Infohabitar, Ano XVII, n.º
770
Edição: terça-feira, 23
de março de 2021
Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa: do bairro à
habitação – infohabitar # 770
Caros
leitores da Infohabitar,
Continuamos, esta semana, com a série
editorial dedicada ao desejável desenvolvimento da qualidade arquitectónica e
da satisfação residencial no que ainda falta fazer em termos de nova habitação
de interesse social portuguesa (HISP); e neste sentido faz-se neste artigo uma reflexão sistemática sobre
como apoiar a proposta de uma renovada
Habitação de Interesse Social Portuguesa (HISP), em termos dos diversos
níveis físicos residenciais e urbanos, das vizinhanças à habitação.
No
início do artigo faz-se a apresentação desta série editorial, prevista para oito
artigos.
Salienta-se que a viagem sistemática pelos espaços do habitar e
designadamente pelos espaços domésticos continuará a ser feita, daqui a algumas
semanas, na Infohabitar, e aliás conta já com um razoável desenvolvimento, que
pode ser verificado no nosso catálogo interativo, designadamente, no seu tema n.º
6 intitulado “Série habitar e viver melhor”.
Lembra-se,
novamente, que serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre
os artigos aqui editados e propostas de novos artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com
, ao meu cuidado).
E talvez
por razões acrescidas esta nova série editorial poderá merecer, espera-se, uma
maior participação, seja em comentários diretos, que ficarão anexados aos
respetivos artigos comentados, seja em proposta de novos artigos de opinião,
cujas propostas serão muito bem-vindas.
Considerando
que o combate à pandemia entra, agora, numa fase sensível e bem importante,
continua a sublinhar-se a vital importância do máximo confinamento, do
distanciamento social, do teletrabalho e do respeito por todas as medidas de
higiene e proteção amplamente divulgadas.
Despeço-me,
até à próxima semana, enviando saudações calorosas e desejos de força e de boa
saúde para todos os caros leitores e seus familiares,
Lisboa/Encarnação e Azambuja/Casais de Baixo em 22 de março de 2021
António
Baptista Coelho
Editor
da Infohabitar
Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa: do bairro à
habitação – infohabitar # 770
António Baptista Coelho
(texto e
fotografias)
Índice da Série Editorial
Índice geral e
estrutura sequencial da (nova) série de oito artigos da Infohabitar intitulada
“Desenvolver a qualidade arquitectónica
e a satisfação residencial na nova habitação de interesse social portuguesa”
sobre o que foi o passado e o que pode ser o futuro da habitação de interesse
social (HIS) portuguesa”:
1.º Artigo: apresentação e
enquadramento justificativo e pormenorizado dos conteúdos, bases de referência
e quadro qualitativo desta série editorial sobre o passado e o futuro da
habitação de interesse social portuguesa.
2.º Artigo: viagem sintética
pelo que foram os cerca de 70 anos de produção de habitação de interesse social
portuguesa antes do INH/IHRU.
3.º Artigo: ainda antes da
criação do INH, algumas notas sobre “os anos dourados” da promoção cooperativa
de habitação económica 1974 a 1984
4.º Artigo: síntese,
essencialmente qualitativa, do que se julga ter sido o processo de apoio à
promoção de Habitação a Custos Controlados (HCC), indiretamente pelo INH/IHRU
e diretamente por cooperativas, empresas
e municípios.
5.º Artigo: considerações
críticas sobre as características projetuais e
vivenciais nos diversos níveis físicos residenciais da promoção de HCC, privilegiando-se
as consideradas como menos positivas e potencialmente a melhorar na nova HISP.
6.º Artigo: avanço prospectivo e
cuidadoso centrado na caracterização genérica do que poderá ser a promoção da
nova HIS portuguesa.
7.º e presente Artigo: proposta qualitativa para a HIS portuguesa ainda
em falta, através de um avanço prospectivo e cuidadoso na respetiva
caraterização arquitectónica pormenorizada dos seus diversos níveis físicos
urbanos e residenciais.
8.º Artigo: apontamentos gerais de síntese sobre a qualificação da HCC/HIS que é ainda necessária, desde a promoção ao projeto global e aos renovados e, por vezes, inovadores objetivos de qualidade; com a respetiva discussão.
Resumo
Depois
de uma introdução ao artigo, onde se salienta o respetivo enquadramento na
série editorial, que é também minimamente apresentada, avança-se numa reflexão
sobre como apoiar a proposta de uma renovada
Habitação de Interesse Social Portuguesa (HISP), que aproveite o melhor
que se fez nos cerca de 100 anos de história da HISP, com relevo para os
numerosos casos de referência concretizados no último quarto de século de
promoção ativa de Habitação a Custos Controlados (HCC) apoiada pelo INH/IHRU.
Abordam-se, em seguida, os aspetos de reflexão
prospectiva sobre o que poderá ser a nova HISP de um modo mais sistemático, em
termos dos diversos níveis físicos residenciais e urbanos considerados: vizinhança alargada; vizinhança próxima ou
de proximidade; edifício multifamiliar; edifício unifamiliar; habitação. Sempre
que é considerado pertinente discute-se, também, a aplicação de variadas e
inovadoras tipologias, designadamente, em termos de edifícios multifamiliares.
Em
cada nível físico a abordagem é realizada através de uma reflexão qualitativa
ampla e diversificada, utilizando-se uma grelha qualitativa que foi,
anteriormente, devidamente estudada e discutida; em todo este desenvolvimento
aproveita-se, ao máximo, o acompanhamento de muitos conjuntos de HISP, que tem
sido possível, em alguns casos, ao longo de uma sua já significativa “vida”; condição esta que se reflete também
numa numerosa ilustração comentada, que vai seguindo a evolução temática do
texto, mas que possui significativa autonomia de leitura.
1. Introdução ao artigo e respetivo
enquadramento na série editorial
No presente artigo, que
é o penúltimo desta série editorial, e antes de uma síntese final dos aspetos
julgados essenciais no desenvolvimento da Nova Habitação de Interesse Social
Portuguesa (NHISP), a realizar no último artigo da série (N.º 8),
desenvolvem-se os aspetos de apreciação prospectiva do que poderá ser a nova
HISP, de um modo, agora, mais sistemático, abordando-se os diversos diversos
níveis físicos urbanos e residenciais – das vizinhanças alargada e próxima, aos
diversos tipos de edifícios e acabando na pormenorização das habitações –
através de uma reflexão qualitativa ampla e diversificada aplicada a cada um
desses níveis físicos (utilizando-se uma grelha qualitativa devidamente
estudada e discutida), e aproveitando-se o acompanhamento destes conjuntos, que
tem sido já possível, em alguns casos, ao longo de uma sua já
significativa “vida” (ex., conjuntos
realizados na década de 1990 contam já com cerca de 20 anos de vivência).
Sublinha-se que a
referida caracterização qualitativa, bem como a estruturação em níveis físicos urbanos e residenciais atrás apontada, utiliza uma listagem de níveis físicos e
uma grelha de aspetos/rumos fatores de análise e de qualidade arquitectónica
residencial estudadas e desenvolvidas numa tese de doutoramento sobre “Qualidade
Arquitectónica Residencial", realizada no Núcleo de Arquitectura e
Urbanismo (NAU) do LNEC, apresentada e defendida na Faculdade de Arquitectura
da Universidade do Porto em 1995 e
posteriormente editada em diversos livros da Livraria do LNEC – todos na
Colecção Informação Técnica Arquitectura ITA: Habitação e Arquitetura:
“Contributos para uma habitação e um espaço urbano com mais qualidade” (ITA 12,
2012); “Qualidade arquitectónica
residencial. Rumos e factores de
análise” (ITA 8, 2000); e “Do bairro
e da vizinhança à habitação. Tipologias
e caracterização dos níveis físicos residenciais” (ITA 2, 1998). Relembrando-se que a referida grelha foi instrumental nas
análises retrospectivas ou de pós-ocupação realizadas ao parque de HISP
realizado neste período temporal apoiada pelo INH/IHRU.
No
que se refere à estrutura desta série editorial, dirigida para uma reflexão prática sobre o
desenvolvimento da qualidade arquitectónica e da satisfação residencial na Nova
Habitação de Interesse Social Portuguesa (NHISP) que está ainda em falta, lembra-se
que:
. nos primeiros três artigos foi realizada uma síntese (naturalmente,
sempre pessoal) sobre os principais
casos de referência habitacional e arquitectónica da promoção de HISP até à
criação do Instituto Nacional de Habitação (INH, atual IHRU) em 1984;
. em seguida, no quarto artigo
da série, avançou-se para uma caracterização
sintética da Habitação de Interesse Social Portuguesa (HISP), oficialmente
designada por “Habitação de Custos Controlados” (HCC), desenvolvida em Portugal
a partir do referido ano de 1984, e designadamente nas décadas de 1980, 1990 e parte da de 2000, associada à
atividade do INH/IHRU;
. depois, no quinto artigo da
série, focaram-se os aspetos
qualitativos mais e menos positivos, que se julga terem estado mais presentes
nessa última fase de promoção de HISP (apoiada pelo INH/IHRU),
privilegiando-se uma perspectiva, que poderemos considerar “didática” ou
informativa, de identificação sistemática e, julga-se, minimamente desenvolvida
dos referidos aspetos menos positivos, ainda que caraterizando, frequentemente,
situações pontuais e felizmente pouco frequentes; e sempre num desenvolvimento
entremeado e comentado por apontamentos do que se julga poder/dever ser a
presente e futura HISP;
. no sexto e último artigo editado desta série
editorial desenvolveram-se, de uma forma razoavelmente integrada, alguns
aspetos amplos de apreciação prospectiva do que poderá ser a nova Habitação de
Interesse Social Portuguesa (HISP), incluindo os processos promocionais, as respetivas intervenções
urbanas e sociais e os seus desejáveis aspetos em termos de ampla
sustentabilidade, aproveitando-se o
acompanhamento destes conjuntos, que tem sido possível, em alguns casos, ao
longo da sua já significativa “vida” (entre cerca de 20 a 30 anos);
No presente e penúltimo artigo (temático) desta
série, e antes de uma síntese final dos aspetos julgados essenciais nesta
problemática (a realizar no oitavo e último artigo da série), abordam-se os
aspetos de reflexão prospectiva sobre o que poderá ser a nova HISP de um modo
mais sistemático, em termos dos diversos níveis físicos residenciais e urbanos
considerados; das vizinhanças,
passando por diversos tipos de edifícios e chegando aos interiores privados das
habitações.
Salienta-se
que a ilustração de todos os artigos usa fotografias de bons exemplos de Habitação
de Interesse Social Portuguesa (HISP), desenvolvidos durante os respetivos
períodos temporais, sendo que na abordagem prospectiva da nova HISP (artigos 6
a 8) houve um cuidado acrescido no sentido de uma numerosa seleção dos exemplos/imagens e da elaboração dos
respetivos comentários em legenda, que procuram acompanhar, naturalmente, o
desenvolvimento do texto, mas que possuem, quase sempre, ampla autonomia de
leitura, abordando, frequentemente, diversas características do
conjunto apresentado (textos baseados nas “fichas” de empreendimentos
integradas no livro, do autor, intitulado “Instituto Nacional de Habitação,
1984 – 2004: 20 anos a promover a construção de habitação social”, 2006); salienta-se,
ainda, que nos casos de imagens ilustrativas de interiores de fogos ocupados a
sua proveniência é sempre de casos de HISP, mas não é, naturalmente, especificada.
Relembra-se
que as matérias abordadas desde o 4.º ao 8.º artigos são diretamente baseadas,
tal como se registou no texto de apresentação (Artigo n.º 1), em estudos
teórico-práticos, reflexões/discussões e visitas técnicas e multidisciplinares
a um grande número e a todo o leque promocional de conjuntos de HCC (cooperativa,
municipal e privada), destacando-se:
. as pormenorizadas e amplas análises
retrospectivas ou de pós-ocupação, desenvolvidas por uma equipa multidisciplinar do Departamento de
Edifícios do LNEC em três campanhas distintas e que incluíram, para além das
análises téc+nicas ao projeto e à obra concluída e habitada, entrevistas a interlocutores privilegiados
(ex, projetistas, promotores e gestores) e mesmo alguns inquéritos directos aos
habitantes;
. e as mini-análises de pós-ocupação,
desenvolvidas em períodos temporais curtos, mas extremamente numerosas e, sistematicamente
participadas por um leque muito qualificado de intervenientes (júri do Prémio
INH/IHRU e projetistas e promotores de cada conjunto habitacional visitado) e
cumprindo-se uma regra de análise rigorosa (sessão de apresentação, visitas
pormenorizadas e sessão de debate).
Volta
a registar-se, em termos de enquadramento ao conjunto dos artigos n.º 4 ao n.º 8, que o relevo dado à promoção
de HCC, apoiada pelo INH/IHRU, como base de referência, relativamente próxima,
ao desenvolvimento da nova HISP, resulta de essa promoção de HCC ter sido ela
própria especificamente enquadrada, em termos recomendativos oficiais –
Recomendações Técnicas para Habitação Social, RTHS – e em termos técnicos – enquadramento
direto pelos técnicos do INH/IHRU de Lisboa e do Porto – no sentido de se obter
um expressivo acréscimo qualitativo relativamente à produção de HISP que a
antecedeu, designadamente, nos anos mais próximos.
A
ideia fundamental que se propõe nesta série editorial é, assim, a de propor um
avanço prospectivo no que se refere a um sequencial acréscimo qualitativo nas
diversas facetas da satisfação habitacional e urbana associada aos conjuntos de
HISP, retirando-se ensinamentos e registando-se aspetos e casos de referência
na promoção de HISP já desenvolvida e, consequentemente, procurando reduzir e
anular os respetivos aspetos menos positivos e potenciar aqueles mais positivos identificados através
de análises técnicas que incluem, naturalmente, a opinião dos respetivos
moradores.
Este avanço prospectivo
tem, portanto, em conta a experiência havida ao longo de cerca de 100 anos de
prática e de estudos, simbolicamente marcados pelo início do grande Bairro
Social do Arco do Cego, em 1918, com um natural destaque para o que se
consideram ser os muito ricos mais de 20 anos de apoio a uma promoção muito
activa de Habitação a Custos Controlados (HCC) pelo INH/IHRU, marcados por uma
experiência temporalmente muito próxima, bem fundamentada nas melhores experiências
anteriores, profundamente variada e metodicamente acompanhada em termos
técnicos e científicos.
Considerando-se que,
hoje em dia, é possível identificar uma ampla base de dados sobre a melhor
concepção de conjuntos residenciais, em geral, e de HIS em particular, embora
pouco partido e aproveitamento pareça ser retirado, correntemente, de tal
potencial de conhecimento – preferindo-se habitualmente “tábuas rasas” sem
sentido e sempre perigosas quando em presença de populações sensíveis –, parece
ser bem oportuno e estratégico privilegiar a cuidadosa aplicação dessa
experiência e desse conhecimento, visando-se, designadamente, a melhor
satisfação de diversos modos de vida e a ponderada adequação a diversos hábitos
domésticos e a distintas, emergentes e críticas necessidades espaciais,
funcionais e em termos de apropriação – por exemplo, fogos, edifícios e
vizinhanças que facilitem e estimulem o dia-a-dia dos idosos.
Embora a série fique tematicamente “fechada” com o seu oitavo artigo fica sugerida a possibilidade de existir um novo artigo suplementar, ou até eventualmente mais do que um novo artigo, conjugando eventuais contribuições e comentários que, entretanto, nos sejam enviados com tal objetivo, e/ou apresentando de forma ilustrada e extensamente comentada alguns casos de referência da última HISP.
