Ligação direta (clicar no link seguinte ou copiar para site de busca) para aceder à listagem interativa de 840 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):
Apoiar
residencialmente um envelhecimento ativo – versão de trabalho e base documental
– Infohabitar # 854
Artigo XXXI da
série editorial da Infohabitar “PHAI3C – Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma
Cooperativa a Custo Controlado”
Infohabitar, Ano XIX,
n.º 854
Edição: quarta-feira,
5 de abril de 2023
Caros leitores da Infohabitar,
Com o presente artigo continuamos
a edição de mais um texto integrado na série editorial dedicada ao Programa de
Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma Cooperativa a Custo
Controlado (PHAI3C), prevendo-se que no final de 2023 consigamos chegar ao
remate desta fase do estudo em que se pretende disponibilizar uma base de
trabalho e documental extensa sobre os amplos aspetos de enquadramento
associados às necessidades, aos gostos e às potencialidades sociais e urbanas
de uma reflexão prática sobre os espaços residenciais dedicados a pessoas
idosas e fragilizadas, mas sempre desejavelmente integrados em quadros
intergeracionais, ativamente urbanos e dinamizados e convivializados por
cooperativas de “habitação económica”.
Tal como tem sido divulgado este
estudo, o PHAI3C, integra a Estratégia de Investigação e Inovação (E2I) do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC); e importa salientar que as
referidas cooperativas portuguesas de “habitação económica”, associadas na
Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE), apoiaram
este estudo desde o seu início, na continuidade do seu importante papel,
desempenhado desde o 25 de Abril, na promoção de habitação de interesse social,
aliando a quantidade de habitações disponibilizadas a uma sua expressiva
qualidade
Lembra-se que a edição destes
artigos de conteúdo sobre o PHAI3C poderá passar a uma estimada periodicidade
quinzenal, caso a respetiva elaboração assim o obrigue; podendo alternar com
estes artigos a edição de informações úteis sobre iniciativas, entidades e
estudos dedicados às temáticas do habitat humano.
Recorda-se, como sempre, que
serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui
editados e propostas de artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com).
Despeço-me, avisando que na próxima
semana a Infohabitar não será editada, pois vai de Férias de Páscoa, e enviando saudações calorosas, votos de uma
Santa Páscoa e desejos de força e de boa saúde para todos os caros
leitores,
Lisboa, em 5 de abril de 2023
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Apoiar
residencialmente um envelhecimento ativo – versão de trabalho e base documental
– Infohabitar # 854
António Baptista Coelho – com base direta
nos textos, ideias e opiniões dos autores referidos ao longo dos documentos que
integram a respetiva listagem bibliográfica.
Breve descrição do estudo
intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional desenvolvido
num quadro Cooperativo e a Custos Controlados (PHAI3C)
Considerando-se
o atual quadro demográfico e habitacional muito crítico, no que se refere ao
crescimento do número das pessoas idosas e muito idosas, a viverem sozinhas e
com frequentes necessidades de apoio, a atual diversificação dos modos de vida
e dos desejos habitacionais, e a quase-ausência de oferta habitacional e urbana
adequada a tais necessidades e desejos, foi ponderada o que se julga ser a
oportunidade do estudo e da caracterização de um Programa de Habitação
Adaptável Intergeracional (PHAI), adequado a tais necessidades e a uma proposta
residencial naturalmente convivial, eficazmente gerida e participada e
financeiramente sustentável, resultando daqui a proposta de uma Cooperativa a
Custos Controlados (3C). O PHAI3C visa o estudo e a proposta de soluções
urbanas e residenciais vocacionadas para a convivência intergeracional,
adaptáveis a diversos modos de vida, adequadas para pessoas com eventuais
fragilidade físicas e mentais, mas sem qualquer tipo de estigma institucional e
de idadismo, funcionalmente mistas e com presença urbana estimulante.
O PHAI3C irá procurar identificar e caracterizar tipos de soluções adequadas e
sensíveis a uma integração habitacional e intergeracional dos mais frágeis num
quadro urbano claramente positivo e em soluções edificadas que possam dar
resposta, também, a outras novas e urgentes necessidades habitacionais (ex., jovens e pessoas sós),
num quadro residencial marcado por uma gestão participada e eficaz, pela
convivialidade espontânea e social e financeiramente sustentável.
Responsável – António
Baptista Coelho
Apoiar residencialmente um envelhecimento ativo – versão de trabalho e base documental – Infohabitar # 854
Resumo
O presente artigo
tenta abordar, de forma funcional, o conceito de “envelhecimento ativo” e
aproximá-lo da sua aplicação em soluções residenciais intergeracionais e
participadas.
Começamos a temática com uma essencial registo e alguma reflexão sobre o conceito de envelhecimento ativo , passando, depois para mais uma revisão sobre o que pode e deve ser uma arquitetura residencial urbana parceira do envelhecimento humano, seguindo-se uma pequena discussão sobre o apoio residencial e ativo às cruciais transições/mudanças quando do envelhecimento humano, e, sequencialmente, uma reflexão diversificada sobre vas caraterísticas habitacionais associadas a um ambiente que varie entre o apoio a uma fase de vida aposentada e um apoio gerontológico mais efetivo; finalmente abordam-se alguns aspetos mais práticos de um apoio residencial específico ao envelhecimento ativo, primeiro no que se refere à respetiva inovação tipológica residencial, depois, a relação entre a adequação residencial a idosos e condições económicas habitacionais e, por fim, a sempre essencial problemática da deriva entre ambientes agradavelmente domésticos e os riscos, sempre presentes, de institucionalidade neste quadro de soluções residenciais.
Notas introdutórias ao presente conjunto de artigos
sobre habitação intergeracional
O presente
conjunto de artigos inclui-se numa série editorial dedicada a uma reflexão
temática exploratória, que integra a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada
à preparação e estruturação de um amplo processo de investigação
teórico-prático, intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional
Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser
desenvolvido, pelo autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de
Investigação e Inovação (P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas
nestes artigos são, apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor
do PHAI3C e os numerosos autores neles amplamente citados.
Neste sentido
salienta-se o papel visado para o presente conjunto de artigos, no sentido de
se proporcionar uma divulgação que possa resultar numa desejável e construtiva
discussão alargada sobre as muito urgentes e exigentes matérias da habitação
mais adequada para idosos e pessoas fragilizadas, visando-se, não apenas as
suas necessidades e gostos específicos, mas também o papel e a valia que têm
numa sociedade ativa e integrada.
Nesta perspetiva e
tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho da referida investigação,
salienta-se que a forma e a extensão dos artigos agora listados reflete uma
assumida apresentação comentada, minimamente estruturada, de opiniões e
resultados de múltiplas pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua
perspetiva temática focada e por corresponderem a estudos razoavelmente
recentes; forma esta que fica patente no significativo número de citações –
salientadas em itálico –, algumas delas longas e quase todas incluídas na
língua original.
Julga-se que não
se poderia atuar de forma diversa quando se pretende, como é o caso, chegar,
cuidadosamente, a resultados teórico-práticos funcionais e aplicáveis na
prática, e não apenas a uma reflexão pessoal sobre uma matéria tão sensível e
complexa como é a habitação intergeracional adaptável desenvolvida por uma
cooperativa a custos controlados e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.
Apoiar residencialmente um envelhecimento ativo –
versão de trabalho e base documental – Infohabitar # 854
Índice geral (entre parêntesis, n.º de página do item)
1. Importância do conceito de “envelhecimento ativo”
para a própria fundamentação do PHAI3C, ()
2. Uma arquitetura residencial urbana
parceira do envelhecimento humano, ()
3. Apoiar residencial e ativamente as principais
transições/mudanças aquando do envelhecimento humano, ()
4. Das habitações para a aposentação a uma habitação
agradavelmente equipada, ()
5. Conjugação entre promoção de habitação amiga dos
idosos e intervenções sociais e no âmbito da saúde, ()
6. Promoção de habitação de interesse social amiga dos
idosos, ()
7. Inovação e mistura tipológica residencial, ()
8. Privilegiar a criação de microambientes
residenciais, ()
Bibliografia (referências práticas) ()
Apoiar residencialmente um envelhecimento ativo – versão de trabalho e base documental – Infohabitar # 854
Nota específica relativa às citações: tal como foi acima sublinhado nas “Notas introdutórias”, e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho do presente estudo, ele inclui numerosas citações, todas salientadas em texto a itálico, reentrante e em tipo de letra “Arial Narrow”, algumas delas longas e quase todas apresentadas na respetiva língua original; em termos formais e tendo-se em conta essa grande frequência de citações, optou-se, por regra, pela respetiva indicação da fonte documental, respetivo título e autoria, no corpo de texto e em nota de pé de página ou de final de artigo (conforme a edição), seguindo-se a(s) respetiva(s) citação(ões) com a indicação, posterior, do(s) respetivo(s) número(s) de página(s) entre parêntesis – ex: (pg. 26) –, e, em alguns casos, mas não por regra, repetindo-se a indicação específica ao documento que “está a ser referido” e/ou à sua respetiva autoria.
Specific note regarding citations: as highlighted above in the “Introductory Notes”, and taking into account the preliminary and working phase of the present study, it includes numerous citations, all highlighted in italicized text, reentrant and in font type. letter “Arial Narrow”, some of them long and almost all presented in their original language; in formal terms and taking into account this high frequency of citations, we opted, as a rule, for the respective indication of the documentary source, respective title and authorship, in the body of the text and in a footnote or at the end of the article (according to the edition), followed by the respective citation(s) with the subsequent indication of the respective page number(s) in parentheses – ex: ( pg. 26) – and, in some cases, but not as a rule, repeating the specific indication of the document that “is being referred to” and/or its respective authorship.
