Oferta abrangente de espaços domésticos específicos – infohabitar # 781
Infohabitar,
Ano XVII, n.º 781
Edição:
terça-feira, 29 de junho de 2021,
Artigo integrado na série
editorial da Infohabitar “Habitar e viver melhor”
Continuamos a série editorial da
Infohabitar especificamente dedicada a uma viagem sistemática pelos diversos
espaços do habitar, que iniciámos na vizinhança, avançando, depois para os
edifícios e seus espaços comuns (disponível no catálogo interativo da
Infohabitar, no seu tema 6 intitulado “Série habitar e viver melhor”) e “terminando” numa reflexão sobre os diversos tipos
de organizações, opções e espaços domésticos; reflexão esta que aqui está a ser,
e será, desenvolvida ainda durante mais algumas semanas editoriais.
Lembra-se,
novamente, que serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre
os artigos aqui editados e propostas de novos artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com , ao meu cuidado).
Considerando a mais recente evolução da pandemia,
sublinha-se, mais uma vez, a vital importância de não perdermos, agora, uma
parte significativa do que ganhámos, dando-se agora tempo e cuidado até
estarmos todos, em boa parte, imunizados; há que cumprir com rigor os
protocolos de vacina (n.º de doses e períodos temporais posteriores às mesmas)
e continuar com os cuidados de proteção próprios e dos outros, até esta
presente vaga estar vencida.
Despeço-me, até à próxima semana, enviando saudações
calorosas e desejos de força e de muito boa saúde para todos os caros leitores
e seus familiares,
Lisboa/Encarnação e Azambuja/Casais de Baixo, em 28
de junho de 2021
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Oferta abrangente
de espaços domésticos específicos – infohabitar # 781
António Baptista Coelho
(texto e imagem)
Resumo
Neste artigo,
dedicado a um tema que se julga dever ser “irmão” dos aspetos globais de funcionalidade
doméstica e depois de uma reflexão introdutória sobre a própria natureza do
respetivo título, onde contrapontuam os termos ”abrangente” e “específicos”, desenvolve-se
uma reflexão sobre a implementação de uma habitabilidade ampla nos espaços
domésticos, habitabilidade esta que também depende do desenvolvimento de boas
condições habitacionais interiores, exteriores e de relação interior/exterior,
do visar de renovados e bem fundamentados objetivos de organizaçãoo doméstica e
da promoção de um adequado convívio nos espaços domésticos; temas estes que se
desenvolvem sequencialmente no artigo.
Oferta abrangente de espaços domésticos específicos – infohabitar # 781
António Baptista Coelho
1. Notas introdutórias sobre o título do artigo – espaços domésticos diversificados e específicos
Julga-se interessante
salientar o tema que está bem presente no próprio título do artigo, e que se
refere a uma “oferta abrangente de espaços domésticos específicos”, reforçando-se esta ideia de proporcionar uma ampla disponibilidade de
variados espaços domésticos – e variados em diversas matérias (ex.,
funcionalidades, fimensões, relações mútuas entre os próprios e relativamente
às envolventes, etc.) –, mas de espaços domésticos realmente “específicos”,
porque bem apropriáveis, identificáveis, caracterizáveis e, já agora,
positivamente marcantes.
Naturalmente que uma
tal intenção terá de ser harmonizada com a espaciosidade global da respetiva
habitação, podendo tais espaços reduzir-se, e frequentemente, a sub-espaços,
sedes de microfunções domésticas, pois há que organizar uma tal diversidade “à
escala” da sua respetiva base de desenvolvimento; mas uma tal
“micro-repartição” funcional e espacial, que é, quase sempre, parcial pois cada
um dos sub-espaços continua a integrar, claramente, um espaço maior, é algo de
essencial mesmo quando estamos em presença de compartimentos muito espaçosos,
acontecendo, mesmo, por vezes, nestes casos, quando tal não é possível, que se
produz um resultado funcional extremamente pobre, em termos de versatilidade de
usos e de apropriação.
Em seguida, iremos
abordar, globalmente, a matéria dos usos e apropriações dos compartimentos, dos
cantos e dos recantos domésticos, tentando refletir
um pouco mais sobre o que carateriza tais espaços, sempre tendencialmente
intimistas, mas também potencialmente conviviais, onde se processa a vida
diária das famílias, num leque variado de espaços habitualmente com funções
específicas, mas desejavelmente com uma equilibrada flexibilidade funcional, formalizando
espaços privilegiados da apropriação familiar e individual.
