Sobre o debate multidisciplinar do habitar I – debate entre a Arquitectura e as (outras) Ciências Sociais e Humanas na construção do Habitar
João Lutas Craveiro3ª Conferência Alargada do Grupo Habitar
31 de Março de 2008 na Universidade Nova de Lisboa (Av. de Berna, 26-C, Auditório 2, Torre B, Lisboa)
Breve nota explicativa e divulgação de uma próxima conferência de António Pedro Dores no LNEC (início da tarde, 14h 30, de 19 de Maio de 2008):
O texto que se segue não pretende ser um relato das matérias tratadas nesta 3ª Conferência Alargada do Grupo Habitar (GH), mas apenas um passar a limpo de algumas notas retiradas pelo autor no decurso deste encontro, bem na tradição das realizações do GH, portanto, tentando-se, sempre deixar algum registo do trabalho efectuado. Deseja-se, igualmente, que este final de tarde tenha sido a primeira de muitas outras ocasiões de fazer dialogar as várias disciplinas humanas e sociais que têm a ver com a qualidade do habitar.
Neste sentido, desde já se anuncia a próxima realização, no "Salão Nobre" do Centro de Congressos do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), na Av. do Brasil 101, Lisboa, no princípio da tarde (14h 30) da segunda-feira dia 19 de Maio, de uma conferência do doutor António Pedro Dores sobre estas matérias que têm a ver com uma fundamental e verdadeira multidisciplinaridade na abordagem de uma qualidade residencial e urbana que harmonize qualidade arquitectónica e satisfação dos habitantes; de certa forma a continuação do que ficou por dizer, e foi muito, na 3.ª Conferência do GH.
Esta próxima iniciativa é do Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU) do Departamento de Edifícios (DED) do LNEC, tem o apoio do Núcleo de Ecologia Social (NESO), também do DED do LNEC, e, tem também, naturalmente, todo o apoio, enquadramento e divulgação do nosso Grupo Habitar.
A conferência do doutor António Pedro Dores tem entrada livre, não sendo necessária marcação prévia; chama-se no entanto a atenção para a lotação limitada do auditório e regista-se que serão entregues certificados de presença.
A Direcção do Grupo Habitar
Figura 1: três imagens da 3ª Conferência Alargada do Grupo Habitar; na primeira uma vista geral do auditório; na segunda uma parte da mesa com Reis Cabrita, A. Pedro Dores, Bruno Marques e João Lutas Craveiro; na terceira Guilherme Vilaverde e Hermano Vicente
Sobre o debate multidisciplinar do habitar I – debate entre a Arquitectura e as (outras) Ciências Sociais e Humanas na construção do Habitar
João Lutas Craveiro
No dia 31 de Março de 2008 realizou-se na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (UNL), na Av. de Berna, 26-C, em Lisboa, a 3ª Conferência Alargada do Grupo Habitar.
Representando o Grupo Habitar, o Arquitecto António Baptista Coelho, fundador e Presidente do Grupo Habitar, Investigador Principal do LNEC e Chefe do Núcleo de Arquitectura e Urbanismo daquele Laboratório Nacional, agradeceu a presença de todos os presentes, membros do Grupo Habitar e oradores convidados, como à audiência de cerca de trinta pessoas que preenchiam aquele Auditório. Agradeceu ainda a amabilidade da Comissão Científica do Departamento de Sociologia da UNL a cedência do auditório e das condições logísticas necessárias para a realização da Conferência.
Referiu, na sua breve introdução, a pertinência de um debate entre a Arquitectura e as (outras) Ciências Sociais e Humanas acentuando um campo interdisciplinar de análise que abrange não apenas as condições da edificação, ou o edifício propriamente dito, mas também as relações de vizinhança e a envolvente dos edifícios e, numa outra dimensão de escala, a própria cidade.
Este campo interdisciplinar de análise, que vai do edifício à cidade, representa um aspecto essencial para o debate entre a Arquitectura e as (outras) Ciências Sociais e Humanas. Frisou ainda outros aspectos a ter em consideração, desde logo a compreensão dos espaços urbanos como espaços apropriados por múltiplos actores e interventores, impondo a questão da Qualidade do Habitar. A Qualidade do Habitar solicita pertinentemente a dimensão interdisciplinar das abordagens científicas e técnicas, dando o exemplo da necessidade de se desenvolverem análises retrospectivas e pós-ocupacionais sobre as áreas de residência, de modo a integrar a história dos lugares e a compreender a sua evolução.