1. Importância
do conceito de “envelhecimento ativo” para a própria fundamentação do PHAI3C
Já aqui nos referimos ao conceito de
“envelhecimento ativo”, mas como consideramos que ele poderá ter especial
importância na fundamentação de soluções residenciais intergeracionais,
adaptáveis e cooperativamente participadas e conviviais, iremos dedicar-lhe, já
de seguida, uma atenção específica.
Em primeiro lugar e sem desnecessários
comentários iremos tentar sumarizar o conceito de “envelhecimento ativo”,
utilizando algumas citações de duas excelentes fontes, aliás, referidas a uma
mesma fonte básica da Organização Mundial de Saúde.
No que se refere a uma interessante
contribuição do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, da
República Brasileira, que foi realizada com base em trechos do
documento da Organização Mundial de Saúde intitulado Envelhecimento ativo:
uma política de saúde, salientam-se as seguintes citações: [1](negrito nosso)
Envelhecimento ativo é o processo de otimização
das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas…
A palavra “ativo” refere-se à participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais,
espirituais e civis, e não somente à capacidade de estar fisicamente ativo ou de
fazer parte da força de trabalho. As pessoas mais velhas que se aposentam e
aquelas que apresentam alguma doença ou vivem com alguma necessidade especial
podem continuar a contribuir ativamente para seus familiares, companheiros,
comunidades e países. O objetivo do envelhecimento ativo é aumentar a
expectativa de uma vida saudável e a qualidade de vida para todas as pessoas
que estão envelhecendo, inclusive as que são frágeis, fisicamente incapacitadas e
que requerem cuidados.
O termo “saúde” refere-se ao bem-estar físico,
mental e social, como definido pela Organização
Mundial da Saúde…
Manter a autonomia e independência durante o
processo de envelhecimento é uma meta fundamental para indivíduos e governantes... Além disto, o
envelhecimento ocorre dentro de um contexto que envolve outras pessoas –
amigos, colegas de trabalho, vizinhos e membros da família. Esta é a
razão pela qual interdependência e solidariedade entre gerações (uma via de
mão-dupla, com indivíduos jovens e velhos, onde se dá e se recebe) são
princípios relevantes para o envelhecimento ativo…
Com a exceção da autonomia, sabidamente
difícil de mensurar, todos os conceitos acima foram elaborados através de tentativas
de medir o grau de dificuldade que uma pessoa mais velha tem ao executar
atividades de vida diária (AVDs) e atividades instrumentais de vida diária
(AIVDs). As AVDs incluem, por exemplo, tomar banho,
comer, usar o banheiro e andar pelos cômodos da casa, e as AIVDs incluem
atividades como fazer compras, realizar trabalhos domésticos e preparar
refeições…
O termo “envelhecimento ativo” foi adotado
pela Organização Mundial da Saúde no final dos anos
90. Procura transmitir uma mensagem mais abrangente do que “envelhecimento
saudável”, e reconhecer, além dos cuidados com a saúde,
outros fatores que afetam o modo como os indivíduos e as populações envelhecem
(Kalache e Kickbusch, 1997).
A abordagem do envelhecimento ativo baseia-se
no reconhecimento dos direitos humanos das pessoas mais velhas e nos princípios
de independência, participação, dignidade, assistência e auto-realização estabelecidos pela Organização das Nações Unidas. Assim,
o planejamento estratégico deixa de ter um enfoque baseado nas necessidades
(que considera as pessoas mais velhas como alvos passivos) e passa ter uma
abordagem baseada em direitos, o que permite o reconhecimento dos direitos
dos mais velhos à igualdade de oportunidades e tratamento em todos os aspectos
da vida à medida que envelhecem…
Considera-se ser de fulcral importância pata
todo o presente estudo sobre uma habitação intergeracional adaptável e
participada/cooperativa (PHAI3C) esta noção de envelhecimento ativo, que se
julga estar na base da ideia do PHAI3C, que até se poderia designar “Habitação
Intergeracional para um Envelhecimento Ativo”.
No que se refere a uma contribuição, que
consideramos importante no reforço de várias ideias, com origem na Fundação
Portuguesa de Cardiologia e com autoria da
da Dr.ª Maria João Quintela, reforçam-se os
seguintes e citados aspetos: [2] (negrito nosso)
A Organização Mundial da Saúde define Envelhecimento
Activo como o processo de optimização das oportunidades para a saúde,
participação e segurança, para melhorar a qualidade de vida das pessoas à
medida que envelhecem.
Os três pilares fundamentais do envelhecimento
activo são a saúde, a participação e a segurança, sendo que sem saúde é mais difícil participar, a
falta de participação, envolvimento e reconhecimento social prejudicam a saúde
e favorecem a depressão, o isolamento e a doença, e a protecção e segurança são
fundamentais, na prevenção dos acidentes, quedas e fracturas, na prevenção
do abuso, da violência e do mau-trato, e da desconsideração, abandono e
marginalização de que muitas pessoas infelizmente ainda são vítimas, com
consequências devastadoras na sua saúde, auto-estima e auto-realização.
As pessoas com mais idade, pela
sua experiência, saber e contributos, são indispensáveis à
sociedade e às famílias e não podemos desperdiçar este enorme ganho em
anos de vida com saúde conquistados no último século…
As pessoas mais velhas são muito diferentes
entre si e não são apenas agentes passivos e receptores de cuidados. Têm
direito à sua individualidade, ao respeito e consideração da sua vontade, e são
uma enorme força de apoio, de prestação de cuidados aos mais novos e a outros mais velhos e de equilíbrio e
sustentabilidade social e económica.
Grande parte das doenças
crónicas como as doenças cardiovasculares, a hipertensão, a doença
coronária, o acidente vascular cerebral, o enfarte, entre outras, como
a diabetes e o aumento do colesterol, são passíveis em grande
parte, de prevenção, através de hábitos de vida e condições de vida
saudáveis e promotoras das capacidades, ao longo de toda a vida individual,
social e na comunidade…
Estas considerações são, igualmente,
fundamentais na consolidação da importância do conceito de envelhecimento
ativo, assim como na demonstração da sua relação direta e mútua com a existência
de condições residenciais e de vizinhança expressivamente intergeracionais,
adaptadas às diversas necessidades e vontades de habitar, da “casa” à cidade,
positivamente participadas e naturalmente bem equilibradas e dinamizadoras da
privacidade e do convívio.
Para além disto estas considerações da Dr.ª
Maria João Quintela, sublinham algumas matérias julgadas essenciais nesta
perspetiva humana, residencial e urbana: que devemos respeitar os idosos muito
para lá da sua condição como funcionalizados “recetores de cuidados” (o termo
funcionalizado é meu), na sua individualidade e vontade e até no seu potencial
de ajuda mútua, e que não faz qualquer sentido desperdiçar os saberes e as
experiências dos mais idosos e o “enorme ganho em anos de vida com
saúde conquistados no último século”.
2. Uma arquitetura
residencial urbana parceira do envelhecimento humano
Nesta
perspetiva de se apoiar um envelhecimento ativo e tendo-se em conta que os mais
idosos usam mais intensa e demoradamente os seus espaços residenciais,
importará que estes se caraterizem por uma arquitetura ativamente parceira de
desse adequado envelhecimento humano, temática esta que é, especificamente,
tratada por Mariza Tavares, jornalista e professora da PUC-Rio, no seu blog,
com o título “Longevidade: modo de usar”
e designadamente no artigo intitulado “Arquitetura pode ser parceira do
envelhecimento”, que, em seguida se cita e comenta com brevidade numa
entrevista feita ao arquitecto Matthias Hollwich: [3] (negrito nosso)
O arquiteto alemão Matthias Hollwich, radicado
nos Estados Unidos, é professor da University of Pennsylvania e autor
do livro “New aging: live smarter now to live better forever” ("O
novo envelhecimento: viva de forma mais inteligente agora para viver melhor
para sempre"). Ele conversou com o blog sobre seu trabalho, que, nos
últimos anos, foca em projetos com o objetivo de integrar as pessoas.
Você escreveu um livro sobre o “novo
envelhecimento” e como aprender a viver melhor. Quais são os principais pontos
da obra?
Hollwich: É preciso amar o
envelhecimento, porque a vida é um presente que nos foi dado. Portanto, a
primeira coisa é mudar nossa atitude em relação à velhice: parando de
negá-la e também lutando contra o preconceito. Temos que ver os idosos como os
pioneiros, aqueles que chegaram primeiro onde ninguém foi, e buscar formas de
apoiá-los. Eles perdem amigos, membros da família, é mais difícil
socializar e fazer conexões. A arquitetura pode ter um papel importante
nesse processo.
Como integrar as pessoas que estão
envelhecendo, considerando-se que as grandes cidades são locais que acabam
levando os indivíduos ao isolamento e à solidão?
Hollwich: Temos que criar ambientes de
convivência, para que as pessoas se vejam, se encontrem. Por exemplo, em
vez de criar portarias enormes e vazias nos prédios, por que não ter um café no
lobby? Nas grandes cidades, as pessoas estão vivendo em “cocoons”, reduzindo a
convivência com os outros, mas podemos ajudar numa aproximação investindo em
espaços comunitários, compartilhados. A lavanderia pode ser coletiva e ter um
bar, para se tomar um drinque, relaxar e conversar enquanto a roupa é lavada.
Os edifícios devem buscar um mix: lojas no térreo, andares de escritórios e
outros residenciais, para promover essa interação.
