quarta-feira, outubro 26, 2022

Idosos: desafio crítico e oportunidade I - versão de trabalho e base bibliográfica – Infohabitar # 836

Ligação direta (clicar no link seguinte) para aceder à listagem interativa de 800 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):

https://docs.google.com/document/d/1WzJ3LfAmy4a7FRWMw5jFYJ9tjsuR4ll8/edit?usp=sharing&ouid=105588198309185023560&rtpof=true&sd=true


 

Infohabitar, Ano XVIII, n.º 836

Edição: quarta-feira, 26 de outubro de 2022

Artigo XVIII da série editorial da Infohabitar “PHAI3C – Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma Cooperativa a Custo Controlado”

 

 

Caros leitores da Infohabitar,

Com o presente artigo damos continuidade à série editorial da Infohabitar especificamente dedicada a uma abordagem global e bibliográfica dos amplos, sensíveis e urgentes aspetos associados às necessidades, aos gostos e às potencialidades sociais e urbanas de uma reflexão prática sobre os espaços residenciais dedicados a pessoas idosas e fragilizadas, desejavelmente integrados em quadros intergeracionais, ativamente urbanos e dinamizados e convivializados pelas cooperativas que estão, desde há dezenas de anos, dedicadas à promoção de habitação de interesse social com expressiva qualidade e frequentemente associada a um amplo leque de variadas e vitais atividades vicinais e urbanas – as Cooperativas associadas à Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).

Lembra-se, como sempre, que serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui editados e propostas de artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com).

Despeço-me, até à próxima semana, enviando saudações calorosas e desejos de força e de boa saúde para todos os caros leitores,    

 

Lisboa, em 26 de outubro de 2022

António Baptista Coelho

Editor da Infohabitar

 

Nota introdutória à temática do Programa de Habitação Adaptável Intergeracional – Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C)

Considerando-se o atual quadro demográfico e habitacional muito crítico, no que se refere ao crescimento do número das pessoas idosas e muito idosas, a viverem sozinhas e com frequentes necessidades de apoio, a actual diversificação dos modos de vida e dos desejos habitacionais, e a quase-ausência de oferta habitacional e urbana adequada a tais necessidades e desejos, foi ponderada o que se julga ser a oportunidade do estudo e da caracterização de um Programa de Habitação Adaptável Intergeracional (PHAI), adequado a tais necessidades e a uma proposta residencial naturalmente convivial, eficazmente gerida e participada e financeiramente sustentável, resultando daqui a proposta de uma Cooperativa a Custos Controlados (3C).

O PHAI3C visa o estudo e a proposta de soluções urbanas e residenciais vocacionadas para a convivência intergeracional, adaptáveis a diversos modos de vida, adequadas para pessoas com eventuais fragilidade físicas e mentais, mas sem qualquer tipo de estigma institucional e de idadismo, funcionalmente mistas e com presença urbana estimulante. O PHAI3C irá procurar identificar e caracterizar tipos de soluções adequadas e sensíveis a uma integração habitacional e intergeracional dos mais frágeis num quadro urbano claramente positivo e em soluções edificadas que possam dar resposta, também, a outras novas e urgentes necessidades habitacionais (ex., jovens e pessoas sós), num quadro residencial marcado por uma gestão participada e eficaz, pela convivialidade espontânea e social e financeiramente sustentável.

Trata-se, tal como se aponta no título do artigo, de uma “versão de trabalho e base bibliográfica” e, portanto, de um artigo cujos conteúdos serão, ainda, substancialmente revistos até se atingir uma versão estabilizada da temática referida no título; no entanto, em virtude da metodologia usada, que se considera bastante sólida, marcada pelo recurso a abundantes referências de fontes, devidamente apontadas e sistematicamente comentadas no sentido da respetiva aplicação ao PHAI3C, e tendo-se em conta a utilidade de se poder colocar à discussão os muitos aspetos registados no sentido da sua possível aplicação prática no PHAI3C, considerou-se ser interessante a divulgação desta temática/problemática nesta fase de “versão de trabalho”, que, no entanto, foi já razoavelmente clarificada – como exemplo do posterior tratamento para passagem a uma versão mais estável teremos, provavelmente, referências bibliográficas mais reduzidas e boa parte delas em português, assim como comentários mais desenvolvidos; mas mesmo este desenvolvimento irá sendo influenciado pelo(s) caminho(s) concreto(s) tomado(s) pelos diversos temas e artigos que integram, desde já, a estrutura pensada para o designado documento-base do PHAI3C, que surgirá, em boa parte, da ligação razoavelmente sequencial entre os diversos temas abordados em variados artigos.

