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Infohabitar, Ano XVI, n.º 730
Sobre a temática das novas formas de habitar – Infohabitar
# 730
Por António Baptista Coelho (texto e imagens)
Notas prévias:
Caros leitores da Infohabitar, estimados
amigos,
Esperando que estejam todos de saúde,
Continuamos um “retorno” a uma abordagem relativamente
sistematizada dos espaços domésticos, feito tendo por base alguns artigos já
aqui editados e que foram e serão, naturalmente, extensamente revistos, desenvolvidos
e “recomentados”, para esta ocasião editorial.
Este relativo “retorno” – relativo, porque o
tema dos mundos domésticos esteve, está e estará sempre presente na Infohabitar
– justifica-se, entre outras razões, pelo evidente e novo protagonismo que
esses nossos espaços de vida assumiram nas longas semanas do nosso
confinamento; um relevo que importa sentir em profundidade e aproveitar em tudo
aquilo que possa contribuir para uma adequada e bem ponderada revisão
programática, quantitativa, qualitativa e objetivada dos nossos mundos
domésticos mais privados, “pessoais” e familiares.
Esperando que estes artigos agradem aos
nossos estimados leitores e lembrando-se, sempre, que serão muito bem-vindas
eventuais ideias comentadas a propósito destes artigos e mesmo propostas de
novos artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com ao meu cuidado),
despeço-me, até à próxima semana, com saudações
calorosas e desejos de muita força e de boa saúde,
Lisboa, Encarnação, em 18 de maio de 2020
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
- e relativamente a esta data, permitam-me lembrar, com saudade, a
memória do meu pai, grande amigo e primeiro professor de Arquitectura, António
Baptista Coelho, que hoje faria anos -
Sobre a temática das novas formas de habitar – Infohabitar
# 730
Organização da habitação
A
organização e a caracterização de um espaço doméstico pode seguir determinados “hábitos”
de funcionalidade doméstica, e aqui tanto há hábitos que decorreram da evolução
da vivência doméstica ao longo de alguns milénios, como outros que, praticamente,
acabaram de nascer pois podemos dizer que foram, de certo modo,
“inventados” em finais do séc. XIX e, designadamente, no séc. XX.
Podemos
ainda considerar nesta matéria, dos “hábitos” de funcionalidade doméstica, que
estes deveriam poder depender e decorrer bastante mais das formas de habitar
características de cada família e, consequentemente, de cada grupo
sociocultural, do que, por regra, é proporcionado, tendo-se em conta a
organização funcional, tão frequentemente, rígida e “uniformizadora” que está
expressivamente inscrita na estruturação e na formalização do espaço construído
de cada habitação e, designadamente, na sua organização de gradações de
privacidade e nos respetivos conteúdos funcionais “inscritos” no dimensionamento
e no equipamento de cada compartimento.
Alternativamente,
a organização e a caracterização de um espaço doméstico pode passar por uma
verdadeira reinvenção bem fundamentada das respectivas
funções, ambientes, associações espaciais e simbólicas e condições específicas
de desenvolvimento de diversos espaços de actividade e de cena, numa perspetiva
de aplicação discutida do que podemos designar, aqui, como “Grandes Opções
Domésticas” - matéria que abordaremos, especificamente, em vários artigos desta
série editorial.
E também alternativamente
a organização e a caracterização de um espaço doméstico pode passar por uma sua
sábia estruturação em termos de hierarquias de privacidade/acessibilidade e de
aspetos básicos de dimensionamento mínimo/razoável, que privilegiem a maximização
da adaptabilidade e das capacidades de apropriação e de conversão (espaciais e
funcionais) domésticas.
Cidade e habitação
Essa
possibilidade, desejavelmente, muito ampla de diversidade de apropriação e de
conversão/adequação no interior doméstico é, realmente, a base do enorme
interesse de que se pode, ainda, vir a revestir o acto de habitar, um interesse
potenciado, hoje em dia pela noção de que é a habitação que faz cidade adequada,
condição essencial no nosso século das cidades e das mega-cidades frequente e
criticamente caóticas; e daí se retira a crítica oportunidade que têm e terão,
por exemplo, as exposições habitacionais e os amplos fóruns de discussão sobre
estas matérias.
