segunda-feira, dezembro 22, 2008

227 - A NHC e os Prémios INH-IHRU - Infohabitar 227

Infohabitar 227


A NHC, Nova Habitação Cooperativa e os Prémios INH-IHRU

Alguns casos urbanos e habitacionais de referência



um pequeno relato de António Baptista Coelho (*)

Neste artigo faz-se uma pequena viagem em alguns conjuntos urbanos e residenciais da Nova Habitação Cooperativa que foram mencionados e premiados, consecutivamente, no âmbito do que foram, ao longo de 18 anos, os Prémios anuais do Instituto Nacional de Habitação (Prémios INH) e do que é, actualmente, o Prémio do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana, na vertente Construção (Prémio IHRU 2008).

A NHC, Nova Habitação Cooperativa, conta já com mais de 20 anos de actividade e constitui um dos pilares da Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE), é uma das cooperativas mais dinâmicas na promoção de Habitação Social (Habitação a Custo Controlado) na zona de Lisboa e esteve, por vezes, associada ao Prémio INH, designadamente, por integração no seu Júri de análise, que até 2008 sempre incluiu representantes das associações empresariais e das cooperativas de habitação representadas na FENACHE.



Fig. 01: uma imagem do Júri do Prémio em trabalho, em 2002

Ainda nesta nota introdutória e de enquadramento há que referir que um dos principais elementos do que foi a verdadeira escola do Júri do Prémio INH, sobre cuja metodologia se referem, em anexo, os principais aspectos, foi o Dr. José Barreiros Mateus, um bom amigo, que infelizmente já não está connosco, que foi o fundador da NHC e dirigente cooperativista habitacional com acção ao nível nacional e internacional. O Dr. Barreiros Mateus foi, várias vezes, representante da Federação Nacional das Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) no Júri do Prémio INH e foi sempre um activo e muito informado participante na dinâmica desta “escola” do Prémio INH, que se iniciou entre 1989 e 1990, e que encontrou neste cooperativista e professor universitário, um elemento vital para a sua dinamização e para a sua fundação sólida e esclarecida em termos das realidades, problemas e virtualidades, que marcavam, então, de forma muito expressiva, a promoção portuguesa de habitação de interesse social.

A Nova Habitação Cooperativa tem continuado, com firmeza, o seu caminho, desde há alguns anos sob a direcção do amigo Manuel Tereso, também membro dos corpos sociais da FENACHE, num percurso bem fundamentado como promotora de habitação a custos controlados, no qual a NHC conta já com cerca de mil novos fogos concluídos, e tendo alargado, estrategicamente, a sua acção à gestão integrada de antigos bairros sociais, numa nova e fundamental faceta de acção cooperativa que tem tido como agente a NHC Social, coordenada pela Dr.ª Albertina Mateus – acção esta à qual o Infohabitar dedicará atenção específica em futuros artigos.

Mas é, especificamente, sobre o reflexo que a pequena história da promoção de nova habitação, pela NHC, trouxe ao Prémio INH e ao seu sucessor o Prémio IHRU, que tratam estas páginas, numa perspectiva informal que articula um conjunto de comentários, mais ou menos, técnicos, ilustrados e sensíveis aos fundamentais aspectos da satisfação dos habitantes e da contribuição para o fazer de uma boa cidade.



Fig. 02 e Fig. 03: entre estes dois conjuntos decorreram cerca de 20 anos – edifício em Alenquer, à esquerda, a primeira obra da NHC e, à direita, o conjunto em S. João da Talha, recentemente concluído, mas que será, em breve, prolongado.

Vamos, então, falar um pouco sobre alguns dos conjuntos residenciais da NHC que foram candidatos nas várias edições do Prémio INH, mas não sem se referir aqui, que se sabe ser possível melhorar ainda muito e melhorar em diversos aspectos diversificados da promoção habitacional, construindo, assim, uma melhoria multifacetada; portanto não há aqui qualquer ideia de que estas sejam “obras primas” do habitar, longe disso.

Talvez um dia, talvez aquelas que estão, hoje em dia, em fase de promoção pela NHC possam ser um pouco mais perfeitas, é sempre essa a ideia que move a NHC, procurando-se melhorar, gradualmente, com segurança e pertinácia, visando-se a construção de sítios de habitar que aliem um desenho que seja o melhor possível a um conjunto de aspectos funcionais e de imagem que satisfaçam o mais possível quem lá habita, e isto num quadro de referência de custos controlados e de áreas controladas e, tantas vezes, travando verdadeiras e desgastantes lutas com um processo de desenvolvimento dos projectos e das obras, que encontra obstáculos esperados e inesperados, praticamente numa base diária; e atente-se, mesmo quando o objectivo é, afinal, e apenas, como é o caso da NHC, fazer melhor habitação e habitação mais barata para o maior número possível de pessoas.

Esta pequena história, que irá abordar, apenas, algumas das candidaturas da NHC ao Prémio INH, começa no já “longínquo” ano de 1993, com duas excelentes candidaturas cooperativas ao Prémio INH, participadas pela NHC em conjunto com outras cooperativas, numa altura em que o Prémio era totalmente dominado pela quantidade e qualidade da promoção cooperativa.




Fig. 04: o conjunto na Bensaúde, Olivais, Lisboa

Uma primeira e relevante candidatura ao Prémio INH, em Olivais Norte, Lisboa; e o interesse de se transformar uma margem abandonada em tecido urbano e vivo coerente
Entre 1990 e 1992 a NHC desenvolveu um conjunto de 55 fogos, integrado num agrupamento mais amplo (155 fogos) participado por mais outras duas cooperativas de habitação, a Cooperativa Cooplar de Moscavide e a CMLCOOP, na Av. Alfredo Bensaúde, Olivais Norte, Lisboa.

Embora este Programa não tenha sido financiado pelo INH – o financiamento foi da Caixa Geral de Depósitos – os respectivos fogos cumprem, inteiramente, as características dimensionais, funcionais e qualitativas exigidas para a Habitação de Custos Controlados (HCC).

Em termos de integração o conjunto preenche e vitaliza uma margem urbana, antes, desocupada e abandonada, assegurando uma solução caracterizada por forte continuidade do edificado.

Os edifícios são multifamiliares de baixa altura, os fogos os estão equitativamente distribuídos pelas tipologias T2 e T3 e os habitantes dispõem de estabelecimentos comerciais e de serviços e de um espaço social polivalente (para apoio aos condomínios e às actividades cooperativas). O estacionamento automóvel faz-se em garagens colectivas, mas também no exterior em estacionamentos arborizados e com uma imagem urbana bem integrada.

Os projectistas coordenadores foram o Arq. Rui Pedro Cabrita e o Arq. Miguel Ângelo Silva e a construção foi assegurada pela Redutos, S.A.



Fig. 05: o conjunto na Bensaúde, Olivais, Lisboa

O Conjunto foi candidato ao Prémio INH 1993 não tendo obtido destaque, essencialmente, como atrás se disse, devido à grande quantidade e qualidade dos empreendimentos cooperativos candidatos; mas se é admissível uma pequena confissão de um jurado, julga-se que, claramente, este conjunto teria sido justamente merecedor de uma referência específica porque se assegurou aqui uma excelente margem urbana cooperativa e residencial, e a partir de uma estreita margem entre uma importante via rodoviária e uma faixa industrial, o esforço conjugado de três cooperativas fez surgir uma banda alongada e com agradável escala urbana, que requalificou o sítio e proporcionou a um apreciável conjunto de famílias a concretização da “miragem” de habitar Lisboa a um custo e com uma qualidade controlados.

