Mundos citadinos, mundos desconhecidos que é urgente conhecer melhor e fazer melhor – I
Este é o primeiro de uma série de textos curtos sobre o tema.
Estamos ainda a aprender a viver em grandes cidades e a importância da qualidade residencial e urbana, numa perspectiva verdadeira/ampla é algo que está longe de ter sido verdadeiramente assumida, seja pelos diversos responsáveis, seja pelos próprios habitantes e, entre uns e outros, pelos respectivos projectistas.
Muitos dos problemas que, hoje em dia, fazem as primeiras páginas dos jornais, como a insegurança urbana e a desocupação dos jovens e dos outros, apenas para referir dois entre tantos que contribuem para as actuais doenças citadinas, ou melhor será dizer sociais, pois cada vez mais o universo urbano é quase tudo, são problemas de uma sociedade urbana desequilibrada seja em termos sociais, seja em aspectos físicos e ambientais, e também culturais até num sentido mais restrito e bem aplicável.
Nesta primeira volta sobre o tema fico por um pensamento que foi há pouco tempo lançado pelo presidente do RIBA – a Ordem dos arquitectos inglesa – e que afirma que boas arquitecturas, sejam elas quais forem, fazem os seus habitantes felizes.
Há cerca de dois anos num excelente artigo/entrevista Alcino Soutinho afirmava que o belíssimo e tão humano edifício por ele projectado para a Câmara Municipal de Matosinhos era um edifício feliz; e com tal edifício feliz fez-se um pedaço feliz de cidade.
Ficamos então hoje neste contraponto entre edifícios e espaços urbanos felizes que fazem e, por vezes, refazem boas partes de cidades vivas e edifícios que fazem os seus habitantes felizes, seja em habitações que além de bem desenhadas proporcionam alegria e vontade de viver, seja em partes de cidade que estimulam o seu uso, que seduzem os seus utentes, que os trazem até à rua, de dia e de noite, fazendo cidade habitada e feliz.
Talvez seja este um dos segredos que há que compreender para lutar contra as tais doenças da cidade de hoje, afinal a única cidade que tivemos possibilidade de conhecer.
E para outro texto ficará a continuação destas ideias.
Lisboa, Encarnação, 11 de Abril de 2005
António Baptista Coelho
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