Estamos, assim,
já num caminho estimulante de formalização de ideias julgadas muito úteis para
o PHAI3C e, neste sentido, recomenda-se a consulta da tese de doutoramento
defendida numa conhecida universidade, realizada por Heitor Garcia Lantarón, e
intitulada Vivienda para
um Envejecimiento Activo – El paradigma danés, um estudo considerado
de grande importância para consultas eventuais nestas temáticas de uma
“intergeracionalidade residencial ativa” – entre outros importantes aspetos
esta tese contém muita informação sobre casos de referência habitacionais
adequados aos mais idosos e projetados por arquitetos muito conhecidos e com
grande capacidade projetual. [4]
3. Apoiar residencial e ativamente as principais
transições/mudanças aquando do envelhecimento humano
O referido e defendido apoio a um envelhecimento ativo dos habitantes,
por parte das variadas soluções de arquitetura urbana residencial realizadas
tendo em vista a sua adequação aos mais idosos e frágeis, terá, provavelmente,
de incidir de modo mais intenso e específico sobre os principais momentos e
fases de transição da vida dos seniores, sendo muito importante nesta muito
sensível e diversificada problemática irmos procurar os ensinamentos de uma
prática sedimentada e qualificada, que tenha, evidentemente, em conta a
satisfação ampla dos respetivos habitantes mais idosos.
Neste sentido nunca será excessivo salientar a importância de um estudo
realizado pelo UK Branch da Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Centre for Public Impact (CPI), intitulado Transitions in Later
Life: Key findings from a review of 15 case studies, [5] estudo este que é, em
seguida, citado e comentado numa série de aspetos considerados oportunos para a
temática que está a ser aqui tratada.
A ideia de base, nossa e sempre presente no referido
estudo, é que um bom apoio à fase de aposentação poderá mitigar ou mesmo evitar
os frequentes sentimentos de isolamento social que marcam esta transição na
nossa vida. (pg. 6)
De certa forma trata-se de enriquecer expressivamente
essa fase de aposentação incidindo, neste caso com o PHAI3C, na melhoria das
condições residenciais, uma área determinante da qualidade de vida humana.
Acontece que, tal como atrás se apontou, estando os
aposentados muito mais tempo nas suas habitações e vizinhanças residenciais do
que antes da data de aposentação, as suas condições de vida diária/semanal
tornam-se primordiais para se manter um bom ritmo de vida, diferente do
anterior à aposentação, mas, preferencialmente, mais estimulante; e nestas
condições vivenciais do dia-a-dia, o meio físico e funcional residencial e
urbano tem enorme importância.
Alguns do casos salientados no estudo referido, Transitions in Later Life: Key findings
from a review of 15 case studies, são, em seguida, pontualmente citados e
minimamente comentados: (negrito nosso)
Nesta perspetiva e antes de nos dedicarmos aos quadros
físicos residenciais e urbanos importa ter presente, tal como é apontado no
referido estudo, o papel da formação dita superior e designadamente das
Universidades da Terceira Idade, agregadas na
RUTIS – Associação Rede de Universidades da Terceira Idade, entidade,
porque cada vez mais o tempo “livre” da aposentação é aproveitado para
formações e aprendizagens que anteriormente eram mais complicadas por variadas
razões práticas e julga-se que neste sentido é igualmente importante o leque de
aprendizagens artesanais. Sendo que todas estas atividades poderão ter
dinamização com simples previsão, em intervenções residenciais adequada a
idosos, de espaços razoavelmente multifuncionais agradáveis e abertos à
comunidade – e a razoabilidade funcional tem a ver com especificações que
marcam determinadas aprendizagens essencialmente artesanais ou mais
tecnológicas, tal como se refere no estudo atrás referido e que, em seguida, se
cita: (negrito nosso)
The creation of new living solutions and
communal places that allow people to gather together … applies across the
different initiatives. The central aim is to enable older people to develop
new relationships and remain an integrated part of a community post-
retirement. In comparison with the other types of programme, housing
solutions and community centres seem to be the most successful at achieving
their objectives and generating positive public impact. While not
uniquely targeted at people in the transition phase, these physical spaces have
proved to be effective measures connecting people in later life with each
other, their community, and other generations. (pg. 24)
Julga-se que apenas “faltaria” acrescentar, aqui, o termo
“intergeracionalidade”, pois todos os aspetos que conformam o PHAI3C estão
presentes; e no estudo referido salientam-se alguns casos de referência a
conhecer:
- Levensloopbestendige (Apartments4Life),
Netherlands.
- The Seoul 50+ initiative, South Korea.
- Mehrgenerationenhäuser II, Germany.
(habitações multigeracionais)
The Levensloopbestendige movement, known in
English as Apartments for Life (A4L), offers one solution to this
challenge. It was founded in 1995 to provide cost-efficient housing and care
solutions to meet the physical and mental needs of the elderly. Its
principal objective is to ensure the happiness and autonomy of its
residents, and in this it has been largely successful. The number of A4L
facilities in the Netherlands has grown since 1995, and other countries have
also shown interest in adopting its care provision model. (pg. 25)
É muito interessante, aqui, a referência, em termos de
idêntica importância, (i) aos aspetos de satisfação e mesmo garantia das
necessidades físicas e mentais dos mais idosos, em termos de soluções de
habitação e de cuidados pessoais, (ii) que sejam adequadas e eficazes em
termos de custos (acrescentaria iniciais e de funcionamento); equilíbrio
este que é fulcral nas soluções a desenvolver no âmbito do PHAI3C – e daí a sua
essencial componente cooperativa.
Um aspeto apenas aparentemente de pormenor e que se
refere à apontada garantia das necessidades físicas e mentais dos mais idosos,
em termos de soluções de habitação e de cuidados pessoais, refere-se à
necessidade de se garantirem, à partida ou na base concetual das respetivas
soluções residenciais, e nas suas respetivas condições de funcionamento
corrente, condições pelo menos mínimas de vivência e conforto ambiental, reduzindo-se, ao máximo, a possibilidade de existirem
casos individualizados em que tais condições não são adequadas devido, por
exemplo, a poupanças na climatização ou, pelo contrário, a excessos de
aquecimento e de ausência de ventilação; neste sentido, provavelmente, alguns
aspetos do controlo do ambiente de um dado conjunto residencial adequado a
idosos deverão ser centralizados, evitando-se, por exemplo, unidades pouco
ventiladas e equilibrando-se a temperatura entre valores razoáveis o que
influenciará muito positivamente a saúde dos residentes.
No referido estudo do, UK Branch da Fundação
Calouste Gulbenkian e do Centre
for Public Impact , é evidenciado o importante papel que as organizações do
chamado “terceiro setor” – formado por associações e entidades sem fins
lucrativos que não fazem parte do Estado nem do mercado – têm e terão na
promoção e na vitalização de conjuntos residenciais e multifuncionais adequados
a uma aposentação bem apoiada e ligada ao desenvolvimento de comunidades e
redes fortes; tal como é em seguida citado: (negrito nosso)
Building stronger communities and networks is
also a central theme across providers, especially for housing and centre
solutions Regarding the fourth key
motive we identified – promoting physical and emotional wellbeing – third
sector organisations are the main driving force for such initiatives.
Specifically, those interventions that create housing and centre solutions for
seniors are driven by the aim of creating better models for older people’s
needs. For instance, A4L in the Netherlands has adopted a novel care
provision model, which has residents’ autonomy at its heart. (pg. 26)
There are now [ em 2018 ] more than 15
residences in the Netherlands, with 1,700 apartments and about 2,500 residents.
Similarly, Germany’s multigenerational houses – part of the
Mehrgenerationenhäuser policy are now in their third round of government
funding, with a continually growing number of houses and residents. (pg. 27)
Há portanto uma extensa base de trabalho que
pode ser diretamente conhecida e, assim, influenciar o desenvolvimento do
PHAI3C.
4. Das
habitações para a aposentação a uma habitação agradavelmente equipada
A questão que colocamos dirige-se, portanto,
para como configurar ambiental, formal, funcional e socialmente espaços
residenciais verdadeiramente adequados a pessoas idosas e fragilizadas,
frequentemente a atravessarem um período de vida marcado pela aposentação e por
um crescendo de necessidades gerontológicas específicas.
É também muito importante reflectir e concluir sobre se e
como as soluções PHAI 3C contribuem para os seus próprios habitantes em termos
de integração numa dada vizinhança e/ou comunidade, para essa própria
vizinhança de proximidade ou mesmo alargada e para a sociedade no seu conjunto;
isto para além, naturalmente, dos benefícios pessoais e familiares que esta
solução pode trazer.
Julga-se que aqui estará o coração das vantagens do PHAI
3C e, cumulativamente, a razão prática que irá justificar o apoio oficial, por
parte das autarquias e do Estado central a este tipo de soluções, desde que
devidamente regulamentadas, ainda que em termos minimalistas, para não se
perder a grande virtude da sua individualidade.
E sintetizando, do mais particular para o mais geral
teremos benefícios:
§ Pessoais
§ Familiares
§ Comunitários/conviviais
§ De Vizinhança Próxima e Alargada
§ Sociais gerais – entre os quais são relevantes
os ligados ao bem-estar geral e à saúde.
Temos estado mais dirigidos para o como fazer (i) no
sentido muito pessoal (e de dentro para fora) e também um pouco (ii) no sentido
comunitário/convivial - embora mesmo esta matéria implica sensível
aprofundamento, pois é bem complexa - , mas há que pensar também no que será
mais desejável em termos de: (iii) família e visitantes (a níveis domésticos e
comuns: agradabilidade, funcionalidade e atractividade, sem idadismo e
institucionalismo); (iv) vizinhanças (a nível de uso “público”: real utilidade
local, e atractividade, portanto, sem idadismo e institucionalismo; e (v)
sociedade (integração social e custo/qualidade controlados ...).
Nestas matérias algumas entidades marcaram
recentemente e continuam a marcar a investigação teórico-prática,
destacando-se, desde já, a intensa atividade da Housing Learning and
Improvement Network (LIN) – (Housing Lin - https://www.housinglin.org.uk/ ), que é uma “rede que conjuga profissionais de
habitação, saúde e áteas sociais da Inglaterra, Gales e Escócia, no sentido de
se exemplificarem soluções habitacionais inovadoras para uma população em
assinalável envelhecimento”. (tradução
nossa)
No âmbito desta conjugação de esforços
salienta-se, por exemplo, que em 2014 o Churchill Retirement Living
(CRL) convencionou com a School of Architecture, Planning and Landscape at Newcastle
University o desenvolvimento de um projeto de doutoramento de três anos que
explorasse as caraterísticas que poderiam marcar, no futuro, as habitações para
pessoas idosas.
