Ligação direta (clicar no link seguinte) para aceder à listagem interativa de 800 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):
https://docs.google.com/document/d/1WzJ3LfAmy4a7FRWMw5jFYJ9tjsuR4ll8/edit?usp=sharing&ouid=105588198309185023560&rtpof=true&sd=true
Notas
sobre o habitar, a velhice e as demências – versão de trabalho e base bibliográfica – Infohabitar # 833
Infohabitar, Ano XVIII, n.º 833
Edição: quarta-feira, 28 de setembro de 2022
Artigo XV da série editorial da Infohabitar “PHAI3C – Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma
Cooperativa a Custo Controlado”
Caros leitores da Infohabitar,
Com o presente artigo damos continuidade à série
editorial da Infohabitar especificamente dedicada a uma abordagem global e
bibliográfica dos amplos, sensíveis e urgentes aspetos associados às
necessidades, aos gostos e às potencialidades sociais e urbanas de uma reflexão
prática sobre os espaços residenciais dedicados a pessoas idosas e
fragilizadas, desejavelmente integrados em quadros intergeracionais, ativamente
urbanos e dinamizados e convivializados pelas cooperativas que estão, desde há
dezenas de anos, dedicadas à promoção de habitação de interesse social com
expressiva qualidade e frequentemente associada a um amplo leque de variadas e
vitais atividades vicinais e urbanas – as Cooperativas associadas à Federação
Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).
Lembra-se, como sempre, que serão sempre muito
bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui editados e propostas
de artigos (a enviar para abc.infohabitar@gmail.com).
Despeço-me, até à próxima semana, enviando saudações
calorosas e desejos de força e de boa saúde para todos os caros
leitores,
Lisboa, em 28 de setembro de 2022
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Nota introdutória à temática do Programa de Habitação Adaptável
Intergeracional – Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C)
Considerando-se o atual quadro demográfico e habitacional muito
crítico, no que se refere ao crescimento do número das pessoas idosas e muito
idosas, a viverem sozinhas e com frequentes necessidades de apoio, a actual
diversificação dos modos de vida e dos desejos habitacionais, e a
quase-ausência de oferta habitacional e urbana adequada a tais necessidades e
desejos, foi ponderada o que se julga ser a oportunidade do estudo e da
caracterização de um Programa de Habitação Adaptável Intergeracional (PHAI),
adequado a tais necessidades e a uma proposta residencial naturalmente
convivial, eficazmente gerida e participada e financeiramente sustentável,
resultando daqui a proposta de uma Cooperativa a Custos Controlados (3C).
O PHAI3C visa o estudo e a proposta de soluções urbanas e
residenciais vocacionadas para a convivência intergeracional, adaptáveis a
diversos modos de vida, adequadas para pessoas com eventuais fragilidade
físicas e mentais, mas sem qualquer tipo de estigma institucional e de
idadismo, funcionalmente mistas e com presença urbana estimulante. O PHAI3C irá
procurar identificar e caracterizar tipos de soluções adequadas e sensíveis a
uma integração habitacional e intergeracional dos mais frágeis num quadro
urbano claramente positivo e em soluções edificadas que possam dar resposta,
também, a outras novas e urgentes necessidades habitacionais (ex., jovens e
pessoas sós), num quadro residencial marcado por uma gestão participada e
eficaz, pela convivialidade espontânea e social e financeiramente sustentável.
Trata-se, tal como se aponta no título do artigo, de uma “versão de
trabalho e base bibliográfica” e, portanto, de um artigo cujos conteúdos serão,
ainda, substancialmente revistos até se atingir uma versão estabilizada da
temática referida no título; no entanto, em virtude da metodologia usada, que
se considera bastante sólida, marcada pelo recurso a abundantes referências de
fontes, devidamente apontadas e sistematicamente comentadas no sentido da
respetiva aplicação ao PHAI3C, e tendo-se em conta a utilidade de se poder
colocar à discussão os muitos aspetos registados no sentido da sua possível
aplicação prática no PHAI3C, considerou-se ser interessante a divulgação desta
temática/problemática nesta fase de “versão de trabalho”, que, no entanto, foi
já razoavelmente clarificada – como exemplo do posterior tratamento para
passagem a uma versão mais estável teremos, provavelmente, referências
bibliográficas mais reduzidas e boa parte delas em português, assim como
comentários mais desenvolvidos; mas mesmo este desenvolvimento irá sendo
influenciado pelo(s) caminho(s) concreto(s) tomado(s) pelos diversos temas e
artigos que integram, desde já, a estrutura pensada para o designado
documento-base do PHAI3C, que surgirá, em boa parte, da ligação razoavelmente
sequencial entre os diversos temas abordados em variados artigos.
Ainda um outro aspeto que se sublinha marcar, desde o início, o
teor do referido documento-base do PHAI3C (a partir do qual serão gerados
vários documentos específicos: mais de enquadramento e mais práticos) é o
sentido teórico-prático que privilegia uma abordagem mais integrada e
exemplificada da temática global da habitação intergeracional adaptável e
cooperativa, apontando-se exemplos e ideias concretas logo desde as partes mais
de enquadramento da abordagem da temática como as que se desenvolvem neste artigo.
Notas introdutórias ao novo e presente conjunto de
artigos sobre habitação intergeracional
O presente artigo inclui-se numa série editorial dedicada a uma
reflexão temática exploratória, que integra a fase preliminar e “de trabalho”,
dedicada à preparação e estruturação de um amplo processo de investigação
teórico-prático, intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional
Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser
desenvolvido, pelo autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do
Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de
Investigação e Inovação (P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas
nestes artigos são, apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor
do PHAI3C e os numerosos autores citados no texto.
Neste sentido salienta-se o papel visado para o presente artigo e
para aqueles que o precederam e os que lhe darão continuidade, no sentido de se
proporcionar uma divulgação que possa resultar numa desejável e construtiva
discussão alargada sobre as muito urgentes e exigentes matérias da habitação
mais adequada para idosos e pessoas fragilizadas, visando-se, não apenas as
suas necessidades e gostos específicos, mas também o papel e a valia que têm
numa sociedade ativa e integrada.
Nesta perspectiva e tendo-se em conta a fase preliminar e de
trabalho da referida investigação, salienta-se que a forma e a extensão do
texto que é apresentado no artigo reflete uma assumida apresentação comentada,
minimamente estruturada, de opiniões e resultados de múltiplas pesquisas, de
muitos autores, escolhidos pela sua perspectiva temática focada e por
corresponderem a estudos razoavelmente recentes;
forma esta que fica patente no significativo número de citações – salientadas
em itálico –, algumas delas longas e incluídas na língua original.
Julga-se que não se poderia atuar de forma diversa quando se
pretende, como é o caso, chegar, cuidadosamente, a resultados teórico-práticos
funcionais e aplicáveis na prática, e não apenas a uma reflexão pessoal sobre
uma matéria bem complexa como é a habitação intergeracional adaptável
desenvolvida por uma cooperativa a custos controlados e em parte dedicada a
pessoas fragilizadas.
Solicita-se a compreensão dos leitores para lapsos e problemas de
edição que, sem dúvida, acontecem no texto que se segue, mas a opção era
prolongar, excessivamente, o período de elaboração de um texto que, afinal, se
pretende seja essencialmente prático; as próximas edições serão
complementarmente revistas e melhoradas.
Notas sobre o habitar, a velhice e as demências – versão de trabalho e base bibliográfica – Infohabitar # 833
António Baptista Coelho – com base direta nos textos, ideias e opiniões dos autores referidos ao longo dos documentos que integram a listagem bibliográfica registada no final do artigo.