Ainda um outro aspeto que se sublinha marcar, desde o início, o teor do referido documento-base do PHAI3C (a partir do qual serão gerados vários documentos específicos: mais de enquadramento e mais práticos) é o sentido teórico-prático que privilegia uma abordagem mais integrada e exemplificada da temática global da habitação intergeracional adaptável e cooperativa, apontando-se exemplos e ideias concretas logo desde as partes mais de enquadramento da abordagem da temática como as que se desenvolvem neste artigo.

Notas introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre habitação integeracional

O presente artigo inclui-se numa série editorial dedicada a uma reflexão temática exploratória, que integra a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada à preparação e estruturação de um amplo processo de investigação teórico-prático, intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser desenvolvido, pelo autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de Investigação e Inovação (P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas nestes artigos são, apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor do PHAI3C e os numerosos autores citados no texto.

Neste sentido salienta-se o papel visado para o presente artigo e para aqueles que o precederam e os que lhe darão continuidade, no sentido de se proporcionar uma divulgação que possa resultar numa desejável e construtiva discussão alargada sobre as muito urgentes e exigentes matérias da habitação mais adequada para idosos e pessoas fragilizadas, visando-se, não apenas as suas necessidades e gostos específicos, mas também o papel e a valia que têm numa sociedade ativa e integrada.

Nesta perspectiva e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho da referida investigação, salienta-se que a forma e a extensão do texto que é apresentado no artigo reflete uma assumida apresentação comentada, minimamente estruturada, de opiniões e resultados de múltiplas pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua perspetiva temática focada e por corresponderem a estudos razoavelmente recentes; forma esta que fica patente no significativo número de citações – salientadas em itálico –, algumas delas longas e incluídas na língua original.

Julga-se que não se poderia atuar de forma diversa quando se pretende, como é o caso, chegar, cuidadosamente, a resultados teórico-práticos funcionais e aplicáveis na prática, e não apenas a uma reflexão pessoal sobre uma matéria bem complexa como é a habitação intergeracional adaptável desenvolvida por uma cooperativa a custos controlados e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.

Solicita-se a compreensão dos leitores para lapsos e problemas de edição que, sem dúvida, acontecem no texto que se segue, mas a opção era prolongar, excessivamente, o período de elaboração de um texto que, afinal, se pretende seja essencialmente prático; posteriores edições do mesmo texto serão complementarmente revistas e melhoradas.


Idosos: desafio crítico e oportunidade I - versão de trabalho e base bibliográfica – Infohabitar # 836

António Baptista Coelho

Com base direta nos textos, ideias e opiniões dos autores referidos ao longo dos documentos que integram a listagem bibliográfica registada no final do artigo.

 

Nota prévia: devido à sua extensão o artigo é editado em duas partes (I e II) e em duas semanas consecutivas

Resumo

Depois de uma pequena introdução e na primeira parte do artigo desenvolve-se a temática global do que se considera ser a nova e crítica realidade social e urbana constituída pelos inúmeros idosos que vivem sozinhos.

Nesta problemática abordam-se, sequencialmente, as seguintes matérias: o número cada vez maior de idosos a viverem sozinhos; o desenvolvimento de novos serviços residenciais especialmente sensíveis aos idosos; e o aprofundamento de uma nova oferta residencial para idosos baseada numa ampla percepção do envelhecimento.

Na segunda parte do artigo aborda-se o tema do desenvolvimento de habitações apetecíveis para os idosos e para todos os que desejem uma nova forma de habitar intergeracional, adaptável, apoiada e participada.

Nesta temática abordam-se, sequencialmente, as seguintes matérias: a noção de que uma arquitetura habitacional mais adequada e humanizada proporciona mais satisfação; as novas oportunidades oferecidas por uma habitação intergeracional; o potencial pessoal e social dos designados idosos ativos; desenvolvimento de um habitar amigo do envelhecimento; a relação entre os “novos idosos” e a cidade; e a importância da revolução do habitar inteligente para todos os habitantes e especialmente para os idosos.

