Ligação direta (clicar no link seguinte ou copiar para site de busca) para aceder à listagem interativa de 840 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):
Os idosos e o
futuro de uma habitação bem integrada e participada – versão de trabalho e base
documental – Infohabitar # 855
Artigo XXXII da
série editorial da Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma
Cooperativa a Custo Controlado” “PHAI3C”
Infohabitar, Ano XIX,
n.º 855
Edição: quarta-feira,
19 de abril de 2023
Caros leitores da Infohabitar,
Com o presente artigo continuamos
a edição de mais um texto integrado na série editorial dedicada ao Programa de
Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma Cooperativa a Custo
Controlado (PHAI3C), prevendo-se que no final de 2023 consigamos chegar ao
remate desta fase do estudo em que se pretende disponibilizar uma base de
trabalho e documental extensa sobre os amplos aspetos de enquadramento
associados às necessidades, aos gostos e às potencialidades sociais e urbanas
de uma reflexão prática sobre os espaços residenciais dedicados a pessoas
idosas e fragilizadas, mas sempre desejavelmente integrados em quadros
intergeracionais, ativamente urbanos e dinamizados e convivializados por
cooperativas de “habitação económica”.
Tal como tem sido divulgado este
estudo, o PHAI3C, integra, desde há cerca de dois anos, a Estratégia de
Investigação e Inovação (E2I) do Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC); e importa salientar que as referidas cooperativas portuguesas de
“habitação económica”, associadas na Federação Nacional de Cooperativas de
Habitação Económica (FENACHE), apoiaram este estudo desde o seu início, na
continuidade do seu importante papel, desempenhado desde o 25 de Abril, na
promoção de habitação de interesse social, aliando a grande quantidade de
habitações disponibilizadas a uma sua expressiva qualidade arquitectónica e uma
eficaz e humanizada gestão de proximidade.
Lembra-se que a edição destes
artigos de conteúdo sobre o PHAI3C poderá passar a uma estimada periodicidade
quinzenal, caso a respetiva elaboração assim o obrigue; podendo alternar com
estes artigos a edição de informações úteis sobre iniciativas, entidades e
estudos dedicados às temáticas do habitat humano.
Recorda-se, como sempre, que
serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui
editados e propostas de artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com).
Com as melhores saudações a todos
os caros leitores,
Lisboa, em 19 de abril de 2023
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Os idosos e o
futuro de uma habitação bem integrada e participada – versão de trabalho e base
documental – Infohabitar # 855
António Baptista Coelho – com base direta
nos textos, ideias e opiniões dos autores referidos ao longo dos documentos que
integram a respetiva listagem bibliográfica.
Breve descrição do estudo
intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional desenvolvido
num quadro Cooperativo e a Custos Controlados (PHAI3C)
Considerando-se
o atual quadro demográfico e habitacional muito crítico, no que se refere ao
crescimento do número das pessoas idosas e muito idosas, a viverem sozinhas e
com frequentes necessidades de apoio, a atual diversificação dos modos de vida
e dos desejos habitacionais, e a quase-ausência de oferta habitacional e urbana
adequada a tais necessidades e desejos, foi ponderada o que se julga ser a
oportunidade do estudo e da caracterização de um Programa de Habitação
Adaptável Intergeracional (PHAI), adequado a tais necessidades e a uma proposta
residencial naturalmente convivial, eficazmente gerida e participada e financeiramente
sustentável, resultando daqui a proposta de uma Cooperativa a Custos
Controlados (3C). O PHAI3C visa o estudo e a proposta de soluções urbanas e
residenciais vocacionadas para a convivência intergeracional, adaptáveis a
diversos modos de vida, adequadas para pessoas com eventuais fragilidade
físicas e mentais, mas sem qualquer tipo de estigma institucional e de
idadismo, funcionalmente mistas e com presença urbana estimulante.
O PHAI3C irá procurar identificar e caracterizar tipos de soluções adequadas e
sensíveis a uma integração habitacional e intergeracional dos mais frágeis num
quadro urbano claramente positivo e em soluções edificadas que possam dar
resposta, também, a outras novas e urgentes necessidades habitacionais (ex., jovens e pessoas sós),
num quadro residencial marcado por uma gestão participada e eficaz, pela
convivialidade espontânea e social e financeiramente sustentável.
Responsável – António
Baptista Coelho
Os idosos e o
futuro de uma habitação bem integrada e participada – versão de trabalho e base
documental – Infohabitar # 855
Notas introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre habitação intergeracional
O presente conjunto de artigos inclui-se numa série editorial dedicada a uma reflexão temática exploratória, que integra a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada à preparação e estruturação de um amplo processo de investigação teórico-prático, intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser desenvolvido, pelo autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de Investigação e Inovação (P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas nestes artigos são, apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor do PHAI3C e os numerosos autores neles amplamente citados.
Neste sentido salienta-se o papel visado para o presente conjunto de artigos, no sentido de se proporcionar uma divulgação que possa resultar numa desejável e construtiva discussão alargada sobre as muito urgentes e exigentes matérias da habitação mais adequada para idosos e pessoas fragilizadas, visando-se, não apenas as suas necessidades e gostos específicos, mas também o papel e a valia que têm numa sociedade ativa e integrada.
Nesta perspetiva e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho da referida investigação, salienta-se que a forma e a extensão dos artigos agora listados reflete uma assumida apresentação comentada, minimamente estruturada, de opiniões e resultados de múltiplas pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua perspetiva temática focada e por corresponderem a estudos razoavelmente recentes; forma esta que fica patente no significativo número de citações – salientadas em itálico –, algumas delas longas e quase todas incluídas na língua original.
Julga-se que não se poderia atuar de forma diversa quando se pretende, como é o caso, chegar, cuidadosamente, a resultados teórico-práticos funcionais e aplicáveis na prática, e não apenas a uma reflexão pessoal sobre uma matéria tão sensível e complexa como é a habitação intergeracional adaptável desenvolvida por uma cooperativa a custos controlados e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.
Resumo
O presente texto integra um conjunto coeso de notas de
leitura, de reflexão e de comentário globalmente referidas ao perspetivar de
uma futura habitação mais amiga dos idosos e bem integrada e participada, desenvolvendo-se
num conjunto de “passos” temáticos razoavelmente sequenciais e que são, em seguida, apontados:
desafios geracionais e habitacionais; aproximação integrada à habitação
adequada aos idosos e à também urgente problemática da reabilitação
habitacional; papel do gestor habitacional; o múltiplo e previdente papel dos
apoios pessoais aos habitantes idosos; a habitação considerada como recurso
financeiro dos idosos; a habitação em termos de um verdadeiro e positivo retiro
para a aposentação e, simultaneamente, de uma nova oportunidade de mercado; mutações
importantes nas necessidades e vontades
residenciais e vivenciais dos habitantes mais idosos; os idosos, do apego à
habitação ao desejo da viagem; os idosos, a viagem e o passeio; e, finalmente,
algumas notas sobre a conjugação entre “serviços” residenciais e outros serviços
no âmbito de uma fase avançada da vida.
