Infohabitar, Ano
XIV, n.º 647
Artigo da Série
“Apresentação comentada de livros sobre o Habitat Humano", n.º II
Sobre o habitar - a propósito do livro de Juhani Pallasmaa “Habitar”
Infohabitar 647
Nota prévia
editorial sobre a nova Série: “Apresentação comentada de livros sobre habitat
humano”
Com este artigo dá-se
continuidade a uma linha editorial da Infohabitar, intitulada
“Apresentação comentada de livros sobre habitat humano”, desejada
desde há muito, aqui na Infohabitar, e referida a uma apresentação,
desenvolvida e, em alguns casos, comentada, de livros recentes e/ou
considerados significativos nas áreas temáticas da nossa revista.
Não vai haver
grandes limites relativamente ao ano de edição, havendo, naturalmente, um relativo
privilegiar de livros recentes e, portanto, provavelmente, menos conhecidos dos
leitores, e sendo, sempre, de ter em conta a desejável disponibilidade
editorial dos livros apresentados e comentados; mas os “velhos clássicos”,
conhecidos, mal conhecidos ou injustamente pouco ou nada referidos não serão
esquecidos, pelas razões óbvias e, até, porque há, sempre, as bibliotecas ...
Como os leitores
sabem, tem havido já apresentações de livros na nossa revista, mas realizadas
de modo eventual e sem periodicidade, ou sem um desenvolvimento ou comentário,
decorrentes de uma sua leitura completa e atenta, por um dado autor, que,
naturalmente, apresenta a sua opinião pessoal sobre a obra que é apresentada.
Julga-se que a
actualidade é marcada pela enorme riqueza do acesso directo e indirecto à
informação, através do muito de que descobrimos e do que lemos na WWW, mas também
por uma expressiva “velocidade” e, por vezes, alguma ligeireza na consideração
e na reflexão sobre o praticamente infinito campo de documentação existente (também
na WWW) sobre uma dada temática. Esta velocidade parece ser incontornável face
à quantidade da referida documentação e informação, mas, por vezes, talvez não
nos proporcione um adequado “respiro” e salutar e relativo distanciamento no
pensar, aprofundada e pacientemente, sobre um dado tema, dificultando a geração
de ideias bem sedimentadas e desenvolvidas; e tudo isto ainda influenciado por uma
actualidade em que mesmo as livrarias dificilmente disponibilizam um adequado
acervo editorial, substituído pelo leque de edições mais recentes e
continuamente renovadas; mas há, sempre, as bibliotecas ...
Parece ser,
assim, altura para poder reduzir um pouco essa velocidade de “absorção de
ideias/informação”, concentrando-nos, também, com algum detalhe e tempo sobre a
sequência de ideias que um dado autor desenvolve num dado livro; neste caso,
evidentemente, em matérias referidas às temáticas abordadas aqui na nossa
revista – e quando estava a escrever esta “justificação” lembrei-me que será um
pouco como resgatar o “slow-reading”,
conceito este aqui reinventando um pouco à imagem da “slow-food” e das “slow-cities”,
numa perspectiva que não põe em causa, nem o podia fazer, a velocidade do tempo
e da investigação atuais, mas que deseja não dar a perder a riqueza de uma
velocidade mais lenta, e eventualmente talvez mais fundamentada e ponderada, o
que parece ser até bem oportuno quando se está a (re)pensar, profunda e
diversificadamente, sobre o atual e futuro quadro do habitat humano
pormenorizado, urbano e habitacional.
A partir de agora
a Infohabitar irá, assim, procurar manter uma periodicidade mensal
relativamente a esta sua nova linha editorial de apresentação comentada de
livros na grande temática do habitat humano.
O editor da
Infohabitar
António Baptista
Coelho
Habitar no espaço e no tempo - a propósito do livro de Juhani Pallasmaa “Habitar” - Infohabitar 647
por António
Baptista Coelho
abc.infohabitar@gmail.com
abc.infohabitar@gmail.com
Breves notas explicativas
No texto que se
segue faz-se uma reflexão livre e uma apresentação comentada relativamente
ao livro de Juhani Pallasmaa (*)
intitulado ”Habitar”, editado
pela Editorial Gustavo Gili (GG), Barcelona, em 2016 (**).
Salienta-se que o livro tem, já, uma edição em
português, também da mesma editora, de 2017 – ver https://ggili.com/habitar-livro.html
Importa desde já
clarificar que os comentários desenvolvidos são, evidentemente, pessoais,
designadamente, quando se apresentam reflexões que decorreram da respectiva
leitura.
