terça-feira, julho 30, 2019

696 - Esboços recentes de edifícios e árvores II – Infohabitar 696

Infohabitar, Ano XV, n.º 696

Esboços recentes de edifícios e árvores II – Infohabitar 696

Por António Baptista Coelho (imagens e textos)

(nota prévia: a Série “Habitar e Viver Melhor” será continuada  dentro de algumas semanas)
Retomando-se o que é já uma tradição da Infohabitar continua-se a edição de alguns esboços recentes, associando-se, por regra, sintéticos comentários informais, julgados oportunos, seja numa perspetiva de Arquitectura/Habitar (quando adequado), seja considerando notas informais no sentido do próprio fazer do esboço/desenho, aqui, sublinha-se, numa perspetiva de clara informalidade e sentido prático - eventualmente útil a quem, como o autor, continua a desenhar numa base diária, procurando, sempre, alguma melhoria –ainda que esta, sendo sempre relativa, discutível e sensível, exigisse bastante mais paciência, calmo sentido de observação prévia e de “projeto” do próprio esboço, e isto tudo, naturalmente, obrigasse a muitas mais horas de prática (sempre agradável, há que confessar).
Salienta-se que boa parte dos esboços aguarelados que se seguem foram realizados na zona central e "verde", do bairro de Olivais Norte em Lisboa, um bairro modernista exemplar (de cerca de 1955/1965, considerando o respetivo projeto), e talvez "o bairro" modernista exemplar português, que é urgente requalificar e dar a conhecer pois alia a uma excelente qualidade de vida e a uma arquitetura urbana original e extremamente qualificada, uma evidente atualidade nas suas preocupações de sustentabilidade ambiental  - ex., intervenções multidisciplinares incluindo (à data, lembra-se) arquitetos paisagistas integração expressiva de verde urbano em grande "manchas" mais simples de manter, e orientação dos edifícios segundo o movimento aparente do Sol de modo a "rentabilizar" a respetiva insolação dos espaços das habitações.


Fig. 01: Edifíco, verde, edifício, verde, edifício; numa quase colagem de realidades construídas e naturais (embora humanizadas) e uma expressiva qualidade de vida urbana e natural. O esboço, que se julga ser ativamente esboçado/livre procura servir essa intenção de ilustração urbanística e jogar em diversos planos gráficos; e os tons quentes "aproximam" visualmente o edificado.

Fig. 02: Em Olivais Norte também se inovou e bem (nos anos de 1960) na manutenção de expressivas memórias do passado, como neste caso de um troço de aqueduto ligado à memória de um grande poço também visível; e é extremamente cénica e misteriosamente estimulante esta presença, matéria também do bom urbanismo e paisagismo que aqui se fez e que é urgente divulgar e recuperar. O esboço procurou apostar numa aguada livre, fazendo sentir a liberdade da água desde os tons do céu aos do aqueduto.

Fig. 03: Na envolvente do grande "quarteirão central" de Olivais Norte, cujo miolo é preenchido pela principal zona verde do bairro (visível nas figuras seguintes), a importante funcionalidade rodoviária, baseada num grande anel distribuidor - para uma série de pequenos cul de sac de vizinhança, extremammente interessantes devido à sua escala humana e pavimentos mistos para peões e veículos - é estrategicamente amenizada por uma intensa arborização urbana; ao fundo o esboço da presença de uma das torres Prémio Valmor. O esboço procurou e não conseguiu apontar minimamente os veículos (entre outras deficiências); mas vamos tentando.

Fig. 04: A Arquitetura Paisagista ainda pioneira, nos anos de 1960 e em Portugal, nas suas intervenções urbanas e residenciais (neste caso dedicadas a um "Bairro de interesse social"), marca com a introdução de tonalidades cromáticas e texturas distintas, acentuando a atractividade e o sentido cénico da grande zona central ajardinada. O esboço joga com a perspetiva, procurando acentuar profundidades e "caminhos", seja com a distribuição dos "elementos árvores", seja com o jogo da cor (vermelho visualmente mais próximo, verde visualmente mais afastado). 

Fig. 05: Nova imagem do mesmo esboço (editado na Fig. 04), mas mostrando-se um dedo para se ter a noção da respetiva dimensão - o tal pequeno caderno que nos segue para todo o lado.

Fig. 06: Também na envolvente do grande "quarteirão central" de Olivais Norte, cujo miolo é preenchido pela principal zona verde do bairro (visível nas figuras anteriores), os interessantes blocos duplex, lembram correntezas densas de pequenas moradias sobrepostas e são expressivamente "envolvidas", ou agradavelmente subjugadas, por grandes e conturbadas árvores; não se trata de um tema fácil para um "esboço de descontração", pois é sempre difícil sintetizar formas naturais tão protagonistas e tão orgânicas e dinâmicas como estas são.

Fig. 07: Regista-se neste desenho, com alguma clareza, a solução dos edifícios sobre pilares, com um embasamento de acesso geral, praticamente em terraço, com vistas bem enquadradas sobre as zonas ajardinadas envolventes, sendo um espaço vazado amplo que assegura continuidade visual às referidas zonas naturalizadas e percurso bastante livre aos ventos. No desenho optou-se por uma primeira fase contidamente esquemática e a traço fino, seguindo-se a aplicação de aguadas de cor (com alguma liberdade) e, finalmente, aplicando-se uma última "camada" de traços negros finos e espessos, para acentuar profundidades; e as árvores criam aqui a cena para os edifícios protagonistas. 

Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.

Infohabitar, Ano XV, n.º 696

Esboços recentes de edifícios e árvores II. – Infohabitar 696


Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) –, em Lisboa


Revista do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE)

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