Recomendações para a Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa – edição revista com Editorial – infohabitar # 941
Informa-se que para aceder (fazer download) do mais recente Catálogo Interativo da Infohabitar, que está tematicamente organizado em mais de 20 temas e tem links diretos para os 922 artigos da Infohabitar, existentes em janeiro de 2025 (documento pdf ilustrado e com mais de 80 pg), usar o link seguinte:
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Infohabitar,
ano XXI, n.º 941
Edição: quarta-feira 18 de junho de 2025
(1.ª versão do presente artigo, sem editorial
e com o título ” Nova Habitação de
Interesse Social Portuguesa: aspetos a salientar –
infohabitar # 771”, em 30 de março de 2021)
Fig. 0: Um pormenor de muitos do excelente novo bairro cooperativo do Vale Formoso de Cima, promovido por um conjunto coeso de 23 cooperativas da FENACHE, em Lisboa, 800 fogos e equipamentos que fazem cidade, cuja última fase está em conclusão, e que se salienta pela global e evidente qualidade vivencial e arquitectónica, bem marcada nos seus pequenos quarteirões interiormente pedonais, teve projeto urbano realizado pelos arquitectos António Piano e Eduardo Campelo e uma gestão cooperativa centralizada pelo atual presidente da FENACHE, Manuel Tereso; ao nível dos quarteirões houve um conjunto de diversas intervenções de outras equipas de Arquitectura, devidamente harmonizadas, entre 2008 a 2024; com intervalos significativos nas últimas fases, significativamente mais pequenas e localizadas nas extremidades da área, não afetando portanto a respetiva coesão urbana.
Editorial sobre sobre como fazer, o melhor possível, a muito significativa qualtidade de Habitação de Interesse Social em falta em Portugal
O presente artigo, que é dedicado aos urgentes caminhos de uma ampla qualidade social e arquitectónica na nova Habitação de Interesse Social Portuguesa (HISP) vem na sequência dos artigos que aqui se reeditaram, recentemente, revistos e um pouco aumentados e que abordam diversos aspetos do “como fazer” uma renovada Habitação de Interesse Social Portuguesa, que se quer “renovada” no que há que rever e melhorar de cada vez que se aborda uma dada problemática, neste caso a da habitação com qualidade e custos controlados:
(i) mas aproveitando-se
tudo o que de melhor se fez em HISP, designadamente, desde o 25 de Abril, e foi mais de um quarto de século de
excelentes praticas apoiadas essencialmente pelo INH, incluindo um adequado apoio oficial às melhores
práticas habitacionais em Habitação a Custos Controlados (HCC), diretamente
promovida e estrategicamente diversificada e localmente gerida em pequenas e
por vezes estratégicas intervenções diretamente desenvolvidas com eficaz
autonomia por Cooperativas de Habitação Económica, Municípios e Empresas;
(ii) e
afastando-se, DE VEZ, quaisquer “fantasmas” renascidos de práticas de
“Habitação (pobremente ou estigmatizadamente) Social”, como as que marcaram parte da promoção
deste tipo negativamente centralizada e muito uniformizada pelo Estado essencialmente na década de 1970, mas com negativos
prolongamentos, designadamente, na década posterior, por exemplo em
Chelas/Lisboa e em outras cidades portuguesas, que assim ficaram marcadas por
intervenções urbanas frequente globalmente bastante negativas – o que não quer
dizer que não tenha havido, nesse quadro, intervenções habitacionais
interessantes.
Na prática procura-se rever e melhorar o que se fez de menos positivo em
termos de HISP; mas sempre numa opção de se evitarem doentias e inqualificáveis
“tábuas rasas” na contribuição para a resolução do problema da falta de
habitação que é tão crítico como sensível, e que mais crítico e sensível ainda
se torna quando se procura a sua resolução de uma forma adequada, através de
habitação com custos, mas também com qualidades, devidamente controlados.
É evidente que o meio físico e arquitectónico – caraterização de
vizinhanças e relações urbanas, tipologia de espaços públicos e edificados e
pormenorização dos espaços domésticos – não determina a boa vivência e
convivência nos espaços residenciais criados, mas que as pode influenciar de
forma significativa, não tenhamos qualquer dúvida, e neste sentido bastará
perguntar aos mais diretos responsáveis pela gestão urbana das ações de
realojamento, cujas respostas serão bem claras nestes e em outros aspetos relacionados.
Aqui chegados quero fazer quase uma “profissão de fé” (desculpem-me), que
é acreditar que quem agora está a promover e a projetar a nova HISP conhece e
aceita como verdades, uma série de aspetos qualitativos aplicados a esse tipo
de promoção habitacional e, afinal, a qualquer promoção habitacional, validando,
assim, uma fundamental memória prática de testemunhos em boa parte se não na
totalidade consensualmente considerados como desejáveis na referida promoção
habitacional; e que resultaram de um
duplo processo de reflexão já aqui apontado em outro artigo, mas que em seguida
se relembra:
- por
um lado teórico-prático, baseado num extenso bloco bibliográfico
usado ao longo de quase 100 anos por muitos e importantes investigadores, que foram, aliás, e até há
pouco tempo, assegurando a continuidade das respetivas reflexões e relativas
conclusões, passando-as entre eles de modo a se garantir um crescendo
cumulativo de trabalho – provado, designadamente, pelo processo de investigação
do Núcleo de Arquitectura e Urbanismo do LNEC, desde Nuno Portas à minha
própria atividade, muito bem intermediada pelo incontornável António Reis
Cabrita; e com certeza também, posteriormente, desenvolvido em outros grupos de
pesquisa nacionais por exemplo na FAUP, no IST e no ISCTE-IUL, através do
trabalho essencial de um conjunto também incontornável de colegas, entre os
quais Carlos Nuno Lacerda Lopes, Teresa Valsassina Heitor e Paulo Tormenta
Pinto; e retirando muito partido de relações internacionais lusófonas
designadamente com a FAU-USP e os grandes amigos Sheila Ornstein e Khaled
Ghoubar, entre outros.
- e
por um outro fundamental lado prático-teórico, vertente esta na qual é
essencial referir a continuidade de
trabalho com o INH-IHRU - mas especialmente ativo durante o tempo do
INH - tanto em termos da já bem referida “Escola do Prémio INH”, como de
sistemáticas ações de trabalho conjunto com os colegas do INH/IHRU de Lisboa e
do Porto, entre os quais é sempre essencial lembrar o saudoso Defensor de
Castro, o Hermano Vicente, o Rogério Pampulha, o Vasco Folha e o Clemente
Ricon; num processo de trabalho continuado onde foi sempre possível transmitir
conclusões e questões mais prática e mais teóricas de um lado para outro,
naturalmente, sempre com riquíssimos ganhos mútuos e sempre numa perspetiva de
levar rapidamente os resultados da pesquisa para o diálogo com os projetistas e
promotores habitacionais, neste caso através dos colegas do INH/IHRU.
E naturalmente, ainda nesta importante
perspetiva prático-teórica no domínio da HISP é essencial registar aqui a contribuição
fundamental do movimento cooperativo de habitação económica português, que também proporcionou uma outra “escola” sobre
como fazer bem habitação para todos tal como a fazemos para cada um de nós, com
toda a qualidade e todo o cuidado, desde a conceção à gestão posterior e aqui
os nomes do saudoso amigo Barreiros Mateus e dos amigos Guilherme Vilaverde,
Orlando Vargas e Manuel Tereso têm obrigatoriamente de ser referidos, sendo
todos eles elementos fundamentais da FENACHE.
Tal como já se registou noutro artigo desta série, mas que é sempre
importante repetir, o que se quer aqui fazer, para além da básica, mas
infelizmente tão pouco habitual divulgação de aspetos teórico-práticos
considerados vitais, é lutar contra uma
eventual e maligna “tábua rasa” realizada relativamente a um verdadeiro período
de ouro para a habitação de interesse social portuguesa, que aconteceu entre
cerca de 1984 e 2004/8, e que teve evidentemente também algumas más promoções,
mas que contou por regra com muitas excelentes e um elevado número de
interessantes promoções realizadas com a participação ativa de cooperativas,
municípios e empresas, cada uma delas assegurando, de certo modo, uma parte da
estratégica diversificação da então nova Habitação de Interesse Social
Portuguesa.
Na sequência desta última consideração sobre o que foi a estratégica
diversificação da HISP a partir de 1984, com o INH, desmultiplicando-se e
“variando-se” sabiamente a introdução de habitação económica nos diversos
espaços urbanos e urbano-rurais importa sublinhar o que se julga ser a essencial
importância de uma análise já, em parte, feita, mas a rematar, sobre o que de
melhor existe na HISP, tendo-se em conta, não só a respetiva satisfação dos
seus respetivos moradores, mas também a sua essencial presença e o seu
fundamental papel positivo nos respetivos espaços urbanos; E FAZER ISTO APLICANDO UM PRÁTICO E CLARIFICADOR
INTERVALO DE TEMPO DE HABITAR ALARGADO (por exemplo de até cerca de 20/25
anos). Trata-se de fazer “a prova dos nove” relativa aos respetivos êxitos
verdadeiros do conjunto das três tipologias de promoção habitacional aplicadas
durante mais de uma quarto de século em Portugal – cooperativa, municipal e
privada –, tendo-se em conta, basicamente, a “mais-valia” habitacional, urbana
e cultural dos referidos três tipos de promoção de HCC; revisitando um conjunto
amplo e bem apurado de promoções dos três referidos tipos e daí retirando as
devidas conclusões, considerando as condições que foram proporcionadas
inicialmente e que são conhecidas e as condições hoje existentes nos conjuntos
e bairros, após cinco, dez, vinte e mais anos de habitados: um trabalho urgente
e de enorme utilidade, que aliás já foi minimamente preparado entre o GHabitar
(antigo Grupo Habitar), desde logo com apoio da FENACHE.
Outros aspetos, bem distintos, merecem, julga-se, uma especial atenção
quando estamos, agora, a tratar do que podemos designar da 6.ª Fase da HISP,
considerando a seguinte “fita do tempo”: 1.ª Fase antes das Habitações
Económicas da FCP; 2.ª as Habitações Económicas da FCP; 3.ª a promoção pelo
FFH; 4.ª a promoção pelo SAAL; e 5.ª a promoção pelo INH/IHRU); e salientando
que apenas as Habitações Económicas da FCP e o INH/IHRU tiveram uma presença
temporal, quantitativa e qualitativa verdadeiramente significativa na promoção
de HISP.
E esses aspetos, talvez mais genéricos,
organizacionais ou estruturantes e “a montante” dos, mais objetivos,
programáticos e projetuais, que são apontados, em seguida, no presente artigo, são aqui desde já e muito sucintamente apenas
“apontados” em ordem bastante aleatória:
(i) a
questão tecnológica, que
importa considerar de forma extremamente objetiva e visando-se a identificação
de eventuais processos que consigam garantir uma construção de HISP com
qualidade, rapidamente realizada e durável;
(ii) a
questão da disponibilidade de adequados terrenos para HISP que se julga deve ser considerada também
privilegiando uma estratégica redensificação e por vezes regeneração pontual,
bem como uma essencial colmatação de “vazios urbanos”, o que pode implicar
mudanças regulamentares tão drásticas como excecionais, mas basta olhar para o
resto da UE e para os USA para aí encontrar modelos a seguir; e lembra-se que
HIS em zonas sem acessibilidades e fisicamente marginais são casos quase
perdidos de origem;
(iii) a
questão do apoio e controlo da qualidade do que se vai fazer e se está a fazer
em HISP, que é tão sensível e complexa
como fundamental para a qualidade final da nova HISP; e que se inicia com a
escolha dos projetistas, se desenvolve com a analise e acompanhamento dos
projetos em tempo útil, que se prolonga pela forma de apoio e acompanhamento
das obras, que se estende à respetiva gestão local das novas vizinhanças e que
“remata” com a respetiva análise multidisciplinar pós-ocupação, igualmente em
tempo útil e com a vital e sequencial ação de retroação e divulgação dos
resultados;
(iv) a questão fundamental de as novas intervenções residenciais
de HISP serem consideradas em termos de intervenções positivas e de melhoria
das respetivas envolventes urbanas e paisagísticas; e considerando-se que esta parte da intervenção
tem uma importância “chave” no êxito real das novas vizinhanças;
(v) a questão igualmente fundamental da abordagem das
melhores formas práticas de apoiar a nova habitação das minorias étnicas; pois já basta de estudos e mais estudos sobre a
matéria e que não chegam a conclusões práticas, há que partir do estudo de
casos práticos e eles existem para daí retirar aspetos fundamentais, por
exemplo de localização, tipologia, concentração, dispersão, etc.
(vi) a
questão também vital e dentro de pouco tempo verdadeiramente urgente de como
abordar os aspetos residenciais, urbanos e sociais, interligados, do que
podemos designar de “revolução grisalha”, sabendo que não é humano nem é financeiramente possível (felizmente)
realojar-nos, já idosos, em “equipamentos coletivos”, a designação diz quase
tudo, acho; há que encontrar respostas adequadas aos nível de “novas” formas de
habitar intergeracionais, que sejam adequadas aos mais idosos mas também a
muitos outros gostos e necessidades habitacionais de pessoas de outros níveis
etários.
(vii) e
finalmente a, apenas aparentemente, pequena questão de uma urgente e reforçada
revolução dos conteúdos essencialmente funcionais e muitas vezes
“monofuncionais” de corpos regulamentares e
recomendativos aplicáveis, neste caso, à HISP; é tempo de intervenções
funcionalmente mistas, diversificadas, mutuamente dinamizadas e estimulantes da
vida urbana.
Para rematar este, já longo, editorial,
que de certa forma complementa e atualiza o seu respetivo artigo, volta a salientar-se que os trabalhos
teórico-práticos que sustentam este artigo, e outros de minha autoria
integrados nesta temática, foram realizados no LNEC, quando ainda existia o
saudoso Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU) do Laboratório, e no âmbito de uma cooperação entre o LNEC e
o INH/IHRU; para além disto houve uma participação continuada que assegurei
praticamente desde o início até ao fim, verdadeiro, do Prémio INH/IHRU, que
proporcionou uma verdadeira “escola” de aprendizagens nas amplas e ricas áreas
do habitar.