Na parte inicial
do texto incluem-se aspectos mais objectivos, referidos à constituição,
estrutura e conteúdos do livro, embora possa acontecer que as respectivas
traduções não sejam as mais correctas e/ou adequadas à intenção do autor; e por
este facto e desde já se apresentam as devidas desculpas – isto porque a
leitura se fez sobre a referida tradução em castelhano.
Nas reflexões e
notas que se seguem procurou-se um perfil de natural contenção, seja porque se
considera que a apresentação de um livro não será o local adequado para maiores
desenvolvimentos, seja porque de forma alguma se pretende substituir a leitura
directa do livro; cuidado este que também esteve presente na apresentação da
sua estrutura geral, que não integra todas as temáticas presentes no livro.
E desde já se
recomenda a leitura desta obra de Juhani
Pallasmaa.
Apresentação geral
Em primeiro lugar apetece referir a cuidada edição deste “pequeno”
livro, com a sua atraente e simples ilustração de capa (parece ser o perfil
esquematizado do autor), praticamente um “livro de bolso”, bem manuseável, e
que, assim, nos desafia a levá-lo connosco para o irmos lendo, calma e
agradavelmente; numa atitude que está bem de acordo com os ensaios que nele
estão compilados.
O livro tem 127 páginas e a sua organização geral proporciona: (i)
seja uma leitura sequencial a partir do respetivo e sintético prólogo,
seguindo-se cinco temas/ensaios específicos, mas expressivamente sequenciais,
também em termos cronológicos (desde 1994 a 2015); (ii) seja uma leitura tema/ensaio
a tema/ensaio, que se recomenda seja feita após a leitura do referido prólogo; e,
considerando a dimensão da obra e o seu interesse, considera-se que uma leitura
inicial global irá permitir, posteriormente, o agradável retornar aos seus
diversos temas.
Interessa ainda sublinhar tratar-se de um livro com um muito amplo
leque de potenciais leitores, que, muito claramente, e embora tratando-se de
ensaios teóricos e com grande relação com a prática elaborados por um
arquitecto, poderão ser pessoas com perfis disciplinares muito diversos, desde
que interessadas pela temática do habitat humano.
E julga-se que é sempre de saudar e sublinhar a gradual construção de
um verdadeiro corpo teórico-prático, neste caso da disciplina da Arquitectura,
a partir de consolidadas contribuições de investigadores e pensadores do
respetivo ramo teórico, pois Juhani Pallasmaa é arquiteto.
Estrutura e principais temas
Depois de um prólogo pouco extenso, com grande interesse e expressiva
autonomia, intitulado “habitar no espaço e no tempo”, e no qual o autor também
introduz, minimamente, os ensaios que são, depois, apresentados; temos,
cronologicamente, os seguinte temas/ensaios: Identidade, intimidade e domicílio
(1994, 31 pg.); O sentido da cidade (1996, 10 pg.); O espaço habitado (1999, 27
pg.); A metáfora vivida (2002, 21 pg.); Habitar no tempo (2015, 13 pg.); concluindo-se
com a referência à origem dos referidos ensaios.
Notas elaboradas a partir da
leitura do livro “Habitar” de Juhani Pallasmaa
Apontam-se, em seguida, alguns aspetos e ideias que resultaram da
leitura do livro e para uma mais fiel relação com a obra do autor vão
sendo realizadas numerosas citações, entre aspas, de frases de Pallasmaa, lidas
no seu livro; relembrando-se as já apresentadas desculpas relativamente a
eventuais deficiências na tradução.
Registam-se e salientam-se, desde já, as palavras com que Juhani
Pallasmaa inicia este livro, e nas quais cita o Arq.º Wang Shu (Prémio Pritzker
2012), quando este refere que “para mim qualquer tipo de arquitetura, seja qual
for a sua função, é uma casa. Só projeto casas, não arquitetura. As casas são
simples. Mantêm sempre uma relação interessante com a verdadeira
existência, com a vida”.
Há aqui, portanto, um grande enfoque na importância do habitar na
arquitetura, numa perspetiva que alarga esse sentido de habitar a todas as
ações arquitetónicas, e portanto a todas as marcas humanas expressivamente
caraterizadas e qualificadas.
Para Juhani Pallasmaa o habitar “é fundamentalmente um intercâmbio e
uma extensão; por um lado o habitante situa-se no espaço e o espaço situa-se na
consciência do habitante, e, por outro lado, esse lugar converte-se numa
exteriorização e numa extensão do seu ser , tanto do ponto de vista mental como
físico.”
