Por vezes não é possível manter a rotina, porque somos apanhados desprevenidos por algo que, embora soubéssemos
que poderia acontecer, nos marca com uma grande tristeza.
E é sempre assim na morte de um amigo verdadeiro, neste caso uma amiga
de há muito, a Isabel Plácido, que sabíamos estava doente, mas que desejávamos
pudesse ultrapassar esta fase mais difícil, transformando-a numa memória que se
fosse esquecendo.
Assim não aconteceu e o que ficou foi aquela vontade, que
é sempre a mesma na morte de um amigo, de não se querer acreditar, de não se
querer comprovar o que se deseja que seja um engano terrível; mas não:
aconteceu mesmo.
A Arquitecta Isabel Plácido faleceu na Quinta-feira
passada, dia 8 de Maio de 2014, e à família enlutada aqui se registam os
devidos e mais respeitosos sentimentos.
A Arquitecta Isabel Plácido era Investigadora do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), praticamente desde que se terminou
a sua licenciatura, até há cerca de um ano, altura em que se aposentou.
A Arquitecta Isabel Plácido doutorou-se em Arquitectura,
com todo o mérito, na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto (FAUP)
e foi, desde sempre, um elemento essencial do Núcleo de Arquitectura e
Urbanismo (NAU, antes NA-Núcleo de Arquitectura) do LNEC, mas também do Departamento
de Edifícios do Laboratório, onde assegurou, com elevação e humanidade,
variados cargos ligados ao respectivo Conselho Científico; associando ainda
toda esta actividade ao desenvolvimento da actividade de projecto de arquitectura e uma carreira de formação
especializada e de docente universitária na Universidade Lusófona de Humanidades
e Tecnologias (ULHT).
As suas excepcionais qualidades de trabalho e de
capacidade de coordenação de equipas de investigação eram, apenas, suplantadas
pelas suas qualidades humanas, e ficam editados no LNEC muitos trabalhos em
variadas temáticas que atestam esta sua bem reconhecida capacidade - desde o
processo de projecto, às pioneiras aplicações da informática no projecto de
Arquitectura, ao desenvolvimento de pareceres técnicos especializados e, mais
recentemente, a coordenação de um muito extenso, assinalável e útil conjunto de
trabalhos que enquadram a concepção de um amplo e diversificado leque de
equipamentos sociais.
Mas para além de tudo isto a Isabel Plácido estava sempre
plenamente disponível para integrar outras temáticas de trabalho, ajudar nas
mais diversas matérias e tarefas e dar a sua bem ponderada e humana opinião nos
mais variados assuntos, sendo sempre um elemento muito positivo e vital na
dinâmica de trabalho do NAU do LNEC e no sentido de estimulante convivência que
muito ajudou a criar e a manter neste Núcleo.
Mas para além de tudo isto a Isabel Plácido era e é, para
sempre, uma grande amiga; uma amiga que irá fazer falta a muita gente e de quem
irei sentir muita falta, na convivência, na conversa, no estarmos juntos
falando de tudo e de nada, desde os cães e os gatos, aos mais variados e
importantes aspectos da profissão, partilhando almoços, memórias, ideias e
projectos.
Costuma dizer-se que certas pessoas não acabam, porque
ficam a viver nas nossas memórias: para mim e, tenho a certeza, para muitos dos
bons amigos da Isabel, este costume não é apenas uma palavra, é uma realidade:
Ela está e estará para sempre bem viva nas nossas memórias, e na forma como
vamos continuar a viver, lembrando-nos, realmente, dela ... até ao "dia"
em que nos iremos voltar a encontrar, e aí teremos tanto, tanto, de que falar.
António Baptista Coelho
e, tenho a certeza, em nome de muitos dos bons amigos da
Isabel Plácido
A saudosa amiga Isabel Plácido na 2.ª fila e à esquerda (com casaco vermelho) quando da comemoração dos 40 anos do Núcleo de Arquitectura e Urbanismo, na conclusão da Conferência Comemorativa "Bairros Vivos, Cidades Vivas", em 24 de novembro de 2009.
A saudosa amiga Isabel Plácido na 2.ª fila e à esquerda (com casaco vermelho) quando da comemoração dos 40 anos do Núcleo de Arquitectura e Urbanismo, na conclusão da Conferência Comemorativa "Bairros Vivos, Cidades Vivas", em 24 de novembro de 2009.
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