Alertam-se os leitores para a extensão do artigo, que pode recomendar,
eventualmente, a sua respetiva edição, por exemplo, em pdf para uma leitura
mais pausada.
Lembra-se, finalmente, que serão sempre muito bem-vindos eventuais
comentários aos artigos aqui editados e propostas de novos artigos (a enviar
para abc.infohabitar@gmail.com).
António
Baptista Coelho
Editor
da Infohabitar
Lisboa,
Encarnação, em 16 de junho de 2025
Recomendações para a Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa – edição revista com Editorial – infohabitar # 941
António Baptista Coelho
(texto e fotografias)
Resumo
Em
primeiro lugar faz-se uma introdução ao artigo, onde se salienta o respetivo
enquadramento na respetiva série editorial, salientando-se a respetiva
reedição.
Desenvolve-se
um reflexão sobre como apoiar a proposta de uma renovada Habitação de Interesse Social Portuguesa
(HISP), que aproveite o melhor que se fez nos cerca de 100 anos de história da
HISP, com relevo para os numerosos casos de referência concretizados no último
quarto de século de promoção ativa de Habitação a Custos Controlados (HCC)
apoiada pelo INH/IHRU, e tirando-se partido de um acompanhamento destes
conjuntos, que tem sido já possível, em alguns casos, ao longo de uma sua já
significativa “vida” (ex., conjuntos
realizados na década de 1990 contam já com cerca de 20 anos de vivência).
Continua
a discutir-se a, julgada essencial, matéria da qualidade arquitectónica
residencial e urbana, na sua relação com a HISP e, depois, avança-se para o
apontamento de orientações gerais na promoção de HCC/HIS.
Depois
e sequencialmente aborda-se aspetos essenciais: da promoção de HCC/HIS; do
projeto de HCC/HIS; ligados aos objetivos de qualidade a reforçar na HCC/HIS;
referidos aos renovados objetivos de qualidade na HCC/HIS; das inovações a
favorecer na promoção de HCC/HIS; da importância da investigação, da divulgação
e do intercâmbio de informações na promoção de HCC/HIS; e da importância da
análise e divulgação de casos de referência de HCC/HIS.
O
artigo é concluído com algumas breves notas relativas essencialmente à
continuidade da abordagem da temática, notas estas que devem ser consideradas
em conjunto com a abordagem seguida no Editorial.
Índice
“Desenvolver a qualidade arquitectónica
e a satisfação residencial na nova habitação de interesse social portuguesa”:
série editorial
1. O presente artigo na série editorial
sobre a nova Habitação de Interesse Social (HIS) ou Habitação a Custos
Controlados (HCC)
2. Aprofundar a qualidade na habitação
de interesse social
3. Aspetos gerais a favorecer na nova
Habitação de Interesse Social
4. Apoiar a promoção de habitação de
interesse social
5. Melhorar o projeto da habitação de
interesse social
6. Reforçar objetivos específicos de
qualidade na habitação de interesse social
7. Renovados e novos objetivos de
qualidade na habitação de interesse social
8. Inovar, mas cuidadosamente, na
habitação de interesse social
9. Privilegiar a investigação, a
divulgação e o intercâmbio na habitação de interesse social
10. A importância dos “casos de
referência” na promoção de habitação de interesse social
Comentários de remate sobre a série “Desenvolver a qualidade arquitectónica e a satisfação residencial na nova Habitação de Iinteresse Social Portuguesa” e a sua eventual continuidade desta série editorial
Nota Final
Agradecimentos no âmbito dos diversos
estudos que basearam direta e indiretamente a presente série editorial sobre
Habitação de Interesse Social Portuguesa
Bibliografia geral de enquadramento da
temática sobre Habitação de Interesse Social Portuguesa
“Desenvolver a qualidade arquitectónica e a satisfação residencial na nova habitação de interesse social portuguesa”: série editorial
O presente artigo corresponde a um remate
recomendativo de um conjunto de cinco artigos, em seguida apontados e com links
específicos a cada um deles, recentemente editados aqui na Infohabitar e que
correspondem a reedições revistas, aumentadas e comentadas, designadamente ao
nível dos respetivos editoriais, de uma outra série editorial sobre tema
idêntico aqui também editada há poucos anos, mas a que se julgou ser importante
voltar a dar algum relevo editorial, após a referida revisão, tendo-se em conta
a atual carência de habitação económica em Portugal.
Índice geral e
“linkado” da presente série editorial (a negrito o atual artigo):
Recomendações para a Nova Habitação de Interesse
Social Portuguesa – edição revista com Editorial – infohabitar # 941
1. O presente artigo na série editorial sobre a nova Habitação de Interesse Social (HIS) ou Habitação a Custos Controlados (HCC)
No
presente artigo desenvolve-se uma síntese final dos aspetos julgados essenciais
no desenvolvimento da nova Habitação de Interesse Social (HIS) ou Habitação a
Custos Controlados (HCC).
Salienta-se
que a ilustração de todos os artigos usa fotografias de bons exemplos de
Habitação de Interesse Social Portuguesa (HISP), desenvolvidos durante os
respetivos períodos temporais, sendo que na abordagem prospetiva da nova HISP
(mais desenvolvida nos artigos 6, 7 e 8) houve um cuidado acrescido no sentido
de uma numerosa seleção dos exemplos/imagens e da elaboração dos respetivos
comentários em legenda, que procuram acompanhar, naturalmente, o
desenvolvimento do texto, mas que possuem, quase sempre, ampla autonomia de
leitura, abordando, frequentemente, diversas características do conjunto
apresentado (textos, frequentemente, baseados nas “fichas” de empreendimentos
integradas no livro, do autor, intitulado “Instituto Nacional de Habitação,
1984 – 2004: 20 anos a promover a construção de habitação social”, 2006);
salienta-se, ainda, que nos casos de imagens ilustrativas de interiores de
fogos ocupados a sua proveniência é sempre de casos de HISP, mas não é,
naturalmente, especificada.
Salienta-se, ainda, que as legendas das figuras foram bastante desenvolvidas, tanto com o objetivo de proporcionar uma leitura “paralela” e sintética do artigo, que é bastante longo, como com a finalidade de nos aproximarmos a uma julgada essencial análise prático-teórica das diversas realizações, que foram todas elas visitadas, num contexto “único” de diálogo com os respetivos projetistas, promotores e por vezes habitantes, e muitas delas também estudadas em termos dos respetivos projectos.
Fig. 1: Cooperativa Nova Ramalde, Porto,
1992, 129 fogos com projeto do Arq. Manuel Correia Fernandes; um dos melhores
conjuntos de HCC/HISP das últimas dezenas de anos e sem dúvida uma das melhores
“plantas” de HISP já concebidas.
Um conjunto de bandas expressivamente residenciais, em tijolo aparente,
marcando uma sequência de pracetas de vizinhança predominantemente pedonais. Um
desenho arquitectónico sóbrio e extremamente digno e atraente, que associa,
designadamente, aspetos de equilíbrio de proporções e na expressão dos diversos
elementos, geometrias de paramentos e vãos, escolha de materiais cores e
texturas, e animação por socos e extremidades singulares.
Os espaços comuns são reduzidos a um mínimo funcional, mas muito
acolhedores; e depois, por uma porta quase “secreta”, entramos no “mundo
doméstico”: (i) numa zona de cozinha espaçosa, que rejeita o ruído dos eletrodomésticos
(instalando-os num pequeno compartimento) e que, assim, pode ser lugar de
convívio diário; (ii) ou numa zona mais social, agradavelmente rebaixada,
ligada ao hall por envidraçados corrediços, que, além da sala, (iii) integra
uma pequena suite multifuncional – escritório, quarto independente com pequena
casa de banho completa, ou extensão da sala (um elemento doméstico sempre tão
oportuno e que, atualmente, ganhou especial importância); (iv) ou, ainda, na
clássica zona íntima (de quartos).
Relembra-se
que as matérias abordadas no presente artigo e na respetiva série editorial são
diretamente baseadas em estudos teórico-práticos, reflexões/discussões e
visitas técnicas e multidisciplinares a um grande número e a todo o leque
promocional de conjuntos de HCC (cooperativa, municipal e privada),
destacando-se:
. as
pormenorizadas e amplas análises retrospetivas ou de pós-ocupação,
desenvolvidas por uma equipa multidisciplinar do Departamento de Edifícios do
LNEC em três campanhas distintas e que incluíram, para além das análises técnicas
ao projeto e à obra concluída e habitada,
entrevistas a interlocutores privilegiados (Ex, projetistas, promotores
e gestores) e mesmo alguns inquéritos diretos aos habitantes;
. e as
mini-análises de pós-ocupação, desenvolvidas em períodos temporais curtos, mas
extremamente numerosas e, sistematicamente participadas por um leque muito
qualificado de intervenientes (júri do Prémio INH/IHRU e projetistas e
promotores de cada conjunto habitacional visitado) e cumprindo-se uma regra de
análise rigorosa (sessão de apresentação, visitas pormenorizadas e sessão de
debate).
Salienta-se que o relevo dado à promoção de HCC,
apoiada pelo INH/IHRU, como base de referência, relativamente próxima, ao
desenvolvimento da nova HISP, resulta de essa promoção de HCC ter sido ela
própria especificamente enquadrada, em termos recomendativos oficiais –
Recomendações Técnicas para Habitação Social, RTHS – e em termos técnicos –
enquadramento direto pelos técnicos do INH/IHRU de Lisboa e do Porto – no
sentido de se obter um expressivo acréscimo qualitativo relativamente à
produção de HISP que a antecedeu, designadamente, nos anos mais próximos.
A ideia
fundamental desta série editorial é, assim, a de propor um avanço prospetivo no
que se refere a um sequencial acréscimo qualitativo nas diversas facetas da
satisfação habitacional e urbana associada aos conjuntos de HISP, retirando-se
ensinamentos e registando-se aspetos e casos de referência na promoção de HISP
já desenvolvida e, consequentemente, procurando reduzir e anular os respetivos
aspetos menos positivos e potenciar
aqueles mais positivos identificados através de análises técnicas que
incluem, naturalmente, a opinião dos respetivos moradores.
Este
avanço prospetivo tem, portanto, em conta a experiência havida ao longo de
cerca de 100 anos de prática e de estudos, simbolicamente marcados pelo início
do grande Bairro Social do Arco do Cego, em 1918, com um natural destaque para
o que se consideram ser os muito ricos mais de 20 anos de apoio a uma promoção
muito ativa de Habitação a Custos Controlados (HCC) pelo INH/IHRU, marcados por
uma experiência temporalmente muito próxima, bem fundamentada nas melhores
experiências anteriores, profundamente variada e metodicamente acompanhada em
termos técnicos e científicos.
Considerando-se que, hoje em dia, é possível identificar uma ampla base
de dados sobre a melhor conceção de conjuntos residenciais, em geral, e de HIS
em particular, embora pouco partido e aproveitamento pareça ser retirado,
correntemente, de tal potencial de conhecimento – preferindo-se habitualmente
“tábuas rasas” sem sentido e sempre perigosas quando em presença de populações
sensíveis –, parece ser bem oportuno e estratégico privilegiar a cuidadosa
aplicação dessa experiência e desse conhecimento, visando-se, designadamente, a
melhor satisfação de diversos modos de vida e a ponderada adequação a diversos
hábitos domésticos e a distintas, emergentes e críticas necessidades espaciais,
funcionais e em termos de apropriação – por exemplo, fogos, edifícios e
vizinhanças que facilitem e estimulem o dia-a-dia dos idosos.
Fig. 2: Cooperativa de Habitação
Massarelos, no Porto, 95 fogos.
Fig. 2 e Fig. 3: este conjunto da
Cooperativa de Habitação Massarelos, no Porto, 95 fogos com projeto do saudoso
arquitecto Francisco Barata e do arquitecto Manuel Fernandes Sá, concluído em
1995, constitui um dos melhores exemplos de aliança estreita entre (i) uma
apurada qualidade de Arquitectura urbana, (ii) variados objetivos de satisfação
dos habitantes (uma antiga associação de moradores) e (iii) objetivos de
racionalização e qualidade construtiva (ex., formas gerais simplificadas e
acabamentos bem desenvolvidos).
O conjunto desenvolve-se num terreno formal e topograficamente muito
difícil (situação corrente na iniciativa cooperativa de HCC/HISP) ao longo de
uma rua a meia encosta, com zonas rodoviárias e pedonais, estas últimas
rebaixadas e ligadas diretamente aos fogos térreos, com bancos e floreiras, num
estreito espaço de lazer que constituía uma vontade dos moradores em termos de
uso do espaço público e de uma vida residencial próxima da que é possível em
unifamiliares.
Marca-se e remata-se a barreira, marcam-se e equipam-se esquinas e outras
zonas singulares e usa-se o desnível para se inventar uma tipologia edificada
específica. O conjunto parece ter estado sempre ali e retira todo o partido de
uma paisagem natural e urbana única.
Trata-se de uma intervenção num local topograficamente muito difícil e
patrimonialmente sensível, que alia aspetos estruturantes de orientação solar,
à integração no relevo, na cidade e na paisagem, à qualidade do desenho
arquitectónico e à aproximação aos modos de vida e mesmo aos gostos de habitar
dos habitantes.
A solução edificada inova na aliança forte entre aspetos morfológicos de
edifícios uni e multifamiliares. A topografia proporcionou o desenvolvimento de
uma tipologia que sobrepõe zonas de garagem, fogos duplex com acesso direto ao
espaço público e, finalmente, conjuntos de seis fogos com acesso por escada
comum e sem elevador.
Para além de tudo isto boa parte dos fogos são totalmente adaptáveis,
apenas com o núcleo “húmido” fixo e utilizando ligações alternativas entre
compartimentos.
A pormenorização alia um máximo de repetição de elementos,
construtivamente otimizados, a imagens fortemente apropriáveis. Ainda quanto ao
pormenor destaque para as cores, texturas, lanternins comuns das escadas,
portas comuns, pequenas varandas e cores atraente, mas equilibradamente
variadas.
Sintetizando, parece que uma muito cuidada ação de projeto arquitectónico
pode responder, simultaneamente, a diversos problemas que vão da integração
global, à positiva variação e mistura tipológica, à fundamentada inovação na
organização e adaptabilidade doméstica e à positiva pormenorização, aliando
ainda tudo isto a objetivos de conforto e de racionalidade económica.