Sublinha-se ainda que se trata de uma tipologia muito conseguida, seja na intensa arborização aplicada, o que é infelizmente raro, seja na integração das garagens comuns, seja na imagem de arquitectura urbana que alia sobriedade e atraente caracterização residencial, seja na forte economia de espaços comuns, revertendo directamente em melhores áreas domésticas.

Na agradável rua “interiorizada” e de vizinhança encontramos elementos de reforço da escala humana, com relevo para as rebaixadas entradas comuns, para as grelhagens domésticas, para alguns equipamentos de vizinhança e naturalmente para um verde urbano diversificado e atraente. Ainda ao nível urbano faz-se uma referência para a ideia de polarizar os espaços públicos com maior utilidade entre topos de edifícios, ritmando-se e suavizando-se a banda edificada.

No edifício salienta-se a solução de rampa comum para as garagens de dois edifícios e a economia espacial que marca a entrada e a escada comum, maximizando-se o espaço doméstico. Nos fogos destaque para a ideia de ampliar visualmente as salas através do vestíbulo de entrada e para a solução de grande floreira em parte reentrante, que marca a sala comum e também a fachada.

Destaca-se finalmente que, de uma margem periurbana ao abandono se fez, “simplesmente”, uma rua residencial viva e naturalizada; uma acção de micro-urbanismo extremamente actual e vital em termos de preenchimento e revitalização urbana e residencial.



Fig. 06: o conjunto no Algueirão, Sintra

Uma primeira Menção Honrosa no Prémio INH 1993, no Algueirão, Sintra; e a força de um conjunto de bons espaços exteriores equipados

Também entre 1990 e 1992 a NHC desenvolveu um conjunto de 73 fogos, integrado num agrupamento com grande dimensão (318 fogos) desenvolvido pela União de Cooperativas de Habitação Nova Imagem, U.C.R.L., onde se associava a NHC, no Bairro Nova Imagem, Algueirão Velho, Sintra.

Este Programa foi financiado pelo INH e os respectivos fogos cumprem, inteiramente, as características dimensionais, funcionais e qualitativas exigidas para a Habitação de Custos Controlados (HCC).

A principal característica desta intervenção, que tem já apreciável dimensão urbana, é definir-se através de agradáveis espaços de vizinhança e recreio bem articulados com os edifícios.

Os edifícios são multifamiliares de baixa altura, os fogos os estão dominantemente distribuídos pelas tipologias T2 e T3 (dois e três quartos de dormir) , havendo ainda algumas habitações T4 (quatro quartos de dormir) e também fogos T1 (um quarto de dormir).

Foram criados equipamentos de proximidade – estabelecimentos comerciais e de serviços e salas de condomínio – e equipamentos da vizinhança alargada – Creche, Infantário, ATL, Centro Comercial, e dois Polidesportivos. O estacionamento automóvel é exterior.

O projectista coordenador foi o Arq. Fernando Branco e a construção foi assegurada pela Amadeu Gaudêncio, Lda.



Fig. 07: o conjunto no Algueirão, Sintra

Este conjunto de quarteirões residenciais que foi Menção Honrosa do PINH em 1993, constitui mais um exemplo da importância que tem, para a qualidade de vida diária de quem habita, poder ter usos específicos, de lazer e de desporto, adequadamente previstos em espaços públicos próximos de casa e positivamente configurados.

Fica, uma vez mais, bem patente a força vitalizadora e caracterizadora de uma boa intervenção paisagística. E só não atentará em tal força quem não queira ver a realidade de poder ter, à porta de casa, um sítio de recreio livre e atraente em vez de um espaço abandonado onde tantas vezes o lixo se acumula.

A intervenção oferece um esquema urbano com um traçado convencional (bem conhecido), servido por sequências de pequenas alamedas e ruas residenciais, envolvendo quarteirões e marcado por variados equipamentos comerciais e de apoio diversificado.

Um tal traçado urbano atinge uma muito interessante expressão de abrigo e de familiaridade vicinal ao nível das pequenas pracetas residenciais, bem pormenorizadas e equipadas, concretamente, com recintos desportivos, parques infantis e jardins urbanos e onde se consegue estabelecer, realmente, uma relação próxima e motivadora entre o habitar da casa e o habitar do exterior residencial, em segurança.



Fig. 08: o conjunto que foi Prémio INH 2004, no Bairro do Zambujal, Amadora

Um Prémio INH 2004, no Bairro do Zambujal, Amadora; e a força de uma vizinhança humanizada e física e socialmente regeneradora
Entre 2001 e 2003 a NHC desenvolveu um conjunto de 68 fogos, constituindo uma vizinhança bem afirmada e equipada, no Bairro do Zambujal, Amadora.

Este Programa foi financiado pelo INH e os respectivos fogos cumprem, inteiramente, as características dimensionais, funcionais e qualitativas exigidas para a Habitação de Custos Controlados (HCC), mas, cumulativamente, há aqui um claro aprofundamento da estratégia de qualidade de habitar cooperativa num reflexo do que as cooperativas da FENACHE estavam a fazer já por todo o país, designadamente, em termos da garantia da construção através de um Seguro Decenal.

A principal característica desta intervenção, que tem já evidente protagonismo urbano, é fazer viver o habitar local num sentido integrado de espaço interior e exterior, criando uma vizinhança, mas uma vizinhança que não se fecha sobre si própria e, antes pelo contrário, que constitui um elemento regenerador e de diversificação física e social de uma envolvente excessivamente marcada por “velhos” bairros sociais.

O conjunto da NHC é constituído por bandas de edifícios multifamiliares de baixa altura, que dão forma urbana a uma agradável praceta ajardinada, que preenche e qualifica, positivamente, em termos de atractividade e de coesão uma parte da malha urbana do Plano Integrado do Zambujal.

As habitações oferecem um leque amplo de tipologias que vão do T1 ao T4 e os edifícios integram, ainda, um conjunto de estabelecimentos comerciais e de serviços e salas de condomínio. O estacionamento automóvel é exterior.

O projectista coordenador foi o Arq. Carlos Carvalho e a construção foi assegurada pela Carpur – Construções, S.A.



Fig. 09: o conjunto que foi Prémio INH 2004, no Bairro do Zambujal, Amadora, numa das muitas imagens possíveis através do programa Live Search Maps, da Microsoft Corporation, e onde fica evidente o posicionamento estratégico da nova praceta da NHC, como elemento de aprofundamento da diversificação e da animação social e urbana numa zona muito sobrecarregada com intervenções de habitação de interesse social (Plano Integrado do Zambujal).

