quinta-feira, agosto 30, 2007

155 - Humanização e densificação urbana – texto de António Baptista Coelho - Infohabitar 155

  - Infohabitar 155


Sobre a relação entre soluções humanizadas, densificação e escala humana: a propósito de alguns casos destacados no PRÉMIO INH/IHRU 2007



Fig. 01: Vista do conjunto de 47 fogos na Alta de Lisboa, promovido pela SGAL em cooperação com a Câmara Municipal de Lisboa, com projecto do Gabinete Frederico Valsassina Arquitectos e a coordenação do arquitecto Bernardo Lacasta.

Na sequência da edição, aqui no Infohabitar, da acta de apreciação e designação de prémios e menções respeitantes ao PRÉMIO INH/IHRU 2007 – 19ª EDIÇÃO, cujos resultados foram conhecidos em 3 de Julho de 2007, em cerimónia que decorreu no auditório da Biblioteca Almeida Garrett, no Porto, continua-se, hoje, nesta nossa revista, um percurso mais pormenorizado sobre o mesmo conjunto de soluções urbanas e residenciais.



Fig. 02: Vista geral do conjunto de 271 fogos no Amparo, Funchal, promovido pela Imopro, em cooperação com o IHM – Investimentos Habitacionais da Madeira – com projecto e coordenação da arquitecta Carla Baptista e do arquitecto Freddy Ferreira César.

Sublinham-se, desde já, três aspectos estruturantes nesta pequena sequência de artigos semanais que foram editados no Infohabitar ao longo de Agosto de 2007 e que são rematados com o presente artigo:

. Trata-se de uma perspectiva de análise pessoal e “de trabalho”, desenvolvida pelo autor destas linhas no âmbito da sua participação no Júri do Prémio como representante do Laboratório Nacional de Engenharia Civil; e portanto uma perspectiva que não se tem de articular, plenamente, com a análise do Júri.

. Na sequência do que acabou de ser referido, optou-se por não referir quaisquer aspectos associados ao respectivo destaque no Prémio; e sublinha-se que a designação (ficha técnica), limita-se a repetir, praticamente na íntegra, a já divulgada na referida Acta do Júri e no respectivo Catálogo do Prémio.

. E, finalmente, aproveitou-se esta oportunidade para falar, apenas um pouco, sobre temas que se julga estarem na ordem do dia em termos de procura de boas soluções de habitar a casa e a cidade; e é sob o título dessas temáticas que se agrupam os conjuntos apresentados nesta pequena sequência de artigos.



Fig. 03: Vista do conjunto de 21 fogos em Relva, Ponta Delgada, promovidos pela empresa Engenheiro Luís Gomes, em cooperação com a Secretaria Regional de Habitação dos Açores, com projecto coordenado pelos arquitectos Miguel Rocha e Miguel Saraiva.

Salientam-se, em seguida, os temas tratados nas passadas semanas e no presente artigo (tema sublinhado):

(i) Cooperativas de habitação, reabilitação e sustentabilidade ambiental e social.

(ii) Cooperativas de habitação e adequação de espaços de vizinhança e domésticos bem pormenorizados.

(iii) A importância da integração urbana e paisagística.

(iv) Sobre a relação entre soluções humanizadas, densificação e escala humana.


Fig. 04: Vista do conjunto de 36 fogos em Vila Praia de Âncora, Caminha, promovidos pela empresa Sobreiros e Ribeiro, com projecto e coordenação do arquitecto Delfim Sobreiro.


Sobre a relação entre soluções humanizadas, densificação e escala humana: a propósito de alguns casos de promoção municipal destacados no PRÉMIO INH/IHRU 2007

Nota: as soluções aqui apresentadas mereceram diversos destaques no PRÉMIO INH/IHRU 2007.




Fig. 05: Uma vista do conjunto de 47 fogos na Alta de Lisboa, promovido pela empresa SGAL em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa

Alta de Lisboa, Lisboa, 47 fogos


Conjunto de 47 fogos na Alta de Lisboa, promovido pela empresa SGAL S.A. em cooperação com a Câmara Municipal de Lisboa, construído pela empresa Teodoro Gomes Alho, S.A., com projecto do Gabinete Frederico Valsassina Arquitectos, Lda e a coordenação do arquitecto Bernardo Lacasta.