2. Aprofundar a qualidade na habitação de interesse social
Reflexão qualitativa no apoio ao desenvolvimento da
nova Habitação de Interesse Social (HIS) ou Habitação a Custos Controlados
(HCC)
Numa
altura em que se pretende voltar a promover uma significativa quantidade de
HIS/HCC parece ser essencial reaplicar, com as naturais adaptações
designadamente em novos aspetos regulamentares, os ensinamentos que podemos
identificar no melhor que se fez, ultimamente, de HIS/HCC em Portugal e marcar
esta intenção com um sentido global de aprofundamento e de aliança entre dois
aspetos essenciais: a qualidade arquitectónica residencial; e a satisfação dos
habitantes.
Neste
sentido é sempre vital desenvolver uma reflexão arquitectónica qualitativa
ampla e diversificada aplicada a cada um dos níveis físicos urbanos e
residenciais, utilizando-se ferramentas próprias da análise e do projeto da
Arquitectura residencial, muitas delas presentes nas boas memórias descritivas
e justificativas dos bons projetos de Arquitectura residencial e nos “raros” e,
portanto, precisosos escritos de bons projetistas de Arquitectura e
especificamente de Arquitectura residencial.
Neste
sentido e para não desenvolver, aqui, uma matéria que nos leva, sem dúvida, bem
longe, designadamente, quando a este sentido de reflexão se junta a essencial
preocupação com uma afirmada satisfação residencial, aplica-se, neste artigo (e
à imagem do que tem acontecido nesta série editorial) uma grelha qualitativa
arquitectónica residencial devidamente estudada no Núcleo de Arquitectuta e
Urbanismo (NAU) do LNEC, e apresentada no âmbito de uma tese de doutoramento
discutida e aprovada na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto em
1995; paralelamente, aplica-se esta grelha qualitativa a um extenso
acompanhamento de muitos conjuntos de HISP, que tem sido possível, em alguns
casos, ao longo de uma sua já significativa
“vida” (ex., conjuntos realizados na década de 1990 e que contam já com
cerca de 20 anos de vivência).
Regista-se, ainda, que a referida caracterização qualitativa
arquitectónica residencial, bem como a associada estruturação em níveis físicos
urbanos e residenciais, utiliza uma listagem de níveis físicos e uma grelha de
aspetos/rumos fatores de análise e de qualidade arquitectónica residencial foi
editada em diversos livros da Livraria do LNEC – todos na Colecção Informação
Técnica Arquitectura ITA: Habitação e Arquitetura: “Contributos para uma
habitação e um espaço urbano com mais qualidade” (ITA 12, 2012); “Qualidade
arquitectónica residencial. Rumos e fatores
de análise” (ITA 8, 2000); e “Do bairro e da vizinhança à habitação. Tipologias e caracterização dos níveis
físicos residenciais” (ITA 2, 1998); relembrando-se, finalmente, que a referida
grelha foi instrumental nas análises retrospetivas ou de pós-ocupação
realizadas ao parque de HISP realizado neste período temporal apoiada pelo
INH/IHRU.
Fig. 4: Porto, Viso, Rua Cidade do
Recife, 72 fogos da HABECE – Cooperativa de Habitação e Construção de
Cedofeita, 1994, projeto dos Arq. João Pestana, Arq. Chaves de Almeida e Arq.
Fernando Neves.
Como nota inicial comenta-se que, evidentemente, é ainda possível fazer
grandes edifícios de HCC, mas há que os cuidar de forma muito especial, seja no
que se refere à sua essencial qualidade arquitectónica, que fica
urbanisticamente muito evidenciada, seja na sua vital adequação a modos de vida
e desejos habitacionais; pois nem todos estão habituados nem desejam viver “em
altura”.
Um belíssimo edifício e uma excelente solução de revitalização e
preenchimento urbanístico numa zona socialmente difícil. Um conjunto coeso e
viável servido por um espaço de rua amenizado por largos passeios bem pontuados
por “verde” urbano, dinamizado por atraentes elementos de marcação dos
principais acessos e estrategicamente animado por um núcleo comercial em total
unidade com a habitação. Refere-se ainda a funcionalidade e segurança
conseguidas pela solução semi-envolvente de circulação e de bandas de garagens
para os veículos dos residentes, que contribui para o total tratamento dos
limites da intervenção.
A luz natural e as sequências de vistas animam os amplos espaços comuns
dos edifícios, as galerias exteriores têm acesso bem controlado e há uma ampla
sala de condóminos. Salienta-se ainda a boa pormenorização dos vãos exteriores
domésticos.
Ainda como aspetos a destacar referem-se a disponibilidade de vários
tipos de fogos (duplex e simplex, vários tipos de acessos, grandes e pequenos),
o que proporciona adequação a diversos tipos de famílias e modos de vida e uso
da casa, bem como o carácter residencial geral, expresso num desenho
arquitectonicamente qualificado, atraente, sóbrio e muito marcado pelas escalas
humana e urbana.
Nestas
matérias é, ainda, desejável ter bem presente que, hoje em dia, se conhecem já
com significativa profundidade as melhores maneiras de conceber edifícios,
designadamente residenciais, embora, frequentemente, não se aplique de forma
integral e/ou integrada esse conhecimento e designadamente quando estão em jogo
complexas e sensíveis operações de desenvolvimento de habitação de interesse
social, que deveriam ser, sempre, utilizadas como veículos de apoio à promoção
social dos seus habitantes e extremamente rigorosas na boa aplicação dos
respetivos financiamentos públicos.
Mas no
que se refere aos espaços públicos, que integram quase sempre tais promoções
habitacionais e urbanas, nota-se, ainda com alguma frequência, uma sensível
dificuldade ao nível da sua atempada e adequada qualificação, desde o projeto
urbano e paisagístico à sua execução e ao seu funcional equipamento, visando-se
a sua boa vitalidade, durabilidade e capacidade de apropriação e o estímulo a
uma ampla diversidade e viabilidade de atividades exteriores; e é impossível
esquecer que na altura da fundação do INH, em 1984, uma das críticas exigências
para a, então, nova HIS/HCC era exatamente o desenvolvimento completo e durável
dos exteriores residenciais logo quando da ocupação inicial dos novos
conjuntos; em suma, muito se evoluiu neste e em outros aspetos qualitativos nos
cerca de 30 anos de promoção de HCC a partir de 1984, mas ainda há “espaço”
para melhorias e designadamente para uma aplicação mais sistemática e
aprofundada de uma maior qualidade arquitectónica residencial.
Em tudo
isto – edifícios e espaços urbanos que estes integram – e tal como temos vindo
a sublinhar, há duas facetas que devem ser urgentemente aprofundadas na
promoção de habitação de interesse social, sendo uma delas a sua imprescindível
grande qualidade arquitectónica e sendo a outra a sua essencial habilitação ao
serviço das necessidades e desejos habitacionais da grande maioria dos seus
habitantes – matéria esta que evidentemente se liga à da qualificação
arquitectónica, mas que tem de ser considerada, também, independentemente desta
qualificação, pois até há situações-limite em que excelentes obras de
Arquitectura residencial – mais em termos de “desenho” (no sentido amplo desta
palavra) – levantam dúvidas consistentes sobre o seu potencial de ampla habitabilidade.
Salienta-se,
finalmente, que a temática do "habitar" é muito ampla, pois abrange
desde aspetos mais ligados à integração urbanística a aspetos de pormenorização
associados à caracterização da construção, aspetos estes sempre conjugados com
os mecanismos de satisfação e insatisfação habitacional, e inclui, ainda,
influências diretas da caracterização de cada tipo de promoção e mesmo dos aspetos
mais críticos que globalmente a influenciam.
Nos itens que se seguem e baseando-nos, diretamente, nos estudos acima
apontados, indiretamente, na longa experiência de promoção de "Habitação
de Interesse Social" (HIS), sumariamente registada num dos artigos
iniciais desta série editorial, e tendo em conta, diretamente, a análise
comentada e pormenorizada do que de mais recente e de mais interessante se
realizou entre nós em termos de "Habitação de Interesse Social"
(HIS), sensivelmente, nos últimos 30 anos, faz-se um avanço cuidadoso e
sintético na desejável e ampla caraterização arquitectónica do que poderá ser a
nova Habitação de Interesse Social Portuguesa.
Fig. 5: um dos conjuntos de referência
da histótia recente da HISP, a intervenção da C.M. de Oeiras, em
Laveiras/Caxias (cerca de 400 fogos), 1991, com projeto do saudoso Arq. Nuno
Teotónio Pereira e Arq. Pedro Botelho.
A assinalável continuidade da arquitectura urbana e a escala geral deste
pequeno bairro, de baixa altura e forte ocupação por quintais privados (cerca
de metade dos fogos), proporcionou grande adequação a modos de vida muito
relacionados com o exterior (1/3 dos fogos realojaram famílias que viviam em
zonas degradadas) e a minimização da extensão do exterior público (acompanhada
pela maximização do seu controlo a partir das habitações e equipamentos
marginais).
Variadas formas de espaços exteriores privatizadores e apropriáveis, tais
como quintais fechados por muros altos e canteiros ladeando portas de edifícios
e acompanhando janelas térreas, dialogam com elementos do verde público,
pontuando e marcando as ruas e zonas pedonais (ex. banco/caldeira para árvore).
Exteriores públicos vitalizados, claramente legíveis e apropriáveis, cheios de
relações urbanas enraizadas na nossa tradição urbanística (tais como ruas
arborizadas, escadinhas, passeios largos e mirantes), nunca pondo em risco a
segurança dos peões ou a funcionalidade do próprio automóvel.
Os edifícios são pequenos multifamiliares, alguns deles na transição para
o unifamiliar (ex. 4 fogos todos com quintal) e os fogos dúplex aproveitam todo
o espaço disponível sob a laje inclinada.
Nesta zona convivem variados grupos socioculturais (296 fogos de
realojamento e 104 de venda a custo controlado).
3. Aspetos gerais a favorecer na nova Habitação de Interesse Social
Em
seguida apontam-se algumas orientações gerais (ordenadas alfabeticamente)
dirigidas para a melhoria da nova Habitação de Interesse Social (HIS) ou Habitação a Custos Controlados (HCC):
.
Diversificação da oferta – a oferta de HIS/HCC deve ser diversificada de modo a
responder às necessidades dos diversos grupos socioculturais entre rendimentos
"baixos e médios/baixos" e a diversas localizações. Neste sentido há
que ponderar a possibilidade de surgirem novos tipos de promoção e incentivar a
conjugação entre diferentes tipos de promoção.
. Espaços públicos e residenciais – deve ser mantida e reforçada a
exigência de qualidade ao nível dos edifícios de habitação, mas
privilegiando-se, agora, a qualidade dos respetivos espaços públicos e
residenciais.
Fig. 6: Conceição de Tavira, Cooperativa
de Habitação e Construção O Nosso Piso, 1992, projeto do Arq. Pedro Serra Alves
(Gabinete de Apoio Técnico/GAT de Tavira).
Um conjunto que corresponde, provavelmente, a uma das intervenções mais
sensíveis, adequadas, racionais e apropriáveis da última HCC/HISP.
O carácter do lugar parece ter sido reforçado pelo novo conjunto
residencial, marcado por uma forte unidade de imagens, bem identificável, e
composto por um tradicional conjunto de troços de rua, caracterizados por
continuidades de fachadas e de muros altos recortados, em sombra, pela
vegetação. Muros à altura do homem alternam com as casas e rematam as esquinas,
abrindo vistas fugazes sobre os pequenos pátios sombreados, que servem de
átrios exteriores de recepção privativos, e que são marcados pelo gosto de cada
família (pavimentos escolhidos).
Escondidos para lá das fachadas, servindo o interior doméstico, e
marcados pelo vermelho ocre e fogueado da tijoleira rústica, há um outro tipo
de pátios, mais intimistas e familiares, que são agradáveis poços de luz e de
frescura e sítios naturais de expansão das zonas domésticas de serviço e de
convívio informal. Estas últimas zonas integram a cozinha num complexo de
espaços e recantos multifuncionais (quarto de serviço, zona de dormir, estar
informal, etc.), constituindo-se uma verdadeira “zona de família”.
O sentido de abrigo e de agradabilidade doméstica que envolve o “jogo” de
interiores e exteriores privados é, ainda, servido pela suave luz e pela
frescura das tradicionais reixas de madeira e transbordará para o exterior
público nas manchas de cor e alegria das setenta Buganvílias previstas, uma por
cada “casa”, marcando e individualizando as habitações, fortalecendo a imagem
de conjunto e contrastando, agradavelmente, com a sobriedade linear das
continuidades edificadas.
E em termos construtivos a estrutura comum das bandas compactas de
unifamiliares racionalizam o conjunto transformando-o, praticamente, num
multifamiliar na horizontal.
.
Promoção completa – os empreendimentos de HIS/HCC devem corresponder, sempre, a
uma proposta completa que integre uma promoção dinamizada, uma solução urbana
efectiva e equilibrada (ex. uma rua, uma praceta), os edifícios, o arranjo dos
espaços exteriores, os equipamentos, o apoio à ocupação dos fogos, a gestão
local de proximidade na pós-ocupação, e o prévio desenvolvimento de condições
que favoreçam a sua rápida vitalização.
.
Qualidade global – a qualidade da HIS/HCC deve ser assegurada com igual
importância em todas as suas dimensões físicas e sociais (habitações, edifícios
e espaços exteriores) e em toda a sua vida útil (construção, uso, durabilidade
e manutenção); a qualidade assim atingida é também importante fator de
valorização patrimonial.
Um
maior investimento na qualidade residencial global da HCC justifica-se porque
dá resposta a uma gradual maior exigência qualitativa no "habitar", detetável
em todos os grupos sociais, enquanto também corresponde à tendência de maior
procura de HCC por parte de um grupo social mais favorecido.
.
Serviço de habitação – a promoção de habitação de interesse social deve ser
considerada como um serviço que tem um duplo objetivo: a satisfação dos respetivos
moradores e neste aspeto poderá corresponder ao desenvolvimento de inovadoras
tipologias residenciais; e a participação ativa na vitalização urbana dos
locais de intervenção, podendo mesmo constituir-se em fatores de reabilitação
física e social e de melhoria da gestão de áreas residenciais degradadas.