Fig. 1: promoção privada no CDH da Obiave, realizada de
forma faseada e em estreita relação com a respectiva Câmara Municipal, no Alto
da Pêga em Vila do Conde (um pouco mais de 200 fogos e equipamentos) com
projecto do Arq.º J.J. Silva Garcia, 2002; este conjunto com alguma dimensão
está estruturado por um expressivo sentido urbano, é estrategicamente
densificado e evidenciadamente pedonalizado e está muito bem marcado pela
escala humana (ver as entradas dos edifícios).
Neste conjunto harmonizaram-se os
tráfegos de peões e veículos, seja em espaços específicos, seja em zonas mistas
e bem pormenorizadas, dinamizando-se a vivência residencial de ruas e de
interiores de quarteirão, criando-se um troço de cidade com vida própria e
atraentemente repartido em vizinhanças de proximidade
caracterizadas por diversas singularidades
urbanas, mas mantendo-se a unidade do conjunto. A imagem envolvente do conjunto
é mais forte do que a imagem dos interiores de quarteirão, marcados pelo ritmo
das escadas e por alongado edifício térreo onde se integra uma galeria de
equipamentos. Tal como referiu o Arq. Duarte Nuno Simões, que integrou o Júri
do Prémio INH que visitou este conjunto, “tornou-se doméstico uma parte do
espaço urbano”; e eu juntaria que é isso
mesmo que importa fazer, sistematicamente, na concretizaçãoo de nova HISP.
2. Vizinhança Alargada de Habitação de Interesse Social
Na presente e futura
promoção de habitação de interesse social consideram-se os seguintes objectivos
de qualidade a alcançar ao nível das vizinhanças alargadas ou conjuntos de
vizinhanças de proximidade; faz-se notar que os melhores empreendimentos de
HCC/HIS realizados na última fase de promoção deste tipo de habitação pelo
INH/IHRU foram sistematicamente usados como fontes de identificação de
grande parte dos aspectos, em seguida, referidos.
(Nota:
em cada uma das facetas qualitativas os aspetos são apontados em ordem
alfabética)
Acessibilidade
. Integração urbana – desenvolvimento de uma adequada integração ou conjugação urbana,
ligada à associação entre pólos de relação com as envolventes e equipamentos
bem vitalizados, e à separação e adequado tratamento físico e
urbano/residencial dos tráfegos de passagem e local. A disseminação de pequenos conjuntos no meio
urbano preexistente é vantajosa para tal condição.
. Espaços públicos pedonais – exigência de adequado arranjo e equipamento dos
espaços públicos pedonais, sempre muito próximos do olhar; tal exigência é
tanto mais crítica quanto maior o espaço.
. Hierarquia de acessibilidades – sistematização hierárquica da acessibilidade regida
por: estratégica espaciosidade residencial, continuidade urbana pontuada por
soluções de integração de tráfegos, alternativas de relação pedonal com a
envolvente e clara e estratégica capacidade de referência.
. Transportes públicos – reforço da acessibilidade por transportes públicos eficazes e
agradáveis.
Comunicabilidade
. Relações urbanas
– privilegiar relações de comunicabilidade urbana caracterizadas por:
enquadramentos edificados significativos, "pontos" de vista
estratégicos, imagens caracterizadoras do conjunto, vistas de ruas com
continuidade e de espaços residenciais bem confinados e abrigados, grandes
enfiamentos urbanos marcados por equipamentos, sequências basicamente pedonais
e estimulantes, relações francas com zonas naturais e continuidades funcionais estimulantes
com espaços contíguos.
Espaciosidade
. Tipologias edificadas – aplicar tipologias unifamiliares densificadas e pequenos edifícios multifamiliares
com afirmadas continuidades de espaço público, privilegiando quarteirões
bastante fechados e com escala humana, levando ao limite o equilíbrio entre
larguras dos espaços públicos e alturas dos edifícios confinantes e
reflectindo, funcionalmente, essa ocupação densificada no tratamento do espaço
público.
. Integração paisagística – integrar volumetricamente os novos empreendimentos em
relação com os edifícios preexistentes e com o respectivo meio natural.
. Espaços públicos
– evitar, a todo o custo, quaisquer excessos de espaço público, bem como zonas
públicas residuais, porque sem funções claramente definidas (ex., lazer,
enquadramento e representação); o enquadramento é aqui sugerido como exemplo de
função, embora se possa considerar que ele deva ser, sempre que possível,
associado a outras funções mais “efectivas”, como, por exemplo, a
acessibilidade e o recheio com verde urbano.
. Usos públicos
- assegurar o aproveitamento total dos espaços exteriores urbanos.
Capacidade
. Ocupação – não
aceitar soluções com espaços sobrantes/descaracterizados.
. Continuidades
– desenvolver continuidades de espaços públicos expressivamente duráveis e com
manutenção simplificada.
. Estacionamentos
– aplicar soluções diversificadas e repartidas, no que se refere ao
estacionamento de veículos, desenvolvendo-se uma integração
"camuflada" e útil de zonas exteriores de estacionamento e garagens
colectivas.
. Equipamentos coletivos – conjugar os pólos de equipamentos com as principais
zonas de acesso, prevendo-se, sempre, pelo menos, um mínimo de equipamentos de
uso diário, mesmo em conjuntos com dimensão reduzida, a não ser que eles já
existam na respectiva envolvente urbana.
. Organização –
polarizar novos conjuntos em torno de espaços públicos onde se integrem equipamentos
de recreio ou desporto.
. Integrações –
desenvolver uma estratégia de conjugação dos equipamentos com a respectiva continuidade
edificada residencial, evitando-se, a todo o custo, situações de quebra de
continuidade urbana provocadas pela integração de equipamentos colectivos.
Fig. 2: conjunto de 77 fogos da cooperativa COOHAFAL no Funchal,
com projeto dos arquitectos (referência em ordem alfabética) Duarte Cabral de
Mello, João Francisco Caires e Maria Manuel Godinho de Almeida (1992); uma
afirmada e amigável vizinhança próxima que é muito marcada pela escala e uso
humanos, como se as habitações se prolongassem, com naturalidade, pelo exterior
contíguo, ele próprio caracterizado por uma evidente domesticidade.
Trata-se de um pequeno quarteirão vitalizado pela envolvente
urbana e interiormente pedonal e protegido, apoiando o recreio infantil e o
lazer num jardim maximizado e com excelente capacidade de uso. Aliou-se o
proveito plástico das situações de esquina e de canto ao seu aproveitamento, no
interior doméstico, com vãos especiais e varandas fundas e a uma protecção
cuidada das proximidades entre espaço público e privado (ex. grandes canteiros
contíguos e privatizadores das varandas térreas). Destaca-se também o
expressivo cromatismo, marcado pelo soco conjugado com o “verde” urbano e com
os passeios, pelos corpos assinalados pelo verde escuro das gelosias, e pela
“cimalha” evidenciada pela cor e por um tratamento específico da fenestração;
tudo rematado por um telhado proeminente e protector.
Funcionalidade
. Continuidades
– desenvolver continuidades urbanas que possam ser, pelo menos, minimamente
vitalizadas, designadamente, através de um equipamento estratégico e associado
com as acessibilidades rodoviária,
pedonal e em transportes públicos. E não tenhamos dúvida de que é muito mais
útil um pequeno pólo de equipamentos vivo, do que um longo enfiamento de
espaços para equipamentos vazios e, potencialmente, vandalizados.
. Visibilidades
– estruturar os espaços públicos através de vistas dirigidas para motivadoras
sequências de edifícios e espaços exteriores onde se integrem, com sobriedade,
os respectivos elementos funcionais.
Conforto/agradabilidade
. Sossego acústico
– privilegiar soluções que favoreçam o conforto acústico em meio residencial,
designadamente, por hierarquização rodoviária, margens ou impasses rodoviários,
zonas pedonais ou mistas contíguas a grande número de fogos e pequenos
estacionamentos bem concentrados.
. Continuidades
– assegurar a continuidade da forma urbana e o seu relacionamento com espaços
exteriores bem definidos, numa perspectiva que privilegie a protecção contra
intempéries, designadamente, contra o vento, o sol em excesso e a própria
chuva. E destaca-se que, por exemplo, grandes galerias comercialmente
vitalizadas constituem também verdadeiros abrigos alongados.
. Verde urbano
– favorecer condições de conforto higrotérmico e, mesmo, psicológico, por
desenvolvimento de uma significativa componente "verde", numa
perspectiva que faz evidenciar a importância de um estudo paisagístico que vise
a rápida disponibilização e adequação local/regional da vegetação urbana,
condições estas dinamizadoras do uso do espaço exterior.
. Pedonalização
– desenvolver estratégias integradas de circulação pedonal exterior,
associando-se todas as condições potencialmente disponibilizadas no espaço
exterior e na envolvente dos espaços edificados, através da criação de redes
estratégicas para andar a pé com um máximo de condições de conforto, segurança
e vitalização, designadamente, por relações rítmicas com várias actividades e
cenários (por exemplo: lojas, esplanadas, quiosques, bancos de jardim, sombras
de árvores, contiguidades com portas privativas ou comuns de habitações e
edifícios habitacionais, paragens de transportes públicos, etc.).
Durabilidade
. Espaços de uso público – o espaço público deve integrar elementos naturais e
construídos muito duráveis, adequados aos usos e ao clima local, fáceis de
manter nas melhores condições de uso e aparência, garantindo um efeito visual
rapidamente estabilizado, associados a boas condições funcionais e visuais de
envelhecimento (envelhecendo bem, em termos de uso e de uma eventual mutação de
aspecto, atraente e caracterizadora) e articulados com eficazes condições de
demarcação e responsabilização de todos os espaços exteriores, incluindo
adequadas condições de gestão local de proximidade e em continuidade.
. Manutenção e gestão – solução de espaço público e a solução de gestão e manutenção
corrente do mesmo devem ser integradas, numa perspectiva de auto-sustentação,
apoiada em diversos processos e intervenientes e acompanhada por um metódico
acompanhamento da evolução das condições locais, reduzindo-se ou mesmo,
desejavelmente, anulando-se a progressiva degradação do exterior, que muitas
vezes, está associada ao desenvolvimento de ciclos viciosos de más condições de
durabilidade inicial, más condições de gestão local e maus usos ou mesmo
vandalismo.
Fig. 3: conjunto de 45 fogos da cooperativa
CHC na Senhora da Saúde em Évora, Arq.
Rui Russo (2005); pequena intervenção de
realojamento para pessoas muito carenciadas e que foi realizada por uma
cooperativa, ficando evidenciada a relação
entre a simplicidade do edificado, a dignidade e a forte escala humana do
conjunto; o exterior complementa os usos do interior doméstico, em termos do
recreio de crianças, logo ali bem perto das janelas das habitações.
Segurança
. Visibilidades
– a visibilidade de segurança e o acompanhamento dos utentes no espaço público
deve ser assegurada por: bimarginalidade das ruas, quarteirões com interiores
bem controlados ou mesmo privatizados, espaços públicos delimitados por
edifícios com habitação, ausência de espaços públicos pouco acessíveis e
visíveis, equipamentos exteriores em posições centralizadas e percursos
pedonais com continuidade, vitalizados e sem troços menos visíveis. Esta condição é essencial para que o espaço exterior
público seja um suporte privilegiado do recreio livre das crianças e de
permanência no exterior dos idosos e contribui, claramente, para as próprias
condições de segurança contra intrusão nos edifícios.
. Hierarquia rodoviária – não devem ser aceites "fugas" à hierarquização rodoviária,
designadamente, as responsáveis pela presença de tráfego de atravessamento; e
devem ser cuidadosamente implementadas “zonas 30” e mesmo “zonas 20” – zonas
essencialmente residenciais onde os veículos não podem circular a mais de 30
km/h ou 20 km/h.
Convivialidade
. Escala humana
– desenvolver espaços públicos de Vizinhança(s) Próxima(s) com escala humana,
adequadamente equipados e bem conjugados com números restritos de fogos,
articulados por um nível superior de espaço público animado e equipado.
. Pólos urbanos
– criar centros equipados e vitalizados por habitação e redes de
acessibilidade, desejavelmente caracterizados por figuras
"tradicionais" e funcionais de espaços urbanos, que sejam
incentivadoras do convívio natural.
. Equipamentos coletivos – articular estrategicamente os novos conjuntos
residenciais com pólos de equipamento e outras zonas, eventualmente, menos
equipadas e vitalizadas, que possam ganhar com tal associação e que tragam
“massa crítica” de vitalidade ao respectivo conjunto.
. Vitalização –
equilibrar números de fogos e equipamentos locais, procurando-se um equilíbrio
que seja veículo de uma verdadeira sustentabilidade da vida urbana local.
. Equipamentos coletivos de maior dimensão – prever cuidadosamente a localização mais
polarizadora/vitalizadora e o adequado funcionamento de grandes equipamentos
desportivos e de lazer e anular qualquer tipo de integração que constitua
situações de “barreira” à circulação pedonal.
. Diversidade de ambientes – vitalizar estrategicamente o espaço público,
através do desenvolvimento de relações opcionais de encontro e do contraste
próximo entre diferentes alternativas de privacidade e de animação urbana.
. Sequências urbanas – servir e construir a continuidade urbana através de sequências
residenciais culturalmente baseadas e com escala humana, favorecidas pela
adequada integração de equipamentos colectivos e vitalizadas por espaços
públicos úteis, não excessivos ou residuais, bem delimitados e fundidos com
tipologias residenciais claramente apropriáveis (ex., quarteirões e bandas
densas com pátios murados).
. Condomínios –
considerar que a continuidade da vitalidade urbana não pode ser prejudicada por
quarteirões privatizados por condomínios privativos, que reduzem os respectivos
passeios marginais a espaços de circulação sem vida, sem atractividade e sem
segurança (para os seus utentes, pois as câmaras aí instaladas destinam-se e
servir a segurança do interior privado do quarteirão).
. Sítios estratégicos – aproveitar/desenvolver em termos de marcação de percursos, condições
de segurança e múltiplas ocupações vitalizadoras todos os sítios estratégicos
de relação entre edifícios e espaços de uso público (ex., esquinas e
atravessamentos urbanos).
Privacidade
. Quarteirões –
considerar a ocupação integral de interiores de quarteirão – de edifícios
unifamiliares ou de pequenos edifícios multifamiliares – por pequenos quintais
privados quase totalmente escondidos das vistas públicas marginais.
. Pisos térreos
– prever um sistema adequado de soluções hierarquizadas de protecção e marcação
dos pisos térreos habitacionais (exemplos: sebe solta, jardineta conjugada com
a habitação, "varanda", pátio murado, etc.).
. Relações e transições – privilegiar a marcação afirmada dos níveis
de vizinhança (exemplos: entradas afirmadas e equipadas, "vãos" de
passagem, galerias, barreiras “verdes” e outras, sinalética, etc.).
. Diversidade (espacial e ambiental) – prever um leque adequado e variado de espaços
exteriores privados: quintais frontais (representativos) e/ou posteriores (de
serviço); pátios murados frontais e/ou ocupando o interior de quarteirões.
. Vitalização térrea – articular a habitação com outras ocupações dos pisos térreos (ex.,
comercial, estacionamento); uma articulação que, no limite e desejavelmente,
poderá prever a alteração mútua de usos entre habitação e comércio/serviços,
numa perspectiva muito adequada à adaptabilidade urbana local e à sua
respectiva vitalidade.
Fig. 4: conjunto de 20 fogos promovido pela Câmara Municipal de Manteigas (1992), em Manteigas, com projecto do Arq. Aires Gomes Almeida (Gabinete de Apoio Técnico/GAT da Guarda); este conjunto de pequenos multifamiliares agregados em torno de um espaço pedonal de uso público reinventa tipologias edificadas e de arquitectura urbana, proporcionando excelente adequação topográfica, evidente integração e mesmo valorizaçãoo paisagística, para além de uma forte apropriação dos fogos e seus quintais privativos.