2. Implementar uma habitabilidade ampla dos espaços domésticos
As características de
habitabilidade dos espaços domésticos são, realmente, fundamentais para a
qualidade residencial oferecida por um determinado empreendimento habitacional.
Basta imaginarmos uma habitação constituída por compartimentos e espaços razoavelmente
amplos/desafogados, e claramente confortáveis e funcionais, que aceitem uma
forte apropriação por mobiliário e diversas zonas de uso, para que fique quase
praticamente provada essa afirmação.
E diz-se quase
provada porque essas condições não chegam, de facto, para uma boa
caracterização residencial. É também necessário, pelo menos, que a envolvente
da habitação nos ofereça boas condições para a vida diária; pois assumimos
sempre – ou deveríamos sempre poder assumir – o nosso espaço de habitar como
algo “relacionado com”, por exemplo: uma boa rua; um bom jardim; uma agradável
praceta; e uma vizinhança funcional a transportes públicos e outros
equipamentos urbanos essenciais.
Podemos/devemos,
assim, poder imaginar e sentir o nosso espaço doméstico como um pequeno mundo
agradável, apropriado e versátil, em boa relação com uma envolvente urbana
praticamente marcada pelas mesmas qualidades, embora naturalmente a uma outra
escala funcional e formal; mas, por vezes, a nossa habitação não passa de um
conjunto de espaços rigidamente funcionais, nada versáteis, dificilmente
apropriáveis, a não ser por um pobre conjunto de funções básicas e nada
estimulantes, e mal articulado com uma envolvente também assim globalmente
caracterizada.
3. Desenvolver boas condições habitacionais interiores, exteriores e de relação interior/exterior
Deste modo definiu-se
um "binómio" mínimo de qualificação residencial assente em boas condições
domésticas de compartimentação/privativas e de vizinhança
exterior/semi-públicas ou públicas, "binómio" esse que deverá ser
estudado e explicado, pois poderá proporcionar conclusões práticas bem interessantes
sobre a satisfação residencial; e talvez que entre um e outro elemento
possamos, depois, "inovar" com a afirmada introdução da grande
importância de um "jogo tipológico" habitacional muito mais
protagonista do que aquele que é habitualmente considerado – matéria que temos aflorado, várias vezes, nestes
textos, mas que terá de ficar ficar para outros específicos desenvolvimentos.
Ainda sobre a
importância de boas condições de habitabilidade nos espaços e compartimentos do
fogo importa salientar que até a organização ("o layout") do fogo parece ser menos importante do que as
condições específicas dos seus Espaços e Compartimentos.
Esta afirmação parece
ser globalmente válida e tem grande importância quando a organização do fogo se
caracteriza por uma forte neutralidade e adaptabilidade, proporcionando grande
flexibilidade nos usos dos diversos Espaços e Compartimentos domésticos,
considerando-se, naturalmente, que estes últimos também suportam essa
flexibilidade ou multifuncionalidade, designadamente, através de boas condições
de espaciosidade e capacidade na arrumação de mobiliário e outras facetas de
apropriação (ex., paredes com elementos gráficos e de arte).
Acabamos assim por
chegar quase a uma “defesa” de um projeto bem pormenorizado e específico para
cada compartimento, objetivo este que parece bem óbvio, mas que, infelizmente,
está, quase sempre, bem longe da maioria dos objetivos dos projetos
habitacionais, e com especial relevo para os de habitação de interesse social
(HIS), que deveriam, no entanto, ser realmente objeto de uma atenção desse tipo
pois neles cada metro quadrado construído é verdadeiramente precioso em termos
do seu reflexo no potencial de habitabilidade (funcionalidade, adaptabilidade,
apropriação, conforto, etc.) da respetiva habitação e tendo, também bem
presente a sua significativa repetição e “serviço” a muitos e variados gostos e
necessidades habitacionais – e basta irmos, por exemplo, aos bons exemplos de
HIS portugueses dos anos de 1950 e 1960, para encontramos esse bom caminho a
ser seguido sistematicamente.
4. Visar também renovados e fundamentados objetivos de organização doméstica
Paralelamente a esta
atenção específica para com o bom projeto “arquitectónico” de cada espaço
habitacional é, evidentemente, vital ter como objetivo adequadas soluções de
organização doméstica, elas próprias marcadas por idênticos critérios globais
de versatilidade e capacidade de apropriação.
