Ligação direta (clicar no link seguinte) para aceder à listagem interativa de 800 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):
https://docs.google.com/document/d/1WzJ3LfAmy4a7FRWMw5jFYJ9tjsuR4ll8/edit?usp=sharing&ouid=105588198309185023560&rtpof=true&sd=true
Infohabitar, Ano XVIII, n.º 836
Edição: quarta-feira, 26 de outubro de 2022
Artigo XVIII da série editorial da Infohabitar “PHAI3C –
Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma Cooperativa a
Custo Controlado”
Caros leitores da
Infohabitar,
Com o presente artigo damos continuidade à série editorial da Infohabitar especificamente dedicada a uma abordagem global e bibliográfica dos amplos, sensíveis e urgentes aspetos associados às necessidades, aos gostos e às potencialidades sociais e urbanas de uma reflexão prática sobre os espaços residenciais dedicados a pessoas idosas e fragilizadas, desejavelmente integrados em quadros intergeracionais, ativamente urbanos e dinamizados e convivializados pelas cooperativas que estão, desde há dezenas de anos, dedicadas à promoção de habitação de interesse social com expressiva qualidade e frequentemente associada a um amplo leque de variadas e vitais atividades vicinais e urbanas – as Cooperativas associadas à Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).
Lembra-se, como sempre, que
serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui
editados e propostas de artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com).
Despeço-me, até à próxima semana, enviando saudações calorosas e desejos de
força e de boa saúde para todos os caros leitores,
Lisboa, em 26 de outubro de 2022
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Nota introdutória à temática do Programa de Habitação
Adaptável Intergeracional – Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C)
Considerando-se o atual
quadro demográfico e habitacional muito crítico, no que se refere ao
crescimento do número das pessoas idosas e muito idosas, a viverem sozinhas e
com frequentes necessidades de apoio, a actual diversificação dos modos de vida
e dos desejos habitacionais, e a quase-ausência de oferta habitacional e urbana
adequada a tais necessidades e desejos, foi ponderada o que se julga ser a
oportunidade do estudo e da caracterização de um Programa de Habitação
Adaptável Intergeracional (PHAI), adequado a tais necessidades e a uma proposta
residencial naturalmente convivial, eficazmente gerida e participada e
financeiramente sustentável, resultando daqui a proposta de uma Cooperativa a
Custos Controlados (3C).
O PHAI3C visa o estudo e
a proposta de soluções urbanas e residenciais vocacionadas para a convivência
intergeracional, adaptáveis a diversos modos de vida, adequadas para pessoas
com eventuais fragilidade físicas e mentais, mas sem qualquer tipo de estigma
institucional e de idadismo, funcionalmente mistas e com presença urbana
estimulante. O PHAI3C irá procurar identificar e caracterizar tipos de soluções
adequadas e sensíveis a uma integração habitacional
e intergeracional dos mais frágeis num quadro urbano claramente positivo e em
soluções edificadas que possam dar resposta, também, a outras novas e urgentes
necessidades habitacionais (ex., jovens e pessoas sós), num quadro residencial
marcado por uma gestão participada e eficaz, pela convivialidade espontânea e
social e financeiramente sustentável.
Trata-se, tal como se
aponta no título do artigo, de uma “versão de trabalho e base bibliográfica” e,
portanto, de um artigo cujos conteúdos serão, ainda, substancialmente revistos
até se atingir uma versão estabilizada da temática referida no título; no
entanto, em virtude da metodologia usada, que se considera bastante sólida,
marcada pelo recurso a abundantes referências de fontes, devidamente apontadas
e sistematicamente comentadas no sentido da respetiva aplicação ao PHAI3C, e
tendo-se em conta a utilidade de se poder colocar à discussão os muitos aspetos
registados no sentido da sua possível aplicação prática no PHAI3C, considerou-se
ser interessante a divulgação desta temática/problemática nesta fase de “versão
de trabalho”, que, no entanto, foi já razoavelmente clarificada – como exemplo
do posterior tratamento para passagem a uma versão mais estável teremos,
provavelmente, referências bibliográficas mais reduzidas e boa parte delas em
português, assim como comentários mais desenvolvidos; mas mesmo este
desenvolvimento irá sendo influenciado pelo(s) caminho(s) concreto(s) tomado(s)
pelos diversos temas e artigos que integram, desde já, a estrutura pensada para
o designado documento-base do PHAI3C, que surgirá, em boa parte, da ligação
razoavelmente sequencial entre os diversos temas abordados em variados artigos.