O Júri do Prémio INH 2004 destacou sobre este conjunto da NHC:

… é uma promoção integrada que vai do nível do projecto e da obra à organização dos moradores, até à garantia por dez anos de diferentes aspectos da construção …;
…o conjunto edificado valoriza o local pela qualidade da imagem e da construção dos edifícios e, ainda, pela criação de extenso e diversificado espaço exterior de lazer, para uso público …;



Fig. 10: o conjunto que foi Prémio INH 2004, no Bairro do Zambujal, Amadora

Este conjunto corresponde a um processo de promoção completo, que vai até à contratação de uma garantia de dez anos, relativa aos principais aspectos construtivos e que integra todas as especialidades técnicas, desde a arquitectura paisagista à montagem da gestão global a realizar depois da ocupação dos fogos.

Outro aspecto relevante tem a ver com a clara função de integração e dinamização social que este conjunto assume numa envolvente socialmente muito sensível.

Quanto ao urbanismo foi desenvolvido um grande “L” que define por fora uma rua arborizada e com floreiras integradas nos edifícios, e por dentro uma grande praceta agradavelmente ajardinada e multifuncional, que não foi mais humanizada e equipada porque o município não aprovou o respectivo projecto, devido a razões de minimização da manutenção.

No edifício, para além de escadas comuns com luz natural, há uma clara aposta na dinamização dos condomínios – com uma sala em cada escada comum –, e no que se refere ao interior doméstico há excelentes cozinhas conviviais e criaram-se pequenas varandas, que também ligam exteriormente compartimentos.

Ainda outro aspecto relevante tem a ver com a clara função de integração e dinamização social que este conjunto assume numa envolvente socialmente muito sensível e considerando um número de fogos muito equilibrado.



Fig. 11: o conjunto que foi Prémio IHRU Construção em 2008, em São João da Talha, Loures

Um Prémio IHRU Construção 2008, em São João da Talha, Loures; e a importância e a actualidade de soluções de habitar à medida de quem habita e diversificadas

Entre 2006 e 2007, em parceria com a Câmara Municipal de Loures, a NHC desenvolveu um conjunto de 22 fogos, constituindo uma pequena vizinhança bem coesa, internamente, e ligada à cidade, em São João da Talha, Loures; uma vizinhança residencial que, desde a primeira ideia e o primeiro esboço foi dirigida e afeiçoada em termos arquitectónicos para se adequar ao modo de viver da etnia cigana.

Este Programa foi financiado pelo INH e os respectivos fogos cumprem, inteiramente, as características dimensionais, funcionais e qualitativas exigidas para a Habitação de Custos Controlados (HCC).

Os projectistas coordenadores foram, sequencialmente, o Arq. Luís Monteiro e o Arq Antero de Sousa e a construção foi assegurada pela Carpur – Construções, S.A.

As principais características desta intervenção, que tem já evidente protagonismo urbano, têm a ver com um amplo leque tipológico, que vai do T0 (sala/quarto) e dos T1 (um quarto) aos T5 (cinco quartos), de modo a atingir-se um máximo de adequação à composição dos agregados, e com o desenvolvimento de uma pequena praceta pública em torno da qual se implantou um conjunto edificado coeso, constituído por edifícios uni e multifamiliares de baixa altura.

Foi também desenvolvido um espaço que se destina a equipamento social com valências ligadas ao apoio das crianças e também a algum acompanhamento, em continuidade, da gestão local.



Fig. 12: o conjunto que foi Prémio IHRU Construção em 2008, em São João da Talha, Loures, numa das muitas imagens possíveis através do programa Live Search Maps, da Microsoft Corporation, e nesta imagem é possível ter-se uma ideia clara da articulação da nova intervenção da NHC, seja relativamente a equipamentos e habitações preexistentes, seja relativamente a um novo conjunto também da NHC, actualmente concluído e que disponibiliza um numero significativo de habitações a custos controlados, aprofundando a diversificação social na zona.

O Júri do Prémio INH 2004 destacou sobre este conjunto da NHC:

"É um conjunto de edifícios multifamiliares e unifamiliares que se desenvolve em duas bandas paralelas, definindo um grande pátio de convívio familiar e concebido para satisfazer a forma de habitar da comunidade cigana, ao mesmo tempo que se potencia a sua integração, através de uma relação estratégica com a continuidade urbana e de uma outra relação funcional com um estacionamento de veículos.

É de realçar a intenção de fixar uma população ao local, onde tradicionalmente residia, ultrapassando a rejeição social de que estavam a ser sujeitas.
Ao nível das soluções domésticas desenvolveram-se cuidados específicos de adequação ao modo de vida específico desta comunidade, enquanto se está a desenvolver uma intervenção contínua em termos de gestão local de proximidade com acções concretas no apoio à infância.

A apropriação e personalização dos espaços habitacionais, já evidentes, são por si reveladoras do grau de satisfação desta comunidade".




Fig. 13 e Fig. 14: o conjunto que foi Prémio IHRU Construção em 2008, em São João da Talha, Loures, um pormenor da já sentida e positiva apropriação dos fogos e um dos edifícios unifamilares em bandas contínuas.

Em São João da Talha proporcionou-se uma casa digna a quem vivia em péssimas condições de habitabilidade, considerou-se o modo de habitar específico da etnia cigana, designadamente, na relação de uma vizinhança coesa, mas aberta, relativamente a uma vizinhança alargada marcada por equipamentos colectivos e por habitação corrente; e aqui chama-se a atenção para a disponibilização nesta envolvente de um significativo conjunto de habitação a custos controlados, actualmente em acabamento, e que irá proporcionar mais um enriquecimento da diversidade sociocultural existente na zona.

Em termos da própria solução urbana do conjunto que ganhou o Prémio IHRU importa salientar a ligação entre tipologias multifamiliares com baixa altura e acesso pelo exterior e tipologias unifamiliares em bandas contínuas (pequenas moradias), com acesso por um pátio público alongado com características conviviais, que por uma extremidade se liga à continuidade urbana local e, por outro, tem ligação funcional a um estacionamento.

As soluções edificadas e designadamente as moradias procuram adequar-se a modos de vida específicos, designadamente, através de pequenas arrumações na frente das habitações e acesso exterior, úteis no apoio à actividade comercial itinerante, e depois, no interior do fogo, através de uma organização doméstica que privilegia os espaços comuns, a luz natural e as vistas sobre o referido pátio público de acesso.

A ideia que se seguiu neste artigo foi fazer-se um comentário informal ao que foi uma evolução natural das preocupações, do saber-fazer e da prática de trabalho da NHC, perspectivando alguns dos seus pontos altos, marcados por Prémios e Menções, mas integrando-os numa sequência que se quer continuar e melhorar, e que tem tudo a ver com a vontade de aprofundar a reflexão sobre os principais problemas do nosso habitar urbano e de diversificar novas ideias de habitar bem fundamentadas.




Fig. 15: uma fotografia conjunta do Júri do Prémio, dos promotores e projectistas, e dos habitantes do conjunto da NHC em São João da Talha

Anexo informativo sobre o processo de análise do Júri
O Prémio INH e o Prémio IHRU Construção são, exclusivamente, prémios honoríficos e com uma essencial função informativa e de divulgação de boas práticas.

Por sistema o Júri tem visitado todas as candidaturas, condição esta que no último Prémio, o Prémio IHRU 2008 também se cumpriu para as candidaturas cooperativas.