Os idosos e o futuro de uma habitação bem integrada e
participada – versão de trabalho e base documental – Infohabitar # 855
Índice geral (entre parêntesis, n.º de página do item)
Os idosos e o futuro de uma habitação bem integrada e
participada: Introdução
1. Desafios geracionais e habitacionais
2. Uma aproximação integrada à habitação adequada aos
idosos e à também urgente problemática da reabilitação habitacional
3. O papel do gestor habitacional
4. O múltiplo e previdente papel dos apoios pessoais
aos habitantes idosos
5. A habitação como recurso financeiro dos idosos
6. A habitação como um verdadeiro e positivo retiro
para a aposentação e uma nova e grande oportunidade de mercado
7. Mutações importantes nas necessidades e vontades residenciais e
vivenciais dos habitantes mais idosos
8. Idosos: do apego à habitação ao desejo da viagem
9. Os idosos, a viagem e o passeio
10. Notas sobre a conjugação entre “serviços”
residenciais e outros no âmbito de uma fase avançada da vida
Bibliografia (referências práticas) ()
Nota específica relativa às citações: tal como foi acima sublinhado nas “Notas introdutórias”, e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho do presente estudo, ele inclui numerosas citações, todas salientadas em texto a itálico, reentrante e em tipo de letra “Arial Narrow”, algumas delas longas e quase todas apresentadas na respetiva língua original; em termos formais e tendo-se em conta essa grande frequência de citações, optou-se, por regra, pela respetiva indicação da fonte documental, respetivo título e autoria, no corpo de texto e em nota de pé de página ou de final de artigo (conforme a edição), seguindo-se a(s) respetiva(s) citação(ões) com a indicação, posterior, do(s) respetivo(s) número(s) de página(s) entre parêntesis – ex: (pg. 26) –, e, em alguns casos, mas não por regra, repetindo-se a indicação específica ao documento que “está a ser referido” e/ou à sua respetiva autoria.
Specific note regarding citations: as highlighted above in the “Introductory Notes”, and taking into account the preliminary and working phase of the present study, it includes numerous citations, all highlighted in italicized text, reentrant and in font type. letter “Arial Narrow”, some of them long and almost all presented in their original language; in formal terms and taking into account this high frequency of citations, we opted, as a rule, for the respective indication of the documentary source, respective title and authorship, in the body of the text and in a footnote or at the end of the article (according to the edition), followed by the respective citation(s) with the subsequent indication of the respective page number(s) in parentheses – ex: ( pg. 26) – and, in some cases, but not as a rule, repeating the specific indication of the document that “is being referred to” and/or its respective authorship.
Os idosos e o
futuro de uma habitação bem integrada e participada: Introdução
Como indispensável
nota introdutória a este texto dirigido para uma reflexão sobre a adequação de
uma habitação participada e integrada para um envelhecimento ativo e agradável,
importa referir que o estudo sobre o enquadramento residencial de soluções
residenciais intergeracionais adaptáveis e cooperativas já tem uma apreciável
dimensão, abordando-se desde o enquadramento dos hábitos e necessidades da vida
diária das pessoas envelhecidas até à aproximação a soluções habitacionais
marcadas por estimulantes microambientes domésticos; o que nos levará, nos próximos
capítulos, a uma máxima sintetização de citações e reflexões, que serão,
especialmente, dirigidas para a identificação de ideias e soluções concretas,
muito adequadas e interessantes, a não perder.
Neste texto não vamos desenvolver o enquadramento de uma habitação
tendencialmente adequada aos mais idosos e fragilizados, mas sim tentar, já, ir
apurando aspetos práticos e úteis no âmbito do PHAI3C.
1. Desafios geracionais e
habitacionais
No que se refere ao que podemos designar como desafios
geracionais e habitacionais a ter em conta e citando o estudo de Damian Utton,
diretor da Pozzoni Architecture, intitulado The challenge of a generation: A
reflection on my past 20 years in the senior living sector, salientam-se
alguns aspetos. [1] (negrito nosso)
Em primeiro lugar que qualquer solução de habitação
apoiada não substitui os equipamentos residenciais dedicados a pessoas com
condicionamentos de saúde críticos, e designadamente os associados a
necessidades específicas de enfermagem e de apoio na demência; salientando-se,
aqui, o que este projetista designa de ‘dementia time bomb’, uma “nova”
“bomba”, que surge, assim, escondida, dentro da outra “bomba” maior associada
às críticas e urgentes necessidades habitacionais do crescente número de idosos;
salientando Damian Utton, no referido estudo, os seguintes aspetos:
There
is a place for, and many benefits to, extra care housing but most would now
agree that it is not a wholesale replacement for the high levels of care
provided by nursing and dementia care homes. Interestingly, Pozzoni have housing
clients who are now developing specialist care homes for people with advanced
dementia. (pag. 1)
.
The wider world now seems to be waking up to the so-called ‘dementia time
bomb’ and consideration of dementia design is spreading beyond care homes
and housing into other sectors too. It’s encouraging to see that a major
leisure centre operator recently joined the Dementia Action Alliance and that
several planning departments are producing supplementary planning guidance on
good design for older people. (pg. 2)
E no entanto até parece que, tal como aponta Damian Utton,
uma parte das respostas para estes críticos problemas até está em soluções
relativamente simples e de boa prática; imagine-se! O que evidentemente não
será conseguido sem um qualificado projeto de Arquitetura, que promova bons
ambientes arquitectónicos, residenciais e domésticos; e, no mesmo estudo, Damian Utton continua:
I discovered during my travels, a fundamental
aspect to dementia design was the drive to create a domestic scale environment
within a regulated, and sometimes institutional, regime. To
address this, care providers in Scandinavia, the Netherlands and Australia
would design care homes for people with dementia to live together in
self-contained, small group ‘households’. With our clients we began to develop
the ‘household model’.
Another key aspect gleaned from abroad is the open-plan
living arrangements. Being able to see where one is going, where one has
been, and the stimulation from sounds and smells of food can help to compensate
for the impairments that dementia can bring. (pg. 2)
Soluções de arquitetura urbana que, sempre que possível
vitalizem as respetivas vizinhanças e sejam por elas, mutuamente, vitalizadas,
numa perspetiva que, espera-se, acabará por popularizar e tornar muito
apetecíveis as soluções residenciais equipadas e uma sua, essencial, tónica
intergeracional, apostando-se, tal como aconselha Damian Utton, no estudo referido, em soluções urbanas
funcionalmente mistas e bem integradas:
Another trend over the past few years, has also
seen care and extra care schemes become community hubs, with communal
facilities open to the wider neighbourhood. Location has always been key to
the success of this concept and the nature of the facilities on offer. Working
with the community, not competing, is also key to success. (pg. 2)
Senior living in town and city centres will
surely become more popular in the future. Proximity to amenities, transport
connections, and the life and activity of our town and city centres can make
this an attractive offer. (pg. 4)
Related to this will be the trend for
inter-generational communities.
Older people have much to contribute in creating balanced communities, in
urban, suburban and rural settings. In the Netherlands and Denmark, there are
schemes where University students can live in low-rent accommodation in return
for spending time with residents of a care or extra care scheme. Such
initiatives are already taking off in the UK and the logical extension is for
mixed-use developments to include senior living housing. Again, there are
several developments in the UK which are already addressing this issue. (pg. 4)
2. Uma aproximação integrada à
habitação adequada aos idosos e à também urgente problemática da reabilitação
habitacional
Das reflexões já havidas, relativamente ao problema
habitacional atualmente vivido pelos idosos e à problemática, também crítica,
da necessária reabilitação do parque habitacional, podemos retirar que, por um
lado:
(i) há um potencial de nova vida para as velhas
habitações, neste caso muito mais intensamente do que para os respetivos velhos
edifícios – cujos espaços comuns são, frequentemente, mínimos; o que no entanto
não impedirá, por exemplo, a conversão de uma habitação estrategicamente
localizada num agregado de espaços comuns, quando a reconversão atinge todo o
edifício (o que será sempre pouco frequente) –, que decorre da frequente e
referida subocupação e da sua também frequente vacatura (ex., grandes bairros
dos anos de 1950 e 1960 têm, atualmente, a sua população original muito
envelhecida e “rarefeita”, e que, por outro lado;
(ii) e há também um outro evidente potencial no estudo,
aprofundamento e cuidada aplicação prática de renovadas ou mesmo inovadoras
tipologias residenciais e urbanas, entre as quais importa aqui sublinhar o
papel das intergeracionais, funcionalmente mistas e sensivelmente conviviais.
