Editamos, em seguida, com uma muito especial satisfação, um novo texto daquela que foi uma das primeiras pessoas a escrever no Infohabitar, há já mais de nove anos.
Trata-se da Arq.ª Paisagista Maria Celeste Ramos, a quem aqui saudamos com especial carinho e amizade e que nos permitiu a edição de um seu recente texto, elaborado a convite do editor do “Fri-luso”, um jornal português de Fribourg – Suiça, para ser editado neste jornal; aproveitando também para agradecer a este jornal esta gentileza.
Como verão o texto da colega Maria Celeste Ramos está totalmente ligado à semana que vivemos em Portugal (registando-se que a responsabilidade pela escolha das imagens é do editor da Infohabitar).
Fiquem então com “Portugal 10 junho”, aproveitando-se para enviar um abraço amigo e um agradecimento muito especial à Maria Celeste Ramos,
António Baptista Coelho
Editor da Infohabitar
Portugal 10 junho
Portugal meu país
Pequenino
Onde nasci e cresci e me fiz
Consciente de mim
E do lugar de nascer e de ser o que se é
Assim,
Tu meu querido país nasceste lá para cima em Guimarães que alguém decidiu que fosse
Em 2012 a Capital Europeia da Cultura – e do desporto europeu também
Foste honrado com esse pedido a que respondeste com a dignidade por nós esperada e pelos
outros admirada pois que tão visitada por tantos mundos d’além
E pela primeira vez festejaste tudo o que somos levando para os palcos os habitantes do campo tal
como são e vivem e se enfeitam nas suas vestes e que fizeram as nossas mais belas
paisagens milenares e assim não foram mais esquecidos
E as artes, todas, primordiais de todos os que ainda as guardam na sua inteireza
Gente que parecia ter pertencido sempre a um “palco” que afinal lhe pertence mas nunca tinha
sido, assim, mostrado ao mundo inteiro.
Nasceste nessa Cidade antiga de séculos e de pedra feita
Dura, duradoura, eterna
Até nas casas rurais de granito negro e branco imaculado de cal yin yang
Até nas casas dos animais e desses celeiros empoleirados nas montanhas de pedra únicos no
mundo que denominados de Espigueiros onde não há tecnologias mas apenas o clima e o
nosso ar e sol e calor mas protegidos das chuvas e das intempéries e mesmo dos ratos que
tanto gostam de se alimentar do mesmo que os homens
Criação tão sábia de quem com a natureza rude vive todos os dias e a entente e com ela
dialoga percebendo-a
Casas para guardar os cereais , elas também encimadas por uma cruz
Como nas Catedrais, essa, a de Braga, do séc. III, sede de arcebispado
Quem sabe, a mais velha do mundo
... e sempre a CRUZ que acompanha Portugal
Como tu Cidade, como tu meu País, minha “casa-de-nascer” e
De crescer
Se ser o que cresci e também ser emoções
Em pedra gravadas como vivendo e dizendo-o para sempre
Portugal país pequenino e velho dessa Portus Calle
À procura do Santo Graal aí
Ou talvez naquele Castelo encantado dos Mouros no Monte da Lua implantado
Mouros que também andaram por aqui e deixaram riqueza, riquezas, palavras e
Sabedoria e artes, que aqui ficaram e assimilámos é são parte do sermos o que somos
Porque desde sempre a esta terra tudo vem parar de todos
Os povos do mundo
Até ao mais belo luar que de prata ilumina o Rio inteiro que com o céu se confunde na noite
mais escura
E o sol que em maio é mais luminoso parecendo levar o céu para mais alto e se enche daquelas
montanhas de cúmulos brancos com tanta luz, montanhas celestes tornando-o mais azul
Esse Céu de Buda
Até ao mais belo e prolongado pôr-do-sol do nosso universo e que à tardinha se entrega ao Mar
Para ir descansar até voltar a nascer de todas os tons de rosa e nos faz esquecer que o dia
anterior talvez tivesse sido triste
Mas nos faz de novo re-erguer
E somos assim, país pequenino cheios de luz e de sol e de luar e de poesias e poemas e
poetas grandeza da natureza, dádiva de Deus que criou este lugar e chamou o nosso primeiro