Entre as matérias que marcaram, regulamentarmente, a análise do Prémio destacam-se os seguintes sete critérios:

“a salvaguarda e valorização da qualidade da paisagem global;
o modelo e a integração urbanística com a compreensão da aptidão dos espaços e dos valores naturais e culturais existentes;
a imagem e a organização arquitectónica;
as técnicas e a racionalidade construtiva, integrando valores de caracterização local e aplicando soluções, tecnologias e materiais amigos do ambiente que reduzam o consumo de energia;
a compatibilização das instalações e equipamentos;
a integração, quando for caso disso, de equipamento de exterior de desporto e de lazer atendendo a todas as classes etárias;
a apropriação pelos utilizadores, quer no interior quer no exterior dos edifícios.”


Em termos de processo de análise e depois de um primeiro conhecimento aprofundado dos painéis enviados pelos candidatos, segue-se a marcação das visitas de análise.




Fig. 16: uma imagem do Júri do Prémio em trabalho, juntamente com os promotores e projectistas, do conjunto da NHC em São João da Talha

Nestas visitas segue-se sistematicamente: uma primeira reunião de apresentação do conjunto em análise pelos seus promotores, projectistas e responsáveis pela construção; depois desenvolve-se a visita ao conjunto, respectivos espaços exteriores e diversas tipologias de habitações, procurando-se, sempre que possível, apreciar habitações já ocupadas e apropriadas pelos habitantes; finalmente, desenvolve-se, em cada local, a reunião final do Júri que se inicia com a apresentação dos comentários e críticas positivas e negativas de cada elemento do Júri, seguindo-se o subsequente comentário dos referidos promotores, projectistas e responsáveis pela construção.

Posteriormente e na presença do Júri realiza-se uma sessão de projecção e comentário sobre todas as visitas realizadas, seguindo-se os comentários de síntese de cada elemento do Júri e a subsequente votação final.

(*) Arquitecto, doutor em Arquitectura (FAUP), Investigador do LNEC, Vice-presidente da NHC, Presidente da direcção do GH

Lisboa, Encarnação – Olivais Norte, 22 de Dezembro de 2008
Editado por José Baptista Coelho

segunda-feira, dezembro 15, 2008

226 - Habitar as relações entre o bairro e a habitação - Infohabitar 226

Infohabitar 226

artigo de António Baptista Coelho

Nota: trata-se de um artigo, essencialmente, de texto, sendo as imagens apenas de acompanhamento e relativas ao Bairro da Barceloneta, em Barcelona.

Série habitar e viver (melhor), III: muito se passa nos espaços de relação, entre o bairro e a HABITAÇÃO


Disse Siza Vieira, numa entrevista a Bernardo Pinto de Almeida, quando questionado sobre uma definição sintética e possível de Arquitectura, que “a Arquitectura é um tema de espaço e de relacionamento, de infindável relacionamento.” (1)

Provavelmente é nesta matéria da relação e da transição que se encontrará boa parte dos aspectos associados a soluções de habitar estimulantes, porque agradavelmente curiosas e aproximadas às dimensões humanas.

Se imaginarmos ou visitarmos soluções residenciais em que a preocupação nestas matérias não existe, temos a ideia de que o fazer o habitar se resume a uma adição simplista de níveis físicos encerrados ou abertos. Um compartimento doméstico incluído num andar residencial que pouco mais será do que um paralelepípedo onde vivem várias pessoas, que, por sua vez, estará incluído num paralelepípedo maior e verticalizado onde viverão vários grupos de habitantes; e depois, depois, tudo acaba num espaço exterior em que, geometricamente, se dispuseram as projecções horizontais desses últimos maiores paralelepípedos, precavendo-se afastamentos regulamentares entre os mesmos e uma determinada capacidade funcional em termos de estacionamento automóvel e de outros tipos de funcionalidades sociais e recreativas. Precauções estas que, se frequentemente, são defesas nossas relativamente a situações negativas, são, noutros casos, obstáculos a excelentes soluções de Arquitectura – mas este tema merece desenvolvimentos específicos.


Fig. 01

Teremos, assim, um pequeno mundo quase sem relações mútuas entre os seus elementos, um mundo que só existe, de facto, nas plantas, nos desenhos de implantação e nas mentes de quem não consegue, realmente, imaginar um espaço urbano vivido e diversificado. Não se trata aqui de dizer que uns são fantásticos e bafejados pela vocação, enquanto outros não; mas, de facto, muitas pessoas e mesmo muitos técnicos têm críticas dificuldades na concepção de espaços tridimensionais e não tenhamos dúvidas que se no interior doméstico é um espaço desse tipo, o interior/exterior urbano também o é e de uma forma muito mais diversificada, rica e insinuante.

Mas não podemos ficar por aqui, pois o interior/exterior urbano, além de não ser um sistema de formas e de volumes simples e autonomizados, constitui um verdadeiro sistema de relações múltiplas, físicas, visuais, potenciais, contíguas e ambientais, reais e imaginadas. E é esta realidade, tal como refere Siza Vieira, a matéria-base da Arquitectura, é aqui e a partir desta teia de relações que se conforma a verdadeira Arquitectura, o que impõe, naturalmente, um elevado grau de exigência na concepção, pois, como se tentou apontar, apenas parte da matéria com que se trabalha se pode objectivar em termos claramente dimensionais, boa parte do assunto fica delimitado numa dimensão relacional e não tenhamos dúvida que todos os melhores projectos de habitar e de urbanidade são aqueles que sabem e conseguem trabalhar positivamente esta matéria da relação, da transição, do acompanhamento, da integração, da demarcação, do limiar e da passagem e da conjugação ao serviço da delimitação de sequências de percursos e da marcação de identidades espaciais e ambientais.

E tudo isto é matéria-base da satisfação e da identidade que se sente relativamente a um dado sítio de habitar.

Monique Éleb, um dos poucos estudiosos com obra publicada nestas matérias associadas às bases de uma estruturação cuidadosa das vizinhanças citadinas pormenorizadas, fez mesmo um livro (2) em que aborda as formas dos espaços de relação entre cidade e agrupamentos de edifícios, associando estas matérias a uma reflexão sobre tipologias de habitação e de forma urbana, atribuindo aos espaços de relação um claro protagonismo no fazer de uma cidade habitada e viva, marcada localmente pela identidade e, sempre, pela escala humana, uma cidade como quadro de integração de uma continuidade de espaços de relação e de vizinhança, nunca a cidade como quadro de implantação de objectos mais ou menos isolados e desligados da vida humana.

As tipologias encontram no referido relacionamento urbano a base de geração de velhas e novas soluções de agregação entre habitações, equipamentos, espaços de circulação e outros espaços do habitar, com destaque para aqueles com potencial de relacionamento e convívio; e às tipologias voltaremos noutros artigos.

