Infohabitar,
Ano XV, n.º 695
Por António Baptista Coelho (imagens e textos)
(nota
prévia: a Série “Habitar e Viver Melhor” será continuada dentro de algumas semanas)
Retomando-se o que é já uma tradição da Infohabitar
continua-se a edição de alguns esboços recentes, associando-se, por regra,
sintéticos comentários informais, julgados oportunos, seja numa perspetiva de
Arquitectura/Habitar (quando adequado), seja considerando notas informais no
sentido do próprio fazer do esboço/desenho, aqui, sublinha-se, numa perspetiva
de clara informalidade e sentido prático - eventualmente útil a quem, como o
autor, continua a desenhar numa base diária, procurando, sempre, alguma melhoria –ainda que esta, sendo sempre relativa, discutível e sensível, exigisse bastante
mais paciência, calmo sentido de observação prévia e de “projeto” do
próprio esboço, e isto tudo, naturalmente, obrigasse a muitas mais horas de prática (sempre
agradável, há que confessar).
Salienta-se
que boa parte dos esboços aguarelados que se seguem foram realizados na zona
central e "verde", do bairro de Olivais Norte em Lisboa, um bairro
modernista exemplar (de cerca de 1955/1965, considerando o respetivo projeto),
e talvez "o bairro" modernista exemplar português, que é urgente
requalificar e dar a conhecer pois alia a uma excelente qualidade de vida e a
uma arquitetura urbana original e extremamente qualificada, uma evidente
atualidade nas suas preocupações de sustentabilidade ambiental - ex., intervenções multidisciplinares
incluindo (à data, lembra-se) arquitetos paisagistas integração expressiva de
verde urbano em grande "manchas" mais simples de manter, e orientação
dos edifícios segundo o movimento aparente do Sol de modo a
"rentabilizar" a respetiva insolação dos espaços das habitações.
Fig. 01: Os edifícios, com tamanho significativo (4 grandes habitações por piso e cerca de 10 pisos) ganham continuidade urbana com as árvores que os vão alternando. o desenho procurou ser sintético, com tinta preta à prova de água, preparando a aguada posterior, feita sobre um papel com grão fino.
Fig. 02: Verdadeiros edifícios modernistas, sobre "pilotis", ou talvez melhor dito sobre grandes pilares quadrangulares, sobre os quais "repousam" grandes vigas a todo o comprimento do edifício, que ganha uma evocativa imagem de "ponte" ou até de viagem; mas para a ter é preciso e vale bem a pena ir lá, e é bem fácil, basta sair na estação do Metro da Encarnação, em Lisboa, e estão mesmo lá; e já agora atentem em como foi possível aos projectistas - Arq.os Artur Pires Martins e Cândido Palma de Melo e Eng.º Jaime Periera Gomes - realizarem toda a organização interior da habitações com base numa estrutura perfeitamente regular. O esboço procurou o jogo de perspectiva com um forte primeiro plano.
Fig. 03: As árvores urbanas em dois papéis distintos e, neste caso, bem complementares, como elementos protagonistas em primeiro plano, ao longo da zona verde central de Olivais Norte, e como elementos "de acompanhamento" ou contraponto, neste caso em segundo plano, entremeando os blocos habitacionais. No esboço os primeiros planos foram reforçados com traços negros o mais possível "soltos".
Fig. 04: Os grandes choupos, plantados provavelmente nos anos de 1960, estarão pretes, talvez, a cumprir a sua esperança de vida, sendo importante pensar a sua substituição também por árvores assumidamente "verticais", que jogam com os blocos altos. No esboço as árvores e as extremidades dos blocos (à esquerda) registam a verticalidade que a própria folha de papel cumpre (ao alto) e, globalmente, há uma tentativa de alguma uniformização de tonalidades, que surgem razoavelmente misturadas.
Fig. 05: Neste esboço, um pouco exagerado na exuberância e proximidade entre a vegetação e o edificado, procura-se dar a noção do papel cénico que a vegetação desenvolvida entre os edifícios, assume em termos de vistas das habitações sobre tais espaços naturalizados; vistas esta talvez mais efectivas entre o 1.º e o 4.º andares, e naturalmente na zona "térrea" (embora elevada) vazada.
Fig. 06: Um esboço de um dos cul de sac que partem da rodovia anelar de distribuição, proporcionando pequenas vizinhanças com escalas bem humanizadas (pela altura dos edifícios e pela cobertura arbórea) e ambientes de sossego (agora em boa parte reconquistado depois da EMEL chegar ao bairro), proporcionando soluções "únicas" de total abertura dos espaços comuns dos edifícios sobre a sua envolvente pública; a ver no local. No esboço apostou-se no contraste entre a linearidade dos edifícios e a organicidade das árvores e procurou-se apontar rapidamente as formas dos automóveis (uma procura que continua).
Fig. 07: Nesta fotografia deixaram-se os dedos para se dar a noção do tamanho real deste e de alguns dos esboços acima apresentados; um pequeno livro de esboços como este vai connosco para todo o lado e está, assim, sempre à mão.
Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos
artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo
editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um
significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e
comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos
respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva
responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o
mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e
científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito
significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver
com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo
GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à
respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas
e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Infohabitar, Ano XV, n.º 695
Esboços recentes de
edifícios e árvores II – Infohabitar 695
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL, doutor
em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto,
Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no
Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC)
–, em Lisboa
Revista do GHabitar (GH) Associação
Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação
com sede na Federação Nacional de Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).
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