Uma solução que visa a promoção das relações de vizinhança,
num “condomínio horizontal” estruturado por espaços exteriores
públicos bem delimitados e com grande continuidade espacial.
A segregação entre peões e veículos permite à-vontade no uso das sequências exteriores
pedonais, marcadas com “pontos” singulares de tratamento (ex. fontanário) e
tira partido arquitectónico das difíceis condições do local de implantação
(topografia e configuração).
O conjunto residencial apresenta uma ponderada variedade
formal e vários tipos de pequenos edifícios habitacionais multifamiliares, mas
com a imagem de agregados de pequenas moradias. Salienta-se nesta solução a
grande unidade urbana e residencial conseguida com um conjunto de edifícios
uni, bi e tetrafamiliares, variadamente desenhados e conjugados nos seus
volumes e acessibilidades privativas e comuns.
Ao entrarmos nos fogos, frequentemente por acessos
privativos e directos, a partir da rua, impressionam os caixilhos de madeira
das janelas, e as amplas cozinhas de serviço e de convívio (que suportam mesas
centrais). Os quintais privativos posteriores, contíguos aos quartos, demarcam
a zona de intervenção e contrapõem um “mundo” íntimo ao mundo “quase” público,
da estimulante ruela de vizinhança.
Adaptabilidade
. Diversidade racional – aplicação de um processo sistemático de concepção diversificada do
espaço urbano, baseado no fogo-tipo, associado em edifícios com variantes e
gerando espaços urbanos com carácter unificado, mas variados e dinamizados.
. Grão urbano “fino” – considerar que a adaptabilidade urbana é favorecida por diversas
medidas: edifícios fáceis de integrar em pequenos retalhos urbanos; reserva de
pequenos espaços, não geradores de descontinuidades, para a posterior
introdução dos equipamentos; um pequeno/equilibrado excesso em termos de
espaços previstos e construídos para equipamentos; integração de equipamentos
aproveitando desníveis e/ou em boa parte integrados nos edifícios
dominantemente habitacionais.
Apropriação
. Gestão local
– assegurar o acompanhamento próximo e continuado do período de estabilização
dos empreendimentos pelos respectivos promotores directos, anulando-se
rapidamente processos de apropriação menos positivos, fomentando-se a autonomização
da vida urbana do conjunto com a participação dos seus habitantes e
privilegiando-se a autonomização das intervenções numa perspectiva
estrategicamente alargada; de certa forma o que se pretende é que um dado
promotor assegure a viabilidade e sustentabilidade de um dado conjunto urbano e
residencial por ele promovido e não, simplesmente, a respectiva realização em
“pedra e cal”.
. Representatividade ou urbanidade – desenvolver espaços públicos representativos da
globalidade do empreendimento, assegurando-se a introdução pontual de elementos
artísticos, que sejam indutores de apropriação e identidade local.
. Participação e informação – incentivar a participação informada dos habitantes
em diversos aspetos da gestão local e, designadamente, na escolha de
equipamentos colectivos e elementos representativos a instalar localmente.
. Participação direta dos habitantes – apoiar e enquadrar a participação directa dos
habitantes no arranjo natural e na manutenção de uma hierarquia de espaços
associados a edifícios: quintais privativos preenchendo interiores de
quarteirão; jardinetas frontais fundidas com pisos térreos; espaços públicos
representativos ligados a edifícios. Salienta-se ser este um caminho duplo e
eficaz, tanto na garantia de maior satisfação residencial pela referida
apropriação e pela oferta de diversas condições de vida diária (também factor
de apropriação), como na expressiva redução dos custos públicos de manutenção
do espaço exterior; e basta visitar alguns espaços concretos para confirmar esta
afirmação (exemplos evidentes nos bairros de Alvalade e de Olivais Norte –
Encarnação, ambos em Lisboa, e com soluções e imagens urbanas totalmente
distintas).
Atractividade
. Sequências – desenvolver
sequências de "entrada-saída" bem memorizáveis (caracterizadas por
uniões de edifícios e espaços públicos), continuidades urbanas alternativas e
ritmadas integrando articulações/mudanças de direcção, e elementos bem
conhecidos do vocabulário urbano tradicional/corrente.
. Dignidade de imagens – assegurar a sobriedade e dignidade da arquitectura urbana edificada,
cuidando-se de uma adequada composição pormenorizada das fachadas, marcando-se
esquinas, remates ao solo, ao céu e, por vezes, empenas e topos de banda,
atentando-se à estratificação horizontal de edificações alongadas e baixas e
atendendo à capacidade de expressão urbana de certos elementos de
pormenorização e humanização.
. Continuidades
– aproveitar e tirar partido volumétrico de significativas continuidades
edificadas (ex., bandas cerradas de edifícios unifamiliares com pátios murados).
. Superfícies marcantes – desenvolver um aproveitamento superficial evidenciado de
revestimentos de fachada de elevada durabilidade e também com aparência de
grande durabilidade (ex., tijolo maciço, socos e bordaduras em pedra, alguns elementos
cerâmicos).
Domesticidade
. Imagens marcantes – privilegiar a aproximação de pequenos edifícios multifamiliares à
imagem de conjuntos de unifamiliares;
associando-se, assim, parte das vantagens funcionais e de imagem de uns e de
outros.
. Escala humana
– aliar a dignidade e a sobriedade da imagem urbana ao dimensionamento de
conjuntos residenciais com escala humana e sentido de vizinhança.
. Integração global (paisagísitica e cultural) – desenvolver soluções de reforço da expressão
de horizontalidades edificadas, de aplicação evidenciada de materiais naturais
e de radicação na cultura edificada e urbana local/regional.
. Contemporaneidade – privilegiar alianças entre caracterização residencial e arquitectura
urbana contemporânea.
Integração
. Continuidades de imagens – assegurar uma agradável e relativa continuidade de
imagens urbanas entre o novo conjunto e a respectiva envolvente.
. Densificação
– densificar cuidadosamente o novo empreendimento, assegurando-se contrastes urbanos
harmonizados e adequados à respectiva paisagem urbana e natural, e
favorecendo-se o convívio natural no espaço público e a identidade local – esta
em boa parte construída neste mesmo espaço público.
. Escala humana
– utilizar tipologias de baixa altura, alta densidade e forte ocupação do solo,
associadas, designadamente: ao desenvolvimento de espaços exteriores
privatizados; a um tratamento das fachadas que faça rebaixar, aparentemente, a
escala geral; ao privilegiar de revestimentos exteriores dos edifícios
duráveis, fáceis de manter e caracterizados por texturas e cores naturais; a
uma forte conjugação com elementos de vegetação e espaços ajardinados; e
considerando-se as potencialidades da arquitectura da cor, em edifícios com
tonalidades variando com a incidência solar, que enriquecem a paisagem urbana e
facilitam condições de identificação/orientação.
. Topografia – harmonizar
e conjugar expressivamente as malhas urbanas e as condições topográficas
locais, preenchendo-se os espaços urbanos deixados vagos com tipologias
adequadas, mantendo-se e valorizando-se preexistências construídas e naturais e
considerando-se a relação com aspectos culturais locais/regionais.
. Verde urbano
– desenvolver arranjos exteriores com uma assinalável componente
"verde", mas expressivamente sóbrios e dignos, valorizando-se a
arquitectura urbana edificada e a estrutura básica do espaço público.
Fig. 5: na parte superior da figura, duas imagens do conjunto de 53 fogos da C.M. do Porto no Monte de
São João (2003), com projecto dos arquitectos Rui Almeida e Filipe Oliveira
Dias; na parte inferior da figura duas imagens do conjunto de 10 fogos da C.M. de Esposende (2002),
da Arq.ª Ana Valente.
No caso do Porto trata-se de uma solução urbana convivial, na sua vizinhança
de proximidade e muito bem integrada na cidade; condições bem ligadas entre si
pois convívio vicinal e vida citadina são faces da mesma moeda; é ainda fundamental
sublinhar a pequena dimensão física e social deste conjunto, que lhe
proporciona uma boa capacidade de positiva “absorção” no tecido urbano
preexistente.
Salienta-se a cuidada mistura de soluções, seja entre
equipamentos e habitação, mutuamente vitalizados, seja entre tipologias de
acesso aos fogos (escadas e pequenas galerias exteriores). As galerias estão nos
sítios mais adequados em termos de uma equilibrada vitalização do convívio de
vizinhança e são atraentemente evidenciadas; os equipamentos ligam-se à
continuidade urbana; e o estacionamento comum tem acesso no local mais
favorável e aproveita a luz natural proveniente do grande terraço pedonal e de
lazer que o cobre e preenche o miolo da vizinhança.
No caso de Esposende estamos em presença de uma tipologia unifamiliar em banda
de tal forma densificada que a sua imagem corresponde à de um edifício
multifamiliar alongado e marcante em termos de continuidade urbana; outro
aspecto a destacar é a exemplar integração desta banda num local de baixa
densidade e de transição com um ambiente rural.
No conjunto dos espaços interiores, exteriores e de transição
interior/exterior que constituem cada habitação, salienta-se o seu equilibrado dimensionamento,
a sua funcionalidade e a sua articulação, em ricas e diversificada sequências
volumétricas e ambientais (ex. pátio de representação, passagem sombreada, pátio
de serviço, e quintal hortícola).
Em qualquer um dos casos temos excelentes soluções de Arquitectura urbana em o que importa mais é isso mesmo: a grande fusão
entre o edificado e a vizinhança – e sublinha-se que são pequenas e logo mais
sustentáveis vizinhanças (grupos de 53 e de 10 fogos, respetivamente, na grande
e na pequena cidades); o edifício passa protagonismo “para cima”, para a
vizinhança, e “para baixo”, para a habitação (o fogo), produzindo-se em
qualquer um dos casos excelentes soluções de vizinhança e de fogo.
Para além disto temos aqui muito interessantes pesquisas práticas tipológicas, afirmando-se,
em cima na imagem, no Porto, um pequeno e íntimo quarteirão equipado e com
miolo pedonal, naturalmente gerador de um pequeno e vitalizado pólo de
equipamentos de vizinhança, e, em baixo na imagem, em Esposende, uma banda
compacta de unifamiliares que, embora com grandes quintais alongados a tardoz,
apresenta frontalmente uma evidente e marcante fachada urbana, capaz de
assegurar estratégicas continuidades urbanas.
3. Vizinhança Próxima (VP) de Habitação de Interesse Social
Na presente e futura
promoção de habitação de interesse
social consideram-se os seguintes objectivos de qualidade a alcançar ao nível
das vizinhanças próximas; faz-se notar que os melhores empreendimentos de
HCC/HIS realizados na última fase de promoção deste tipo de habitação pelo
INH/IHRU foram sistematicamente usados como fontes de identificação de
grande parte dos aspectos, em seguida, referidos. (Nota:
em cada uma das facetas qualitativas os aspetos são apontados em ordem
alfabética)
Acessibilidade
. Pedonalidade
– os percursos pedonais devem ser cuidadosamente pormenorizados (escadarias com
degraus baixos e alongados) e devem existir rampas alternativas a percursos
obrigatórios com escadas.
Capacidade
. Equipamento local – em todas as vizinhanças com mais de 60 fogos devem existir: locais
de recreio de crianças, locais de recreio de jovens, locais de estar e reunir
para adultos e idosos, espaços verdes, e pelo menos dois espaços de comércio e
serviços de apoio à habitação e desejavelmente com carácter convivial
(geralmente café/restaurante e mercearia/mini-mercado). A previsão do tipo e da quantidade de espaços
públicos acima referidos dependerá, naturalmente, da dimensão do conjunto
residencial, sendo desejável o desenvolvimento de uma tabela recomendativa
específica.
. Diversificação
– desenvolver espaços públicos diferentes e diversamente tratados para se
dinamizarem variadas actividades de exterior que complementem os espaços dos
fogos.
. Estacionamento automóvel – o número de lugares de estacionamento deve ser
adequado às necessidades de uso presente, e à sua evolução prevista para o
futuro próximo.
. Mobiliário urbano – instalar mobiliário urbano nos espaços exteriores públicos: bancos,
papeleiras, recipientes de recolha de lixo, luminárias com aparência condigna,
bebedouros, telefone público, etc.; também esta previsão deverá ser ordenada
por uma tabela recomendativa específica, designadamente, no que se refere a
elementos de mobiliário urbano considerados essenciais.
Funcionalidade
. Verde urbano e manutenção – desenvolver espaços verdes urbanos com características
que permitam uma reduzida manutenção e o máximo recurso a meios mecânicos.
. Redes –
conjugar os traçados das redes enterradas com o arranjo de espaços exteriores.
. Verde urbano escolhido – utilizar apenas elementos verdes correntes e
rústicos, adequados às condições locais e que exijam reduzida manutenção;
habitualmente tais tipos de elementos terão uma importante representação de
espécies vegetais "autóctones".
. Usos não habitacionais – prever todos os problemas funcionais decorrentes da
existência de espaços não habitacionais, designadamente, os aumentos de tráfego
e de estacionamento.
Fig. 6: conjunto de diversas cooperativas da zona de Lisboa
integradas na FENACHE, a NHC - Nova Habitação Cooperativa, a CMLCOOP e a Cooplar
de Moscavide, realizado em articulação com a C.M. de Lisboa e com projecto dos
arquitectos Rui Pedro Cabrita e Miguel Ângelo Silva (1994).
A vizinhança de proximidade e de enquadramento do edificado
está criada de forma coesa e bem marcada, através de uma ampla e regular zona
exclusivamente pedonal equipada com um jardim urbano e com um parque infantil;
a gestão e manutenção desta zona entre bandas edificadas é da CM de Lisboa,
enquanto os grande canteiros frontais (do outro lado dos edifícios e aqui não
visíveis), em boa parte preenchidos com roseiras, são da responsabilidade das
cooperativas e custeados por uma pequena parcela integrada no valor do
condomínio. Este espaço entre edifícios é naturalmente sossegado e protegido do
tráfego em geral, sendo estrategicamente visível de muitas janelas.
O espaço urbano que foi cuidadosamente preenchido e bem aproveitado
pelos projectistas era um “vazio urbano” distribuído por duas zonas muito
próximas mas distintas (que foram desenvolvidas em duas fases de construção
referindo-se a imagem à segunda fase) e situava-se/situa-se entre uma importante
via de trânsito e diversos troços de uma velha e em parte inativa ocupação
industrial, tendo-se desenvolvido um verdadeiro processo de regeneração urbana
e paisagística aplicado em duas fases distintas com cerca de 150 fogos cada.
Em termos de método global podemos
salientar que para a cidade o conjunto vira uma fachada caracterizada pela continuidade,
sobriedade, horizontalidade e mesmo algum sentido doméstico (em agradável contraponto
com o verde urbano de enquadramento), enquanto no percurso de acessibilidades aos
edifícios e entre as suas bandas encontramos elementos de reforço da escala humana,
com relevo para as rebaixadas entradas comuns, para as grelhagens domésticas,
para alguns equipamentos de vizinhança e naturalmente para um verde urbano
diversificado e atraente.
Conforto
. Vias de tráfego – assegurar o afastamento de vias de tráfego
intenso ou outras fontes de ruído relativamente a edifícios de habitação e a
espaços exteriores de estar, ou devem existir barreiras acústicas.
. Vistas –
anular vistas sobre espaços ou elementos desagradáveis (contentores de lixo,
depósitos de gás, postos de transformação, espaços de serviço, espaços de
cargas e descargas, etc.).