Resumo
Este artigo é, globalmente, dedicado à temática do
desenvolvimento de um habitar adequado à velhice de habitantes afetados por
demências; situações estas, como sabemos, infelizmente, habituais numa fase
avançada da idade.
Em primeiro lugar desenvolvem-se algumas notas prévias
referidas à abordagem da temática da demência
num quadro habitacional intergeracional.
Numa segunda parte do artigo avança-se para a temática da
demência num quadro de habitação para idosos, iniciando-se a reflexão com a
matéria dos caminhos de uma conceção residencial para idosos dirigida para o
apoio da memória, seguindo-se, depois, a apresentação comentada de um conjunto
de recomendações para uma conceção residencial dirigida para pessoas com
demência e concluindo-se o artigo com o exemplo de uma programação geral de um conjunto residencial
para pessoas muito fragilizadas.
E há que fazer, aqui, uma referência específica a estarmos a entrar em áreas tão sensíveis como especializadas e que portanto têm de ser desenvolvidas no respeito dos respetivos especialistas, mas julga-se que para o avançar de ideias de conceção minimamente adequadas para uma habitação intergeracional, não dirigida para estas problemáticas, mas onde estas problemáticas provavelmente ocorrerão, importa abordá-las de modo a que o projetista do espaço intergeracional esteja devidamente sensibilizado para elas.
1. Notas prévias à abordagem da temática da
demência num quadro habitacional intergeracional
Antes de avançar com alguma sistematização numa abordagem,
sempre muito cuidadosa porque tratamos aqui de um tema tão sensível como
especializado em termos de apoios de bem-estar e saúde, como é o
desenvolvimento de um habitar especialmente dirigido para pessoas fragilizadas
em termos mentais, importa salientar que, evidentemente, todas as matérias que
são em seguida apontadas se apoiam, muito diretamente, em opiniões técnicas de
especialistas na matéria, devidamente referidos, e que se considera que a
integração desta matéria num estudo sobre espaços residenciais intergeracionais
adaptáveis e participados faz muito sentido pois não sendo tais espaços
especificamente dirigidos para essa franja de residentes, eles terão,
obrigatoriamente, de os receber e apoiar nas melhores condições possíveis em
termos de custo-qualidade, pois de nenhuma forma se visa definir uma
« fronteira » residencial que possa tender a excluir os moradores de
um conjunto do PHAI3C que, eventualmente, tenham a sua saúde gradual ou
inesperadamente afetada em termos de mobilidade, sensibilidade e
percepção ; evidentemente que existirão limites para o adequado serviço
residencial e de apoio pessoal disponíveis num qualquer conjunto do PHAI3C,
assim como esses limites existirão num qualquer outro tipo residencial, embora
possamos mesmo apontar que no âmbito do PHAI3C os apoios residenciais e
pessoais programáveis e mobilizáveis serão, sempre, sem dúvida, superiores aos
aplicáveis numa habitação corrente.
Um outro aspeto que nunca será excessivo reafirmar é que
a existência no PHAI3C de tais apoios residenciais e pessoais programáveis e
bem distintos dos aplicáveis, habitualmente, numa habitação corrente, para além
do respetivo e caraterísticos potencial convivial e participativo, serão, sem
dúvida, fatores que irão influenciar um envelhecimento mais
« benigno » e o prolongamento das capacidades físicas e mentais dos
respetivos residentes, tendendo a atrasar e suavizar os respetivos problemas de
saúde.
Em seguida e subsequentemente abordam-se alguns subtemas
a aprofundar na temática da demência num quadro de habitação para idosos e
designadamente : (i) caminhos de uma conceção residencial para idosos
dirigida para o apoio da memória ; (ii) recomendações para uma conceção
residencial dirigida para pessoas com demência; (iii) e aspetos a destacar na
programação de um conjunto residencial para pessoas fragilizadas.
2. Temas a aprofundar na temática da
demência num quadro de habitação para idosos
Antes de avançar com alguma sistematização nas três
subtemáticas acima apontadas salienta-se ser este um avanço exploratório ou
experimental nestas tão sensíveis como especializadas matérias.
(i) Caminhos de uma conceção residencial para
idosos dirigida para o apoio da memória
A partir de um estudo, relativamente recente,
do Senior Housing News Resource Center, intitulado The Memory Care
Opportunity: Development and Design Trends, citam-se e comentam-se,
brevemente, alguns dos caminhos e temáticas de conceção residencial adequada
aos mais idosos e dirigida para o apoio à memória dos residentes: (1)
Top 7 Memory Care Design Trends
. Outdoor Spaces
. Designing for the Senses
. Walking Down Memory Lane
. Building Smaller
. A Focus on Interactive Communities
. Designing for Technology
. Dining by Design (pg. 21)
É bem interessante atentar, aqui, em primeiro
lugar, na diversidade dos aspetos considerados como espoletadores de uma
continuada ativação das memórias dos residentes, que abrangem desde (i) o
desenvolvimento de espaços exteriores significantes, (ii) ao chamado
« desenho para os sentidos » (uma exigência projetual de âmbito
geral), (iii) passando pela previsão específica de sequências físicas e
ambientais bem memorizáveis e marcantes,
(iv) voltando, depois, a uma recomendação projetual global no sentido de
se projetar pequeno ou à « escala humana » (poderemos assim dizer),
(v) passando, em seguida, para aspetos mais organizativos e de gestão ligados à
desejável criação de comunidades ativas, (vi) e concluindo, primeiro, com uma
atenção espacífica ao uso de tecnologias adequadas (e hoje elas existem) ,
(vii) e depois e finalmente com a recomendação específica para se aproveitarem
e realçarem os períodos das refeições para desenvolver um contato dinamizado e
« focado » com os residentes.
Em segundo lugar, mas igualmente importante,
há que registar que todos essses aspetos são muito positivamente aplicáveis a
um conjunto residencial onde vivam, por exemplo, jovens e adultos na designada
«força da vida », condição esta que acrescenta, naturalmente, à opotunidade
da intergeracionalidade residencial que carateriza o PHAI3C.
Passando agora para uma caraterização mínima
das demências frequentes em idosos e continuando a citar e comentar o referido
estudo do Senior Housing News Resource Center temos alguns aspetos a reter:
(negrito nosso)
Alzheimer’s is a degenerative brain disease and is
the most common cause of dementia. Dementia is marked by a
decline in memory, language and other cognitive skills that affect a person’s
day-to-day life. Alzheimer’s was first identified more than 100 years ago,
but it wasn’t recognized as the most
common cause of dementia and as a major cause of death until decades later.
Other types of dementia include, but are not
limited to:
• Mixed
dementia, marked by abnormalities of
more than one cause of dementia, most
commonly Alzheimer’s combined with vascular dementia
• Frontotemporal
lobar degeneration
• Parkinson’s
disease dementia
• Creutzfeldt-Jakob
disease
• Normal
pressure hydrocephalus
Alzheimer’s disease symptoms vary, but the
following are common among those with
the disease:
• Memory
loss that hinders daily life.
• Trouble
planning or solving problems.
• Confusion
with time or place.
• Difficulty
understanding visual images and spatial
relationships.
• Withdrawal
from work or social activities.
• Misplacing
items and losing the ability to retrace steps.
• Decreased
or poor judgment.
• Changes
in mood and personality, such as apathy
and depression.
• Increased
anxiety, agitation and sleep
disturbances. (pg. 21)
Como se entenderá pela leitura da listagem
acima os sintomas do Alzheimer – que se julga serem gradualmente crescentes e
razoavelmente suavizados por medicação em boa parte do seu desenvolvimento –
correspondem, no limite, a condições de relacionamento mental e físico,
potencialmente, muito perturbadoras e mesmo inviabilizadoras do bem-estar de
uma pessoa no seu dia-a-dia, assim como do seu relacionamento na comunidade em
que viva; matéria esta que, tal como tantas outras aqui apenas afloradas, são
área de especialização, devendo aqui ser consideradas de modo muito
cuidadoso.