Neste conjunto acima de tudo e em primeira linha destacam-se dois aspectos, que, aliás, interagem na criação de um efeito global muito positivo, são estes aspectos:

. uma exemplar integração topográfica, que marca toda a intervenção e que em cada zona responde ao desnível com soluções específicas ao nível do espaço exterior e das soluções edificadas;

. e uma excelente relação de integração funcional e de imagens entre tipologias unifamiliares em bandas densas e blocos multifamiliares recintando espaços exteriores pedonais.



Fig. 06: Uma vista do conjunto de 47 fogos na Alta de Lisboa, promovido pela empresa SGAL em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa


Fig. 07: Uma vista do conjunto de 47 fogos na Alta de Lisboa, promovido pela empresa SGAL em colaboração com a Câmara Municipal de Lisboa

Mas para além destes aspectos há ainda que referir alguns outros, entre os quais se destacam:

. a estimulante diversificação tipológica dos edifícios unifamiliares, todos eles bem marcados por uma forte integração topográfica e pelo pleno aproveitamento de pequenos espaços exteriores privativos, estrategicamente recatados das vistas públicas;

. o interessante e vitalizador entremear das bandas unifamiliares por passagens pedonais e por pequenas pracetas de lazer exemplarmente ajardinadas;

. a rara ligação entre tipologias uni e multifamiliares construindo um verdadeiro quarteirão interiormente pedonalizado;

. a excelente integração, no miolo deste quarteirão, de um importante equipamento residencial para pessoas com deficiência;

. a imagem assumidamente urbana e atraente deste quarteirão, que, de certo modo, antecipa e marca o que será a futura imagem urbana da zona;

. e, finalmente, o cuidado que foi aplicado em todos os pequenos espaços de remate e de finalização de ruas e de passagens, dando-se-lhes a importância urbana que lhes é realmente devida, pois são espaços muito perto do nosso olhar.




Fig. 08: Uma vista do conjunto de 271 fogos no Amparo, Funchal, promovidos pela empresa Imopro em cooperação com o IHM – Investimentos Habitacionais da Madeira.

Amparo, Funchal, 271 fogos


Conjunto de 271 fogos no Amparo, Funchal, promovidos pela empresa Imopro, S.A. em cooperação com o IHM – Investimentos Habitacionais da Madeira –, construídos pela empresa Sótrabalho, S.A., e com projecto e coordenação da arquitecta Carla Baptista e do arquitecto Freddy Ferreira César.

É necessário e urgente aprendermos a fazer bem e numa maior escala urbana aquilo que já conseguimos fazer, frequentemente, ao nível do edifício de habitação fisicamente bem integrado e humanizado.

Tal necessidade não nega a fundamental importância do desenvolvimento de pequenas intervenções citadinas com reduzidos números de fogos, mas liga-se à necessidade de se poder intervir, de forma claramente requalificadora, em acções cuja importância lhes atribua funções de referência local e processual.


Fig. 09: Uma vista do conjunto de 271 fogos no Amparo, Funchal, promovidos pela empresa Imopro em cooperação com o IHM – Investimentos Habitacionais da Madeira.

A intervenção no sítio do Amparo, no Funchal, tem estas características, mas, além delas, é ainda o resultado de um processo conceptual correcto e “natural” com o qual se conseguiu harmonizar um número significativo de fogos e uma assinalável massa de construção:

. seja a uma topografia complexa;

. seja a uma envolvente ainda marcada pela pequena escala;

. seja a importantes preexistências;

. seja à sempre presente e exuberante vegetação madeirense, que aqui tem honras de verdadeira aliada do edificado.


Fig. 10: Uma vista do conjunto de 271 fogos no Amparo, Funchal, promovidos pela empresa Imopro em cooperação com o IHM – Investimentos Habitacionais da Madeira.

