quarta-feira, setembro 06, 2023

Intergeracionalidade e convívio na habitação – versão de trabalho e base documental # 875 Infohabitar

Ligação direta (clicar no link seguinte ou copiar para site de busca) para aceder à listagem interativa de 840 Artigos editados na Infohabitar – edição de janeiro de 2022 com links revistos em junho de 2022 (38 temas e mais de 100 autores):

https://docs.google.com/document/d/1WzJ3LfAmy4a7FRWMw5jFYJ9tjsuR4ll8/edit?usp=sharing&ouid=105588198309185023560&rtpof=true&sd=true

 

Intergeracionalidade e convívio na habitação – versão de trabalho e base documental # 875 Infohabitar

António Baptista Coelho  – com base direta nos textos, ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo

 

Artigo XLIII da série editorial da Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma Cooperativa a Custo Controlado “PHAI3C” 

Infohabitar, Ano XIX, n.º 875

Edição: quarta-feira, 6 de setembro de 2023

 

Caros leitores da Infohabitar,

Com o presente artigo, sobre a habitação intergeracional prolongamos, ainda, o intervalo editorial, que irá até meados deste mês de setembro, relativamente à divulgação da série editorial dedicada à temática geral da Segregação sócio-espacial em contexto urbano”, da autoria do Professor Anselmo Belém Machado.

O presente artigo é o último da presente série sobre habitação intergeracional no âmbito da proposta de um Programa de Habitação Adaptável Intergeracional no âmbito de uma Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C), que visa oferecer soluções urbanas e residenciais que promovam a convivência entre diferentes gerações, que sejam adaptáveis a diferentes modos de vida e adequadas para pessoas com fragilidades físicas e mentais, sem estigmatização; e que, simultaneamente, e no referido âmbito intergeracional, ofereça soluções habitacionais para outras necessidades urgentes, como jovens e pessoas solteiras; e tudo isto com uma abordagem de gestão participativa, socialmente estimulante e financeiramente sustentável, que, naturalmente, terá sempre muito a ver com uma promoção cooperativa marcada por claras preocupações sociais e económicas.

Prevemos terminar esta série editorial sobre habitação intergeracional daqui a duas ou três semanas, depois de se editarem o que julgamos serem importantes listagens bibliográficas e de casos de referência, bem como, por último um catálogo interativo de acesso a toda esta série editorial.

Recorda-se, como sempre, que serão sempre muito bem-vindas eventuais ideias comentadas sobre os artigos aqui editados e propostas de novos artigos (a enviar, ao meu cuidado, para abc.infohabitar@gmail.com).

Com as melhores saudações a todos os caros leitores,     

Lisboa, em 6 de setembro de 2023

António Baptista Coelho

Editor da Infohabitar


Intergeracionalidade e convívio na habitação – versão de trabalho e base documental # 875 Infohabitar

António Baptista Coelho  – com base direta nos textos, ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo

Resumo

Em primeiro lugar faz-se uma introdução ao presente conjunto de artigos sobre habitação intergeracional.

Depois de uma breve introdução à posição da temática abordada no artigo no contexto do estudo do PHAI3C; correspondendo ao remate geral da matéria, desenvolvem-se, sequencialmente, os seguintes temas: caraterização do habitar intergeracional, seus limites e aspetos de futuro, designadamente, para pessoas idosas e fragilizadas; a habitação intergeracional considerada como serviço humano e urbano, em termos de luta contra o isolamento e de apoio à vitalização local; a importância das misturas sociais e funcionais nas renovadas soluções habitacionais e urbanas; e aspetos tipológicos, funcionais e sociais específicos bem relacionados com a habitação intergeracional.

 

Notas introdutórias ao presente conjunto de artigos sobre habitação intergeracional

O presente conjunto de artigos inclui-se numa série editorial dedicada a uma reflexão temática exploratória, que integra a fase preliminar e “de trabalho”, dedicada à preparação e estruturação de um amplo processo de investigação teórico-prático, intitulado Programa de Habitação Adaptável Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C); programa/estudo este que está a ser desenvolvido, pelo autor destes artigos, no Departamento de Edifícios do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), e que integra o Programa de Investigação e Inovação (P2I) do LNEC, sublinhando-se que as opiniões expressas nestes artigos são, apenas, dos seus autores – o autor dos artigos e promotor do PHAI3C e os numerosos autores neles amplamente citados.