Será muito provavelmente por estas razões – de
bem-estar dos próprios doentes e de bem-estar das comunidades onde habitam -
que os espaços residenciais para idosos afetados por demências, já numa fase
mais crítica, tendem a ser, frequentemente, separados dos restantes espaços
residenciais das mesmas comunidades. Isto considerando-se uma situação de
demência mais avançada, pois até um dado limiar, provavelmente, as pessoas
afetadas até ganharão com uma ligação mais forte e natural com a restante
comunidade.
E esta integração se for acompanhada por tipos
de medidas similares às que foram atrás apontadas – listagem de sete aspetos de
conceção dirigidos para o apoio à memória dos residentes (Top 7 Memory Care
Design Trends) – poderá até melhorar o quadro residencial de todos os seus
habitantes ; isto porque os referidos sete aspetos parecem ser
extremamente interessantes para qualquer residente e provavelmente irão mesmo
facilitar, a todos, uma agradável « leitura » e consequentemente uso
facilitado e espontâneo do respetivo conjunto residencial.
Para quem queira aprofundar estas temáticas do
« desenhar » espaços aqruitetónicos considerando utentes com
demências, regista-se o compêndio de ensaios editado por Sally-Marie Bamford,
George Holley-Moore e Jessica Watson, intitulado A compendium of essays: New
perspectives and approaches to understanding dementia and stigma, onde se
abordam globalmente as demências e os estigmas a elas direta ou indiretamente
associados (ex., demência nos idosos), e que, em seguida, é pontualmente
citado: (2) (negrito
nosso)
As well as dementia, people may have a number of
other stigmata; stigma against age and mental health are just two examples. People with mental health
problems for example report particular problems with stigma; 87% of people with
mental health problems say that stigma and discrimination have a negative
effect on their lives. Attitudes also remain that dementia is, and should be
accepted as, an inevitable part of the ageing process. (pg. 8)
Additionally, some symptoms of dementia are
stigmatised in and of themselves such as, for example, incontinence.
As a result of population ageing – and particularly
the enormous growth in the ‘oldest old’ in our society, and the corresponding
increased likelihood of having dementia as one ages – the number of people with
dementia is growing. By 2021,
there will be a million people with dementia in the UK alone. These people
will live under the shadow of the stigma associated with dementia if more is
not done to tackle stigma and its causes. (pg. 9)
Reducing the stigma associated with dementia is a
key policy priority, with an increasing number of cities implementing the
“dementia-friendly community” model [...] Successful approaches will be
rooted within local and cultural contexts, designed by local stakeholders. Dementia-friendly
communities, with their imperative for collaborating with individuals from
local communities when developing approaches to reduce dementia-related stigma,
hold great promise. (pg.
40)
Salienta-se destes aspetos a consideração da
demência nos idosos como parte natural do processo de envelhecimento, o que parece recomendar, sempre que possível, a não
discriminação das pessoas afetadas no quadro da respetiva comunidade
residencial e urbana e a importância que tem a criação de uma afirmada
comunidade residencial, localmente bem radicada e bem caraterizada como parte
importante da criação de um conjunto residencial que interaja positivamente com
residentes afetados por demências, mas que não seja « estranho » para
outros residentes mentalmente « normais »; e tudo isto terá a ver com
o sempre visado desenvolvimento de um conjunto habitacional intergeracional,
adaptável e participado.
Trata-se também, assim, portanto de um caminho
arquitetónico, com uma natural presença reforçada na arquitetura de interiores
(ex., formas, texturas, padrões e cores), mas também na estruturação geral da
solução do conjunto residencial (ex., clareza e tipologia de acessos, zonas
agradáveis para deambular, zonas agradáveis para estar, etc.) e nas soluções de
relação com o exterior e com a natureza, incluindo os muito impactantes espaços
de transição entre interior e exterior.
Estamos, então, evidentemente, em plena
matéria arquitetónica, tal como é desenvolvido por Darren Fishell, no artigo
intitulado Architects embrace new designs for memory care facilities,
que, seguidamente, é citado e comentado: (3) (negrito nosso)
Evan Carroll of Bild Architecture sits in a
recently completed group home in Portland. The facility for adults with
intellectual disabilities incorporates many of the same design approaches
gaining favor in assisted living facilities
The need to update designs comes from a growing
body of research identifying aging and decline as two separate stages of life, each with its own level of care. Studies have
revealed new insights about design elements — like lighting, color and
corridors without dead ends — that create more comfortable living spaces for
people with memory loss. (pg. 2)
Faz-se, portanto, uma ponte de conceção
arquitetónica entre espaços residenciais e de apoio, dito corrente, para idosos
e idênticos espaços para pessoas com dificuldades intelectuais, que parecem
poder ser positivamente caraterizados pelo mesmo tipo de elementos e de
cuidados, tais como a boa iluminação, o cuidado cromatismo e uma boa
estruturação espacial sem zonas sem-saída ; afinal aspetos estes que
afetam positivamente qualquer « categoria » de residentes; e que, em seguida, se citam a partir do documento que está a ser referido: (negrito nosso)
Another aspect driving that change is more
visceral. "Baby boomers are seeing their parents in some of the current
institutions and they are sick to their stomachs," Carroll says.
Carroll is not the only architect in Maine who
declares that the "institutional model" for assisted living and
nursing facilities is dead.
"Older nursing homes... they're a long
corridor where you can hardly see the door at the end. That's going to be
gone," says Stan
Gawron, a principal at Gawron Turgeon Architects in Scarborough.
New facilities and renovations of old facilities,
he says, are built with a smaller scale in mind, "short corridors,
daylight, spaces that open up, little gathering points along the way," Gawron says. "It's an incredible change." (pg. 2 e 3)
Em tudo isto voltamos à nossa já bem conhecida
opção por ambientes totalmente « não institucionalizados »,
calorosos, reconhecíveis, visualmente bem estruturados e facilmente
percorríveis, marcados por corredores curtos, muita luz do dia, espaços
agradavelmente abertos e integrando poucos espaços de « interação »
ao longo dos percursos.
Não seria necessário, mas não podemos deixar
de sublinhar, aqui, a complexidade deste nicho de conceção arquitetónica, que
acrescenta às matérias globais da arquitetura residencial, elas próprias não
totalmente traduzidas em aspetos objetivos, as matérias específicas,
especializadas e ainda pouco conhecidas de uma arquitetura residencial para
pessoas com demências.
E há todo um léxico de espaços/ambientes que
são essenciais em qualquer solução residencial com qualidade, mas que aqui
assumem uma importância especial, podendo, por isso, ser aqui mais
« reforçados », tal como é apontado no referido artigo de Darren
Fishell e que se cita em seguida: (negrito nosso)
The Avita on Stroudwater facility, designed by
Rebecca Dillon at Gawron Turgeon, is the company's first in Maine and it
follows a memory care model the company developed more than two years ago, emphasizing
smaller scales to replicate the feelings of a home, not an institution.
On a recent tour, Liz Leonard, the company's
marketing director, pointed out that the facility is split into three
distinct "neighborhoods" of just over 20 residents. Each
neighborhood has its own "country kitchen" dining area…
"[Staff] will plate things and even cook
things right there, because the sense of smell is important for memory care," Dillon says. "It actually
stimulates the appetite, ...."
Through each seasonally themed wing of the building, other research-based design elements are
apparent, like the use of natural colors. There's easy access to an
outdoor courtyard that promotes activity and a garden that also provides
sensory stimulation.
