Infohabitar, Ano XIII, n.º 610
Espaços Comuns do Edifício Habitacional
por António Baptista Coelho
Tal
como foi anteriormente divulgado, a Infohabitar está a retomar as suas edições
regulares, procurando disponibilizar um novo artigo em cada semana e
preferencialmente à segunda-feira, aproveitando-se para, mais uma vez, enviar
um amigável desafio aos leitores no sentido de poderem enviar para o editor
(mail referido no final do artigo) propostas de artigos para edição.
Considerando
que, durante já um número muito significativo de semanas a Infohabitar tem
editado artigos integrados no âmbito da série designada “Habitar e Viver
Melhor”, lembrámo-nos de proporcionar uma “revisão da matéria dada”, antes de
prosseguirmos na edição desta série.
Neste
sentido e neste artigo apresentam-se, em seguida, os títulos interativos dos artigos da série “Habitar e Viver
Melhor”, que abordam temáticas relativas aos “Espaços Comuns do Edifício Habitacional”, e aproveitando-se para acrescentar, no final
do artigo, uma muito pequena e informal nota de reflexão sobres estas
apaixonantes e tão atuais matérias.
Em
próximos artigos iremos disponibilizar reflexões sobre a estruturação e os
conteúdos possíveis e desejáveis nos espaços comuns das habitações e, sequencialmente,
nos diversos espaços habitacionais mais privados e personalizados.
Lembra-se
que bastará ao leitor “clicar” no título do artigo que lhe interessa para o
poder consultar.
Lembra-se,
ainda, que por motivos alheios à Infohabitar, que muito lamentamos e
que já apontámos, na Infohabitar, a maior parte dos artigos desta série
editorial não conta, neste momento, com as respetivas ilustrações; estando, no
entanto, disponíveis todos os seus textos, que se caraterizam por expressiva
autonomia relativamente às referidas imagens.
Finalmente
regista-se que o processo editorial da Infohabitar, revista ligada à ação da GHabitar
- Associação Portuguesa de Promoção da Qualidade Habitacional (GHabitar
APPQH) – associação que tem a sede na Federação Nacional de Cooperativas de
Habitação Económica (FENACHE) –, voltou a estar, desde o princípio de
setembro de 2017, em boa parte, sediado no Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e nos seus Departamento de Edifícios e Núcleo
de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT); aproveitando-se para se
agradecer todos os essenciais apoios disponibilizados por estas entidades.
São
os seguintes os 8 artigos disponibilizados sobre o tema: “Espaços Comuns do
Edifício Habitacional”:
. A importância dos espaços comuns ou semi-privados nos edifícios multifamiliares (I)
. A importância dos espaços comuns ou semi-privados nos edifícios multifamiliares (II) - os perfis de qualidade e de criatividade nos espaços comuns habitacionais
. Sobre as entradas comuns habitacionais - parte I
. Sobre as entradas comuns habitacionais - parte II
. Dos átrios comuns habitacionais aos outros espaços de condomínio
. Escadas comuns e elevadores residenciais
. Galerias comuns e patins residenciais
. Do edifício comum aos mundos domésticos
Sobre as temáticas associadas e associáveis aos “Espaços Comuns do Edifício Habitacional” muito há a dizer e sublinha-se que o que a seguir se aponta, em oito parágrafos temáticos, corresponde, apenas, a uma informal reflexão sobre estas excelentes matérias.
Um
primeiro aspecto a considerar consiste, naturalmente, no protagonismo dos
espaços comuns do edifício habitacional multifamiliar na sua caracterização e
“ADN” tipológico, considerando-se não uma simplificada identidade tipológica,
mas sim uma definição tipológica “fina”, que integre, designadamente e de forma
não exaustiva, desde aspetos de dimensão geral e altura do edifício, a aspetos
de caraterização dos tipos de acessos verticais e horizontais, a matérias
associadas com as relações exterior/interior proporcionadas, a aspetos de
diversidade de espaciosidades e instalações comuns oferecidas, a matérias de
relacionamento entre os acessos às habitações, os espaços comuns e o exterior
do edifício e a matérias de conjugação de usos (usos mistos, não apenas
residenciais) servidas e potenciadas pelos espaços comuns do edifício.
E
ainda dentro deste aspecto de reflexão tipológica há que integrar a consideração
das tipologias de transição entre o uni e o multifamiliar, frequentemente
designadas de “intermediárias” e daquelas mistas e extremamente ricas em termos
de imagens urbanas pormenorizadas, porque associam e fundem diversas tipologias
– por exemplo: unifamiliares densos, intermediárias, pequenos e médios multifamilares
com variadas características em termos de acessibilidade comum e privada; e
cuja riqueza muito decorre do complexo de espaços de acesso que aí são
proporcionados (semi-privados, comuns, comuns de uso público e públicos).
Um
outro aspecto, mais específico, a ter em conta pode ser definido em termos das
características de “extensão da rua” proporcionadas pelos espaços comuns do
edifício, uma extensão naturalmente condicionada e controlada e que pode
corresponder, no limite, a um conjunto bem expressivo de barreiras difícieis de
transpor, ou a uma ligação muito natural e directa entre “a rua” – espaço
público ou de uso público – e o acesso à habitação de cada agregado familiar.
