Infohabitar Ano VIII, N.º 405
Notícias do 2.º Congresso Internacional da Habitação no Espaço Lusófono – 2.º CIHEL.
http://2cihel.lnec.pt/2cihel.html
A Chamada de Comunicações decorreu com êxito até 1 julho de 2012, tendo sido submetidos um significativo total de 225 resumos de comunicações (182 na 1.ª Chamada e 43 na 2.ª).
A entrega de propostas de resumos/comunicações está, portanto, encerrada, aproximando-se a data de envio das comunicações completas, EXCLUSIVAMENTE, para o seguinte endereço eletrónico, Email: comunicacoes2cihel@lnec.pt
- Comunicação da análise/aceitação das propostas da 2.ª Chamada a partir de 14 de setembro de 2012 - será tentada a possível antecipação a esta data.
- Abertura das inscrições: data a definir em breve.
- Envio do texto das comunicações, resumo alargado e dados complementares até 22 de outubro de 2012.
- Selecção final e eventual solicitação de revisões das comunicações até 30 novembro de 2012.
- Entrega da revisão final (quando aplicável): até 15 dezembro de 2012.
Na presente edição do Infohabitar retoma-se a publicação corrente da nossa revista com um novo artigo sobre a temática do "habitar e viver melhor", intitulado "Vizinhanças seguras e ambientalmente agradáveis" - Artigo XVI da série ( o último texto desta série foi publicado em 15 de Julho de 2012, no n.º 402 do Infohabitar e abordou a importância da adequação social das vizinhanças).
ARTIGO DA SEMANA - ARTIGO DA SEMANA - ARTIGO DA SEMANA
Vizinhanças seguras e ambientalmente agradáveis
Artigo XVI, da série habitar e viver melhor
António Baptista Coelho
Esta matéria da segurança urbana e residencial é uma temática que não teria razão de abordagem há alguns anos atrás, desde que se retirando dela, como é o caso, as questões ligadas ao trânsito de veículos.
No entanto os dias de hoje são marcados por situações de insegurança por acções humanas de violência contra pessoas e neste sentido considera-se que a organização urbana e pormenorizada das vizinhanças residenciais, quando desenvolvida, designadamente, no sentido de apoiar as melhores condições de recreio e de estadia para crianças e idosos deverá proporcionar um conjunto muito amplo e diversificado de relações espaciais e visuais que garantam um máximo de acompanhamento das actividades no exterior público:
- por parte do conjunto de actividades que aí se desenvolvem (por exemplo, a partir de uma esplanada ser possível intervir num parque infantil);
- e por parte das actividades que se baseiam na envolvente edificada desse mesmo exterior (habitações e equipamentos);
e um acompanhamento que tem de ser conjugado com a previsão de uma delimitação estratégica e de um controlo natural dos principais acessos públicos aos espaços exteriores de vizinhança, e também com a previsão do acesso de emergência a esses exteriores.
Fig. 1
Desta forma será possível a criação de um meio de vizinhança naturalmente controlado pelos respectivos vizinhos, onde qualquer intrusão, embora se possa fazer devido a uma agradável ausência de barreiras efectivas, será objecto de um controlo e acompanhamento naturais, possibilitando-se, também, que, por se disponibilizarem boas condições de visibilidade mútua e de adequado equipamento de recreio e convivial, o uso dos exteriores de vizinhança se faça com intensidade, gerando-se, assim, um conjunto integrado de condições que são, elas próprias, a melhor prevenção para eventuais problemas de insegurança – matéria esta tão bem desenvolvida há já alguns anos por Jane Jacobs.
A modos de uma síntese ampla das matérias aqui apontadas é possível referir que a existência de um sentimento de forte identificação com o local e a sua caracterização como abrigado e sossegado, são qualidades residenciais associadas, frequentemente, a um agradável nível de convivialidade e a um razoável sentido de segurança nos respectivos espaços públicos.
Fig. 2
De certa forma, as qualidades aqui apontadas configuram, habitualmente, sítios delimitados e caracterizados, compostos por espaços claramente apropriados em termos das respectivas responsabilidades de uso e de manutenção, aspectos estes fundamentais no sentido da criação de rotinas de vigilância e intervenção naturais.