. Insolação – os
espaços exteriores devem possuir insolação directa na maior parte da sua área,
e devem existir elementos que proporcionem sombreamento no período de Verão;
. Ventos – cuidadosa
protecção dos espaços exteriores relativamente aos efeitos dos ventos
dominantes, em particular os espaços de jogo e recreio de crianças e jovens.
. Chuva –
disponibilizar zonas exteriores protegidas da chuva.
Durabilidade
. Pavimentos – os
revestimentos exteriores a aplicar em pavimentos deverão caracterizar-se por
elevada durabilidade, resistência e proteção relativamente a acções de
vandalismo e usos menos adequados; os usos exteriores são potencialmente muito
desgastantes.
. Mobiliário urbano – todos os elementos de mobiliário urbano a aplicar deverão possuir
características físicas anti-vandalismo; esta exigência será, no entanto, mais
crítica em conjuntos habitacionais cuja população seja pouco conhecida, esteja
pouco enquadrada em termos de apoio social e/ou esteja associada a registos
prévios em termos de maus usos e prática de actos de vandalismo.
. Vandalismo – as
zonas mais acessíveis das fachadas e empenas de edifícios, bem como dos muros
que bordejam espaços públicos, deverão ser resistentes a acções de vandalismo
e/ou facilmente recuperáveis (ex., o isolamento térmico pelo exterior deverá
ser adequadamente protegido nas suas zonas mais acessíveis).
. Verde urbano
–utilizar apenas elementos "verdes" correntes, que evitem a
degradação e o roubo de espécies vegetais.
. Manutenção – a
atribuição de responsabilidade de manutenção dos espaços públicos a
Cooperativas e Associações de Moradores afigura-se uma boa solução, visto que
as Câmaras dificilmente conseguirão fazer a manutenção de todos os espaços sob
a sua responsabilidade e porque corresponde a uma eficaz auto-responsabilização
dos moradores; para que esta opção seja viável devem ser disponibilizados
apoios municipais especializados e pontuais que proporcionem o desenvolvimento
de um trabalho completo (limpeza viária, jardinagem e reparações especiais).
Segurança
. Pormenorização
– aplicar o maior cuidado na pormenorização dos espaços exteriores (ex., desníveis
de altura superior a 0,50 m protegidos, eliminação de degraus únicos inesperados,
desenho de vedações, etc.); atentar na grande proximidade da atenção dos
habitantes relativamente aos elementos que integram os espaços de uso público.
. Iluminação –
instalar iluminação nocturna em todos os espaços exteriores (vias,
estacionamentos, caminhos pedonais, entradas de edifícios, etc.) e não devem
existir fachadas cegas.
. Vias – o
sistema viário existente no perímetro da vizinhança deve ser concebido de modo
a evitar que os veículos atinjam velocidades elevadas.
. Pedonalidade
– no interior da vizinhança não devem existir vias com tráfego de
atravessamento e deve ser sempre dada uma clara prioridade aos peões; sendo de
grande importância e urgência a sistemática definição de zonas com tráfego
motorizado limitado à velocidade de 30 km/h ou mesmo 20km/h.
. Crianças – os
espaços de jogo e recreio de crianças e jovens devem estar afastados de vias.
. Passadeiras de peões – as passadeiras de peões devem estar particularmente bem assinaladas
e de forma durável.
Fig. 7: conjunto de 108 fogos promovido pela Câmara
Municipal de Matosinhos em Monte Espinho (2005/6), com projecto da Arq.ª Paula
Petiz.
Trata-se de uma pequena e muito completa malha urbana bem
pedonalizada, com forte escala humana e um extenso potencial de apropriação; os
espaços urbanos estão bem hierarquizados, embebem os equipamentos na
continuidade da edificação habitacional e proporcionam percursos estimulantes
até à porta das habitações; inventa-se uma interessante tipologia de pequenos
multifamiliares com imagem aproximada aos unifamiliares e desenvolvem-se espaços domésticos muito equilibrados e bem configurados, embora praticamente mínimos, e aproveitando ao máximo as relações diretas entre interior doméstico e exterior público ou privado.
Em termos construtivos a solução é marcada pela durabilidade
e proporcionou a construção inicial de um edifício/módulo como exemplo de
experimentação e bom conhecimento e racionalização dos respetivos aspetos e
processos construtivos, experiência esta que foi depois aplicada na dinamização
da obra em varias frentes de construção simultâneas.
Convivialidade
. Grupos de habitações – estudar e aplicar os conjuntos de fogos em vizinhança efectiva e os
agrupamentos de edifícios fortemente conjugados por espaços públicos equipados,
que se considere possam ser os mais favoráveis para o desenvolvimento natural
do convívio, designadamente, entre crianças e jovens, por sua vez motivadoras
de subsequentes relações sociais entre os habitantes mais velhos.
. Multifamiliares pequenos – parece ser desejável o desenvolvimento de
agrupamentos residenciais constituídos por pequenos edifícios multifamiliares;
por exemplo 10/15 edifícios com 6/8 fogos (cerca de 120 fogos no máximo). Esta solução de arquitectura urbana é muito
adequada ao desenvolvimento de pátios/quintais privativos servindo directamente
os pisos mais baixos e assegurando boa parte do “verde” com fruição
visual/ambiental pública.
. Número de fogos vizinhos – quando os edifícios que integram os agrupamentos
residenciais têm dimensões físicas e sociais mais significativas, por exemplo
cerca de 15 a 20 fogos cada, a manutenção do referido número total de fogos
máximo (cerca de 120) obrigaria a uma redução da amplitude geral do agrupamento
residencial e naturalmente do número de edifícios que os integram, situação
esta que poderá ser adequada em alguns casos, mas que noutros é pouco
consistente em termos de funcionalidade, agradabilidade e imagens urbanas; deste modo e nestes casos será de aceitar um
mais elevado patamar máximo de ocupação, por exemplo cerca de 200/300 fogos,
mas há que equilibrar, caso a caso, número de vizinhos, extensão do agrupamento
de edifícios e espaços exteriores contíguos e dimensão física e social dos
edifícios aí agrupados, considerando, ainda, e fundamentalmente o tipo de
promoção.
Privacidade
. Encerramento
– as vizinhanças próximas são favorecidas mediante o desenvolvimento de espaços
exteriores, pelo menos em parte, visualmente encerrados, ou claramente definidos
por elementos físicos, e onde existam subespaços com diferentes graus de privacidade;
tal como acontece nas técnicas de esboço a sugestão de encerramento apontada
por alguns elementos da vizinhança pode ser mentalmente multiplicada pelo
observador.
Adaptabilidade
. Diversidade de elementos – desenvolver e aplicar diferentes tipos de edifícios
e espaços exteriores que permitam um uso multifuncional.
. Diversidade de conjugações entre elementos – desenvolver e aplicar diferentes tipos de
edifícios articulados com diferentes tipos de espaços exteriores; atuar, assim,
verdadeiramente, ao nível de uma Arquitectura urbana de pequena escala.
Apropriação
. Polarização –
desenvolver uma zona com potencial de localização e caracterização para se
poder tornar um pequeno centro de vida pública da vizinhança, concentrando ou
marcando a localização dos respectivos espaços de jogo, recreio e reunião.
. Caracterização
– cada vizinhança tem, desejavelmente, o seu próprio carácter, responsável pela
sua identidade e pela afinidade com os seus habitantes (ex., unidade de
vizinhança bem afirmada na envolvente urbana, existência e valorização de
elementos preexistentes construídos ou naturais).
. Participação
– estimular a participação dos moradores no arranjo e manutenção dos espaços
exteriores.
|
Fig. 8: Edifício com 12 pequenos fogos T0 e T1 destinados a pessoas
isoladas e promovido pelos Investimentos Habitacionais da Madeira (IHM) no
Funchal, com projecto do Arq.º Maurílio Machado (2008).
Fazendo a passagem da abordagem da vizinhança de proximidade
para o edifício multifamiliar temos um interessante exemplo de edifício
multifamiliar bem integrado na continuidade urbana e destinado a uma nova e
crítica carência habitacional relativa a pessoas sozinhas e, frequentemente,
idosas, que podem encontrar em intervenções deste tipo, integrando pequenas
habitações e alguns espaços térreos de apoio e convívio ( com zonas interiores
e um agradável quintal/pátio a tardoz), um excelente quadro habitacional e
urbano, pois para além do que foi referido em termos da programação do
edifício, este foi inserido, estrategicamente, numa zona bem central da cidade,
proporcionando aos habitantes a manutenção de anteriores hábitos urbanos e de
vizinhança.
Faz-se ainda uma pequena nota para a
situação de preenchimento e vitalização do velho tecido urbano (“construir no
construído”, segundo o conceito apresentado num interessante livro do
arquitecto Francisco Gracia, Editorial Nerea), objetivo este muito interessante
para a cidade e que obrigando a conformações pouco regulares do edificado acaba
por proporcionar muito variadas soluções de fogos do tipo T0, condição esta
muito interessante em termos de uma escolha e apropriação iniciais pelos
habitantes – sempre no oposto ao problemático modelo igual para todos.
4. Edifício (Ed) Multifamiliar de Habitação de Interesse Social
Na presente e futura
promoção de habitação de interesse social consideram-se os seguintes objectivos
de qualidade a alcançar ao nível dos edifícios multifamiliares; faz-se notar
que os melhores empreendimentos de HCC/HIS realizados na última fase de
promoção deste tipo de habitação pelo INH/IHRU foram sistematicamente
usados como fontes de identificação de grande parte dos aspectos, em seguida,
referidos. (Nota: em cada uma das facetas
qualitativas os aspetos são apontados em ordem alfabética)
Acessibilidade
. Condicionados na mobilidade – melhorar as condições de acessibilidade para
condicionados na mobilidade, satisfazendo-se, designadamente, as seguintes condições:
não devem existir desníveis superiores a 0,08 m entre o átrio exterior do
edifício e as portas das habitações do R/C e do elevador ou devem existir
rampas alternativas; em edifícios com mais de 2 pisos deve existir um elevador
ou um espaço que possibilite a sua eventual e futura instalação.
Fig.9: pormenor do conjunto de 53
fogos da C.M. do Porto no Monte de São João (2003), com projecto dos
arquitectos Rui Almeida e Filipe Oliveira; uma estimulante marcação de entrada
de um dos edifícios do quarteirão, tão atraente e digna como bem identificável
e à escala humana.
Espaciosidade
. Espaços comuns racionalizados e adequados – utilizar estratégias para utilizar o melhor
possível as áreas dos espaços comuns, tais como, concentração de espaços,
utilização de espaços vazados não contabilizáveis para a área bruta, e grande abertura
visual sobre o exterior; esta estratégia não significa o uso de áraas mínimas,
mas sim o uso de áreas funcionais adequadas e que possam, até, proporcionar
diversos usos (ex., circulação, estadia, representatividade).
Capacidade
. Melhorias estratégicas – privilegiar o maior desenvolvimento e equipamento de
alguns espaços comuns (ex., átrios comuns exteriores privilegiando espaços de
recepção claramente demarcados do espaço público adjacente).
. Inovação e diversidade – ponderar a introdução de novos e diversificados espaços
comuns (ex., espaços exteriores comuns de representação sob a forma de
canteiros ou de pequenas áreas ajardinadas, sala de condóminos em edifícios com
mais de 20 fogos); esta intenção corresponde ao contrário da monótona repetição
das mesmas soluções.
. Equipamento –
investir um maior cuidado no equipamento dos espaços comuns (ex., introdução de
suporte para elementos verdes no átrio comum interior, existência de lugares
sentados no átrio exterior, etc.).
Funcionalidade
. Correio – bateria
de receptáculos de correio com acesso duplo,
a partir do interior e do exterior do edifício.
. Canalizações
– ductos para canalizações acessíveis a partir de espaços comuns.
. Cobertura –
proporcionar o acesso à cobertura através de um espaço comum por escadas fixas
ou móveis previstas para o efeito.
Conforto
. Vizinhança –
desenvolver um adequado afastamento do edifícios relativamente a fontes de
ruído e inexistência, no edifício de equipamentos ou espaços não habitacionais
que produzam ruídos incómodos.
. Iluminação natural - proporcionar boa iluminação natural nos espaços de circulação,
aliada a uma adequada transparência sobre o exterior.
. Átrios exteriores – é importante o desenvolvimento, sistemático, de átrios exteriores
protegidos do vento e chuva.
. Acessos exteriores – espaços de comunicação comum exteriores protegidos do vento e chuva.
Fig. 10: edifício com 22 fogos de variadas tipologias promovido
pela Câmara Municipal de Espinho na Rua do Coteiro em Espinho (2005), com
projecto do Arq.º Carlos Nuno Lacerda Lopes; um edifício marcado pela evidente qualidade e atratividade da respectiva imagem
urbana e dos seu enquadramento paisagístico local bem pormenorizado (a
vizinhança de proximidade é para se usar e viver em grande proximidade), e com claros
apontamentos à escala humana bem registados, designadamente, nas entradas
comuns, depois prolongando-se pelos acolhedores acessos verticais e remetendo,
no interior das habitações, com ambientes calorosos e muito apropriáveis.
Este edifício também se caracteriza,
de uma forma muito assinalável e mesmo pouco habitual, pela estratégica e
abundante luz natural que marca diversificadamente os espaços comuns e o
interior dos fogos, uma luz que faz salientar um amplo leque de interessantes
pormenores de arquitectura bem como as adequadas e sensorialmente estimulantes
texturas e cores dos materiais e acabamentos utilizados.
Fig. 11: um pormenor do interior de
um dos fogos do edifício promovido pela Câmara Municipal de Espinho na Rua do
Coteiro em Espinho (2005), com projecto do Arq.º Carlos Nuno Lacerda Lopes;
neste caso um pormenor que foca o extenso e pormenorizado cuidado que foi
investido na pormenorização das janelas das habitações, que aqui cumprem,
metodicamente, todas as suas melhores funções, designadamente, em termos de
vistas exteriores, protecção interior, ventilação natural e funcionalidade no
uso e na manutenção.
Durabilidade
. Acabamentos superficiais – os acabamentos do edifício devem ser escolhidos
tendo em conta a sua assinalável durabilidade, designadamente, em todas as zonas
e elementos sujeitos a usos mais intensos e críticos (ex., pisos térreos,
escadas e outros espaços comuns); esta qualificação deve ser articulada com as
exigências de facilidade de manutenção, de gestão local e de economia; estas
exigências de durabilidade e boa manutenção são críticas quando se trate de
edifícios cujos habitantes se caracterizem por reduzida capacidade económica
e/ou por hábitos residenciais específicos.
Segurança
. Quedas –
aplicar grande cuidado na pormenorização do edifício, em aspectos relacionados
com a segurança contra quedas, designadamente, no desenho de guardas, degraus,
corrimãos e pavimentos (ex., derrapantes quando molhados).
. Intrusão –
desenvolver no projecto soluções e elementos adequados (seguros e atraentes) de
protecção de vãos de espaços privados nos pisos térreos ou em pisos cujo acesso
a partir de espaços públicos seja fácil; tais elementos devem considerar,
conjugadamente, a segurança contra intrusões e a adequada regulação das vistas
interiores e exteriores.
Fig. 12: edifício da cooperativa Caselcoop em Caselas, neste
caso referido à última tipologia edificada que foi utilizada por essa cooperativa,
nesse bairro (cerca de 1995), sempre com projecto do saudoso Arq.º Justino de
Morais.