Neste sentido salienta-se o papel visado para o presente conjunto de artigos, no sentido de se proporcionar uma divulgação que possa resultar numa desejável e construtiva discussão alargada sobre as muito urgentes e exigentes matérias da habitação mais adequada para idosos e pessoas fragilizadas, visando-se, não apenas as suas necessidades e gostos específicos, mas também o papel e a valia que têm numa sociedade ativa e integrada.

Nesta perspetiva e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho da referida investigação, salienta-se que a forma e a extensão dos artigos agora listados reflete uma assumida apresentação comentada, minimamente estruturada, de opiniões e resultados de múltiplas pesquisas, de muitos autores, escolhidos pela sua perspetiva temática focada e por corresponderem a estudos razoavelmente recentes; forma esta que fica patente no significativo número de citações – salientadas em itálico –, algumas delas longas e quase todas incluídas na língua original.

Julga-se que não se poderia atuar de forma diversa quando se pretende, como é o caso, chegar, cuidadosamente, a resultados teórico-práticos funcionais e aplicáveis na prática, e não apenas a uma reflexão pessoal sobre uma matéria tão sensível e complexa como é a habitação intergeracional adaptável desenvolvida por uma cooperativa a custos controlados e em parte dedicada a pessoas fragilizadas.

 

 

Intergeracionalidade e convívio na habitação – versão de trabalho e base documental # 875 Infohabitar

Índice geral

Breve introdução,

1. Sobre a habitação intergeracional,

1.1. A habitação intergeracional: caraterização global,

1.2. Limites da partilha habitacional: um quarto bem privatizado mais espaços comuns conviviais,

1.3. Intergeracionalidade global e coabitação: caminhos recentes,

1.4. A intergeracionalidade como futuro próximo da habitação para pessoas idosas e fragilizadas ,

2. Habitação intergeracional: serviço humano e urbano,

2.1. Intergeracionalidade residencial como processo de luta contra o isolamento e a solidão dos mais idosos ,

2.2. Da intergeracionalidade aos conjuntos habitacionais exclusivamente para pessoas idosas ,

2.3. A intergeracionalidade como um serviço prestado em troca de habitação,

3. Misturas sociais e funcionais no habitar,

3.1. Sobre alguns aspetos a ter em conta a partir do uso atual dos apartamentos,

3.2. Apartamentos com serviços domésticos coletivos (a propósito do caso histórico de Nova Iorque) ,

3.3. Mistura social e intergeracional,

3.4. Usos mistos e integeracionalidade ,

4. Habitação intergeracional: soluções e tipologias,

4.1. Intergeracionalidade  e habitação cooperativa,

4.2. Habitação para os mais jovens num quadro intergeracional,

4.3. Vantagens mútuas na convivência entre idosos e crianças pequenas,

4.4. Tipologias de vizinhanças intergeracionais e funcionalmente mistas,

Bibliografia (referências práticas),

Nota específica relativa às citações: tal como foi acima sublinhado nas “Notas introdutórias”, e tendo-se em conta a fase preliminar e de trabalho do presente estudo, ele inclui numerosas citações, todas salientadas em texto a itálico, reentrante e em tipo de letra “Arial Narrow”, algumas delas longas e quase todas apresentadas na respetiva língua original; em termos formais e tendo-se em conta essa grande frequência de citações, optou-se, por regra, pela respetiva indicação da fonte documental, respetivo título e autoria, no corpo de texto e em nota de pé de página ou de final de artigo (conforme a edição), seguindo-se a(s) respetiva(s) citação(ões) com a indicação, posterior, do(s) respetivo(s) número(s) de página(s) entre parêntesis – ex: (pg. 26) –, e, em alguns casos, mas não por regra, repetindo-se a indicação específica ao documento que “está a ser referido” e/ou à sua respetiva autoria. 