Consideram-se, ainda, dois outros aspectos fundamentais para o mais intenso e, consequentemente, mais seguro uso do exterior de vizinhança:
(i) o desenvolvimento de um adequado sistema de gestão local de proximidade, que melhore condições de equipamento, vitalização, manutenção e limpeza da respectiva vizinhança, com as naturais consequências em termos de um seu uso mais intenso – e a este sistema de gestão deveria ser associado um programa de policiamento de proximidade, com evidentes vantagens directas na melhor gestão local e, naturalmente, na segurança;
(ii) e o desenvolvimento de um exterior de vizinhança globalmente concebido e pormenorizadamente equipado tendo em vista um máximo de condições de conforto ambiental no exterior.
Relativamente a uma melhor manutenção Sidónio Pardal e Costa Lobo apontaram um conjunto de condições que facilitam a gestão do exterior, e que em seguida se apontam com alguma, embora controlada, liberdade (1):
- remates claramente definidos e bem tratados entre diferentes territórios;
- qualidade da configuração urbanística e funcional;
- morfologia urbana estável;
- boa capacidade de infraestruturas e equipamentos;
- acerto cuidadoso na implantação dos edifícios, por boa compatibilização entre cotas mestras de soleira, passeios e rasantes de arruamentos;
- espaços exteriores de reserva em quantidade suficiente;
- protecção do verde urbano e verde urbano bem localizado e dimensionado;
- inexistência de lacunas no tecido urbano;
- tecido urbano ritmado e articulado por diversos elementos (praças, avenidas, alamedas, esplanadas, logradouros, etc.);
- sustentabilidade/capacidade de “sobrevivência” e de vitalização das actividades, por equilíbrio entre custos de instalação e de manutenção;
- qualidade do projecto e da obra.
Considerando-se um exterior de vizinhança globalmente concebido e pormenorizadamente equipado tendo em vista um máximo de condições de conforto ambiental no exterior há que referir que um tal cuidado deveria ser básico numa adequada intervenção de Arquitectura, pois há aspectos de insolação, sombreamento, orientação solar, agradável refrescamento por brisas e outros a eles associados, que deveriam ser protagonistas directos não só na implantação das sequências e dos conjuntos de edifícios, como dos respectivos e contíguos conjuntos e encadeamentos de espaços exteriores.
Fig. 3
Mas, como bem sabemos, estas não são, ainda, regras nem na orientação de edifícios, nem na disposição das sequências de espaços exteriores, embora não haja qualquer desculpa para que não constituam regra geral e regra incontornável e há excelentes exemplos de boas práticas (de Alvalade a Olivais Norte, por exemplo).
Nestas matérias e mais uma vez parece que certos caminhos qualitativos se vão associando e sobrepondo e por exemplo no que se refere aos efeitos caprichosos do vento em estrangulamentos entre edifícios, em "corredores" entre edifícios muito longos e em zonas com edifícios de diferentes alturas, sublinha-se que os edifícios até três pisos não produzem consequências sensíveis em termos de correntes de ar (2) e que a interrupção das longas bandas edificadas, habitualmente associada a um positiva ausência de barreiras urbanas, é também uma positiva medida em termos de melhoria da circulação do ar na cidade.
E se associarmos, activamente, a este tipo de cuidados, uma intensa e criteriosa presença de verde urbano, com a sua função climaticamente moderadora, então poderemos ter excelentes condições de conforto ambiental no exterior.
E não tenhamos quaisquer dúvidas de que é fundamental tudo fazer para dinamizar o uso dos espaços exteriores públicos, numa desejável teia de sequências de espaços de vizinhança, pois de uma tal opção depende em boa parte a fundamental revitalização da cidade e, naturalmente, as suas condições de segurança e de agrdabilidade no uso corrente.
Notas:
(1) Sidónio Pardal; P. Correia; M. Costa Lobo, "Normas Urbanísticas, Vol. II", p. 115.
(2) National Board of Urban Planning, "Bostadens Grannskap (Housing Environment), Recomendations for Planning", p. 36.
Notas editoriais:
(i) A edição dos artigos no âmbito do blogger exige um conjunto de procedimentos que tornam difícil a revisão final editorial designadamente em termos de marcações a bold/negrito e em itálico; pelo que eventuais imperfeições editoriais deste tipo são, por regra, da responsabilidade da edição do Infohabitar, pois, designadamente, no caso de artigos longos uma edição mais perfeita exigiria um esforço editorial difícil de garantir considerando o ritmo semanal de edição do Infohabitar.
(ii) Por razões idênticas às que acabaram de ser referidas certas simbologias e certos pormenores editoriais têm de ser simplificados e/ou passados a texto corrido para edição no blogger.
(iii) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.
Infohabitar a Revista do Grupo Habitar
Infohabitar, Ano VIII, n.º 405
Editor: António Baptista Coelho
Edição de José Baptista Coelho
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte
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