Mas é aqui, no mundo das transições, entre espaços exteriores, entre estes e espaços interiores e entre limiares semi-interiores e semi-exteriores, que se joga a máxima importância do exterior residencial. Um exterior residencial e urbano que acaba por poder e dever ser assumido como um “verdadeiro” interior urbano, e que, por isso, deve ser positivamente configurado, acompanhando e apoiando o habitante desde a entrada no bairro até à proximidade da porta do seu edifício, dando-se fundamental coesão a todo um vocabulário arquitectónico e urbanístico que vai desde a rua habitacional e comercial à travessa e ao pátio de vizinhança, passando pelas praças e pracetas residenciais, pelas alamedas onde é "suave" habitar, pelos estacionamentos adequadamente integrados, pelas zonas verdes de enquadramento e de lazer, pelos jardins de convívio e de descontracção ou meditação, e pelos espaços mistos de circulação e de animação urbana com características que podem até recuperar elementos tradicionais.

Na relação urbana, vicinal e pormenorizada encontram-se muitas das potencialidades responsáveis pela adequação a cada sítio concreto e pela estimulante diversidade que deve marcar o meio urbano.
De certa forma aqui se joga uma fundamental coesão citadina numa pequena escala de vizinhanças residenciais e conviviais que podem e devem, desta forma, levar o habitar residencial até aos centros urbanos e, por outro lado, levar a animação citadina, ainda que muito mitigada, até às mais distantes vizinhanças residenciais. A relação é a coesão, tal como numa parede a argamassa dá coesão à obra completa.

Nestas matérias da coesão citadina ao peão deve ser atribuído um papel fundamental, considerando-se que deve ser privilegiada a formação gradual de um percurso pedonal bem vitalizado em cada comunidade, ligando nós de actividade e um pólo “central”, o mais possível concentrado, que pode ser uma pequena rua, uma praceta, um largo, ou um pequeno troco de rua comercial (3). Naturalmente, uma tal caracterização pedonal não implica a exclusão dos veículos, mas, essencialmente, uma previsão de fortes aptidões funcionais, ambientais e psicológicas, tanto para os percursos a pé com destinos práticos, como para o puro flanar (ex., passeios largos e abrigados, acompanhados e ritmados por lojas animadas).

Fig. 02

Avançando-se na continuidade urbana, numa sequencial aproximação aos espaços habitacionais privados, e em cada comunidade de vizinhança deve ser desenvolvida, pelo menos, uma zona constituída por uma série de recintos encadeados/ligados por umbrais/limiares, num crescendo de privacidades e conteúdos relativamente misteriosos (4). De certa forma é fácil de imaginar passarmos por espaços ainda estratégica e amenizadamente conviviais e fortemente públicos, para, depois, penetrarmos em ambientes onde há já reflexos directos e expressivos da proximidade das nossas casas e da sua identidade específica.

Provavelmente, o que é fundamental quando se procura contribuir para um espaço citadino em que a habitação se integre com grande harmonia visual e funcional é a defesa de aspectos fundamentais de coesão urbana e residencial: por palavras mais simples estender, expressivamente, o sentido do habitar para além da porta de entrada de cada habitação, levando-nos a estar ali na rua, a dois passos de casa, como se estivéssemos numa espécie de outra nossa sala de estar, mais ampla, partilhada, mas expressivamente amigável e para que tal se consiga é essencial garantir condições várias, mas com destaque para um sentido de segurança ou de protecção natural, ligado a excelentes condições de orientação (sentirmo-nos sempre , o mais possível, orientados em termos dos principais locais de acesso …), e para um afirmado, mas sóbrio, sentido de identidade, sentido este que terá de se fundir com aspectos de verdadeira qualidade arquitectónica – pois de outra forma teremos aqui os conhecidos riscos de “decorativismo” ou de tradicionalismo simplificado.

Desde já se afirma que esta temática do relacionamento entre bairro e vizinhança e, depois, entre vizinhança e espaço doméstico privado constitui uma das principais matérias que a concepção arquitectónica pode usar como motivo de fundamentação de determinadas soluções formais e lá estamos, novamente, nas matérias da relação e na importância fulcral do relacionamento espacial na (boa) Arquitectura.

Importa ainda sublinhar que estas matérias da relação têm tudo a ver com as da segurança, da orientação e da identidade.

Nestas matérias da segurança, da orientação e da identidade devemos ter presente a fundamental importância do desenvolvimento de uma estratégia de visibilidade de segurança intimamente ligada à rede de acessibilidade predominantemente pedonal e aplicada ao longo de todos os territórios de um dado bairro; considerando-se, tanto o normal cenário geral diurno, como o nocturno.

Esta estratégia de visibilidade, segundo Noble (5), deve ser baseada numa estrutura de orientação maximizada, sendo fundamental, por razões de segurança e de funcionalidade, que as pessoas "estranhas" a uma determinada zona consigam encontrar o seu caminho com facilidade (ex., uma ambulância efectuando uma acção de emergência, ou um visitante que não conhece a zona).

E é interessante associar estas ideias de clareza de orientação às ideias de variação e riqueza das imagens urbanas, anteriormente apontadas, considerando-se ser possível assegurar a respectiva harmonização, seja através de uma clara estruturação urbana, seja por meios gráficos auxiliares; mas atenção, quer para a frequente ausência de uma tal estruturação, quer para a inadequação que, quase sempre, caracteriza o design de comunicação urbano, tantas vezes feito por verdadeiros curiosos na matéria, que do assunto quase nada sabem.

Fig. 03

Conclui-se esta reflexão sobre as matérias do relacionamento entre espaços e ambientes residenciais e habitados com a ideia forte que é fundamental que se goste de usar, intensamente, os percursos que ligam a cidade ao bairro onde moramos e, depois, neste, as sequências que devem articular o seu centro à vizinhança que habitamos; tudo isto matéria de relacionamentos urbanos, e, afinal, todos sentimos, tal como tão bem o descreveu Daniel Filipe, que “de vez em quando apetece a gente tomar por uma dessas ruazinhas que não se sabe onde irão acabar, deixando correr o tempo ao sabor dos passos erradios…”. (6)

E, no mesmo livro, Daniel Filipe fala de “uma cidade onde acontecem coisas”(p.51), e dá vontade de afirmar que as coisas acontecem muito mais frequente e intensamente nesses espaços de relação, por exemplo, nas passagens, nas arcadas, junto às entradas e vistas das janelas, nos espaços onde se concentram e até se sobrepõem, parcialmente, actividades, nos espaços em que tantas vezes interior e exterior se amalgamam numa mistura estimulante que nos faz, ao mesmo tempo, espectadores e actores da cena urbana e residencial; por exemplo nos pequenos cafés de bairro, estrategicamente situados, entre o “final da vizinhança” e o “início da verdadeira cidade” e onde, tal como tão bem descreve ainda o mesmo Daniel Filipe, são pequenos “«cafés» sonolentos, onde todos se conhecem e os empregados tratam os clientes pelo nome de baptismo. «Um carioca para o sr. José». Rápido. O sr. José pode ser qualquer de nós – gente que vem e vai, lê o jornal. Diiscute futebol e guarda, no íntimo, um sonho ou uma angústia.” (p.71)

Não tenhamos qualquer dúvida: fazer pedaços de cidade desejavelmente habitada é tudo fazer para inventar estimulantes agregados de espaços como estes, é tudo fazer para simular a vida da cidade velha em espaços feitos de súbito e com formas e meios actuais, é, basicamente, actuar no edificado, mas, acima dele, actuar nas relações, mais objectivas ou menos objectivas, que esse edificado tem de estabelecer com o seu sítio urbano.