E, naturalmente, entre as duas opções, acima referidas,
há sempre lugar para soluções intermediárias, numa reflexão global que
evidencia a importância e a urgência de uma aproximação integrada à referida
problemática da reconversão e adaptação do parque habitacional a novas
necessidades e gostos habitacionais e urbanos, com um especial enfoque na
adequação ampla ao melhor habitar das pessoas mais idosas.
Esta urgência de uma aproximação integrada à
problemática, hoje bem presente, da reconversão e adaptação do parque
habitacional visando-se, especialmente, os mais idosos é especificamente
tratada num estudo do Center for Ageing Better intitulado We need an
integrated approach to updating our housing stock, onde se faz uma
“radiografia” do parque habitacional do Reino Unido em 2018. [2]
Uma radiografia que evidencia a enorme falta
de qualidade em termos de conforto ambiental desse parque habitacional, que
está em cerca de um quarto dos casos habitado por idosos e fragilizados, tal
como se indica no referido estudo do Center for Ageing Better : (negrito
nosso)
Almost none of the UK’s homes are accessible
for people with a disability,
and many are poorly insulated and excessively cold. (pg. 1)
… Only about a third of England’s homes are
reasonably energy efficient and almost none reach the highest standards
required for future comfort. If you live in a colder, less efficient home,
you are more likely to be in fuel poverty. (pg. 2)
Salientando-se que se apurou que um “pacote”
de relativamente pequenas adaptações, reparações e renovações são muito
eficazes na melhoria dessas condições habitacionais. (pg. 2)
Considerando o que, nesta matéria, acontecerá hoje
em dia em Portugal, uma situação, provavelmente, pelo menos tão grave, há,
portanto, que avançar de forma integrada na resolução deste problema
habitacional seja visando-se “pacotes” de reconversão e reabilitação de
habitações existentes, seja avançando-se em renovadas tipologias
intergeracionais e tendo em conta que a prestação de diversos serviços
domiciliares e de cuidados pessoais é matéria associada que irá facilitar e até
agilizar essa abordagem integrada das novas necessidades habitacionais
encaradas, em parte, como serviços.
3. O papel do gestor habitacional
Em toda esta problemática é, naturalmente,
essencial considerar os aspetos de gestão diária e a longo prazo do parque
habitacional sendo que, por acréscimo de evidentes razões, os cuidados de
gestão de conjuntos residenciais que integrem idosos e fragilizados terão de
ser especialmente considerados devido à sensibilidade e complexidade da
respetiva gestão.
Desta forma podemos ganhar com a experiência
de grandes gestores habitacionais com intensa experiência nesse grupo
sociocultural de idosos e fragilizados, como é o caso da empresa Peabody, uma
grande entidade gestora de habitação de interesse social na zona de Londres,
que nos proporciona um precioso conjunto de conclusões sobre gestão
habitacional no seu estudo intitulado 21st Century Peabody Creating communities
for today and tomorrow, que é em seguida citado e comentado: [3] (negrito nosso)
Founded in 1862 as the Peabody Donation Fund we
are now one of London’s oldest and largest charitable housing associations, providing
homes for nearly 50,000 people across the capital...
A good home: a
place that is safe, warm, clean, light, well-maintained and evokes personal
pride.
A real sense of purpose:
regular endeavour through work, learning, caring for others, personal
development or volunteering; pursuits that people look forward to because it
makes them feel valued.
A strong feeling of belonging: active
involvement in the neighbourhood and the spirit of togetherness and
friendliness that goes with it. (pg. 3)
Peabody communities for the next 25 years. Its
seven core principles define an exemplary 21st century community as a place
where:
- people feel they belong;
- people have homes that meet their needs and
are suitable for the changing circumstances of life;
- the landlord’s service is tailored to the
individual;
- there is no child living in poverty;
- all residents are supported in their daily
lives and their long-term aspirations;
- the community feels part of the wider, local
area;
- the community has a sustainable environment.
(pg. 5)
The new homes will meet level three of the Code
for Sustainable Homes, with features including super-insulation,
superefficient ventilation, water-saving appliances and double and
tripleglazing from procurement to delivery … (pg. 8)
Considera-se que, por diversas razões, os
conjuntos do PHAI3C também se deveriam caracterizar por caraterísticas elvadas
de conforto ambiental, não só devido a uma questão de “exemplo” para a restante
promoção de habitação de interesse social, mas porque os seus habitantes mais
idosos e fragilizados são extremamente sensíveis às condições de um múltiplo
conforto ambiental “acima da média”. E numa idêntica perspetiva há que investir
na identificação das melhores soluções de reabilitação do parque habitacional
existente, designadamente, em termos de amplo conforto ambiental –
higrotérmico, de ventilação natural, de iluminação natural e artificial e
acústico.
4. O múltiplo e previdente papel
dos apoios pessoais aos habitantes idosos
No quadro de uma intervenção local integrada
no que se refere a apoios residenciais, sociais e de saúde, especialmente
dirigidos para idosos e pessoas fragilizadas há entidades que têm, já, uma
experiência sedimentada, como é o caso da Fundação Woonzorg, dos Países Baixos,
cuja atividade, é sintetizada e comentada em seguida, designadamente, na sua
ação residencial e de apoio diversificado a idosos, tal como se refere em
seguida: [4] (negrito nosso)
… is a national housing association aimed at
elderly healthcare recipients. We own 29,000 independent rental
residences and 12,500 living units in buildings that we rent out to healthcare
institutes...
Visa-se uma habitação adequada que acompanhe positivamene
o envelhecimento e até ajude a atrasar e colamatar necessidades específicas de
saúde; de certa forma antecipando as melhores condições para uma vida diária
facilitada e agradável; como se salienta no site da Fundação Woonzorg, que é acima
referido:
Different than what general assumptions would
lead one to expect, we do not think all senior citizens want to live in
their existing residences for as long as possible, to finally move to a nursing
home in the final stages of their lives. Many will want to switch their family
home for an apartment as an intermediary step, or better yet, switch to a
living environment where they can continue to live regardless of their
healthcare needs…
Um renovado objetivo refere-se a uma ampla
previsão de aspetos de segurança e adequação funcional e social, bem alerta
para sinais críticos de solidão e isolamento, no sentido de se proporcionarem
as melhores condições para se “viver independente mas conjuntamente”,
contribuindo-se para o adiar da necessidade de mudar para um equipamento
residencial com apoios específicos de saúde; tal como defende a Fundação Woonzorg:
In the coming years, Woonzorg Nederland will
be directing more attention to physical, social and fire safety, and we will be
sharply focused on expanding the opportunities for our residents to be part of
the community… Our resident consultants are watchful of signs of
loneliness and, where necessary, will assist residents in reaching out to
healthcare and service providers. In this way, we want to offer our renters the
optimal conditions to live independently together. With this, we also
contribute to postponing or taking away the need to move to a nursing home.