Nesta perspetiva surge em 2017 o trabalho de
Sam Clark, intitulado Retirement
Living Explained - A Guide for Planning & Design Professionals; um
estudo em que o autor dedica uma atenção específica à tipologia de intervenção
residencial da Churchill Retirement Living , e um estudo que foi divulgado
pela Housing LIN [6], e que, em seguida é amplamente citado e brevemente
comentado: (negrito nosso)
… What do we mean by ‘Retirement Living’?
- Retirement living developments are primarily
designed for independent living – they are not ‘residential institutions’ or
‘care homes’.
- Retirement developments offer communal
living, with associated ‘soft’ services that help to sustain independence and
mitigate loneliness.
- The size of development is particularly
critical with respect to residents sharing the cost of the annual management
and service charges incurred by the scheme. (pg. 4, 5)
Tendo em conta estes aspetos de apoio a uma
vida independente, convivialidade, apoio por serviços “suaves”, combate à
solidão e dimensão social financeiramente sustentável, estamos inteiramente nos
objetivos essenciais do PHAI3C; e continuando a citar o referido estudo,
teremos:
Customer characteristics …
- The research identified 18 Experian consumer
profiles that refer to older persons, amounting to 24.6% of the UK
population.
- Research is shifting from physical to
cognitive set-backs associated with ageing.
- Retirement living products are evolving to
meet lifestyle aspirations, with early signs of customers prepared to
move ‘ahead of time’.
- Evidence suggests that there is
significant and frustrated demand for retirement living products…
- ‘Retirement age’ is a bandwidth of 30 to
40 years and is increasingly meaningless as a term or group. (pg. 5)
Considera-se muito interessante que o intervalo
de potenciais candidatos a uma habitação especialmente adequada à aposentação
– conceito este que merece reflexão – acaba por poder abarcar um longo
período temporal (por exemplo entre os 50 e os 85 = 35 anos); e então podemos perguntar se
não estaremos a tratar, basicamente, de uma habitação corrente, mas com mais
condições para usos privados diversificados e com serviços comuns de apoio
(“suaves”, isto é, essencialmente ao domicílio e em âmbitos diversificados de
apoio ao uso de “tempos livres”); afinal, uma intervenção habitacional,
adaptável e intergeracional.
Uma habitação cuja atratividade muito depende
de uma sua adequada localização e boa integração urbana e paisagística – uma
localização amplamente sustentada; e cá temos, novamente a importância do
sítio, depois do sítio e, ainda depois, do sítio, tal como é bem conhecido das
imobiliárias; e aqui é bem apontado pelo referido estudo de Sam Clark:
Site matters – Securing sustainable locations
- Retirement housing developers face
competition for sites from budget supermarkets that are not subject to the same
planning obligations.
- Location is critical to sustainable
development, particularly with respect to accessibility to local amenities and
facilities. (pg. 5, 6)
Uma habitação contextualmente bem integrada em
termos de paisagem urbana pormenorizada e de uma expressiva dignidade de
imagens, privilegiando, por vezes, “partidos formais” ditos “tradicionais” ou
mesmo vernaculares; o que na prática corresponde a uma aposta em imagens
marcadas por forte dignidade, integração global e sóbria identidade. Sabe-se
que este caminho é discutível, mas é aqui registado como sendo aplicado em
muitos casos no Reino Unido numa resposta talvez de “passiva” integração
contextual, mas sempre ligada a aspetos de valorização arquitectónica da
respetiva vizinhança próxima, tal como salienta Sam Clark, no referido estudo:
Responding to context …
- Churchill Retirement Living (CRL)’s
developments are contextually responsive, and sit comfortably within town
centre, suburban and coastal town locations alike.
- CRL tends toward ‘classic’ designs, adopting
traditional or vernacular building forms and materials, though adapting to
‘heritage’ or ‘contemporary’ approaches where the context demands it. (pg. 6)
- CRL has demonstrated an ability to utilise
difficult sites, such as former gas works and petrol filling stations and sites
within conservation areas. (pg. 7)
A referida imagem exterior bem integrada, “serena” e
digna, poderá prolongar-se por um “miolo” de uso comum razoavelmente
racionalizado, em termos espaciais, mas marcado por uma “atmosfera” tão
informal como acolhedora, que assegure e reforce “um robusto sentido do lugar”,
mas sempre dentro do referido caráter de digna e natural integração na
vizinhança; aspetos estes bem registados por Sam Clark, no estudo que estamos a
referir:
There
is a warm and relaxed air to the communal atmosphere - a sense of
companionship, without losing the privacy and independent identity of
individual apartments. Hawthorn Lodge [Farnham, Waverley Borough Council] looks
good outside; feels good inside and has a robust sense of place and context. (pg. 38)
Em termos de espaços comuns importará, talvez, ser
comedido na respetiva previsão, designadamente, em situações de promoção
residencial apoiada pelo Estado, concentrando-se usos multifuncionais em
localizações estratégicas (ex., para cerca de 40 a 50 pequenos fogos disponibiliza-se,
por vezs, a área que corresponde a um dos fogos maiores para integração de uma
sala comunitária com recanto tipo “bar” e de um quarto para convidados,
associando-se uma pequeno gabinete de gestão à própria receção); aspetos estes
registados no estudo que estamos a referir (pg. 38 a 42)
É interessante recordar, aqui, que, relativamente à
frequente e adequada utilização de sítios de implantação complicados, uma
situação que carateriza as intervenções da Churchill Retirement Living (CRL),
se trata de um aspeto que frequentemente também caraterizou os conjuntos
urbanos e habitacionais das cooperativas da FENACHE, no âmbito da sua promoção
de habitação de interesse social durante os últimos decénios, e no que se
refere ao aproveitamento e valorização urbana de implantações à partida
consideradas complexas e que, na prática e neste caso se explica,
“simplesmente”, pelo recurso sistemático da FENACHE a arquitectos muito
qualificados; condição esta que, muito provavelmente, será generalizável sempre
que se visem bons resultados arquitectónicos no lidar com a implantação de
programas tão complexos como sensíveis (como será o caso do PHAI3C) em
localizações complexas e sensíveis.
Sendo o resultado considerado muito benéfico nos diversos
níveis físicos e sociais; tal como é salientado no estudo que estamos a referir
e citar:
The benefits of retirement housing
- Retirement housing offers wide-reaching
benefits that meet the three pillars of sustainable development – economic,
environmental, and social.
- Benefits of retirement housing operate at
individual, communal and societal levels.
- Retirement housing regenerates the built
environment and supports investment.
- Retirees make important economic
contributions through local spending.
- Retirees are active citizens and help to
sustain community cohesion.
- Older people make good neighbours. (pg. 7)
O programa
arquitetónico “tipo” das Churchill Retirement Living (CRL) é bastante contido e
racionalizado; [7] não se referindo a espaços projetados para cuidados
pessoais (designed care environments) com colaboradores treinados para a
prestação desses cuidados, mas sim a agregações de ambientes privados
domésticos, onde, eventualmente, alguns residentes contratam, autonomamente,
cuidados pessoais e que se carateriza por ser uma “comunidade de vizinhos
idosos com algumas afinidades” (“a ‘like-minded’
community of older neighbours”); uma definição dada por moradores e julgada muito
interessante, designadamente para o PHAI3C, porque também associada à
constatação de estar ligada “à manutenção de modos de vida independentes”, tal
como é apontado no estudo de Sam Clark que está a ser referido: (pg. 8)
Owners often remark, happily, that the lodge
does not share the image of the institutional ‘home’; instead regarding it as a
means to maintaining an independent lifestyle with the benefits of a
‘like-minded’ community of older neighbours. (pg. 8)
Salienta-se,
ainda, no estudo que está a ser referido, que esta
atual aplicação do conceito de (espaços e ambientes para uma) “vida de
aposentação” (tradução nossa de retirement living), corresponde à evolução,
designadamente no que se refere ao setor privado, do conceito de (espaços e
ambientes para uma) “casa de repouso”, “equipamento” que nos é bem
conhecido nas suas diversas variantes, mais ou menos normalizadas, e que também
marcou a realidade da América do Norte, do Norte da Europa e especificamente do
Reino Unido, durante cerca de 40 anos, desde os anos de 1970 aos anos de 2010 (pg.
10); sublinhando-se no referido estudo que:
… the product and concept has evolved to
‘retirement living‘ – a lifestyle choice, not just a building. (pg. 10)
Parece ser
muito interessante esta síntese evolutiva entre a frequente “não escolha” da
ida para uma “casa de repouso”, ainda que modernizada e a possibilidade de uma
escolha de “estilo de vida”; que se julga na prática
ser aplicável também ao setor público e ao terceiro setor no que se refere à
promoção de “casas de repouso”, ainda que eventualmente com outras designações
mais “residenciais”.
Mas hoje em dia
em Portugal essa possível escolha de um outro “estilo de vida” ou “solução
residencial”, por exemplo, quando da aposentação, ou a partir de uma dada idade
e/ou decisão de mudança de vida, estará ainda numa fase embrionária, com
exceção do que poderá, já, acontecer com pessoas com uma muito elevada
capacidade financeira, que encontram modalidades residenciais e de apoio
pessoal disponíveis em alguns, poucos, programas e intervenções, extremamente
caros e mesmo assim com procura superior à oferta, havendo ainda que considerar
que algumas destas ofertas têm um reforçado cariz assistencial e de apoio a
necessidades especiais, estando associadas a ambientes hospitalares e
caraterizando-se, ainda, por vezes, por ambientes residenciais “frios”, pouco
domésticos e pouco apropriáveis, não obstante as elevadas quantias pagas pela
respetiva estadia.