E não tenhamos dúvidas que assim actuar é fazer Arquitectura com “A grande”, afinal, a única maneira de a fazer, mas assumidamente num grau de exigência que obrigará a muito e bom trabalho por parte dos projectistas, mas há caminhos que facilitam este percurso, e entre os quais se salientam a depuração formal, a verdade construtiva, a naturalidade funcional e a sobriedade global da solução, bem assumida como um novo complemento para aquele sítio da cidade.

Fig. 04

Façamos agora, para terminar esta matéria e para ligar ao seu futuro desenvolvimento tipológico, um pequeníssimo apontamento sobre o chamado “habitat intermediário”, através de algumas palavras de Monique Eleb e Anne Marie Chatelet (1997): “há três grandes categorias habitacionais: o habitat colectivo, o habitat individual e o habitat intermediário, que tal como o nome indica se liga aos dois precedentes (imóvel colectivo mas com acessos individualizados e superfícies exteriores significativas tais como terraços)” (7). E as autoras, numa referência a F. Lamarre, especificam que “os terraços sobrepostos, entradas e caixas de escada desmultiplicadas conferem ao habitat uma escala intermediária, a meio caminho entre o individual e o colectivo.”
Notas:

(1) Carlos Nuno Lacerda Lopes, “Projecto e modos de habitar”, Dissertação de doutoramento, FAUP, 2007, p. 51.
(2)Monique Eleb; Anne Marie Chatelet – Urbanité, sociabilité et intimité des logements d’aujourd’hui. Paris : Éditions de l’Épure, 1997. 350 p. (Col. Recherche d’Architecture).
(3)Christopher Alexander, Sara Ishikawa, Murray Silverstein, et al, "A Pattern Language/Un Lenguaje de Patrones", pp. 170 a 172.
(4)Christopher Alexander, Sara Ishikawa, Murray Silverstein, et al, "A Pattern Language/Un Lenguaje de Patrones", p. 309.
(5)John Noble; Barbara Adams, "Home in its Setting", pp. 539 e 540.
(6)Daniel Filipe, “Discurso sobre a cidade”, Lisboa, Editorial Presença, Colecção Forma n.º 8, 1977 (1956), p.70.
(7) Monique Eleb, Anne Marie Chatelet, "Urbanité, sociabilité et intimité des logements d’aujourd’hui", 1997, p.18



Na próxima semana, véspera de Natal, será editado um artigo específico sobre a recente atribuição à NHC, Nova Habitação Cooperativa, do Prémio IHRU – Construção 2008, um artigo onde se fará a apresentação da obra que mereceu este destaque, um conjunto em São João da Talha, Loures, projectado, desenvolvido e gerido tendo em vista, especificamente, a etnia cigana. No mesmo artigo também se fará uma pequeníssima “viagem” comentada entre este recente Prémio da NHC e um anterior Prémio INH, que foi também ganho, por esta cooperativa, há poucos anos, no Zambujal, Amadora.


Edição Infohabitar
Lisboa, Encarnação – Olivais Norte, 15 de Dezembro de 2008
Edição de José Baptista Coelho

terça-feira, dezembro 09, 2008

225 - Arquitectura e Sustentabilidade, Exponor, 13 Dezembro; e artigo “Cidades vivas, cultas e criativas”- Infohabitar 225

Infohabitar 225
13 Dezembro, Exponor: Conferências sobre Arquitectura e Sustentabilidade (entrada livre)
E reedição do artigo: Cidades vivas, cultas e criativas



(clique na imagem para de seguida imprimir o convite)

Volta a anunciar-se que no próximo sábado 13 de Dezembro, no âmbito da feira Projecto Casa- Exponor, em Matosinhos, no Auditório da Exponor, decorrerão as “Conferências sobre Arquitectura e Sustentabilidade”, organizadas, conjuntamente, pelo NAAV – Núcleo de Arquitectos de Aveiro e pelo Grupo Habitar, com o patrocínio da Levira.
As “Conferências sobre Arquitectura e Sustentabilidade” têm entrada livre.

No final do programa reedita-se um artigo divulgado no Infohabitar há cerca de ano e meio, intitulado “Cidades vivas, cultas e criativas; cidades desejáveis”, pois julga-se que ele mantém toda a actualidade em termos de uma intervenção urbana culta e criativa, que se considera fundamental neste século das cidades, seja numa perspectiva cívica, seja numa perspectiva económica, portanto, numa perspectiva de verdadeira sustentabilidade urbana; perspectiva esta que estará, sem dúvida, presente nas Conferências sobre Arquitectura e Sustentabilidade”, que aqui se divulgam.

A edição do Infohabitar

Conferências sobre Arquitectura e SustentabilidadeNo âmbito da feira Projecto Casa- Exponor

(Ver Programa em Imagem)

Matosinhos, sábado, 13 de Dezembro de 2008 no Auditório da ExponorOrganização conjunta: NAAV – Núcleo de Arquitectos de Aveiro e
Grupo Habitar – Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional.


Comissário: Arq. Bruno Marques
Patrocínio: Levira


http://www.naav-arquitectura.blogspot.com/
http://infohabitar.blogspot.com/

Programa
Sessão de abertura das Conferências, 10.00h

Mesa constituída por:
Arq. Teresa Novais (Presidente OA-SRN)
Arq. A. Baptista Coelho (Presidente Grupo Habitar)
Arq. Ricardo Vieira de Melo (Presidente NAAV)
Arq. Bruno Marques (NAAV e Grupo Habitar)

Conferências (manhã de 13 de Dezembro):
  • Arq. Miguel Veríssimo: “Condomínio eco-eficiente” 10.10h - 10.30h
  • Arq.s Canattá e Fernandes: “A sustentabilidade na arquitectura, Centro de Interpretação Ambiental - Companhia das Lezírias” 10.30h - 10.50h
Pausa para café: 10.50h – 11.00h.
  • Arq. Nadir Bonaccorso: “Casa CS (Príncipe Real em Lisboa)” 11.00h – 11.20h
  • Arq.ª Cláudia Melo: “A alma da casa” 11.20h – 11.40h
  • Plano B arquitectura: “Casa em Arruda dos Vinhos” 11.40h – 12.00h
Conferências (tarde de 13 de Dezembro):
  • Apresentação de resultados do workshop do congresso “Futuro com( )passado I” 14.00h – 15.00h
  • Arq. Rui Loza (Porto Vivo, SRU): “Sustentabilidade em centro histórico” 15.00h – 15.20h
  • Arq.os João Veiga Gomes e Sara Ribeiro (DRRU/EPUL): “A sustentabilidade na EPUL – da Obra Nova à Reabilitação” 15.20h – 15.40h
  • Arq. António Baptista Coelho (LNEC e GH): “Outras sustentabilidades” 15.40h – 16.00h
Pausa para café: 16.00h – 16.10h
  • Arq. Bruno Marques (FEUP e GH): O contributo do desenho urbano para uma arquitectura bioclimática 16.10h – 16.30h
  • Arq. Fausto Simões: Princípios e práticas de projecto para uma arquitectura sustentável 16.30h – 17.10h
  • Arq. Reis Cabrita (U.Católica Port. e GH): “O que fazer com a minha cidade?” 17.10h – 17.30h
Debate e encerramento 17.30h – 17.50h

Organização:




e



Núcleo de Arquitectos de Aveiro da Ordem dos Arquitectos
com o patrocínio da: Levira




Artigo:

Cidades vivas, cultas e criativas; cidades desejáveis: relações entre revitalização urbana, cultura e criatividade (reedição)

Artigo de António Baptista Coelho




A ideia que aqui se coloca é que há, hoje em dia, um conjunto de aspectos de intervenção urbana e activa que associam, em si mesmos, capacidades de se avançar na resolução de alguns problemas das nossas cidades e paisagens. E a ideia é que a revitalização urbana, a dinamização da cultura e da arte, e a criação de uma cidade mais cívica, humana e ambientalmente sustentável, são aspectos que mutuamente se conjugam e se influenciam, podendo ser usados em acções de melhoria da qualidade de vida urbana e peri-urbana, hoje em dia, cruciais e urgentes.