Uma perspetiva que é visada em variadas
parcerias promocionais residenciais com diversos setores de atividade económica,
numa ação claramente defendida pela mesma Fundação:
… we explicitly leave open the option of
developing open locations in partnership with other investors, with the aim of
creating a combination of private-sector rental residences, owner-occupied
residences and/or healthcare-related real estate.
Consideram-se especialistas em promoção
residencial ligada a aspetos de promoção de bem-estar e saúde (healthcare-related
real estate) o que se considera um exelente conceito a aprofundar nestas
áreas da promoção residencial com espacial enfoque em idosos e fragilizados,
mas, neste sentido, sublinham que têm parceiros específicos nas áreas do
bem-estar e da saúde, o que importa salientar e que continuam a desenvolver
novos conceitos residenciais adequados a esta ligação privilegiada com aspetos
de bem-estar e saúde, que variam, designadamente, em termos do privilegiar de
conjuntos mais pequenos, adequados a pessoas com demências e de promoções
residenciais mistas de venda e arrendamento.
No que se refere à relação efetiva entre
habitação e cuidados de bem-estar e saúde nos mesmos edifícios consideram que o
futuro mserá marcado pela conversão de edifícios com cuidados de saúde em
soluções expressivamente multifuncionais e com valência em termos de
equipamento da respetiva vizinhança urbana; definindo-se edifícios
funcionalmente híbridos em termos de apoios de saúde, serviços diversos e
utilidades vicinais.
E tudo isto com o objetivo de se desenvolverem
vizinhanças socialmente integradoras e naturalmente “cuidadoras”, que decorram
com um máximo de naturalidade de amplas parcerias residenciais, de saúde e
sociais, como defende a Fundação Woonzorg e é referido no seu site que é acima
apontado:
We view neighbourhoods and districts from an
integrated perspective, with the aim of creating a more caring society. We
are looking for partnerships with leading municipalities, healthcare and
wellbeing providers and other partners to achieve this.
5. A habitação como recurso
financeiro dos idosos
Uma matéria que se julga ultrapassar um pouco
o âmbito deste estudo, mas que está sempre presente quando se considera a
possibilidade de mudança de uma família idosa para uma nova habitação,
refere-se às soluções que poderão ser usadas por estas pessoas para disporem de
capacidade financeira para uma tal mudança; e quando esta não exista de forma
significativa fica evidente a importância que terá a própria habitação familiar
como recurso para um tal financiamento.
Um recurso que, provavelmente, será muito
discutível, designadamente, em termos da sua valia como, provavelmente, o mais
valioso património familiar de que dispõe essa família, numa altura em que,
frequentemente, os respetivos empréstimos estão liquidados e haverá, até,
perspetivas sobre os bens a herdar; mas o uso de um tal recurso poderá ser
essencial para resolver questões colocadas pelo envelhecimento, sendo que até
uma tal mobilização poderá, até, não esgotar o valor da habitação familiar e
poderá corresponder também a um investimento com futuro.
Entre outros estudos existe um trabalho apresentado
num artigo de Miguel Moreno Mendieta, intitulado 5
Fórmulas para convertir tu vivienda en una renta para la jubilación em
que se sintetizam, de forma clarificada, as principais soluções que podem ser
usadas na conversão de uma habitação familiar num rendimento de apoio à vida
dos idosos e cujas designações são, em seguida, apenas apontadas, a partir
do referido artigo: [5]
1. Hipoteca inversa ou reversiva “pura”.
2. Hipoteca inversa ou reversiva com
rendimento vitalício diferido.
3. Hipoteca inversa ou reversiva com
rendimento vitalício imediato.
4. Habitação-Reforma – vender uma habitação
mas manter o seu usufruto.
5. Vender a habitação ou outros bens.
Sendo, embora, matéria que exige abordagem
específica e especializada, e também na sua aplicabilidade legal em Portugal,
julga-se que, tal como acima se apontou, a sua aplicabilidade dependerá seja de
uma “balança” direta e imediatamente proveitosa, para um dado idoso, na “troca”
entre a “velha” habitação familiar e, por exemplo, um novo apartamento num
condomínio intergeracional – proveitosa emntermos financeiros e/ou de qualidade
residencial – e também proveitosa, a médio ou longo prazos, neste caso,
provavelmente, no âmbito da família e considerando a boa valorização do
referido novo apartamento, respetivo conjunto residencial e sua localização
urbana e paisagística.
6. A habitação como um verdadeiro
e positivo retiro para a aposentação e uma nova e grande oportunidade de
mercado
A referida
consideração relativa à possibilidade de a nossa habitação familiar poder
“transformar-se” num verdadeiro e positivo “retiro”, muito adequado para uma
nossa tardia fase de vida, muito específica em termos de “novas” necessidades e
vontades residenciais e, portanto, ambiental, espacial e funcionalmente muito
rica nesse apoio configura, realmente, uma excelente e mesmo inovadora
possibilidade habitacional; uma possibilidade ligada, talvez, a uma tripla
oportunidade: de podermos viver uma nova e tardia fase de vivência habitacional
muito adequada (renovadas necessidades e gostos) e estimulante; de se poderem,
eventualmente, libertar as nossas anteriores e amplas tipologias residenciais
para novas famílias mais numerosas; e, consequentemente, de assim se viabilizar
um renovado mercado habitacional, tal como Jones Lang LaSalle (referido em
seguida como JLL) aponta no seu estudo intitulado Retirement Living Where is
the Opportunity? ; e em seguida se cita: [6] (negrito nosso)
§ JLL estimate that there is a potential requirement for an
additional 725,000 Housing with Care units by 2025 which would equate to nearly
50% of all new homes built at the current rate.
§ The Care Act 2014 places housing at the heart of the definition
of Wellbeing and forces local authorities to be proactive in shaping and
developing the market, particularly in alternatives to institutional care
such as Housing with Care. It forces engagement with the market to ensure
there is sufficient variety and supply of accommodation to match
the local population …
§ The RICS estimate that by providing viable, alternative
residential accommodation for older households such as Housing with Care, could
release 2.6 million houses back into the mainstream housing market. (pg. 3)
Retirement housing in the UK has evolved over
the last 30 years providing an alternative between mainstream housing (which
begins to fail older people) and care homes. It
has grown, in the same way the care home market evolved out of the hospitality
and residential markets, to meet the changing care needs of older people as
they live longer than previous generations. (pg. 3)
A oferta de
novas soluções de habitação alternativas e adequadas para pessoas idosas, mais
ou menos, associadas a um diversificado leque de apoios domésticos e pessoais,
parece ser o que falta, realmente, em
Portugal: uma habitação bem integrada, adequada e económica para o período mais
tardio da vida; e com a sua longa experiência de promoção de habitação de
interesse social as cooperativas da Fenache poderiam desenvolver esta nova
oferta residencial, desde que existindo alguns apoios específicos e de
“arranque” deste processo, talvez muito associados ao apoio na disponibilização
de terrenos adequados.