Uma perspetiva que põe em relevo
papel da humanização na ação arquitetónica ou numa arquitetura, basicamente,
(mais) humanizada – preocupada com o homem que é, sempre, o seu habitante.
E, sequencialmente, Pallasmaa avança para a caraterização do que
pode/deve ser uma Arquitetura, desejavelmente, tão sensível como “simples”
(aspas minhas), e citando Ludwig Wittgenstein, defende que “não pode haver
arquitetura onde não há nada a sublimar”.
E remata defendendo que “no mundo obscenamente materialista de hoje a
essência poética da arquitetura está ameaçada simultaneamente por dois
processos opostos: a funcionalização e a estetização.”
Processos estes que parecem afastar-se dessa (sempre difícil) simplicidade
e humanização arquitetónica, esse novelo de qualidades que estão bem presentes
nas cidades e nos edifícios antigos, pois:
“As cidades e os edifícios antigos são acolhedores e estimulantes
[...], incorporam e evidenciam as marcas/pegadas de um momento diferente do
nosso sentido de tempo contemporâneo, nervoso, apressado e liso; projetam um
tempo «lento», «espesso» e «táctil».”
E não seria possível deixar aqui de lembrar, a propósito, a noção de “slow-cities”,
já apontada no início deste artigo, uma noção que não põe em causa a velocidade
do tempo actual, mas que deseja não perder a riqueza de uma velocidade mais
lenta, e eventualmente talvez mais fundamentada e ponderada, que marca, em profundidade,
tantas das cidades e dos edifícios que mais nos marcam/marcaram e de que mais
gostamos.
Depois, mais à frente, Pallasmaa defende que “na nossa cultura da
abundância chegámos a converter-nos em pessoas sem lar/hogar.”
E, a propósito, não poderia deixar de referir que, há já alguns anos,
numa sessão de apresentação de um livro fui questionado, depois de defender um
habitat humano verdadeiramente caraterizado e apropriável, por uma pessoa do
público que defendia que a habitação atual não deveria ter nada a ver com isso,
sendo , sim, um simples produto de consumo.
Mas, afinal, quem sabe se tudo isto não tem, também, a ver com a real
dificuldade de se desenvolver essa verdadeira expressividade e humanização no
habitat humano, que se liga, tal como aponta Pallasmaa, aos “aspetos mais
subtis, emocionais e imprecisos do lar."
E, consequentemente, e tal como aponta o autor, a arquitetura actual
caracteriza-se por uma gradual “perda de empatia para com o habitante”, num
afastamento da visão social e/ou empática da vida, procurando
“encarniçadamente evitar ou eliminar a imagem onírica” [da casa/do lar].
E sobre esta importante matéria que marca (pode marcar) a
caraterização do habitat humano e, naturalmente, a sua conceção arquitetónica,
esse sonhar a casa/o lar, Pallasmaa questiona se os arquitetos o fazem, ou será
que serão os artistas a fazê-lo, mais naturalmente; e incuindo, aqui (digo eu),
alguns arquitetos artistas, que concebem “também” (aspas minhas) com arte,
sistemática ou excepcionalmente – isto porque, evidentemente, a obra de arte
vai acontecendo, julga-se, de forma não sistemática.
E por isso e tal como refere Pallasmaa, “as obras artísticas que
tratam o espaço, a luz, os edifícios e o habitar podem proporcionar lições
valiosas aos arquitetos sobre a própria essência da arquitetura.”
Depois, sobre a essência do lar/fogo, o autor refere que “não é um
simples objeto, ou um edifício, mas um estado difuso e complexo que integra
recordações e imagens” e que se tem de caraterizar, tanto por um
sentido de estabilidade/permanência – referindo-se Pallasmaa a Bachelard –, como por um cuidado equilíbrio
entre comunidade e privacidade – referindo-se o autor ao livro de Alexander e
Chermayeff, “Comunidade e Privacidade” (e não posso aqui de referir que, desde
há muito tempo, não registava uma referência específica a esta obra, que também
considero fundamental).
Pallasmaa desenvolve, em seguida, as estimulantes matérias da imagem,
da nostalgia, da identidade e da intimidade no lar/habitação, passando, depois,
para o que designa de “ingredientes do lar/casa”, sendo alguns deles mais
genéricos e outros mais específicos e, por vezes, simbólicos (ex., a chaminé, a
mesa).