Este projetista aplicou neste edifício baixo e longo, com um
piso térreo com equipamentos e galeria pedonal, basicamente, soluções de fogos
adaptadas das anteriores tipologias das pequenas “torres” (baixas), que
rodeavam núcleo comuns com grande pé-direito (já referidas nesta série editorial
e lembrando-se que tais tipologias foram longa e intensamente estudadas e
gradualmente melhoradas pelo seu autor), convertendo-as a uma nova agregação ao
longo de extensas galerias comuns interiores.
Estas galerias “interiores” são agradavelmente largas e muito
bem iluminadas com luz natural zenital, proporcionando um envolvente,
estimulante e bem naturalizado (plantas colocadas e mantidas pelos moradores)
pequeno mundo comum na aproximação à porta de cada habitação e pequeno mundo
privado de cada um e de cada família.
Globalmente, esta solução é mais um exemplo de que mesmo com
controlo de custos é possível inovar consistentemente na criação de
multifamiliares, evitando-se a “estafada” repetição das mesmas “plantas” de
fogos e de edifícios.
Privacidade
. Barreiras – desenvolver espaços exteriores comuns ou claramente
associados a determinados edifícios bem demarcados das zonas de uso público
contíguas.
. Vistas –
anular vistas violadoras da privacidade sobre as habitações a partir dos
espaços comuns e a partir dos espaços de uso público envolventes, recorrendo-se,
sempre que necessário, a desníveis, afastamentos e barreiras visuais (ex.,
vedações, diferenças de nível ou barreiras verdes).
Adaptabilidade
. Habitações – proporcionar
diversidade na escolha dos fogos, podendo ser consideradas as
seguintes estratégias em termos de existência de habitações: com acesso directo
ao exterior nos pisos inferiores; com diferentes modos de organização dos
compartimentos; com espaços privados térreos; com varandas fundas ou estreitas.
. Espaços comuns
– existência de espaços comuns que permitam a sua adaptação, pelo condomínio, a
diferentes usos (ex., logradouro, estacionamento comum, zona de estar/reunir,
etc.).
Fig. 13: um pormenor da promoção privada de HIS no CDH da Betofer, na Vidigueira,
com apoio da Câmara Municipal da Vidigueira, (20 fogos) com projecto do Arq.º Jorge Filipe da Cruz Pinto, 1996.
Vista de uma simples, mas muito agradável, escada comum de
um dos respectivos pequenos edifícios multifamiliares; uma escada que cumpre
todas as desejáveis condições de conforto ambiental, em termos de luz natural e
de ventilação natural, sendo também um importante elemento de caracterização do
conjunto em termos de envolvente domesticidade e de interessante referência cultural.
Apropriação
. Apropriação dinamizada – em projecto devem procurar assegurar-se condições
que proporcionem maior apropriação do edifício pelos utentes, nomeadamente,
através da existência dos seguintes elementos: de identificação do edifício
e/ou do piso/zona e/ou do fogo; de valor simbólico ou evocativo do condomínio; de
desenvolvimento de uma imagem ou volumetria que se destaca/individualiza dos
edifícios envolventes; floreiras; quintais ou pátios térreos privativos;
varandas privativas; janelas “habitadas” (marcadas por peitoris fundos e
decoráveis).
Fig. 14: pormenor da entrada do quintal/pátio privativo de um edifício unifamiliar evolutivo do conjunto de 224 fogos da Cooperativa COOPHECAVE em Castro Verde, projecto de Nuno Portas, Manuela Fazenda e da saudosa amiga Isabel Plácido, em 1991; esta imagem corresponde a uma referência estrategicamente simbólica do muito que pode oferecer o espaço privado exterior, neste caso térreo e sob a forma de um pequeno quintal/pátio, mas que pode e deve também ser proporcionado em boas varandas e terraços privados.
Apropriação, extensão física de
atividades interiores sobre o exterior privado contíguo, extensão visual dos
espaços privados interiores sobre o exterior privado, espaços de transição e
proteção do interior doméstico relativamente ao espaço de uso público,
atividades específicas do exterior privado, acesso alternativo ao espaço de uso
público, relação íntima com a natureza, espaço privilegiado de recreio de
crianças e espaço muito adequado de aproximação a velhos modos de vida, são
todos aspetos proporcionados pelo exterior privado, que, no entanto, tem de ser
devidamente projetado, não podendo ser considerado como espaço simplesmente
“periférico”, quando não residual, relativamente ao espaço interior doméstico.
5. Notas breves sobre o Edifício (Ed) Unifamiliar de Habitação de Interesse Social
Na presente e futura
promoção de habitação de interesse social importa considerar objectivos de
qualidade específicos a alcançar ao nível dos edifícios unifamiliares; faz-se
notar que os melhores empreendimentos de HCC/HIS realizados na última fase
de promoção deste tipo de habitação pelo INH/IHRU foram sistematicamente
usados como fontes de identificação de boa parte dos aspectos, em seguida,
referidos.
Importa referir,
aqui, uma nota explicativa à reduzida dimensão deste item, que resultou de as
fontes utilizadas neste estudo terem considerado, diretamente, um pequeno
número de conjuntos unifamiliares de HISP.
. Adequação da HISP unifamiliar – considera-se que é essencial uma cuidadosa
mas assinalável retoma da produção unifamiliar de HISP, designadamente, em
soluções de superdensificação em bandas cerradas e contínuas, que podem, até,
ser realizadas com estruturas comuns, como se fosse um “multifamiliar na horizontal”.
Uma tal retoma
proporcionará um excelente leque de escolhas e de adequação a diversos modos de
vida e gostos de habitar específicos e poderá resultar em atraentes e muito urbanos
e apropriáveis conjuntos de multifamiliares médios e pequenos, edifícios de
transição entre o multi e o unifamiliar e as referidas soluções unifamiliaraes
expressivamente densificadas.
. Projecto – regista-se que as atuais tecnologias de projecto
global e informatizado de Arquitectura e das diversas especialidades, designadamente,
ao nível do CAD e do BIM proporcionam uma excelente capacidade de variação
global e pormenorizada em termos de misturas tipológicas, tal como acabou de
ser indicado e de articulação dessa variabilidade com o nível seguinte de
variação por exemplo no que se refere a tipologias de fogos variantes e até
intermédias (ex, t0/1, t1/2, T2/3, etc.), proporcionando, globalmente, um
extraordinário potencial em termos de escolha e atraente prévisualização de
soluções mais adequadas a necessidades e gostos de habitar específicos e tudo
isto através de tecnologias de projecto de execução rigorosas e onde será muito
possível integrar elementos modulares repetidos e económicos (ex., vãos
interiores e exteriores); não tenhamos dúvida da importância de tal condição e da
sua directa aplicabilidade na estratégia de diversificação tipológica atrás
apontada, numa situação totalmente distinta das condições de execução de
projecto “a tinta da china em vegetal” que eram as únicas possíveis há poucas
dezenas de anos.
E sublinha-se que este último aspeto também se aplica,
naturalmente, ao projecto do edifício
multifamiliar e da própria vizinhança de proximidade, embora com naturais
maiores limitações do que neste âmbito unifamiliar e de transição
uni/multifamiliar.
. Espaciosidades, funcionalidades e
outros aspetos associados –
as soluções unifamiliares marcadas por áreas limitadas obrigam a um excelente
projecto de Arquitectura com um enfoque especial numa muito sensível
habilitação de espaços e funções, marcados por aspetos expressivos e bem
caracterizados de pormenorização; de certa forma há que cuidar de condições
especialmente exigentes de espaciosidade, que decorrem da ocupaçãoo
praticamente dupla da escada privativa (considerando que a solução é
habitualmente em dúplex), e que obrigarão a suplementos regulamentares
específicos; mas há, também, que considerar aspetos específicos de
flexibilidade e fusão espacial bastante distintos do que axontece no simplex,
que poderão resultar muito bem, mas apenas quando em presença de um excelente
projecto.
. Condicionados na mobilidade – a promoção de HIS unifamiliar e dúplex está
condicionada à existência no piso de entrada: de uma Casa de Banho completa,
ainda que estritamente funcional; e de um quarto, ainda que razoavelmente
mínimo. Condições estas igualmente aplicadas aos fogos dúplex em
multifamiliares.
Fig. 15: na passagem da temática do
edifício para a habitação apresenta-se um pormenor do Bairro
ou Conjunto do Telheiro, em S. Mamede de Infesta, Matosinhos (44 fogos), uma
promoção municipal projectada por Manuel Correia Fernandes.
Uma vista, natural e
agradavelmente próxima, do interior de um dos fogos sobre a rua pedonalizada
contígua, proporcionando-se um estimulante e envolvente sentido de comunidade e
de segurança local, interior e exterior; e é também interessante este “lembrar”
do habitante relativamente à imagem fortemente caracterizada da sua casa
(unifamiliar em banda cerrada) e do seu pequeno bairro.
6. Habitação (Ha) de Interesse Social
Na presente e futura
promoção de habitação de interesse social consideram-se os seguintes objectivos
de qualidade a alcançar ao nível das habitações; faz-se notar que os
melhores empreendimentos de HCC/HIS realizados na última fase de promoção deste
tipo de habitação pelo INH/IHRU foram sistematicamente usados como fontes
de identificação de grande parte dos aspectos, em seguida, referidos. (Nota: em cada uma das facetas qualitativas os aspetos
são apontados em ordem alfabética)
Acessibilidade
. Condicionados na mobilidade – considerar e respeitar as exigências de
acessibilidade de condicionados de mobilidade em situações de uso excepcional,
designadamente, largura útil dos vãos de porta de compartimentos habitáveis não
inferior a 0,80 m, dimensão útil do vestíbulo e dimensão livre de uma das
instalações sanitárias não inferior a 1,50 m, ausência de degraus ou ressaltos
de pavimento com altura superior a 0,02 m.
. Dúplex – em
habitações duplex deve ser assegurada a existência de um quarto no nível de
entrada e a existência de uma instalação sanitária em cada piso.
Fig. 16: um pormenor do conjunto de
52 fogos no Outeiro da Forca, Portalegre, uma promoção da C.M. de Portalegre
com projecto do Arq.º Carlos Gonçalves (2007); na imagem um pormenor do
funcional e digno/bem integrado processo de proteção utilizado nas janelas dos
fogos térreos; nem é complicado, basta projectar, sistematicamente, com atenção
e qualidade, não deixando questões por resolver.
E atente-se que neste conjunto
muitos bons “pormenores” e objectivos de arquitectura urbana exterior e
interior foram identificados.
Espaciosidade
. Área bruta – recomenda-se
um acréscimo da área bruta máxima das habitações em cerca de 15 a 20%
relativamente ao actualmente definido no texto-base das RTHS; este aumento tem
como objectivos principais: permitir construir habitações com compartimentos
ligeiramente maiores que respondam às actuais necessidades e desejos da maioria
dos utentes; permitir responder às exigências de segurança contra incêndio
relativas aos espaços de circulação comuns; e permitir a criação de pequenos
espaços exteriores privados.
Considera-se que há, actualmente, um conjunto de
elementos normativos sobre áreas máximas de HCC, relativamente dispersos, que
indicam áreas habitacionais superiores às referidas no texto-base das RTHS, e
que importa ponderar, concentrar e articular num único corpo recomendativo,
desejavelmente no âmbito da defendida revisão das RTHS. Já posteriormente ao presente estudo foi
aceite uma área bruta superior à definida nas RTHS no âmbito das promoções
referidas ao “Estatuto Fiscal Cooperativo”.
O referido aumento do limite máximo de área bruta deve
ser, no entanto, obrigatoriamente acompanhado por uma redefinição dos seguintes
critérios de qualidade complementares:
- áreas úteis mínimas para os diversos compartimentos
domésticos;
- dimensões mínimas dos diversos compartimentos
domésticos;
- e índices de áreas – Au/Ah, entre área útil (Au) e
área habitável (Ah); e Ab/Au, entre área bruta (Ab) e área útil (Au). Estes
índices estão muito ligados à racionalização das soluções em termos de espaço
doméstico mais directamente habitável (Au/Ah) e em termos de racionalização das
soluções de distribuição vertical e horizontal dos edifícios multifamiliares,
relativamente às áreas das respectivas habitações (Ab/Au).
Na perspectiva que acabou de ser apontada, defende-se,
assim, que a aceitação da aplicação dos limites máximos de área bruta nos fogos
dependa do cumprimento rigoroso destas áreas e dimensões mínimas, bem como de
uma adequada "gestão" das relações entre as referidas categorias de
áreas, não sendo, por exemplo, de aceitar, à partida – podendo haver, no
entanto, razões específicas a serem consideradas, por exemplo, em termos de
modos de vida –, uma solução muito económica de realojamento em que exista um expressivo
desenvolvimento de espaços comuns de circulação e/ou habitações caracterizadas
por extensos espaços exclusivamente de circulação.
. Áreas domésticas
– ainda em termos de áreas domésticas mínimas e máximas considera-se que a
aceitação de áreas máximas maiores, não implica que não se continuem a aceitar habitações
caracterizadas por áreas mínimas estritas e, portanto, muito reduzidas,
designadamente, em condições de realojamento em grande parte financiado pelo
Estado; no entanto, estas soluções deverão também cumprir idênticas exigências
qualitativas em termos de aplicação de excelentes projectos domésticos, que
sejam responsáveis pela máxima rendibilização de “cada cm2” de área
disponibilizada no interior doméstico, e nesta perspectiva, como noutras, é
possível e desejável aprender com excelentes soluções do nosso passado no que
se refere, por exemplo, a muitas habitações “sociais” de Alvalade e Olivais
Norte, entre outros bairros de “Habitações Económicas” da Federação de Caixas
de Previdência.
. Pé-direito – considerar
o aumento do pé-direito mínimo, favorecendo-se, designadamente, as condições de
ventilação e reduzindo-se os frequentes problemas de condensação. Aceita-se, no
entanto, que, em condições de grande economia de custos essa dimensão seja
mantida, mas havendo, obrigatoriamente, condições e dispositivos específicos de
reforço da respectiva ventilação natural e sendo praticamente proibida a
aplicação de soluções mono-orientadas e portanto sem condições de ventilação
cruzada e transversal.
Fig. 17: ; mais um “pormenor” do
conjunto de 52 fogos no Outeiro da Forca, Portalegre, uma promoção da C.M. de
Portalegre com projecto do Arq.º Carlos Gonçalves (2007).
Um pouco na mesma lógica (indicada
na legenda da Fig. 16) de não deixar questões por resolver em termos de um bom
projecto residencial, e neste caso tratando-se de um aspecto muito importante em
termos de uma adequada agradabilidade, apropriação e alegria de viver o
interior do edifício (e os seus reflexos naturais na vivência da vizinhança
e da habitação), levando-se a luz natural e uma suave mas marcante cor
“doméstica” às entradas das habitações: logo bem apropriadas pelos moradores.
Capacidade
. Vestíbulo – desenvolver
um espaço de entrada/saída na habitação (vestíbulo de entrada) isolado dos
restantes espaços do fogo ou que possa ser isolado caso os moradores o
pretendam.
. Arrumação – reforçar
a capacidade de arrumação das habitações (despensa, arrumação geral, roupeiros,
arrecadação).
. Serviço doméstico – desenvolver uma clara definição dos espaços e/ou equipamentos e
eventualmente mobiliário fixo destinados ao serviço doméstico, com natural
destaque para o tratamento de roupa.
. Casa de banho (instalação sanitária) – disponibilização, por regra, uma segunda casa de
banho nos fogos de tipologia T3; considerando-se, no entanto, a manutenção da
solução com uma única casa de banho nos fogos desta tipologia e
caracterizadamente económicos, mas exigindo-se, neste caso, um projecto apurado
deste tipo de compartimento, que tem de ser razoavelmente espaçoso e que
deverá, neste caso e sempre que possível, dispor de uma janela exterior de
iluminação e ventilação.