Desde já aponto que quando iniciei este artigo não conhecia ainda o teor da “Carta de Leipzig sobre as Cidades Europeias Sustentáveis” (1), sublinhando, desde já, que este conhecimento proporcionou uma maior articulação e, mesmo, fundamentação institucional das matérias aqui apontadas; e o próprio teor da Carta de Leipzig resultou na vontade de a vir a comentar, especificamente, em próximo artigo desta série.

Voltemos, então, às ideias-base que estiveram na origem deste pequeno texto e começando pelo enquadramento e utilizando alguns artigos recentemente editados no jornal Público, poderemos ter em conta alguns aspectos que caracterizam muitas cidades europeias actuais.

I – A criatividade cultural como factor de revitalização urbana

Um desses aspectos é sintetizado no artigo de Catarina Selada e Inês Vilhena da Cunha, intitulado “A criatividade é um «produto» urbano?” (2), e onde numa “caixa” se destaca, entre outros aspectos, que “a fixação de criativos pode ser um factor de desenvolvimento das áreas rurais, zonas de baixa densidade ou pequenos centros urbanos.”

Apetece dizer que o desenvolvimento da criatividade urbana é, por si só, matéria de dinamização e enriquecimento da cidade, e de qualquer “cidade”, desde o pequeno aglomerado urbano onde se localize, por exemplo, um pólo artístico, como é o caso do Centro Cultural S. Lourenço, numa zona semi-rural, perto de Faro, a um caso urbano, e cosmopolita com presença notável numa grande cidade como acontece, por exemplo, com o entusiástico movimento de inovação do tecido comercial, designadamente, através de ateliers, galerias de arte e lojas inovadoras, que está a marcar e a crescer, fortemente, na “cruz” formada pela Rua do Rosário e pela Rua Miguel Bombarda, no Porto (que ilustram boa parte das imagens que acompanham este artigo); e pelo meio temos as igualmente excelentes iniciativas de dinamização cultural que têm marcado pequenos e caracterizados pólos urbanos, entre as quais se destacam, por exemplo, os eventos que regularmente acontecem na medieval vila de Óbidos.

Há, portanto, um potencial de novidade cultural que se pode tornar, com alguma naturalidade, um potencial económico local com sentido crescente, e vitalizador de um ritmo urbano semanal mais nos dias “úteis”, mais nos finais de semana, ou em certas datas específicas, ou, melhor ainda, variando em conteúdos conforme o desenvolvimento do calendário, bem na tradição de uma cidade viva e caracterizada, acrescentando-lhe uma excelente e sensível dimensão de vida cultural e ambiências e memórias únicas e verdadeiramente de referência; sítios, cenários e actividades onde apetece voltar, uma e outra vez, e isto ajuda muito a fazer cidade viva, variada e estimulante.

Este potencial está aí, para ser usado, em muitos sítios, que há que escolher judiciosamente, mas tem de ser usado: não numa perspectiva amorfa, porque repetida, e até por vezes desagradavelmente uniformizadora e mesmo sem gosto, por exemplo, devido a uma incoerente e maçadora repetição de ofertas de actividades e eventos culturais e conviviais; mas sim e sempre numa opção que em cada sítio deve marcar pela sua originalidade e eventualmente por algumas raízes locais, ou, desejavelmente, por uma afirmada identidade local, que se ligue e tire partido da respectiva paisagem urbana e natural e do respectivo meio socio-ecomómico e cultural e que, mais ainda, tenda a caracterizar-se por uma identidade sociocultural e ambiental específica, associada a um adequado potencial de atractividade e de integração de um equilibrado leque de gostos e actividades.

Ainda relativamente ao potencial de um tal desígnio importa aqui citar, de forma sintética, os aspectos apontados no artigo referido como “pontos fortes” das indústrias criativas em áreas rurais, mas que, aqui, queremos generalizar a qualquer outro espaço territorial urbano ou semi-urbano onde se detectem carências de vitalização e que possua algumas condições básicas estratégicas que possam apoiar o desenvolvimento de um núcleo de indústrias criativas.

E é do referido artigo de Catarina Selada e Inês Vilhena da Cunha que se citam, como pontos fortes de uma tal iniciativa os seguintes aspectos: criação de empregos qualificados (e outros complementares); desenvolvimento de novas empresas; activação da ligação aos centros urbanos; promoção de outros sectores com destaque para a o turismo, a hotelaria e a restauração (criando-se interessantes novelos ambientais e funcionais caracterizadores do respectivo espaço urbano e paisagístico); revitalização local com reduzidos impactos ambientais; enriquecimento do tecido social e cultural local por criação de “novas amenidades culturais” e pela (re)activação das “redes sociais e culturais” – sublinha-se que a citação do referido artigo é muito livre e informal e que, aqui, se opta pela possibilidade de aplicação deste tipo de iniciativas não exclusivamente em áreas rurais, tal com atrás se disse.

Ainda numa leitura generalizadora do que Catarina Selada e Inês Vilhena da Cunha referem serem os efeitos das indústrias culturais no meio rural, e, portanto, pensando na influência dessas indústrias em meios urbanos e semi-urbanos, importa citar: a indução de efeitos multiplicadores para o desenvolvimento das economias locais; e o excelente papel “«da criatividade» nas medidas de combate à desertificação e ao despovoamento dos territórios”, que as autoras localizam em meio rural e que aqui se toma a liberdade de aplicar de forma genérica e designadamente a meios urbanos e semi-urbanos desvitalizados e/ou descaracterizados – e esta matéria da influência da “criatividade” na recaracterização de determinadas zonas de cidade e de determinadas paisagens é algo que merece desenvolvimento específico, que se pretende fazer em futuro artigo desta série.

Finalmente, e ainda aproveitando algumas ideias do citado artigo, é claro que determinadas condições preexistentes, designadamente, ao nível da acessibilidade pedonal estratégica e da história local e respectivo potencial de identificação/identidade e de valia patrimonial de espectro razoavelmente amplo, serão, sem dúvida, trunfos importantes no êxito de cada “jogo”, em cada sítio.