Mais do que propor
estruturas organizativas domésticas mais ou menos caracterizadas, e essencialmente marcadas pelos bem conhecidos
e rigidamente hierarquizados zonamentos funcionais, de que nos vamos ocupando
ao longo deste trabalho - e desta série de artigos -, importa aqui, porque
importa cada vez mais, apontar objectivos de organização doméstica que sejam
tendencialmente adequados a um maior número e a uma muito grande amplitude de
desejos e de gostos habitacionais, considerando, também, a actual e evidenciada
mudança de hábitos domésticos e pessoais que vão hoje marcando, efetivamente,
os sítios onde vivemos.
Evidentemente que
será, sempre, mais fácil organizar uma habitação de acordo com dupla
hierarquização serviço/formalidade e acesso/privacidade, juntando-se a ela o
“módulo”, quase autónomo, embora quase sempre pouco acessível, da “suite de
casal”; mas há outras opções de organização doméstica e deveria haver uma outra
versatilidade básica no seu uso e apropriação.
E tudo passa por
muitas questões que podem ser colocadas, por exemplo: quem cozinha e como
cozinha? Quem limpa e como limpa? Quem trabalha em casa e o que faz? Que tipo
de isolamento sonoro é possível entre espaços próximos? Qual o número máximo
provável de convivas que a habitação suporta? Como se faz o tratamento de
roupa? Qual o potencial de usos do exterior privado? Que usos são
possíveis na casa de banho principal?
Quantas pessoas podem ver TV agradavelmente instaladas na sala? Qual o
potencial para um grupo de pessoas sentadas à mesa? Etc.
E repare-se que tais
questões pouco têm a ver com as habituais preocupações funcionais domésticas,
tão “mecanicamente” aplicadas em tantos projetos habitacionais; mas tenha-se
bem presente que a organização e a configuração domésticas adoptadas vão
influir, fortemente, na vida diária e no percurso familiar de grande número de
famílias e de indivíduos; e para além de muitos elementos de referência teórico-prática
disponíveis há cada vez mais uma enorme disponibilidade de informação sobre
casos de referência, que pode e deve ser usada, naturalmente, com as devidas referências.
5. Promover um melhor convívio doméstico
Em toda esta matéria
julga-se que um “assunto”, em particular, tem sido bastante descurado na
reflexão e na prática arquitectónica doméstica: trata-se da existência de
adequadas condições de convívio doméstico, seja numa perspetiva do respetivo
agregado familiar, seja numa outra perspetiva, também essencial, de um
potencial de convívio doméstico mais alargado.
O pouco tratamento
desta matéria terá a ver, seja com as naturais limitações dimensionais e de
espaciosidade geral que marcam a habitação de interesse social e que,
“naturalmente”, acabam por inquinar outros tipos de promoção residencial, seja
com a atenção excessiva que se dedicou, durante decénios, aos aspetos de
hierarquização e privacidade domésticas, quase que transformando muitas
habitações em “grandes quartos” um pouco subdivididos, onde a preocupação quase
única é a privacidade e a hierarquia entre entrada, zona de quartos e suite,
ficando a cozinha remetida a uma zona funcional e a sala ao espaço quase
restante.
E afinal a
convivialidade doméstica pode ser fator determinante da criação de uma
verdadeira “outra dimensão” na habitação; uma dimensão que tem estado bastante
esquecida, pelo menos na habitação económica, embora existindo excelentes
exceções de referência.
Fig. 1: Favorecer pequenos incrementos dimensionais nos quartos e outros compartimentos menos amplos, possibilitando mais flexibilidade na arrumação de variadas peças de mobiliário e, designadamente, mais capacidade para o lazer e o trabalho em casa ...
6. Proporcionar um verdadeiro “suplemento de alma” espacial e ambiental
doméstico
Tendo em conta as
ideias que foram atrás apontadas e visando-se uma rica, embora sempre
controlada, multidimensionalidade doméstica, apontam-se, em seguida, um pouco a
título de exemplos, potencialmente estruturantes, alguns aspectos (1) caracterizadores
de uma adequada organização e qualificação residencial dos espaços que compõem
as nossas “casas” e que terão como matéria comum o estarem nos antípodas de organizações
domésticas rigidamente organizadas e repetidas quase até à exaustão:
-
Uma ideia de poder receber e conviver melhor na habitação,
designadamente, através de boas condições de recepção, no hall/vestíbulo e de
um cuidadoso dimensionamento das zonas mais sociais do fogo – vestíbulo,
circulações sociais, sala comum e cozinha.
