terça-feira, abril 12, 2005

Mundos citadinos que é urgente conhecer/fazer melhor – II - Infohabitar 20

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Mundos citadinos que é urgente conhecer/fazer melhor – II 


Será que já se perguntou aos habitantes dos bairros históricos e outros bem planeados se eles aí vivem felizes e, em caso afirmativo, que razões são capazes de apontar para essa felicidade?
Será que já se perguntou? E será que já se levou em conta tais respostas quando se projectam novas partes de cidades?
E, por outro lado, será que, de forma sistemática, se entende verdadeiramente a enorme responsabilidade e a enorme complexidade que é fazer uma parte de cidade habitada e multifuncional? Será que se entende que para tal há que desenhar muito com grande pormenor e com grande coerência e como todo o desenho é, antes de tudo, um acto de reflexão, de observação e de síntese, será que se faz realmente desenho urbano e habitacional ou será que, frequentemente, ficamos por desenhos mal traçados fisicamente e pouco ou nada sustentados em termos de coerência e reflexão?
No primeiro texto sobre os mundos citadinos que é urgente conhecer e fazer melhor falou-se, ainda que apenas ao de leve, sobre as arquitecturas felizes e que são suporte da felicidade de quem as habita, neste texto colocam-se questões fundamentais sobre como nos dirigirmos para essas perspectivas de felicidade, seja a partir de uma observação serena dos espaços citadinos e habitados onde ela parece existir, seja seguindo um caminho de rigorosa exigência de concepção e desenho.
A estes temas se voltará em próximos pequenos textos desta série, mas para já fica a ideia que talvez não seja tão difícil unir desejos e imaginários de quem habita e caminhos de concepção de quem projecta.
Talvez realmente o problema esteja em não se ligar muito a esses desejos e a esses imaginários e em não se ter a devida exigência, que tem de ser muita, para com esses projectos urbanos que vão marcar cidades e gerações.
Talvez que a boa arquitectura a tal que induz felicidade seja um caminho bom de percorrer pelos habitantes e talvez os desejos dos habitantes sejam excelentes temas de concepção.

Este é o segundo de uma série de textos curtos sobre o tema e a ilustração continua a ser a excelente pequena cidade de Alvalade, projectada, entre outros, por Faria da Costa.

Lisboa, Encarnação, 12 de Abril de 2005

António Baptista Coelho

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