Specific note regarding citations: as highlighted above in the “Introductory Notes”, and taking into account the preliminary and working phase of the present study, it includes numerous citations, all highlighted in italicized text, reentrant and in font type. letter “Arial Narrow”, some of them long and almost all presented in their original language; in formal terms and taking into account this high frequency of citations, we opted, as a rule, for the respective indication of the documentary source, respective title and authorship, in the body of the text and in a footnote or at the end of the article (according to the edition), followed by the respective citation(s) with the subsequent indication of the respective page number(s) in parentheses – ex: ( pg. 26) – and, in some cases, but not as a rule, repeating the specific indication of the document that “is being referred to” and/or its respective authorship

 

Breve introdução

Com a presente temática, que incide especificamente, no que consideramos ser o âmago do estudo desenvolvido sob o título Programa de Habitação Adaptável Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados (PHAI3C), concluímos, na prática, a principal parte do que designámos “versão de trabalho e base documental” do PHAI3C – uma designação que se procurou explicitar nas Notas Introdutórias acima incluídas.

Nos últimos textos procurou-se avançar do mais geral para o mais particular,  numa área temática especificamente dedicada às questões tipológicas de uma habitação sensivelmente intergeracional, adaptável e participada e também já numa área que podemos designar de “ponte” para o registo e indicação de casos de referência e de exemplos práticos – matéria esta que se prevê venha a integrar, ainda, o presente estudo, provavelmente, na próxima edição, com alguma dimensão e à qual esperamos poder editar, a seguir, um Catálogo interativo que integra todos os xx artigos desta série editorial dedicada ao PHAI3C.

1. Sobre a habitação intergeracional

1.1. A habitação intergeracional: caraterização global

Naturalmente que a intergeracionalidade pode e deve ser aplicada no âmbito da própria habitação e ao serviço da evolução familiar, apoiando o crescimento e autonomização de elementos da família e acolhendo os mais idosos, também numa perspetiva de grande autonomia de uso de uma parte da habitação.

Estas possibilidades serão mais facilitadas quando a habitação é um edifício unifamiliar, mas também serão possíveis em habitações integradas em multifamiliares desde que caraterizadas por aspetos específicos como dois acessos alternativos aos espaços comuns e estruturações interiores da habitação proporcionando a sua subdivisão parcial.

Num documento oficial francês relativo ao “habitat intergeracional”, referido no Portail National d’Information pour l’Autonomie des Personnes Âgées et l’Accompagnement de leurs Proches, este é definido como “um conjunto de habitações concebido para acolher diferentes gerações … que não partilham a mesma habitação, mas vivem num mesmo conjunto residencial”, e acrescenta-se que são habitualmente promotores de habitação de interesse social em parceria com associações ou investidores privados que iniciam este tipo de projetos”; e cita-se, em seguida, o referido Portail:[1] (negrito nosso)

Par définition, l’habitat générationnel s’adresse à tout le monde et à tous les âges. Les personnes âgées peuvent y trouver un environnement plus sécurisant et vivant.

… Un immeuble intergénérationnel peut,  par exemple, être composé d’1/3 d’appartements conçus pour des étudiants, 1/3 pour des familles et 1/3 pour des personnes âgées.

Les surfaces des logements sont pensées en cohérence avec les besoins des différents habitants : plusieurs chambres pour les familles, studios pour les étudiants, 3 pièces pour les personnes âgées.

No mesmo documento, que acabou de ser citado, salienta-se que os objetivos fundamentais do habitat intergeracional são “ (i) valores de solidariedade entre gerações, entre vizinhos; (ii) vontade de lutar contra o isolamento dos estudantes e das pessoas idosas; vontade de melhorar a qualidade de vida dos habitantes”. Acrescenta-se, ainda, que a intergeracionalidade habitacional quando promovida por entidades ligadas à habitação de interesse social tem também uma vocação de interesse  social, sendo que “deve ser adequada a pessoas aposentadas com poucos rendimentos.”

E assim, mais uma vez, a intergeracionalidade se liga à habitação de interesse social em termos de promotores e potenciais moradores.


1.2. Limites da partilha habitacional: um quarto/fogo bem privatizados mais espaços comuns conviviais

As residências de estudantes constituem, provavelmente, uma solução residencial onde a convivência e a entreajuda intergeracionais poderão ir buscar (pistas de) soluções de harmonização entre vivências individuais, pois uma formação superior, associada a um claro sentido de necessidade de alojamento, que são aspetos caraterizadores do estudante universitário à procura de um apartamento compartilhado, poderão ter facetas, em parte, similares, a idosos que procurem manter uma boa parte da sua privacidade individual, juntando aspetos práticos de poupanças nos custos da vida diária, com aspetos  estratégicos em termos de apoios pessoais diversos (ex., de saúde e sociais), que aí se possam concentrar mais facilmente, e ainda aspetos potenciais de algum convívio natural e mesmo de entreajuda.