Não haverá,
entre nós, exceções a estes casos, marcadas por uma assinalável aproximação aos
referidos ambientes dimésticos privados, nada institucionais, mas em proximidade
com serviços e equipamentos de apoio úteis e securizadores para uma vivência
sossegada de idosos e fragilizados? Julgo que sim, mas serão sempre exceções.
O programa
arquitetónico “tipo” e pormenorizado das Churchill Retirement Living (CRL) define
um conjunto de caraterísticas de conceção que procuram harmonizar qualidade e
custo [8]; e que possam adaptar-se a diferentes “estilos de vida”
de variados níveis etários, pois hoje em dia existem múltiplos perfis de
pessoas ditas aposentadas, tal como se aponta no estudo de Sam Clark que está a
ser referido:
Research suggests that we are beginning to see
persons with varied and independent lifestyles reach retirement. The generation
now entering retirement have experience redefining lifestyles – leaving
adolescence in the late 1950s, they were arguably the first generation to take
up ‘teenage’ identities in the UK. The same generation, often referred to as
‘baby boomers’, are rejecting established labels, such as ‘Old Age Pensioner’. (pg. 16)
Uma multiplicidade de perfis humanos e de modos de vida
de pessoas ditas aposentadas, ou de pessoas e casais que querem viver com
grande autonomia, mas que desejariam ter um apoio doméstico maximizado e
facilitado e ainda, talvez, a possibilidade de poder interagir ou conviver,
quando o desejem, não comprometendo a sua essencial privacidade, mas
resguardando-os de uma das mais perigosas novas doenças sociais, atualmente em
franco crescimento: a solidão.
E está a provar-se que a solidão é extremamente perigosa
para a saúde humana, tal como se aponta no estudo de Sam Clark que está a ser
referido:
… campaigners have reported that loneliness is
more dangerous than many imagined: ‘the equivalent of smoking 15 cigarettes a
day in terms of causes of early death’ (pg. 17)
Neste sentido um conjunto residencial como o que se visa
no âmbito do PHAI3C pode mitigar a solidão e eventualmente propiciar convívio e
mesmo interajuda, especialmente quando as pessoas muito idosas vivem sozinhas e
sem contatos familiares.
Em um desenvolvimento específico desta “tipologia de
vida”, autónoma, mas facilitada por serviços “soft” de apoio doméstico e ainda
por pacotes específicos de serviços de apoio diversos e por eventuais opções
comuns de convívio e lazer, encontramos o que poderemos definir como um “modo
de vida boutique”, numa aproximação ao atual conceito de “hotel boutique”, de
charme, ou “exclusivo”, solução esta que, provavelmente, corresponderia a uma
versão “plus” em termos de diversidade de espaciosidade, diversidade de apoios
e riqueza de serviços comuns, relativamente ao anteriormente referido; e
eventualmente com uma ênfase nos elementos de arte, individualidade e
interatividade. E a título informativo aponta-se que um hotel boutique deve ter
poucos quartos/apartamentos, normalmente entre 10 e 100, mas uma completa
infraestrutura de lazer e serviços, e ter grande individualidade.
A título de exemplo há casos nos EUA e provavelmente
também em outros locais do globo, de conjuntos residenciais para seniores,
que aliam extensos e globais cuidados de qualidade arquitectónica com a eleição
de um “tema” de identidade ´(ex. a partir de uma proximidade natural bem
marcada como uma praia) e/ou de “filia”, neste caso comunidades em boa
parte marcadas pela “inclinação”/gosto por uma dada atividade ou conjunto de
atividades afins (ex., caminhar, ler, desenhar, viajar, jardinar, jogar xadrez,
fazer coleções específicas, etc.).
Importa comentar, desde já, que este tipo de caminho
parece poder ser bem estimulante, no desenvolvimento de comunidades
intergeracionais amigas dos idosos e fragilizados, mas parece, também, obrigar
a um apuro dos respetivos cuidados de gestão corrente, com naturais vantagens
para a “escola” cooperativa de gestão, muito habituada ao diálogo com uma
grande variedade de formações e caraterísticas socioculturais, que, afinal,
poderão ser relativa e positivamente consensualizadas mediante um dado gosto
comum (ex., modelismo, passeios, etc.).
No âmbito dos
serviços e equipamentos disponíveis, “embebidos” na solução residencial e
urbana local, importa, talvez, ser corajoso nas previsões, mas tentando,
sempre, equilibrar o potencial de viabilidade de determinadas atividades, que
poderão ser encontradas na proximidade
com vantagens mútuas para a vitalidade urbana local, com a
disponibilização, no próprio local, de instalações amigas dos idosos e que
influenciem o seu bem-estar (ex., consultório de bem-estar, sendo que a
consulta médica corrente possa acontecer uma unidade de saúde próxima), tal
como é sugerido no estudo de Sam Clark que está a ser referido: (negrito nosso)
A recent innovation is the communal coffee
bar with ‘bottomless’ coffee machine, which has helped to update the look
and feel of the communal lounge; making it a place with a more familiar and
contemporary programme, and proving popular with owners and their visitors.
CRL has also made provisions for gardeners by introducing raised planters
and potting sheds for those that wish to keep on potting. (pg. 18)
5. Conjugação
entre promoção de habitação amiga dos idosos e intervenções sociais e no âmbito
da saúde
Continuando com o estudo de Sam Clark [9], foca-se, agora, muito brevemente, um tema que tem sido
já, várias vezes, aflorado e que muito longe nos levaria, referido aos claros
benefícios produzidos pela conjugação entre uma cuidadosa promoção de habitação
amiga dos idosos e fragilizados e cuidados específicos, para estes habitantes,
em termos de intervenção social e no âmbito das suas condições de bem-estar e
de saúde; portanto disponibilizando-se um apoio habitacional, social e de saúde
integrado, designadamente, aos idosos e fragilizados, bem como novas
modalidades residenciais que acabam por fundir habitação e cuidados pessoais; e
tal como escreve Sam Clark no estudo referido:
“The once sharp divide between ‘housing’ and
‘care’ has recently been breached. There are now emerging… models of provision
which conform neither to pure sheltered housing nor pure residential care. The
blurring is coming from two directions. Residential care is becoming more
‘homely’ and sheltered housing more institutional.”
Certainly new models of accommodation, such as
‘Extra Care’ are defying existing categories of classification – are they
‘housing’ or ‘care’ institutions?... Extra care is not one simple concept, with
a statutory definition. Schemes vary in scale and nature so it may be – indeed
has been. (pg. 26)
Vários autores defendem a referida conjugação de cuidados
habitacionais, sociais e de saúde, como forma de simplificar e melhorar um
apoio integrado e que terá sinergias decorrentes de uma tal integração, assim
como e em primeiro lugar, benefícios específicos em termos de melhores
condições de saúde e de uma maior longevidade em boas condições de saúde,
designadamente, na sua aplicação em quadros de habitação de interesse social
(frequentemente pouco adequados aos mais idosos) e especificamente aos
respetivo habitantes mais idosos e frágeis, que, afinal, são aqueles mais
carentes em termos de apoios sociais e de bem-estar e saúde.
Mas será que uma tal integração de cuidados
habitacionais, sociais e de saúde, deverá limitar-se a esses habitantes mais
idosos e frágeis ou abranger todos os respetivos habitantes socialmente
fragilizados? Fica a questão para uma posterior reflexão e discussão.
6. Promoção de
habitação de interesse social amiga dos idosos
Continuando a usar o excelente estudo de Sam Clark,
intitulado Retirement Living Explained - A Guide for Planning & Design
Professionals [10] , foca-se, agora, brevemente, um tema que, por si só,
muito longe nos levaria e que se refere à conjugação entre cuidados
específicos relativos aos espaços habitacionais para idosos e fragilizados e a
promoção e reabilitação de conjuntos de habitação de interesse social.
Resumidamente poderíamos considerar que hoje em dia,
muito provavelmente, boa parte dos cuidados que deveriam ser implementados no
âmbito da promoção pública, direta e indireta, de habitação de interesse
social, deveriam estar centrados no desenvolvimento de soluções residenciais e
urbanas adequadas para pessoas sós, jovens, pequenos e variados agregados
familiares e pessoas idosas e fragilizadas; pois estes grupos populacionais são
atualmente muito significativos e carecem criticamente de respostas a esse
nível; apetecendo dizer que é urgente rever as caraterísticas e as
recomendações oficiais quanto a tipologias habitacionais e respetivas misturas
no âmbito da habitação apoiada pelo Estado.
Mas a noção que se tem é que, em Portugal, há muito a
fazer nestas matérias, onde, por exemplo, a “habitação para aposentados ou para
idosos” deveria ter um estatuto equivalente ao da habitação de interesse
social, tal como se defende no Reino Unido e é apontado por Sam Clark no estudo
que temos estado a referir: (negrito nosso)
… the University of Reading and several others
producing research in this field have come to the conclusion that owner
occupied retirement housing should be given equivalent status to affordable
housing, and given ‘enhanced planning status’ alongside low-cost home ownership
for younger households (i.e. developments of retirement properties should
be exempt from paying charges towards affordable housing, and a proportion of
the charges levied from other non-retirement private developments put towards
helping develop older people’s housing). (pg. 28)
Mas nesta matéria mesmo no Reino Unido há opiniões
distintas pois consideram-se, frequentemente, excessivos os custos associados a
uma habitação amiga dos idosos e fragilizados, designadamente, quando se visam
intervenções integradas no âmbito da habitação de interesse social e aponta-se
ser , até, potencialmente problemática a integração de conjuntos residenciais
para idosos e fragilizados, muito exigentes em termos regulamentares, em
intervenções de habitação de interesse social; tal como salienta Sam Clark no
estudo que estamos a referir: (negrito nosso)
Developers argue that it is inappropriate to
provide affordable housing as part of private retirement living developments.
