doméstica será sempre
motor:
(i) não só da natural capacidade convivial
privativa, que se julga, nunca ter sido devidamente considerada no “equilíbrio”
entre privacidade e convivialidade;
(ii) mas também da multifuncionalidade e
versatilidade que cada vez deve caracterizar, mais profundamente, o espaço
global da habitação;
(iii) e finalmente do papel desta renovada
geração espacial na produção de “novas” tipologias domésticas e mesmo de
edifícios habitacionais e mistos.
Notas editoriais ao artigo:
O presente artigo corresponde a uma edição muito
ampliada, modificada e revista do artigo que foi editado na Infohabitar, em
8/09/2014, com o n.º 499.
Notas editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar
seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar
assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e
científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o
pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e
comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos
autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos
mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é,
igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que
deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível
técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma
quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou
que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na
Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição
dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se
circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é
pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser
de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado
tal e qual foi recebido na edição.
Uma introdução geral aos espaços domésticos comuns – Infohabitar # 783
Infohabitar
Editor: António Baptista
Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola Superior de Belas Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa.
Revista do GHabitar (GH)
Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar –
Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação
Económica (FENACHE).
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