Infohabitar, Ano XVII, n.º 768
Edição: terça-feira, 9
de março de 2021
Pequena revisão crítica da última Habitação de Interesse Social Portuguesa;
do pequeno bairro ao fogo - infohabitar
# 768
Caros
leitores da Infohabitar,
Tal como foi anteriormente divulgado continuamos,
esta semana, com a nova série editorial
dedicada ao desejável desenvolvimento da qualidade arquitectónica e da
satisfação residencial no que ainda falta fazer em termos de nova habitação de
interesse social portuguesa (HISP); e para tal fazemos neste artigo uma síntese
geral qualitativa da Habitação de Custos Controlados (HCC) apoiada pelo INH/IHRU,
sensivelmente, nos últimos três decénios; uma síntese que continua a ter algo
de relato do que foi feito, mas agora já com um sentido mais diretamente
prospectivo relativamente ao que pode ser o presente e o futuro próximo da
HISP.
No início do artigo faz-se a apresentação desta nova
série editorial, prevista para oito artigos, que, naturalmente, estão já em
diversas fases de elaboração.
Salienta-se que a viagem
sistemática pelos espaços do habitar e designadamente pelos espaços domésticos
continuará a ser feita, daqui a algumas semanas, na Infohabitar, e aliás conta
já com um razoável desenvolvimento, que pode ser verificado no nosso catálogo
interativo, designadamente, no seu tema n.º
6 intitulado “Série habitar e viver melhor”.
Lembra-se, novamente, que serão sempre muito
bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui editados e
propostas de novos artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com
, ao meu cuidado).
E talvez por razões acrescidas esta nova série
editorial poderá merecer, espera-se, uma maior participação, seja em
comentários diretos, que ficarão anexados aos respetivos artigos comentados,
seja em proposta de novos artigos de opinião, cujas propostas serão muito bem-vindas.
Considerando
que o combate à pandemia continua e parece entrar, agora, numa fase sensível e
bem importante, continua a sublinhar-se a vital importância do máximo
confinamento, do distanciamento social, do teletrabalho e do respeito por todas
as medidas de higiene e proteção amplamente divulgadas.
Despeço-me, até à próxima semana, enviando saudações calorosas e desejos de força e de boa saúde para todos os caros leitores e seus familiares,
Lisboa, Encarnação, em 8 de março de 2021
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Pequena revisão crítica da última Habitação de Interesse Social Portuguesa;
do pequeno bairro ao fogo - infohabitar
# 768
Aspetos qualitativos mais e menos
positivos, que se julga terem estado mais presentes nesta última fase de
promoção de HISP apoiada pelo INH/IHRU
António Baptista Coelho
(texto e fotografias)
Índice da Série Editorial, em princípio, integrada por oito
artigos a editar sequencialmente
Índice geral e
estrutura sequencial da (nova) série de oito artigos da Infohabitar intitulada
“Desenvolver a
qualidade arquitectónica e a satisfação residencial na nova habitação de
interesse social portuguesa” sobre o que foi o passado e o que pode ser o
futuro da habitação de interesse social (HIS) portuguesa”:
1.º Artigo: apresentação e enquadramento
justificativo e pormenorizado dos conteúdos, bases de referência e quadro
qualitativo desta série editorial sobre o passado e o futuro da habitação de
interesse social portuguesa.
2.º Artigo: viagem sintética pelo que foram os cerca
de 70 anos de produção de habitação de interesse social portuguesa antes do
INH/IHRU.
3.º Artigo: ainda antes da criação do INH, algumas
notas sobre “os anos dourados” da promoção cooperativa de habitação económica
1974 a 1984
4.º Artigo: síntese,
essencialmente qualitativa, do que se julga ter sido o processo de apoio à
promoção de Habitação a Custos Controlados (HCC), indiretamente pelo INH/IHRU e diretamente por cooperativas, empresas e municípios.
5.º e presente Artigo:
considerações críticas sobre as características projetuais e vivenciais nos diversos níveis físicos
residenciais da promoção de HCC, privilegiando-se as consideradas como menos
positivas e potencialmente a melhorar na nova HISP.
6.º Artigo: avanço prospectivo e cuidadoso centrado
na caracterização genérica do que poderá ser a promoção da nova HIS portuguesa.
7.º Artigo: proposta qualitativa para a HIS
portuguesa ainda em falta, através de um avanço prospectivo e cuidadoso na
respetiva caraterização arquitectónica pormenorizada dos seus diversos níveis
físicos.
8.º Artigo: apontamentos gerais de síntese sobre a
qualificação da HCC/HIS que é ainda necessária, desde a promoção ao projeto
global e aos renovados e, por vezes, inovadores objetivos de qualidade;
acompanhados pela respetiva discussão.
Resumo
Em primeiro lugar
faz-se uma introdução geral ao artigo, centrada no seu enquadramento na respetiva
série editorial , que aborda o “desenvolvimento da qualidade arquitectónica e
da satisfação residencial na nova Habitação de Interesse Social Portuguesa
(HISP)”.Sequencialmente
passa-se à apresentação da estruturação geral qualitativa da mais recente Habitação
a Custos Controlados (HCC)/HISP e apontam-se algumas notas sobre a natureza da
qualidade arquitectónica residencial na HCC/HISP.
Em seguida desenvolve-se
o coração temático do artigo onde se aborda a qualificação arquitectónica e a
satisfação residencial que caracterizou os últimos decénios de promoção de
HCC/HISP, apoiados pelo INH/IHRU, numa perspetiva sistemática de análise
comentada dos seus diversos níveis físicos: Vizinhança Alargada (VA);
Vizinhança Próxima (VP); Edifício multifamiliar e unifamiliar (Ed); e Habitação
(Ha).
Em cada um dos
referidos níveis físicos apontam-se conjuntos de aspetos qualitativos a
criticar e a melhorar, utilizando-se uma grelha de 15 qualidades
arquitectónicas e residenciais (conjugadas em 6 “novelos” temáticos), que foram
anteriormente estudadas e editadas em publicações do LNEC. Não sendo, ainda, a
altura específica, nesta série editorial, de se avançar, mais diretamente, para
ideias de futuro sobre a promoção de HISP, haverá, no entanto, lugar para
comentários sistemáticos elaborados já com esse sentido prospectivo.
Fig. 1: imagem de pormenor de
integração de arte urbana no extenso conjunto na Ponte da Pedra, Matosinhos
(2004), o primeiro empreendimento cooperativo de construção sustentável em Portugal,
que substituiu uma área degradada ocupada por uma fábrica de curtumes e onde se
aplicaram diversas soluções ambientalmente sustentáveis, ao mesmo tempo que
se realizou um conjunto habitacional e urbano de habitação de interesse social;
cooperativa NORBICETA (cooperativas Nortecoop, As Sete Bicas e Ceta), projecto coordenado pelo Arq. Carlos Coelho, e
um empreendimento que integrou o consórcio SHE (Sustainable Housing in Europe),
que foi premiado com o Sustainable Energy Europe Awards 2007 (Prémio Europeu de
Energia Sustentável 2007).
1. Introdução geral ao artigo e enquadramento
na série editorial
Tal como foi
anteriormente referido, nos primeiros três artigos da presente série editorial,
dirigida para uma reflexão prática sobre o “desenvolvimento da qualidade arquitectónica
e da satisfação residencial na nova habitação de interesse social portuguesa”
que está ainda em falta, realizou-se uma síntese (sempre pessoal) sobre os
principais casos de referência habitacional e arquitectónica da promoção de
HISP até à criação do Instituto Nacional de Habitação (INH, atual IHRU) em
1984, enquanto no quarto e último artigo da referida série se avançou para uma
caracterização sintética e global do que foi a Habitação de Interesse Social Portuguesa
(HISP), oficialmente designada por “Habitação de Custos Controlados” (HCC),
desenvolvida em Portugal a partir do referido ano de 1984, e designadamente nas
décadas de 1980, 1990 e parte da de
2000, associada à atividade do INH/IHRU.
No entanto, em qualquer
um dos quatro artigos, já editados, que integram a metade desta série de oito,
procurou-se ir apontando, no corpo dos textos e mesmo na legendas das figuras
(por isso algumas delas extensas) aspetos positivos de projeto, execução e
gestão posterior, dirigidos, essencialmente, para uma adequada satisfação
habitacional e urbana, e, potencialmente aplicáveis – com as necessárias
adaptações – à presente e futura produção de HISP.