The design also incorporates elements geared
toward families of residents, like a small cafe area where people can
access the Internet — a feature intended for adults needing a place to
complete work or to give visiting children an avenue for diversion. (pg. 3)
That homey-feel is a selling point for Northbridge Cos., says
Leonard, as families struggle to find suitable placements for aging members
of the family who need more care than what can be provided in their homes. (pg. 3)
Pequena escala ou escala humanizada,
constituição de pequenas vizinhanças tornando o conjunto mais próximo e mais
abarcável por cada residente, criação de um sentido doméstico, de uma atmosfera
« de casa », até marcada por estimulantes cheiros da comida em
preparação/aquecimento e disponibilização de espaços multifuncionais e
adequados a estadas razoavelmente prolongadas de familiares : tudo isto
podemos designar como « domesticação » da solução e total anulação do
velho (e até por vezes estimado) caráter institucional, sóbrio, austero e
friamente funcional.
E, finalmente, importa dar o devido relevo às
necessidades presentes e futuras de espaços residenciais associados a «apoios
de memória», tal como é também apontado no artigo de Darren Fishell, citando este
o Arq.º e Gerontólogo Victor Regnier: (negrito nosso)
Victor Regnier, a professor of architecture and
gerontology at the University of Southern California, estimates that around
80% of the assisted living business will eventually be made up of memory care services, according to the Assisted Living
Federation of America. Broadly, he says, nursing homes are being replaced by
assisted living facilities for certain populations…
The opening of a market for that specific clientele
means an opportunity for architecture firms to improve design elements that
research has tied to specific outcomes in the health and well-being of
residents. (pg. 3)
… Costin says his experience at Piper Shores
indicated that future design work will require a collaborative approach that
incorporates input from health care providers, caregivers and social workers
who can provide insights into the needs of the family…
"There's absolutely a need to redesign
[assisted living facilities]," Carroll says.
Uma mudança radical e urgente nos equipamentos
residenciais assistidos (com cuidados pessoais e de saúde), visando a sua
profunda « domesticação » e o aprofundamento dos aspetos de conceção
que possam influir direta e indiretamente no bem-estar e na saúde dos
residentes ; e logo básicos e essenciais quando temos em mão o
desenvolvimento de conjuntos residenciais « apenas » intergeracionais
e, portanto, funcionalmente bem longe desses equipamentos.
(ii)
Recomendações para uma conceção residencial dirigida para pessoas com demência
Aproximamo-nos, agora, da indicação de um
conjunto de aspetos concretos de uma conceção residencial dirigida para pessoas
com dmência, através de extensas citações do excelente relatório de síntese
bibliográfica de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum, intitulado A
review of the empirical literature on the design of physical environments for
people with dementia. (4)
E atenção, que se pensarmos de forma a
favorecer a adaptabilidade residencial, indicações como as que são, em seguida,
apontadas devem marcar o PHAI3C, pois fará bastante sentido permitir a
continuidade, ainda que relativa, dos moradores nas suas
habitações/apartamentos/estúdios, ao longo do seu repetivo processo de
envelhecimento.
(nota : a temática é, seguidamente, estruturada
em pequenos subitens, retirados da obra referida)
Passemos, então, às indicadas referências e citações temáticas do referido estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum, indicadas nas alíneas a) a l): (negrito e sublinhado nossos)
a) Compartimentos e espaços para diferentes
funções, ocupados por diversos equipamentos e mobiliários e equilibradamente
multifuncionais
Os espaços comuns residenciais não podem ser
desperdiçados num espaço amplo e uniforme, descaraterizado,
« desconfigurado » e « deslimitado », pois à semelhança do
que acontece em exteriores públicos com as mesmas « qualidades »,
eles vão « vazar » em várias direções, não estimulando a paragem
fortuita, nem mesmo os percursos com objetivos claros ; os espaços comuns residenciais devem ter
valências estratégicas, mutuamente harmonizadas, atraentemente contrastantes e
diversificadas.
E de certa forma tudo isto que se aplica aos
espaços comuns residenciais, também se aplicará, naturalmente a uma outra
escala e com outro vocabulário, nos espaços domésticos privados ; e ainda
nas fronteiras entre estes e os referidos espaços comuns.
Não se pense que estes cuidados são
excessivos, porque estamos a considerar « novas » formas de habitar
que misturam as qualidades de privacidade e comunidade domésticas e conviviais
de uma forma distinta daquela a que estamos habituados nas tipologias
multifamiliares.
Parece caber aqui uma referência à situação de
termos andado durante muitas dezenas de anos a simplificar e
« racionalizar » excessivamente mesmo tais tipologias
multifamiliares, designadamente nesses aspetos de sensível e estimulante
equilíbrio entre privacidades e convívios ; esquecendo, por exemplo, em
boa parte o conceito de edifício de « habitação coletiva » - e sobre
este « esquecimento » faço, aqui, também a minha mea culpa.
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
The degree of privacy-personalization in the SCUs [Special Care Units] studied was
negatively correlated with patient scores on the Cohen-Mansfield total
aggression scale. Residents in facilities with more privacy - more
rooms that are individual and more opportunities for personalization –
generally scored lower on this scale, representing less anxiety and aggression”.
“The amount of variability among common spaces in a
facility was negatively correlated with patient social withdrawal scores. The degree of social withdrawal among
residents decreased as the variability among the common spaces in a facility
increased”.
”Those living in environments scoring high on
privacy-personalization tended to have lower scores on the psychotic problem
scale”. (pg. 21 e 22)
It is possible that environments that have well
defined spaces with different functions are easier for people with Alzheimer’s
disease to navigate (Passini, Pigot et al. 2000) (Passini, Rainville et al.
1998.)
In summary there is good evidence for the provision
of a variety of spaces in environments for people with dementia as they assist
in reducing anxiety and depression while improving social interaction and may
assist the resident to find their way around. (pg. 23)
There is good evidence for the provision of a
variety of spaces in environments for people with dementia as they assist in
reducing anxiety and depression while improving social interaction and may
assist the resident to find their way around. However specific evidence for benefits of gardens
per se, without enhanced staff interaction, is weak. (pg. 38)
Considerando-se que, evidentemente, este tipo
de condições também se se aplica para os idosos não dementes ou ainda não
dementes, fica claro a extrema importância que tem este tipo de indicações no
quadro de uma habitação intergeracional com um muito diversificado quadro
etário e sociocultural de residentes ; matéria esta que se julga dever ter
aprofundamento.
b) Espaços multissensoriais e espaços exteriores
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
A secure outdoor area has been shown to be one of
the defining features of an SCU (Grant, Kane et al. 1995). The beneficial effects on levels of
agitation of being able to get outside have been well demonstrated (Namazi
and Johnson 1992a)
Both the Snoezelen room [espaço/compartimento
com caraterísticas multisensoriais e “espaços para decontração que ajudam a
reduzir a agitação e a ansiedade, mas também podem atrair/implicar e deliciar o
utente, estimulando reações e encorajando a comunicação” (de www.snoezelen.info ) (5)
and the garden decreased the signs of sadness shown by residents in
comparison with the living room and significantly increased the signs of
pleasure.
…
‘No matter which of the three environments was
being spoken of, it was the opportunities of a one-to-one relationship,
quality time, and to feel closer, that was valued…” (pg. 23)
Sublinha-se que o que está aqui em causa
parece ser a disponibilização de uma estratégica e « completa »
diversidade de espaços comuns exteriores e interiores – condição-tipo que também se deverá aplicar a uma
estratégica diversificação dos espaços privados – salienta-se que importa
disponibilizar zonas exteriores, interiores e de relação interior/exterior com
espaços expressiva e naturalmente estimulantes e bem pormenorizados.