Importa talvez
desmistificar a complexidade de uma tal “nova” previsão habitacional,
designadamente, porque os avanços na medicina e na enfermagem facilitam,
atualmente, a prestação de muitos cuidados pessoais em meio residencial e sem o
apoio de uma infraestrutura “pesada” e específica de prestação desse tipo de
cuidados, tal como se aponta no artigo acima citado. (pg. 4)
Importa também
ter em conta que vamos tendendo a que as pessoas que são apoiadas em
equipamentos residenciais e de cuidados de saúde tendem a ser, gradualmente,
mais carenciadas em termos desses cuidados, não existindo, por regra soluções
“intermediárias” com reduzidos apoios pessoais, o que leva frequentemente a
decisões complicadas e críticas: internamento adiado e ausência de cuidados na
habitação correntes; ou internamento realizado demasiado cedo, e portanto
desnecessário e mesmo por vezes negativo nas suas consequências no bem-estar e
saúde do “internado”.
E não tenhamos
dúvidas de que uma nova oferta residencial com oferta diversificada e “à la
carte”, de cuidados domiciliares e pessoais, mais a disponibilização de
adequadas condições comuns de socialização e de dinamização de atividades, a,
cumulativamente, sem qualquer estigma de idadismo, porque caraterizada
basicamente pela intergeracionalidade dos seus residentes, poderá ser
extremamente flexível ou adaptável a diversas necessidades e vontades pessoais
e à sua evolução no tempo, incentivando-se uma essencial envelhecimento ativo e
participado/participante; tal como é apontado no artigo que acabou de ser referido:
Housing with Care provides housing that can be
adapted and modified to suit evolving needs with care and support services
available on-site 24 hours a day. With a variety of facilities to help
facilitate an active and independent lifestyle. (pg. 4)
7. Mutações importantes nas necessidades e vontades residenciais e
vivenciais dos habitantes mais idosos
Continuando com
o estudo de Jones Lang LaSalle, intitulado Retirement Living Where is the
Opportunity? Refletimos, agora, um pouco sobre a mutação das necessidades e
gostos dos habitantes mais idosos. [7]
Importa
considerar que mm Portugal a realidade parece ser idêntica à do reino Unido no
que se refere a um sustentado aumento das necessidades de apoio por parte dos
idosos, ao mesmo tempo que o número de idosos com apoios públicos tem reduzido,
resultando que as pessoas terão de resolver cada vez mais por si próprias os
seus apoios, situação esta que será sempre muito mais eficaz e económica em
conjuntos residenciais "concentrados”; tal como é indicado no artigo que acabou
de ser referido: (negrito nosso)
The National Audit Office (NAO) found that care
needs of older people have risen by 30% since 2005 [até 2015, portanto,
em 10 anos] and will continue to do so, but that the numbers of older people
receiving support from the Government has fallen at the same rate. This
means that more people will need to fund any care needs themselves. These
care needs could be better managed in a Housing with Care setting where
residents will often experience a better quality of life (pg. 6,7).
E não será que
deveríamos também reequacionar as vantagens da existência do que podemos
designar de condomínios intergeracionais associados a alguns espaços, serviços
e equipamentos comuns considerando-se as exigências vivenciais e de saúde que
poderão ser colocadas por eventuais pandemias? Utilizando-se aqui evidentemente
a experiência que tivemos com o confinamento doméstico ligado ao Covid.
É interessante
e útil a referência, em seguida citada, de Jones Lang LaSalle a diversos níveis
de “incapacidade” por parte dos mais idosos e fragilizados: (negrito
nosso)
§ Over 65s unable to manage at least one domestic task on
their own 40%
§ Over 65s unable to manage at least one self-care activity on
their own 33%
§ Over 65s with a LLTI or disability 49% ( Limiting Long-Term
Illness (LLTI) and Disability) (pg. 7)
Assim como é
interessante a referência que o citado autor faz, no mesmo artigo, ao que
designa como uma muito significativa “mudança de gostos”, de capacidade de
apreciação residencial e de perspetivas de futuro de vida por parte dos
habitantes mais idosos: (negrito nosso)
The traditional purchaser of retirement housing
is changing. The Baby Boomer generation has different expectations from
their predecessors; keen on maintaining their pre-retirement lifestyle, with
the majority wanting to remain independent and active in a high quality
environment. They have benefited from a better diet and healthcare than
their predecessors and consequently are able to manage their health much better
than before. (pg. 9)
Baby Boomers are more aware of the deficiencies
of their family homes as they age and are planning for future care needs.
They are also seeking alternatives to
traditional care homes wanting to remain independent and active for as long as
possible with a focus on a fulfilling retirement.
Whilst they are looking to downsize, their
housing equity means they are seeking better specified accommodation and larger
units. They are seeking facilities, services and
care packages that fit around their lifestyles, which can be improved as a
result of freeing up equity from their house. (p. 14)
Mudanças estas
de necessidades e gostos residenciais e de vida que deverão marcar uma nova
oferta habitacional direcionada para os mais idosos e que, claramente, poderão
facilitar em termos de tomada de decisão a mudança habitacional numa fase tardia
da nossa vida.
8. Idosos: do apego à habitação ao desejo da
viagem
No conjunto dos aspetos considerados práticos,
relativos à relação entre os idosos e as suas habitações existe um aspeto
interessante a considerar que se refere ao jogo de atrações que se desenvolve,
por um lado, a partir de uma habitação familiar plena de memórias e
agradavelmente organizada e equipada, de forma gradual, frequentemente, ao
longo de muitos anos e, por outro lado, pela verdadeira tentação da viagem, que
se pode tornar, também, muito apetecível numa fase tardia da nossa vida.
Uma possibilidade de escolha que pode tender a
caraterizar a habitação como “porto seguro”, onde se volta e descansa
periodicamente, e que vamos enriquecendo, cadavez mais, com memórias, podendo,
eventualmente, facilitar a sua “substituição” por novas soluções residenciais,
especialmente bem caraterizadas e localizadas, talvez espacialmente mais
racionalizadas, considerando-se a nossa evolução familiar, mas sempre com boas
reservas espaciais e especialmente bem servidas no que se refere à facilitação
das atividades domésticas , adequadas na disponibilização de um convívio comum
quando desejado, e, mesmo, quem sabe, de variadas formas facilitadoras das
referidas viagens (ex., desde a segurança afirmada do fogo vazio, ao tomar
conta de mascotes, e até eventualmente ao apoio organizativo a essas viagens).
Naturalmente que este estimulante alternar
entre “ficar e partir” dependerá de adequadas condições de saúde, mas quem sabe
a agregação de desejos de viagem não permita o prolongamento desta prática, por
exemplo, através de perscursos e estadias em conjunto e bem organizadas, que
serão, sempre, facilitadas pela vizinhança dos interessados, vivendo, por
exemplo, num conjunto integrado no PHAI3C, e, ainda mais facilitadas, neste
caso, pela muito provável associação, nessas viagens, de pessoas com diversas
idades e respetivas capacidades de autonomia e proatividade.
Nestas matérias importa ainda considerar que
um tal binómio entre habitação e viagem, será melhorado quando as condições
habitacionais se caraterizam por um expressivo sentido de agradabilidade,
sossego e apropriação, um excelente “pequeno mundo” pessoal e familiar para
onde nos podemos, sempre, “retirar” (considera-se aqui muito interessante o conceito
de “retiro”), com satisfação e certeza de nos irmos refazer e preparar para
logo, eventualmente, voltar a partir, quando nos apeteça.