Volta a sublinhar-se
que as matérias abordadas desde o 4.º ao 8.º artigos são diretamente baseadas,
tal como se registou no texto de apresentação (Artigo n.º 1), em estudos
teórico-práticos, reflexões/discussões e visitas técnicas e multidisciplinares
a um grande número e a todo o leque promocional de conjuntos de HCC
(cooperativa, municipal e privada), destacando-se:
·
as
pormenorizadas e amplas análises retrospectivas ou de pós-ocupação,
desenvolvidas por uma equipa multidisciplinar do Departamento de Edifícios do
LNEC em três campanhas distintas e que incluíram, para além das análises
téc+nicas ao projeto e à obra concluída e habitada, entrevistas a interlocutores privilegiados
(ex, projetistas, promotores e gestores) e mesmo alguns inquéritos directos aos
habitantes;
·
e as mini
análises de pós-ocupação, desenvolvidas em períodos temporais curtos, mas
extremamente numerosas e, sistematicamente participadas por um leque muito
qualificado de intervenientes (júri do Prémio INH/IHRU e projetistas e
promotores de cada conjunyo habitacional visitado) e cumprindo-se uma regra de
análise rigorosa (sessão de apresentação, visitas pormenorizadas e sessão de
debate).
Volta a regista-se, em
termos de enquadramento aos artigos n.ºs
4, 5, 6, 7 e 8, que o relevo dado, nesta série editorial, à promoção de HCC,
apoiada pelo INH/IHRU, como base de referência, relativamente próxima, ao
desenvolvimento da nova HISP, resulta de essa promoção de HCC ter sido ela
própria especificamente enquadrada, em termos recomendativos oficiais –
Recomendações Técnicas para Habitação Social, RTHS – e em termos técnicos –
enquadramento direto pelos técnicos do INH/IHRU de Lisboa e do Porto – no
sentido de se obter um expressivo acréscimo qualitativo relativamente à
produção de HISP que a antecedeu, designadamente, nos anos mais próximos.
A ideia fundamental que
se propõe nesta série editorial é, assim, a de uma tentativa de sequencial
acréscimo qualitativo nas diversas facetas da satisfação habitacional e urbana
associada aos conjuntos de HISP, retirando ensinamentos e registando aspetos e
casos de referência na promoção de HISP já desenvolvida e, consequentemente,
procurando reduzir e anular os respetivos aspetos menos positivos e
potenciar aqueles mais positivos
identificados através de análises técnicas que incluem, naturalmente, a opinião
dos respetivos moradores.
Neste sentido e depois
da caracterização sintética do que foram mais de duas décadas (entre 1984 e
meados da dé cada de 2000) de promoção de Habitação de Interesse Social (HIS),
oficialmente designada por “Habitação de Custos Controlados” (HCC), apontada no
último artigo, iremos focar neste artigo
(n.º 5) os aspetos qualitativos mais e menos positivos, que se julga terem
estado mais presentes nesta última fase de promoção de HISP (apoiada pelo
INH/IHRU), privilegiando-se uma perspectiva, que poderemos considerar
“didática” ou informativa, de identificação sistemática e, julga-se, minimamente
desenvolvida dos referidos aspetos menos positivos, ainda que caraterizando,
frequentemente, situações pontuais e felizmente pouco frequentes; e sempre num
desenvolvimento entremeado e comentado por apontamentos do que se julga
poder/dever ser a presente e futura HISP.
Nos dois artigos seguintes da presente série editorial (N.ºs 6 e 7) e antes de uma síntese final dos
aspetos julgados essenciais (N.º 8), desenvolvem-se
alguns aspetos mais amplos de apreciação prospectiva do que poderá ser a nova
HISP, incluindo os processos promocionais, as respetivas intervenções
urbanas e sociais e os seus desejáveis aspetos em termos de ampla sustentabilidade,
aproveitando-se um acompanhamento destes
conjuntos, que tem sido já possível, em alguns casos, ao longo da sua “vida”; desenvolvendo-se
estas matérias de uma forma mais
integrada no artigo 6 e de um modo
mais sistemático, relativamente aos diversos níveis físicos, no artigo 7.
Fica, ainda, sugerida a possibilidade de existir um
novo artigo suplementar, ou até eventualmente mais do que um novo artigo,
conjugando eventuais contribuições e comentários que, entretanto, nos sejam
enviados com tal objetivo.
Fig. 2: o excelente pequeno quarteirão com usos mistos (53 fogos de realojamento e equipamentos) de promoção municipal no Monte de São João, Porto (2004), projecto do atelier do saudoso Arq.º Filipe Oliveira Dias, concretizado pelos Arquitectos Rui Almeida e Filipe Oliveira Dias; uma solução de arquitectura urbana onde se integram um novelo de qualidades arquitectónicas e de uso real pelos habitantes e uma interessante síntese de diversos níveis físicos residenciais.
2. Estruturação da apresentação
qualitativa da mais recente HCC/HISP
Depois de se fazer uma
pequena reflexão inicial sobre a natureza da qualidade arquitectónica
residencial, serão focados no presente artigo os aspetos qualitativos mais e
menos positivos, que se julga terem estado, sistematicamente, mais presentes
nos diversos níveis físicos – Vizinhança Alargada/bairro, Vizinhança Próxima,
Edifício e Habitação – do que foi a última fase de promoção de Habitação de
Interesse Social Portuguesa (HISP), designada por Habitação a Custos
Controlados e apoiada pelo INH/IHRU entre 1984 e a atualidade, embora se
considere que desde cerca de 2007/2008 (altura da crise do imobiliário) a
promoção de nova HISP tem sido mínima e em alguns anos quase nula.
Sublinha-se, ainda, que
a referida caracterização qualitativa utilizará uma grelha de aspetos/rumos
fatores de análise e de qualidade arquitectónica residencial estudados e
desenvolvidos numa tese de doutoramento sobre “Qualidade Arquitectónica
Residencial" realizada no Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU) do
LNEC, apresentada e defendida na Faculdade de Arquitectura da Universidade do
Porto em 1995 e posteriormente
editada em diversos livros da Livraria do LNEC – todos na Colecção Informação
Técnica Arquitectura ITA: "Habitação e Arquitetura: Contributos para uma
habitação e um espaço urbano com mais qualidade” (ITA 12, 2012); “Qualidade arquitectónica residencial. Rumos e factores de análise” (ITA 8, 2000); e “Do bairro e da vizinhança à
habitação. Tipologias e caracterização
dos níveis físicos residenciais” (ITA 2, 1998).
Relembrando-se que a referida grelha foi instrumental nas análises
retrospectivas ou de pós-ocupação realizadas ao parque de HISP realizado neste
período temporal apoiada pelo INH/IHRU.
Fig. 3: o tão racionalizado como
humanizado, afetivo e bem apropriável desenho global e pormenorizado da Arq.ª
Paula Petiz para o conjunto de promoção municipal em Monte Espinho, Matosinhos
(2005); um sensível e civicamente empenhado desenho que constrói uma nova
pequena parte de cidade, viva e estruturante, e um interessante caso de
harmonização entre desenho arquitectónico e o que se julga ser a aproximação à
satisfação residencial dos moradores.
3. Breves notas sobre a natureza da
qualidade arquitectónica residencial na HCC/HISP
É possível considerar
que, hoje em dia, se conhecem já com significativa profundidade as melhores
maneiras de conceber edifícios, designadamente residenciais, embora,
frequentemente, não se aplique de forma integral e/ou integrada esse
conhecimento e designadamente quando estão em jogo complexas e sensíveis
operações de desenvolvimento de habitação de interesse social, que deveriam
ser, sempre, utilizadas como veículos de apoio à promoção social dos seus
habitantes e extremamente rigorosas na boa aplicação dos respetivos financiamentos públicos.
E no que se refere aos
espaços públicos, que integram quase sempre tais promoções habitacionais e
urbanas, nota-se, ainda atualmente, uma frequente e crítica dificuldade ao
nível da sua qualificação, desde o projeto urbano e paisagístico a uma sua adequada
execução e equipamento, visando-se a sua boa vitalidade, durabilidade e
capacidade de apropriação e o estímulo a uma ampla diversidade e viabilidade de
atividades exteriores.
Em tudo isto –
edifícios e espaços urbanos que estes integram – e tal como temos vindo a
sublinhar, há duas facetas que devem ser urgentemente aprofundadas na promoção
de habitação de interesse social, sendo uma delas a sua imprescindível grande
qualidade arquitectónica e sendo a outra a sua essencial habilitação ao serviço
das necessidades e desejos habitacionais da grande maioria dos seus habitantes
– matéria esta que evidentemente se liga à da qualificação arquitectónica, mas
que tem de ser considerada, também, independentemente desta qualificação, pois
até há situações-limite em que excelentes obras de Arquitectura residencial –
mais em termos de “desenho” (no sentido amplo desta palavra) – levantam dúvidas
consistentes sobre o seu potencial de ampla habitabilidade.
Fig. 4: a tocante humanização do
CDH de 60 fogos de promoção privada da empresa
FDO em Mataduços, Guimarães (2001), com projecto dos Arquitectos Carlos Fonseca
e Alfredo Machado; uma solução que faz salientar a importância do “partido
global” de uma boa Arquitectura na abordagem de uma tipologia unifamiliar em bandas
cerradas, ou multifamiliar “na horizontal”, que resulta de uma íntima relação
entre edificado e exterior.