Ainda um outro aspeto que
se sublinha marcar, desde o início, o teor do referido documento-base do PHAI3C
(a partir do qual serão gerados vários documentos específicos: mais de
enquadramento e mais práticos) é o sentido teórico-prático que privilegia uma
abordagem mais integrada e exemplificada da temática global da habitação
intergeracional adaptável e cooperativa, apontando-se exemplos e ideias
concretas logo desde as partes mais de enquadramento da abordagem da temática
como as que se desenvolvem neste artigo.
Notas introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre
habitação integeracional
O presente artigo inclui-se numa série editorial dedicada a uma
reflexão temática exploratória, que integra a fase preliminar e “de trabalho”,
dedicada à preparação e estruturação de um amplo processo de investigação
teórico-prático, intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional
Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser
desenvolvido, pelo autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de
Investigação e Inovação (P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas
nestes artigos são, apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor
do PHAI3C e os numerosos autores citados no texto.
Neste sentido salienta-se
o papel visado para o presente artigo e para aqueles que o precederam e os que
lhe darão continuidade, no sentido de se proporcionar uma divulgação que
possa resultar numa desejável e construtiva discussão alargada sobre as muito
urgentes e exigentes matérias da habitação mais adequada para idosos e pessoas
fragilizadas, visando-se, não apenas as suas necessidades e gostos específicos,
mas também o papel e a valia que têm numa sociedade ativa e integrada.
Nesta perspectiva e
tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho da referida investigação,
salienta-se que a forma e a extensão do texto que é apresentado no artigo
reflete uma assumida apresentação comentada, minimamente estruturada, de
opiniões e resultados de múltiplas pesquisas, de muitos autores, escolhidos
pela sua perspetiva temática focada e por corresponderem a estudos
razoavelmente recentes; forma esta que fica patente no significativo número de
citações – salientadas em itálico –, algumas delas longas e incluídas na língua
original.
Julga-se que não se
poderia atuar de forma diversa quando se pretende, como é o caso, chegar,
cuidadosamente, a resultados teórico-práticos funcionais e aplicáveis na
prática, e não apenas a uma reflexão pessoal sobre uma matéria bem complexa
como é a habitação intergeracional adaptável desenvolvida por uma cooperativa a
custos controlados e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.
Solicita-se a compreensão dos leitores para
lapsos e problemas de edição que, sem dúvida, acontecem no texto que se segue,
mas a opção era prolongar, excessivamente, o período de elaboração de um texto
que, afinal, se pretende seja essencialmente prático; posteriores edições do
mesmo texto serão complementarmente revistas e melhoradas.
Idosos: desafio crítico e oportunidade I -
versão de trabalho e base bibliográfica – Infohabitar # 836
António Baptista Coelho
Com base direta nos textos, ideias e opiniões dos autores referidos ao longo dos documentos que integram a listagem bibliográfica registada no final do artigo.
Nota prévia: devido à sua extensão o artigo
é editado em duas partes (I e II) e em duas semanas consecutivas
Resumo
Depois de uma pequena introdução e na primeira
parte do artigo desenvolve-se a temática global do que se considera ser a nova
e crítica realidade social e urbana constituída pelos inúmeros idosos que vivem
sozinhos.
Nesta problemática abordam-se, sequencialmente,
as seguintes matérias: o número cada vez maior de idosos a viverem sozinhos; o
desenvolvimento de novos serviços residenciais especialmente sensíveis aos
idosos; e o aprofundamento de uma nova oferta residencial para idosos baseada
numa ampla percepção do envelhecimento.
Na segunda parte do artigo aborda-se o tema do
desenvolvimento de habitações apetecíveis para os idosos e para todos os que
desejem uma nova forma de habitar intergeracional, adaptável, apoiada e
participada.
Nesta temática abordam-se, sequencialmente, as
seguintes matérias: a noção de que uma arquitetura habitacional mais adequada e
humanizada proporciona mais satisfação; as novas oportunidades oferecidas por uma
habitação intergeracional; o potencial pessoal e social dos designados idosos
ativos; desenvolvimento de um habitar amigo do envelhecimento; a relação entre
os “novos idosos” e a cidade; e a importância da revolução do habitar
inteligente para todos os habitantes e especialmente para os idosos.