Naturalmente que em tal condição a
disponibilização de espaços exteriores adequados e de uma excelente relação com
o exterior (luz natural, vistas, acesso) assume especial relevo, mas é
igualmente importante a existência de espaços realmente
« multisensoriais », que podem estar até sobriamente
« embebidos » ao longo dos espaços comuns.
Este tipo de exigências ou recomendações não
aplicam-se a todo o tipo de espaços habitacionais e a todas as modalidades de
habitação mais adequadas a idosos e fragilizados, não fazendo sentido
reservá-las, como de « tratamento espacial » se tratasse, para os
espaços habitacionais de idosos muito fragilizados e dementes ; sendo,
naturalmente, vitais neste último tipo de espaços.
Uma outra matéria associada, que terá de ficar
para posterior aprofundamento, é a similitude de aplicação a espaços
residenciais especialmente adequados para idosos e fragilizados, ainda que
naturalmente intergeracionais, de um vocabulário espacial/ambiental especialmente
humanizador e de relação com a natureza, do tipo daquele que é aplicado a
espaços para crianças, designadamente, no âmbito do método Montessori, embora adaptado ao uso e à interação dos idosos. Esta
ideia surgiu porque se julga haver pontos claros de contato entre a
caraterização dos « espaços » Snoezelen e os espaços Montessori.
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
The provision of access to an outdoor area is not
in itself sufficient however. If the space is unfriendly, too large or too
complicated it is unlikely to be used. A systematic approach to developing a
'therapeutic garden' is required to encourage patients to use it. The
availability of a garden area, whether well designed or not, appeared to reduce
aggression and falls in comparison to a facility without a garden …(Mooney
1992.) (Forbes rating = weak).
“gardens are
a lovely and interesting way to provide a source of sensory stimulation and
avoid monotony - a virtual symphony of sight, sound, light, color, fragrance,
birds, and small animals.
Outdoor spaces offer unique opportunities for a
wide range of stimulating, potentially lifeenriching activities such as assisting someone who has been a lifetime
gardener to maintain some form of small outside gardening spot” (Brawley
2001)…the empirical evidence for their utility in the absence of staff
interventions is lacking. Nevertheless, if staff time is available they do
provide an opportunity for enhancing staff/resident interactions. (pg. 24)
Relativamente à existência de jardins e de
vistas sobre estes fica evidenciada a sua extrema importância e,
designadamente, no que se refere aos « jardins terapêuticos ».
c)
Quartos individuais com tamanho adequado
The postulated advantages of single rooms have been
summarised as including the opportunities to choose between privacy and
socialisation; to personalise the space, providing familiarity and continuity
with the past; support a sense of security and individual identity and to allow
residents to control levels of stimulation (Morgan and Stewart 1998).
Esta temática de disponibilização estratégica
de « quartos amplos » do tipo « T0 », dispondo de espaços
“encerráveis”, permite aliar um adequado grau de privacidade e apropriação com
um nível intermediário de socialização e mesmo de alguma positiva representação
ou “cerimónia” ; esta recomendação é considerada como de extrema
importância no que se refere à sua aplicabilidade a todo um quadro
intergeracional marcado por pessoas sozinhas, pequenos agregados e pessoas
idosas, e não apenas referida a situações de grande dependência e demência (podendo
até ajudar a reduzir a evolução de tais problemas).
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
Residents in facilities with more privacy - more
rooms that are individual and more opportunities for personalisation - generally
scored lower on this scale, representing less anxiety and aggression”(Zeisel, Silverstein et al. 2003) (Forbes rating =
strong). A negative correlation (p=0.023) with psychotic symptoms was also
found in this study.
The availability of private rooms has been shown to
reduce irritability, increase time spent alone and improve sleeping patterns in
people with advanced Alzheimer’s disease and other related disorders
Uncooperative behaviors have been found to be
associated with shared rooms (Low, Draper et al. 2004)(Forbes rating = weak).
No empirical studies dealing with the size of
residents’ rooms were located.
In summary there is some strong evidence in support
of the provision of single rooms for people with dementia and no empirical
evidence to contradict that conclusion. (pg. 25)
Poderemos concluir daqui que o
quarto/mini-apartamento individual é claramente aconselhável, sendo que deveria
ser tendencialmente « duplo » ou « de casal », até por
razões de socialização (casais e convívio), elas próprias levando a uma sua
espaciosidade flexível e expressiva; lembrando até estudos razoavelmente do
tipo (acima), que referem a importância da diversificação especial/functional,
que aqui pode e deve referir-se a uma diversificação microespcial e microfuncional.
d) Boa sinalização e estratégia de múltiplas
referências espaciais (good signage and multiple cueing)
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
The provision of signs and aids to wayfinding is integral
to the design of many special environments for people with dementia (Grant,
Kane et al. 1995).
“Signs may help to recognize places when
architectural and interior design features are not sufficient in passing the
message. They may provide directional
information to remind the patients of where facilities are located and of how
to return to their points of origin”.(Passini, Pigot et al. 2000).
In summary there is limited evidence of the
effectiveness of signs in environments for people with dementia. Those that
have some beneficial effect, e.g. large arrows on the floor along with the word
‘toilet’ (Namazi and Johnson 1991b) seem to be in conflict with other
principles of design, e.g. the provision of a familiar, homelike environment. (pg. 26 e 27)
The evidence of the effectiveness of signage in
environments for people with dementia is not strong and the evidence for the use of personal
memorabilia and objects as aids to orientation is limited. (pg. 38)
Poderemos considerar que a importância de uma adequada
« sinalização » espacial, funcional e ambiental não se deve limitar a
situações « curativas » em que o espaço é menos “expressivo” ou
“condutor” ou “estimulante”, mas também quando sendo o espaço bem expressivo
poderemos facilitar, estimular e apoiar o seu uso adequado através de sinais.
De certa forma deveremos exigir que o espaço
arquitetónico no âmbito do PHAI3C seja, sempre, adequada, visual e
ambientalmente estruturado, funcionando,
depois, suplementarmente os « sinais » e as mensagens como facilitadores
dos usos e garantes de condições específicas de segurança (ex.,
acessibilidades, etc.) , como que numa redundância bem apurada e
estratégica.
Em tudo isto evidencia-se a importância de um
adequado e profissionalizado Design de Comunicação aplicado a esses sinais e
mensagens (que nunca deverá ser feito por « amadores »), que, entre
outros aspetos respeite e valorize a dignidade e sobriedade residencial da
intervenção ; e de certa forma este processo de intervenção tem de estar bem
integrado com a pormenorização da respetiva arquitetura de interiores, caso
contrário lá estamos, novamente, a evidenciar e mal aspetos funcionais num
ambiente que se quer marcadamente residencial. E mesmo intervenções « de
design » mais marcantes poderão fazer sentido, desde que desenvolvidas com
grande sensibilidade e conhecimento especializado.
e) Usar preferencialmente elementos volumétricos
e não cores para apoiar a orientação
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
Signs and cues in the form of text and graphics are
not the only way in which information about the location of spaces can be made
available.
“The physical environment not only creates the
wayfinding problems people have to solve but it can also provide information to
solve these problems. ... Information should be presented by different means to
allow for personal preferences and redundancy. … Attention has to be paid to avoid
distracting patients by non relevant information displays. The environment
has to speak a language that the user, the Alzheimer’s patient, can understand”
(Passini, Pigot et al. 2000).
The recognisability of personally familiar objects
can be used to aid orientation. Displaying personal items, selected by relatives because of their
significance, in cases outside residents’ rooms is a more effective approach
than displaying distinctive, but non-personal items (Namazi, Rosner et al.