Salientou ainda a importância dos aspectos subjectivos, para além dos parâmetros objectivos da Qualidade do Habitar. Os aspectos subjectivos devem ser considerados atendendo que uma área urbana não é apenas o produto de quem a decide e planeia, mas também de quem a vive e frequenta. Em seguida, o Arquitecto António Baptista Coelho convidou um dos oradores presentes, o Sociólogo António Pedro Dores a apresentar uma breve reflexão sobre o tema da Conferência.
O Sociólogo António Pedro Dores, a propósito da relação entre a Arquitectura e as (outras) Ciências Sociais e Humanas, focalizou a atenção para o papel ardiloso das teorias, em Sociologia, considerando existirem expectativas demasiado empolgadas sobre as capacidades explicativas das teorias sociológicas. Mais adiantou o exemplo dos «efeitos de ilusão», considerando que o sociólogo munido de vigorosas ferramentas explicativas acaba por adaptar a realidade ao crivo das suas interpretações teoricamente pré-estabelecidas. Referiu esta circunstância não como uma fatalidade, mas como uma possibilidade comum sacrificando o sociólogo a realidade à congruência entre a teoria e a (sua) observação.
Referiu que só um sociólogo atento para o imprevisto da realidade é capaz de pôr em questão todo o investimento teórico inicial reestruturando, por isso, o seu campo de pesquisa. Lembrou, assim, o síndrome da serendipidade (a capacidade fazer descobertas por acaso) que contagiou um caso de investigação, quando numa pesquisa sobre a tradição do fado, no Bairro Alto, os investigadores foram confrontados com uma população residente oriunda do Norte do Continente português.
Acentuou o sentido do reordenamento teórico que deve orientar a investigação em Ciências Sociais e Humanas, nomeadamente sobre as marcas tradicionais que vinculam os bairros ou as zonas de residência a uma identidade alienada. Consequentemente, criticou o facto de se designarem certos bairros como «bairros problemáticos», tendo referido a necessidade de estudos que cruzem os espaços urbanizados com a mentalidade colectiva e os «estados de espírito». Recupera, assim, temáticas que, de algum modo, a Sociologia moderna abandonou julgando necessário que a Sociologia atinja o nível das classificações tipológicas, mas sem que esse exercício dispense a crítica dos processos metodológicos responsáveis pelas classificações.
O orador seguinte, o Arquitecto António Reis Cabrita, Especialista do LNEC e Professor Catedrático, lembrou os seus primeiros estudos no campo dos inquéritos, na zona de Benfica, em Lisboa, e o modo como as Ciências Sociais e Humanas contribuíram, através de colaborações abertas às áreas da Psicologia, Antropologia Urbana, Cultural e do Espaço, para enriquecer a sua visão sobre a cidade habitada e apropriada.
Devido à complexidade das áreas urbanas e à intensidade dos problemas, sociais, económicos ou ambientais, defendeu que não há soluções fáceis para os modos de intervenção urbana, mas a complexidade deve solicitar soluções simples. As soluções simples, como referiu, não implicam renunciar ao comprometimento com o rigor técnico.
Sobre a cidade, enquanto pretexto de abordagem interdisciplinar, sublinhou o conflito entre a cidadania e o individualismo, a qualidade do ambiente urbano e a compulsão para o consumo. As cidades contemporâneas e multiculturais levantam ainda o problema da integração ou coesão social, tendo distinguido as formas de apropriação (que podem ser segregativas) das formas de participação.
As Ciências Sociais e Humanas devem estar, enfim, preparadas para assumirem o seu papel interventor, no que designou como «ciência-acção», sendo oportuno desmistificar a neutralidade axiomática de qualquer intervenção em meio urbano. Sublinhou, ainda, a essencialidade de um compromisso ético entre a ciência e a acção, argumentando a favor de uma ciência «com leveza» (sem grandes densidades teóricas), mas não levada «com ligeireza».