E para além de tudo isto:

. fez-se arquitectura urbana com desenhos de vãos e de portadas, graficamente expressivos;

. aplicou-se, com fundamentada inovação, uma tipologia de galerias exteriores que se constitui numa verdadeira oferta à cidade e à paisagem;

. reduziram-se, com aparente simplicidade, problemas ambientais de proximidade a vias rodoviárias;

. introduziu-se um verde urbano em múltiplas e ricas formas, tirando-se partido da sua riqueza básica;

. "embebeu-se" o equipamento no habitar;

. criaram-se atraentes e motivadoras sequências pedonais;

. e, acima de tudo, vitalizou-se a habitação com equipamentos conviviais, nos sítios certos de esquinas, passagens e transparências.



Fig. 11: O conjunto de 21 fogos em Relva, Ponta Delgada, promovidos pela empresa Engenheiro Luís Gomes em cooperação com a Secretaria Regional de Habitação dos Açores.

Relva, Ponta Delgada, 21 fogos


O conjunto de 21 fogos em Relva, Ponta Delgada, promovidos pela empresa Engenheiro Luís Gomes, S.A. em cooperação com a Secretaria Regional de Habitação dos Açores, construídos pela empresa Sanibetão, S.A., e com projecto coordenado pelo arquitecto Miguel Rocha e pelo arquitecto Miguel Saraiva.

O pequeno conjunto habitacional na Relva, Ponta Delgada, tem uma qualidade sóbria mas emotiva, que resulta de um interessante equilíbrio entre:

. o excelente controlo da escala edificada bem marcada pela dimensão e usos humanos;

. a bem doseada diversificação de uma imagem urbana assumidamente contínua;

. e uma evidenciada conjugação de distintas tipologias, quase que numa positiva recriação de um pequeno pedaço de cidade.



Fig. 12: O conjunto de 21 fogos em Relva, Ponta Delgada, promovidos pela empresa Engenheiro Luís Gomes em cooperação com a Secretaria Regional de Habitação dos Açores.



Fig. 13: O conjunto de 21 fogos em Relva, Ponta Delgada, promovidos pela empresa Engenheiro Luís Gomes em cooperação com a Secretaria Regional de Habitação dos Açores.

Para além disto, que não é pouco, pois imagina-se facilmente o que muitos fariam face ao objectivo de realizar um pequeno número de edifícios unifamiliares em bandas, evidencia-se nesta solução:

. uma excelente integração topográfica, que é “casada” com a rentabilização da luz natural no interior doméstico;

. e uma interessante relação entre espaços privativos fechados e abertos, uma relação que proporciona uma positiva integração do estacionamento automóvel e o desenvolvimento de vários tipos de usos exteriores no interior dos lotes.

Finalmente evidencia-se uma solução que alia o unifamiliar a uma forte continuidade urbana e a uma rara marcação da escala humana, aliás uma escala que marca todo o miolo interior doméstico.




Fig. 14: O conjunto de 36 fogos em Vila Praia de Âncora, Caminha, promovidos pela empresa Sobreiros e Ribeiro.

Vila Praia de Âncora, Caminha, 36 fogos


O conjunto de 36 fogos em Vila Praia de Âncora, Caminha, promovidos pela empresa Sobreiros e Ribeiro, Lda. e construídos pela empresa Aurélio Martins Sobreiro & Filhos, S.A., com projecto e coordenação do arquitecto Delfim Sobreiro.

Simplicidade e racionalidade construtiva e arquitectónica, continuidade urbana e definição de uma vizinhança de proximidade (ainda que não inteiramente aproveitada por ausência da intervenção municipal), desenvolvimento de uma solução tipológica edificada pouco frequente e muito estimulante e criação de espaços domésticos envolventes e acolhedores, são estes alguns dos principais aspectos deste conjunto habitacional em Vila Praia de Âncora.


Fig. 15: O conjunto de 36 fogos em Vila Praia de Âncora, Caminha, promovidos pela empresa Sobreiros e Ribeiro.