. Refeições correntes – prever na cozinha ou, alternativamente, na sua contiguidade, um espaço de refeições correntes com dimensão adequada à lotação da habitação; ainda que tal espaço possa ter outras utilidades (ex., espaço na cozinha para mesa com tampos rebatíveis).
Fig. 18: pormenor de um fogo T0 que
integra a reconversão de uma antiga moradia, num pequeno conjunto de fogos do
tipo “T0” para pessoas idosas, que ocupam o respetivo espaço doméstico com
alguns dos seus móveis de família; uma promoção municipal onde foram muito cuidados
os aspetos de acessibilidade global aos fogos e de ergonomia no uso dos
equipamentos fixos de cozinha e casa de banho, mas mantendo-se e valorizando-se
a imagem pública preexistente.
Funcionalidade
. Cozinha –
aplicar muito cuidado na pormenorização da cozinha, prevendo-se a existência de
planos de trabalho de ambos os lados do lava-loiça e do fogão, e a eliminação
de conflitos entre a zona de abertura da porta do frigorifico e zonas de uso de
outros equipamentos.
. Tratamento de roupa – desenvolvimento de um espaço de tratamento de roupa que não se
sobreponha ao espaço de preparação de refeições e que possua uma dimensão
suficiente para o desenvolvimento da actividade de passar a ferro; e mesmo o
respetivo desenvolvimento no prolongamento do espaço de cozinha deverá ser
adequadamente considerado no sentido de se evitarem misturas funcionais pouco
adequadas.
. Secagem de roupa – aplicar muito cuidado na pormenorização da zona de secagem da roupa ao ar livre ou em contacto com o exterior (através de vãos de ventilação), considerando-se aspectos como a orientação solar e a protecção relativamente à chuva e às vistas exteriores.
Fig. 19: as questões de espaciosidade devem resolver-se numa perspectiva bem informada e flexibilizadora dos usos e ocupações domésticas, fazendo, por exemplo, pouco sentido um corredor apenas para circular no interior da habitação; e na imagem o corredor proporciona, e bem, outros usos e com escassos acréscimos de espaciosidade.
E disto se retira que as dimensões mínimas habitacionais nem sempre devem ser aplicadas, ou talvez raramente devam ser aplicadas, pois alguns centímetros podem fazer uma grande diferença em termos de habitabilidade e de capacidade de apropriação dos respetivos espaços domésticos; e não se julgue que esta questão se refere apenas a soluções de Habitação de Interesse Social, parecendo que há, por vezes, esquecimento de que, por exemplo, um corredor pode ser muito mais do que um espaço de circulação (ex., acesso a arrumações, pequena “galeria”, apropriação com mobiliário estreito e representativo, etc.).
Conforto/agradabilidade
. Ruído externo ao fogo – anular contiguidades acústicas incómodas entre fogos vizinhos e
entre fogos e espaços comuns do edifício.
. Ruído no interior do fogo – considerar o desenvolvimento de uma separação por
porta ou por escada que assegure o isolamento acústico entre a zona de espaços
domésticos individuais/privativos e comuns.
. Vão exteriores
– prever elementos de oclusão de vãos reguláveis em todos os compartimentos
habitáveis.
. Abertura ao exterior – privilegiar um amplo contacto visual das habitações com o exterior,
em particular na sala, permitindo acompanhar actividades que se desenrolam no
exterior e/ou o contacto com zonas ou elementos da natureza e/ou com vistas de
paisagem.
. Espaço exterior privado – mais uma matéria que, por si própria, mereceria, no
mínimo, um artigo específico, mas que aqui apenas apontaremos de forma
sintética.
A disponibilização de espaços exteriores privados
sempre foi matéria de discussão básica na promoção de HIS e, hoje em dia,
ganhou novo relevo, sublinhando-se, desde já, os seguintes aspetos (sintetizados):
- O espaço em pequenos quintais ou pátios
térreos sempre foi criticado devido a não se conseguirem assegurar adequadas
condições de boa ocupação e aspecto atraente de tais espaços, uma questão que
em boa parte é ultrapassável com a disposição dos pequenos quintais em
interiores de quarteirão com pouca ou nenhuma visibilidade pública e/ou coma
utilização de muros “tradicionais” um pouco acima da altura da vista.
- A existência de varandas privativas sempre foi
considerada como subtração direta à área
do respetivo fogo (na totalidade ou em metade da área da varanda), pelo que na
grande maioria das soluções de HISP/HCC não existem varandas ou estas são
reduzidas a pequenas varandas de assomar, num pequeno desenvolvimento de
janelas de sacada; esta situação só será ultrapassável regulamentar ou
recomendativamente, exigindo-se, eventualmente, pelo menos, uma varanda mínima
em cada fogo. Uma situação que terá, ainda, de resolver a “praga” da moda do envidraçar das varandas não devidamente programado/projetado e a tendência de se aplicarem varandas
como uma espécie de “anexos” pendurados no edifício (muitas vezes usados como
arrumações improvisadas e com péssima imagem pública) e não, como deve ser,
desenvolvidas numa relação estreita com os compartimentos do fogo contíguos e
os seus respetivos ambientes domésticos.
- Finalmente refere-se que no caso de pequenos
edifícios multifamiliares muito ligados aos exteriores contíguos e estando
estes adequadamente ocupados, equipados e mantidos, talvez seja de se aceitar a
inexistência de varandas funcionais nos fogos, mas havendo sempre estimulantes
vãos exteriores.
. Luz natural –
assegurar uma boa iluminação dos compartimentos habitáveis (vãos de maiores
dimensões) e não habitáveis (iluminação obtida através dos compartimentos
habitáveis).
. Ventilação natural – assegurar a ventilação cruzada em todas as habitações através de:
(i) vãos em fachadas opostas; e (ii) por vãos e/ou dispositivos próprios para o
efeito.
. Ventilação natural programada – programar a ventilação doméstica através de uma
adequada pormenorização da fenestração e dos próprios vãos interiores,
designadamente, através de vãos reguláveis e específicos para essa finalidade
(ex., bandeiras sobre portas).
. Monorientação – a existência de habitações com uma única orientação é aceitável, mas apenas nos casos de pequenas tipologias domésticas (ex., T0 e T1), e mesmo assim deve obrigar a condições específicas de orientação solar, de volumetria interior e de programação da ventilação natural e das vistas sobre o exterior.
Fig. 20: quando concebemos com
referência em áreas mínimas é de grande importância procurar obter
configurações espaciais, dimensões e capacidades de ocupação por mobiliário e
outros elementos de apropriação
doméstica (ex., quadros, cortinas, floreiras, etc.), que propiciem a máxima
capacidade de ocupação e apropriação por diversos tipos de mobiliário,
elementos de arquitectura de interiores e equipamentos domésticos, a máxima
flexibilidade ou diversidade em termos dessas soluções de ocupação e mesmo a
máxima capacidade de “convivência” entre diversas famílias funcionais de
mobiliários, elementos e equipamentos domésticos; tal objectivo não é,
naturalmente, fácil, mas é essencial para uma boa habitação de interesse social
e refere-se a uma das razões que deveriam fazer reservar este tipo de promoção
habitacional apenas para excelentes projectos de arquitectura.
Na imagem e num espaço de sala-comum
que globalmente não pode ser muito folgado, devido aos limites de área das
RTHS, é, aparentemente, possível
integrar diversos conjuntos completos de mobiliário associados, habitualmente,
às refeições formais e ao estar, mas esta é uma situação, infelizmente, não
muito corrente em HIS/HCC.
Durabilidade
. Acabamentos –
prever acabamentos do fogo duráveis, designadamente, em todos os elementos potencialmente
sujeitos a usos intensos e eventualmente pouco regrados (ex., ferragens de
portas, caixilharia, estores, "móveis" de cozinha, estendais e
torneiras) e críticos (ex., revestimentos de piso e bancadas de cozinha).
. Manutenção – a referida qualificação ao nível da durabilidade deve ser articulada com a exigência de facilidade de manutenção (ex., limpeza de pavimentos e vãos exteriores); a opção pela durabilidade e facilidade de limpeza poderá ser privilegiada relativamente a aspectos de conforto no uso (ex., revestimentos cerâmicos de piso gerais em todo o fogo) para compatibilização com os hábitos de uso domésticos esperados e desde que a localização geográfica do empreendimento não imponha cuidados especiais ao nível do conforto.
Fig. 21: numa mesma linha de
reflexão da que foi utilizada na legenda da Fig. 20, e muito ligada ao que se
julga ser a grande necessidade de elevada qualidade arquitectónica em Habitação
de Interesse Social, o projecto doméstico de HIS sempre foi o “lugar” de numerosas
pequenas inovações estratégicas dirigidas para tentar transformar espaços,
relativamente, pouco amplos (as tais áreas máximas controladas pelas RTHS) em
sequências ou agregados espaciais domésticos estimulantes,
caracterizáveis/caracterizados pela ocupação específica dos respetivos
moradores, o que exige espaço para mobília, espaço livre de paredes para
encostar, fixar e pendurar os mais diversos elementos; e agregações espaciais visual
e funcionalmente desafogadas e vibrantes, como é o caso desta relação entre
entrada, sala e ligação com a zona de cozinha.
Segurança
. Quedas de espaços elevados – aplicar um cuidado muito especial na pormenorização
de guardas de espaços exteriores elevados, de janelas de sacada ou “francesas”
e na altura e configuração de peitoris de janelas e outros elementos que lhes
estejam associados (ex., floreiras), considerando-se, especificamente a
segurança contra quedas (ex., ausência de elementos horizontais e distância
entre elementos verticais) e o impossibilitar ou dificultar o uso de tais
elementos como “escadas” (habitualmente por crianças); importa ainda ter em
conta a potencial queda de elementos a partir de alturas elevadas.
. Quedas –
investir grande cuidado na escolha de pavimentos e revestimentos de cobertores
de degraus que não produzam escorregamento quando molhados e na disposição
estratégica de corrimãos.
. Cozinha –
aplicar um cuidado especial na organização da cozinha (ex., relação do fogão
com portas, frigorifico e lava-loiça).
. Vidros – ter
um cuidado especial na disposição, na constituição e no assinalar de
superfícies envidraçadas.
. Ergonomia e segurança na arrumação fixa, nos equipamentos e nos
vãos domésticos – esta é mais
uma daquelas matérias que, evidentemente, mereceria, pelo menos, um artigo específico,
mas trata-se, aqui apenas de referir a necessidade extremamente atual de se
apurarem e aplicarem, pelo menos, os principais aspetos de ergonomia no uso dos
elementos de arrumação fixa e equipamentos domésticos, considerando o
envelhecimento de grande parte da população, bem como a importância de um
máximo apoio funcional à vida doméstica.
Esta matéria leva-nos longe, mas para já apenas a referência, a título de exemplos significativos (mas não exaustivos), à necessidade de se proporcionarem: comandos funcionais e universalmente fáceis de usar de vãos exteriores e interiores; condições funcionais e seguras para a limpeza dos vidros exteriores; alturas adequadas de acesso ás prateleiras e gavetas mais altas e mais baixas; condições de uso adequado de gavetas e portas de armários; pisos não derrapantes designadamente na proximidade de vãos exteriores e de zonas de uso de mobiliário e equipamento altos; iluminação artificial apoiando e facilitando estes aspetos funcionais; e consideração dos aspetos de funcionalidade de uso e de segurança de tomadas e interruptores eléctricos.
Fig. 22: um bom projecto de HIS
ganha-se, em parte, em alguns grandes/pequenos “detalhes” de concepção
doméstica, como fica patente nesta casa de banho com janela (ventilação e luz
naturais) e revestida com azulejos pontuados pela cor; será mais caro do que
uma casa de banho interior e forrada com azulejos tristes? ou será uma questão
de bom projecto?
Privacidade
. Intrusão visual
– anulação de situações em que haja vistas desprotegidas sobre o interior do
fogo a partir de espaços comuns ou de uso público.
. Controlo –
habilitar adequadas condições de privacidade entre os diversos
espaços/compartimentos de cada fogo ou proporcionar que os próprios moradores
possam satisfazer, facilmente, tais condições caso o pretendam; talvez que
esta segunda possibilidade proporcione um uso mais flexível de toda a
habitação, mais adequado a diversos modos de habitar
. Privacidade essencial – considera-se que as exigências de privacidade fundamentais são, habitualmente, as seguintes: separação entre zona de quartos e zona de sala/cozinha, separação entre vestíbulo de entrada e sala, ligação entre quartos e instalação sanitária separada da sala, ligação separada da sala entre cozinha e entrada.
Fig. 23: as questões funcionais
domésticas continuam a ser prioritárias pois, frequentemente, são pior
resolvidas e deixadas um pouco para trás porque se favorecem, habitualmente, os
espaços mais sociais da habitação (ex., sala e entrada); neste caso temos uma
boa solução de cozinha com uma excelente bancada em “U”. Afinal, é essencial
proporcionar que as variadas atividades domésticas possam ser realizadas da
forma mais eficaz e simplificada, libertando-se, assim, tempo, e espaço, para
se gozar verdadeiramente a habitação; e diz-se também “espaço” porque boas
condições funcionais e de arrumação, habitualmente concentradas, libertam mais
espaço doméstico para outros usos.
Neste sentido e agora muito
especificamente no âmbito da HIS, a própria circulação doméstica pode, no
limite, ser considerada essencialmente como uma questão funcional, embora
desejavelmente associada a outras funções (ex., arrumação e ocupação por
mobiliário estreito), e assim deverá ser o mais possível concentrada,
estrategicamente localizada e pouco extensa.
E, a propósito, regista-se que a
entrada na habitação é, sem dúvida, um espaço com outras importantes funções
para lá da circulação doméstica; sendo também um espaço “tampão” de transição
funcional e representativa entre o interior doméstico e privado e o “exterior”
comum ou público.
Adaptabilidade
. Diversidade de usos e sua mutação no tempo – a adaptabilidade das habitações deve
constituir uma prioridade, como forma de permitir adequar as soluções às
necessidade dos diferentes tipos de utentes e à sua progressiva mutação ao
longo do tempo – pelos mesmos habitantes ou por outros.
. Adaptabilidade passiva – nesta matéria considera-se que há formas e soluções
de dinamização da adaptabilidade dos fogos económica e socialmente viáveise
muito aplicáveis, destacando-se os aspetos de neutralidade organizativa e
dimensional.
. Evolução – em
certos tipos de promoções de edifícios unifamiliares ou de transição
uni/multifamiliar, poderá ser considerada a possibilidade de expansão do fogo
por construção de um compartimento habitável (ex., um quarto ou sala de
trabalho).
. Quarto “independente” – aumentar o grau de adaptabilidade das habitações, ponderando-se a
satisfação de algumas exigências elementares, nomeadamente, através da
existência de um quarto separado da zona de quartos e com acesso ao vestíbulo de
entrada, e a existência de um quarto que possa funcionar como expansão da sala.
. Multiusos – privilegiar
organizações domésticas cujas relações de acessibilidade mútuas e dimensões de
compartimentos proporcionem diversos usos nos mesmos espaços (ex., sala que se
torna grande quarto, quarto que se torna uma pequena sala informal/saleta); para
que se favoreça este objectivo há que cuidar das dimensões úteis dos
compartimentos e designadamente das suas larguras.
. Trabalho profissional – favorecer programas funcionais domésticos que permitam o
desenvolvimento de actividades não domésticas no interior dos fogos,
designadamente, através de tipologias habitacionais "intermédias"
(ex., sala prolongando-se por espaçoso recanto, relativamente autónomo, que
possa apoiar o trabalho profissional na habitação).