E importa sublinhar que esta partida pode ser
para uma longa viagem, de automóvel ou comboio, para um agradável passeio a pé
na vizinhança ou para uma estratégica incursão ao centro urbano mais próximo – tudo isto é “viagem” e tudo isto é excelente para o
nosso bem-estar, designadamente, quando temos quase “todo o tempo do mundo”,
como será o caso quando chegados à aposentação; sendo aqui, em todos os casos,
sempre muito importante a qualificação, adequada e ampla integração e
expressivo e amplo conforto do sítio onde moramos – o nosso “porto seguro”
entre grandes e pequenas viagens”-, da sua centralidade urbana, da respetiva
estruturação pedonal e da sua essencial acessibilidade em transportes públicos
a centros urbanos.
Nesta interessante alternativa entre partir e
ficar, vale a pena citar um provérbio em língua inglesa: “East or west
home is the best.” (Preeti Shah, Things
That Made Your Home A House Of Heaven, August 31, 2019, Décor and Design Online
Magazine)
9. Os idosos, a viagem e o
passeio
Tal como se apontou no item anterior os idosos,
quando têm disponibilidades financeiras e sociais para tal (comentário nosso),
tendem a alternar entre “o ficar e o partir”, julgando-se que o que os atrai
mais na partida, na viagem e no passeio, poderá ajudar a configurar qualitativamente
parte do caráter dos espaços que habitam ou, melhor, desejam, realmente,
habitar.
Neste sentido Maria Adela Balderas-Cejudo, do Oxford
Institute of Population Ageing da Universidade de Oxford, no seu bem
interessante estudo, intitulado Leisure Travelling and its Link to an Active
and Healthy Ageing [8], aponta alguns aspetos que importa reter e que são, em
seguida, citados e comentados: (negrito nosso)
The silver market is a driving force in the
tourism and hospitality industry and one of its
fastest growing and most evolving segments. (pg. 1)
A referida autora define os “novos idosos”
como mutantes (termo meu) relativamente ao que os definiu durante muitos anos
do Século XX; e neste sentido importa refletir sobre como é que este conjunto
de novas características – “seniores mais ricos, com mais saúde e mais
educados; têm experiências de vida mais interessantes e são viajantes mais experimentados”
– influencia o meio residencial desejado dos idosos e designadamente dos idosos
mais jovens?
Isto porque o perfil do idoso está a mudar
rapidamente, tal como se aponta no artigo que acabou de ser referido:
They are also likely to be more active and
independent and have more interests
compared to older people in the past. It has also been proposed that they
place tourism high in their priorities (pg. 1)
Julga-se que teremos de visar uma habitação
muito digna, também na sua situação urbana e quadro edificado específico,
funcionalmente espaçosa, muito agradável, em termos de um múltiplo conforto
ambiental, residencialmente bem caraterizada (ex., atratividade, dignidade),
expressivamente apropriável, naturalmente apoiada por todo um amplo conjunto de
serviços opcionais e, talvez quase acima de tudo, uma solução residencial
totalmente integrada na sua vizinhança urbana, sem quaisquer tipo de “marcas”
associáveis a qualquer tipo de prestação de apoios e cuidados e a qualquer
figura do tipo “equipamento”; afinal, uma habitação que seja ela própria também
uma espécie de pequena viagem diária, mas sobriamente embebida na cidade.
E importa ter em conta o que parecem ser os
excelentes benefícios da viagem para a saúde humana, tal como indica Maria
Adela Balderas-Cejudo no artigo atrás referido:
Travel has been positively correlated with
physical health outcomes -specifically, risk of cardiovascular heart disease
amongst middle-aged men … People often feel happier, healthier and more relaxed
after a pleasure trip, although these effects are limited in strength and
duration after the holiday … (pg. 2)
Aprofundando-se, mais um pouco e de forma
exploratória, as formas como o que procuramos quando viajamos poderá
influenciar, positiva e atraentemente, o nosso próprio meio residencial “de
base”, e focando-nos, designadamente, no que são as experiências dos viajantes
idosos, poderemos reter, com base no estudo de Didier Bésingrand e Jean
Soumagne, intitulado Les séniors mobiles dans les petites villes atlantiques
- Les exemples de Pornichet et Saint-Jean-de-Luz [9] , alguns aspetos de uma tendencial mobilidade
residencial dos mais idosos, designadamente, no que se refere ao que parece ser
a sua especial valorização relativamente ao caráter/prestígio do local
escolhido (o seu “cachet urbain”), ao environnement , à
identidade, ao “charme” e/ou à
urbanidade dos conjuntos que gostam de ir habitando; e não é por acaso que se
referiram estes vários mas interligados aspetos arquitetónicos qualitativos,
tal como se desenvolve no citado estudo de Didier Bésingrand e Jean Soumagne: (negrito
nosso)
Les séniors mobiles sont des jeunes retraités
pratiquant la mobilité résidentielle, ce qui peut se traduire à terme
soit par une installation définitive dans une station balnéaire lors de la
survenue de la retraite, soit s’inscrire dans une pratique plus libre de
l’espace et de l’habitat, la double-résidence. (pg. 83)
le choix de l’implantation. À la question «
Quelles sont pour vous les qualités de votre commune de résidence ? » les
séniors ne mettent pas tous en avant les qualités du climat ou la présence de
la plage mais plutôt divers éléments épars évoquant l’urbanité des petites
stations balnéaires. (pg. 84)
« L’environnement », « le charme », sont des
termes qui reviennent très souvent dans les réponses aux questions ouvertes en
première, deuxième ou troisième position. Ces termes recouvrent pour partie un
autre élément caractéristique des stations, le style architectural
« balnéaire ». Les deux villes considérées présentent un caractère
architectural et urbain tout à fait particulier, un cachet qui concourt à
donner une véritable identité à ces stations. (pg. 85)
Mas, tal como já se apontou, acima, a viagem
pode até “reduzir-se” a um recorrente e agradável passeio pela envolvente e
pela vizinhança do conjunto residencial onde os idosos habitam, e as aspas
acima aplicadas no termo “reduzir-se”, referem-se à grande dimensão de “viagem”
que é sempre proporcionada pelas sempre mutantes paisagens naturais (ex.,
jardim) e urbanas (ex., pólo comercial e convivencial); grande dimensão esta
que pode e deve ser muito incrementada quando os espaços de uso pedonal na
envolvente residencial têm, como devem ter,
ligações afirmadas com expressivas continuidades urbanas pedonais e em
transportes públicos.
A propósito da “grande dimensão” que podem ter
estes passeios de proximidade e urbanos e da sua importância para todos os
habitantes, mas especialmente para os mais idosos, cita-se e comenta-se,
brevemente, em seguida, um estudo de Giovanni Ridolfi e Isabelle Dumont,
intitulado Promenades pour l’âge d’or dans deux petites villes italiennes
[10] (negrito nosso), onde se sublinha, desde já, a excelente
e residencialmente muito útil ideia de “uma nova geração de idosos a
reapropriar-se do seu tempo, mas também e
necessariamente do espaço adequado para viver esse tempo finalmente resgatado”
(tradução livre, nossa); ideia esta que se julga poder identificar e sintetizar
boa parte da própria razão de ser global do PHAI3C; tal como referem Giovanni
Ridolfi e Isabelle Dumont no referido artigo:
Si les générations des
plus âgés d’aujourd’hui se réapproprient du temps, elles ont aussi besoin de
récupérer de l’espace pour le vivre : espace qui les accueille avec leur créativité, pour
leur passe-temps ou pour leur repos ; espace exclusif ou partagé avec les
autres générations; espace qui s’inscrit, même de façon variée, dans
l’utilisation du territoire urbain. (pg. 97)
Nesta perspetiva importa considerar que as
intervenções do PHAI3C poderão proporcionar, tanto espaços privados
expressivamente adequados e apropriáveis, tendencialmente mais estimulantes do
que os anteriormente habitados, tanto espaços comuns diversificados,
úteis e estimulantes, anteriormente inexistentes (ex., edifícios
multifamiliares com simples espaços comuns de circulação minimizados), como,
ainda, espaços de vizinhança e vivência
pública exterior como muitos habitantes nunca o tiveram, devidamente organizados,
pormenorizados, legíveis e estimulantes; sendo que, para tal, há, evidentemente
que cuidar da qualidade arquitectónica e paisagística das soluções.