 

Introdução

As presentes notas de leitura e de reflexão focam-se no enquadramento da problemática de uma qualidade de vida bem apoiada por quadros urbanos e habitacionais amigos dos idosos, de certa forma numa perspetiva direcionada para o que se julga dever ser o urgente repensar do envelhecimento habitacional nas suas diversas facetas, mais ou menos autonomizáveis, mas todas elas unificadas por uma nova realidade, que estará cada vez mais evidente e será cada vez mais crítica nos próximos anos e dezenas de anos, tal como é apontado por Diogo Queiroz de Andrade no seu artigo, no jornal Público, intitulado “Repensar o envelhecimento”. (1)

E associado a este artigo cita-se uma frase da Estratégia Nacional para o Envelhecimento Activo (ENEAS - eneas.pdf, estratégia nacional envelecimento activo 2017):

Com vinte por cento da população portuguesa acima dos 65 anos, era urgente traçar um plano para alterar esta constante promoção da juventude como ideal social. Até porque o número de idosos ainda vai aumentar: a esperança média de vida vai continuar a subir e não há imigrantes suficientes para dar vazão à necessidade de gente nova na pirâmide etária.

1. Uma nova realidade social e urbana: os idosos a viverem sozinhos

Há que tratar de uma nova realidade social e urbana, referida à situação que será cada vez mais frequente dos idosos viverem sozinhos ou em pequenos agregados familiares e frequentemente com variadas limitações de mobilidade e diversos problemas de saúde; sendo que nos tempos mais próximos teremos, ainda, muitos idosos com uma apreciável capacidade financeira, situação esta que parece poderá tender a reduzir-se daqui a algumas dezenas de anos.


(i) São cada vez mais os idosos a viverem sozinhos

Na prática e infelizmente muitos de nós foram já confrontados com notícias de idosos encontrados sem vida nas suas habitações, verificando-se, depois, que morreram sozinhos; situação esta que evidentemente não deveria acontecer, pelo menos, com a crítica frequência que estamos a presenciar.

Esta situação decorre de mais de meio milhão de idosos viverem sozinhos no nosso país, sendo a grande maioria mulheres (417.000) e Portugal é dos países da UE com menos pessoas com mais de 65 anos a viverem sós, tal como se evidencia num artigo de Sónia Trigueirão, no jornal Público, intitulado Meio milhão de idosos vivem sozinhos em Portugal. (2)

Em outros artigos na comunicação social foi referido, ainda, que, acrescenta a essa crítica situação, que 800.000 idosos portugueses vivem em companhia exclusiva de outros idosos – situação a crescer muito nos últimos anos e que, tal como foi acima apontado, deveria estar associada a cuidados específicos em termos da sua segurança global.

Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) e no que se refere aos Censos 2011, relativos à população com 65 anos ou mais, temos os seguinte dados : (3) (negrito nosso)

A população idosa residente em Portugal é de 2,023 milhões de pessoas, representando cerca de 19% do total. Na última década o número de idosos cresceu cerca de 19%.

Cerca de um terço dos idosos encontra-se na Região Norte, seguida pelas regiões Centro e Lisboa. Mas é no interior do País, menos populado, que a percentagem de casas habitadas apenas por um idoso é maior: em Alcoutim e Penamacor chega aos 24%.

Cerca de 12% da população residente e de 60% da população idosa vive só (400 964) ou em companhia exclusiva de pessoas também idosas (804 577), refletindo um fenómeno cuja dimensão aumentou 28%, ao longo da última década. (pg. 2)

Cerca de 400 mil idosos vivem sós e 804 mil em companhia exclusiva de pessoas também idosas. Na última década, o número de pessoas idosas a viver sozinhas (400 964) ou a residir exclusivamente com outras pessoas com 65 ou mais anos (804 577) aumentou cerca de 28%, tendo passado de 942 594 em 2001, para 1 205 541 em 2011. O aumento da esperança média de vida, a desertificação e a transformação do papel da família nas sociedades modernas terão, certamente, contribuído para explicar as mudanças observadas e as diferenças que se verificam entre as regiões do país. (pg. 4)

Em Portugal, há 797 851 alojamentos familiares habitados exclusivamente por pessoas idosas, representando cerca de 20% do total de alojamentos ocupados, o que representa um acréscimo de 28,3% nos últimos dez anos.

