domingo, janeiro 27, 2013

424 - Notas sobre a criação e os objetivos do CIHEL - Infohabitar 424

Infohabitar, Ano IX, nº424




Importante: Considerando a proximidade do 2.º Congresso Internacional Habitação no Espaço Lusófono (2.º CIHEL) e 1.º Congresso CRSEEL evidenciam-se, já de seguida, os principais artigos/links sobre este evento:

Site do 2.º CIHEL; com acesso a ficha de inscrição e quadro de apoios

Temas do 2.º CIHEL e do 1.º Congresso CRSEEL - as 137 comunicações já entregues sobre: habitação, cidade, território e desenvolvimento - António Baptista Coelho e Anabela Manteigas (n.º 421, 31 Dez. 12, 14 págs., 10 figs.).
2.º CIHEL - "Habitação, Cidade, Território e Desenvolvimento", no âmbito da lusofonia: 2.º CIHEL, LNEC, Lisboa, 13 a 15 de março de 2013 - Comissões do 2.º CIHEL (n.º 418, 2 Dez. 12, 9 págs., 12 figs.).
2nd CIHEL - International Congress on Housing in the Lusophone Territory - António Baptista Coelho e Elisabete Arsénio (n.º 403, 23 Jul. 12, 6 págs., 5 figs.).

E lembra-se que há pouco mais de duas semanas ultrapassámos as 300.000 consultas de artigos, com médias que ultrapassam, frequentemente, as 400 consultas diárias, comemorando com a edição da última edição do nosso catálogo interactivo, aqui bem à mão em







Notas sobre a criação e os objetivos do CIHEL

António Baptista Coelho

a) Da ideia e do tema do 1.º Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono ao 2.º Congresso

O "Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono", teve a sua designação de "CIHEL" atribuída, julga-se, com felicidade, pela colega Ana Vaz Milheiro, numa das primeiras reuniões organizativas, que teve lugar cerca de Abril de 2010 no gabinete da chefia do Núcleo de Arquitectura e Urbanismo do LNEC e sede do Grupo Habitar.

É interessante lembrar que muitos amigos e colegas acharam então difícil, se não impossível, falarmos, em português, e com utilidade, das matérias de um habitar que no mundo da lusofonia tem inúmeras realidades específicas; no entanto, no 1.º Congresso, que teve lugar em Setembro de 2010 no ISCTE-IUL, uma das conclusões mais evidentes é que sim, é possível e é útil fazê-lo, quer porque a massa crítica da reflexão que podemos realizar em português é, realmente, muito significativa e rica, quer porque as questões associadas à diferenciação das situações, problemáticas e meios disponíveis, é, naturalmente, real entre os diversos países da lusofonia, mas é real, também, dentro de cada um de todos esses países onde se fala esta língua, uma situação que é extremamente significativa seja nos países muito grandes, seja até em países relativamente pequenos, mas geograficamente muito distribuídos e caracterizados por problemas e meios locais muito distintos.

E, assim, a ideia foi lançada e bem acolhida por um grupo amplo de colegas associados a várias entidades com diversas naturezas, e entre 22 e 24 de setembro de 2010, no Centro de Congressos do ISCTE-IUL, em Lisboa, reunimo-nos, procurando associar todos aqueles que tiveram a possibilidade de estarem informados desta iniciativa e que a consideraram suficientemente interessante para nela participarem; e refere-se esta questão associada à divulgação, pois considera-se ser ela determinante em termos da dinamização do Congresso, fazendo-se, desde já, a confissão de não termos, ainda, conseguido a capacidade de divulgação adequada, embora, como se verá, julgarmos ter avançado nesta matéria entre o 1.º e o 2.º Congressos.