Introdução
As presentes notas de leitura e de reflexão focam-se
no enquadramento da problemática de uma qualidade de vida bem apoiada por
quadros urbanos e habitacionais amigos dos idosos, de certa forma numa
perspetiva direcionada para o que se julga dever ser o urgente repensar do envelhecimento
habitacional nas suas diversas facetas, mais ou menos autonomizáveis, mas todas
elas unificadas por uma nova realidade, que estará cada vez mais evidente e
será cada vez mais crítica nos próximos anos e dezenas de anos, tal como é
apontado por Diogo Queiroz de Andrade no seu artigo, no jornal Público, intitulado “Repensar o
envelhecimento”. (1)
E associado a este artigo cita-se uma frase da Estratégia Nacional para o Envelhecimento Activo (ENEAS - eneas.pdf, estratégia nacional envelecimento activo 2017):
Com vinte por cento da população portuguesa acima dos 65
anos, era urgente traçar um plano para alterar esta constante promoção da
juventude como ideal social. Até porque o número de idosos ainda vai aumentar:
a esperança média de vida vai continuar a subir e não há imigrantes suficientes
para dar vazão à necessidade de gente nova na pirâmide etária.
1.
Uma nova realidade social e urbana: os idosos a viverem sozinhos
Há que tratar de uma nova realidade social e
urbana, referida à situação que será cada vez mais frequente dos idosos viverem
sozinhos ou em pequenos agregados familiares e frequentemente com variadas
limitações de mobilidade e diversos problemas de saúde; sendo que nos tempos
mais próximos teremos, ainda, muitos idosos com uma apreciável capacidade
financeira, situação esta que parece poderá tender a reduzir-se daqui a algumas
dezenas de anos.
(i) São cada vez mais os
idosos a viverem sozinhos
Na prática e infelizmente muitos de nós foram
já confrontados com notícias de idosos encontrados sem vida nas suas
habitações, verificando-se, depois, que morreram sozinhos; situação esta que
evidentemente não deveria acontecer, pelo menos, com a crítica frequência que
estamos a presenciar.
Esta situação decorre de mais de meio milhão de idosos viverem sozinhos no nosso país, sendo a grande maioria mulheres (417.000) e Portugal é dos países da UE com menos pessoas com mais de 65 anos a viverem sós, tal como se evidencia num artigo de Sónia Trigueirão, no jornal Público, intitulado Meio milhão de idosos vivem sozinhos em Portugal. (2)
Em outros artigos na comunicação social foi
referido, ainda, que, acrescenta a essa crítica situação, que 800.000 idosos
portugueses vivem em companhia exclusiva de outros idosos – situação a crescer
muito nos últimos anos e que, tal como foi acima apontado, deveria estar
associada a cuidados específicos em termos da sua segurança global.
Segundo o Instituto Nacional de Estatística
(INE) e no que se refere aos Censos 2011, relativos à população com 65
anos ou mais, temos os seguinte dados : (3) (negrito nosso)
A população idosa residente em Portugal é de 2,023
milhões de pessoas, representando cerca de 19% do total. Na última década o
número de idosos cresceu cerca de 19%.
Cerca de um terço dos idosos encontra-se na Região Norte,
seguida pelas regiões Centro e Lisboa. Mas é no interior do País, menos
populado, que a percentagem de casas habitadas apenas por um idoso é maior:
em Alcoutim e Penamacor chega aos 24%.
Cerca de 12% da população residente e de 60% da
população idosa vive só (400 964) ou em companhia exclusiva de pessoas
também idosas (804 577), refletindo um fenómeno cuja dimensão aumentou 28%,
ao longo da última década. (pg. 2)
Cerca de 400 mil idosos vivem sós e 804 mil em companhia
exclusiva de pessoas também idosas. Na última década, o número de pessoas idosas a viver sozinhas (400
964) ou a residir exclusivamente com outras pessoas com 65 ou mais anos (804
577) aumentou cerca de 28%, tendo passado de 942 594 em 2001, para 1 205 541 em
2011. O aumento da esperança média de vida, a desertificação e a
transformação do papel da família nas sociedades modernas terão, certamente,
contribuído para explicar as mudanças observadas e as diferenças que se
verificam entre as regiões do país. (pg. 4)
Em Portugal, há 797 851 alojamentos familiares habitados
exclusivamente por pessoas idosas, representando cerca de 20% do total de
alojamentos ocupados, o que representa um
acréscimo de 28,3% nos últimos dez anos.