The service charges associated with retirement housing make it ‘unaffordable’
for those on lower incomes, and there is potential for conflict when
retirees (particularly those not cash-rich and dependent on pensions) are
expected to cross-subsidise those with equivalent access to communal spaces and
services.
“…there
are regulatory burdens which impact even more heavily on housing for older
people than they do on mainstream housing, in areas where its provision
would otherwise be viable. (pg. 52)
Mas no entanto é claramente evidente a enorme parcela de
procura que existe, hoje em dia, e que será crítica a médio prazo, no que se
refere ao acesso a soluções habitacionais amigas dos idosos e fragilizados,
assim como o enorme potencial financeiro de um parque habitacional “libertado”
pelos idosos, se conseguissem mudar para habitações mais adequadas; um
potencial financeiro verdadeiramente impressionante, tal como podemos constatar
com uma última citação do referido estudo de Sam Clark: (negrito nosso)
A key reference document is ‘The Top of the
Ladder’ report by Demos… It offers a convincing argument for economic benefits
in relation to the UK property market, stating that if those wanting to buy
a retirement property were able to do so, this would release £307 billion worth
of housing. (pg. 56)
7. Inovação e
mistura tipológica residencial
Tudo o que até aqui se tem estado a apontar
relativamente ao avanço, que tarda, no desenvolvimento de soluções residenciais
adequadas a pessoas idosas e fragilizadas, mas num quadro, naturalmente,
intergeracional e urbanisticamente bem integrado, reflete-se numa pesquisa
tipológica que urge aprofundar, a partir de um quadro ambiental, espacial e
funcional libertado dos “cânones” funcionalistas e aberto a uma expressiva
adaptabilidade a variados modos, gostos e necessidades habitacionais e de
vizinhança urbana.
Nesta perspetiva e tendo em conta toda a
diversidade de mutações tipológicas que são possíveis no interior das nossas
correntes e funcionalizadas habitações, talvez que os extremos de uma inovação
tipológica habitacional sejam marcados, quer pela possibilidade de se
desenvolverem habitações espacialmente descontínuas, que associam diversos
espaços disseminados porum dado edifício multifamiliar, quer pela aparentemente
simples capacidade de (re)conversão habitacional através de variadas
composições de mobiliário e equipamento domésticos.
Neste sentido coloca-se a ideia de “reabitar”,
no sentido de se encarar o habitar numa perspetiva tendencialmente renovada e
sensível a múltiplas vontades e necessidades, tal como avança um conjunto de
autores estruturados por Xavier Monteys, num excelente estudo,
oficialmente apoiado e intitulado Rehabitar en nueve episódios, que,
em seguida se irá citar e comentar, minimamente:[11]
... La idea es dotar el edificio de un número
suficiente de habitaciones sueltas, separadas de la vivienda –unos pisos por
encima o por debajo– que permitan extender la casa temporalmente para cubrir
esas necesidades y, una vez satisfechas, ponerlas de nuevo a disposición de los
inquilinos del bloque. (pg. 4)
Vontades e necessidades habitacionais ,
eventualmente, provisórias e associadas, por exemplo, à estada de idosos da
família ou à prática do trabalho em casa, tal como se aponta no estudo
referido:
… generar habitaciones con acceso
independiente, equipadas con baño, un pequeño trastero y un rincón
acondicionado como office, todo ello entorno a unos 20 m2, para dar cabida, sin
salir del edificio, a situaciones como las descritas anteriormente… (pg. 5)
Este tipo de possibilidades liga-se à
perspectiva de um aproveitamento maximizado dos espaços encerrados do edificio
multifamiliar e designadamente das zonas contíguas a cada habitação, e das
zonas destacadas da habitação e situadas em cave e em sótão, sendo que uns e
outros apresentam distintas capacidades funcionais e de visibilidade
condominial e até “pública”, condições estas que importa aprofundar e
aproveitar devidamente.
Mas, antes de tudo, tais possibilidades
correspondem a uma grande inovação tipológica, relativamente aos quadros
funcionalistas, pois já existiam, em parte, antes desses quadros e do século
XX.
Pode avançar-se, assim, o que podemos definir
como “habitações descontínuas”, tal como é apontado no estudo que acabou de ser
referido. E tudo isto pode acontecer num conjunto do PHAI3C, caraterizando-o
fortemente em termos de flexibilidade e adaptabilidade a diversos modos de
vida, hábitos de artesanato, trabalho em casa, estada de familiares, etc;
condição esta que, no entanto, muito exige em termos de regulamentação do uso
de tais espaços e de trabalho de gestão continuada e rigorosa de todo o
processo.
Passando, agora, à referida adaptabilidade pelo uso de
mobiliário e equipamento domésticos, matéria esta que muito depende da capacidade
oferecida para esse mesmo “mobilar” e para diversos tipos de arrumação, podemos
considerar, tal como aponta Xavier Monteys et al, “que se a arquitetura da casa
implica um cenário neutro e estável, o mobiliário constitui o equipamento que
permite adaptar os espaços interiores às necessidades físicas, sociais e
emocionais dos habitantes …”
E quando muda o mobiliário “ o habitante transforma a
casa e transforma-se com ela”; porque “a mudança implica habitar de novo,
voltar a habitar, re-estrear; voltar a usar da aniera mais simples, desinibida
e verdadeira …” (“Epílogo” do estudo referido, estruturado porXavier Monteys).
Nestas perspetivas de fusão de uma mais ativa e de uma
outra mais passiva inovação tipológica, direcionadas, especificamente, para a
adequação a um amplo leque de gostos e necessidades habitacionais marcadas
pelas caraterísticas doshabitantes mais sensíveis e fragilizados, haverá,
provavelmente, que voltar ao, sempre recorrente, estudo de módulos
habitacionais designáveis como razoáveis, porque sensivelmente acima dos
mínimos dimensionais e de sequências naturais do respetivo desenvolvimento,
designadamente, em termos do número de quartos e alcovas, da dimensão e
abertura dos seus espaços mais “sociais”, da funcionalidade dos seus “blocos”
hidráulicos e equipados e da relação com espaços privados exteriores.
Será assim, sempre, útil o estudo de módulos optimizados
de fogos com variantes, no caso do presente estudo mais direcionados para
habitações razoavelmente unificadas em termos espaciais, pouco extensas em
termos de zona de quartos, com expressiva e diversificada capacidade de
arrumação e de integração de mobiliário,
multifuncionais no sentido da atribuição de atividades, quer à zona de
estar, quer aos espaços do tipo quarto e alcova e integrando, pelo menos, um
espaço exterior privado verdadeiramente protagonista..
8. Privilegiar a
criação de microambientes residenciais
Considerando-se que as habitações adequadas a
idosos, fragilizados, pequenos agregados familiares e pessoas sozinhas poderão
caraterizar-se por uma espaciosidade e desenvolvimento tipológico limitados,
importará que seja assegurada uma adequada compensação ambiental, espacial e
funcional, que poderá ser garantida pelo adequado desenvolvimento do que podemos
designar de “microambientes domésticos”, capazes de simular, ao máximo, em
espaços pouco amplos, um leque diversificado de aptidões microfuncionais, cujo
caráter e adequada previsão possa equilibrar e compensar, pelo menos
parcialmente, o referido dimensionamento global pouco desenvolvido.
Trata-se, aqui, de privilegiar a criação de
habitações relativamente pequenas mas muito ricas em termos de um amplo leque
de pequenos espaços funcionais e de caraterização, que poderão responder
positivamente a um anseio legítimo dos habitantes e designadamente dos
exigentes habitantes mais idosos por um expressivo suporte residencial à sua
qualidade de vida diária, tal como se aponta em diversos estudos com
destaque para o desenvolvido por Yukiko Kuboshima, Jacqueline McIntosh e Geoff
Thomas, intitulado The design of local-authority rental housing for the
elderly that improves their quality of life [12], que é, seguidamente, citado e minimamente comentado: (negrito
nosso)
… The study finds that the design of housing
that improves their QoL requires solutions to accommodate the various
conflicting needs for their QoL [quality of life/qualidade de vida]
that include those derived from the diversity in the user’s preferences and
impairments. In the design of rental housing, there is greater need for
additional or reorganized space to accommodate caregivers and visitors,
maintain residents’ independence, privacy, and other aspects important for
their QoL. (pg. 1)
É interessante e útil este conceito de
“necessidades mutuamente conflituosas” no que se refere à qualidade de vida e
residencial dos habitantes mais fragilizados, conceito este que deverá ser
alargado a “necessidades e desejos residenciais mutuamente conflituosos”.
E há um conjunto de aspetos de qualidade
arquitetónica residencial aplicáveis nessa perspetiva de, por vezes, proporcionar
ambientes com qualidades quase-opostas, tais como as seguintes, apontadas no
estudo que acabou de ser apontado: (pg. 3 a 9)
- Ambientes residenciais abertos (“sem
barreiras”) e possibilidade de manutenção dos espaços domésticos limpos e
arrumados.
- Privacidade da unidade habitacional
relativamente ao agregado de habitações e boa visibilidade relativamente a quem
chega à unidade habitacional a partir de vários “pontos” de permanência (ex.,
zonas para estar sentado) desta unidade (proporcionando um funcional e
apaziguador sentido de controlo do espaço privado pelo seu habitante).
- Harmonização entre a racionalidade espacial
da unidade habitacional e disponibilização de adequada condições de
socialização com visitantes mantendo, designadamente, a privacidade da zona de
dormir.
- Adequada funcionalidade dos espaços de
banho/duche privado considerando possibilidade de assistência/apoio a esse
banho.
- Excelente relação de acessibilidade e
privacidade entre a casa de banho e os diversos subespaços da unidade
habitacional (tornando-a muito adequada a incontinentes) – tal como é bem
exemplificado com um problema frequente em idosos, no estudo que está a ser
referido:
Incontinence is a common problem for elderly
people, the concerns of which can be worsened by restricted mobility. Locating
a toilet as close to the sitting space or the bed as possible (less than 3 m)
could address this issue for some people. However, for those with severe
mobility concerns, accommodation should be made for toileting to occur in the
lounge as well as in the bedroom through the use of a commode, or other
devices… (pg. 9)
- Idêntica relação de
acessibilidade/privacidade nas casas de banho dos espaços comuns.