Realmente o
podermos ter e sentir, constantemente, um adequado sítio doméstico, permite-nos
poder estar habilitados e positivamente preparados para a “exploração” e o uso
mais intenso e prolongado dos espaços de vizinhança de proximidade e,
consequentemente, dos espaços mais citadinos; atuando, assim, a nossa habitação
como um “porto seguro”, bem identitário e apropriado, sempre disponível e
acolhedor no princípio e no fim das nossa deambulações urbanas – de certo modo
proporcionando-nos uma interessante e igualmente satisfatória dupla vida em
duas ou mesmo três dimensões que, desejavelmente, deveriam, ser tão
estimulantes como diversas: o mundo doméstico; a envolvente vicinal do mundo
doméstico e espaço preparatório do mundo urbano; e o mundo urbano.
Referindo-nos
especificamente à defendida clara abertura de perspectivas e de liberdade na
organização e nos conteúdos domésticos importa salientar que boa parte, se não
a totalidade, dos regulamentos que enquadram, por vezes de forma que se julga
ser excessivamente rígida, a concepção do espaço doméstico privativo nasceram
devido a justas e vitais preocupações ligadas à higiene, à saúde, à segurança e
à defesa dos habitantes relativamente à sua frequente exploração económica
através do seu alojamento em condições dimensional e ambientalmente
patológicas; condições estas que muito se ligam aos respetivos quadros urbanos.
E assim se
evidencia, mais uma vez, a ligação íntima e bissequencial, que une os espaços
domésticos, vicinais e urbanos; afinal, todos eles essenciais espaços de
habitar.
Regulamentação da habitação – novos caminhos
Ora, hoje
em dia, é possível proteger os habitantes de boa parte, ou mesmo da totalidade,
dessas negativas condições urbanísticas e de habitar através de outras medidas
técnicas, construtivas e normativas que não aquelas que definem uniformemente e
quase “milimetricamente” a organização doméstica, compartimento a compartimento
e espaço a espaço.
E todos
sabemos que as diversas instalações que servem o habitar, incluindo as
sanitárias, conheceram enormes avanços nos últimos 100 anos, assim como as
estratégias de ventilação, as prescrições relativas a condições de higiene e
saúde associadas aos acabamentos e, naturalmente, todo o enorme compêndio de
novas soluções construtivas e de pormenorização; e portanto o que aqui se
defende é que para garantir as apropriadas e necessárias condições de higiene e
de saúde no habitar doméstico não é hoje necessário seguir, como regra única,
prescrições justificadas por condições por vezes até já relativamente
ultrapassadas, por proporcionarem, em alguns casos, soluções espaciais e
técnicas alternativas e eventualmente mais adequadas à crescente diversidade de
modos e desejos de habitar casa, cidade e paisagem.
Fig. 01: apontamento de espaço doméstico baseado, livremente, em situações
reais. Pretende-se, aqui, focar o sentido de “porto seguro” que nos pode e deve
ser trazido pelas memórias e mesmo pelas possíveis visualizações da aproximação
e dos vãos exteriores dos nossos espaços domésticos; afinal, os contactos com mundos
domésticos que sejam verdadeiramente satisfatórios e desejados deveriam ser
claramente dignificadores e evidenciadores dessas condições e, evidentemente,
nunca reduzidos a meras relações funcionais de acessibilidade.
Novos modos e desejos de habitar e velhas soluções recuperadas
Mas, para
além desta perspetiva, talvez seja chegada a altura, numa altura de tantas
inovações e possibilidades tecnológicas em termos de climatização, ventilação,
isolamentos e instalações, de poder começar a reequacionar as próprias opções
básicas de organização doméstica; ou, pelo menos, é bem a altura de acabar com
modelos quase-únicos e de começar a disponibilizar uma verdadeira e atraente
diversidade de grandes opções domésticas.
E a título
de exemplos, que se julgam simples e atraentes, aponta-se a reinterpretação da
ideia de “hall” doméstico, no sentido de espaço de entrada e de eventual reunião
mais ampla, ou, alternativamente de desenvolvimento de um verdadeiro espaço de “descompressão”
e transição ambiental entre exterior comum ou público e interior mais privado;
e uma ideia/função que depois se pode desdobrar numa pequena saleta – o velho “parlour”
– e numa cozinha e zona de refeições, cuja duplicidade funcional possa ser,
eventualmente, graduada conforme a dimensão da habitação e até a ocasião de
vivência – mais formal ou mais familiar/informal.