Em particular, o número de alojamentos familiares habitados por uma só pessoa idosa é de 400 964, o que significa 10% do total de alojamentos do País e um aumento de cerca de 29%, ao longo da última década. (pg. 5)

O número de alojamentos familiares habitados por duas ou mais pessoas de 65 ou mais anos é de 396 887 o que significa igualmente 10% do total e um aumento de cerca de 28% ao longo da última década. (pg. 6)

Importa, portanto, salientar que, baseados nos Censos 2011 – e a tendência agravou-se, muito provavelmente, no último decénio, podemos salientar, dos mais de 2 milhões de idosos portugueses, meio milhão vivem sozinhos e quase um milhão em companhia exclusiva de outros idosos (INE Censos 2011); e tais dados fazem sublinhar a importância urgente de se investir no estudo e aplicação de soluções habitacionais intergeracionais, seja em defesa da saúde ampla (física, psíquica e social) destes idosos, seja considerando, diretamente, a importância que tem a convivência com os idosos na saúde ampla dos restantes grupos etários de crianças, jovens e adultos, seja, considerando, mesmo, e indiretamente, a importância social que tem uma mais natural e intergeracional utilização desse parque habitacional atualmente subocupado.

 

(ii) Novos serviços residenciais mais sensíveis aos idosos

Uma tal situação, sintetizada no item anterior, e que poderemos resumir, como de “solidão quase geral” não corresponderá, evidentemente, e por regra a toda uma legítima e neste caso “universal” vontade de viver sozinho, confortavelmente e agradavelmente autónomo relativamente à família e a amigos, mas não muito longe deles, rodeado pelo mundo de referências e pelos bens mais queridos, em locais verdadeiramente desejados e pelo menos minimamente adequados aos problemas do envelhecimento. Não podemos aqui fazer ficção, mas fica evidente que tais situações muito positivas serão raras, existindo, sim, com certeza um sem número de situações “intermédias”, afetadas por muitas e variadas “falhas” nesse quadro “ideal”, e nas quais, provavelmente, passado algum tempo de uma vivência autónoma e que recorda tempos de juventude, a solidão “a tempo inteiro” será sentida como muito pouco agradável e mesmo dolorosa e perigosa.

Neste sentido caberá aprofundar o estudo e a procura de novas soluções e serviços residenciais sensíveis a um envelhecimento ligado àquelas qualidades, que acabaram de ser apenas minimamente apontadas, mas estrategicamente socializadores e acessíveis ao maior número de idosos; condição global esta ligada a novas ofertas residenciais diversificadas, naturalmente intergeracionais, agradavelmente densificadas no sentido de se proporcionar urbanidade e funcionalmente mistas e eficazes. E refere-se o termo “novas ofertas” pois assume-se que a resposta a esta renovada procura não está nos velhos “lares”, mais ou menos modernizados, nem nas “casas de saúde” que mais não são do que unidades de cuidados continuados, nem nos ditos “equipamentos” de apoio diversificado à “terceira idade”, nem, evidentemente, nas soluções luxuosas e praticamente inacessíveis.

Uma resposta que parece oportuna a esta nova procura de soluções residenciais e de serviços residenciais sensíveis e adequado aos idosos pode ter em conta e “aproveitar” uma condição de clarificação e mesmo de alguma “concentração” de procura de apoios domiciliários, designadamente, por parte desse número criticamente crescente de idosos sozinhos ou relativamente isolados para desenvolver renovados modos de prestação de cuidados baseados e relacionados com os serviços e apoios habitacionais, construindo-se sinergias com uma cooperação entre diversos serviços associados à habitação e ao apoio pessoal, tal como aponta a Housing Learning & Improvement Network (Housing LIN) no seu estudo  Putting Older People First: Our vision for the next five years e, em seguida, se cita: (4)

We will promote the development of new models of care based in and around our housing services, taking the opportunities these present to develop community based, local services which deliver better outcomes. We will highlight the benefits of taking co-productive and inclusive approaches to service design. (pg. 5)

De certa forma será avançar no “velho” e sempre estimulante conceito da habitação como serviço, associando-a a outros serviços de apoio pessoal e doméstico, mas, sublinha-se, não se afetando o papel da habitação como sítio fundamental de identidade e de apropriação – condição esta que baseia muita da vontade dos idosos permanecerem nas suas habitações – e não se esquecendo o seu papel urbano e socializador, que deverá incidir na escolha de locais estratégicos e na adequada conceção dos espaços comuns e de uso público associados às novas intervenções.