Há, no entanto, quatro aspectos que são merecedores de um destaque especial:

. um deles é a forte aliança que está bem evidenciada entre qualidade e racionalidade construtiva e qualidade arquitectónica, o que é um importante caminho a seguir;

. o outro é a atraente e estruturante imagem urbana, que se constitui num elemento positivo de referência no local de implantação e que é bem pontuada pela escala humana;

. outro aspecto é a solução de pequena galeria interior de distribuição, bem larga e bem iluminada zenitalmente, que configura um verdadeiro e estimulante espaço de transição entre a rua e a habitação e que conforme subimos vai sendo estimulantemente diferente, devido à variação nas condições de luz natural;

. e finalmente, no interior doméstico há aspectos de pormenorização bem conseguidos, seja em termos de durabilidade, seja em termos de imagem doméstica, como é o caso da parede em tijolo aparente.



Alguns breves comentários finais sobre o Prémio INH


Sete aspectos projectuais merecem uma referência especial no remate da apresentação destes que se destacaram no PRÉMIO INH/IHRU 2007 e aqui abordados genericamente, embora numa perspectiva razoavelmente marcada pelo tema da relação entre soluções humanizadas, densificação e escala humana:

(i) O primeiro aspecto põe em relevo a ligação que existe entre estas matérias da escala humana e da densificação e o assunto da integração urbana e paisagística, referido no último artigo; bastará uma pequena observação das soluções, aqui apresentadas, das moradias na Alta de Lisboa e do conjunto na Relva para se ter a noção da relação estreita entre integração paisagística e escala humana; e bastará voltar a observar o grande quarteirão no Amparo e mesmo o pequeno quarteirão em Vila Praia de Âncora para se ter bem presente o enorme potencial de relação entre integração urbana e paisagística e densificação.

(ii) O segundo aspecto vai recuperar as matérias associadas ao desenvolvimento de vizinhanças de proximidade, também especificamente abordadas num outro artigo desta série, e aponta as relações estreitas que se podem desenvolver entre esta criação de vizinhanças e o favorecimento da densificação, e aqui também se evidenciam os conjuntos na Alta de Lisboa – designadamente na sua parte de quarteirão misto (constituído por edifícios uni e multifamiliares) –, e naturalmente o grande quarteirão no Amparo, num caso e noutro marcados por expressivas intenções de incentivo a relações de vizinhança marcadas pela espontaneidade.

(iii) O terceiro aspecto refere-se, especificamente, ao grande interesse que há no desenvolvimento de relações directas entre escala humana e elementos arquitectónicos, relações estas ainda mais interessantes quando se trata de intervenções residenciais. É, naturalmente, um velho e bom tema de arquitectura, mas é sempre com um gosto muito especial que se visitam soluções tão directamente relacionadas com as dimensões humanas como é o caso das dinâmicas frentes de moradias na Alta de Lisboa e como fica tão expressivamente evidenciado, embora com uma grande gentileza – o que é também factor de humanização – nas frentes das moradias na Relva.

E ainda sobre esta matéria da humanização há que salientar a excelente preocupação que na Alta de Lisboa houve com um verde público protagonista e também cheio de escala, não foi por se tratar de moradias que se esqueceu esse verde, e há que sublinhar o enorme cuidado na pormenorização de diferentes soluções de moradia, no pequeno conjunto da Relva, e todas tão bem “casadas” com o terreno e tão intérpretes da dimensão e dos próprios gestos do homem.

(iv) O quarto aspecto é difícil de explicar em poucas palavras porque se refere a uma aposta, plenamente ganha, de fazer um elevado número de fogos, concentrando esse grande número de fogos num espaço urbano muito contido e com grande escala física, e associando a este perigoso desafio a ideia de marcar, fortemente, esta intervenção com a escala humana, naturalmente, não só porque se tratava de arquitectura para os homens habitarem, mas porque assim se iria provavelmente obter uma apreciável suavização da percepção que se teria dessa concentração e dessa grande escala física. Naturalmente que se fala aqui do excelente conjunto do Amparo e julga-se, que tal como foi dito que se trata de uma aposta plenamente ganha, e aliás houve todos os cuidados preparatórios para um tal resultado, cuidados estes que também jogaram com a integração e com o verdadeiro desenho urbano, aquele que tem já apontamentos de arte urbana.