A questão do trabalho profissional em casa está na
ordem do dia, pelas razões por todos bem conhecidas, e muito associada ao
exercício do designado teletrabalho, uma atividade realizada, habitualmente,
através de um computador e de um visor, atualmente cada vez mais reduzidos,
funcionais e móveis.
Neste sentido e não esquecendo, evidentemente, outras
formas de trabalho profissional em casa mais exigentes em termos espaciais, de
isolamento e mesmo de equipamento, muito adequadas para soluções do tipo
“quarto (relativamente) independente”, servido por pequena casa de banho
privativa e próximo da entrada da habitação ou mesmo com acesso próprio –
condições estas também excelentes ao serviço de eventuais confinamentos de
pessoas isoladas e globalmente ao serviço de um apoio específico a lavagem e
mudança de roupas ao chegar a casa –, podemos sintetizar, para já, e
acrescentando que, naturalmente, esta é matéria que exige desenvolvimento
específico, que, no mínimo, o exercício do teletrabalho exige um pouco de
espaço suplementar e relativamente autónomo em um dado espaço da habitação e
preferencialmente em diversos espaços da habitação, tais como quartos; sala-comum;
cozinha e mesmo recantos contíguos a circulações e átrios.
Ainda sobre esta matéria e voltando a apontar que ela
merece maior desenvolvimento, é evidente que na espaciosidade corrente dos
espaços de quarto já se considerava, teoricamente, a existência de uma pequena
zona de trabalho, mas a prática é bastante diversa; no que se refere à
sala-comum a existência de uma pequena zona mais ligada ao trabalho doméstico
foi mesmo teoricamente pouco frequente; quanto à cozinha a existência de um
espaço de mesa para refeições informais e, eventualmente para outras funções,
munca foi uma exigência e, quando existe, muitas vezes tal espaço é
extremamente exíguo; e quanto a espaços/recantos suplementares nas zonas de
circulação e nos átrios é praticamente
matéria nova.
Finalmente há que referir, para já, e muito
sinteticamente a possibilidade de se preverem pequenos espaços privados, mas
separados dos fogos, onde sejam criadas condições pelo menos minimamente
adequadas para o trabalho profissional.
É evidente que será sempre possível trabalhar na mesa
da sala em períodos em que esta seja pouco ou nada ocupada, mas não parece ser
esta uma solução recomendável.
. Mobiliário fixo
– favorecer a adaptabilidade dos quartos e cozinha pela ausência de mobiliário
fixo e dificilmente desmontável (ex., construídos com elementos de alvenaria);
esta condição implica alguma reflexão já que a existência de excelentes
condições de arrumação “camufladas” favorece a adaptabilidade dos respetivos
compartimentos.
. Arrumação – a
existência de excelentes condições de arrumação “camufladas” favorece a
adaptabilidade dos respetivos compartimentos e da habitação em geral.
Fig. 24: ainda usando o exemplo do desejável bom desenho funcional das cozinhas, que remete para as mais amplas ligações entre as atribuições funcionais dos espaços domésticos e outras suas atribuições, pelo menos tão importantes como as funcionais; temos aqui uma pequena mas excelente cozinha, cheia de luz natural, envolvida por uma agradável cor, e com um espaço mínimo mas adequado para as refeições informais de um pequeno agregado familiar; temos aqui, assim, e acima de tudo, um pólo de convívio e de apropriação doméstica evidente, mas para isso foi preciso projectar bem a luz/ventilação naturais e os espaços disponíveis e diretamente funcionais; afinal, más organizações funcionais domésticas, globais ou localizadas, não só prejudicam as respetivas funções, mas também toda a vivência dos respetivos fogos.
Apropriação
. Apropriação (grau/nível de) – habilitar a habitação para um mais elevado
grau/nível de apropriação, designadamente, através das seguintes condições
específicas:
- existência de espaços onde os moradores podem
colocar e manter elementos "verdes" (ex., espaços exteriores privados
ou floreiras previstas no projecto);
- existência de espaços onde os moradores podem
realizar um acabamento personalizado das habitações de modo a expressar os seus
gostos e preferências (ex., acabamento do fogão de sala, integração de
roupeiros, tratamento do espaço exterior privado enquadrado por soluções-tipo,
etc.);
- existência de espaços onde os moradores podem
realizar alterações pontuais na imagem exterior da habitação de modo a melhor
reflectir a sua individualidade do morador, mas sem desvirtuar a imagem do
conjunto edificado.
. Antecipação –
os projectistas devem procurar antecipar as tendências e vontades de
apropriação dos moradores, deixando espaços nas habitações e no exterior onde
os moradores possam realizar intervenções de apropriação e mesmo de
personalização.
. Dignidade –
as ações de apropriação pelos moradores nunca deverão poder influenciar
negativamente e de forma efectiva a dignidade e representatividade das imagens
comuns do edifício ou do conjunto de habitações.
. Informação – há
que desenvolver um adequado enquadramento das intervenções devidamente
programadas, em fase de projecto, e posteriormente realizadas, por iniciativa
dos moradores, através de elementos
informativos e de projectos e soluções-tipo e/ou recomendadas, fundamentando-se
todas estas possíveis intervenções na aplicação de uma estratégia muito clara
de separação entre visibilidade pública e visibilidade essencialmente privada
ou comum.
Nota de remate
No artigo seguinte, e último artigo temático da presente série
editorial (N.º 8, poderão existir outros artigos mais exemplificativos) desenvolve-se
uma síntese final dos aspetos julgados essenciais no desenvolvimento da Nova
Habitação de Interesse Social Portuguesa (NHISP), aproveitando-se o
acompanhamento destes conjuntos, que tem sido já possível, em alguns casos, ao
longo de uma sua já significativa “vida”
(ex., conjuntos realizados na década de 1990 contam já com cerca de 20 anos de
vivência).
Nota específica importante sobre esta série editorial:
Tal como ficou evidente no texto desenvolvido e ficará sublinhado nos agradecimentos e bibliografia que se seguem, a presente série editorial, intitulada "Desenvolver a qualidade arquitectónica e a satisfação residencial na Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa", muito deve à atividade realizada, ao longo de muitos anos, no Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU), integrado no atual Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT) do LNEC, assim como à atividade do INH/IHRU e da FENACHE.
Regista-se, finalmente, que os eventuais lapsos, imprecisões e esquecimentos que, muito provavelmente, existem no texto - e que serão corrigidos logo que identificados - são apenas da responsabilidade do autor, assim como todas as opiniões aqui expressas.
Agradecimentos no âmbito dos diversos estudos que basearam direta e indiretamente a presente série editorial
Agradece-se ao
Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), então Instituto
Nacional de Habitação (INH), que apoiou, sistematicamente, o desenvolvimento
dos principais estudos que basearam esta série de artigos e faz-se uma
referência específica e alfabética à constante disponibilidade de vários
responsáveis do então INH, hoje IHRU, para apoiar esses estudos, designadamente, o Arq.º Clemente Ricon,
o Eng.º Defensor de Castro, o Eng.º Hermano Vicente, o Arq.º
Rogério Pampulha, o Eng.º Teixeira Monteiro e
o Arq.º Vasco Folha, bem como das excelentes equipas técnicas do
Instituto em Lisboa e no Porto, e agradece-se, também, aos inúmeros
responsáveis e projetistas dos muitos empreendimentos de Habitação a Custo
Controlado (HCC) – a nossa Habitação de Interesse Social (HIS – que foram
visitados e estudados no decurso dos estudos aprofundados de análise urbana e
habitacional retrospectiva e multidisciplinar, coordenados pelo autor, e das
metódicas visitas do Júri do Prémio INH/IHRU em que o autor participou.
Agradece-se, muito
especialmente, o inestimável trabalho, no âmbito das referidas análises
retrospectivas, dos técnicos que integraram as respectivas equipas
multidisciplinares e que pertenciam ao Departamento de Edifícios (DED) do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e a vários Núcleos do DED, com
destaque para os então Núcleo de
Arquitectura e Urbanismo (NAU), Núcleo
de Ecologia Social (NESO) e Núcleo de Tecnologia da Construção (NTC) do DED, e
entre eles faz-se uma especial menção (alfabética) à continuada e preciosa
participação do Eng.º António Leça Coelho (NAU), do Arq.º João Branco Pedro
(NAU), da Eng.ª Fernanda Carvalho (NTC),
da saudosa Arq.ª Isabel Plácido (NAU) e
da Dr.ª Marluci Menezes (NESO); fazendo-se uma menção especial à participação
pontual, mas muito significativa, da Arq.ª Sheila Walbe Ornstein.
Agradece-se, ainda, no
LNEC, todo o apoio no âmbito das referidas análises retrospectivas, ao Eng.º
José Vasconcelos Paiva, então Diretor do DED do LNEC, à Técnica Superior
Anabela Manteigas, e, finalmente, mas nunca por último, ao Arq.º António
Reis Cabrita, que numa fase de passagem de testemunho da chefia do NAU,
teve ainda a oportunidade de apoiar de forma ampla a aprofundada as mesmas
análises retrospectivas.
Novamente fora do LNEC
importa aqui fazer um agradecimento especial e muito bem justificado ao sempre
importante e presente apoio, no âmbito dos estudos que basearam a presente
série editorial, de um amplo e bem
merecedor conjunto de responsáveis e companheiros da Federação Nacional de
Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE), que o autor tem também a honra
de integrar, com um natural destaque para o saudoso Dr. José Barreiros Mateus,
e para os grandes Guilherme Vilaverde,
Manuel Tereso e Orlando Vargas, não esquecendo o também saudoso
Carlos Coradinho.
Faz-se, em seguida, uma
referência amiga e muito agradecida ao constante apoio e incentivo nestas
“lutas” da habitação e do “habitar” aos associados da GHabitar Associação
Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional (GHabitar APPQH),
anteriormente Grupo Habitar APPQH e,
muito especialmente, aos atuais responsáveis da GHabitar APPQH, entre os quais
se encontram alguns dos acima designados e no texto sublinhados, mas havendo
que acrescentar (alfabeticamente) o Arq.º António Carlos Coelho, o Arq.º Carlos
Nuno Lacerda Lopes, o Dr. Dâmaso Silva, o Arq.º Duarte Nuno Simões, o Dr. João
Lutas Craveiro, o Arq.º Manuel Correia Fernandes, e o Arq.º Paulo Tormenta
Pinto.
Lembra-se, finalmente,
e agradece-se a múltipla participação nestas matérias habitacionais aos membros
do Secretariado Permanente do Congresso Internacional da Habitação no Espaço
Lusófono (Secretariado Permanente do
CIHEL), e de outros responsáveis mais diretos pelo desenvolvimento dos quatro congressos
internacionais CIHEL, abordando, frequentemente, o habitar de interesse social
no âmbito da lusofonia e entre os quais há que salientar (alfabeticamente), para
além de uma série de colegas e amigos já atrás referidos noutros contextos ( e
com as minhas prévias desculpas por algum “imperdoável” esquecimento), a
Arq.ª Angelica Benatti Alvim, o Arq.º António Gameiro, o Arq.º Anselmo Cani, a
Arq.ª Camila D’Ottaviano, o Arq.º Carlos de Almeida Marques, a Arq.ª Denise
Antonucci, o Eng.º Fernando Pinho, o Arq.º Ilidio Daio, a Arq.ª Inês Daniel de
Campos, o Arq.º Jaime Comiche, o Dr. João Carvalhosa, o Eng.º José António
Ferreira, o Arq.º Khaled Ghoubar, a Arq.ª Lúcia Zanin Shimbo, o Arq.º Miguel
Amado, o Arq.º Pedro Baptista Coelho, o Arq.º Rogério Galante, o Arq.º Rui Leão,
a Arq.ª Silvia Mikami, a Arq.ª Teresa Madeira, a Arq.ª Teresa Valsassina Heitor
(PDA-IST) e o Arq.º Victor Leonel.
Bibliografia
geral de enquadramento da temática
Apresenta-se em seguida, organizada cronologicamente, e acompanhará os restantes artigos desta série editorial, a bibliografia cronológica utilizada no presente estudo, sobre a matéria da Habitação de Interesse Social Portuguesa (HIS) e sobre qualidade arquitectónica residencial.
ONO, R. (Org.)
; ORNSTEIN, Sheila Walbe (Org.) ; Villa, Simone Barbosa (Org.) ; FRANÇA, ANA
JUDITE GALBIATTI LIMONGI (Org.) ; LEITNER, A. D. (Org.) ; BARBOSA, Maria
Beatriz (Org.); SARAMAGO, R. C. P. (Org.) ; ABATE, Tania Pietzschke (Org.)
; ROMÉRO, Marcelo de Andrade (Org.)
- Avaliação Pós-Ocupação na arquitetura,
no urbanismo e no design: da teoria à prática. 1. ed. São Paulo: Oficina de
Textos, 2018. v. 1. 302p .
TAVARES, Maria - Habitações
Económicas. Federação de Caixas de Previdência. Arquitectura e modos de
actuação no exercício do projecto, Porto: Faculdade de Arquitectura da
Universidade do Portoi, tese de doutoramento em Arquitectura, 2016.
National Crime Prevention Council – NCPC (autoria);
Direção Geral de Administração Interna – DGAI (edição); Ana Verónica Neves e
Filipe Teodorico (tradução) - CPTED – Prevenção
Criminal Através do Espaço Construído: Guia de boas práticas, Lisboa: DGAI,
2013, 66 p., ISBN:
978-989-8477-04-0; edição revista e adaptada para a versão portuguesa por uma
equipa que integrou o autor desta listagem - versão original disponível em <
http://www.veilig-ontwerp-beheer.nl/publicaties/cpted-prevencao-criminal-atraves-do-espaco-construido-guia-de-boas-praticas
MENDES, Maria Manuela; MAGANO, Olga - Ciganos Portugueses: Olhares Plurais e
Novos Desafios numa Sociedade em Transição. Editora Mundos Sociais, Lisboa,
2013, 253 p., ISBN
978-989-8536-26-6. António Baptista
Coelho redigiu o capítulo intitulado "Habitação
e vizinhança para famílias de etnia cigana: algumas reflexões práticas"
(9 p., 4 fig., pp. 239 a 247 do livro).
PORTAS, Nuno (coord. cient.) e AAVV - Habitação
para o Maior Número. Portugal, os Anos de 1950-1980. IHRU e CML, Lisboa, 2013
– lançamento em 2014, 214 p.,
ISBN 978-972-98508-8-2; António Baptista Coelho redigiu o capítulo ilustrado
intitulado "Sobre os “anos
dourados” dos conjuntos cooperativos de habitação económica: 1974-1984"
(20 p ilustradas., 12 fig., pp. 133 a 153 do livro).
COELHO, António Baptista – Habitação e Arquitetura: Contributos para uma habitação e um espaço
urbano com mais qualidade. Informação Técnica Arquitectura ITA 12.
Laboratório Nacional de Engenharia Civil, Lisboa, 2012, 272 pág., 37 fig.
COELHO, António Baptista - Qualidade
Arquitectónica e Satisfação Residencial na Habitação de Interesse Social em
Portugal no final do Século XX”, Lisboa, LNEC, Relatório 176/2011-NAU, Maio
2011, 93 pp., ilustrado
COELHO, A. Baptista;
PEDRO, J. Branco; COELHO, A. Leça – 2.ª Análise retrospectiva do parque financiado pelo Instituto Nacional
de Habitação nos anos de 1989-2005.
Análise arquitectónica. Lisboa
: LNEC, 2011. (Relatório
Confidencial 115/2011 – NAU).
DIAS, Jorge Miranda; LOPES, Grandão (coord.) - Conservação e reabilitação de edifícios
recentes. Cadernos Edifícios N.º 5, LNEC, Lisboa, 2010, 218 p., ISBN 978-972-49-2197-6. António Baptista Coelho redigiu o capítulo
intitulado "Critérios a aplicar na
requalificação arquitectónica do exterior residencial" (25 p., 6 fig.,
pp. 37 a 62 do livro).