Em particular, o número de alojamentos familiares
habitados por uma só pessoa idosa é de 400 964, o que significa 10% do total de
alojamentos do País e um aumento de cerca de 29%, ao longo da última década. (pg. 5)
O número de alojamentos familiares habitados por duas ou
mais pessoas de 65 ou mais anos é de 396 887 o que significa igualmente 10% do
total e um aumento de cerca de 28% ao longo da última década. (pg. 6)
Importa, portanto, salientar que, baseados nos Censos 2011 – e a tendência agravou-se, muito provavelmente, no último decénio, podemos salientar, dos mais de 2 milhões de idosos portugueses, meio milhão vivem sozinhos e quase um milhão em companhia exclusiva de outros idosos (INE Censos 2011); e tais dados fazem sublinhar a importância urgente de se investir no estudo e aplicação de soluções habitacionais intergeracionais, seja em defesa da saúde ampla (física, psíquica e social) destes idosos, seja considerando, diretamente, a importância que tem a convivência com os idosos na saúde ampla dos restantes grupos etários de crianças, jovens e adultos, seja, considerando, mesmo, e indiretamente, a importância social que tem uma mais natural e intergeracional utilização desse parque habitacional atualmente subocupado.
(ii) Novos serviços residenciais mais sensíveis aos
idosos
Uma tal situação, sintetizada no item
anterior, e que poderemos resumir, como de “solidão quase geral” não
corresponderá, evidentemente, e por regra a toda uma legítima e neste caso
“universal” vontade de viver sozinho, confortavelmente e agradavelmente
autónomo relativamente à família e a amigos, mas não muito longe deles, rodeado
pelo mundo de referências e pelos bens mais queridos, em locais verdadeiramente
desejados e pelo menos minimamente adequados aos problemas do envelhecimento.
Não podemos aqui fazer ficção, mas fica evidente que tais situações muito
positivas serão raras, existindo, sim, com certeza um sem número de situações
“intermédias”, afetadas por muitas e variadas “falhas” nesse quadro “ideal”, e
nas quais, provavelmente, passado algum tempo de uma vivência autónoma e que
recorda tempos de juventude, a solidão “a tempo inteiro” será sentida como muito
pouco agradável e mesmo dolorosa e perigosa.
Neste sentido caberá aprofundar o estudo e a procura
de novas soluções e serviços residenciais sensíveis a um envelhecimento ligado
àquelas qualidades, que acabaram de ser apenas minimamente apontadas, mas
estrategicamente socializadores e acessíveis ao maior número de idosos;
condição global esta ligada a novas ofertas residenciais diversificadas,
naturalmente intergeracionais, agradavelmente densificadas no sentido de se
proporcionar urbanidade e funcionalmente mistas e eficazes. E refere-se o termo
“novas ofertas” pois assume-se que a resposta a esta renovada procura não está
nos velhos “lares”, mais ou menos modernizados, nem nas “casas de saúde” que
mais não são do que unidades de cuidados continuados, nem nos ditos
“equipamentos” de apoio diversificado à “terceira idade”, nem, evidentemente,
nas soluções luxuosas e praticamente inacessíveis.
Uma resposta que parece oportuna a esta nova procura de
soluções residenciais e de serviços residenciais sensíveis e adequado aos
idosos pode ter em conta e “aproveitar” uma condição de clarificação e mesmo de
alguma “concentração” de procura de apoios domiciliários, designadamente, por
parte desse número criticamente crescente de idosos sozinhos ou relativamente
isolados para desenvolver renovados modos de prestação de cuidados baseados
e relacionados com os serviços e apoios habitacionais, construindo-se
sinergias com uma cooperação entre diversos serviços associados à habitação e
ao apoio pessoal, tal como aponta a Housing Learning & Improvement
Network (Housing LIN) no seu estudo Putting
Older People First: Our vision for the next five years e, em seguida, se cita: (4)
We
will promote the development of new models of care based in and around our
housing services, taking the opportunities these present to develop community
based, local services which deliver better outcomes. We will highlight the
benefits of taking co-productive and inclusive approaches to service design. (pg. 5)
De certa forma será avançar no “velho” e
sempre estimulante conceito da habitação como serviço, associando-a a outros
serviços de apoio pessoal e doméstico, mas, sublinha-se, não se afetando o
papel da habitação como sítio fundamental de identidade e de apropriação –
condição esta que baseia muita da vontade dos idosos permanecerem nas suas
habitações – e não se esquecendo o seu papel urbano e socializador, que deverá
incidir na escolha de locais estratégicos e na adequada conceção dos espaços
comuns e de uso público associados às novas intervenções.