O 1.º Congresso Internacional Habitação no Espaço Lusófono - 1.º CIHEL-, debruçou-se sobre a qualidade do habitat residencial promovido para populações com baixos rendimentos e mobilizando portanto recursos modestos. O campo de aplicação de tal objectivo tanto se referiu às pequenas comunidades urbanas periféricas da Europa, nomeadamente mediterrânicas, que lutam com problemas de isolamento e escassez de recursos, como a todas as comunidades urbanas dos países em desenvolvimento; afinal, as presentes e futuras exigências de sustentabilidade ambiental, social e económica aproximam cada vez mais estes dois grupos de populações. Estes desafios têm diversas vertentes disciplinares, científicas, sociais, políticas, económicas, mas entre elas avulta a da concretização de um habitar tão adequado aos cada vez mais variados modos de vida, como consistente na concretização de vizinhanças e bairros.

Retomando, de certa forma, ideias lançadas no 1.º CIHEL, salienta-se a importância de de se considerar que a qualidade e o bem-estar de quem "habita" (da habitação à cidade), não é cumprida num qualquer alojamento mínimo, concretizado, por exemplo, num apartamento de um edifício sem qualidade arquitectónica e situado numa zona sem espaços públicos e vida urbana; isto porque o "bem habitar", em termos quantitativos e qualitativos, vive-se tanto no espaço doméstico, como na vizinhança, no espaço público, na cidade e no próprio território onde esta se insere.

Esta consideração, sobre o tema de um habitar que deve ser proporcionado numa perspectiva quantitativa e qualitativa muito cuidadosa, assume especial pertinência numa altura em que se continuam a desenvolver planos e ações habitacionais e de realojamento, associadas a elevados números de habitações em vários dos países onde se fala português.

E, assim, nesta ocasião, e à semelhança do que aconteceu em 2010, no 1.º Congresso, julga-se que até proporcionar algo tão simples e eventualmente tão oportuno, como a divulgação, numa mesma língua comum, do que foram os maus exemplos de habitar e de habitação de interesse social e, preferencialmente, das características das boas ideias e experiências de habitação, vizinhança, cidade e oredenamento territorial, são aspetos que podem ajudar, de forma determinante, a escolher bons caminhos em termos de boas práticas, com reflexos no bem-estar das famílias, numa bem informada poupança no investimento público , numa boa ligação entre resolução de problemas sociais e dinamização da economia e numa nova retoma do problema da habitação num século em que habitação e cidade têm de aprender a conviver de forma mutuamente favorável e mesmo estimulante.

E nunca será excessivo lembrar, por exemplo, os problemas críticos que são continuamente criados por: condições mínimas de habitabilidade do espaço doméstico, bem abaixo de quaisquer níveis e condições razoáveis; por escolhas tipológicas habitacionais sem qualquer sentido, fazendo-se edifícios altos quando seria preferível soluções de baixa ou média altura altura e com adequada continuidade urbana; pela doentia repetição de projectos-tipo que não servem nem populações específicas nem locais específicos; pelo esquecimento do papel fundamental de um exterior residencial agradável; pela opção por soluções construtivas mal fundamentadas e sem qualidade; e pela ausência de cuidados sociais prévios e de gestão posterior. E como se terá notado não nos afastámos muito e "só" da matéria habitacional específica.

Um aspecto muito importante em tudo isto é que devemos aproveitar, divulgar e discutir a experiência adquirida, em termos positivos e negativos, no que se refere às intervenções habitacionais, citadinas e territoriais, não fazendo sentido irmos repetir, sem cuidados específicos, em determinadas realidades nacionais e geográficas, as soluções problemáticas ou mesmo muito negativas, que já foram ensaiadas em outras realidades nacionais e geográficas, onde se fala a mesma língua e onde haverá, no mínimo, uma base cultural comum significativa.

b) Sobre o 2.º CIHEL: alguns apoios organizativos e alianças estratégicas

O 2. CIHEL é promovido e organizado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e pelo FUNDCIC, a partir da iniciativa do Grupo Habitar (GH) – associação técnica e científica sem fins lucrativos com sede no Núcleo de Arquitetura e Urbanismo (NAU) do LNEC. A estrutura promotora e divulgação e organização do Congresso inclui uma Comissão de Honra, uma Direção, um Secretariado Permanente do CIHEL, uma Comissão Consultiva, uma Comissão Científica, uma Comissão Dinamizadora Internacional, e uma Comissão Organizadora, associada a um Secretariado Geral.