1991)
In summary there is some weak evidence to support
the use of personal memorabilia as an aid to orientation for people with mild
to moderate dementia. (pg.
28 e 29)
Esta matéria decorre em boa parte da anterior,
relativa aos aspetos de « sinalização » e comunicação, sublinhando-se
aqui três importantes aspetos : o primeiro que sublinha o sentido da
arquitetura residencial como agradável « estojo » da vida diária de
muitos habitantes ; o segundo que reforça o sentido da redundância
estratégica que deve ser proporcionada pelo design de comunicação ; e o
terceiro onde se volta a lembrar que tudo isto é importante para TODOS os
habitantes e vital para os mais fregilizados e afetados por demências.
f) Reforço/ênfase da acessibilidade visual
(comunicabilidade visual estratégica)
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
The observation that people with dementia stand a
better chance of finding something if they can see it from where they are led to the idea of 'Total Visual Access' which was
incorporated into the design of the NSW Health units for the confused and
disturbed elderly CADE units (Fleming 1987). It resulted in a very simple,
corridor free environment.
More recent research has shown that a simple
building ‘where patients should be able to proceed from one decision point to
the next as they walk along without having to plan for future decisions’ is
associated with resident orientation but it suggests that the simple
environment must be supplemented with a certain amount of explanation or
training for the residents to function better (Passini, Rainville etal.
1998.) (Forbes rating = weak).
Disorientation has been found to be less pronounced
in L, H and square shaped units where the kitchen, dining room and activity rooms were located
together, which may indicate good visual access for most activities and times.
Environments with a single central corridor were
associated with higher degrees of restlessness and with reduced vitality and
identity (Elmstahl,
Annerstedt et al. 1997) (Forbes rating = weak). (pg. 7)
Este « jogo » muito clarificado de
espaços de circulação bem estruturados por sequências constantes de
visibilidade, mas não monotonamente desenvolvido, é muito importante para o
PHAI3C e pode ter influências estruturantes nos pisos habitacionais,
eventualmente, adequados a uma estratégica diversificação dos fogos.
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
Evidence of the importance of being able to see
what you need to see when you need to see it … When the toilet was visible to
residents with dementia it was, on the average, 8 times more likely to be used than when it was hidden by a curtain. This is described as having a significant effect on the management of incontinence and to be useful
to mobile residents with mild to severe dementia. The visibility of the
toilet did however result in the residents using the toilet every 9.8 minutes!
In summary, the evidence for the incorporation of
good visual access on the broad, unit level scale is not strong but the
dramatic effect of making an important amenity, the toilet, easily seen
provides good supporting evidence for the concept. (pg. 29)
A localização de determinados elementos
espaciais e funcionais tem extrema importância global e específica,
designadamente, se considerarmos a gradação dos problemas de demência e os
outos muitos problemas associados à frequente e gradual redução de mobilidade
nos mais idosos e, ainda, tendo em conta que estamos aqui, no PHAI3C, a propor
uma « familiarização » ou habituação a uma nova forma de habita rem
termos privados e de comunidade.
g) Pequena escala física (tamanho pequeno)
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
…
While there is evidence supporting the proposition
that small size is associated with a variety of positive outcomes for people
with dementia it is impossible to quantify the contribution that the size of
the unit makes in comparison with the other environmental factors that are
commonly associated with a purposely designed, small unit e.g. homelikeness,
safety and familiarity. …
The same problems of an intricate relationship
between the social/professional environment, i.e philosophy of care, staff
skills, good management practices, and the physical environment make it difficult
to conclude that a homelike physical environment has a broad impact, especially
in the case of people with advanced dementia. However there is good evidence
that it reduces aggression.
h)
Gestão local
individualizada
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
The care programme involves all staff working in
the unit and is based on the philosophy of normalisation. It includes continuing
assessment and individual program review”. (pg. 13)
i)
Domesticidade
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
“The interior and garden areas are as secure as
possible and reflect a homelike atmosphere. Most rooms are single and residents
bring their own beds and small items of furniture.
[espaços de atividades diárias
diversificados]
There are several multi-purpose living or
activity areas and a kitchen/dining room. Where possible domestic
furnishings and fittings have been used including carpet tiles in all but
the bedroom and bathrooms.
“Persons
living in SCUs with a more residential, less institutional environment
expressed lower levels of overall aggression than those living in more
institutional settings”. (pg. 12)
A very well controlled investigation of the effects
of introducing a few of the most basic elements of a homelike environment into
a very institutional nursing home (Cohen-Mansfield and Werner 1998) (Forbes Rating
= Strong) showed that residents chose to spend time in a corridor containing
comfortable chairs, pictures, coffee table, books and the aroma of citrus in
comparison with a normal corridor. (pg 13 e 14)
In summary the strongest evidence specifically on
the provision of homelike environments supports the idea that they reduce
aggression and may have a beneficial effect on levels of agitation. When the homelikeness is part of an intervention
that includes enhanced staff skills and knowledge there is strong evidence of
beneficial effects on quality of life, anxiety and interest in surroundings.
(pg. 16)
Fica, portanto, clarificada a importância de
uma afirmada domesticidade nos conjuntos e ambientes residenciais que poderão
ser habitados por pessoas idosas com algumas demências decorrentes do
envelhecimento, assim como fica evidenciado o crítico erro de se rodear estas
pessoas com « cenários »
frios, « atonos » e institucionais, salientando-se, ainda, como se
verá de seguida, que uma tal domesticidade deve poder ser mesmo ativa, no
sentido de se poderem exercer algumas atividades características de espaços
domésticos, com destaque para as associadas às refeições, por sinal também muito
marcadas por positivos aspetos de convívio.
j) Participação ativa dos residentes
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
The appearance of domesticity, ie the
'homelikeness' of the environment, is only part of a domestic environment. As
well as looking like home a truly domestic environment must provides residents
with opportunities to engage in the ordinary activities of daily living that
characterise life at home.
Many of these
activities centre on the kitchen and dining room. The fundamental idea behind
these activities is that the resident should not be a passive recipient of
services but should be afforded the opportunity of making a contribution,
however small. In other words, to be seen as a competent partner (Kihlgren,
Hallgren et al. 1994). (pg. 18)
k) Aspetos de segurança
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
Safety/security is defined in the Professional Environment Assessment Protocol (PEAP)
(Lawton,Weisman et al. 2000) as “The extent to which the environment both
minimizes threats to resident safety and maximizes sense of security of
residents, staff, and family members. It includes ease of monitoring residents;
control of unauthorized exiting; support of functional abilities; provision of
specialized equipment”.
Positive effects have been found when unobtrusive
means are used to provide a secure
perimeter …(pg. 19)
Residents in facilities whose exits were well
camouflaged and had silent electronic locks rather than alarms tended to be
less depressed. A hypothesis
to explain this correlation is that residents try to elope less in such
settings and that caregivers - tending to consider such environments safer -
afford residents greater independence of movement.
Residents who experience this greater freedom, and
hence have less conflict about trying to leave […], feel a greater sense of
control and empowerment, leading in turn to less depression…
In summary the evidence supports the use of
unobtrusive safety features but warns against overemphasis on safety. (pg. 20 e 21)
É interessante este sentido de que a segurança
residencial em termos de controlos de acesso e, porque não, noutros aspetos de
segurança no uso, é essencial, designadamente, quando em presença de moradores
física e sensorialmente fragilizados, mas não pode ser nem excessiva, nem
especialmente visível e intrusiva, pois nestes casos poderá provocar efeitos
colaterais negativos, designadamente, em termos de depressão e mesmo rejeição
dos espaços assim tratados.
l)
Controlo dos estímulos
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
People with dementia have difficulties in dealing
with high levels of stimulation. Their ability to screen out unwanted stimuli
appears to be reduced. They can become more confused, anxious and agitated when
over stimulated (Cleary, Clamon et al. 1988.).