Esta perspetiva de “serviço habitacional” pode/deve, ainda ser explorada
numo sentido, mais específico, de desenvolvimento de edifícios ou conjuntos de
edifícios onde a habitação, em diversas tipologias e com relevo para pequenas
tipologias (entre T0, T0/1, T1 e T1/2), seja associada a alguns serviços e
equipamentos comuns ou de uso público; soluções estas adequadas a agrupamentos
intergeracionais e/ou marcados por objetivos de coabitação.
Fig. 7: promoção privada em CDH de 68
fogos da empresa Efimóveis, em Gulpilhares, V. N. de Gaia, 2006, projeto dos
arquitectos J. Bragança e Manuel Marques. Um conjunto que marca, desde logo, por uma imagem de HCC/HISP
extremamente digna e atraente, totalmente distinta do carácter por vezes
visualmente “pobre” e mal acabado de alguma “habitação social”.
Sublinha-se nesta intervenção a muito equilibrada solução de arquitectura
urbana que harmoniza, pelas suas características gerais e de pormenor de
desenho urbano, uma agradável e bem caracterizada frente urbana, de bandas
densificadas e repartidas com a agradável paisagem rural envolvente. A frente
urbana estrategicamente densificada é integrada por pequenos edifícios
bifamiliares organizados em bandas, agradavelmente seccionadas; a organização
das habitações em meios pisos procura uma melhor adequação da construção à
pendente acentuada do terreno.
Salientam-se finalmente dois aspetos distintos: a opção global, que é
realmente a mais indicada, de aplicar uma tipologia de certa forma amiga da
paisagem e que nela se integra muito positivamente; e o sensível e aturado
cuidado investido em toda a pormenorização de arquitectura, designadamente, no
exterior público.
4. Apoiar a promoção de habitação de interesse social
Em
seguida apontam-se algumas orientações (ordenadas alfabeticamente) dirigidas
para a melhoria da promoção da nova Habitação de Interesse Social (HIS) ou
Habitação a Custos Controlados (HCC):
.
Acabamento e manutenção – deve ser considerada a viabilidade de manutenção e
vitalização dos espaços públicos desde a fase de programação, mobilizando todos
os recursos disponíveis com o objetivo da viabilização sustentada de um
determinado conjunto de atividades. Devem ser concentradas e clarificadas as
responsabilidades pelo acabamento edificado, exterior e ao nível do equipamento
de cada conjunto de HCC e não se deve transigir na exigência de simultaneidade
entre o acabamento das obras nos edifícios e nos respetivos espaços exteriores
envolventes.
.
Dimensão dos novos conjuntos - deve privilegiar-se o desenvolvimento de
pequenos conjuntos com um máximo de cerca de 50 fogos, com características que
favoreçam a integração social dos moradores e a sua própria integração física
(equilibrada variação de imagens) e que sejam adequadas ao local, à capacidade
dos respetivos promotores e à rendibilização das respetivas obras. O desenvolvimento de conjuntos com maior
dimensão deverá depender de garantias quanto à obtenção de um nível qualitativo
final claramente positivo e autossustentado.
.
Promoção cooperativa – a promoção cooperativa merece apoios objetivos,
designadamente, nos aspetos diretamente associáveis aos numerosos casos que
atingiram um nível de qualidade residencial global claramente meritório e mesmo
exemplar, designadamente, através de incentivos à promoção de conjuntos com
dimensão apreciável, desenvolvidos pela mesma organização cooperativa,
integrando uma rica e eficaz diversidade de espaços e equipamentos públicos
vitalizados e em total integração com a habitação, assegurando um diálogo
contínuo com os habitantes desde a fase de programa, cumprindo objetivos
concretos de qualidade de projeto e de garantia da qualidade construtiva, e
assegurando a continuidade da gestão e da manutenção de todo o novo conjunto
residencial.
.
Promoção por empresas privadas – há que favorecer a tendência na promoção em
CDH, de reforço da qualificação dos respetivos projetos, e de organização e
gestão dos condomínios e dos próprios conjuntos residenciais, destacando-se a
necessidade de se favorecer uma atitude de responsabilização dos habitantes,
fomentando-se a sua participação na gestão e manutenção, e privilegiando-se ativamente
o sossego e a dignidade residencial.
Nestas matérias aquela que será mais sensível corresponde a uma atempada,
adequada e acompanhada organização em condomínios e respetiva participação na
gestão dos espaços exteriores que lhes estejam associados; comparativamente, as
promoções cooperativas contam com uma prévia preparação desta
gestão/participação.
Fig. 8: Porto, Paranhos, Monte de São João, 53 fogos, 2003, promoção da Câmara Municipal do Porto com projeto do Arq. Rui Almeida e do saudoso Arq. Filipe Oliveira Dias.
Um pormenor dos espaços comuns de um dos edifícios que integram este
pequeno quarteirão.
Considerando o múltiplo interesse urbano e arquitectónico deste conjunto,
destacam-se dez qualidades distintas ou pares qualitativos que em boa parte
estão aqui presentes: evidenciar a unidade numa base de diversidade; salientar
a urbanidade e a presença estratégica da natureza; suscitar comunidade e
domesticidade (levando o sentido coletivo até ao fogo e dando ao conjunto um
carácter global protegido/doméstico); harmonizar exterioridade e interioridade,
bem como as respetivas transições; evidenciar formas gerais e aspetos de
pormenor; suscitar dignidade e alegria, afinal excelentes condições para a boa
qualidade de vida e para a boa integração urbana; basear a solução em
sequências e enquadramentos espaciais e visuais; aliar “desenho” e
funcionalidade, do nível urbano ao nível doméstico; equilibrar a fundamental
integração com um rico sentido de novidade; e harmonizar modéstia formal com
criatividade.
Fig. 9: Viseu, Ranhados, Quinta da Pomba, 91 fogos promovidos em 2002 pela Câmara Municipal de Viseu com projeto do Arq. António Francisco Mata.
Um conjunto exemplar de realojamento de famílias que habitavam em
condições muito carenciadas prova que o desenho de arquitectura tem de ser
realmente associado ao cumprimento de objetivos funcionais e humanos
específicos: escolha de uma excelente localização na cidade; forte e múltipla
ligação entre espaços comuns dos edifícios (incluindo acessos a fogos) e
espaços exteriores muito cuidados – uma opção tipológica marcada pela
manutenção de activos laços exteriores; forte partição em vizinhanças
afirmadas; escala humana e desenho digno dos edifícios, que faz salientar os respetivos
fogos e evidencia a cuidadosa pormenorização e a grande alegria que
caracterizam os espaços comuns abertos mas com acesso controlado; grande
variedade de tipologias de fogos, proporcionando várias ligações entre sala
comum e zona de cozinha; notável funcionalidade e capacidade de apropriação dos
espaços domésticos; e verdadeiro protagonismo de um exterior agradavelmente
envolvente, que integra zonas bem equipadas e dimensionadas, caracterizadas
pela cuidadosa integração de materiais naturais e elementos de jardim
atraentemente diversificados e com conservação mínima.
.
Promoção pública e municipal – há que favorecer a tendência nas promoções
municipal e em CDH, de reforço da qualificação dos respetivos projetos, e de
organização e gestão dos condomínios e dos próprios conjuntos residenciais,
destacando-se a necessidade de se favorecer uma atitude de responsabilização
dos habitantes, fomentando-se a sua participação na gestão e manutenção, e
privilegiando-se ativamente o sossego e a dignidade residencial.
Nestas
matérias aquela que será, talvez, mais sensível corresponde a uma atempada,
adequada e acompanhada organização em condomínios e respetiva participação na
gestão dos espaços exteriores que lhes estejam associados; comparativamente, as
promoções cooperativas contam com uma prévia preparação desta
gestão/participação.
.
Promotores e tipos de promoção – devem ser reformulados e dinamizados os vários
tipos de promoção de HCC, considerando-se os respetivos promotores –
cooperativos, privados e públicos/municipais – reforçando-se os seus respetivos
aspetos mais positivos e anulando-se os entraves e dificuldades.
. Terrenos – devem ser criadas condições que permitam disponibilizar
terrenos adequados para habitação, no perímetro urbano, e a custos compatíveis
com a legislação que enquadra a HCC e deve ser desenvolvido um quadro integrado
para o financiamento e gestão da HCC e respetivos equipamentos complementares.
Devem ser criadas condições financeiras vantajosas de financiamento,
compensando condicionalismos regulamentares e de custos, e apoiadas numa
dinamização da actividade de oferta de financiamento, bem articulada com
condições simplificadas e agilizadas na apreciação e licenciamento dos respetivos
projetos urbanos e habitacionais.
Fig. 10: Av. Salgado Zenha, Guifões, Matosinhos, Cooperativa As Sete
Bicas.
Fig. 10 e Fig.11: Av. Salgado Zenha, Guifões, Matosinhos, Cooperativa As Sete Bicas, 2008, 40 fogos e uma residência/lar de terceira idade com 30 quartos, projeto dos arquitectos Fernando Rocha e Celestino Machado.
Em primeiro lugar há que referir que se trata de um programa piloto e
inovador neste tipo de promoção de HCC/HIS, revelando-se de grande alcance
social, no sentido de se propiciar uma natural e forte integração, na mesma
intervenção e no mesmo volume edificado, de diversas soluções e modelos de
habitar; sendo, na prática, um avanço prático numa perspetiva de vivência
intergeracional numa mesma vizinhança de grande proximidade e continuidade. E
nesta perspetiva há que sublinhar que foi assim, mais uma vez , em Matosinhos e
através da iniciativa de uma cooperativa da FENACHE que se voltou a inovar,
positivamente, na promoção de HCC/HISP.
Em termos arquitectónicos globais salienta-se o desenho integrado de
arquitetura urbana fortemente caracterizado por um agradável sentido
residencial que integra, totalmente, as duas vertentes habitacionais (blocos
habitacionais mais correntes e unidade para a terceira idade) e explora,
designadamente, as situações singulares de embasamento e de remate superior em
pisos recuados; uma situação que é
formal, mas também funcional, com interessantes ganhos em áreas exteriores
privativas, sob a forma de pequenos pátios e terraços que prolongam
agradavelmente as habitações térreas e as mais elevadas
O conjunto urbano e residencial integra numa afirmada continuidade urbana
e de imagens de pormenor: (i) 40 fogos de variadas tipologias (T1, T2 e T3) –
em quatro pisos (rés do chão + 3), mais um piso subterrâneo com 60 lugares de
garagem e arrumos – (ii) e uma residência/lar dirigido para idosos com 30
quartos com casas de banho próprias – 15 individuais e os outros duplos ou de
casal.
Ainda no que se refere a esta unidade de apoio à terceira idade os
respetivos quartos agrupam-se em 10 unidades por piso, existindo também em cada
piso uma sala de estar com copa, um sanitário completo e acessível, um banho
assistido e um compartimento para despejos. No piso térreo desta unidade
incluem-se a portaria/receção; uma ampla e multifunctional área de convívio e
de atividades desenvolvida no prolongamento da zona de refeições e com a
capacidade de 40 utentes (2,5m2 por utente); cozinha, lavandaria e espaços de
apoio; a área de saúde; a direção/administração; e instalações de apoio aos trabalhadores.
Todo o conjunto edificado (habitacional mais corrente e de apoio à
terceira idade) respeita os princípios de construção sustentável, ao nível da
gestão energética, de resíduos, de água, conforto ambiental e acessibilidades,
destacando-se aspetos de recuperação de águas de origem pluvial, aproveitamento
solar para a produção de água quente sanitária coletiva, instalação de
equipamentos para redução dos consumos de água e de eletricidade, um apurado
isolamento horizontal e vertical do ruído, uma boa ventilação permanente dos
espaços interiores e a instalação de equipamentos de elevada eficiência.
Nota: alguns dos elementos apontados foram recolhidos nos sites do IHRU e
da Cooperativa As Sete Bicas.
5. Melhorar o projeto da Habitação de Interesse Social
Em
seguida apontam-se algumas orientações (ordenadas alfabeticamente) dirigidas
para a melhoria do projeto da nova Habitação de Interesse Social (HIS) ou
Habitação a Custos Controlados (HCC):
. Apoio técnico – o apoio técnico prestado pelo IHRU
deve ser reforçado, em particular aos promotores tecnicamente menos equipados,
apontando-se como linhas de intervenção:
o apoio
à condução do processo de promoção;
o
acompanhamento do desenvolvimento de projetos;
a
discussão técnica de propostas com promotores e projetistas;
e o
apoio técnico ao desenvolvimento das obras.
.
Arquitectura urbana – devem ser favorecidas as soluções de arquitectura urbana
bem localizadas e estruturadas, constituindo espaços de vizinhança afirmados e
com funções claramente definidas, designadamente, ao nível da dinamização do
convívio e do recreio.
No
respeito destes objetivos deve cuidar-se, especialmente:
da
segurança pública (espaço público sempre visível e polarizado por equipamentos e
acessos a edifícios);
da
animação e do recreio;
do
conforto ambiental ao nível urbano;
e da
oferta de serviços e equipamentos de uso diário.
.
Durabilidade e manutenção – os aspetos de durabilidade e facilidade de
manutenção são tanto mais críticos, quanto mais desfavorecidos os grupos
sociais em que se incluam os respetivos habitantes.
.
Espaço da habitação – no projeto do espaço doméstico favorecer as áreas
conviviais e de serviço e a capacidade de arrumação, ponderar as relações entre
o vestíbulo de entrada e a privacidade da sala, garantir os aspetos de
segurança contra quedas e assegurar os aspetos de organização, dimensionamento
e pormenorização ligados ao conforto ambiental (ex. isolamentos e ventilação) e
à durabilidade de materiais e elementos funcionais.
Fig. 12: 72 fogos de promoção privada do CDH Construcasais em Creixomil, Guimarães, 2001, projeto do Arq.º Fernando Seara de Sá.
Uma
interessante “peça” de arquitectura residencial, onde se aliam uma tecnologia
construtiva pouco frequente em habitação, uma forma geral racional e atraente e
soluções funcionais e residenciais que aproveitam todas as potencialidades do
local, desde os pequenos pátios privativos traseiros – que ampliam claramente
as salas contíguas –, às vistas paisagísticas que são possíveis dos quartos.