O Arquitecto Bruno Marques, Mestre em Planeamento e Projecto do Ambiente Urbano e doutorando, autor de diversos projectos de realojamento, associando a Arquitectura a uma capacidade de intervenção directa na vida das pessoas, discriminou experiências de apoio à auto-construção (Figura 1), destacando o exemplo de Santa Maria da Feira (projecto destinado a aproximadamente quinhentas pessoas, adjudicado pela Câmara Municipal de Matosinhos).
Sobre o debate multidisciplinar do habitar I – debate entre a Arquitectura e as (outras) Ciências Sociais e Humanas na construção do Habitar
João Lutas Craveiro
No dia 31 de Março de 2008 realizou-se na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (UNL), na Av. de Berna, 26-C, em Lisboa, a 3ª Conferência Alargada do Grupo Habitar.
Representando o Grupo Habitar, o Arquitecto António Baptista Coelho, fundador e Presidente do Grupo Habitar, Investigador Principal do LNEC e Chefe do Núcleo de Arquitectura e Urbanismo daquele Laboratório Nacional, agradeceu a presença de todos os presentes, membros do Grupo Habitar e oradores convidados, como à audiência de cerca de trinta pessoas que preenchiam aquele Auditório. Agradeceu ainda a amabilidade da Comissão Científica do Departamento de Sociologia da UNL a cedência do auditório e das condições logísticas necessárias para a realização da Conferência.
Referiu, na sua breve introdução, a pertinência de um debate entre a Arquitectura e as (outras) Ciências Sociais e Humanas acentuando um campo interdisciplinar de análise que abrange não apenas as condições da edificação, ou o edifício propriamente dito, mas também as relações de vizinhança e a envolvente dos edifícios e, numa outra dimensão de escala, a própria cidade.
Este campo interdisciplinar de análise, que vai do edifício à cidade, representa um aspecto essencial para o debate entre a Arquitectura e as (outras) Ciências Sociais e Humanas. Frisou ainda outros aspectos a ter em consideração, desde logo a compreensão dos espaços urbanos como espaços apropriados por múltiplos actores e interventores, impondo a questão da Qualidade do Habitar. A Qualidade do Habitar solicita pertinentemente a dimensão interdisciplinar das abordagens científicas e técnicas, dando o exemplo da necessidade de se desenvolverem análises retrospectivas e pós-ocupacionais sobre as áreas de residência, de modo a integrar a história dos lugares e a compreender a sua evolução.
Salientou ainda a importância dos aspectos subjectivos, para além dos parâmetros objectivos da Qualidade do Habitar. Os aspectos subjectivos devem ser considerados atendendo que uma área urbana não é apenas o produto de quem a decide e planeia, mas também de quem a vive e frequenta. Em seguida, o Arquitecto António Baptista Coelho convidou um dos oradores presentes, o Sociólogo António Pedro Dores a apresentar uma breve reflexão sobre o tema da Conferência.
O Sociólogo António Pedro Dores, a propósito da relação entre a Arquitectura e as (outras) Ciências Sociais e Humanas, focalizou a atenção para o papel ardiloso das teorias, em Sociologia, considerando existirem expectativas demasiado empolgadas sobre as capacidades explicativas das teorias sociológicas. Mais adiantou o exemplo dos «efeitos de ilusão», considerando que o sociólogo munido de vigorosas ferramentas explicativas acaba por adaptar a realidade ao crivo das suas interpretações teoricamente pré-estabelecidas. Referiu esta circunstância não como uma fatalidade, mas como uma possibilidade comum sacrificando o sociólogo a realidade à congruência entre a teoria e a (sua) observação.
Referiu que só um sociólogo atento para o imprevisto da realidade é capaz de pôr em questão todo o investimento teórico inicial reestruturando, por isso, o seu campo de pesquisa. Lembrou, assim, o síndrome da serendipidade (a capacidade fazer descobertas por acaso) que contagiou um caso de investigação, quando numa pesquisa sobre a tradição do fado, no Bairro Alto, os investigadores foram confrontados com uma população residente oriunda do Norte do Continente português.