Considerando-se que muitos residentes
idosos querem continuar a permanecer nas suas habitações há que respeitar
esta vontade e esta vertente de desejo habitacional, quer na construção de
novas ofertas residenciais, muito marcadas pelo sentido doméstico, pela apurada
qualidade, pela oportunidade de múltiplos serviços e pela afirmada integração
social e urbana , quer na oferta de apoios domiciliários ou residenciais cada vez
mais adequados e eficazes; e é neste sentido que, em seguida, se salientam e citam aspetos apurados por uma grande entidade gestora habitacional, a Peabody, em resposta a tal situação e constante da sua recente respetiva estratégia de atuação, intitulada Older People’s Strategy
2015-2020: (5) (negrito nosso)
Many
of our residents want to remain in their homes as they age. They have lived
with Peabody all their lives, working locally, raising their families and
building friendships and connections close to their home. (pg. 4).
Peabody will:
. Introduce a new approach towards allocations of ground floor dwellings, integrating support, lettings voids and neighbourhoods team to run a supported move pilot.
. Review the lettable standard for older and vulnerable people’s homes, including sheltered housing and internal transfers. (pg. 5)
The reduction in face-to-face services across the health and public sector, and the increasing availability and affordability of new technology provides us with an opportunity to look anew at how we can support our residents developing new partnerships and new ways of working.(pg. 9)
. Increase the availability and improve the quality and diversity of specialist housing for older people. (pg. 11)
Many
of our older residents will wish to remain in their own homes but many will not
wish to and also will not be able to. Peabody
has produced a number of exciting schemes over the years ...
Peabody
will:
• Review
sheltered housing provision, with a view to enhancing and improving existing
sites.
• Include
the potential for specialist and older people’s housing provision housing in
our offer to local authorities in all major developments.
•
Ensure new builds and redevelopments for older people are built to HAPPI
standards. (pg. 12) (6)
E é aqui especialmente importante ter em conta esta
última proposta que exige que novas intervenções residenciais para idosos sejam
desenvolvidas segundo os standards designados , Housing our Ageing
Population Panel for Innovation (HAPPI) standards, que privilegiam,
designadamente, os aspetos de espaciosidade e flexibilidade, luz natural, existência
de varandas e outros espaços exteriores privados, e uma conceção adaptável e
preparada para a prestação de cuidados.
(iii) Uma nova oferta residencial para idosos
baseada numa ampla perceção do envelhecimento
Muito do que aqui se aborda pode resumir-se à importância
que tem avançar-se numa renovada oferta residencial sensível e adequada aos
idosos, mas sempre baseada numa ampla perceção do envelhecimento e naturalmente
intergeracional.
O desenvolvimento de renovados modos de prestação de
cuidados a idosos e fragilizados, baseados e relacionados com os serviços e
apoios habitacionais, e bem integrados em renovadas soluções residenciais
intergeracionais, têm de se basear numa renovada perceção do envelhecimento
humano, que podemos, mesmo, designar como uma nova cultura do envelhecimento,
que esteja bem interligada com uma atualizada política de saúde e bem-estar,
tal como é defendido por Ältere Menschen no seu estudo intitulado A new
culture of ageing . Images of ageing in society, e em seguida, se cita: (7) (negrito nosso)
It’s
worth taking a new look at old age. The need for care and assistance still
dominates our attitude to old age – even though this is often
well-intentioned. An interpretation of old age that sees it solely as a time
in life when we need special attention and protection does not do justice to
the diversity of old age. To the caring aspect of old age must be added
a perspective oriented towards the strengths of older people and the options
open to them. …
Demographic
change affects not only older people but
all sections of society and all age groups. Policies for older people must be
seen as part of political measures directed at all generations.
In a
long life society, the term ‘old age’ is too static and narrow to describe the
diversity and dynamics of individual life situations and developments. In our
society, ‘old age’ is still too strongly bound to the concept of a uniform,
clearly defined period in life. The
term ‘old age’ should be replaced by ‘ageing’.
In
designing technical products a ‘universal design’ (i.e. products con-ceived in
such a way as to meet the needs of all age groups) is a sound basis for
lifelong brand loyalty (pg. 13)
Many
illnesses are wrongly defined as old age phenomena. This prevents or
complicates opportunities opening up in old age. Sickness and old age as
terms need to be separated from each other, in their meaning and association.
Health service provision for the elderly should be oriented towards health
needs and necessities. Unchallenged assumptions about old age should not be
allowed to be the basis for health service provision. Those involved in health
service provision for the elderly should be given and utilize the opportunity
to develop a differentiated perception of old age and use this as a basis for
(individualized) therapy and rehabilitation and palliative concepts.