4. Qualificação dos níveis físicos de
HCC/HISP
Na perspectiva que
acabou de ser registada desenvolvem-se sistematicamente, em seguida e em diversos
itens, algumas considerações críticas sobre as características projetuais
e vivenciais que marcaram os diversos
níveis físicos residenciais dos conjuntos de habitação de interesse social desenvolvidos,
em Portugal, nos últimos decénios de promoção dinamizada deste tipo de
habitação – designada oficialmente como Habitação a Custos Controlados (HCC);
tal desenvolvimento é iniciado pelo nível físico da vizinhança alargada – definida pelos
respetivos agrupamentos na sua totalidade –, passando-se, depois, para a
vizinhança próxima – globalmente marcada pelo ambiente urbano que se abarca a
partir da porta do edifício – até aos níveis do edifício e, finalmente, da
habitação.
Em cada nível físico é
realizada, de início, uma sintética apreciação global, passando-se, em seguida,
ao elencar dos aspetos e características considerados menos positivas e/ou a
melhorar em futuras promoções de Habitação de Interesse Social Portuguesa
(HISP).
A abordagem é realizada
utilizando-se uma grelha qualitativa que foi, em tempo, devidamente
fundamentada no estudo do LNEC, concluído antes de 2000 e já referido –
“Qualidade Arquitectónica Residencial – Rumos e factores de análise” (n.º 8 da
col. Informação Técnica Arquitectura, ITA, 2000, disponível na Livraria do
LNEC).
Em termos meramente
informativos refere-se, já de seguida, a grelha completa de 15 qualidades
arquitectónicas e residenciais (conjugadas em 6 “novelos” temáticos) que é
proposta no referido estudo e que foi revisitada e discutida, passados cerca de
12 anos, num outro livro, intitulado “Contributos para uma habitação e um
espaço urbano com mais qualidade” (ITA 12, 2012),
também disponível na Livraria do LNEC: (i) acessibilidade e comunicabilidade; (ii) espaciosidade,
capacidade e funcionalidade; (iii) agradabilidade/conforto, durabilidade e
segurança; (iv) convivialidade e privacidade; (v) adaptabilidade e apropriação;
(vi) atractividade, domesticidade e integração.
Mais se refere, em
termos práticos, que os conjuntos/listagens de aspetos que são apontados em
seguida estão, globalmente, ordenados de acordo com a abordagem qualitativa
adotada nos estudos que acabaram de ser referidos, sendo que em cada grande
fator ou rumo qualitativo os diversos aspetos são referidos em ordem alfabética.
Não sendo, ainda, a
altura específica, nesta série editorial, de se avançar, mais concretamente,
para ideias de futuro sobre a promoção de HISP, haverá, no entanto, lugar para
comentários sistemáticos elaborados já com esse sentido prospectivo, até porque
ao criticarmos o que foi feito recentemente em termos de HISP vamos apontando o
que se julga ter sido menos bem feito, proporcionando-se, assim, indicações
práticas de melhoria para a nova HISP.
5. Vizinhança Alargada (VA) de HCC
Sobre
a Vizinhança Alargada (VA) de HCC
A apresentação do
conceito de Vizinhança Alargada (VA), que é atualmente muito atual e designado pela “cidade dos 15
minutos”, é feita no estudo do LNEC já referido –“Do Bairro e da Vizinhança à
Habitação – tipologias e caracterização dos níveis físicos residenciais” (n.º 2
da col. Informação Técnica Arquitectura, ITA, 1998, disponível na Livraria do
LNEC).
Sublinha-se a diversidade
dimensional dos agrupamentos residenciais de HCC estudados, alguns deles
constituindo verdadeiros bairros ou grandes vizinhanças alargadas (VA) de
edifícios multifamiliares, enquanto outros integram pequenas bandas densas de
edifícios unifamiliares.
Salienta-se que as vizinhanças alargadas de HCC que
foram estudadas e visitadas pelo autor deste artigo, apresentam características
consideradas globalmente positivas, tendo sido, aliás, sistematicamente usadas como fontes de
identificação dos aspectos que se consideram desejáveis na futura habitação de
interesse social.
Subsistem, contudo, situações particularizadas
negativas ou pior resolvidas,
que serão, naturalmente, mais frequentes na globalidade da promoção de HCC,
sublinhando-se os aspectos que são, em seguida, apresentados seguindo-se a
referida grelha qualitativa.
Aspetos
qualitativos a criticar e a melhorar na Vizinhança Alargada de HCC/HISP
Acessibilidade (genérica)
·
Coordenação
da integração urbana – ocorrência de longos períodos de graves carências em
termos de condições essenciais de acessibilidade urbana, afectando grandes
conjuntos residenciais; seja por atrasos no acabamento dos respectivos espaços
exteriores, seja por reduzido apoio/serviço de transportes públicos.
·
Espaços
públicos – inacabamento pontual de espaços públicos envolventes e que veriam
ser potencialmente vitalizadores da respetiva VA e da sua vital ligação á
envolvente urbanizada.
·
Integração
urbana – condições de reduzida expressão urbana de novos grandes conjuntos
residenciais; designadamente em termos de essenciais continuidades físicas e
relações urbanas diversificadas.
·
Pedonalização
– tentativas problemáticas, e por vezes falhadas, de pedonalização de enormes
espaços públicos desvitalizados; há por vezes, realmente, espaço público
indiferenciado em excesso, mal equipado e mal gerido.
·
Tráfego
de atravessamento – situações de atravessamento de conjuntos residenciais por
tráfego apenas de passagem.
Espaciosidade
·
Espaços
públicos – situações de excesso de grandes espaços públicos apenas
potencialmente úteis (sem usos claramente atribuídos).
·
Espaços
públicos – situações de significativa disseminação de espaços públicos
residuais (sem utilidade).
·
Integração
paisagística – condições de reduzida
compatibilização da solução urbana nos respectivos meios construído e natural
preexistentes.
Capacidade
·
Equipamentos
coletivos construídos – casos de excesso de previsão de espaços para
equipamentos construídos – por obrigação regulamentar/de planeamento – que
acabam por não ser ocupados, sendo frequentemente emparedados; produzindo-se
uma negativa imagem urbana térrea, desvitalização e menor segurança pública.
·
Equipamentos
coletivos conviviais – casos de excesso de dispersão, ou mesmo quase
inexistência, de equipamentos de uso diário, que são socialmente estratégicos
por proporcionarem apoio primário à vida diária no conjunto residencial (ex.,
mercearias ou minimercados) e condições de convívio natural (ex., “cafés”); uma
situação que é inadmissível quando os conjuntos urbanos são de grande dimensão
e relativamente descontínuos da sua envolvente urbana.
·
Espaços
públicos – situações de excesso de espaço público global, associadas a espaços
públicos pedonais, provavelmente, em excesso e associados a espaços públicos
marginais com reduzida utilidade urbana, ou mesmo residuais; por vezes espaços
públicos considerados “de enquadramento” são basicamente residuais, obrigando a
manutenção, não tendo real utilidade e contribuindo mesmo, por vezes, para um
sentimento de menor segurança pública – por exemplo, por maior afastamento a
janelas e zonas mais usadas e/ou criação de zonas pouco visíveis.
·
Estacionamento
automóvel – existência de problemas emergentes, mas graves, de falta de
estacionamento automóvel; situação esta que ainda menos se entende quando “convive”
com amplos espaços residuais ou pouco usados.
· Mobiliário urbano e de recreio/jogo - falta
muito global e/ou estratégica de:
o
equipamentos
desportivos ou de soluções adequadas para a sua manutenção e gestão;
o
espaços
adequados para o recreio/jogo livre;
o
elementos
de mobiliário urbano essenciais;
o
elementos
dinamizadores do recreio infantil.
· Ruas (composição de) – deficiências na
composição dos tão necessários arranjos urbanos de arruamento, quer por
problemas dimensionais simples quer pela pobreza no desenvolvimento de soluções
necessariamente simples mas positivas; a referida pobreza refere-se,
frequentemente, a soluções pouco e/ou mal pormenorizadas.
Funcionalidade
·
Estacionamento
automóvel – o forte crescimento da necessidade de estacionamento automóvel
tem-se revelado um factor crítico de funcionalidade, que é, frequentemente, gerador
de insatisfação e de más influências em outros usos do espaço público, e que,
consequentemente, influencia o desenvolvimento de problemas de vizinhança.
Agradabilidade/conforto
· Conforto acústico – a eventual passagem
marginal de rodovias com trânsito intenso, portanto ruidosas, deve ser
enquadrada em termos de medidas amenizadoras, devendo estar sempre associada a
condições vantajosas em termos de vitalização comercial e de animação urbana.