Considerando-se que muitos residentes idosos querem continuar a permanecer nas suas habitações há que respeitar esta vontade e esta vertente de desejo habitacional, quer na construção de novas ofertas residenciais, muito marcadas pelo sentido doméstico, pela apurada qualidade, pela oportunidade de múltiplos serviços e pela afirmada integração social e urbana , quer na oferta de apoios domiciliários ou residenciais cada vez mais adequados e eficazes; e é neste sentido que, em seguida, se salientam e citam aspetos apurados por uma grande entidade gestora habitacional, a Peabody, em resposta a tal situação e constante da sua recente respetiva estratégia de atuação, intitulada Older People’s Strategy 2015-2020:  (5) (negrito nosso)

Many of our residents want to remain in their homes as they age. They have lived with Peabody all their lives, working locally, raising their families and building friendships and connections close to their home. (pg. 4).

Peabody will:

.  Introduce a new approach towards allocations of ground floor dwellings, integrating support, lettings voids and neighbourhoods team to run a supported move pilot.

.  Review the lettable standard for older and vulnerable people’s homes, including sheltered housing and internal transfers. (pg. 5)

The reduction in face-to-face services across the health and public sector, and the increasing availability and affordability of new technology provides us with an opportunity to look anew at how we can support our residents developing new partnerships and new ways of working.(pg. 9)

.  Increase the availability and improve the quality and diversity of specialist housing for older people. (pg. 11)

Many of our older residents will wish to remain in their own homes but many will not wish to and also will not be able to. Peabody has produced a number of exciting schemes over the years ...

Peabody will:

Review sheltered housing provision, with a view to enhancing and improving existing sites.

Include the potential for specialist and older people’s housing provision housing in our offer to local authorities in all major developments.

• Ensure new builds and redevelopments for older people are built to HAPPI standards. (pg. 12) (6)

E é aqui especialmente importante ter em conta esta última proposta que exige que novas intervenções residenciais para idosos sejam desenvolvidas segundo os standards designados , Housing our Ageing Population Panel for Innovation (HAPPI) standards, que privilegiam, designadamente, os aspetos de espaciosidade e flexibilidade, luz natural, existência de varandas e outros espaços exteriores privados, e uma conceção adaptável e preparada para a prestação de cuidados.


(iii) Uma nova oferta residencial para idosos baseada numa ampla perceção do envelhecimento

Muito do que aqui se aborda pode resumir-se à importância que tem avançar-se numa renovada oferta residencial sensível e adequada aos idosos, mas sempre baseada numa ampla perceção do envelhecimento e naturalmente intergeracional.

O desenvolvimento de renovados modos de prestação de cuidados a idosos e fragilizados, baseados e relacionados com os serviços e apoios habitacionais, e bem integrados em renovadas soluções residenciais intergeracionais, têm de se basear numa renovada perceção do envelhecimento humano, que podemos, mesmo, designar como uma nova cultura do envelhecimento, que esteja bem interligada com uma atualizada política de saúde e bem-estar, tal como é defendido por Ältere Menschen no seu estudo intitulado A new culture of ageing . Images of ageing in society, e em seguida, se cita: (7) (negrito nosso)

It’s worth taking a new look at old age. The need for care and assistance still dominates our attitude to old age – even though this is often well-intentioned. An interpretation of old age that sees it solely as a time in life when we need special attention and protection does not do justice to the diversity of old age. To the caring aspect of old age must be added a perspective oriented towards the strengths of older people and the options open to them. …

Demographic change affects  not only older people but all sections of society and all age groups. Policies for older people must be seen as part of political measures directed at all generations.

In a long life society, the term ‘old age’ is too static and narrow to describe the diversity and dynamics of individual life situations and developments. In our society, ‘old age’ is still too strongly bound to the concept of a uniform, clearly defined period in life. The term ‘old age’ should be replaced by ‘ageing’.