Como
sempre acontece nas boas soluções, até parece que foi fácil projetar e executar
este edifício, a forma geral é simples, mas a imagem geral é dinâmica e
atraente e os fogos oferecem diversidade e riqueza de organização. Outro aspeto
que se destaca é a importância que aqui foi dada à luz natural e às vistas
paisagísticas com janelas rasgadas que proporcionam ambientes domésticos
calorosos.
Um
aspecto a destacar é a excelente solução de integração topográfica, que
aproveita o desnível seja para a garagem comum, seja para racional integração
dos referidos e muito úteis pátios privativos ajardinados.
Salienta-se
também a grande racionalidade construtiva e a maximização da repetição de
elementos (ex. vãos exteriores), mas ao serviço de uma imagem vibrada e
atraente.
.
Exterior privado – no projeto do espaço doméstico favorecer o desenvolvimento
“multifacetado” de soluções de espaços exteriores privados: desde os pequenos
quintais e pátios térreos; às varandas, balcões e pequenos terraços elevados
nos pisos correntes; aos pequenos terraços nos pisos mais elevados.
Naturalmente
que estando a atribuir áreas limitadas há que racionalizar, também, o
desenvolvimento do exterior privado, mas não faz sentido continuar a negá-lo,
quer pela razão básica de ele ter de ser “subtraído” ao interior privado (tal
como acontece no âmbito das atuais RTHS); quer por “razões” mal provadas de ele
ser frequentemente mal usado pelos seus utentes/habitantes, muitas vezes porque
está mal projetado em termos globais e pormenorizados, designadamente, na sua
configuração e equipamento, no seu relacionamento com os outros espaços da
respetiva habitação, e nas respetivas fronteiras com os espaços de uso público
e com outros espaços privados.
.
Exterior residencial e urbano – o exterior residencial deve aliar-se aos
edifícios no objetivo da satisfação dos moradores.
.
Grupos socioculturais - um aspeto-chave a considerar é a adequação da solução
edificada a diversos tipos de grupos socioculturais, adequação essa que depende
de vários fatores, tais como:
dimensão
global;
altura
e tipos de espaços e equipamentos comuns (ex., elevador);
número
de vizinhos;
características
da distribuição dos fogos em cada nível;
relação
com o espaço público e existência de espaços exteriores privativos.
Sobre
estas temáticas é urgente retirar ensinamentos de situações concretas e agir,
depois, em conformidade.
.
Imagem pública do edificado – no projeto do edifício reforçar o desenvolvimento
de uma imagem exterior atraente e digna, prolongada pelos respetivos espaços
comuns, e aliada a uma qualificação real em termos de durabilidade e facilidade
de manutenção – notar: necessário também na respetiva vizinhança de
proximidade.
.
Levantamento – os projetos devem ser realizados com base em levantamentos
rigorosos que assegurem o conhecimento físico e social profundo do local de
implantação.
. Projeto
completo – os projetos urbanos e dos edifícios devem ter um desenvolvimento
completo e integrado nas diversas especialidades e ser adequados às
características do local e à dimensão do empreendimento, bem como aos diversos
recursos disponíveis para a sua execução.
. Projeto
e promotor – o projeto de HCC deve ter um desenvolvimento adequado às
capacidades reais de execução que estejam disponíveis e integrar um projeto de
execução completo e coeso, visando a obra e o seu específico construtor e um
acompanhamento técnico da obra contínuo e eficaz.
. Projeto
específico – realizar um projeto específico para cada local de intervenção, que
pode ser inteiramente novo ou resultar da adequada adaptação de um existente.
Neste
último caso não se podem ultrapassar certos limites na repetição ou tipificação
de modelos, nos mesmos sítios ou nas mesmas zonas, pois há riscos graves de
degeneração e de estigmatização das respetivas imagens urbanas.
.
Tráfegos –privilegiar a total harmonização visual e funcional entre tráfegos de
peões e veículos nas vizinhanças residenciais:
favorecendo
objetivamente a prioridade pedonal e a criação de ambientes residenciais
agradáveis e humanizados;
mas
resolvendo-se as críticas exigências de estacionamento automóvel.
.
Urbanismo e espaço de uso público – deve ser exigido um projeto urbano
pormenorizado do empreendimento, visando o desenvolvimento de um espaço de uso
público:
com
formas claramente definidas e com identidade local;
sem
espaços residuais e com imagem pública digna e apelativa;
com
equipamentos construídos e exteriores que motivem o seu uso efetivo;
e com adequadas capacidades de carga e de manutenção.
Fig. 13: Vila Nova de Gaia, Oliveira do
Douro, Quinta do Guarda-Livros, 139 fogos promovidos pela Câmara Municipal de
Vila Nova de Gaia, 2001, com projeto do Arq.º Paulo Alzamora.
Esta solução corresponde, provavelmente, a um dos primeiros casos de
integração entre promoção de HCC/HIS e intervenções de requalificação urbana,
arquitectónica e residencial; e sublinhe-se que esta intervenção se refere exatamente
a essas três facetas de requalificação. Considera-se, portanto, que é um
exemplo excelente de avanço numa área de intervenção urbana e residencial, que
está, hoje em dia, numa primeira linha de ação, associando-se intervenções de
HCC e de requalificação urbana e optando-se por uma radical mudança de uma
imagem urbana, por vezes, pouco qualificada, para uma renovada e atraente e
marcante/apropriável nova imagem arquitectónica urbana e residencial.
Este conjunto de realojamento define uma atitude de intervenção exemplar
em diversos níveis, que são, em seguida, informalmente apontados, até porque
muitos deles têm fortes interações mútuas.
Transforma-se positivamente uma anterior imagem urbana, arquitectónica e
residencial, aproveitando-se para se dinamizar uma fundamental opção de usos
pedonais (no miolo do conjunto rodeado pelos estacionamentos de veículos) e de
grande funcionalidade dos espaços públicos (com suportes para os mais variados
usos muito ligados a crianças e jovens), associando-se ainda a própria
intervenção dos moradores em painéis para grafiti.
Desenvolve-se uma renovação da imagem dos edifícios, mantendo-se a opção
original por galerias exteriores – consideradas vitalizadoras do espaço público
–, associada a uma renovação radical dos aspetos funcionais ligados ao estender
da roupa e à proteção e durabilidade das paredes exteriores (soluções que
contribuem para a atractividade do conjunto), e ainda a uma reabilitação do
isolamento térmico dos fogos.
Sublinham-se, ainda, alguns aspetos, considerados muito importantes,
entre os quais a clara opção de pedonalização de um espaço público que
constitui a espinha dorsal do conjunto, a grande qualidade que caracteriza a
composição da intervenção renovadora da “pele” dos edifícios; e as inteligentes
e funcionais soluções para situações singulares e complexas (ex. estendais
translúcidos, velhas chulipas de madeira a revestir espaços exteriores).
6. Reforçar objetivos específicos de qualidade na habitação de interesse social
Em
seguida apontam-se algumas orientações (ordenadas alfabeticamente) dirigidas
para o reforço de determinados objetivos específicos de qualidade na nova
Habitação de Interesse Social (HIS) ou Habitação a Custos Controlados (HCC):
.
Acessibilidade – a acessibilidade constitui um requisito a melhorar,
ponderando-se no futuro as necessidades específicas de todas as categorias de
utentes, designadamente aqueles com maiores limitações de mobilidade e de
autonomia.
A
acessibilidade deverá, assim, ter um suporte físico estrategicamente
distribuído por alguns fogos especialmente adequados para idosos e deficientes,
enquanto ao nível da vizinhança há que privilegiar o incentivo e apoio ao peão,
bem conjugado com, pelo menos, um mínimo de equipamentos de uso diário e com transportes
públicos eficazes.
.
Capacidade global – reforçar a capacidade global dos empreendimentos nos seus
vários níveis físicos, nomeadamente: nos fogos deve ser reforçada a
possibilidade de arrumação; nos edifícios deve ser incentivada a introdução de
novos espaços comuns; nos espaços exteriores deve existir mobiliário urbano; na
vizinhança devem existir espaços e equipamentos complementares da habitação
(jogo, recreio, reunião) e deve ser reforçada a capacidade de estacionamento,
mas sem se prejudicar a caracterização residencial (ex., estacionamentos
periféricos, parques subterrâneos, zonas mistas).
.
Conforto ambiental em geral – as condições de conforto ambiental ou de
agradabilidade proporcionadas pelas habitações, edifícios e vizinhança próxima
devem constituir uma forte preocupação durante a fase de conceção, que não se
limite apenas à satisfação dos regulamentos aplicáveis.
.
Conforto ambiental específico – considera-se essencial aplicar o maior cuidado
na conceção geral e de pormenor com vista a assegurar adequadas condições de
conforto visual e acústico, insolação, proteção contra ventos dominantes e
conforto higrotérmico.
. Densificação urbana – ao nível do exterior privilegiar soluções
cuidadosamente densificadas, evitando-se quaisquer excessos de espaço público,
bem como zonas públicas residuais, porque sem funções claramente definidas.
Fig. 14: conjunto de 366 fogos da UGTIMO – Cooperativa de Habitação, na Amadora, Alfragide, Plano Integrado do Zambujal, 1997 (e anos anteriores), projeto do Arq.º José Alves Bicho .
Conjunto com elevado número de fogos, mas gerido por uma única entidade
eficaz e localmente sediada, que responde a uma situação urbana sensível
através da marcação forte da sua imagem e zona de influência e da dinamização
da convivialidade urbana local e da zona onde se integra. Define-se, assim, um
conjunto de edifícios, que é quase um único grande edifício, mas
estimulantemente recortado por pequenas pracetas e polarizado por uma grande praça
pedonal, que ocupa a cobertura de uma grande garagem comum.
Em termos globais salienta-se que a densidade global é formalmente
amenizada por um desenho de arquitectura urbana e pormenorizada orgânico e
atraente, e pela presença acentuada do “verde” de enquadramento.
A grande escala da intervenção parece ser neste caso um fator positivo de
dinamização e de favorecimento da inserção social e física numa zona urbana
marcada por alguns problemas sociais; mas sublinha-se que isto só parece
verificar-se, quando há uma muito eficaz gestão local, como é o caso.
Os fogos são bem pormenorizados e integram aspetos de comunicabilidade
visual entre zonas mais “sociais”, de adaptabilidade na relação entre sala
comum e cozinha e de estratégica redução dos problemas de orientação quase
única, com aberturas multilaterais - isto
no caso dos pequenos fogos integrados nas soluções com três fogos/piso.
Fig. 15: vistas dos alongados espaços
comuns de um edifício da Caselcoop, Cooperativa de Construção e Habitação
Económica S. Francisco Xavier no Bairro de Caselas, em Lisboa, neste caso
referido à última tipologia edificada que foi utilizada por essa cooperativa,
nesse bairro (cerca de 1995), sempre com projeto do saudoso Arq.º Justino de
Morais.
Estas galerias “interiores” são agradavelmente largas e muito bem
iluminadas com luz natural zenital, proporcionando um envolvente, estimulante e
bem naturalizado (plantas colocadas e mantidas pelos moradores) pequeno mundo
comum na aproximação à porta de cada habitação e pequeno mundo privado de cada
um e de cada família.
Globalmente, esta solução é mais um exemplo de que mesmo com controlo de
custos é possível inovar consistentemente na criação de multifamiliares,
evitando-se a “estafada” repetição das mesmas “plantas” de fogos e de
edifícios, designadamente, no que se refere à solução dos seus espaços comuns e
aos modos como as habitações “dialogam” com esses espaços – designadamente em
termos de relações visuais recíprocas e de luz natural.
.
Espaços comuns – mesmo com controlo de custos é possível e desejável inovar,
consistentemente, na criação de multifamiliares, evitando-se a “estafada”
repetição das mesmas “plantas” de fogos e de edifícios, designadamente, no que
se refere à solução dos seus espaços comuns e aos modos como as habitações
“dialogam” com esses espaços – designadamente em termos de relações visuais
recíprocas e de luz natural.
O
desenvolvimento dos espaços comuns em multifamiliares foi matéria investida no
âmbito do modernismo arquitectónico e de correntes que lhe sucederam,
designadamente, em termos do uso de galerias comuns de circulação exteriores,
interiores e mistas, por vezes com dimensões folgadas e também, por vezes, em
soluções que integram galerias e outras soluções de circulação comum, como
escadas com continuidade e/ou de acessibilidade pontual.
No
entanto e em fases de estrita contenção de custos e áreas de construção tais
soluções foram em boa parte abandonadas, até porque muitas vezes estavam
associadas a anteriores intervenções pouco adequadas aos respetivos habitantes
em termos dos seus grupos socioculturais e que resultaram, frequentemente, em
situações críticas de apropriações desregradas e perigosas e em problemas de
insegurança social local. Mas não tenhamos dúvida do interesse ambiental,
visual e residencial de muitas soluções com galerias comuns exteriores e
interiores, por vezes dando a ideia de estarmos em presença de estimulantes
conjuntos de “pequenas moradias elevadas”, assim como não há que ter dúvidas
sobre o interesse que também podem ter soluções, bem distintas, com espaços comuns
reduzidos ao estrito mínimo funcional, mas muito bem pormenorizados; comum
entre estas tipologias de espaços comuns tão distintas temos, naturalmente, a
qualidade da solução arquitectónica.
.
Espaciosidade edificada – ao nível do fogo e do edifício aplicar uma maior
flexibilização no controlo das áreas máximas com vista a possibilitar a
realização de habitações mais espaçosas, em particular nos compartimentos de
uso comum (sala e cozinha) e atendendo a dimensões mínimas funcionais.
.
Espaciosidade urbana – a espaciosidade dos empreendimentos deve continuar a ser
controlada; mas judiciosamente controlada numa relação direta com a respetiva
qualidade arquitectónica.
.
Privacidade doméstica – as exigências de privacidade que traduzam necessidades
reais de moradores devem ser satisfeitas, em particular na organização dos
fogos e na relação dos fogos com o exterior.
. Vizinhança – aplicar o maior cuidado na conceção dos aspetos de
pormenor da vizinhança, dos edifícios e das habitações com vista a garantir
adequadas condições de segurança (segurança no uso, segurança viária e
segurança pública e contra intrusões).