(v) O quinto aspecto, que é também difícil de sintetizar, sublinha a atenção que há que dirigir para a verdadeira conjugação e interacção entre habitação e outras actividades citadinas, e isto tem tudo a ver com as matérias da densificação e da escala humana. A cidade densificada de que se gosta e que se vive com prazer é a cidade das actividades que não são só o habitar, especificamente, a cidade na qual se vai a uma loja e a um café, naturalmente, quando se sai ou antes de entrar em casa, onde vivem famílias e pessoas sós, novos e velhos. Se retiramos a uma cidade densificada boa parte dos conteúdos funcionais que fazem parte do habitar a cidade, mas que não são, especificamente, habitação, ficamos com os famosos dormitórios citadinos e então, então, vamos sentir muito negativamente o peso da densidade.



Fig. 16: Uma vista do conjunto do quarteirão uni e multifamiliar, integrando equipamento residencial, na Alta de Lisboa, promovido pela empresa SGAL em cooperação com a Câmara Municipal de Lisboa

E sobre estas matérias, que importa estudar, os exemplos aqui disponíveis do quarteirão na Alta de Lisboa, que integra, de forma perfeita, um equipamento residencial para deficientes, e do grande quarteirão no Amparo, Funchal, que para além de outros diversos equipamentos, está tão agradavelmente vitalizado por inúmeros pequenos “cafés” com esplanadas, que estão, aliás já cheios de vida, são verdadeiros casos de referência, que reafirmam que habitar não pode, não deve ser apenas “da porta para dentro”, pois se o for não se está a habitar a cidade e quando não se habita a cidade, criam-se problemas de desintegração social e não se contribui para a verdadeira riqueza social e cultural da vida citadina, e assim se terá um habitar incompleto e que não poderá satisfazer os seus habitantes.



Fig. 17: Uma das inúmeras pequenas esplanadas do conjunto de 271 fogos no Amparo, Funchal, promovidos pela empresa Imopro em cooperação com o IHM – Investimentos Habitacionais da Madeira. O habitar tal como deve ser, estendendo-se, bem vivo, para fora da soleira da porta de casa.

(vi) O sexto aspecto é rápido na sua referência e tem a ver com a relação estreita e muito eficaz que pode e deve ser estabelecida entre aspectos de humanização, densificação e escala humana e as fundamentais preocupações de dignidade e atractividade da imagem urbana e aqui estes conjuntos na Alta de Lisboa, no Amparo, na Relva e em Vila Praia de Âncora são todos bons exemplos desta opção, que, como é sabido, é fundamental em termos de integração social e urbana.

(vii) E, finalmente, o sétimo e último aspecto é tão importante como rápido de apontar aqui, trata-se da necessidade urgente que há de se aprender ou reaprender a fazer habitação urbana densificada e qualificada, designadamente por uma forte humanização, e esta é uma matéria que tem tanto a ver com a hoje crucial reabilitação e regeneração urbana – em acções de reconversão e preenchimento – como com o estudo e o ensaio cuidados de novas e velhas soluções tipológicas de edifícios, fogos e equipamentos urbanos. Mas atenção ao risco de se procurar a densificação como um fim em si mesma, tal seria um erro bem grave, assim como outro erro seria considerar a densificação pouco compatível com aspectos humanizadores, como são a escala humana e a integração de verde urbano, tal não é verdade tal como se prova com as imagens do Amparo.

ABC, Casais de Baixo, Azambuja, 29 de Agosto de 2007
As fotografias são de António Baptista Coelho, excepto as imagens de Vila Praia de Âncora, que são do Arq. José Clemente Ricon.

Edição:
Encarnação-Olivais Norte, por José Baptista Coelho, 30 de Agosto de 2007.

1 comentário :

Anónimo disse...

É pouco frequente observar uma defesa inteligente da densidade urbana e aqui estamos perante uma apreciação devidamente documentada e justificada.

A densificação não é um fim em si mesmo mas também não é, por si só, um exemplo de mau desenho urbano ou apenas resultado da especulação imobiliária.

A densificação pode consiliar pressupostos como o da Habitação a Custos Controlados sem perder a humanização nem criar à partida os tão rapidamente designados "guetos".

Gostei de ler um artigo que partilha a fundamentação de um projecto que apresentei nestes termos e foi chumbado apenas pela alta densidade da proposta, sem mais.

Obrigada pela luz,
Rita Campos