Neste sentido e usando algumas das reflexões que integram um estudo desenvolvido no âmbito do sempre excelente PUCA, intitulado Architecture et logements des jeunes : comment réinventer ? [2], podemos considerar que para evitar ou suavizar o designado “efeito de massificação” (effet de masse) que tende a ser produzido por um elevado número de células privadas servidas por uma mesma circulação comum, há que transformar esta circulação em mais do que isso, apenas, atribuindo-lhe aspetos conviviais e mesmo de alguma “pontual” estadia, sendo que, tal como se defende no referido estudo do PUCA, muito provavelmente, um equipamento muito desenvolvido de cada uma dessas células privadas limita sensivelmente os aspetos de socialização potencialmente exercidos nos referidos espaços comuns e designadamente naqueles mais próximos do espaço privado (avançamos nós com esta última ideia).

Há no entanto que avançar nestes paralelismos com muito cuidado, sendo que o que provavelmente será bem verdade para uma residência com quartos privados e espaços comuns, dedicados a jovens em formação superior, não o será, pelo menos inteiramente, para uma solução com apartamentos privados e também com espaços comuns, não apenas circulatórios, mas dedicados a um elenco habitacional interegracional.

Aspetos a reter, sem dúvida, são a importância da existência de um quarto bem privatizado como reduto último da nossa privacidade, apropriação e identidade – uma condição da qual podemos retirar variadas ideias práticas para diversas soluções tipológicas residenciais –, o interesse de existirem espaços comuns conviviais em grande proximidade aos referidos quartos bem privatizados – provavelmente uma condição cuja importância tende a subir consoante a menor mobilidade dos residentes – e, ainda, que num âmbito residencial intergeracional aplicado a uma conjugação de apartamentos privados e espaços comuns habilitadores de uma convivialidade natural, a questão de um maior ou menor desenvolvimento e equipamento das cozinhas privadas poderá ser, eventualmente, matéria opcional e até evolutiva, pois provavelmente vamos tender a cozinhar menos vezes e menos tempo à medida que envelhecemos e a possibilidade de se tomarem refeições em espaços comuns constitui, claramente, o principal motivo naturalmente potenciador do convívio entre residentes; uma condição que se julga, não deve ser aceite de forma “única”, mas sim acompanhada pela possibilidade de se ter, “em casa” uma cozinha desafogada e bem equipada onde até a preparação de refeições e o cozinhar possam ser passatempo e atividade criativa a aprofundar.

Também se pode retirar de uma reflexão sistemática e sabemos muito frequente sobre a importância da disponibilização de um quarto privado, ainda que pequeno e muito dirigido simplesmente para o dormir e o repouso, como “mínimo” de condição de privacidade e identidade, que esta condição também se liga a uma possível predisposição para o convívio nos espaços comuns próximos, pois como temos logo ali o nosso último recurso em termos de privacidade e isolamento, talvez estejamos mais abertos à socialização, o que provavelmente não acontecerá se não existir esse último reduto, gerando-se, provavelmente, reações negativas e de rejeição do conjunto dessa solução, verdadeiramente, de alojamento.

Continuando esta reflexão e por idêntica razão, julga-se que tais condições reforçadas e agradáveis de privacidade e identidade devem marcar os quartos dos apartamentos integrados em soluções residenciais intergeracionais, propiciando que neles o convívio “social” aconteça de forma ativa nos respetivos espaços de entrada e essencialmente de estar do fogo, condição esta que, provavelmente, e traçando-se aqui mais um paralelismo, poderá levar a um convívio mais alargado nos espaços comuns do edifício, convívio este que também ganhará com a possibilidade de um convívio mais privado, limitado e agradavelmente doméstico e íntimo nos referidos apartamentos privados e, alternativamente, com um convívio mais aberto, espacialmente mais desafogado, mais equipado até, pontualmente, relacionado com o exterior de uso público contíguo ou próximo, que se poderá desenrolar de uma forma plenamente premeditada ou estimulantemente casual nos espaços comuns da intervenção residencial intergeracional.