Fig. 16: Vila Nova de Gaia, Oliveira do
Douro, Quinta do Guarda-Livros, 139 fogos promovidos pela Câmara Municipal de
Vila Nova de Gaia, 2001, com projeto do Arq.º Paulo Alzamora.
Um exemplo da aliança entre a integração de elementos artísticos e a
participação dos moradores em termos de intervenções diretas no respetivo
espaço público de vizinhança, neste caso pedonalizado. E sublinha-se este
peregrino revisitar da introdução de arte na HCC/HISP.
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7. Renovados e novos objetivos de qualidade na habitação de interesse social
Em
seguida apontam-se algumas orientações (ordenadas alfabeticamente) dirigidas
para a proposta de um conjunto de renovados objetivos de qualidade na nova
Habitação de Interesse Social (HIS) ou Habitação a Custos Controlados (HCC):
.
Adaptabilidade – privilegiar a adaptabilidade como um objetivo a atingir em
todas os níveis físicos da HCC. A cada
vez maior diversidade de modos de vida e de usos habitacionais (ex., trabalho
profissional) e o crescente desejo de individualização justifica o investimento
em estratégias que assegurem a possibilidade de adaptação das habitações,
através do desempenho alternativo, ou bem conjugado, de várias funções nos
mesmos espaços domésticos e públicos.
No
exterior residencial e no que se refere a esta matéria, é possível e desejável
aliar o desenvolvimento do convívio às tão atuais práticas do recreio e do
desporto.
.
Apropriação – incentivar a apropriação dos empreendimentos pelos seus
moradores, designadamente, através:
da
participação dos futuros moradores no processo de conceção, de soluções
domésticas acolhendo pontualmente alterações interiores;
da
existência de elementos de identificação do edifício;
da
existência de elementos de valor simbólico ou evocativo do fogo (ex., floreiras
e peitoris "decoráveis") e do condomínio (escada atraente e cheia de
luz natural);
e,
sempre que possível, através do desenvolvimento de pequenos espaços exteriores
privativos (ex., varandas e pátios murados) ou canteiros diretamente ligados a
fogos.
. Atractividade – a atractividade da imagem urbana dos empreendimentos
não deve ser secundarizada por outros objetivos. Referem-se como principais aspetos a
ponderar: a sobriedade e dignidade da arquitectura urbana edificada, o
equilíbrio de volumetrias e a integração de elementos bem conhecidos do
vocabulário urbano corrente.
Fig. 17: vista de um dos estratégicos “cantos urbanos” do belíssimo interior pedonalizado do quarteirão da cooperativa Coobital, no Alto de Santo António, em Faro (1991), projetado pelo Arq. José Lopes da Costa e pelo Arq. Paisagista José Brito, um exemplo de referência do que é um espaço residencial e urbano marcando uma expressiva vizinhança abrigada e harmonizadamente doméstica e urbana, por uma inserção cuidadosa e atraente de equipamentos coletivos (de apoio à infância) e conviviais (restauração e esplanadas), numa solução urbana que faz as habitações envolventes, que são tipologicamente muito diversificadas (distribuição por galerias comuns exteriores e interiores), viverem quase diretamente esse espaço tão vicinal como público.
.
Convivialidade – incentivar a convivialidade ... , designadamente, através do
recurso a soluções edificadas densificadas compostas por bandas de edifícios
unifamiliares e/ou de pequenos edifícios multifamiliares, criando espaços
públicos urbanos positivamente caracterizados, contínuos, equipados e
vitalizados, mas mantendo uma forte e alternativa ligação aos espaços
domésticos e privatizados e, sempre que possível, a recintos públicos de
vizinhança próxima, associados a núcleos restritos de fogos, dinamizadores do
convívio local, e que estabeleçam a transição entre os espaços acima referidos.
.
Durabilidade – Considerar e aplicar uma adequada durabilidade nos edifícios e
espaços exteriores residenciais desde a fase de conceção, ponderando-se aspetos
tais como: a dimensão total do conjunto, o equilíbrio entre tipo e
dimensionamento do espaço público e respetivo número de utentes diretos, os
tipos de usos prováveis, as responsabilidades das diversas entidades na
manutenção, os usos desejados pelos moradores e a respetiva capacidade
financeira para suportar a manutenção.
.
Exteriores “ativos” – na conceção do sistema de espaços públicos deve visar-se objetivamente
o convívio local, por incentivo ao recreio de crianças e jovens, ao
acompanhamento de crianças pequenas a parques infantis, à prática de atividades
desportivas comuns e aos hábitos de estadia no exterior, em espaços bem
situados relativamente às principais zonas de acessibilidade e caracterizados
por prioridade pedonal.
.
Integração – habilitar os empreendimentos em termos de uma sua apurada
integração é uma prioridade com vista a eliminar o estigma usualmente associado
à promoção de "Habitação Social".
A
integração deve ser assegurada, designadamente, através das seguintes
estratégias: localização dos empreendimentos em terrenos vagos da estrutura
urbana existente, promoção da qualidade da imagem pública dos edifícios e
facilidade de acesso a polos urbanos consolidados/equipados.
. Qualidade integrada – encarar e aplicar a qualidade na habitação como
muito mais do que uma adição de diversos atributos, devendo constituir uma
preocupação global e contínua.
Fig. 18: Residência Madre Maria Clara, Outurela, Carnaxide, uma intervenção da Câmara Municipal de Oeiras.
Fig. 19: Residência Madre Maria Clara, Outurela, Carnaxide, uma intervenção da Câmara Municipal de Oeiras.
Fig. 20: três vistas da Residência Madre Maria
Clara, na Portela, Carnaxide, uma intervenção da Câmara Municipal de Oeiras com
projeto dos arquitetos Cristina
Veríssimo, Diogo Burnay e Patrícia Ribeiro, mais a arq.ª paisagista Inês Norton
de Matos, 2007: Fig.
18 uma vista geral; Fig. 19 vista dos espaços comuns de convívio (interiores e
exteriores); Fig. 20 vista de uma das unidades para acamados; nos pisos
superiores existem pequenos fogos T1 para casais.
Esta
Residência integra um conjunto de 45 unidades residenciais para acamados e
fogos T1 para idosos, acessíveis por uma extensa e atraente sequência de zonas
de acesso centrais e iluminadas zenitalmente, mais um amplo conjunto térreo de
espaços e equipamentos de uso comum; constituindo no
piso térreo um Centro de Dia, logo no 1.º andar uma unidade para acamados, e
uma Residência para Pessoas Idosas nos pisos mais elevados.
Salienta-se
que esta intervenção corresponde, claramente, a uma positiva inovação em termos
do urgente alargamento do conceito de HCC/HIS a “novas” formas de habitar,
neste caso marcadas por uma bem inovadora intergeracionalidade e sentido de um
habitar entendido como um serviço amplo e bem humanizado; e é oportuno registar
que foi a C. M. de Oeiras, um dos municípios que desde sempre marcaram em
termos de uma esclarecida intervenção em termos de HIS/HCC, a responsável por
esta Residência.
“A
implantação do edifício adapta-se à natural diferença de quotas do terreno,”
enquanto a sua volumetria e a cor dos materiais de revestimento são
responsáveis por evidente e positiva atratividade.
Depois
o interior surpreende-nos pela interessante espacialidade, pela abundante luz
natural, pelas transparências interior/exterior, e pelas extensas comunicações
horizontais que se desenvolvem e intercomunicam em diferentes níveis. “Nos
pisos onde se localizam as unidades residenciais consegue-se um subtil
equilíbrio entre o espaço privado e o espaço social de convívio.”
“As
unidades residenciais caracterizam-se por uma cuidada espaciosidade e
funcionalidade, que equilibra e qualifica espaços mínimos e ambientes que assim
conseguem ser caracterizadamente domésticos.”
Nota:
parte destas notas e designadamente as referidas entre aspas foram retiradas da
apresentação desta intervenção, que consta do Catálogo do Prémio INH/IHRU 2008.
8. Inovar, mas cuidadosamente, na Habitação de Interesse Social
Em
seguida apontam-se algumas orientações (ordenadas alfabeticamente) dirigidas
para a proposta de um conjunto de renovados, cuidadosos e sustentados objetivos
de inovação na nova Habitação de Interesse Social (HIS) ou Habitação a Custos
Controlados (HCC):
.
Experimentação arquitectónica – na habitação e designadamente na promoção de
habitação de interesse social de realojamento e destinada a grupos
socioculturais sensíveis e potencialmente de diálogo complexo, não se devem
aceitar experiências arquitectónicas e tipológicas pouco fundamentadas e cujas
influências na vivência diária e na apropriação pelos habitantes não sejam
razoavelmente conhecidas; e esta condição é tanto mais crítica quanto menor for
a articulação com os moradores e quanto mais frágeis, em termos sociais e
económicos, sejam os grupos socioculturais envolvidos.
.
Satisfação habitacional – as inovações a introduzir nos novos empreendimentos
de HCC devem resultar de uma análise cuidadosa das necessidades e aspirações
dos seus potenciais moradores, inovando-se com um objetivo essencial de
adequação aos habitantes e avaliando-se, posteriormente, as repercussões das
alterações introduzidas.
.
Reabilitação e promoção de HCC/HISP – não se irá aqui abordar, ainda que
sumariamente, este tema tão urgente como vital na abordagem da nova HCC/HISP,
apenas se faz aqui a sua referencia estratégica e o alerta para existirem já no
País alguns excelentes exemplos que é essencial conhecer; e nestes e para além
dos já apontados nesta série editorial e de outras ações muito meritórias e
disseminadas pelo País, chama-se a atenção para a muito extensa, muito
qualificada e interessantemente diversificada ação que a Câmara Municipal do
Porto e a sua Domus Social têm desenvolvido desde já há alguns anos,
sistematicamente, em todos os numerosos bairros de HIS municipais.
E há muito que aprender com a metodologia e a prática de tais ações,
designadamente, nas cuidadosas melhorias exteriores e edificadas em termos de
conforto ambiental e funcional, imagem urbana e arquitectónica resgatada, e
oportunas conversões tipológicas, sempre com evidente qualidade arquitectónica
e respeito pelas preexistências.
Fig. 21: Lagos, Chinicato, Cooperativa de Habitação Trinta de Junho; visitado cerca de 25 anos depois de ser feita esta fotografia, o bairro está melhor, apenas porque o verde urbano está mais desenvolvido.
Fig. 22: Lagos, Chinicato, Cooperativa de Habitação
Trinta de Junho, 111 fogos, projeto do
Arq.º José Veloso (BLOCO), 1994 e anos anteriores.
Este
conjunto residencial estimula localmente uma dimensão social e de convívio e
privilegia o uso pedonal em agradáveis pequenas ruas, caracterizadas pela
integração de “verde” urbano e rústico e por uma fortíssima escala humana.
Trata-se
de um espaço de vizinhança predominantemente térreo, um agradável mundo à
altura do passeante, quase convidado a entrar nas casas, e de um forte sentido
de condomínio exterior sem barreiras, marcando, logo, a nossa entrada no
pequeno “bairro”.
Este
sentido comunitário e mesmo agradavelmente aldeão é reforçado pela posição
estratégica do café/centro de convívio e galeria de arte no principal “ponto”
urbano de chegada e partida e pelas estimulantes continuidades das ruelas em
escadinha ligadas à alameda arborizada, paisagisticamente perspetivadas,
animadas pelo “ondulado” das habitações e por um alegre cromatismo.
No
interior doméstico a conjugação espacial entre os vários níveis do vestíbulo,
da sala e do acesso aos quartos proporciona uma forte espaciosidade visual, a
cozinha integra-se totalmente na ampla sala comum e no piso superior, num
desvão sob o telhado, há uma zona evolutiva “estanque” (fechada por porta), já
equipada com redes de água e esgotos.
9. Privilegiar a investigação, a divulgação e o intercâmbio na Habitação de Interesse Social
Em
seguida apontam-se algumas orientações (ordenadas alfabeticamente) dirigidas
para o privilegiar da investigação, da divulgação e do intercâmbio de
experiências e conhecimentos no âmbito da
nova Habitação de Interesse Social (HIS) ou Habitação a Custos
Controlados (HCC):
.
Divulgação – desenvolver ações periódicas de divulgação dos estudos realizados
sobre a habitação e a HCC, em particular.
.
Estudos teórico-práticos – desenvolver estudos de investigação sobre a
qualidade da HCC, apontando-se como temas de interesse:
a
caracterização dos modos de vida de diferentes tipos de população;
a
definição de programas de exigências aplicáveis à HCC;
a
análise de soluções de sucesso, designadamente, em termos de satisfação
residencial e integração urbana;
a
avaliação regular de amostras representativas do parque de habitação de
interesse social, com um aprofundamento específico nas tipologias consideradas
, em princípio, mais problemáticas;
e a
caracterização pormenorizada de diferentes tipologias e agrupamentos
habitacionais, por exemplo, em aspetos de dinamização do convívio e da
associação para efeitos de gestão corrente.
. Intercâmbio – realizar programas de intercâmbio de experiências no
domínio da HCC com países cuja realidade sociocultural seja próxima da
portuguesa.
Fig. 23:
pormenor de uma habitação integrada num recente e excelente (cerca de
2006) conjunto de HISP/HCC, promovido pela Câmara Municipal de Matosinhos em
Monte Espinho, projecto da Arq.ª Paula Petiz; aqui aplica-se uma interessante tipologia de
pequenos multifamiliares com imagem aproximada aos unifamiliares e espaços
domésticos judiciosamente dimensionados e que, em muitos casos, se prolongam
por pequenos quintais privativos, acontecendo, por vezes, o equilibrar da menor
espaciosidade interior pela contiguidade do quintal visualmente habitável
através de grandes janelas de sacada.
.
Recomendações Técnicas de Habitação Social (RTHS) – rever as RTHS,
considerando-se, designadamente, aspetos tais como:
flexibilização
de áreas e de tipologias de fogos e de edifícios;
consideração
de novas formas de habitar;
consideração
da introdução de HCC como elemento de vitalização urbana local;
definição
de medidas de apoio técnico ao projeto e execução;
consideração
de ações de preparação e acompanhamento da ocupação pelos habitantes;
compatibilização
com novos regulamentos;
e
desenvolvimento das exigências relacionadas com o projeto urbano.