Salienta-se, ainda, que ao 2.º CIHEL em boa hora se aliou o 1.º Congresso Construção e Reabilitação Sustentável de Edifícios no Espaço Lusófono (1.º CCRSEEL), desenvolvido pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa (FCT-UNL).

Em primeiro lugar, neste 2.º CIHEL e 1.º CCRSEEL, há que agradecer o Alto Patrocínio do Senhor Presidente da República, a aceitação da presidência do Congresso por parte do Senhor Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, e os apoios institucionais do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, e do Ministério dos Negócios Estrangeiros, através da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.

No 2.º CIHEL importa sublinhar a importância assumida pela Comissão Científica e o seu Presidente, o Prof. Paulo Tormenta Pinto, num diálogo e num trabalho comum marcados pelo objetivo de se fazer o melhor possível, mesmo quando há realmente muito pouco tempo disponível para tal.

Neste Congresso há ainda que salientar a importância da Comissão Dinamizadora Internacional e do seu Presidente, o Prof. António Gameiro, igualmente num diálogo óptimo e num apoio à divulgação do 2.º CIHEL que foi determinante para a grande adesão em termos de comunicações - com o número de 141 trabalhos recebidos - e de inscrições no Congresso.

c) Sobre o 2.º CIHEL e 1.º CCRSEEL: principais objetivos

Pretende-se com este 2.º CIHEL e 1.º CCRSEEL desenvolver uma abordagem ampla e multifacetada da temática “Habitação, Cidade, Território e Desenvolvimento”, considerada de grande oportunidade, numa altura em que se desenvolvem planos para elevados números de habitações e para a reurbanização de extensas áreas em vários dos países da lusofonia que se debatem com críticas carências habitacionais e de ordenamento urbanístico, e privilegiando-se a abordagem do habitar, num sentido amplo e correto, que considere as suas facetas quantitativas, qualitativas, urbanas, territoriais e ambientais, e o seu papel como meio vital de desenvolvimento socioeconómico dos respetivos países.

Nesta perspetiva está sempre presente a constatação da fortíssima capacidade da dinâmica da construção/reabilitação habitacional e do crescimento urbano no desenvolvimento de um país, assim como está presente a idéia de que esta potente ferramenta de crescimento económico tem obrigatoriamente de ser bem dirigida para que esse desenvolvimento se possa fazer em caminhos social e culturalmente válidos e adequados a cada contexto nacional, regional e local.

O amigo Khaled Ghoubar, Prof. da FAU-USP, escreveu sobre o 2.º CIHEL e sobre o próprio “CIHEL” que «…a discussão da questão habitacional será muito bem vinda, ainda mais quando tratada dentro de um território transnacional … Esse caráter transnacional, unificado pela cultura portuguesa ... é a pedra fundamental na construção de laços mais fortes e duráveis de cooperação técnica e econômica de todos os tipos, não só a habitacional que aqui nos interessa como assunto central. Mas esta centralidade do tema habitacional do CIHEL jamais será exclusiva, pois o projeto habitacional envolve toda a gama de agentes sociais, políticos e econômicos para a sua concepção, execução e consumo …». Palavras que definem este 2.º CIHEL em termos de fórum sociotécnico dinâmico que se deseja poder vir a ser de elevada utilidade para os seus participantes.

Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.


Editor: António Baptista Coelho
Ano IX, nº424
Notas sobre a criação e os objetivos do CIHEL,
Edição de José Baptista Coelho
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte

Sem comentários :