Este objectivo pode ser atingido
através de "meia-dúzia" de metros quadrados "suplementares"
na sala-comum e na cozinha (acima das áreas recomendadas para habitações de
baixo custo), desde que as respectivas configurações espaciais e dimensões
estruturadoras sejam adequadas. Uma ideia forte em termos dos modos como a
habitação poderá apoiar o convívio doméstico, ideia esta que poderá ter de se
desenvolver através de compensações dimensionais entre sala comum e cozinha,
proporcionando-se, por exemplo, uma ampla cozinha convivial e uma sala mais
adequada para o estar e, até, eventualmente, para o trabalho em casa.
-
Favorecer pequenos incrementos dimensionais nos quartos e outros
compartimentos menos amplos, possibilitando mais flexibilidade na arrumação de variadas
peças de mobiliário e, designadamente, mais capacidade para o lazer e o trabalho
em casa; e optar conscienciosamente sempre que estejam em causa dimensões
mínimas. Isto não significa que não se apliquem tais dimensões mínimas em casos
específicos quando funcionalmente julgados adequados, o que tem a ver,
designadamente, com a disposição de enfiamentos de camas individuais.
-
Segundo Sven Thiberg (2) há que aplicar estrategicamente suplementos
dimensionais, apurando-se os espaços e compartimentos onde "um metro
quadrado extra", suplementar às indicações mínimas regulamentares, pode
aumentar significativamente as condições de habitabilidade (acessibilidade,
agradabilidade de uso, alternativas de ocupação); uma matéria que tem igual
aplicabilidade em soluções habitacionais acima das indicações mínimas.
Estes suplementos dimensionais
estratégicos estão associados à capacidade de se integrarem várias sub-zonas
funcionais em cada compartimento, uma condição fundamental para a respectiva
versatilidade de uso, seja em diversidade de funções, seja em diferentes modos
de vida e diversas formas de ocupação por actividades e diversos tipos de
mobiliário, condições estas muito interessantes considerando-se, por exemplo, a
adequação a diversas minorias étnicas.
-
Favorecer pequenos e funcionais incrementos dimensionais em espaços
de circulação, proporcionando que estes espaços ganhem, verdadeiramente, uma
outra e importante valência, designadamente, para integração de mobiliário, ou
mesmo outros usos eventuais (ex., trabalho em casa), e sempre com evidentes
ganhos em habitabilidade e apropriação da habitação.
-
Aumentar significativamente a funcionalidade no desempenho de todas as
tarefas domésticas e de outras actividades diárias, em toda a habitação,
através de uma cuidadosa concepção que evite espaços potencialmente muito cheios
de mobiliário e equipamento.
A funcionalidade estrita de cada
Espaço relativamente à(s) sua(s) "função(ões) de base", deve ponderar,
designadamente, os seguintes factores:
-
dimensionamento;
-
comandos de instalações "embebidas";
-
equipamentos fixos;
-
capacidade de integração de mobiliário com diferentes características
tipológicas, dimensionais e de quantidades de peças unitárias agregadas ou
reunidas;
-
existência de espaços suplementares para (i) mobilar posteriormente, (ii)
equipar posteriormente e (iii) movimentar-se e usar adequadamente os espaços.
Notas bibliográficas:
(1) Estes aspectos são apontados,
sinteticamente, no estudo do LNEC, realizado pelo autor e intitulado “ Do
Bairro e da Vizinhança à Habitação”.
(2) Sven Thiberg(Ed.), "Housing
Research and Design in Sweden", p. 128.
Notas editoriais ao artigo:
O presente artigo corresponde a uma edição muito ampliada,
modificada e revista do artigo que foi editado na Infohabitar, em 25/08/2014,
com o n.º 497.
Notas editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar
seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar
assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e
científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o
pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e
comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos
autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos
mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é,
igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que
deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível
técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma
quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que
nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na
Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição
dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se
circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é
pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser
de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado
tal e qual foi recebido na edição.
Oferta abrangente de espaços domésticos específicos – infohabitar # 781
Infohabitar
Editor: António Baptista
Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola
Superior de Belas Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de
Arquitectura da Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação
em Arquitectura e Urbanismo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC), em Lisboa.
Revista do GHabitar (GH)
Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar –
Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação
Económica (FENACHE).
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