- Adequação a diferentes formas de
socialização nos espaços comuns residenciais e incentivo natural à
convivialidade.
- Privilegiar a existência e o adequado
equipamento de subespaços adequados para poder gozar o Sol e a relação com a
natureza, seja nos espaços privados, seja nos comuns.
- Existência de “espaço a mais”
estrategicamente distribuído pela unidade habitacional no sentido de poder
disponibilizar mais desafogo em todas as atividades mais elaboradas e que são,
naturalmente, complexas e mesmo, por vezes, perigosas para pessoas
condicionadas na mobilidade (ex., vestir/despir, preparar refeições, etc.) e
mesmo possibilidade de o habitante ser apoiado por umm cuidador neste tipo de
atividades e no uso “sequencial” dos subespaços da unidade residencial – matéria
nossa; e tal como se especifica no estudo que está a ser referido:
… Spatial organization surrounding the sitting
area and the sequential space (interior/exterior) (pg. 9)
- Condições adequadas de pormenorização
arquitectónica dos espaços privados, designadamente em termos de
espaciosidade e estruturação geral, capacidade de arrumação e apropriação com
mobiliário, acabamento superficial e vãos interiores e exteriores; tal como se
desenvolve no estudo de Yukiko Kuboshima, Jacqueline McIntosh e Geoff
Thomas, intitulado The design of local-authority rental housing for the
elderly that improves their quality of life , que está a ser referido:
The majority of units in the public-sector
rental housing complexes for the elderly are bedsit or one-bedroom houses of
30–50 m2 . Considering that a bedsit unit limits the opportunities to have
guests in their house, the one-bedroom unit where the bedroom and the lounge
are separated by a wall and a door should be made the standard. Using a
sliding door between the two rooms, that can be kept both opened and
closed, can increase flexibility in use and reduce the space taken for the
swing of a hinged door, as well as being easier to open and close for
elderly occupants with limited mobility. To provide the opportunity for
guests to stay overnight, the lounge space should be designed so that it can
accommodate at least a sofa-bed in addition to residents’ own furniture
requirements. (pg. 11)… under a limited budget, it can be achievable with careful
design of the whole house, including reducing unnecessary elements such as
corridors and doors.
Consideration in the design of storage
spaces with regard to interior elevation as well as necessary floor area is
required for the common amount of objects and furniture. Built-in shelves of
appropriate height are generally preferred particularly in the bathroom and the
kitchen. The kitchens observed in this study generally had cupboards/shelves
that were too high for ease of access by their intended user. In an attempt to
provide enough storage in the limited space, often the storage was unusable for
those with limited mobility. The kitchen should be redesigned or enlarged so
that enough useable storage is provided. (pg. 10)
Strategies for floor design with no
level difference indoors as well as at the external door is required to meet
the requirements of those with the highest levels of impairment. Interior floor
design with no threshold could be a solution. There should also be
consideration in the flooring materials with respect to maintenance, as people
have a higher propensity to dirty the floor and a lower ability to clean it as
the level of impairment increases. (pg. 10)
Sliding doors,
that do not require much strength to open, are more suitable. The door serves
to maintain privacy and to retain heat; however, they can be difficult to
negotiate for those with limited mobility and can take up valuable space. (pg.
10)
Organization of exterior space and placement of
windows to meet the conflicting needs for high levels
of privacy and other desires such as looking outdoors, welcoming visitors, or
just enjoying the sunshine. (pg. 10)
- “Consideração da adequação a diversos perfis
de condicionalismos no uso e preferências residenciais” na oferta de tipos de
unidades residenciais; tal como se sublinha no estudo que está a ser referido:
Accordingly, it is necessary to provide
different types of units that residents can choose from or increased
flexibility in the design of housing units or complexes to accommodate the
diversity in preferences. Alternatively, given that the level and type
of impairments may change as people age, a universal design that meets
different requirements could best support ageing-in-place and thereby enhance
QoL (p. 9)
Nesta matéria específica talvez se possa considerar que
em vez de uma escolha de unidades residenciais poder ser alternativa, ela seja
comulativa, a partir de uma conceção “universal” e adaptável, conjugada com uma
oferta ponderadamente diversificada.
- Adequada pormenorização arquitectónica dos
espaços comuns residenciais; tal como se salienta no estudo que está a ser
referido:
In the design of communal space, there
should be spaces that accommodate residents’ preferred approach to socializing,
such as meeting visitors in private common spaces as well as open organized
activities. Flexible space and appropriate facilities should be provided to
facilitate various preferred uses. There should be consideration in the
accessibility and distance between the communal space and the unit to suit
those with limited mobility and those using mobility aids. In addition, the
location of toilets should be designed to meet the needs of those with
incontinence. (pg. 10)
The common space in close proximity to
the units also has great potential to be used for interaction with other
residents and accommodating guests. (pg. 11)
Common space can be also designed to accommodate
objects and activities that cannot be accommodated in the dwellings. (pg. 11)
For example, mobility aids and other vehicles
can be stored in the individual porch, or in a communal storage. In either
case, there should be consideration for installing electric outlets for
electric wheelchairs and mobility scooters as well as level access routes
between such spaces and resident’s units.
- Desenvolvimento de diversas, adequadas e
agradáveis/dignas condições comuns em termos de instalações ligadas ao que
habitualmente se designa de “saúde pela água” e atividades habitualmente
relacionadas (ex., banho hidrodinâmico, sauna, espaço para massagens, etc.) – matéria
nossa.
Em tudo isto cada vez mais se evidencia a importância dos
microambientes; as unidades domésticas têm de ter por uma
lado “microambientes domésticos” bem adequados a uma ou duas pessoas mais
visitantes eventuais, serem muito apropriáveis, mas considerando poder haver
pouca apropriação em alguns casos (por ausência de capacidade financeira para
um adequado mobilar do espaço privado) e muito funcional mas não evidenciando
tal funcionalidade em termos de imagem arquitectónica interior. E nesta criação
de microambientes é sempre oportuno “recuar” à incontornável “linguagem de
padrões” arquitectónicos de Christopher Alexander.
Em tudo isto fica sempre evidenciada a importância de um
desafogo razoável do espaço privado, da sua expressiva adaptabilidade e
adequação a diversas atividades e à sua mutação, quando relizadas por pessoas
fragilizadas e do máximo aproveitamento das relações com espaços comuns e
privados exteriores no sentido de se maximizar o protagonismo e a capacidade de
um espaço interior privado, tendencialmente contido; tal como se sintetiza no
estudo de Yukiko Kuboshima, Jacqueline McIntosh e Geoff Thomas que foi
longamente citado e comentado: (negrito nosso)
The design of housing that improves their QoL
requires careful consideration for the micro-spatial organization
surrounding the sitting area and sequential space towards the outside, to
facilitate greater control and range of activities as well as providing
adequate privacy and safety. There should be consideration of an
expansion of space for accommodating the caregiver and facilitating meaningful
relationships in the individual units and bathrooms, with careful design that will not
significantly increase the cost. The design of indoor/outdoor common
space should be flexible to accommodate comfortable relationships and
activities, which is particularly effective in the design of complexes with
small units. (pg. 12)
A partir deste excelente estudo de Yukiko Kuboshima,
Jacqueline McIntosh e Geoff Thomas, que foi aqui extensamente citado e bastante comentado [13], julga-se que será bem possível desenvolver a ideia de
um PHAI3C como um renovado modelo de habitar escolhido, por exemplo, por um
casal ou por pessoas que vivam sós numa altura em que, de certa forma, iniciem
uma “segunda parte da sua vida”, mais marcada pela autonomia, pela
disponibilidade de tempo realmente bastante livre, e pela adequada escolha mais
sintetizada de espaços, elementos de apropriação e soluções funcionais e
outras.
Esta possibilidade marca a solução estudada nesta
proposta do PHAI3C, essencialmente em termos de liberdade, mas, para tal, os
cuidados colocados no projecto e na construção têm de ser de enorme exigência,
designadamente, para proporcionar tais condições a cada residente, mas também
para não afectar a “liberdade” dos restantes residentes viverem num meio
residencial ausente de idadismo e de quaisquer aspectos que lembrem outras
soluções residenciais, que não as marcadas pelos melhores ambientes, imagens,
vizinhanças, etc.
Se a unidade é do próprio, ou é arrendada? Trata-se de
uma condição que deve ser estratégica e cuidadosamente considerada em termos
“paralelos” à conformação do quadro ambiental, espacial e funcional de uma
intervenção do PHAI 3C, podendo, até, ser aconselhável, socialmente, uma
mistura de prpriedde e arrendamento,, desde que talvez feita sob um
mínimo/adequado de condições de controlo; mas esta é matéria que exige
abordagem específica.
Nesta perspetiva de um cuidadoso desenvolvimento de
microambientes residenciais e urbanos, privados e comuns e, designadamente, do
tratamento dos espaços e franjas de transição entre os níveis mais públicos,
mais comuns e mais privados, importa, sempre, lembrar a importância de se
combater, a todo o custo, a existência de caraterísticas associáveis a
ambientes institucionais, seja nas sequências de espaços, seja na
pormenorização dos respetivos microambientes, que ficarão bem evidenciados, por
vezes, até, numa dada “linguagem” formal escolhida para os diversos aspetos da
pormenorização arquitectónica, com especial enfoque nos mais evidenciados, tais
como: (a domesticidade d)as luminárias, a (amigabilidade e calma da) paleta
cromática, a ausência ou presença de elementos naturais, o protagonismo da
iluminação natural e artificial (ex., indireta e não localizada em tetos), (a
amigabilidade d)os vãos exteriores e interiores, o (conforto e a atratividade
do) mobiliário de sentar e outro, (a domesticidade d)o pavimento e respetivos
revestimentos decorativos e os próprios elementos de design de comunicação.