· Conforto higrotérmico e insolação – os
espaços públicos amplos e urbanisticamente desarticulados são muito
desabrigados, quer por razões de configuração e de excesso de espaciosidade,
quer porque pouco se podem "apoiar" na desejável continuidade da
respectiva edificação marginal.
Durabilidade
· Gestão do exterior de uso público – pouca
atenção à progressiva degradação do exterior; um problema que se considera
muito grave, caso não seja rapidamente "combatido" a partir de um
metódico acompanhamento da evolução das condições locais.
· Manutenção do espaço de uso público – dificuldades
na manutenção de árvores preexistentes, na viabilização de árvores muito
jovens, na manutenção de relvados e de elementos de presença de água e nas
ações de limpeza e manutenção dos pavimentos exteriores.
Segurança pública, rodoviária e no uso
normal
·
Continuidades
nos espaços públicos - situações em que a desejável regularidade dos percursos
pedonais é prejudicada pela ausência de rampas em acessos muito usados e por
pontuais descontinuidades do espaço público, não sinalizadas nem protegidas.
·
Hierarquia
viária - situações em que a segurança viária e rodoviária é prejudicada por
quebras de hierarquia nas vias existentes, atravessamentos inadequados e
inexistência de sistemas físicos e sinaléticos para controlo da velocidade dos
veículos.
·
Visibilidade
de segurança – situações com visibilidade de segurança prejudicada por empenas
"cegas" ou quase "cegas", ausência de acessos
vitalizadores, proximidades estimulantes entre passagens e acessos a
edifícios e margens urbanas pouco
usadas; esta é uma matéria que tem suporte teórico próprio – Crime Prevention
Through Environmental Design (CPTED), em português Prevenção Criminal Através do
Espaço Construído – e que deveria exigir uma maior atenção em termos de projeto
e de análise do mesmo pois com o mesmo investimento é possível criar espaços
urbanos naturalmente mais seguros e confiáveis, logo mais usados e,
consequentemente, ainda mais seguros.
Convivialidade
· Equipamentos colectivos conviviais – ausência
de um núcleo mínimo de equipamentos colectivos conviviais e de primeira
necessidade.
· Mobiliário urbano – ausência, ou grande demora
na instalação, de elementos "simples" de mobiliário urbano (ex.,
bancos, mesas fixas, luminárias), conjugados em núcleos que estimulem a
permanência no exterior.
· Recreio infantil e juvenil – ausência, ou
grande demora na instalação, de espaços informais para o recreio juvenil (para
"gastar energia") e de pequenos equipamentos multifuncionais para o
recreio infantil.
· Vitalização do espaço público – desenvolvimento
de espaços públicos excessivamente amplos e não vitalizados por equipamentos.
Privacidade
· Diversidade urbanística – a opção por soluções
criticamente monofuncionais e muito marcadas por verdadeiros
"conjuntos-dormitório", sendo embora compatível com a respectiva
integração em meios urbanos centrais e equipados, é sempre discutível quanto à satisfação de todos os
membros das famílias, sendo muito criticável, quer em localizações isoladas e sem
equipamentos básicos, quer em intervenções com grande dimensão.
· Habitações térreas protegidas – existência de
habitações térreas pouco protegidas em termos de vistas e/ou expostas a fortes
fluxos urbanos.
· Quarteirões densificados e privatizados – reduzida
aplicação de soluções urbanas marcadas pelo desenvolvimento de quarteirões em
boa parte preenchidos por pequenos quintais ou pátios térreos, soluções estas propiciando
vivências e passatempos exteriores desejados por muitos habitantes e,
eventualmente, o seu cuidadoso atravessamento por veredas pedonais.
· Quintais posteriores regrados – existência de
quintais posteriores sem um adequado e completo enquadramento da sua utilização
(ex., projetos-tipo relativos a ações pré-programadas e/ou eventuais), bem como
da sua visibilidade pública.
Apropriação
· Acabamento da imagem pública – desenvolvimento
de soluções urbanas com aspecto inacabado, geradoras de imagens públicas menos
dignas, estabilizadas e responsabilizadoras.
· Dignidade de imagens públicas – existência de
soluções de acabamento e paletas cromáticas ainda associáveis a imagens
estigmatizadas da “velha” “habitação social” (ex., imagens “pobres”, pouco
duráveis, com difícil manutenção, "tristes", "cinzentas",
por vezes marcadas por cores fortes e habitualmente usadas em “habitação social”, e muito repetidas).
· Participação dos habitantes – desenvolvimento
de processos de autoacabamento, pelos habitantes, em espaços com vista pública,
gerando-se situações de abandono ou de apropriação excessiva e pouco regrada,
que são negativas para a desejável atitude de respeito pelo espaço público.
Atractividade
· Gestão e durabilidade urbanas – os problemas
de durabilidade e/ou gestão de espaços públicos e edifícios afectam claramente
a respectiva capacidade de atração e o seu interesse urbano e arquitectónico;
afectando-se, consequentemente, a capacidade de uso e a motivação no uso dos
respectivos conjuntos e espaços urbanos, influenciando-se um verdadeiro ciclo
vicioso de rejeição, menor uso, mais
insegurança ou menor bem-estar, mais rejeição, menor uso, etc.
· Repetição do projeto – existência de situações
de monotonia ou excesso de repetição do mesmo projeto, com a mesma volumetria e
os mesmos acabamentos e tons.
Domesticidade
Antes de avançar nesta matéria faz-se uma “declaração
de voto” pelo interesse que se julga haver na habilitação das grande
vizinhanças de HCC/HIS com ambientes expressivamente residenciais, porque, por
exemplo, marcados por aspetos de envolvência, sossego, escala humana, marcações
visuais (ex., de fachadas) pouco “impositivas”, razoável mobiliário urbano,
verde urbano ainda que limitado à excelente “árvore de arruamento” (mas bem
prevista), pequenos pólos de dinamização urbana, etc.
·
Durabilidade
do exterior – as soluções com afirmado carácter residencial são muito sensíveis
a condições de evidente falta de durabilidade das soluções construtivas; uma
situação que está ligada, quer à intensidade e diversidade dos usos
residenciais, quer à grande proximidade e continuidade da observação dessas
soluções pelos respectivos habitantes, quer a uma escala física de tratamento
visual dessas soluções muito marcada pela pormenorização e pela apropriação.
·
Pormenorização
– o desenvolvimento de um afirmado carácter residencial exige uma solução geral
muito cuidada e sistematicamente desenvolvida até à pormenorização; mesmo
imperfeições pontuais (ex., inacabamentos localizados e faltas de equipamento e
arranjo) produzem um efeito final sensivelmente negativo.
·
Variação
da imagem urbana – as soluções com afirmado carácter residencial exigem forte
variação da imagem urbana ao nível de sequências de vistas próximas,
designadamente quando há clara fundamentação na arquitectura urbana
tradicional.
Integração
· Repetição do projeto – existência de situações
urbanisticamente monótonas, devido a uma excessiva e concentrada repetição do
mesmo projeto, ou de volumetrias e determinados acabamentos (ex., cores).
· Relação com as preexistências – condições de
inadequada integração da solução urbana e arquitectónica na paisagem natural e/ou
com as tipologias urbanas preexistentes e contíguas ou próximas.
Fig. 6: a exemplar escala e o
impressivo sentido de intimidade e de verdadeira extensão do espaço doméstico
de uma das Vizinhanças de Proximidade da Cooperativa Habijovem Algarve em Albufeira
(112 fogos, 1993); são vizinhanças reforçadas, ordenadas e à escala humana,
espaços de vizinhança próxima bem configurados, abrigados/protectores e
equipados; o projecto é do Arq.º José Lopes da Costa com a colaboração do Arq.º
paisagista José Brito.
6.
Vizinhança Próxima (VP) da HCC
Sobre
a Vizinhança Próxima (VP) de HCC
A apresentação do
conceito de Vizinhança Próxima (VP), hoje em dia muito atual e designado pela “cidade dos 5
minutos”, é feita no estudo do LNEC já referido –“Do Bairro e da Vizinhança à
Habitação – tipologias e caracterização dos níveis físicos residenciais” (n.º 2
da col. Informação Técnica Arquitectura, ITA, 1998, disponível na Livraria do
LNEC).
Regista-se que o
conceito de Vizinha Próxima ou de vizinhança de proximidade é, globalmente
marcado, pelo ambiente urbano que se abarca a partir da porta do edifício,
sendo uma noção que, originariamente, foi baseada em diversos estudos já
existentes e, designadamente, em documentos sobre segurança rodoviária local,
que já o usavam, quando o estudo acima apontado foi elaborado.