Common causes of overstimulation are busy entry
doors that are visible to patients, clutter, p.a. systems, (Cohen 1991.;
Brawley 1997.), alarms, loud televisions (Hall 1986.; Evans 1989.), corridors
and crowding (Nelson 1995.). (pg. 31)
Estamos aqui, novamente, em presença de um
« material » de enorme importância para o idoso e mesmo para a pessoa
que ainda não o sendo quer viver, basicamente, em “paz” e sossego no seu
espaço residencial, ainda que estrategicamente, perto da animação urbana.
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
“Analyses of data from this cluster-unit
intervention trial of persons with dementia in two care facilities indicate
that high-intensity ambient light therapy in the morning or throughout the day
resulted in a small but statistically significant increase in nighttime sleep
minutes and inconsistent effects on nighttime sleep consolidation and daytime
sleepiness. …The study
also demonstrated that bright light was well tolerated and was not associated
with adverse effects.
The light delivery method used in this study
involved remodeling the activity and dining areas of institutional settings,
thereby providing passive light exposure. Data on intervention fidelity indicate that this method produced
median light intensities close to the target level of 2,500 lux. (pg. 32)
Parece ser essencial esta material da luz
natural e artificial seja na disponibilização de um sono adequado, seja na
dinamização das actividades diurnas e isto vale, totalmente, não só para um
idoso com demência, mas para qualquer pessoa em perfeito estado físico e psicológico,
sendo bem importante numa fase de envelhecimento frequentemente associada a uma
gradual fragilização física e sensorial.
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
This two-stage project examined how effective two
types of multi sensory environments were in improving the well-being of older
individuals with dementia. The two multi sensory environments were a Snoezelen
room and a landscaped garden.
Both the Snoezelen room and the garden decreased
the signs of sadness shown by residents in comparison with the living room.
However there was a significant increase in pleasure in the three environments
when the residents were approached by staff…
These environments were compared to the experience
of the normal living environment.
In summary there is good evidence to show that the
area of stimulus control is important to the well being of people with dementia. When
levels of stimulation are optimum residents with dementia sleep better, are
less verbally aggressive, less behaviourally disruptive and more able to dress
themselves. (pg.
34 a 36)
The careful optimisation of levels of stimulation
is well supported. The evidence extends to increasing levels of illumination
beyond what is usually considered to be normal. (pg. 38)
Importa referir, aqui, que a boa Arquitectura
tem de se informar bem sobre para quem está a projetar e tratar adequada e
estrategicamente estas matérias de um conforto ambiental residencial acrescido.
(segue-se citação do estudo de Richard Fleming, Patrick A. Crookes e Shima Sum que foi acima referido)
Designers and architects may therefore be confident
about using unobtrusive safety measures; varying the ambience, size and shape
of spaces; providing single rooms; maximizing visual access to important
features and providing for stimulus control with the periodic availability of
high levels of illumination. Indeed these features could be seen as essential
attributes of all physical environments that have a claim on being designed
specifically for people with dementia. (pg. 38)
(iii)
Programação de um conjunto residencial para pessoas mais fragilizadas
Antes de passar ao tema referido no título do
item e que remete para um exemplo, considerado significativo (porque baseado em
especialistas) de um espaço residencial especialmente direccionado para pessoas
idosas e mentalmente fragilizadas, importa sublinhar dois aspetos : um
primeiro relativo a considerar-se que o que é « bom » em termos
residenciais para essas pessoas, será, provavelmente, muito bom para pessoas no
pleno uso das suas capacidades ; e um segundo aspeto que julgamos igualmente
importante e que remete para a possibilidade de num espaço residencial
funcional e ambientalmente rico, como o proposto, poderem existir espaços muito
específicos, instalações e equipamentos que tornem a vida residencial muito
estimulante, especialmente para aqueles que terão muito tempo para a gozar, e
praticamente impossíveis de prever, por razões de custo e de ausência de oferta,
numa opção habitacional corrente – matéria esta que julgamos merecer posterior
evidência e aprofundamento neste estudo.
Conclui-se este item que aborda as intervenções residenciais muito dirigidas para idosos fragilizados por demências com um conjunto de aspetos de pormenor selecionados de um programa com essa finalidade, citando-se amplamente e comentando-se, apenas muito pontualmente e com brevidade, diversos e importantes aspetos constantes do estudo de dois especialistas na matéria, Caroline Cantley e Robert C. Wilson, intitulado ‘Put yourself in my place’. Designing and managing care homes for people with dementia; alíneas a) a p) : (6) (negrito e sublinhado nossos)
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
Many good design features drawn from experience now
regarded as standard good practice for residential and nursing care homes also
hold good when designing for dementia care. The following features,
therefore, are either standard good practice features to be emphasised or
important additional features specifically related to dementia care. (pg.
8)
a) Tamanho
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
Overall sizes of homes visited ranged from 24 to 72
places with group sizes
varying from eight to 24 respectively. Generally, the larger the home
overall and the larger the group, the more financially viable the home.
Break-even for the homes visited occurred between
home sizes of 36 and 60, and probably nearer the higher figure. One interviewee
stated that: “a home would have to have 55 places to break even”.
Um conjunto residencial com 60 lugares corresponderá,
assim, no mínimo a 30 unidades privadas e duplas (desejavelmente para casais),
mas, estrategicamente se considerarmos que metade podem ser pessoas sós (e pode
ser mais), lá temos o nº de 40 unidades (20 + 20x2) e diria mesmo que poderia
ser um pouco maior (ex., 50 com 35 para pessoas sós e 15 para casais). E
importa ter em conta que quanto maior o número de unidades maior a capacidade
relativa em termos de espaços comuns (ex., 50 unidades, “contribuindo” cada uma
delas com cerca de 5 m2 para os espaços comuns do Programa).
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
Different group sizes ranging from seven to
fifteen, and secondary clusters of three to eight, operated with varying degrees of success. The
optimal size, however, depends on the proposed overall capacity of the home
resulting from a financial viability calculation […] and the physical
constraints of the site.
In all but the largest home, the day rooms – and in
some cases other relevant service facilities, such as assisted bathroom, linen
store, utility room, and cleaners’ cupboard – were located in the central core.
The residents’ rooms were separated into smaller
sub-groups or clusters of three, four, five, six, seven or eight. Staff ratios
of 1:4 or 1:5 existed and appeared to operate. (pg.87)
b) Localização
A centralidade é, evidentemente, essencial.
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
Essential criteria relate to the catchment area,
links with a strong local community and a good bus service, whether in an
urban, suburban or rural setting.
Increasingly, however, residents with advancing
frailty become unable to walk from the home to visit local shops and other
amenities and require transport. Distance from amenities is therefore less of a problem,
althoughbeing located within the local community is a strong positive factor
for the benefit of visitingrelatives, friends and voluntary support.
c)
Conceito em termos de conceção
Os autores defendem que embora o sentido
global da conceção deva ser sensorial e com forte sentido doméstico e produtor
de um sentido de identidade e de “casa”, não pode ser descurado um amplo e
exigente leque de aspetos funcionais e de segurança devidamente apontados no
estudo.
d) Espaços de serviço e apoio aos residentes
(seguem-se citações do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
In two homes, day centres had been incorporated, each providing care for
ten older people with a space allowance of 6/7m² per resident. ..