E finalmente, nesta matéria da caraterização do habitar/lar aborda a
relação da respetiva conceção arquitetónica com objetivos de tolerância, mas
também de estímulo e de um forte relacionamento com a vida; e aqui aponta que a
arquitetura contemporânea de vanguarda tende a abandonar a problemática do
habitar, e que a arquitetura actual “parece ter abandonado por completo a vida
e ter-se dirigido para a pura invenção arquitetónica”; e sobre esta
matéria cita um famoso arquiteto bem conhecido, que defende que, atualmente, a
arquitetura deve abrigar e não romantizar essa função de abrigo.
Juhani Pallasmaa passa depois para um ensaio sobre o sentido da
cidade – a cidade percebida, recordada e imaginada.
Poderíamos nós dizer: a cidade bem habitada e sentida. Apontando
interessantes aspetos, como os que são, em seguida, registados: que “a cidade
contém mais do que se pode descrever”;
que “a imagem de uma cidade acolhedora não é uma expressão visual, mas
sim um princípio integrado que se baseia numa dupla e peculiar fusão: habitamos
a cidade e a cidade habita-nos.”
E depois fala/escreve sobre as cidades que se visitam e nos visitam
continuamente, sobre as cidades multisensoriais, sobre os remansos verdes e
apaziguadores que marcam as cidades, sobre as cidades “afortunadas” junto à
agua, e sobre as cidades velozes na sua perceção; rematando, de certa forma,
com algumas ideias:
“ Temos uma capacidade inata para recordar e imaginar lugares. A
perceção, a memória e a imaginação estão em constante interação;”
“há cidades que permanecem como meras imagens visuais ao ser
recordadas, e cidades que se recordam em toda a sua vivacidade/animação.”
E parece ser , aqui, tão interessante como oportuno ensaiar a
aplicação destas últimas noções ao habitar no seu conjunto e lembrando o
lar/casa: e tudo se aplica, praticamente da mesma forma; recordar e
imaginar/recriar lugares, lembrar ativamente sítios verdadeiramente
habitados/vivos e expressivamente caraterizados.
Depois, naturalmente, Pallasmaa avança para a temática global do “espaço
habitado”, num extenso ensaio em que aborda diversos subtemas, entre os quais
se salientam os seguintes: o mundo e a mente, o espaço existencial (“vivemos um
mundo onde o material e o mental, o experimentado, o recordado e o imaginado,
se fundem completamente entre si”); a realidade da imaginação; a realidade da
arte; utilidade e inutilidade (“na opinião de Alvar Aalto a arquitetura não é
em absoluto uma área da tecnologia; é uma forma de «arqui-tecnologia».” Pallasmaa
citando Göran Schildt, em “Alvar Aalto Luonnoksia”); novidade e
eternidade; arte e emoção; a tarefa da arte; o conhecimento através da arte; o
pensamento sensorial; a mão que pensa,
e aqui chegado Pallasmaa cita (a partir de “The Sculptor Speaks” de
Philip James) o que julgo ser uma extraordinária frase do grande escultor Henry
Moore sobre como o escultor deve “«agarrar» simultaneamente múltiplos pontos de
vista na sua obra” – e citando o princípio da frase de Moore, que podemos usar
no que considero ser uma excelente aproximação também à conceção arquitetónica:
“Isto é o que o escultor deve fazer. Deve esforçar-se continuamente
em pensar a forma, e utilizá-la, na sua completa totalidade espacial[...]
Visualiza mentalmente uma forma complexa a partir tudo o que a rodeia; enquanto
olha de um lado sabe como é o outro; identifica-se com o seu centro de
gravidade, a sua massa, o seu peso; está consciente do seu volume e do espaço
que a forma move/subtrai no ar.”
E Pallasmaa termina este ensaio com um texto que salienta a
importância da imaginação para uma vida plena e digna.
O ensaio que se segue intitula-se “a metáfora vivida” e nele o autor
contrapõe a actual cultura materialista e racional, que considera os edifícios
como elementos apenas instrumentais e utilitários e que os “equipa”,
estrategicamente, com imagens visualmente estimulantes mas não radicadas na
nossa experiência existencial, a uma
arquitetura onde “as casas da nossa memória e imaginação estruturam as nossas
experiências” – relativas ao habitar casa e cidade, de certa forma,
intermediando e estruturando essa mútua relação.
E, sequencialmente, no ensaio aborda variados temas, entre os quais
se apontam os seguintes: a arquitetura como matáfora; a imagem poética; a
imagem arquitetónica (“a arquitetura humaniza o mundo ao dar-lhe uma medida e
um horizonte”); a casa e o corpo; a historicidade das imagens;
imaginário da janela e da porta; tradição e novidade (“a tradição é uma impressionante
sedimentação de imagens e não pode inventar-se, só se pode viver-se. A tradição
constitui uma escavação sem fim de mitos, recordações e experiências comuns.”).