Mais tarde, quando da
elaboração do estudo do LNEC intitulado “Habitação Humanizada” (também
disponível na Livraria do LNEC), foram identificados e aprofundados, com base
nos incontornáveis estudos de Spiro Kostof, diversos conceitos claramente
idênticos e de grande interesse, entre os quais se destacam o de “woonerf”, significando literalmente
pátio residencial, desenvolvido por por Niek De Boer da Universidade Técnica de
Twente em 1963, e caraterizando um espaço público bem marcado cuja principal função não é a circulação e o
estacionamento automóvel, mas sim o andar a pé e o recreio razoavelmente livre;
sequencialmente este conceito transformou-se, na Alemanha, na ideia de “rua
viva/vivível” (Wohnstrasse) e acabou
por ser (re)exportado para os EUA e aí reinterpretado, entre outros grupos de
estudo, pelo New Urbanism – e diz-se
reinterpretado porque tudo isto tem a ver originariamente com os textos e
ideias de Jane Jacobs.
E aproveitando-se ainda
as sábias palavras de Spiro Kostof para ajudar a definir uma vizinhança de
proximidade temos:
“ruas que mudam de carácter do formal para o informal,
volumes bem definidos, vistas fechadas, há uma paisagem de rua partilhada com o
carro, mas desenhada em torno das necessidades e dos prazeres pedonais ... e
descobriram que é necessário nova regulamentação neste sentido pois de
contrário estas ideias são frequentemente ilegais” (Spiro Kostof, “The City Shaped: Urban Patterns and
Meanings Through History”, 1993 (1991), pp.240 a 242);
e atente-se, sobre esta
última matéria, que, desde há alguns anos, em França se desenvolve já o “Código
da Rua” como complemento e substituição parcial do “Código da Estrada”; e que,
muito recentemente, Espanha começou a legislar num sentido de uma drástica e
essencial redução de velocidade nas vias urbanas, condição essencial para que
elas possam ser bem vividas.
De certa forma talvez
se possa sintetizar ainda sobre a vizinhança próxima, que ela deve conter como
que uma espécie de suplemento de alma urbano, mas já muito ligado e embrenhado
no edificado, complementando-o de várias formas/funções e proporcionando
relações eficazes e agradáveis com a cidade.
Depois deste pequeno
desenvolvimento, considerado necessário, sobre a própria noção de vizinhança de
proximidade, voltamos à nossa reflexão sobre a HCC/HIS, e neste sentido, salienta-se que as vizinhanças próximas
de HCC que foram estudadas e visitadas pelo autor deste artigo, apresentam
características consideradas globalmente positivas, tendo sido, aliás,
sistematicamente usadas como fontes de identificação dos aspectos que se
consideram desejáveis na futura habitação de interesse social.
Subsistem, contudo, em alguns empreendimentos,
situações negativamente resolvidas, que serão, naturalmente, mais frequentes na globalidade da promoção
de HCC, sublinhando-se os aspectos que são, em seguida, apresentados,
seguindo-se a referida grelha qualitativa.
Aspetos qualitativos a criticar e a melhorar na Vizinhança
Próxima de HCC/HISP
Acessibilidade
· Condicionados na mobilidade - existência de
barreiras à acessibilidade por condicionados de mobilidade.
· Percursos pedonais – situações caracterizadas
pela deficiente pormenorização de percursos pedonais.
Capacidade
· Equipamentos coletivos – casos de ausência de
equipamentos e serviços de apoio à habitação.
· Estacionamento – situações caracterizadas pela
falta de lugares de estacionamento.
· Mobiliário urbano – casos de falta de simples
equipamentos exteriores (ex., bancos e papeleiras).
· Recreio de crianças e jovens – frequente ausência
de locais destinados ao recreio de crianças e jovens.
Agradabilidade/conforto
· Conforto ambiental em termos de insolação e
ventos dominantes – condições de franca exposição de importantes espaços
exteriores a ventos dominantes e/ou à radiação solar, produzindo-se grandes
zonas desabrigadas e, logo, pouco estimulantes do seu próprio uso.
· Relações visuais – existência de vistas sobre
espaços desagradáveis e elementos desintegrados ou desintegradores; com relevo
para a expressão excessiva dos espaços de estacionamento pouco
“residencializados” (sem imagem de espaço residencial).
Segurança
· Iluminação artificial – condições de reduzida
iluminação artificial.
· Orientação urbana – deficiente estruturação e
pormenorização dos espaços exteriores, gerando-se espaços, por vezes, confusos
em termos de leitura e de apoio à orientação.
· Proximidade dos equipamentos de recreio e
lazer no exterior – existência de situações de localização isolada de espaços
de jogo, recreio e reunião de crianças e jovens.
· Tráfego rodoviário – existência de vias de
tráfego intenso na contiguidade das vizinhanças.
· Visibilidade estratégica do exterior a partir
dos interiores – existência de espaços exteriores sob fachadas cegas, portanto,
pouco visíveis.
Privacidade
· Condições expressivas de abrigo e de apoio à
privacidade no exterior – existência de espaços exteriores demasiado amplos e
pouco conformados/delimitados.
· Gradação de privacidade/abrigo na aproximação
à habitação – situações caracterizadas por uma reduzida gradação de privacidade
dos espaços exteriores, produzindo-se um exterior uniformemente caracterizado e
pouco residencial.
Apropriação
· Equipamentos exteriores estimulantes – ausência
de equipamentos que motivem o uso do exterior.
· Participação dos moradores – reduzida participação
dos moradores no planeamento e manutenção dos
exteriores.
· Preexistências caracterizadoras – ausência de
elementos preexistentes, construídos ou naturais, que reforcem o carácter da
vizinhança.
7. Edifício (Ed)
de HCC
Fig. 7: a belíssima escala e o tão simples como “precioso” desenho da banda de pequenos edifícios multifamiliares da primeira fase (120 fogos, 1984) da grande e histórica Cooperativa de Habitação Económica Lar Para Todos, Unidade Residencial Estrada de Lisboa, em Beja, com projecto coordenado pelo saudoso Arq.º Raúl Hestnes Ferreira; nunca será um volume edificado dominantemente regular e fácil de construir que evita o desenvolvimento de uma excelente Arquitectura; mas, atenção: tem de ser um excelente projecto.
7.1. Edifício multifamiliar de HCC
Sobre o edifício multifamiliar de HCC
A apresentação do
conceito de edifício multifamiliar de HCC não carece aqui, naturalmente, de
desenvolvimento, referindo-se, apenas, a sua inclusão na sequência de níveis
físicos residenciais desenvolvida no estudo do LNEC já referido –“Do Bairro e
da Vizinhança à Habitação – tipologias e caracterização dos níveis físicos
residenciais” (n.º 2 da col. Informação Técnica Arquitectura, ITA, 1998,
disponível na Livraria do LNEC).
Os edifícios multifamiliares que integram os conjuntos
de HCC estudados e visitados pelo autor deste artigo apresentam características
consideradas globalmente positivas.
Subsistem, contudo, em bastantes edifícios, situações
pontuais negativamente resolvidas, que serão, naturalmente, mais frequentes na
globalidade da promoção de HCC,
sublinhando-se os aspectos que são, em seguida, apresentados, seguindo-se a
grelha qualitativa atrás referida.
Embora os espaços
comuns do edifício multifamiliar sejam, em seguida, abordados, considera-se que
eles irão merecer maior atenção e desenvolvimento neste estudo, quando se
abordar, mais especificamente, o presente/futuro da HISP, pois eles são
realmente o fator distintivo entre as tipologias multi e unifamiliar, não
devendo serem tomados, apenas e simplisticamente, como “espaços funcionais de
circulação”; eles integram um grande edifício doméstico e antecipam e apoiam os
espaços domésticos privados.
Aspetos qualitativos a criticar e a melhorar no edifício
multifamiliar de HCC/HISP
Acessibilidade
· Acessibilidade por condicionados na mobilidade
– existência de dificuldades de acessibilidade por condicionados na mobilidade.
Capacidade
· Espaços exteriores comuns – ausência de
espaços exteriores comuns mesmo que apenas de representação; átrios exteriores
inexistentes ou com uma área coberta muito reduzida.
· Mobiliário comum – existência de espaços
comuns sem equipamento (lugares sentados, papeleiras, etc.).
· Sala de condomínio e outros espaços de
condomínio – ausência de sala de condóminos mesmo em edifícios de grandes
dimensões.
Funcionalidade
· Apoio à manutenção corrente – condições de dificuldade
de acesso à cobertura e a ductos de canalizações para realização de operações
de manutenção e reparação.
Agradabilidade/conforto
· Átrio exterior – ausência de átrios exteriores
protegidos.
· Baterias de correio – existência de baterias
de correio com acesso exclusivamente exterior e não coberto.
· Espaços comuns de circulação – existência de
espaços comuns de circulação caracterizados por condições de reduzida ou nula
iluminação natural e abertura visual.