Neste sentido aponta-se, aqui, um interessante estudo de
um conjunto de autores liderados por Sheila L. Molony e interessantemente
intitulado Trajectories of At-Homeness and Health in Usual Care and Small
House Nursing Homes (“Green House”), que se recomenda e onde entre outros
aspetos se salienta a complexidade e sensibilidade da procura e “construção” de
um ambiente “caseiro” ou expressivamente doméstico: (negrito nosso) [14]
Even the most “homey” looking accessible
building can feel like an institution, a prison, or at best, a hotel. It
is the ability to identify the people, places, things, ideas, and experiences
within that environment that address the needs and call forth the strengths and
possibilities of the individual resident … There is an implicit assumption
that home-like residential design, amenities, and routines will foster person-environment
integration and well-being. (pg. 505)
E no mesmo estudo, coordenado por Sheila L. Molony, comparam-se
reações de residentes que mudam de “casas de repouso” habituais, para outros
tipos de soluções residenciais mais humanizadas, em termos de escala física e
funcional e mbientalmente mais “domésticas e domiciliares” (termos nossos),
como é caso da solução/”marca” “Green House”: (negrito nosso)
Older adults who moved … to a Green House
reported better quality of life in multiple domains (privacy, autonomy,
dignity, food enjoyment, meaningful activity, and relationships) than a
matched cohort who remained in usual care homes. Green House dwellers also had higher
levels of residential satisfaction and emotional well-being, lower levels of
depression, and less functional (activity of daily living [ADL]) decline … (pg. 505)
CLARK,
Sam – Retirement Living Explained - A Guide for Planning & Design
Professionals. the School of Architecture, Planning and Landscape,
Newcastle University, Churchill Retirement Living, Planning Issues Ltd, Housing
LIN. 2017.
KUBOSHIMA, Yukiko; MCINTOSH, Jacqueline; THOMAS, Geoff - The
design of local-authority rental housing for the elderly that improves their
quality of life. Buildings 2018, 8, 71;
doi:10.3390/buildings8050071.
LANTARÓN, Heitor Garcia - Vivienda para um
Envejecimiento Activo – El paradigma danés. Tesis doctoral.
ETSA-UPMadrid. 2015
MOLONY, Sheila L.; EVANS, Lois K. ; JEON, Sangchoon; RABIG, Judith;
STRAKA, Leslie A. - Trajectories
of At-Homeness and Health in Usual Care and Small House Nursing Homes (“Green
House”). The Gerontologist Vol. 51, No. 4, 504–515
doi:10.1093/geront/gnr022. Published by Oxford University Press on behalf of
The Gerontological Society of America. 2011
MONTEYS,
Xavier; MÀRIA, Magda; FUERTES, Pere; PUIGJANER, Anna; SAUQUET, Roger; MARCOS, Carles;
CALLÍS, Eduard; ROVIRA, Carlos ; LINARES, Oscar - HABITAR - grupo de
investigación - Rehabitar en nueve episodios. Ministerio de
Vivienda. SALA LA ARQUERÍA DE NUEVOS MINISTERIOS. 2010.
QUINTELA, Maria João Quintela - Grupo de Intervenção Comunitária
(GIC) – Idosos da Fundação Portuguesa de Cardiologia https://www.fpcardiologia.pt/envelhecimento-ativo-2/
TAVARES, Tavares -– Arquitetura pode ser
parceira do envelhecimento. Longevidade: modo de usar Blog, Quinta-feira,
02/11/2017, às 06:00. Mariza Tavares trabalhou na Veja e na Globo em
programas sobre longevidade http://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/arquitetura-pode-ser-parceira-do-envelhecimento.html
[1] https://www.tjdft.jus.br/informacoes/programas-projetos-e-acoes/pro-vida/dicas-de-saude/pilulas-de-saude/envelhecimento-ativo
[2] Maria João Quintela - Grupo de Intervenção Comunitária (GIC) – Idosos da
Fundação Portuguesa de Cardiologia https://www.fpcardiologia.pt/envelhecimento-ativo-2/
[3] Mariza Tavares -– Arquitetura pode ser parceira do envelhecimento. Longevidade: modo de usar Blog, Quinta-feira, 02/11/2017, às
06:00. Mariza Tavares trabalhou na Veja e na Globo em programas sobre
longevidade http://g1.globo.com/bemestar/blog/longevidade-modo-de-usar/post/arquitetura-pode-ser-parceira-do-envelhecimento.html
[4] Heitor Garcia
Lantarón - Vivienda para um Envejecimiento Activo – El paradigma danés.
Tesis doctoral. ETSA-UPMadrid. 2015
[5] The Calouste
Gulbenkian Foundation (UK Branch) ; the Centre for Public Impact (CPI) - Transitions
in Later Life: Key findings from a review of 15 case studies. Junho 2018. The Centre for Public Impact is a
not-for-profit foundation,founded by The Boston Consulting Group, dedicated to
improving the positive impact of governments.
[6] Sam Clark
– Retirement Living Explained - A Guide for Planning & Design
Professionals. the School of
Architecture, Planning and Landscape, Newcastle University, Churchill
Retirement Living, Planning Issues Ltd, Housing LIN. 2017.
[7] “Our
research focuses on Churchill Retirement Living (CRL), which specializes in
one product: age-exclusive retirement developments made up of one and
two-bedroom apartments that are privately owned. A typical development
consists of 40 apartments in one building or ‘lodge’ with the following
facilities:
- Concierge
reception (staffed by a Lodge Manager).
- Owners’ Lounge
(communal), coffee bar and accessible toilet.
- Guest suite
(for use by friends and family).
- Intruder alarm
and CCTV entry system.
- A central lift
serving all floors.
- 24-hour care
and support system (through Careline).
- Landscaped
gardens (with raised planters and potting sheds).
- Free parking
(including electric vehicles, cycles and mobility scooters).
- Internal
refuse store.
- Plant room.”
(pg. 10)
[8] (pg.
11) CRL understand the following twelve design characteristics to be
essential to the success of retirement living accommodation for older people in
the UK:
-
Single-building with internal level access (for reasons of economy and end-user
accessibility);
- Mainly
single-aspect apartments [mono-orientados] (double-loaded corridors
necessitated by land values/sustainable land use, though doubleaspect achieved
where possible);
- Quality
amenity space (quantity is less important where there is a shared garden);
- Parking ratio
of one space per three apartments (supported by precedent, research5 and appeal
decisions);
- Communal space
or ‘Owners Lounge’ (a central feature of sheltered accommodation, providing
space for social interaction, helping mitigate loneliness);
- Manager’s
office (and apartment for Lodge Manager in developments over 50 apartments);
- Guest suite
(twin bedroom and shower room for visiting friends and family);
- Plant room
(plant is managed centrally, particularly air source heat pumps for energy-effi
cient heating); aquecimento central?
- One lift
(essential for end-user accessibility, albeit developments promote independent
living/active lifestyles i.e. not a residential institution);
- Internal
refuse store (for environmental reasons and end-user accessibility/comfort);
- Mobility
scooter store (for protected storage of mobility scooters and bicycles);
- Target minimum
of 30 apartments (to spread cost of management charge for end-users).
[9] Sam Clark – Retirement Living Explained - A Guide
for Planning & Design Professionals. the School of
Architecture, Planning and Landscape, Newcastle University, Churchill
Retirement Living, Planning Issues Ltd, Housing LIN. 2017.
[10] Sam Clark
– Retirement Living Explained - A Guide for Planning & Design
Professionals. the School of
Architecture, Planning and Landscape, Newcastle University, Churchill
Retirement Living, Planning Issues Ltd, Housing LIN. 2017.
[11] Xavier
Monteys, Magda Mària, Pere Fuertes, Anna Puigjaner, Roger Sauquet, Carles
Marcos, Eduard Callís, Carlos Fdz. Rovira y Oscar Linares - HABITAR - grupo de investigación - Rehabitar en
nueve episodios. Ministerio de Vivienda. SALA LA ARQUERÍA DE NUEVOS
MINISTERIOS. 2010.
[12] Yukiko
Kuboshima, Jacqueline McIntosh, Geoff Thomas - The design of
local-authority rental housing for the elderly that improves their quality of
life. Buildings 2018, 8, 71;
doi:10.3390/buildings8050071.
[13] Yukiko
Kuboshima, Jacqueline McIntosh, Geoff Thomas - The design of
local-authority rental housing for the elderly that improves their quality of
life. Buildings 2018, 8, 71; doi:10.3390/buildings8050071.
[14] Sheila L.
Molony, Lois K. Evans, Sangchoon Jeon, Judith Rabig, Leslie A. Straka - Trajectories
of At-Homeness and Health in Usual Care and Small House Nursing Homes (“Green
House”). The Gerontologist Vol. 51, No. 4, 504–515
doi:10.1093/geront/gnr022. Published by Oxford University Press on behalf of
The Gerontological Society of America. 2011.
Notas
editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural
responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos
de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos,
gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos
autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias
autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.
Etiquetas/palavras
chave: habitação, habitação
intergeracional, habitação para idosos, intergeracionalidade, espaços
residenciais, PHAI3C, Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional
Cooperativa a Custos Controlados
Apoiar
residencialmente um envelhecimento ativo – versão de trabalho e base documental
– Infohabitar # 854
Artigo XXXI da
série editorial da Infohabitar “PHAI3C – Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma
Cooperativa a Custo Controlado”
Infohabitar, Ano XIX,
n.º 854
Edição: quarta-feira,
5 de abril de 2023
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho, Investigador
Principal do LNEC
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Infohabitar é uma Revista do GHabitar Associação Portuguesa para a Promoção da
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