Nesta última dimensão, mais ligada ao tema da
“viagem”, como agradável e disponível contraponto ao sentimento de
permanência/pertença residencial, que aqui abordamos, importa, especificamente,
que a vizinhança exterior de uso público proporcione um relaxamento ativo, tão
potencialmente pacificador e calmante, como estimulante em aspetos de
curiosidade natural e mesmo de um vital “sentido lúdico”, por exemplo, e que
são muito associáveis à prática livre e natural do passeio e do exercício
físico; sendo que ao visarmos, especificamente, os habitantes mais idosos e
fragilizados haverá que prever, essencialmente, espaços pedonais agradáveis e
facilmente acessíveis (“centrais”), assim como pequenos circuitos de passeio,
muito confortáveis, seguros, pouco longos (ex., até cerca de 600m) e
estruturados por etapas bem apoiadas em termos de equipamentos (ex., bancos
confortáveis) (pg. 101 do artigo que acabou de ser citado) ; devendo,
assim, proporcionar-se nos espaços exteriores residenciais um tão rico como
clarificado e amplo conjunto de “desafios” físicos e mentais aos mais idosos e
fragilizados, tal como é sugerido no referido artigo de Giovanni Ridolfi e
Isabelle Dumont:
La vie console les
personnes âgées du poids des années, en leur concédant la liberté de vivre plus
intensément leurs propres jours. Pour tous, mais surtout pour les « jeunes anciens »,
ceux qui ont entre 65 et 74 ans, domine le désir de lutter contre la
vieillesse du corps et de l’esprit par l’exercice physique et la gymnastique
intellectuelle. La mélancolie de l’âge se combat en se maintenant actif et
intellectuellement disponible. (pg. 101)
À côté des lieux ouverts,
réservés aux journées ensoleillées et peu ventées, il y a les lieux fermés. À Rapallo, il existe au moins une cinquantaine de
lieux de rencontre pour la détente quotidienne, la mise à jour culturelle,
l’exercice physique, les moments de spiritualité… (pg. 104)
Mas o passeio/a passeata deve também ser
« cénica » e estimulante, avançando mesmo numa recriação da paisagem
urbana e natural pormenorizada no sentido de
se suscitar o lazer a passear, até fortuitamente, ao sabor da evolução das
sequências de vistas e mesmo do já referido sentido lúdico no uso do exterior
urbano e paisagístico (potenciador da referida “ginástica intelectual”,
provavelmente muto útil para se combater o envelhecimento), considerado
essencial na construção e no bem habitar da paisagem.
10. Notas sobre a conjugação
entre “serviços” residenciais e outros no âmbito de uma fase avançada da vida
Avança-se, aqui, apenas sinteticamente e de
forma exploratória, numa matéria que se considera hoje em dia fulcral,
designadamente, para a viabilidade de um apoio público amplo ao habitar e ao
bem-estar dos mais idosos e que se refere à conjugação, que se julga atualmente
crucial, entre “serviços” residenciais, sociais e de saúde e bem-estar,
designadamente, no âmbito do apoio aos habitantes mais idosos.
No que se refere a esta matéria, que importa
abordar e desenvolver, dedicada aos evidentes benefícios que terá uma aliança
entre os apoios e cuidados residenciais, sociais e de saúde e bem-estar,
designadamente, no que se refere a uma resposta integrada e sinergética às
necessidades e desejos dos habitantes mais idosos e mais fragilizados, citamos
e comentamos, muito brevemente, em seguida, um estudo oficial francês,
desenvolvido por um conjunto alargado de autores ligados a várias entidades, e
coordenado por François Chaillou,
intitulado Politiques territoriales de l’habitat et choix de vie des
personnes au grand âge. [11] (negrito nosso)
Numa primeira aproximação importa sublinhar,
tal como é apontado no estudo citado, que a mudança de residência numa fase
avançada da vida não é algo muito desejado; condição esta que deveria ter como
consequência a existência de um muito significativo “pacote” de vantagens
associado à possibilidade de uma nova habitação nessa fase da vida e,
designadamente, em termos da referida conjugação de apoios residenciais,
sociais e de saúde e bem-estar, mas, sempre, de uma forma bem integrada,
integeracional, digna e sem quaisquer elementos associáveis a qualquer tipo de
“equipamento de 3.ª idade”; tal como se defende no estudo coordenado por François Chaillou e acima referido: (negrito
nosso)
Selon les données de l’INSEE, les personnes
âgées de 60 ans et plus déménagent en fait rarement : seule une sur cinq avait
changé de logement, entre 1990 et 1999, alors que dans le même temps un
résident sur deux en ville le faisait. Les changements de résidence sont 2,1
fois moindre entre 60 et 80 ans qu’entre 40 et 50 ans, avec entre 70 et 80 ans
une propension à déménager qui atteint son niveau le plus bas ...
A partir de 70 ans, les
seniors lorsqu’ils doivent changer, semblent préférer le retour vers le statut
de locataire à celui de propriétaire
(même si ceux-ci restent majoritaires) et vers des logements plus petits. De
même que l’on voit émerger à cet âge le statut « d’hébergé gratuitement » qui
correspond à une transmission de biens aux enfants ou en viager laissant
l’usufruit à leur parent. (pg. 26)
Outro aspeto a ter bem em conta refere-se ao
frequente papel ativo dos idosos mais jovens (entre 60 a 75 anos) no apoio
múltiplo, tanto aos seus ascendentes, como aos seus descendentes; uma condição
que, “de repente”, faz evidenciar diversos aspetos residenciais e,
designadamente, as questões de proximidade e de variadas funcionalidades
potencialmente associadas à vivência residencial (ex., apoio diversificado às
“lides” domésticas mais correntes e cansativas, proximidade de equipamentos de
lazer e recreio, vizinhanças urbanas e paisagísticas pedonalizadas,
acessibilidade urbana em transportes públicos, etc.), que poderão ser muito
estimulantes quer para o seu uso pelos idosos, quer para usos partilhados por
estes e outros seus familiares (pais, filhos, netos, etc.).
De certa forma poderemos ter aqui um duplo e
muito positivo sentido de intergeracionalidade, ligado quer à diversidade
geracional dos habitantes de um dado conjunto residencial, quer à animação
geracional suscitada, relativamente a cada habitante desse conjunto, devido aos
aspetos singulares de equipamento, serviços múltiplos de apoio, convivialidade
natural e atratividade arquitetónica e urbana local desse mesmo conjunto
residencial; tal como se aponta no estudo que está a ser referido: (negrito
nosso)
Aujourd’hui, la solidarité
familiale se constitue autour des seniors jeunes (60-75 ans) qui ont été
qualifiés de génération « sandwich » car elle apporte de l’aide à ses parents
encore vivants aussi bien qu’à ses descendants (garde des enfants, aide financière…).