rei para nos governar e guiar e ensinar a honrar o lugar em que nascemos
Poetas que cantam o Amor e as Tágides e o sofrimento com a mesma grandeza
Canta-se a nossa Alma eterna que o Fado sempre cantou e o Mundo reconheceu
E que mesmo com tantas guerras que aqui nos vieram inflingir ou obrigadas a participar e são
motivo de celebração para os países invasores
Mas meu país celebra a Libertação e Liberdade dos verdugos com o 25 abril como celebra o 10
de Junho da Liberdade
E o amor pela Palavra
Que se tornou uma das nossas maiores riquezas
Porque a Minha Pátria é a Língua Portuguesa
Língua que se espalhou pelos 5 continentes e também ela agora humilhada e ofendida e
invadida interessantemente por um único país que por ser populoso se agora poder ser invasor
não pelas
Armas
Mas pelo património que até do Portugal pequenino herdaram porque não tinham sequer língua
A dos seus ancestrais que a Europa desconheciam
Palavra de Luiz Vaz de Camões , poeta, homem das palavras de Amor e de Dor
Que espalharei por toda a parte se a tanto me ajudar Amor e Arte
Poeta fidalgo e infeliz, deportado e humilhado, ofendido mas também celebrado nos lugares
para onde levou a nossa “alma” e esses países ergueram padrões e a sua efígee em pedra e
bronze – as armas e os barões assinalados
Navegador, épico ao lado da mesma grandeza de Virgílio e Homero
Neste Dia Nacional, Dia 10 de Junho, dia do Verbo e da Língua e de Luis de Camões
A ARMA é a PALAVRA
De amor universal e alma levadas e inscritas nas velas Pandas com o desenho da Cruz de Cristo
na dilatação da Fé e do Império
Vela Latina – vela portuguesa – que chegou ao SriLanca e ao Sião, às terras de Prestes João
das Índias
E ao mais recôndito Continente da Austrália que não foi descoberto por Kook mas por um
português que se perdeu no mar
Segundo reza a cartografia descoberta por caso em Biblioteca de Haia
Mar salgado quanto do teu SAL são lágrimas de Portugal
Os 5 continentes desbravados que Fernão de Magalhães mostrou
como Galileu não se enganou
Ah e até mais um mar se descobriu, e se lhe chamou Pacífico,
até ai desconhecido do mundo que nunca perdeu oportunidade
De ir atrás e reivindicar o que não fez
Como faz agora essa terrível e falsa UNIÃO em que mais uma vez é invasora
e demolidora da Honra de Portugal que já era país quando estava em permanentes guerras e
sem fronteiras definidas.
Como demolidora é quando inventa vacas loucas
E porcos e galinhas transgénicas
E crimes contra a humanidade e mesmo os seus, como hoje,
Em que se deu de comer a operários de fábrica alemã
Alimentos envenenados
As nossas fronteiras, as mais velhas do mundo foi país
E povo que não aniquilou Civilizações e qu,e em vez disso levou,
Levou amor para entre todos os irmãos
Com a palavra de o dizer
Junho 10, o dia da Língua e da palavra
Mas qual ?’
A de não importa que país que a tenha
E a use para celebrar e não como arma de matar
Meu querido país pequenino
Onde aprendi o que sei e sou
Já não somos os “donos do mundo” repartido com outros
Mas será que somos de nós mesmos ??
Diz-se que não
Eu país pequenino e já muito velho e já farto de sofrer
Que de novo a PALAVRA caia sobre os homens e sobre nós
Foi no meu país pequenino
Que tudo aprendi
Até que havia muitos outros e que visitei, mas para voltar sempre a casa
Como faz qualquer emigrante
A esta terra de bemfazer e ser investido da Alma que somos
Para voltar e ser
Maria Celeste d’Oliveira Ramos
18 abril 2013
Notas editoriais:
(i) Embora a edição dos artigos editados no Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico, as opiniões expressas nos artigos apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores.
Editor: António Baptista Coelho abc@lnec.pt
INFOHABITAR Ano IX, nº443
Portugal 10 junho
Edição de José Baptista Coelho
Lisboa, Encarnação - Olivais Norte
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