Juhani Pallasmaa conclui este seu livro com um ensaio recente (2015)
sobre o “habitar no tempo” e nele, de certa forma, parece estabilizar uma série
de ideias anteriormente apontadas no livro, citando-se, aqui, algumas delas.
. “Ao mediar entre o mundo e nós próprios a arquitetura proporciona
marcos e horizontes diferenciados para a experiência, o conhecimento e o
significado. Essa visão que hoje prevalece da arquitetura como simples objeto e
estrutura visual estetizada é, portanto, significativamente errónea.”
. “No entanto, para além de vivermos no espaço também habitamos o
tempo, e a arquitetura medeia igualmente a nossa relação com a passagem do
tempo, dando assim uma medida humana ao tempo interminável. “
E, a propósito, não seria possível deixar de referir mais uma
daquelas obras sobre arquitetura que deveriam marcar, sempre, a formação em
arquitetura: trata-se, naturalmente, do livro de Kevin Lynch “What time is this place?” (1972).
. “Para além de criar a experiência de um espaço único e diferenciado
a tarefa fundamental da arquitetura é conservar e definir um sentido de
continuidade cultural e salvaguardar a nossa experiência do passado;”
. “As identidades não aderem a coisas isoladas, mas sim à
continuidade da cultura e da vida.”
E, “finalmente” (aspas minhas), Juhani Pallasmaa sublinha o caráter e
a importância dos sítios/lugares antigos:
“ Um cenário sofisticado, com a sua autoridade e profundidade
históricas, coloca-nos em sintonia com as qualidades sensoriais/sensíveis e de
entendimento tanto do caráter humano como do cultural”; uma
afirmação que, na minha opinião, se aplica com toda a adequação a qualquer obra
relevante de arquitetura.
E Juhani Pallasmaa termina este seu "Habitar" com a seguinte frase: “La arquitetura relevante permite experimentarnos a nosotros mismos
como seres completamente corpóreos y espirituales.”
Boa leitura, é o
que se deseja,
António Baptista
Coelho
(*)Juhani Pallasmaa (Hämeenlinna, 1936) é arquitecto em
Helsínquia, foi professor de Arquitectura na Universidade de Tecnologia de
Helsínquia, director do Museu de Arquitectura da Finlândia e professor
convidado em diversas escolas de arquitectura em todo o muno; é autor de
numerosos artigos sobre filosofia, psicologia e teoria da arquitectura e da
arte, e de um conjunto de livros bem conhecidos.
(notas retiradas
da apresentação do autor na badana do livro)
Outros livros de Juhani
Pallasmaa na Gustavo Gili:
. La imagen corpórea.
Imaginación e imaginário en la arquitectura.
. La mano que piensa.
Sabiduria existencial y corporal en la arquitectura
. Los ojos de la piel. La arquitectura
y los sentidos
Prólogo de Steven Hall y epílogo de Peter
Mackeith
(**) Juhani Pallasmaa, "Habitar", Editorial Gustavo Gili
(GG), Barcelona, 2016
Tradução de Àlex
Giménez Imiralzadu
127 pg., sem
figuras.
ISBN: 978-84-252-2923-7
Página do site da editora dedicado ao livro, na sua edição em português:
https://ggili.com/habitar-livro.html
Página do site da editora dedicado ao livro, na sua edição em português:
https://ggili.com/habitar-livro.html
Notas editoriais:
(i) Embora a
edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo
corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada
por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos
artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais
dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da
exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii) De acordo
com o mesmo sentido, de se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico
e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade
muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm
a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e
pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos
comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se
circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é
pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser
de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado
tal e qual foi recebido na edição.
Infohabitar, Ano
XIV, n.º 647
Artigo da Série
“Apresentação comentada de livros sobre o Habitat Humano", n.º II
Habitar no espaço e no tempo - a propósito do
livro de Juhani Pallasmaa “Habitar” - Infohabitar 647
Infohabitar
Editor: António
Baptista Coelho
abc.infohabitar@gmail.com
abc@lnec.pt
Infohabitar, Revista
da GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade
Habitacional – Associação com sede na Federação Nacional de
Cooperativa de Habitação Económica (FENACHE).
Editado nas
instalações do Núcleo de Estudos Urbanos e Territoriais (NUT) do
Departamento de Edifícios (DED) do LNEC.
Apoio à Edição:
José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.
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