Il est fréquent que toutes ces générations
habitent sur un même territoire (au moins régional) mais de moins en moins
souvent dans un même logement.
La proximité résidentielle
a l’avantage de permettre les échanges de services entre toutes les générations (aide aux plus anciens, garde des plus jeunes, aide mutuelle
pour des travaux, échanges de savoirs,…).
Cette utilité des seniors
au sein de la sphère familiale élargit leur horizon spatio-temporel et est pour
eux « un véritable antidote à la monotonie »... Même si les petits enfants et les parents des seniors
ne vivent plus dans le domicile familial, leur accueil régulier au cours de
l’année permet de maintenir, même symboliquement la réalité familiale auxquels
les français et les retraités sont toujours très attachés. (pg. 29)
No que se refere à variada natureza dos
serviços múltiplos de apoio residencial e urbano que poderão e deverão marcar,
de forma diversificada, o caráter de cada conjunto residencial especificamente
adequado a habitantes mais idosos e fragilizados poderemos considerar os
serviços de apoio domiciliário, os serviços de entregas domiciliares, os
serviços de acolhimento/apoio durante o dia, os serviços itinerantes de apoio
noturno, os serviços de transporte acompanhado e os serviços de apoio técnico
específico e nestes, em especial, os cuidados de apoio médico, de enfermagem e
de hospitalização no domicílio; aspetos estes que são bem apresentados e
discriminados no estudo coordenado por François
Chaillou e que está a ser referido: (negrito nosso)
Par ailleurs, il existe
des services professionnels qui répondent à différents besoins et demandes, mais qui, pour la plupart d’entre eux, représentent un
coût qui n’est pas toujours pris en charge par la collectivité ou les caisses
de retraite :
. des services d’aide à domicile. Ces
services peuvent intervenir de jour comme de nuit sous la forme de prestations
(le service est employeur) ou sous la forme de mandats donnés au service par la
personne âgée (qui reste employeur) pour réaliser la partie administrative liée
à l’emploi.
. des services de livraison de repas à
domicile,
. des services d’accueil à la journée,
liés ou non à la pathologie Alzheimer,
. des services de garde itinérante de nuit
… : intervention 2 à 3 fois par nuit par un service à domicile. Ce type de
service est assez nouveau et encore peu répandu et permet de maintenir les
personnes plus longtemps dans leur domicile,
. le transport accompagné à l’extérieur
du domicile qui permet aux personnes âgées d’aller faire des achats, de
réaliser des formalités administratives,…
. Enfin, on retrouve des services
techniques professionnels avec les services de soins infirmiers à domicile
(SSIAD), l’Hospitalisation à Domicile (HAD) et bien entendu les
intervenants médicaux et paramédicaux libéraux (médecin, infirmière,
kinésithérapeute,…). (pg. 41)
Em tudo isto e designadamente na concretização
de ofertas residenciais intergeracionais e integradas, adequadas a pessoas mais
idosas e fragilizadas, importa interagir com os respetivos atores médico-sociais
como parceiros e não apenas como especialistas do envelhecimento,
solicitando-se a sua participação ativa na concretização espácio-funcional e
ambiental das respetivas soluções residenciais e urbanas equipadas, tal como se
defende no estudo que está a ser referido (pg. 134).
Talvez que um dos aspetos de êxito neste tipo
de promoção residencial e de apoio pessoal integrada decorra de se abordarem os
respetivos problemas físicos e sociais de uma forma adequadamente específica,
mas sempre integrada na consideração das relações mútuas e bem próximas entre
aspetos físicos do habitat, aspetos sociais e aspetos de saúde e bem-estar. E
em tudo isto tentar proporcionar soluções integradas e amplas de “habitar” uma
nova fase de vida com mais tempo para si próprio e para familiares e amigos,
desde aspetos essenciais e mesmo salutares de convivialidade natural até,
mesmo, importantes aspetos, de entreajuda e solidariedade, eles próprios também
geradores de interesse pela vida e de sentido de real utilidade e de vital amor
próprio.
Nestas matérias nunca é excessivo sublinhar
que tratamos, aqui, de “habitar”, de verdadeiras e amplas condições de
residencialidade, considerada em termos de vivência local e
urbana e não apenas de espaço de habitação – até por vezes tão pobremente
designada de “alojamento; numa recorrente e comentada discussão do que podemos
designar de verdadeiro “habitar”, feito de habitação, vizinhança e serviços e
caraterizado por adequada acessibilidade e agradabilidade, e uma discussão que
se torna ainda mais importante e crítica quando estamos a interagir com
habitantes idosos e fragilizados; matérias estas também abordadas no estudo coordenado
por François Chaillou e que foi aqui
referido, tal como se aponta em seguida:
En effet, les PLH devraient aborder la
question de l’habitat (logement, services et accessibilité de l’environnement)
et pas seulement celle du logement. La question des services doit
aujourd’hui être considérée comme essentielle par les bureaux d’études et les
élus car le retour vers les villes - centre n’est plus le souhait d’une
majorité de retraités très âgés. En revanche, la proximité des services est une
demande prioritaire des retraités vieillissants, comme le montre notre enquête.
Désormais, on souhaite que les services viennent à soi, et non aller vers
les services, car la solution qui oblige à partir et à quitter son chez-soi
pour un ailleurs n’est jamais facile. (pg.
135)
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[9] Didier Bésingrand; Jean Soumagne - Les
séniors mobiles dans les petites villes atlantiques - Les exemples de
Pornichet et Saint-Jean-de-Luz. Annales de la Recherche Urbaine n.º 100, junho
2006.
[10] Giovanni Ridolfi ; Isabelle Dumont - Promenades
pour l’âge d’or dans deux petites villes italiennes. Annales de la Recherche Urbaine n.º 100, junho 2006.
[11] François CHAILLOU, Anne SEMARD (AGEVIE CONSEIL
/ ARCG) ; Colette EYNARD, Olga PIOU (CLEIRPPA / ARCG) ; Jean Jacques
AMYOT, Catherine BARRE (OAREIL / ARCG) ;
Affaire suivie par Francine Benguiguiv- Politiques
territoriales de l’habitat et choix de vie des personnes au grand âge.
Ministère de l’écologie, de l’énergie, du développement durable et de
l’aménagement du territoire, du logement et de la Ville, Plan Urbanisme
Construction Archictecture, Rapport final, 2008.
Notas editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural
responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos
de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos,
gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos
autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias
autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o
referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta
a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários
"automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos
conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição
da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos
editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à
verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da
revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de
eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.
Etiquetas/palavras
chave: habitação, habitação
intergeracional, habitação para idosos, intergeracionalidade, espaços
residenciais, PHAI3C, Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional
Cooperativa a Custos Controlados
Os idosos e o
futuro de uma habitação bem integrada e participada – versão de trabalho e base
documental – Infohabitar # 855
Artigo XXXII da
série editorial da Infohabitar “PHAI3C – Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma
Cooperativa a Custo Controlado”
Infohabitar, Ano XIX,
n.º 855
Edição: quarta-feira,
19 de abril de 2023
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho, Investigador
Principal do LNEC
abc.infohabitar@gmail.com, abc@lnec.pt
A
Infohabitar é uma Revista do GHabitar Associação Portuguesa para a Promoção da
Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação atualmente com sede na
Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) e
anteriormente com sede no Núcleo de Arquitectura e Urbanismo do LNEC.
Apoio à
Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.
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