. Um renovado, informativo e formativo Prémio de Habitação de Interesse
Social Portuguesa.
Fig. 24: Gondifelos, Vila Nova de
Famalicão, 32 fogos promovidos pela Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
em 1996, com projeto dos arquitectos José Gigante e João Álvaro Rocha.
Solução destacada no Concurso participado pelo INH/IHRU “PLEA 88 –
Arquitectura adequada ao clima”, e marcada pelo uso passivo da energia solar,
através de cuidados de orientação solar dos espaços domésticos, ampla
fenestração e sombreamento, e isolamento térmico exterior (protegido por soco).
Ao nível urbano aproveitam-se os principais fluxos urbanos locais para
construir um gaveto equipado e, depois, dinamizam-se tais fluxos pedonalmente e
de nível, em boa relação com edifícios dimensionalmente muito humanizados. Os
veículos cruzam sob esta passagem pedonal, também muro de separação/ligação à
paisagem envolvente, sendo também muito interessante o contraste/ ligação
conseguido com a rocha envolvente.
O interior dos fogos é marcado/estruturado por estimulantes inovações: um
amplo e largo corredor é mais um compartimento, com variados usos (ex., acesso
a roupeiros embutidos, estar, etc.); e a cozinha tem também várias utilizações
e goza de uma agradável iluminação e ventilação naturais.
Salienta-se a circunscrição do grupo de vizinhança, afirmado na
envolvente dispersa e descaracterizada, a dignidade do desenho de arquitectura
e a sua assimilação por diversos grupos sociais, a caracterização como sítio
residencial, a associação da promoção de HCC/HISP com a recuperação de sítios
urbanística e paisagisticamente degradados (o sítio era uma pedreira desativada),
e a capacidade de aceitação de soluções edificadas e domésticas realmente
racionais e funcionais e intimamente aliadas com o aproveitamento passivo da
radiação solar.
10. A importância dos “casos de referência” na promoção de Habitação de Interesse Social
Não é
por acaso que este texto e os restantes artigos desta série editorial foram
extensamente ilustrados, pois considera-se essencial no estudo prático do que
foi e pode ser a HISP/HCC fazer constantes referências a exemplos concretos
deste tipo de promoção habitacional, sublinhando-se, assim, que é possível
fazer excelente habitação de interesse social e, muitas vezes, simultaneamente,
fazer também excelente arquitectura.
A
questão de como apurar tais casos ou exemplos de referência pode ser
razoavelmente ultrapassada, tal como aqui se fez, através da utilização de
imagens e análises de conjuntos residenciais de HISP/HCC, que integram a última
fase de promoção habitacional deste tipo (desde cerca de 1984),
estrategicamente harmonizados pelas Recomendações Técnicas de Habitação Social
(RTHS) o que lhes concede uma boa base comum comparativa e de escolha,
evitando-se estar a colocar “numa mesma balança” realidades urbanas e habitacionais
distintas e apuradas no âmbito de cerca de um quarto de século de edições
anuais do Prémio INH/IHRU, em termos dos respetivos Prémios, Menções Honrosas e
Menções de Júri, atribuídos, diferenciadamente, aos três tipos de promoção de
HCC/HISP: cooperativa; municipal; e privada em CDH(s).
Naturalmente
que um tal processo corresponde, exatamente, ao contrário da infelizmente tão
frequente tábua rasa que marca, cíclica e negativamente, muito do conhecimento
tão necessário em termos de como se pode e deve fazer o melhor possível a
HISP/HCC, malbaratando-se excelentes exemplos e conclusões, desprezando-se boas
e más soluções, e reiniciando-se ciclos viciosos de reflexões teórico-práticas
ou mesmo apenas teóricas, mas aplicadas, depois, na prática como se não se
estivesse a tratar com a vida de muitas pessoas e famílias; e nada disto se
prende a uma perspetiva “conservadora” do fazer de HCC/HISP, até porque de tal
modo se passa constantemente ao largo de tantos e bons caminhos de inovação,
privilegiando-se o simples fazer diferente, porque é diferente e às vezes nem
diferente é, apenas é mal feito.
Naturalmente
que esta é uma posição pessoal, mas tomada por quem já muito viu em termos de
HCC/HISP e que tem toda a vontade de continuar a ver mais, aprender mais e
tentar ajudar a inovar, mas apenas e sempre no sentido de uma maior adequação e
qualidade arquitectónica residencial.
E
trata-se de uma posição muito marcada pela perspetiva de se considerar que só
assim estamos no caminho de se sustentar e aprofundar, gradualmente, dois
caminhos que têm de ser íntimos aliados na HCC/HISP: o caminho da expressiva e
crescente satisfação residencial; e o caminho de uma verdadeira qualidade
arquitectónica residencial.
E neste sentido se ilustrou esta série editorial, embora haja que referir
que para um melhor conhecimento e utilidade dos exemplos de referência usados e
a usar em eventuais futuras abordagens deste tipo será muito importante
desenvolver novos conjuntos de visitas, ainda que rápidas a muitos destes
conjuntos para “respirar” a sua evolução desde a última visita e poder dispor
de um “baralho” de variadas soluções de HISP/HCC verdadeiramente habilitadoras
de uma boa vida urbana e residencial.
Fig. 25: Um, atualmente tão raro, e sempre tão estimulante e identificador/apropriador “grande pormenor” de integração de arte num conjunto habitacional, marcando um local importante na rede de percursos pedonais do conjunto de 101 fogos de HCC/HISP na Ponte da Pedra, Matosinhos, o primeiro empreendimento cooperativo de construção sustentável em Portugal, que substituiu uma área degradada ocupada por uma fábrica de curtumes e onde se aplicaram diversas soluções ambientalmente sustentáveis, ao mesmo tempo que se realizou um conjunto habitacional e urbano de habitação de interesse social; cooperativa NORBICETA (cooperativas Nortecoop, As Sete Bicas e Ceta), projeto coordenado pelo Arq. Carlos Coelho, e um empreendimento que integrou o consórcio SHE (Sustainable Housing in Europe), que foi premiado com o Sustainable Energy Europe Awards 2007 (Prémio Europeu de Energia Sustentável 2007).
Comentários de remate sobre a série “Desenvolver a qualidade arquitectónica e a satisfação residencial na nova Habitação de Interesse Social Portuguesa” e a eventual continuidade desta série editorial
Os conteúdos dos artigos da presente série editorial
– intitulada globalmente: “Desenvolver a qualidade arquitectónica e a
satisfação residencial na nova habitação de interesse social portuguesa” –, que
é rematada, para já, pelo presente artigo, acabaram por ultrapassar bastante
uma primeira ideia, muito marcada pelo aproveitamento de anteriores reflexões
sobre a matéria, mas também é verdade que, tal como acontece sempre que se
desenvolve um estudo um pouco mais aprofundado sobre uma matéria que se vive, com
gosto e esforço, desde há bastantes anos, fica, sem dúvida, a vontade de ir
mais além.
E por isso será eventualmente possível uma
continuidade da série, talvez mais associada a uma exploração diversificada dos
referidos casos de referência e a um mergulho mais dedicado em matérias
associadas a “novos” modos e soluções de habitar; mas outras ideias poderão e
deverão surgir e estou evidentemente aberto a sugestões.
E sublinha-se que, na prática, o Editorial que
antecede o presente artigo, e que foi realizado especificamente para a presente
edição, corresponde já em boa parte a um início do cumprimento dessa promessa
de continuidade e aprofundamento prático-teórico da temática urgente de como tentar
fazer a melhor Habitação de Interesse Social Portuguesa.
Gostaria,
ainda, de fazer uma curta referência específica e final ao que julgo ser a
ampla aplicabilidade nacional, mas também no âmbito da lusofonia, deste tipo de
reflexão; e muitas vezes as “vozes” de muitos amigos e colegas de para além de
mares estiveram presentes em tantas conversas havidas sobre todas estas
matérias de um habitar de interesse social tão racionalizado e amplamente
disponibilizado como humanizado e sensível a uma muito ampla diversidade de
necessidades e, modos e gostos de habitar; afinal um dá vontade de dizer que um
bom quarto é sempre um bom quarto, uma boa sala sempre uma boa sala, um bom
quintal sempre um bom quintal e uma vizinhança acolhedora é sempre uma
vizinhança acolhedora em muitas, diversas e distantes paragens, ainda por cima
quando se fala a mesma língua e se partilham bastantes raízes culturais,
embora, evidentemente, existam também excelentes e bem variadas caraterísticas
próprias e diferenciadoras.
Finalmente
não pode deixar de ser salientada a vital importância, para a concretização
desta reflexão teórico-prática, das bases humanas e bibliográficas salientadas
e repetidas, por isso, sistematicamente, na parte final de cada um dos artigos
da série nos respetivos “agradecimentos” e na “bibliografia cronológica”, mas
tem de ser evidentemente sublinhada: a
perspetiva pessoal da mesma reflexão, embora, espera-se, bastante
racionalizada através da muito longa, contínua e exigente formação
proporcionada pela minha segunda casa, o LNEC, e ligada “ao real” através da
minha assumida pertença ao ideário cooperativo habitacional desde há tanto
tempo praticado pelos companheiros da FENACHE; e , também evidentemente, que os
lapsos e os esquecimentos, que sem dúvida marcam esta reflexão, são apenas e
exclusivamente da minha responsabilidade, ficando aqui registada a firme
promessa da sua emenda em futuras versões destes textos.
Nota final sobre esta série editorial na temática da Habitação de Interesse Social Portuguesa
Tal como ficou evidente no texto
desenvolvido e ficará sublinhado nos agradecimentos e bibliografia que se
seguem, a presente série editorial, intitulada "Desenvolver a qualidade
arquitectónica e a satisfação residencial na Nova Habitação de Interesse Social
Portuguesa", muito deve à atividade realizada, ao longo de muitos anos, no
saudoso Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU) do LNEC, assim como à
atividade do INH/IHRU e, muito especialmente, ao apoio continuado da
FENACHE.
Salienta-se e sublinha-se, que os
aspetos de análise apontados no artigo foram deixados praticamente “intocados”
no que se refere às suas respetivas fontes, não tendo havido atualizações e
(re)interpretações, pois considera-se que o que está explícito tem força e
interesse bastantes.
Considerações posteriores ficarão
para outros textos/artigos.
Regista-se, finalmente, que os
eventuais lapsos, imprecisões e esquecimentos que, muito provavelmente, existem
no texto - e que serão corrigidos logo que identificados - são apenas da
responsabilidade do autor, assim como o são todas as opiniões aqui expressas.
Agradecimentos no âmbito dos diversos estudos que basearam direta e indiretamente a presente série editorial sobre Habitação de Interesse Social Portuguesa
Agradece-se ao Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU),
então Instituto Nacional de Habitação (INH), que apoiou, sistematicamente, o
desenvolvimento dos principais estudos que basearam esta série de artigos e
faz-se uma referência específica e alfabética à constante disponibilidade de
vários responsáveis do então INH, hoje IHRU, para apoiar esses estudos,
designadamente, o Arq.º Clemente Ricon, o saudoso Eng.º Defensor de
Castro, o Eng.º Hermano Vicente, o Arq.º Rogério Pampulha, o Eng.º Teixeira
Monteiro e o Arq.º Vasco Folha, bem como das excelentes equipas técnicas
do Instituto em Lisboa e no Porto, e agradece-se, também, aos inúmeros
responsáveis e projetistas dos muitos empreendimentos de Habitação a Custo
Controlado (HCC) – a nossa Habitação de Interesse Social (HIS – que foram
visitados e estudados no decurso dos estudos aprofundados de análise urbana e
habitacional retrospectiva e multidisciplinar, coordenados pelo autor, e das
metódicas visitas do Júri do Prémio INH/IHRU em que o autor participou.
Agradece-se, muito especialmente,
o inestimável trabalho, no âmbito das referidas análises retrospectivas, dos
técnicos que integraram as respectivas equipas multidisciplinares e que
pertenciam ao Departamento de Edifícios (DED) do Laboratório Nacional de
Engenharia Civil (LNEC) e a vários Núcleos do DED, com destaque para os
então Núcleo de Arquitectura e Urbanismo (NAU), Núcleo de Ecologia Social
(NESO) e Núcleo de Tecnologia da Construção (NTC) do DED, e entre eles faz-se
uma especial menção (alfabética) à continuada participação do Eng.º António
Leça Coelho (NAU), do Arq.º João Branco Pedro (NAU), da Eng.ª Fernanda
Carvalho (NTC), da saudosa Arq.ª Isabel Plácido (NAU) e da Dr.ª Marluci
Menezes (NESO); fazendo-se uma menção especial à participação pontual, mas
muito significativa, da Arq.ª Sheila Walbe Ornstein.
Agradece-se, ainda, no LNEC, todo
o apoio no âmbito das referidas análises retrospectivas, ao Eng.º José
Vasconcelos Paiva, então Diretor do DED do LNEC, à Técnica Superior Anabela
Manteigas, e, finalmente, mas nunca por último, ao Arq.º António Reis
Cabrita, que numa fase de passagem de testemunho da chefia do NAU, teve ainda a
oportunidade de apoiar de forma ampla a aprofundada as mesmas análises
retrospectivas.
Novamente fora do LNEC importa
aqui fazer um agradecimento especial e muito bem justificado ao sempre
importante e presente apoio, no âmbito dos estudos que basearam a presente
série editorial, de um amplo e bem merecedor conjunto de responsáveis e
companheiros da Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica
(FENACHE), que o autor tem também a honra de integrar, com um natural destaque
para o saudoso Dr. José Barreiros Mateus, e para os grandes Guilherme
Vilaverde, Manuel Tereso e Orlando Vargas, não esquecendo o também
saudoso Carlos Coradinho.
Faz-se, em seguida, uma
referência amiga e muito agradecida ao constante apoio e incentivo nestas
“lutas” da habitação e do “habitar” aos associados da GHabitar Associação
Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional (GHabitar APPQH),
anteriormente Grupo Habitar APPQH e, muito especialmente, aos que foram,
durante esses anos, responsáveis pelo GHabitar APPQH, entre os quais se
encontram alguns dos acima designados, mas havendo que acrescentar
(alfabeticamente) o Arq.º António Carlos Coelho, o Arq.º Carlos Nuno Lacerda
Lopes, o Dr. Dâmaso Silva, o saudoso Arq.º Duarte Nuno Simões, o Dr. João Lutas
Craveiro, o Arq.º Manuel Correia Fernandes, e o Arq.º Paulo Tormenta Pinto.