Acentuou o sentido do reordenamento teórico que deve orientar a investigação em Ciências Sociais e Humanas, nomeadamente sobre as marcas tradicionais que vinculam os bairros ou as zonas de residência a uma identidade alienada. Consequentemente, criticou o facto de se designarem certos bairros como «bairros problemáticos», tendo referido a necessidade de estudos que cruzem os espaços urbanizados com a mentalidade colectiva e os «estados de espírito». Recupera, assim, temáticas que, de algum modo, a Sociologia moderna abandonou julgando necessário que a Sociologia atinja o nível das classificações tipológicas, mas sem que esse exercício dispense a crítica dos processos metodológicos responsáveis pelas classificações.
O orador seguinte, o Arquitecto António Reis Cabrita, Especialista do LNEC e Professor Catedrático, lembrou os seus primeiros estudos no campo dos inquéritos, na zona de Benfica, em Lisboa, e o modo como as Ciências Sociais e Humanas contribuíram, através de colaborações abertas às áreas da Psicologia, Antropologia Urbana, Cultural e do Espaço, para enriquecer a sua visão sobre a cidade habitada e apropriada.
Devido à complexidade das áreas urbanas e à intensidade dos problemas, sociais, económicos ou ambientais, defendeu que não há soluções fáceis para os modos de intervenção urbana, mas a complexidade deve solicitar soluções simples. As soluções simples, como referiu, não implicam renunciar ao comprometimento com o rigor técnico.
Sobre a cidade, enquanto pretexto de abordagem interdisciplinar, sublinhou o conflito entre a cidadania e o individualismo, a qualidade do ambiente urbano e a compulsão para o consumo. As cidades contemporâneas e multiculturais levantam ainda o problema da integração ou coesão social, tendo distinguido as formas de apropriação (que podem ser segregativas) das formas de participação.
As Ciências Sociais e Humanas devem estar, enfim, preparadas para assumirem o seu papel interventor, no que designou como «ciência-acção», sendo oportuno desmistificar a neutralidade axiomática de qualquer intervenção em meio urbano. Sublinhou, ainda, a essencialidade de um compromisso ético entre a ciência e a acção, argumentando a favor de uma ciência «com leveza» (sem grandes densidades teóricas), mas não levada «com ligeireza».
O Arquitecto Bruno Marques, Mestre em Planeamento e Projecto do Ambiente Urbano e doutorando, autor de diversos projectos de realojamento, associando a Arquitectura a uma capacidade de intervenção directa na vida das pessoas, discriminou experiências de apoio à auto-construção (Figura 1), destacando o exemplo de Santa Maria da Feira (projecto destinado a aproximadamente quinhentas pessoas, adjudicado pela Câmara Municipal de Matosinhos).
Figura 2: Exemplos de auto-construção apoiada – retirados da exposição de Bruno Marques
Frisou a propósito que esse projecto de intervenção destinou-se a uma população de extracção rural e, por isso, sintonizada com o gosto de mexer na terra e hostil a ser vista como uma população subsidiada ou apoiada pelo Estado. Nas populações rurais a identidade conferida pelo trabalho e a noção da autonomia individual fazem parte de um património cultural que urge respeitar.
Evidenciou, no projecto apresentado, o privilégio de uma zona de cozinha grande e com lareira, facilitando a permanência e o convívio familiar num local da casa geralmente desprestigiado nos modos de habitar urbanos. A Arquitectura, no seu entender, não deve impor soluções, mas compreender os modos de apropriação dos espaços.
Nos processos de realojamento defende que as pessoas não devem ser realojadas muito longe do seu local de origem, mas para além dos aspectos vinculadores entre a identidade e os territórios destacou a oportunidade de conceder às pessoas a gestão corrente das pequenas reparações da sua habitação. Com este fim, defendeu o emprego de materiais de construção acessíveis à população.
Arguiu ainda em favor de um alojamento de baixa densidade (Figura 2) favorecendo a integração social e as relações de vizinhança, privilegiando o controlo social dos conflitos e reduzindo, por isso, os custos das redes sociais activas de carácter institucionalizado (Figura 3).
Figura 3: Realojamento de baixa densidade em Travanca – exemplo retirado da exposição de Bruno Marques
Figura 4: Realojamento de baixa densidade em Travanca, uma imagem real que complementa a imagem retirada da exposição de Bruno Marques: o pequeno conjunto em Travanca, Lugar de Barrela (16 fogos em edifícios unifamiliares em banda), promovidos pela C. M. de Santa Maria da Feira, Prémio INH 2000 de promoção municipal, com projecto coordenado pelo Arq. Bruno Marques.