II – A cultura como elemento de dinamização da sustentabilidade urbana

Um dia antes do artigo que se acabou de referir e comentar, no mesmo “Público”, um excelente artigo de Abel Coentrão, intitulado “Quando a economia falha, sobra a cultura” (3), abordou uma recente intervenção no Porto de Tom Fleming, onde se apresentaram variadas linhas de saída da crise urbana e social que se vive em muitos pólos urbanos europeus, através do desenvolvimento criativo e mesmo premeditadamente pouco regulado – portanto vivo e expontâneo – de uma grande variedade de pequenas indústrias criativas em meio urbano, mais ou menos denso.

E entende-se aqui a relação directa entre os temas tratados nos dois artigos, e, de certa forma, o reafirmar da ideia que a cultura é um meio excelente e prático de desenvolver a regeneração funcional e social de meios urbanos social e fisicamente deprimidos; e a este importante novelo temático também voltaremos em próximos artigos desta série.

Antes de fazer alguns comentários finais gostaria ainda de realizar uma conexão destas matérias da redinamização cultural como meio de revitalização dos espaços vividos e marcados pelo homem (espaços urbanos e semi-urbanos ou semi-rurais) com as candentes temáticas da sustentabilidade citadina.

Esta relação será objecto de futuro desenvolvimento, no entanto, é muito interessante e há que destacar, desde já, o potencial de ligação entre as matérias da redinamização do tecido urbano e semi-urbano por pequenas indústrias culturais e a implementação de objectivos de sustentabilidade ambiental, social, convivial e mesmo cultural, num novelo de ideias marcadas, entre outros aspectos de qualidade urbana, por: dominância do tráfego pedonal; vitalização e segurança públicas; integração de actividades diversificadas e não-poluentes; desenvolvimento verde urbano; diversidade e interesse arquitectónico; integração de vários grupos socio-culturais; convivência de vários modos de viver a casa e a cidade; e acentuação das formas suaves e eficazes de transportes públicos.

Há que interiorizar que uma coisa é a (re)dinamização cultural de zonas estratégicas das cidades e dos territórios semi-urbanos e outra coisa é a implementação de medidas amplas de sustentabilidade, mas, no entanto, a sustentabilidade cultural é também matéria fundamental e a (re)dinamização cultural é basicamente amiga de espaços pedonalizados, vitalizados por habitação, acessíveis e ambientalmente agradáveis. Portanto há que estabelecer pontes fortes e eficazes entre estes dois tipos de desígnios.

De facto, poder viver num ritmo mais humano, em ambientes mais saudáveis e conviviais, e marcados por perspectivas de sustentabilidade ambiental, tal como é descrito num artigo assinado por Inês Vilhena da Cunha e Kathrin Calhau, intitulado “Vauban e Ballard são realidades de comunidades sustentáveis” (4), ajuda, sem dúvida, a uma predisposição para a cultura e para a arte, e provavelmente o contrário também é verdadeiro e um ambiente marcado pela arte e pelas indústrias culturais será um meio sensibilizador para a adopção de formas de vida e de ambientes globalmente mais sustentáveis.


III - Outros aspectos da aliança entre cultura e regeneração/sustentabilidade urbana

Para desenvolvimento noutras oportunidades apontam-se, ainda, outros dois aspectos importantes: o primeiro é que em tudo isto e designadamente quando se trata de uma inserção de elementos e eventos ligados à arte e ao artesanato, numa perspectiva mais urbana ou mais integrada nos mundos domésticos, é fundamental tudo fazer para se visar e se obter a máxima qualidade global e específica dos conteúdos culturais e artísticos oferecidos, pois não tenhamos qualquer dúvida que uma qualidade “ímpar” e a disponibilização de eventos e conteúdos “únicos” – portanto adequados e criativos e, portanto, não necessariamente dispendiosos e difíceis de assegurar – são condições que caracterizam o único caminho potencialmente marcado pelo sucesso nestas áreas; o segundo aspecto, que se liga, estreitamente com esta matéria é que a opção pela cultura é também, hoje em dia, na nossa Europa, um investimento que já está a resultar e que cada vez mais dará resultados económicos, e sobre esta matéria lembra-se o sub-título do citado artigo sobre Tom Fleming e as suas pequenas indústrias culturais e criativas, que aponta: “Quando a economia falha, sobra a cultura”.

E não é possível deixar aqui de lembrar, bem a propósito, que na União Europeia a cultura contribui mais para a economia do que os automóveis e que, mesmo em Portugal, a cultura é já o terceiro contribuinte para o nosso PIB, tal como é apontado no belíssimo artigo de Joana Gorjão Henriques significativamente intitulado: “É a cultura, estúpido!”
E, claramente, há aqui todo um potencial de crescimento relativo ao multifacetado aproveitamento da cultura europeia em termos de fonte de recursos económicos, que só depende da referida e exigente opção pela qualidade e de uma aliança entre tal opção e uma perspectiva de gradual mas efectiva melhoria da qualidade de vida nas cidades e nas zonas periféricas; pois não fariam qualquer sentido, nem teriam quaisquer resultados sustentados, quer uma qualidade fingida, quer uma qualidade direccionada para os turistas e que esquecesse os habitantes.

Na sequência desta última preocupação termina-se com a indicação da uma abertura, essencial, a uma preocupação de abordagem desta matérias sempre com os habitantes numa perspectiva de grande eficácia participativa, e aqui há que lembrar o enorme potencial oferecido pela cooperação e pelas cooperativas, e, finalmente, conclui-se este texto com uma citação, “de síntese”, retirada da referida “Carta de Leipzig sobre as Cidades Europeias Sustentáveis”, e onde se diz:

“Entendemos que as nossas cidades têm qualidades culturais e arquitectónicas únicas, uma forte capacidade de inclusão social e excelentes oportunidades de desenvolvimento económico. São centros de conhecimento e fontes de crescimento e inovação. Mas, ao mesmo tempo, debatem-se com problemas demográficos, desigualdade social, exclusão social de grupos populacionais específicos, falta de alojamento adequado a preços acessíveis e problemas ambientais. A longo prazo, as cidades não poderão desempenhar a sua função de motor de progresso social e crescimento económico descrita na Estratégia de Lisboa se não conseguirmos manter o equilíbrio social no interior de cada uma e entre elas, preservando a diversidade cultural e fixando elevados padrões de qualidade para o planeamento urbanístico, a arquitectura e o ambiente.”

Notas:

(1) “Carta de Leipzig sobre as Cidades Europeias Sustentáveis – adoptada na reunião informal dos Ministros responsáveis pelo Desenvolvimento Urbano e Coesão Territorial, em 24 e 25 de Maio de 2007, em Leipzig (CdR 163/2007 EN-EP/hlm, 9 págs.).

(2) Catarina Selada e Inês Vilhena da Cunha (colaboração Inteli, Inteligência em Inovação), “A criatividade é um «produto» urbano?”, Público, 4 de Fevereiro 2008.

(3) Abel Coentrão, “Tom Fleming - Quando a economia falha, sobra a cultura”, Público, 3 de Fevereiro 2008.

(4) Inês Vilhena da Cunha e Kathrin Calhau (colaboração Inteli, Inteligência em Inovação) – “Vauban e Ballard são realidades de comunidades sustentáveis”, Público, 11 de Fevereiro 2008.

(5) Joana Gorjão Henriques - “É a cultura, estúpido!”, Público, 16 de Novembro 2006.