E
entenda-se que este exemplo é, isso mesmo, apenas um exemplo, embora fundado
numa tradição de viver doméstico que passou de um único espaço de habitar, ou
de dois espaços sendo um privado do casal e outro comum aos restantes
habitantes da casa, para uma especialização e respectiva espacialização fundada
essencialmente nos aspectos da privacidade dos quartos e da função social – e
eventualmente convivial – do receber (um receber que implica convívio), isto
ainda na alta idade média e referido às grandes casas, para, depois, se
desenvolver uma funcionalização de todas as habitações, incluindo as mais
pequenas.
E o que se
quer deixar aqui apontado é que, atualmente, talvez seja a altura de retomar
algum desse “caos” equilibrado em termos de funções domésticas. Um “caos” que
habilite adaptabilidade e apropriação individual e em grupo e que seja servido
e tornado possível por uma excelente estruturação e controlo do conforto e da
saúde ambiental domésticas.
Importa, no
entanto, sublinhar que tais novos caminhos não podem seguir o mau exemplo do
anterior funcionalismo organizativo, rigidamente hierarquizado e de “modelo
único”, mas sim têm de ser aplicados adequada e cuidadosamente em relação e ao
serviço dos tais novos modos e desejos de habitar, ou de formas específicas de
viver a habitação; e quem projeta tem de ter a capacidade de julgar da
adequação ou inadequação destes caminhos, considerando as caraterísticas dos
moradores conhecidos ou prováveis.
É, ainda,
interessante refletir sobre o interesse humano e doméstico da cuidada e
relativa recuperação de “velhas” soluções de espaços e microespaços do habitar,
seja em termos dos seus expressivos conteúdos funcionais e ambientais mais
conviviais (ex., em termos da associação entre trabalho doméstico e convívio
informal) ou de maior privacidade e recolhimento e/ou funcionalidade (ex.,
espaços de trabalho profissional em ambiente doméstico), seja no que se refere
aos seus respetivos contornos e elementos formais e funcionais (ex., renovados
elementos de mobiliário com variadas valências e não apenas os “estafados” e “mínimos”
elementos correntes de mobiliário).
Funções habitacionais renovadas e novos espaços habitacionais
Centrando-nos,
agora, na referida e, naturalmente, sempre relativa reinvenção das funções, dos
ambientes, das associações e dos espaços de exercício do habitar doméstico, há
que sublinhar que esta ideia se liga:
·
quer a uma nova espacialização e funcionalização de determinados
compartimentos, transformando, por exemplo, a cozinha num amplo espaço
multifuncional e convivial, e a sala-comum num pequeno complexo de diversas áreas
de actividade distintas e potencialmente “privatizadas” (ex., cadeirão de
leitura bem localizado e com equipamentos de apoio), embora unificáveis numa grande
área “comum” de convívio doméstico;
·
quer a uma estratégia de sistemática conversão de muitas outras áreas
ou microáreas domésticas em espaços estimulantemente inovadores, porque
concretizam a associação de funções e de ideias diversificadas; por exemplo,
uma semi-cave que se transforma numa sala familiar, de trabalho e para dormir
de convidados e um lavabo social que é tratado muito mais como um espaço de
recepção e representativo, do que como uma vulgar e pequena casa de banho e, já
agora, também em espaço de apoio a uma razoável “descontaminação” quando se
chega a casa.
O que se
acabou de apontar tem a ver, por um lado, com a ideia que se tem apontado, nestes
textos, sobre a função não ser tudo, quando abordamos o habitat humano, e
revelar ser mesmo bastante pouco; uma ideia que se julga ser bastante adequada
seja na própria cidade e nos seus bairros, seja nas vizinhanças residenciais e
urbanas, seja nos edifícios habitacionais e, finalmente, e naturalmente, de
forma destacada, nos interiores domésticos.
Fig. 02:
apontamento de Braga na proximidade do Arco da Porta Nova, um espaço urbano
vivo, bem pedonalizado, diverso e multifuncional. E, a propósito, parece ser
oportuno referir que para ser realmente estimulante e atraente o espaço urbano
tem de ter e evidenciar espaços “quase domésticos” na sua expressiva e múltipla
capacidade de uso pela pessoa a pé e, naturalmente, pela sua assinalável escala
humana.