Figura 5: Principais diferenças entre três tipos de intervenção – exemplo retirado da exposição de Bruno Marques
Por fim, referiu alguns maus exemplos de habitação social ou de destino de populações realojadas, criticando a densidade demográfica excessiva de algumas áreas e a tipologia das habitações. A sua intervenção mais reforçou a necessidade de uma relação interdisciplinar entre a Arquitectura e as outras Ciências Socais e Humanas.
O sociólogo João Craveiro, do Núcleo de Ecologia Social do Departamento de Edifícios do LNEC, esquematizou alguns dos contributos essenciais produzidos por esse Núcleo do LNEC para o esclarecimento da relação interdisciplinar entre a Arquitectura e as outras Ciências Sociais e Humanas.
Outras intervenções representaram um conhecimento apurado sobre a realidade urbana concreta em resultado de uma larga experiência de intervenção no âmbito das políticas da habitação. Destaque-se, assim, a intervenção do Engenheiro Hermano Vicente que sintetizou a experiência adquirida na direcção do Instituto Nacional da Habitação (hoje Instituto Nacional da Habitação e da Reabilitação Urbana) convocando a Qualidade Habitacional, conceito em permanente actualização e conquistando novas exigências ambientais. A intervenção do Dirigente e Gestor Cooperativo Guilherme Vilaverde acentuou a referência aos aspectos ambientais, tendo abordado o problema da densidade humana e das formas de apropriação urbana. Defende uma relação mais estreita, com ganhos de cidadania, entre os factores da habitação e da participação pública, tendo sublinhado a importância dos novos instrumentos de ordenamento do território e, essencialmente, a possibilidade de uma participação cívica nas figuras de planeamento local.
Ressaltou do debate que se seguiu às intervenções a necessidade da Arquitectura, nos seus curricula académicos, reforçar a componente da avaliação da Qualidade Habitacional, da paisagem e do ordenamento do território, valências técnicas que a propósito das intervenções em meio urbano interpelam também as outras Ciências Sociais e Humanas. A cidade, como o ambiente e o território solicitam, pois, a emergência de um conjunto de práticas relativas a problemas cuja determinação é irredutível à rigidez dos quadros disciplinares.
A interdisciplinaridade deve, assim, ser exercida num clima científico plural, onde nenhuma disciplina se assume como dominante, configurando novas parcerias entre as ciências vocacionadas para o estudo da sociedade e da ecologia. Questões como a coesão territorial e a exposição das comunidades urbanas a situações disruptivas de origem ambiental ou social acentuam o carácter interdisciplinar das intervenções, requerendo também uma perspectiva crítica das relações entre a ciência e o poder político.
A 3ª Conferência Alargada do Grupo Habitar sustentou uma aproximação estratégica, na sequência de outras iniciativas anteriores, entre a Arquitectura e as outras Ciências Sociais e Humanas. Contudo, os problemas suscitados pela densidade urbana, os riscos ambientais e o ordenamento do território devem interpelar a participação de outros domínios científicos, como a Biologia ou a Geologia (entre outras ciências não-sociais), apelando para a emergência das ciências da complexidade. Requer-se a constituição de parcerias de investigação que enriqueçam o conhecimento produzido sobre os territórios humanizados, contribuindo para vencer as diversas lógicas disciplinares que tradicionalmente compartimentam as soluções a um domínio de análise.
João Lutas Craveiro
Figura 6:
Nota de conclusão:
O Grupo Habitar sublinha, aqui, um agradecimento público à Comissão Científica do Departamento de Sociologia da FCSH da Universidade Nova de Lisboa pelo apoio disponibilizado ao desenrolar desta Conferência.
A Direcção do Grupo Habitar
Texto de João Lutas Craveiro.
Imagens de Bruno Marques e António Baptista Coelho.
Preparação da edição: António Baptista Coelho, 4 de Maio de 2008.
Edição: José Baptista Coelho, 4 de Maio de 2008.
Lisboa, Encarnação, Olivais-norte
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