E atente-se, já agora, na importância de uma tal caraterização intergeracional dos respetivos residentes e seus visitantes, no que se refere a um potencial dinamizador específico desse convívio mais aberto nos referidos espaços comuns, que tenderão a refletir uma natural mistura de gerações e não uma antinatural “monotonia” geracional que inclua apenas pessoas idosas e muito idosas.

No que se refere mesmo à questão da “partilha habitacional” (em francês referida, interessantemente, como colocation) ela pode ser uma solução para os mais jovens, designadamente, numa fase inicial de autonomização, até devido a limitações financeiras, mas não parece ser aceitável para as pessoas idosas conscientes; voltando a poder ser uma opção eficaz no caso de pessoas acamadas e já muito dependentes – o que se refere a soluções residenciais que não são as visadas com o PHAI3C.

Mas atente-se à possibilidade de no âmbito de uma intervenção residencial intergeracional adaptável e participada poderem existir habitações partilhadas por pessoas mais jovens e, até, eventualmente alguns quartos essencialmente destinados a arrendamento durante períodos curtos, tal como se aponta no referido estudo intitulado Architecture et logements des jeunes : comment réinventer ?: [3]

Malgré la tendance contemporaine à l’individualisme, les jeunes, demandeurs de convivialité, ne sont pas contre le partage de leur logement; il existe une réelle demande pour un type d’habitat réunissant autour de certains usages (salon, cuisine, salles de travail) un nombre relativement restreint de personnes. Face à la demande croissante de vie communautaire, la colocation à travers l’expérience du vivre ensemble entre pairs, permet de favoriser diverses formes de sociabilité et d’intégration des jeunes.  (pg. 4)

No estudo que acabou de ser citado apontam-se, também, e são já em seguida citados, vários aspetos considerados bem importantes, tanto na sua aplicação direta aos apartamentos compartilhados, que é a razão específica do estudo, como também numa reflexão mais ampla e essencial sobre a natureza dos espaços privados e comuns que integram uma solução residencial composta de apartamentos diversificados e intergeracionais, referindo-se aspetos vitais de adaptabilidade, espaciosidade, definição de agradáveis microespaços e caraterização ambiental e residencial: (negrito nosso)

Comment créer un lieu de résidence et d’étude pour une durée limitée qui soit en même temps un réel lieu de vie ? Quel est le meilleur équilibre entre les parties communes et les cellules d’habitations ? Qu’il s’agisse d’agencement, d’équipements, de mobiliers, quelles solutions les concepteurs peuvent-ils apporter à l’intérieur des logements pour optimiser ces petites surfaces ? Quels services collectifs adaptés aux besoins des populations juvéniles peut-on proposer ? Il n’existe pas de réponse unique et il semble primordial de penser une diversification de l’offre et de prévoir l’adaptation possible pour une population en constante évolution. (pg. 4)

Quel partage des espaces ? Comment aménager l’intérieur des logements pour éviter les contraintes de la promiscuité ? Selon Madeleine Pastinelli, Professeur de sociologie de l’Université de Laval à Québec, les appartements qui se prêtent le mieux à la colocation sont ceux qui permettent de concilier la distance et le vivre ensemble. Ce sont des appartements dans lesquels chacun a une chambre à coucher, celleci demeurant une chambre à coucher et non un lieu à vivre.

… L’espace idéal, en colocation, est aussi un appartement dans lequel on trouve un salon et une cuisine, suffisamment grands pour qu’on ait envie d’y passer du temps, qu’on puisse y recevoir des invités, qu’il y ait des espaces assez distincts les uns des autres pour qu’un colocataire puisse regarder un film au salon pendant qu’un autre reçoit des amis dans la cuisine. Il faut que la configuration de l’espace permette à chacun de s’isoler un minimum et contribue, en même temps, à rendre le contact et la coprésence inévitable à certains moments. (pg. 5)