Segurança
· Pormenorização – situações caracterizadas por
deficiente pormenorização, designadamente, nos seguintes aspectos: existência
de guardas perigosas devido ao seu desenho, ausência de corrimãos, má
pormenorização de degraus, zonas envidraçadas mal sinalizadas.
· Protecção de janelas privadas – existência de
vãos de espaços privados com acesso fácil a partir de espaços públicos e não
protegidos, através de soluções adequadamente consideradas em projecto.
Adaptabilidade
· Apoio à adaptabilidade espacial nos espaços
comuns – as condições de adaptabilidade proporcionadas pelas características
dos edifícios e, designadamente, dos seus espaços comuns, são muito reduzidas.
Apropriação
·
Apoio à
apropriação nos espaços comuns – as condições de apropriação que são,
previamente, preparadas/proporcionadas pelas características dos edifícios e,
designadamente, dos seus espaços comuns, são bastante reduzidas, embora se
registem casos frequentes de forte apropriação espontânea pelos moradores; considera-se
que esta dinâmica de apropriação pode ser aproveitada e harmonizada pelo
próprio projecto de arquitectura e pela gestão posterior.
Fig. 7’: a muito “plástica”, atraentemente
orgânica e tradicionalmente radicada banda densa de unifamiliares em Fronteira,
uma promoção municipal com projecto dos Arquitectos Alexandre Ladeira Costa e
Cláudia de Sousa José (16 fogos, 2003).
7.2. Notas sobre Edifício unifamiliar de HCC
Sobre o edifício unifamiliar de HCC
A apresentação do
conceito de edifício unifamiliar de HCC não carece aqui, naturalmente, de
desenvolvimento, referindo-se, apenas, a sua inclusão na sequência de níveis
físicos residenciais desenvolvida no estudo do LNEC já referido –“Do Bairro e
da Vizinhança à Habitação – tipologias e caracterização dos níveis físicos
residenciais” (n.º 2 da col. Informação Técnica Arquitectura, ITA, 1998,
disponível na Livraria do LNEC).
Os edifícios unifamiliares que integram os conjuntos
de HCC estudados e visitados pelo autor deste artigo apresentam características
consideradas globalmente positivas.
Regista-se, no
entanto, que à medida que foi evoluindo, no tempo, a promoção de HCC os casos
de desenvolvimento de edifícios unifamiliares foram sendo cada vez menos
numerosos, acabando mesmo por
se circunscreverem a situações muito específicas e quase sempre associadas à
tentativa de oferta de soluções residenciais mais adequadas a determinadas
minorias étnicas.
Tendo-se em conta esta
situação e considerando-se que as caraterísticas habitacionais destes edifícios
se encontram, em grande parte, cobertas pelo item que se segue, referido à
habitação, fazem-se aqui apenas alguns comentários muito curtos e genéricos ao
tema, mais associados aos aspetos negativos identificados e estruturados seguindo-se
a grelha qualitativa atrás referida, deixando-se para os itens prospectivos desta
série de artigos o lançamento de mais algumas ideias de presente e futuro sobre
o tema.
Aspetos qualitativos a criticar e a melhorar no edifício unifamiliar
de HCC/HISP
Acessibilidade
· Acessibilidade ao piso superior do fogo
dúplex – as condições de acessibilidade ao piso superior são, frequentemente,
pouco adequadas a pessoas com menor capacidade de movimentação.
Espaciosidade
· Compensação de espaciosidade associada à
tipologia unifamiliar – a espaciosidade global é claramente afetada por
controlos globais de área que acabam por não integrar, plenamente, a previsão
da escada e de uma quantidade significativa de paredes exteriores.
Capacidade
· Arrumação – as soluções unifamiliares acabam
por poder proporcionar, com alguma naturalidade, soluções de arrumação
diversificadas e oportunas em termos de localização, mas esta virtualidade
sofre com a sua contabilização em termos de áreas globais, penalizando os
restantes espaços domésticos.
Funcionalidade
· Quartos – a distribuição de “quartos de
dormir” pelos dois pisos da habitação é condição importante, mas pouco
conseguida devido às implicações de área global associadas.
Agradabilidade/conforto
· Cuidados específicos de conforto ambiental – a
solução unifamiliar exige condições acrescidas de conforto ambiental.
Durabilidade
· Adequação a modos de uso/vida específicos
(“capacidade de carga”) – quando a solução unifamiliar é aplicada a populações
que usam de forma muito intensa o edifício é essencial ter em conta condições
de elevada durabilidade e capacidade de manutenção dos acabamentos; condição esta que nem sempre acontece.
Apropriação
· Espaços exteriores privados – a principal
virtualidade do unifamiliar em termos de disponibilização de espaços exteriores
sofre com a sua contabilização parcial em termos de áreas globais (espaços
pavimentados ou cobertos e pavimentados), penalizando os restantes espaços
domésticos.
8.
Habitação (Ha) de HCC
Sobre o fogo/habitação de HCC
A apresentação do
conceito de fogo/habitação de HCC não carece aqui, naturalmente, de
desenvolvimento, referindo-se, apenas, a sua inclusão na sequência de níveis
físicos residenciais desenvolvida no estudo do LNEC já referido –“Do Bairro e
da Vizinhança à Habitação – tipologias e caracterização dos níveis físicos
residenciais” (n.º 2 da col. Informação Técnica Arquitectura, ITA, 1998,
disponível na Livraria do LNEC).
Os fogos/habitações que integram os conjuntos de HCC
estudados e visitados pelo autor deste artigo apresentam características
consideradas globalmente positivas.
Subsistem, contudo, em
muitas habitações, situações pontuais negativamente resolvidas, que serão,
naturalmente, mais frequentes na globalidade da promoção de HCC, sublinhando-se
os aspectos que são, em seguida, apresentados seguindo-se a grelha qualitativa
atrás referida.
Aspetos qualitativos a criticar e a melhorar no fogo/habitação
de HCC/HISP
Acessibilidade
· Dúplex – situações de deficiente localização
de compartimentos em fogos dúplex (ex., quartos e casas de banho), que resultam
em condições de reduzida acessibilidade por condicionados na mobilidade.
Espaciosidade
· Área útil – casos em que a área útil dos fogos
se pode considerar significativamente reduzida, quando considerada a lotação
máxima prevista para cada tipologia; situação esta que releva a importância de
soluções de fogo com um mínimo de espaços reservados apenas à circulação e,
consequentemente, relava também a necessidade de soluções de fogos cujo excelente projeto de
Arquitetura afete o menos possível, com tais opções, os aspetos de privacidade
e de versatilidade de uso.
· Pé-direito – exigência de situações de pé-direito
reduzido (embora regulamentar), uma situação que, quando está associada a uma
área reduzida de compartimentos, proporciona um volume interno de ar por
compartimento que pode ser considerado insuficiente para a intensidade de uso
que alguns fogos têm; este tipo de situações deveria ser compensado por
adequadas condições de ventilação natural (ex., ventilação cruzada e
transversal, vãos e bandeiras de ventilação exteriores e interiores), o que
raramente acontece e tende a criar situações críticas considerando-se a reduzida
permeabilidade ao ar das caixilharias exteriores atualmente usadas.
Faz-se notar a evidente oportunidade desta
observação, lembrando-se, a propósito, que num dos mais velhos estudos
habitacionais portugueses a previsão de dimensionamentos recomendados se
referia à respetiva cubicagem de volume de ar.
· Sobreocupação – existência de frequentes
situações de sobreocupação dos compartimentos com mobiliário, uma situação que
torna críticas condições básicas de espaciosidade perto dos limiares mínimos;
naturalmente que esta situação também deve ser considerada em termos de
acompanhamento e aconselhamento dos habitantes de intervenções mais económicas
no sentido de evitarem mobiliário de maiores dimensões.
Sobre esta matéria e mesmo tendo-se em conta o
necessário controlo de áreas máximas, que dificulta evidentemente o desenho de
compartimentos proporcionando ocupações mais versáteis, considera-se essencial
aprofundar a versatilidade e, simultaneamente, capacidade de ocupação dos
espaços domésticos; uma condição já bem prevista nas RTHS, através da
obrigatoriedade de apresentação de plantas com mobiliário, mas que se julga
dever ser tornada claramente mais exigente – o que não vai afetar os bons
projetos de Arquitetura.
Capacidade
· Arrumação – situações frequentes de falta de
espaços de arrumação específicos (ex., despensa) e de serviço doméstico (ex.,
tratamento de roupa), assim como de reduzida capacidade em roupeiros fixos.
Acontece, também, frequentemente, uma forte associação entre cozinha e espaço
de tratamento de roupas, por vezes, com influências mútuas negativas.