Lembra-se, finalmente, e
agradece-se a múltipla participação nestas matérias habitacionais aos membros
do Secretariado Permanente do Congresso Internacional da Habitação no Espaço
Lusófono (Secretariado Permanente do CIHEL), e de outros responsáveis
mais diretos pelo desenvolvimento dos já cinco congressos internacionais CIHEL,
abordando, frequentemente, o habitar de interesse social no âmbito da
lusofonia.
Bibliografia geral de enquadramento da temática sobre Habitação de Interesse Social Portuguesa
Apresenta-se em
seguida, organizada cronologicamente, e acompanhará os restantes artigos
desta série editorial, a bibliografia cronológica utilizada no presente estudo,
sobre a matéria da Habitação de Interesse Social Portuguesa (HIS) e sobre
qualidade arquitectónica residencial.
ONO, R. (Org.) ; ORNSTEIN, Sheila Walbe (Org.) ; Villa, Simone Barbosa
(Org.) ; FRANÇA, ANA JUDITE GALBIATTI LIMONGI (Org.) ; LEITNER, A. D. (Org.) ;
BARBOSA, Maria Beatriz (Org.); SARAMAGO, R. C. P. (Org.) ; ABATE, Tania Pietzschke (Org.) ; ROMÉRO, Marcelo de Andrade (Org.) - Avaliação Pós-Ocupação na
arquitetura, no urbanismo e no design: da teoria à prática. 1. ed. São Paulo:
Oficina de Textos, 2018. v. 1. 302p .
TAVARES, Maria - Habitações Económicas. Federação de Caixas de
Previdência. Arquitectura e modos de actuação no exercício do projecto, Porto:
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Portoi, tese de doutoramento em
Arquitectura, 2016.
National Crime Prevention Council – NCPC (autoria); Direção Geral de
Administração Interna – DGAI (edição); Ana Verónica Neves e Filipe Teodorico
(tradução) - CPTED – Prevenção Criminal Através do Espaço Construído: Guia
de boas práticas, Lisboa: DGAI, 2013, 66 p., ISBN: 978-989-8477-04-0;
edição revista e adaptada para a versão portuguesa por uma equipa que integrou
o autor desta listagem - versão original disponível em < http://www.veilig-ontwerp-beheer.nl/publicaties/cpted-prevencao-criminal-atraves-do-espaco-construido-guia-de-boas-praticas
MENDES, Maria Manuela; MAGANO, Olga - Ciganos Portugueses: Olhares
Plurais e Novos Desafios numa Sociedade em Transição. Editora Mundos Sociais,
Lisboa, 2013, 253 p., ISBN 978-989-8536-26-6. António Baptista
Coelho redigiu o capítulo intitulado "Habitação e vizinhança para famílias
de etnia cigana: algumas reflexões práticas" (9 p., 4 fig., pp. 239 a 247
do livro).
PORTAS, Nuno (coord. cient.) e AAVV - Habitação para o Maior
Número. Portugal, os Anos de 1950-1980. IHRU e CML,
Lisboa, 2013 – lançamento em 2014, 214 p., ISBN
978-972-98508-8-2; António Baptista Coelho redigiu o capítulo ilustrado
intitulado "Sobre os “anos dourados” dos conjuntos cooperativos de
habitação económica: 1974-1984" (20 p ilustradas., 12 fig., pp. 133 a 153
do livro).
COELHO, António Baptista - Qualidade Arquitectónica e Satisfação
Residencial na Habitação de Interesse Social em Portugal no final do Século
XX”, Lisboa, LNEC, Relatório 176/2011-NAU, Maio 2011, 93 pp., ilustrado
COELHO, A. Baptista; PEDRO, J. Branco; COELHO, A. Leça – 2.ª Análise
retrospectiva do parque financiado pelo Instituto Nacional de Habitação nos
anos de 1989-2005. Análise arquitectónica. Lisboa :
LNEC, 2011. (Relatório Confidencial 115/2011 – NAU).
DIAS, Jorge Miranda; LOPES, Grandão (coord.) - Conservação e
reabilitação de edifícios recentes. Cadernos Edifícios N.º 5, LNEC,
Lisboa, 2010, 218 p., ISBN 978-972-49-2197-6. António Baptista
Coelho redigiu o capítulo intitulado "Critérios a aplicar na
requalificação arquitectónica do exterior residencial" (25 p., 6 fig., pp.
37 a 62 do livro).
COELHO, António Baptista - Entre casa e cidade, a humanização do
habitar. dafne editora, opúsculos - Pequenas Construções Literárias sobre
Arquitectura, opúsculo 18, Porto, Julho 2009, 20 p., 4 fig., ISSN
1646–5253, www.dafne.com.pt/pdf_upload/opusculo_18.pdf
DGS e AAVV - Planos Locais de Ação em Habitação e Saúde – Manual
para projetos: Fichas Técnicas sobre Habitação e Saúde . Direcção Geral da
Saúde (DGS), Plano nacional de Ação Ambiente e Saúde (PNAAS), Lisboa, Novembro
de 2009, ISBN: 978-972-675-191-5; António Baptista Coelho participou na
organização do livro e elaborou os seguintes quatro capítulos:
(i) "Bem-estar na envolvente residencial" (8 p., item 2.4); (ii)
"Bem-estar e tipos de soluções habitacionais (7 p., item 2.5)"; (iii)
"Problemas sociais na habitação" (7 p., item 2.6); e (iv)
"Bem-estar e conforto ambiental no interior habitacional" (7 p.,
item 3.3) download em:
http://www.dgs.pt/?cn=552055525576AAAAAAAAAAAA
COELHO, António Baptista - Habitação Humanizada, Lisboa, LNEC, Tese
e Programas de Investigação TPI n.º 46. Lisboa: LNEC, Livraria do
LNEC, 2007. 574 p., 121 fig., ISBN 978-972-49-2120-4
LOPES, Carlos Nuno Lacerda – Projecto e modos de habitar.
Dissertação de doutoramento, Porto: Faculdade de Arquitectura da Universidade
do Porto (FAUP), 2007.
COELHO, António Baptista – Instituto Nacional de Habitação, 1984 – 2004:
20 anos a promover a construção de habitação social, Lisboa, INH,
LNEC, 2006 (456 pp., muito ilustrado) – disponível por consulta ao
IHRU, Depósito Legal n.º 242704/06.
COELHO, António Baptista; COELHO, Pedro Baptista - Habitação de
Interesse Social em Portugal: 1988 – 2005. Livros Horizonte, Horizonte
Arquitectura Lisboa, 2009, 327 p., muito ilustrado, ISBN 978-972-24-1655-9
.
COELHO, António Baptista (coord.) – Humanização e vitalização do
espaço público. Cadernos Edifícios n.º 4, LNEC, Lisboa, Livraria do LNEC,
Outubro de 2005 (Março 2006), 268 p., muito ilustrado, ISBN
972-49-2058-5.
COELHO, António Baptista; COELHO, António Leça; MENEZES, Marluci;
CARVALHO, Fernanda Rodrigues; PLÁCIDO, Isabel – 3.ª Análise Retrospetiva
do Parque Habitacional Financiado pelo INH, Anos de 1995 a 1998. Lisboa:
LNEC, 2004. Relatório Confidencial 239/04-NAU. 402 p. 178 fig. 10 quad., 8
gráf.
INSTITUTO NACIONAL DE HABITAÇÃO; PAMPULHA, Rogério (Coord.)
– Habitação a Custos Controlados, Projectos de Referência n.º 1 a n.º 8.
Lisboa: INH, Projecto de Referência, 2001 a 2004.
FERNANDES, Fátima; CANNATÀ, Michele – Guia da Arquitectura Moderna,
Porto, 1925-2002. Porto: ASA Editores, 2002, 335 p.
COELHO, António Baptista; CABRITA, António Reis; PEDRO J. Branco – A
Qualidade Arquitectónica e a Satisfação Residencial – Qualité Architectonique
et Satisfaction Résidentielle – Projeto de Investigação Conjunta LNEC/CSTB
sobre Qualidade Arquitectónica e a Satisfação Residencial. Relato de sntese
1998-2000. Lisboa: LNEC, 2001. Relatório 149/01-NA. 60 p.
HEITOR, Teresa Valsassina – A vulnerabilidade do espaço em Chelas,
uma abordagem sintáctica. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Junta Nacional
de Investigação Científica e Tecnológica, Textos Universitários de Ciências
Sociais e Humanas, 2001, 421 p.
CABRITA, António Reis; COELHO, António Baptista; FREITAS, M. João
– Gestão Integrada de Parques Habitacionais de Arrendamento Público –
guião recomendativo, MES - Secretaria de estado da Habitação, Laboratório
Nacional de Engenharia Civil, Intervenção Operacional Renovação Urbana, Lisboa,
Dezembro de 2000 (240 p.), ISBN 972-981133-6-1; António Baptista
Coelho redigiu os Capítulos 4 (Enquadramento global da gestão), 5 (Dimensões
fundamentais da gestão), 6 (Métodos e instrumentos de gestão do parque
habitacional de arrendamento público), 7 (Requalificação urbana), 8 (Integração
da requalificação e da gestão e notas conclusivas), a Bibliografia e o Anexo
III (Ação e estrutura organizativa dos Zeladores).
CABRITA, António Reis (coord.), “A Futura Habitação Apoiada”. Proc.
086/01/13758. Relatório Confidencial 75/00 – NA, 299 pp. 2000.
COELHO, A. Baptista – Qualidade arquitectónica residencial.
Rumos e factores de análise. Lisboa: LNEC, Livraria do
LNEC, 2000. 500 p. (Informação Técnica de Arquitectura, ITA
8). ISBN 972-49-1857-2.
AAVV e MEPAT , “Habitat II, Plano Nacional de Ação – Habitação”, MEPAT e
Secretaria de Estado da Habitação e Comunicações, MEPAT e SEHC, 1999, 76
p., Dep. Legal 141975/99.
BERNARDO, Jorge Almeida – INH 15 Anos a Apoiar Quem Precisa. Lisboa:
Instituto Nacional de Habitação, 1999, 124 p.
PEDRO, J. Branco – Programa habitacional. Habitação.
Lisboa : LNEC, 1999. 270 p. (Informação Técnica de
Arquitectura, ITA 5).
COELHO, A. Baptista; PEDRO, J. Branco – Do bairro e da vizinhança à
habitação. Tipologias e caracterização dos níveis físicos
residenciais. Lisboa : LNEC, Livraria do LNEC, 1998. 546
p. (Informação Técnica de Arquitectura, ITA 2). ISBN
972-49-1756-8.
COELHO, António Baptista (colaboração de Nuno Teotónio Pereira)
– Alvalade de Faria da Costa uma cidade na cidade – o mistério de
Alvalade, Palestra proferida nos Encontros da Associação dos Arquitetos
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AAP, 1998, 30 p.
FERNANDES, Francisco Barata – As formas da casa na forma da cidade,
Palestra proferida nos Encontros da Associação dos Arquitetos Portugueses –
Habitação, Construir Cidade com Habitação. Lisboa: AAP, 1998
FERNANDES, Manuel Correia – Anos 80 As Cooperativas de Habitação e o
Desenho da Cidade, a Senhora da Hora em Matosinhos, Palestra proferida nos
Encontros da Associação dos Arquitetos Portugueses – Habitação, Construir
Cidade com Habitação. Lisboa: AAP, 1998, 8 p.
PEREIRA, Nuno Teotónio (colaboração de António Baptista Coelho) – Os
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Encontros da Associação dos Arquitetos Portugueses – Habitação, Construir
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Coleção Edifícios nº 6, Lisboa, LNEC, Livraria do LNEC, 1998, 92 pp,
ilustrado, ISBN 972-49-1758-4
ELEB, Monique; CHATELET, Anne Marie
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FARIA, António – O problema das casas económicas (esboço de estudo),
Lisboa: Edições Cosmos, Biblioteca Cosmos, N.º 140/141, 7.ª Secção – problemas
do nosso tempo n.º 26/27, 1948, 195 p.
Notas editoriais gerais:
(i)
Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a
caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de
edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões
expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições
individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo
portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.
(ii)
No mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a
utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por
exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva
responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as
respetivas fontes e obter as necessárias autorizações.
(iii)
Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da
Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa
de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a
tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo
GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à
respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas
e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do
teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou
negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi
recebido na edição.
(iv)
Oportunamente haverá novidades no sentido do gradual, mas expressivo,
incremento das exigências editoriais da Infohabitar, da diversificação do seu
corpo editorial e do aprofundamento da sua utilidade no apoio à qualidade
arquitectónica residencial, com especial enfoque na habitação de baixo custo.
Recomendações para a Nova Habitação de Interesse Social Portuguesa – edição revista com Editorial – infohabitar # 941
Informa-se que para aceder (fazer download) do mais recente
Catálogo Interativo da Infohabitar, que está tematicamente organizado em mais
de 20 temas e tem links diretos para os 922 artigos
da Infohabitar, existentes em janeiro de 2025 (documento pdf ilustrado e com mais de 80
pg), usar o link seguinte:
https://drive.google.com/file/d/1vw4IDFnNdnc08KJ_In5yO58oPQYkCYX1/view?usp=sharing
Infohabitar, ano XXI, n.º 941
Edição: quarta-feira 18 de junho de 2025
Editor:
António Baptista Coelho
Arquitecto/ESBAL
– Escola Superior de Belas Artes de Lisboa –, doutor em Arquitectura/FAUP –
Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto –, Investigador Principal
com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo pelo LNEC.
Os
aspetos técnicos do lançamento da Infohabitar e o apoio continuado à sua edição
foram proporcionados por diversas pessoas, salientando-se, naturalmente, a
constante disponibilidade e os conhecimentos técnicos do doutor José Romana
Baptista Coelho.
Revista
do GHabitar (GH) Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade
Habitacional Infohabitar – Associação com sede na Federação Nacional de
Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE).
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