Segmentation
in health and care provision services should be surmounted. Health, care and
social care services should be better coordinated. (pg.
15)
It
should be aimed at cor-recting and widening the prevailing, one-sided
definition of long-term care based on physical activities. Cognitive
deficiencies should be given more weight, and central importance should be
given to the fostering of resources and social participation. (pg. 18)
Nota: a segunda e última parte do artigo será editada na próxima semana.
Notas bibliográficas:
(1) Diogo Queiroz de Andrade - Repensar
o envelhecimento, jornal Público, Editorial, 18 set 2017.
(2) Sónia Trigueirão - Meio milhão de
idosos vivem sozinhos em Portugal, jornal Público, 23 de Junho de 2020.
(3) Do site do INE - Destaque de
informação à comunicação social 3 de fevereiro de 2012 - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui=134582847&DESTAQUESmodo=2
(4) Housing Learning & Improvement Network - Putting
Older People First: Our vision for the next five years - A whole system
approach to meeting housing, health and wellbeing outcomes for our older
populations in South West England - Housing Learning & Improvement
Network, Public Health England, 2015
(5) Peabody - Older People’s Strategy 2015-2020. Peabody,
2015
(6) Housing our Ageing Population Panel
for Innovation (HAPPI) standards: são “novos” standards que desenvolvem
a qualidade em habitação para idosos, privilegiando, designadamente,
espaciosidade e flexibilidade, luz natural, varandas e outros espaços
exteriores privados, conceção adaptável e preparada para a prestação de
cuidados, etc.; são 10 critérios de conceção aqui devidamente apontados um
pouco mais á frente.
(7) Ältere Menschen - A new culture of ageing MI. Images of
ageing in society - Findings and recommendations of the Sixth German
Government Report on the Elderly. 2011
(8) Roger Showley
- U.S. overbuilt in big houses, planners find 40 million houses too many -
one explanation for falling prices, U T San Diego Business, 2 fevereiro 2012.
(9) Jack Silverstein - The new opportunity in
intergenerational living (HubSpot)) - Senior Housing News (relatório), 20
janeiro 2020.
(10) Valerie Arko - The Active Adult Opportunity in
Europe Bringing America’s Popular Concept Overseas - Ambera, [White Paper]
Senior Housing News. 29 maio 2019.
(11)
Garry Lee - HAPPI 3 ‘Housing our Ageing Population: Positive Ideas’ – All
Party Parliamentary Group on Housing and Care for Older People Report,
Briefing 16/30 July 2016, APSE membership resources.
(12)
Ambera - Resident stories from the miniature Ambera in Norway -
Doyén - Residents share their experiences after two years at Doyén Eidsvoll,
Ambera, 2019, 18.01.2019 Ambera pdf
(13)
Laura Gardiner - The million dollar be-question Inheritances, gifts, and
their implications for generational living standards, December 2017
intergencommission.org@resfoundation
(14)
James Parkinson, Will Hunter, Matthew Barac - Silver linings The active
third age and the city. Building Futures - RIBA 2013. www.seniorhousingnews.com
(15)
Senior Housing News (SHN) - The Senior Living Smart Home Revolution
. info@seniorhousingnews.com | 312.268.2420 | seniorhousingnews.com
Notas editoriais gerais:
(i) Embora a edição dos artigos
editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no
sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo
nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários
apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores
desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos
mesmos autores.
(ii) No mesmo sentido, de natural
responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer
elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias,
desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos
autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias
autorizações.
(iii) Para se tentar assegurar o
referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta
a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários
"automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos
conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição
da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores;
uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de
que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista;
naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais
críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.
Idosos: desafio crítico e oportunidade I -
versão de trabalho e base bibliográfica – Infohabitar # 836
Infohabitar, Ano
XVIII, n.º 836
Edição: quarta-feira,
26 de Outubro de 2022
Artigo XVIII
da série editorial da Infohabitar “PHAI3C – Programa de Habitação Adaptável e
Intergeracional através de uma Cooperativa a Custo Controlado”
Infohabitar – a revista da GHabitar
Editor: António Baptista
Coelho
Arquitecto/ESBAL – Escola
Superior de Belas Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP – Faculdade de
Arquitectura da Universidade do Porto –, Investigador Principal com Habilitação
em Arquitectura e Urbanismo no Laboratório Nacional de Engenharia Civil
(LNEC), em Lisboa
Revista
da GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade
Habitacional Infohabitar – Associação com sede na Federação
Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).
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