· Estacionamento automóvel – existência de
frequentes situações de ausência de estacionamento em garagem individual ou
colectiva; este tipo de situação liga-se, por um lado, a exigências específicas
de planeamento (ex., PDM), e assume, em alguns casos, resultados muito
negativos, em que intervenções de realojamento integram grandes garagens
colectivas, que são emparedadas no final da obra, ficando nesta situação
durante anos, para não dizer com caráter quase definitivo, e provocando, quase
sempre, situações de insegurança pública e
mesmo de condições críticas de falta de higiene e de risco para a saúde,
associadas à invasão e ao vandalismo nesses espaços, que exigirão grandes
investimentos para serem reabilitados.
Funcionalidade
· Cozinha e espaços que lhe estão frequentemente
associados – situações frequentes de deficiente organização na cozinha e
algumas situações de sobreposição de espaço de tratamento de roupa e de
refeições correntes (na cozinha) com outros espaços funcionais; e,
frequentemente, com reduzido dimensionamento de alguns ou todos (d)estes
espaços.
· Secar roupa – situações frequentes de ausência
de solução de secagem de roupa natural e eficaz (ex., em estendal em zona de
tratamento de roupa ou exterior/balançado); faz-se notar que a eficácia deste
tipo de solução se liga, quer à sua funcionalidade específica para secar a
roupa ao “ar livre” ou sem recurso a meios mecânicos, quer à qualidade da
integração da solução na imagem global do respectivo edifício.
Agradabilidade/conforto
· Iluminação natural – situações frequentes de
ausência de iluminação natural no vestíbulo e nos espaços de circulação
domésticos.
· Isolamento sonoro no interior do fogo – situações
caracterizadas por uma deficiente separação acústica entre a zona de espaços
individuais e a zona de espaços comuns domésticos.
· Isolamento sonoro relativamente ao exterior do
fogo – existência de contiguidades acústicas incómodas entre fogos vizinhos e
entre fogos e espaços comuns do edifício.
· Monorientação – casos de fogos com
monorientação e pouco cuidados nos necessários aspetos específicos de
ventilação e insolação.
· Relação com o exterior – casos de habitações
caracterizadas por um reduzido contacto visual com o exterior.
· Ventilação natural de cozinhas – casos
frequentes de deficiente ventilação natural em cozinhas.
· Ventilação natural geral – ocorrência de
situações de ausência de ventilação cruzada e transversal nas habitações,
consideradas na respectiva globalidade espacial.
Segurança
· Cozinha – existência de situações
caracterizadas por uma deficiente organização da cozinha, tendo em conta,
designadamente, o máximo de condições de segurança no uso corrente do fogão e
as adequadas condições de ventilação de gases e produtos de combustão,
produzidos na cozinha e em espaços contíguos.
· Guardas exteriores (risco de quedas) – existência de frequentes
situações caracterizadas por uma deficiente pormenorização de guardas de
espaços exteriores elevados, considerando-se as respectivas condições de
segurança contra quedas, no que se refere aos utentes daqueles espaços e com
natural e crítica implicação na segurança de crianças.
Privacidade
· Zonas domésticas – situações de ausência de
separação entre zonas da habitação (ex., entre zonas de entrada e outros
espaços da habitação) e dificuldade na sua criação pelos moradores.
Esta situação que podemos definir como de
excesso de socialização doméstica “obrigatória”, por ausência de elementos de
transição/passagem entre zonas com usos dominantes distintos, não obriga a soluções
rigidamente hierarquizadas; elas próprias também criticáveis, designadamente,
em termos de reduzida versatilidade da solução geral do fogo.
Adaptabilidade
· Hierarquização domésticas – condições de reduzida
adaptabilidade, que decorrem de uma organização de compartimentos domésticos
excessivamente hierarquizada e, ainda, da existência de equipamentos fixos e
dificilmente desmontáveis.
Nota de remate
Nos dois artigos seguintes da presente série editorial (N.ºs 6 e 7) e antes de uma síntese final dos
aspetos julgados essenciais (N.º 8), desenvolvem-se
alguns aspetos mais amplos de apreciação prospectiva do que poderá ser a nova
HISP, incluindo os processos promocionais, as respetivas intervenções
urbanas e sociais e os seus desejáveis aspetos em termos de ampla sustentabilidade,
aproveitando-se um acompanhamento destes
conjuntos, que tem sido já possível, em alguns casos, ao longo da sua “vida”; desenvolvendo-se
estas matérias de uma forma mais
integrada no artigo 6 e de um modo
mais sistemático, relativamente aos diversos níveis físicos, no artigo 7.
Nota específica importante sobre esta série editorial:
Tal como ficou evidente no texto desenvolvido e ficará sublinhado nos agradecimentos e bibliografia que se seguem, a presente série editorial, intitulada "Desenvolver a qualidade arquitectónica e a satisfação residencial na Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa", muito deve à atividade realizada, ao longo de muitos anos, no Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU), integrado no atual Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT) do LNEC, assim como à atividade do INH/IHRU e da FENACHE.
Regista-se, finalmente, que os eventuais lapsos, imprecisões e esquecimentos que, muito provavelmente, existem no texto - e que serão corrigidos logo que identificados - são apenas da responsabilidade do autor, assim como todas as opiniões aqui expressas.
Agradecimentos no
âmbito dos diversos estudos que basearam direta e indiretamente a presente
série editorial
Agradece-se
ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), então Instituto
Nacional de Habitação (INH), que apoiou, sistematicamente, o desenvolvimento
dos principais estudos que basearam esta série de artigos e faz-se uma
referência específica e alfabética à constante disponibilidade de vários
responsáveis do então INH, hoje IHRU, para apoiar esses estudos, designadamente, o Arq.º Clemente Ricon,
o Eng.º Defensor de Castro, o Eng.º Hermano Vicente, o Arq.º
Rogério Pampulha, o Eng.º Teixeira Monteiro e
o Arq.º Vasco Folha, bem como das excelentes equipas técnicas do
Instituto em Lisboa e no Porto, e agradece-se, também, aos inúmeros
responsáveis e projetistas dos muitos empreendimentos de Habitação a Custo
Controlado (HCC) – a nossa Habitação de Interesse Social (HIS – que foram
visitados e estudados no decurso dos estudos aprofundados de análise urbana e
habitacional retrospectiva e multidisciplinar, coordenados pelo autor, e das
metódicas visitas do Júri do Prémio INH/IHRU em que o autor participou.
Agradece-se,
muito especialmente, o inestimável trabalho, no âmbito das referidas análises
retrospectivas, dos técnicos que integraram as respectivas equipas
multidisciplinares e que pertenciam ao Departamento de Edifícios (DED) do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e a vários Núcleos do DED, com
destaque para os então Núcleo de Arquitectura
e Urbanismo (NAU), Núcleo de Ecologia
Social (NESO) e Núcleo de Tecnologia da Construção (NTC) do DED, e entre eles
faz-se uma especial menção (alfabética) à continuada e preciosa participação do
Eng.º António Leça Coelho (NAU), do Arq.º João Branco Pedro (NAU), da Eng.ª Fernanda Carvalho (NTC), da saudosa
Arq.ª Isabel Plácido (NAU) e da Dr.ª
Marluci Menezes (NESO); fazendo-se uma menção especial à participação pontual,
mas muito significativa, da Arq.ª Sheila Walbe Ornstein.
Agradece-se,
ainda, no LNEC, todo o apoio no âmbito das referidas análises retrospectivas,
ao Eng.º José Vasconcelos Paiva, então Diretor do DED do LNEC, à Técnica
Superior Anabela Manteigas, e, finalmente, mas nunca por último, ao Arq.º
António Reis Cabrita, que numa fase de passagem de testemunho da chefia do
NAU, teve ainda a oportunidade de apoiar de forma ampla a aprofundada as mesmas
análises retrospectivas.
Novamente
fora do LNEC importa aqui fazer um agradecimento especial e muito bem
justificado ao sempre importante e presente apoio, no âmbito dos estudos que
basearam a presente série editorial, de
um amplo e bem merecedor conjunto de responsáveis e companheiros da Federação
Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE), que o autor tem
também a honra de integrar, com um natural destaque para o saudoso Dr. José
Barreiros Mateus, e para os grandes Guilherme Vilaverde, Manuel Tereso e Orlando Vargas, não
esquecendo o também saudoso Carlos Coradinho.
Faz-se,
em seguida, uma referência amiga e muito agradecida ao constante apoio e
incentivo nestas “lutas” da habitação e do “habitar” aos associados da GHabitar
Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional (GHabitar
APPQH), anteriormente Grupo Habitar
APPQH e, muito especialmente, aos atuais responsáveis da GHabitar APPQH,
entre os quais se encontram alguns dos acima designados e no texto sublinhados,
mas havendo que acrescentar (alfabeticamente) o Arq.º António Carlos Coelho, o
Arq.º Carlos Nuno Lacerda Lopes, o Dr. Dâmaso Silva, o Arq.º Duarte Nuno
Simões, o Dr. João Lutas Craveiro, o Arq.º Manuel Correia Fernandes, e o Arq.º
Paulo Tormenta Pinto.