Funcionalismo no habitar – passado criticável e realidade a alterar
Lembremos,
novamente, como o funcionalismo fez e faz sofrer os habitantes das cidades,
tentando “impingir-lhes” tipos de organização e conteúdos funcionais por vezes
aberrantes, porque tão distintos das misturas funcionais diversificadas que são
as mais humanas e que se ligam aos núcleos e novelos funcionais diversificados,
que são os verdadeiros motores e caracterizadores de cidades vivas e
estimulantes.
E se tal
aconteceu à escala da cidade, com tantos aberrantes porque excessivos e pouco
naturais zonamentos, o que dizer da escala do edificado, abandonada à fúria
especulativa do “pronto-a-habitar”, feito “à medida” de famílias-tipo cada vez
mais inexistentes e sempre “à medida” de uma indústria da construção
habitacional, que, naturalmente, preferiu um produto mobiliário estandardizado;
num processo uniformizador que, por exemplo, nos oferece o famoso leque
tipológico do T0 ao T5, com eventuais e pouco frequentes soluções intermédias,
marcado pela omnipresente zona íntima e por uma estruturação funcional
rigidamente hierarquizada e repetida.
Habitações
que deixaram de ser verdadeiramente caraterizadas, pela sua dimensão e pelos
seus “partidos” de estruturação e ambientais, para se reduzirem a uma espécie
de “centopeias” domésticas, cujas cabeças são, por regra, iguais ou muito
semelhantes e que, depois, se prolongam por uma sequência de quartos mais ou
menos alongada.
Habitar e inovação – habitar e adequação
Tal
realidade, marcada verdadeiramente pela consideração da habitação e do habitar
como verdadeiros produtos de consumo, foi apenas “combatida” em opções, mais ou
menos, experimentalistas e/ou de extremo bom-senso e grande qualidade
arquitetónica, associadas, frequentemente, a intervenções de habitação
de interesse social e, por vezes (pontualmente), a habitação para grupos
sociais mais favorecidos e/ou em habitações feitas realmente à medida dos seus
futuros habitantes e por excelentes e bem informados e formados Arquitectos.
Ações estas
de criação de estimulantes espaços habitacionais que privilegiam o
desenvolvimento de um mundo familiar e pessoal que deve e pode ser uma
realidade feita para servir e estimular as necessidades e os sonhos de habitar,
bem como a mutação dos mesmos ao longo dos anos - e esta capacidade de quase contínua
(re)conversão formal e funcional da habitação ao longo dos decénios, servindo a
mesma ou diversas famílias, constitui um extraordinário suplemento físico, de
apropriação e de alma aos respetivos habitantes, que deveria ser muito mais
interiorizado e considerado; e quando não existe traduz-se, afinal, por vezes,
na transformação da habitação numa espécie de “para-camisa de forças” doméstica.
E essa recriação
de estimulantes espaços habitacionais que privilegiem o desenvolvimento e a
mutação de variados mundos familiares e pessoais é possível, frequentemente, através
de soluções, que por vezes parecem tão simples, como fusões e separações de
espaços e de estruturas de circulação, caraterizações ambientais marcantes,
designadamente em termos de sentido/”adn” doméstico, e de inovadoras integrações
de instalações que potenciem essa mesma capacidade de mutação e adequação; uma
simplicidade que, evidentemente, só é possível com boa Arquitectura.
Afinal e tal como escreveu
Christian Norberg-Schulz, a casa não é e não pode ser um refúgio funcional, um
"não lugar" uniforme, mas exige um espaço distinto e uma cena que se
possa imaginar (1).
Notas:
(1)
Christian Norberg-Schulz, "Habiter", p. 105.
Uma primeira versão, bastante menos
desenvolvida, deste artigo foi publicada no número 470 da Infohabitar, em 3 de
Fevereiro de 2014.
Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada,
caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha
de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto
da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos
artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos
artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é,
igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que deverão
referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e
científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito
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com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo
GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à
respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas
e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido
na edição.
Infohabitar, Ano XVI, n.º 730
Sobre a temática das novas formas de habitar – Infohabitar
# 730
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola
Superior de Belas Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de
Arquitectura da Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação
em Arquitectura e Urbanismo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC), em Lisboa.
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para
a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na
Federação Nacional de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).
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