COELHO, António Baptista - Entre casa e cidade, a humanização do habitar. dafne editora,
opúsculos - Pequenas Construções Literárias sobre Arquitectura, opúsculo 18,
Porto, Julho 2009, 20 p., 4 fig.,
ISSN 1646–5253, www.dafne.com.pt/pdf_upload/opusculo_18.pdf
DGS e AAVV - Planos
Locais de Ação em Habitação e Saúde – Manual para projetos: Fichas Técnicas
sobre Habitação e Saúde . Direcção Geral da Saúde (DGS), Plano nacional de
Ação Ambiente e Saúde (PNAAS), Lisboa, Novembro de 2009, ISBN: 978-972-675-191-5; António Baptista Coelho participou
na organização do livro e elaborou os seguintes quatro capítulos: (i) "Bem-estar na envolvente
residencial" (8 p., item 2.4); (ii) "Bem-estar e tipos de soluções habitacionais
(7 p., item 2.5)"; (iii) "Problemas sociais na habitação" (7 p.,
item 2.6); e (iv) "Bem-estar e conforto ambiental no interior
habitacional" (7 p., item 3.3) download em:
http://www.dgs.pt/?cn=552055525576AAAAAAAAAAAA
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada, Lisboa, LNEC, Tese e Programas de
Investigação TPI n.º 46. Lisboa: LNEC, Livraria
do LNEC, 2007. 574 p., 121
fig., ISBN 978-972-49-2120-4
LOPES, Carlos Nuno Lacerda – Projecto e modos de habitar. Dissertação de doutoramento, Porto:
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP), 2007.
COELHO, António Baptista – Instituto Nacional de Habitação, 1984 – 2004: 20 anos a promover a
construção de habitação social, Lisboa, INH, LNEC, 2006 (456 pp., muito ilustrado) – disponível por consulta ao IHRU,
Depósito Legal n.º 242704/06.
COELHO, António Baptista; COELHO, Pedro Baptista - Habitação de Interesse Social em Portugal:
1988 – 2005. Livros Horizonte, Horizonte Arquitectura Lisboa, 2009, 327 p., muito ilustrado, ISBN
978-972-24-1655-9 .
COELHO, António Baptista (coord.) – Humanização e vitalização do espaço público. Cadernos Edifícios n.º
4, LNEC, Lisboa, Livraria do LNEC, Outubro
de 2005 (Março 2006), 268 p., muito ilustrado,
ISBN 972-49-2058-5.
COELHO, António Baptista; COELHO, António Leça; MENEZES,
Marluci; CARVALHO, Fernanda Rodrigues; PLÁCIDO, Isabel – 3.ª Análise Retrospetiva do Parque Habitacional Financiado pelo INH,
Anos de 1995 a 1998. Lisboa: LNEC, 2004.
Relatório Confidencial 239/04-NAU. 402 p. 178 fig. 10 quad., 8 gráf.
INSTITUTO NACIONAL DE HABITAÇÃO; PAMPULHA, Rogério
(Coord.) – Habitação a Custos
Controlados, Projectos de Referência n.º 1 a n.º 8. Lisboa: INH, Projecto
de Referência, 2001 a 2004.
FERNANDES, Fátima; CANNATÀ, Michele – Guia da Arquitectura Moderna, Porto, 1925-2002. Porto: ASA
Editores, 2002, 335 p.
COELHO, António Baptista; CABRITA, António Reis; PEDRO J.
Branco – A Qualidade Arquitectónica e a
Satisfação Residencial – Qualité Architectonique et Satisfaction Résidentielle
– Projeto de Investigação Conjunta LNEC/CSTB sobre Qualidade Arquitectónica e a
Satisfação Residencial. Relato de sntese 1998-2000. Lisboa: LNEC, 2001. Relatório 149/01-NA. 60 p.
HEITOR, Teresa Valsassina – A vulnerabilidade do espaço em Chelas, uma abordagem sintáctica.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Junta Nacional de Investigação Científica
e Tecnológica, Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas, 2001, 421 p.
CABRITA, António Reis; COELHO, António Baptista; FREITAS,
M. João – Gestão Integrada de Parques
Habitacionais de Arrendamento Público – guião recomendativo, MES -
Secretaria de estado da Habitação, Laboratório Nacional de Engenharia Civil,
Intervenção Operacional Renovação Urbana, Lisboa, Dezembro de 2000 (240 p.), ISBN 972-981133-6-1;
António Baptista Coelho redigiu os Capítulos 4 (Enquadramento global da
gestão), 5 (Dimensões fundamentais da gestão), 6 (Métodos e instrumentos de
gestão do parque habitacional de arrendamento público), 7 (Requalificação
urbana), 8 (Integração da requalificação e da gestão e notas conclusivas), a
Bibliografia e o Anexo III (Ação e estrutura organizativa dos Zeladores).
CABRITA, António Reis (coord.), “A Futura Habitação Apoiada”. Proc. 086/01/13758. Relatório Confidencial
75/00 – NA, 299 pp. 2000.
COELHO, A. Baptista – Qualidade
arquitectónica residencial. Rumos e
factores de análise. Lisboa: LNEC,
Livraria do LNEC, 2000. 500
p. (Informação Técnica de Arquitectura,
ITA 8). ISBN 972-49-1857-2.
AAVV e MEPAT , “Habitat
II, Plano Nacional de Ação – Habitação”, MEPAT e Secretaria de Estado da
Habitação e Comunicações, MEPAT e SEHC, 1999,
76 p., Dep. Legal 141975/99.
BERNARDO, Jorge Almeida – INH 15 Anos a Apoiar Quem Precisa. Lisboa: Instituto Nacional de
Habitação, 1999, 124 p.
PEDRO, J. Branco – Programa
habitacional. Espaços e compartimentos. Lisboa : LNEC, 1999. 270 p. (Informação Técnica de Arquitectura, ITA 4).
PEDRO, J. Branco – Programa
habitacional. Habitação. Lisboa : LNEC, 1999. 270 p. (Informação Técnica de Arquitectura, ITA 5).
PEDRO, J. Branco – Programa
habitacional. Edifício. Lisboa : LNEC, 1999. 226 p. (Informação Técnica de Arquitectura, ITA 6).
PEDRO, J. Branco – Programa
habitacional. Vizinhança Próxima. Lisboa : LNEC, 1999. 174 p. (Informação Técnica de Arquitectura, ITA 7).
COELHO, A. Baptista; PEDRO, J. Branco – Do
bairro e da vizinhança à habitação.
Tipologias e caracterização dos níveis físicos residenciais. Lisboa : LNEC, Livraria do LNEC, 1998. 546 p.
(Informação
Técnica de Arquitectura, ITA 2). ISBN
972-49-1756-8.
COELHO, António Baptista (colaboração de Nuno Teotónio
Pereira) – Alvalade de Faria da Costa
uma cidade na cidade – o mistério de Alvalade, Palestra proferida nos
Encontros da Associação dos Arquitetos Portugueses – Habitação, Construir
Cidade com Habitação. Lisboa: AAP, 1998,
30 p.
FERNANDES, Francisco Barata – As formas da casa na forma da cidade, Palestra proferida nos
Encontros da Associação dos Arquitetos Portugueses – Habitação, Construir
Cidade com Habitação. Lisboa: AAP, 1998
FERNANDES, Manuel Correia – Anos 80 As Cooperativas de Habitação e o Desenho da Cidade, a Senhora
da Hora em Matosinhos, Palestra proferida nos Encontros da Associação dos Arquitetos
Portugueses – Habitação, Construir Cidade com Habitação. Lisboa: AAP, 1998, 8 p.
PEREIRA, Nuno Teotónio (colaboração de António Baptista
Coelho) – Os Olivais – experiência
colectiva de uma geração, Palestra proferida nos Encontros da Associação
dos Arquitetos Portugueses – Habitação, Construir Cidade com Habitação. Lisboa:
AAP, 1998, 8 p.
COELHO, António Baptista; PEDRO J. Branco; CABRITA, A.
Reis - Três Conjuntos Residenciais
Meritórios de Habitação de Custos Controlados – 1991, Coleção Edifícios nº
6, Lisboa, LNEC, Livraria do LNEC, 1998, 92 pp, ilustrado, ISBN
972-49-1758-4
ELEB, Monique; CHATELET, Anne Marie – Urbanité, sociabilité et intimité des
logements d’aujourd’hui. Paris :
Éditions de l’Épure, 1997. 350 p.
(Col. Recherche d’Architecture).
FERREIRA, Fonseca – 20 Anos de Cooperativismo Habitacional. Comunicação apresentada no Fórum Nacional de
Cooperativas de Habitação, CHASA, Alverca, 1997.
MATEUS, Barreiros – As Cooperativas de Habitação na Europa. Comunicação apresentada no Fórum Nacional de
Cooperativas de Habitação, CHASA, Alverca, 1997.
TOSTÕES, Ana – Os Verdes Anos na Arquitectura Portuguesa dos Anos 50.
Porto: Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, FAUP Publicações,
Série 2 Argumentos, N.º 14, 1997, 351 p.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU) –
Declaração de Istambul sobre Estabelecimentos Humanos e Agenda Habitat. Conferência das Nações Unidas sobre
Estabelecimentos Humanos – HABITAT II, Turquia, Istambul, 3 a 14 de Junho 1996.
PEREIRA, Nuno Teotónio – Escritos (1947 – 1996, selecção). Porto: Faculdade de Arquitectura
da Universidade do Porto, FAUP Publicações, 1996.
CABRITA, A. Reis – O Homem e a
Casa. Definição individual e social da
qualidade da habitação. Lisboa :
LNEC, Livraria do LNEC, 1995. 196 p.
(Colecção Edifícios, CED 2). ISBN
978-972-49-1631-6.
COELHO, A. Baptista; FREITAS, M.
João; FARIA, M. Paulina; CABRITA, A. Reis;
PEDRO, J. Branco; MENEZES, Marluci; REIS, Susana; COELHO, A. Leça – 1.ª
Análise Retrospectiva do Parque Financiado pelo INH nos anos de 1985/87. Lisboa : LNEC, 1995. (Relatório Confidencial n.º 347/95-NA).
FERREIRA, António Fonseca (coord.) – Livro Branco sobre a Política da Habitação em Portugal. Lisboa:
Associações Organizadoras do I Encontro Nacional da Habitação, 1993.
FLEMING, Arnaldo e MAGANO, Olga (coord.), Habitação Cooperativa em Portugal
(1974-1991), FENACHE - Federação Nacional de Cooperativas de Habitação
Económica e Centro de Estudos do Cooperativismo Habitacional, Concepção Gráfica
Edições Afrontamento, Santa Maria da Feira, 1992.
ORNSTEIN,
Sheila Walbe; ROMERO, Marcelo de Andrade .
Avaliação Pós-Ocupação do Ambiente
Construído. 1. ed. São Paulo: Studio Nobel e Editora da Universidade de São
Paulo, 1992. v. 1. 223p
HERTZBERGER, Herman – Lições de Arquitetura. Tradução de Eduardo Lima Machado. São Paulo
: Martins Fontes, 1996 (1991).
Instituto Nacional de
Defesa do Consumidor; AAVV (COELHO, A. Baptista, co-autor) – Guia do
Comprador de Habitação.
Pré-Publicação. Lisboa : Ed.
Instituto Nacional de Defesa do Consumidor, 1991.
Instituto Nacional de Habitação/Instituto da Habitação e
Reabilitação Urbana; PAMPULHA, Rogério
(coordenação habitual, por vezes partilhada) – Catálogos do Prémio INH e do Prémio IHRU (Ano de referência), entre
1989 e 2013, Lisboa: INH, 1989 a
2013.
ASSOCIAÇÃO DOS ARQUITETOS PORTUGUESES (AAP), Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa
(GUAL). Lisboa: AAP, 1987, 311
p.
COELHO, A. Baptista; CABRITA, A. Reis – Espaços exteriores em novas
áreas residenciais. Lisboa : LNEC, 1999
(1985). 154 p. (Informação Técnica
de Arquitectura, ITA 3). ISBN
972-49-1411-9.
DESPACHO n.º 41/MES/85. “D.R.
II Série”. 38 (85-02-14)
1520-(80)-1520-(100) [Recomendações Técnicas para Habitação Social], 1985.
NORBERG-SCHULZ, Christian – Habiter. Éssais et Documents. Paris: Electa-Moniteur, Electa France, 1985.
SOCZKA, Luís – Espaço Urbano e
Comportamentos Agressivos. Da Etologia à
Psicologia Ambiental. Lisboa : LNEC,
1984. 18 p. (Informação Técnica Informática, ITI 37).
PEREIRA, Nuno Teotónio – As Casas Económicas, 1947 – 1969, em Jornal Arquitetos n.º 16, 17 e
18. Março/Abril. Lisboa, 1983, 4 p.
DUPLAY, Claire; DUPLAY, Michel – Methode Illustrée de Création Architecturale. Paris : Le Moniteur, 1982.
448 p. (Col. CEP Moniteur).
ALEXANDER, Christopher; ISHIKAWA, Sara; SILVERSTEIN,
Murray [et al.] – A pattern language. Barcelona : Editorial Gustavo Gili, 1980 (1977). (Colecção Arquitectura Perspectivas).
GREATER LONDON COUNCIL – An Introduction to Housing Layout. Londres: Architectural Press,
GLC Study, 1978.
Fundo de Fomento da Habitação; AAVV – Instruções para Projectos de Habitação
Social Promovida pelo Estado (IPHPE/FFH), Lisboa: editadas pelo Fundo
de Fomento à Habitação (FFH),1977.
MELLO, Duarte Cabral de Mello; et al - Projectos para Cooperativas de Habitação
Económica, in Arquitectura, Ano I (4.ª Série), n.º 133, Maio 1979.
LAMURE, Claude – Adaptation du logement à la vie familiale. Paris : Ed. Eyrolles, 1976. 237 p.
(Collection I.C.I., Institut de la Construction Industrialisée). ASIN B0014KRHVA.
MOORE, Charles Moore; ALLEN, Gerald; LYNDON, Donlyn
Lyndon – La Casa: Forma y Diseño.
Barcelona, Editorial Gustavo GILI, 1976
(1974).
PORTAS, Nuno – Funções
e exigências de áreas da habitação,
Lisboa, LNEC, 1969,
ilustrado.
CULLEN, Gordon – El
Paisaje Urbano. Tratado de estética urbanística (The Concise Townscape).
Barcelona: Editorial Blume, 1977 (1961).
FARIA, António – O
problema das casas económicas (esboço de estudo), Lisboa: Edições Cosmos,
Biblioteca Cosmos, N.º 140/141, 7.ª Secção – problemas do nosso tempo n.º
26/27, 1948, 195 p.
Em termos práticos lembra-se que no primeiro artigo desta
série editorial são devidamente salientados os principais documentos e
publicações, de minha autoria, utilizados como fontes mais diretas destes
artigos, registando-se, ainda, a autoria própria de todas as imagens
utilizadas.
Notas editoriais:
(i) Embora a
edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo
corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada
por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos
artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais
dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da
exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) No mesmo
sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a utilização
de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo,
fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva
responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas
fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii) Para se
tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da
Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa
de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a
tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo
GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à
respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas
e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Infohabitar, Ano XVII, n.º 770
Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa: do
bairro à habitação – infohabitar # 770
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola Superior de Belas Artes de
Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da
Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura
e Urbanismo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em
Lisboa.
Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).
Sem comentários :
Enviar um comentário