In designing technical products a ‘universal design’ (i.e. products con-ceived in such a way as to meet the needs of all age groups) is a sound basis for lifelong brand loyalty (pg. 13)

Many illnesses are wrongly defined as old age phenomena. This prevents or complicates opportunities opening up in old age. Sickness and old age as terms need to be separated from each other, in their meaning and association. Health service provision for the elderly should be oriented towards health needs and necessities. Unchallenged assumptions about old age should not be allowed to be the basis for health service provision. Those involved in health service provision for the elderly should be given and utilize the opportunity to develop a differentiated perception of old age and use this as a basis for (individualized) therapy and rehabilitation and palliative concepts.

Segmentation in health and care provision services should be surmounted. Health, care and social care services should be better coordinated. (pg. 15)

It should be aimed at cor-recting and widening the prevailing, one-sided definition of long-term care based on physical activities. Cognitive deficiencies should be given more weight, and central importance should be given to the fostering of resources and social participation. (pg. 18)


Nota: a segunda e última parte do artigo será editada na próxima semana.


Notas bibliográficas:

 

(1) Diogo Queiroz de Andrade - Repensar o envelhecimento, jornal Público, Editorial, 18 set 2017.

(2) Sónia Trigueirão - Meio milhão de idosos vivem sozinhos em Portugal, jornal Público, 23 de Junho de 2020.

(3) Do site do INE - Destaque de informação à comunicação social 3 de fevereiro de 2012 - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=134582847&DESTAQUESmodo=2

(4) Housing Learning & Improvement Network - Putting Older People First: Our vision for the next five years - A whole system approach to meeting housing, health and wellbeing outcomes for our older populations in South West England - Housing Learning & Improvement Network, Public Health England, 2015

(5) Peabody - Older People’s Strategy 2015-2020. Peabody, 2015

(6) Housing our Ageing Population Panel for Innovation (HAPPI) standards: são “novos” standards que desenvolvem a qualidade em habitação para idosos, privilegiando, designadamente, espaciosidade e flexibilidade, luz natural, varandas e outros espaços exteriores privados, conceção adaptável e preparada para a prestação de cuidados, etc.; são 10 critérios de conceção aqui devidamente apontados um pouco mais á frente.

(7) Ältere Menschen - A new culture of ageing MI. Images of ageing in society - Findings and recommendations of the Sixth German Government Report on the Elderly. 2011

(8) Roger Showley - U.S. overbuilt in big houses, planners find 40 million houses too many - one explanation for falling prices, U T San Diego Business, 2 fevereiro 2012.

(9) Jack Silverstein - The new opportunity in intergenerational living (HubSpot)) - Senior Housing News (relatório), 20 janeiro 2020.

(10) Valerie Arko  - The Active Adult Opportunity in Europe Bringing America’s Popular Concept Overseas - Ambera, [White Paper] Senior Housing News. 29 maio 2019.

(11) Garry Lee - HAPPI 3 ‘Housing our Ageing Population: Positive Ideas’ – All Party Parliamentary Group on Housing and Care for Older People Report, Briefing 16/30 July 2016, APSE membership resources.

(12) Ambera - Resident stories from the miniature Ambera in Norway - Doyén - Residents share their experiences after two years at Doyén Eidsvoll, Ambera, 2019, 18.01.2019 Ambera pdf

(13) Laura Gardiner - The million dollar be-question Inheritances, gifts, and their implications for generational living standards, December 2017 intergencommission.org@resfoundation

(14) James Parkinson, Will Hunter, Matthew Barac - Silver linings The active third age and the city. Building Futures - RIBA 2013. www.seniorhousingnews.com

(15) Senior Housing News (SHN) - The Senior Living Smart Home Revolution . info@seniorhousingnews.com | 312.268.2420 | seniorhousingnews.com

 

Notas editoriais gerais:

(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.

(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.

(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.

 

Idosos: desafio crítico e oportunidade I - versão de trabalho e base bibliográfica – Infohabitar # 836

Infohabitar, Ano XVIII, n.º 836

Edição: quarta-feira, 26 de Outubro de 2022

Artigo XVIII da série editorial da Infohabitar “PHAI3C – Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma Cooperativa a Custo Controlado”

Infohabitar – a revista da GHabitar

Editor: António Baptista Coelho

Arquitecto/ESBAL – Escola Superior de Belas Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa

 

abc.infohabitar@gmail.com

abc@lnec.pt

 

Revista da GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).

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