Desta forma e para 60 habitantes teríamos
cerca de 360 a 420 m2.
they were main entrance and provided an
opportunity for alternative use when the day centre was not in operation. Such
duplicated use could, if successfully managed as in the cases observed, improve
the financial viability of the home.
e) Áreas habitacionais
Os autores salientam um conjunto de aspetos
espaciais, funcionais e ergonómicos a cumprir nas áreas habitacionais privadas.
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
• recessed entrance to allow personalization (pg.
88)
• minimum usable space, excluding the en suite (CB
privada), within a rectangular shape of 12m²
• window sills at a maximum height of 675mm above
floor level
• two alternative positions for the bed with
emergency system and light switch controls suitably located.
f) Quartos com casa de banho privativa
E os autores salientam, também, no seu estudo um
muito importante conjunto de aspetos espaciais, funcionais e ergonómicos a
cumprir nas casas de banho privadas.
g) Espaços de estar e de refeições
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
Area per resident should be above registration
standards at about 6m² and should:
• be located centrally in the wing with well lit
approaches
• provide widened door openings and glazed doors
and/or panels to corridor walls to allow approaching residents a clear and
early view into the room
• have attractive, easy access to gardens when at
ground-floor level
• have a system of lighting which can be controlled
to provide suitable levels of illumination for a range of activities from
sitting and relaxing to reading.
h) Sala de sossego (« quiet room »)
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
The floor area should be no greater than 20m² to preserve
domestic scale. It may be shared between groups and should be:
• near the main day rooms and furnished in a homely
style which will be familiar to residents.
i) Corredores
É também muito interessante o cuidado pormenorizado
que os autores investem no desenho dos corredores, salientando para eles, no
estudo, um muito muito amplo conjunto de aspetos espaciais, funcionais e
ergonómicos.
j) Espaço de encontro
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
The most cost-effective means of providing a
meeting area to accommodate all, or most, residents and duty staff, is to
combine rooms for other purposes with the entrance area.
Temos assim os aspetos de adaptabilidade
aplicados também nos espaços comuns.
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
If a day centre is included at the home this also
may form part of the main area. ..
If provided, the cumulative space allowance should
be approximately 4m² per resident.
Considerando estes valores de referência e
para 50 pessoas dará 200m2, o que é claramente muito; no entanto como estamos
no PHAI3C a fazer habitação e não um equipamento, podemos pensar mais em “modo”
hoteleiro, por um lado, e como se trata de cooperativa podemos pensar na
possibilidade de um espaço multifuncional por exemplo em cave (matéria a
explorar estrategicamente).
k) Sala de atividades
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
Ideally a separate room for therapeutic activities
should be provided, with a dedicated assistant. Some homes, however, utilise
dining rooms or dining areas of living rooms.
l) Casas de banho e WC assistidos
Naturalmente que para as casas de banho e para
os WC assistidos os autores salientam, também, no seu estudo, um muito
importante conjunto de aspetos espaciais, funcionais e ergonómicos a cumprir.
m) Áreas de serviço
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
Service areas relevant to the needs of each resident
group should be provided within the group area and be separated from the main
service facilities for the home, such as kitchen, laundry and general storage.
n) Equipamentos de apoio (« group
facilities »)
São referidos aspetos específicos para estes
equipamentos.
o) Sala para acompanhamento e aconselhamento
São referidos aspetos específicos para esta
sala.
E referem-se depois aspetos específicos para
diversos espaços e elementos entre os quais a cozinha, a lavandaria, as
instalações de pessoal, o mobiliário e equipamento e a introdução de tecnologia
de apoio, relativamente à qual há que prever pelo menos a pré-instalação.
E as recomendações são rematadas com
referências detalhadas à importante previsão de espaços exteriores bem
desenvolvidos e apelativos.
p) Jardins e outros espaços exteriores
(segue-se citação do estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson que foi acima referido)
The aim should be to provide safe, secure,
interesting and accessible areas with high quality hard and soft landscaping,
incorporating suitable surfaces and planting to take into account the
impairments that residents may experience.
Trees and large shrubs should not overhang
footpaths, which should be in view from the home and not screened by buildings,
trees or shrubberies.
Raised beds and sheltered sitting areas should be
provided, but low walls should be avoided.
Familiar garden objects such as wooden seats, bird
tables, sheds and greenhouses all enhance the outdoor environment. (pg. 92)
Termina-se este item e as citações a este excelente
estudo de Caroline Cantley e Robert C. Wilson,
intitulado ‘Put yourself in my
place’. Designing and managing care homes for people with dementia, com uma
recomendação desses autores que se considera essencial e bem aplicável no âmbito do PHAI3C :
“You cannot separate out good design, effective
management and user involvement for people with dementia. If you do, you’re
left with bricks and mortar, sterile consultancy-speak or nodding platitudes.
It’s only when you take the three together that you demonstrate that you’re
serious about making a difference.” (Alex O’Neil, Joseph Rowntree
Foundation) (pg. 93)
Notas bibliográficas
(1) Senior
Housing News Resource Center - The Memory Care Opportunity: Development and
Design Trends, 2017.
(2) Sally-Marie Bamford, George Holley-Moore, Jessica
Watson (ed.) - A compendium of essays: New perspectives and approaches to
understanding dementia and stigma, ILC–UK 2014.
(3) Darren Fishell - Architects embrace new designs
for memory care facilities – Mainebiz Maine’s Business News Source, outubro
28, 2013.
(4) Richard Fleming (University of Wollongong, rfleming@uow.edu.au); Patrick A. Crookes (University of Wollongong, pcrookes@uow.edu.au); Shima Sum (University of Wollongong, Australia)
- A review of the empirical literature on the design of physical
environments for people with dementia, Research Online - Faculty of Health
and Behavioural Sciences – Papers (Archive), Faculty of Science, Medicine and
Healt, 2008 - This report is available at Research Online: http://ro.uow.edu.au/hbspapers/2874
(5) Snoezelen Multi-Sensory Environments
are relaxing spaces that help reduce agitation and anxiety, but they can also
engage and delight the user, stimulate reactions and encourage communication.
Snoezelen Multi-Sensory
products and environments can be used to calm and reduce agitation through the
use of gentle light, soothing sound, relaxing smells and textures.
Snoezelen can be used as
a learning and developmental tool, it can be used for color matching,
understanding of cause and effect, and creating themed environments to teach
in.
Snoezelen Multi-Sensory
products and environments can be used to stimulate users by providing exciting
visuals, music and sounds, invigorating smells and textures to explore.
We have been providing therapists and health professionals with a Snoezelen Multi-Sensory toolkit for over 30 years. From portable resources to custom multi-sensory environments we have solutions that can help. Citado de: https://www.snoezelen.info/
(6) Caroline Cantley; Robert C. Wilson - ‘Put
yourself in my place’. Designing and managing care homes for people with
dementia. First published in Great
Britain in March 2002 by The Policy Press, Bristol Caroline Cantley is Professor of Dementia
Care, University of Northumbria and Director, Dementia North; Robert C. Wilson
is a chartered civil engineer and a consultant offering specialised services in
designing and building for care.
Notas
editoriais gerais:
(i)
Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a
caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de
edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo
portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii)
No mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a
utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por
exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva
responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas
fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii)
Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da
Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa
de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia
global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a
respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva
moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e
exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
Notas sobre o habitar, a velhice e as demências – versão de trabalho e base bibliográfica – Infohabitar # 833
Infohabitar, Ano XVIII, n.º 833
Edição: quarta-feira, 28 de setembro de 2022
Artigo XV da série editorial da Infohabitar “PHAI3C – Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de
uma Cooperativa a Custo Controlado”
Infohabitar – a revista
da GHabitar
Editor:
António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL –
Escola Superior de Belas Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP –
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto –, Investigador Principal
com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo no Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC), em Lisboa
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