Uma
outra matéria ligada a esta última corresponde ao que se pode designar de
potencial de “extensão da habitação” que é proporcionado pelos espaços comuns
do edifício “casa”, e aqui trata-se, não apenas, do “espelho” da referida
“extensão da rua”, mas dos espaços de relação/passagem e transição entre
espaços privados e espaços comuns, seja em termos de vistas como de potencial
de “mistura” e de apoio a um bom funcionamento de ambos.
Outras
matérias ligam-se ao papel protagonista que a estruturação e a caracterização
pormenorizada dos espaços comuns habitacionais têm na identidade da respectiva
intervenção urbana do edif´cio multifamiliar e predominantemente residencial,
com destaques específicos, quer para a escala humana atingida e o
respectivo sentido de relação muito directa entre edifício e “homem”, em termos
de proporções e de usos pormenorizados e dos seus reflexos nas matérias ligadas
ao importante sentido “misto” de aproximação, abrigo e identificaçãoe escala
urbana, quer para a escala urbana obtida, que tem, naturalmente, de se
harmonizar com a primeira, mas que terá objetivos específicos de integração e
imagem urbanas, com reflexos em importantes aspetos entre os quais se podem
destacar as características de dignidade/atractividade e de relativa sobriedade
que parecem ser, geralmente, desejáveis.
Um
outro aspecto importante na caracterização dos espaços comuns de um edifício
habitacional pode ser definido em termos do seu potencial de naturalização, ou
da sua capacidade para integrar elementos naturais de vegetação e/ou de integração
em zonas marcadas pela vegetação; uma matéria que tem de ser assumida seja pela
forte abertura a essa capacidade, seja por uma assumida mas bem integrada
capacidade de contraste com o verde urbano. Esta é uma matéria que apenas aparentemente
é menos importante/interessante, recomendando-se a procura e a análise de soluções
de expressiva integração da natureza nos espaços comuns habitacionais para se
atentar no seu verdadeiro potencial integrador e caracterizador.
Naturalmente
que os espaços comuns de um edifício habitacional têm de ser adequadamente
caracterizados por aspetos qualitativos básicos, designadamente, em termos de
acessibilidade, segurança no uso e contra riscos de incêndio, conforto
ambiental e capacidade de manutenção; trata-se de uma matéria incontornável e já
devidamente desenvolvida em muitos estudos e “guias de desenho”, que devemos sempre
salientar, mas procurando sempre harmonizar com as características de conforto e
“domesticidade” que se julga deverem caracterizar os espaços que antecedem e
envolvem os nossos aspaços domésticos mais privados, parecendo, portanto, muito
pouco aceitáveis ambientes “maquinais”, estritamente funcionalistas, “áridos” e
sem identidade – e este é um complexo mas bem importante desafio que se faz ao
projectista.
Outros
aspectos qualitativos básicos, menos evidentes no que se refere a uma prática
projectual residencial considerada mais corrente, ligam-se ao relevo dado à
importância dos “pares” qualitativos associados tanto à identidade/apropriação,
como à convivialidade/privacidade. Não se irá aqui desenvolver este duplo
caminho de reflexão sobre os espaços comuns habitacionais referindo-se, apenas,
que são matérias, expressivamente ausentes do mau projecto residencial e
presentes, metamorfoseadas, em muitos dos melhores casos de referência
habitacionais e urbanos, que associam o sentido de “casa sua” mesmo em grandes
multifamiliares, seja por “formas” de base, seja por aspectos “dinâmicos” e
participados pelos respectivos moradores e que integram aspetos de harmonização
entre a cabal defesa da privacidade doméstica e uma adequada proposta de convívio,
ainda que estrategicamente limitado e delimitado em determinados “pontos” e
espaços do edifício e da sua envolvente.
E,
finalmente, parece ser importante e interessante reflectir sobre como instilar
na concepção e mesmo na vivência do edifício multifamiliar e, designadamente,
dos seus espaços comuns, aspectos qualitativos básicos associados às
respectivas relações urbanas pormenorizadas, considerando-se, desde as matérias
da integração no que se refere à imagem urbana local às matérias específicas associáveis
ao que se pode considerar como sendo a sua muito desejável e intensa coesão e
vitalização térreas.
Fora
desta sequência de reflexões mais ligada ao edifício propriamente dito há que
apontar aqui, de forma destacada, a importância que tem a consideração dos
tipos de moradores esperados, tendo-se em conta aqueles com maior
condicionamento em termos de deslocação e percepção e visando-se,
desejavelmente, a criação de edifícios e agregados de edifícios em que se vise
a possível e melhor convivência entre diversos níveis etários e dimensões de
agregados familiares, tendo-se bem presente a expressiva e crescente presença
dos idosos e de pessoas com reduzida autonomia na nossa sociedade e
considerando-se que uma boa parte do êxito de edifícios dirigidos para uma
ampla mistura sociocultural e etária se joga nos seus espaços comuns e na relação
destes e dos espaços domésticos com a envolvente urbana.
e a
estas matérias voltaremos …
Notas editoriais:
(i)
Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a
caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de
edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo
portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii)
De acordo com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado
nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma
quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou
que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na
Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição
dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se
circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é
pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser
de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado
tal e qual foi recebido na edição.
Infohabitar, Ano XIII, n.º 610
“Espaços
Comuns do Edifício Habitacional” – 8 artigos sobre o tema
Infohabitar
Editor: António Baptista Coelho
abc.infohabitar@gmail.com
GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da
Qualidade Habitacional
Edição: José Baptista Coelho -
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.
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