Lembra-se,
finalmente, e agradece-se a múltipla participação nestas matérias habitacionais
aos membros do Secretariado Permanente do Congresso Internacional da Habitação
no Espaço Lusófono (Secretariado
Permanente do CIHEL), e de outros responsáveis mais diretos pelo
desenvolvimento dos quatro congressos internacionais CIHEL, abordando,
frequentemente, o habitar de interesse social no âmbito da lusofonia e entre os
quais há que salientar (alfabeticamente), para além de uma série de colegas
e amigos já atrás referidos noutros contextos ( e com as minhas prévias
desculpas por algum “imperdoável” esquecimento), a Arq.ª Angelica Benatti
Alvim, o Arq.º António Gameiro, o Arq.º Anselmo Cani, a Arq.ª Camila
D’Ottaviano, o Arq.º Carlos de Almeida Marques, a Arq.ª Denise Antonucci, o
Eng.º Fernando Pinho, o Arq.º Ilidio Daio, a Arq.ª Inês Daniel de Campos, o
Arq.º Jaime Comiche, o Dr. João Carvalhosa, o Eng.º José António Ferreira, o
Arq.º Khaled Ghoubar, a Arq.ª Lúcia Zanin Shimbo, o Arq.º Miguel Amado, o Arq.º
Pedro Baptista Coelho, o Arq.º Rogério Galante, o Arq.º Rui Leão, a Arq.ª
Silvia Mikami, a Arq.ª Teresa Madeira, a Arq.ª Teresa Valsassina Heitor (PDA-IST)
e o Arq.º Victor Leonel.
Bibliografia geral de enquadramento da temática
Apresenta-se em seguida,
organizada cronologicamente, e acompanhará os restantes artigos desta série
editorial, a bibliografia cronológica utilizada no presente estudo, sobre a
matéria da Habitação de Interesse Social Portuguesa (HIS) e sobre qualidade
arquitectónica residencial.
ONO, R. (Org.)
; ORNSTEIN, Sheila Walbe (Org.) ; Villa, Simone Barbosa (Org.) ; FRANÇA, ANA
JUDITE GALBIATTI LIMONGI (Org.) ; LEITNER, A. D. (Org.) ; BARBOSA, Maria
Beatriz (Org.); SARAMAGO, R. C. P. (Org.) ; ABATE, Tania Pietzschke (Org.)
; ROMÉRO, Marcelo de Andrade (Org.)
- Avaliação Pós-Ocupação na arquitetura,
no urbanismo e no design: da teoria à prática. 1. ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2018. v. 1. 302p .
TAVARES, Maria - Habitações
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actuação no exercício do projecto, Porto: Faculdade de Arquitectura da
Universidade do Portoi, tese de doutoramento em Arquitectura, 2016.
National Crime Prevention Council – NCPC (autoria); Direção
Geral de Administração Interna – DGAI (edição); Ana Verónica Neves e Filipe
Teodorico (tradução) - CPTED – Prevenção
Criminal Através do Espaço Construído: Guia de boas práticas, Lisboa: DGAI,
2013, 66 p., ISBN:
978-989-8477-04-0; edição revista e adaptada para a versão portuguesa por uma
equipa que integrou o autor desta listagem - versão original disponível em <
http://www.veilig-ontwerp-beheer.nl/publicaties/cpted-prevencao-criminal-atraves-do-espaco-construido-guia-de-boas-praticas
MENDES, Maria Manuela; MAGANO, Olga - Ciganos Portugueses: Olhares Plurais e
Novos Desafios numa Sociedade em Transição. Editora Mundos Sociais, Lisboa,
2013, 253 p., ISBN
978-989-8536-26-6. António Baptista
Coelho redigiu o capítulo intitulado "Habitação
e vizinhança para famílias de etnia cigana: algumas reflexões práticas"
(9 p., 4 fig., pp. 239 a 247 do livro).
PORTAS, Nuno (coord. cient.) e AAVV - Habitação
para o Maior Número. Portugal, os Anos de 1950-1980. IHRU e CML, Lisboa, 2013
– lançamento em 2014, 214 p.,
ISBN 978-972-98508-8-2; António Baptista Coelho redigiu o capítulo ilustrado
intitulado "Sobre os “anos
dourados” dos conjuntos cooperativos de habitação económica: 1974-1984"
(20 p ilustradas., 12 fig., pp. 133 a 153 do livro).
COELHO, António Baptista – Habitação e Arquitetura: Contributos para uma habitação e um espaço
urbano com mais qualidade. Informação Técnica Arquitectura ITA 12.
Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, 2012, 272 pág., 37 fig.
COELHO, António Baptista - Qualidade
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Portugal no final do Século XX”, Lisboa, LNEC, Relatório 176/2011-NAU, Maio
2011, 93 pp., ilustrado
COELHO, A. Baptista;
PEDRO, J. Branco; COELHO, A. Leça – 2.ª Análise retrospectiva do parque financiado pelo Instituto Nacional
de Habitação nos anos de 1989-2005.
Análise arquitectónica. Lisboa
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Confidencial 115/2011 – NAU).
DIAS, Jorge Miranda; LOPES, Grandão (coord.) - Conservação e reabilitação de edifícios
recentes. Cadernos Edifícios N.º 5, LNEC, Lisboa, 2010, 218 p., ISBN 978-972-49-2197-6. António Baptista Coelho redigiu o capítulo
intitulado "Critérios a aplicar na
requalificação arquitectónica do exterior residencial" (25 p., 6 fig.,
pp. 37 a 62 do livro).
COELHO, António Baptista - Entre casa e cidade, a humanização do habitar. dafne editora,
opúsculos - Pequenas Construções Literárias sobre Arquitectura, opúsculo 18,
Porto, Julho 2009, 20 p., 4 fig.,
ISSN 1646–5253, www.dafne.com.pt/pdf_upload/opusculo_18.pdf
DGS e AAVV - Planos
Locais de Ação em Habitação e Saúde – Manual para projetos: Fichas Técnicas
sobre Habitação e Saúde . Direcção Geral da Saúde (DGS), Plano nacional de
Ação Ambiente e Saúde (PNAAS), Lisboa, Novembro de 2009, ISBN: 978-972-675-191-5; António Baptista Coelho participou
na organização do livro e elaborou os seguintes quatro capítulos: (i) "Bem-estar na envolvente
residencial" (8 p., item 2.4); (ii) "Bem-estar e tipos de soluções
habitacionais (7 p., item 2.5)"; (iii) "Problemas sociais na
habitação" (7 p., item 2.6); e (iv) "Bem-estar e conforto ambiental
no interior habitacional" (7 p., item 3.3) download em:
http://www.dgs.pt/?cn=552055525576AAAAAAAAAAAA
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada, Lisboa, LNEC, Tese e Programas de
Investigação TPI n.º 46. Lisboa: LNEC, Livraria
do LNEC, 2007. 574 p., 121
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Depósito Legal n.º 242704/06.
COELHO, António Baptista; COELHO, Pedro Baptista - Habitação de Interesse Social em Portugal:
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de 2005 (Março 2006), 268 p., muito
ilustrado, ISBN 972-49-2058-5.
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Intervenção Operacional Renovação Urbana, Lisboa, Dezembro de 2000 (240 p.), ISBN 972-981133-6-1;
António Baptista Coelho redigiu os Capítulos 4 (Enquadramento global da
gestão), 5 (Dimensões fundamentais da gestão), 6 (Métodos e instrumentos de
gestão do parque habitacional de arrendamento público), 7 (Requalificação
urbana), 8 (Integração da requalificação e da gestão e notas conclusivas), a
Bibliografia e o Anexo III (Ação e estrutura organizativa dos Zeladores).
CABRITA, António Reis (coord.), “A Futura Habitação Apoiada”. Proc. 086/01/13758. Relatório
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Biblioteca Cosmos, N.º 140/141, 7.ª Secção – problemas do nosso tempo n.º
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Em termos práticos lembra-se que no primeiro artigo desta
série editorial são devidamente salientados os principais documentos e
publicações, de minha autoria, utilizados como fontes mais diretas destes
artigos, registando-se, ainda, a autoria própria de todas as imagens
utilizadas.
Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada,
caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha
de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo
portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos
artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos
artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é,
igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que
deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e
científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito
significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver
com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo
GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à
respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas
e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Infohabitar, Ano XVII, n.º 768
Pequena revisão crítica da última Habitação de Interesse Social Portuguesa; do pequeno bairro ao fogo - infohabitar # 768
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola Superior
de Belas Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de
Arquitectura da Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação
em Arquitectura e Urbanismo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC), em Lisboa.
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).
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