1.3. Intergeracionalidade global e coabitação: caminhos recentes

Agora que estamos já na área dos aspetos mais práticos que devem caraterizar um espaço residencial expressivamente amigo das pessoas mais idosas e fragilizadas e, consequentemente, sensível a aspetos específicos e críticos do envelhecimento humano, vamos pontuar as nossas reflexões com alguns aspetos de pormenor que decorreram já de intervenções concretas desenvolvidas, designadamente, em países em que a “revolução grisalha” se faz sentir já há mais tempo e onde as preocupações com as alterações que tais mudanças demográficas provocam na estrutura familiar e nas respetivas tensões multigeracionais e intergeracionais, tal como se regista no estudo do International Longevity Center (ILC), intitulado Global perspectives on multigeracional households and intergerational relations , que é, em seguida, referido e citado. [4] (negrito nosso)

Em França o estudo referido aponta existir uma tendência no sentido do reforço das relações intergeracionais, devido, essencialmente, ao aumento da espectativa de vida em boas condições de saúde; o que evidencia a importância de uma “nova” e grande geração de “novos idosos”, designados por “avós ativos” e que desempenham um amplo leque de tarefas no âmbito da respetiva família alargada; (pg. 17) assim as suas condições residenciais o facilitem, por exemplo, em termos de localização e proximidade aos restantes membros da família.

A questão da autonomia residencial dos “avós ativos” é também um aspeto importante e que atualmente está cada vez melhor servido em termos de apoios tecnológicos (ex., TIC) e serviços domiciliares diversificados; “sobra”, no entanto, a faixa etária dos “grandes idosos” com reduzida, ou mesmo sem, autonomia, que apesar de tudo estará cada vez mais apoiada através desses apoios e serviços, sendo essencial, para isso, que se desenvolvam ações de integração e facilitação do acesso a tais dispositivos e serviços e tendo em conta os frequentes problemas de iliteracia tecnológica e de uma frequente reduzida capacidade de dialogo e de interação, que se torna mais crítica quando envelhecemos.

E julga-se que tais aspetos que foram, aqui apontados para a atual sociedade francesa, serão bastante generalizáveis a toda a Europa, tal como aponta no referido estudo do ILC:

There exists significant innovation in the different forms of support available to help older people maintain their independence in their own home, including specialist equipment within the home, social assistance, assistive technologies, meals-on-wheels, and nursing care. Nevertheless, family members still shoulder a large burden of care in many cases, although some respite care can be provided to the care giver. In contrast to the oldest old, the youngest elderly have higher incomes, and are often in a situation to support their children financially. (pg. 19)

No Japão cuja sociedade sofre, desde há bastante tempo, os impactos da “revolução grisalha” associada a ambientes urbanos, frequentemente, densificados, o estudo que está a ser referido, aponta como problemas críticos a existência de muitas pessoas idosas a viverem sozinhas, e ainda o problema de muitas situações de idosos a cuidarem de idosos, sejam ou não casais; a língua japonesa tem mesmo um termo específico para os “cuidados entre idosos”  (“Rou-Rou Kaigo” ), tal como se indica no estudo que está a a ser referido. (pg. 22)

Relativamente a estas problemáticas – idosos a viverem sozinhos e casais de idosos ou idosos a cuidarem de idosos – há que salientar que elas são, também, já muito sentidas na Europa e designadamente em Portugal; sendo que acabam por constituir razões importantes para o desenvolvimento do PHAI3C, tal como já várias vezes apontámos neste estudo – seja pelos contributos de convivialidade natural que os espaços comuns residenciais poderão oferecer, seja pelos serviços domiciliares que poderão ter apoio facilitado no âmbito dos respetivos condomínios.

Uma questão que tem estado na ordem do dia no Japão e que podemos também partilhar, aqui na Europa, é a noção crescente que se tem apurado relativamente à importância dos laços familiares e comunitários no acompanhamento de eventuais situações de crise e designadamente do processo de envelhecimento humano; aspeto este sublinhado no estudo do ILC que está a ser referido:

In the field of elder care specifically, Comprehensive Community Care System” has been under development so that older people themselves, family members, and the whole community, can play a more active caring role, thereby encouraging the participation of every generation in providing care. (pg. 22)

No caso dos Países-Baixos, outra sociedade bastante envelhecida e sempre na primeira linha da investigação prática sobre novos modos de habitar e de renovadas soluções residenciais conviviais e participadas, o estudo referido indica existir uma tendência no sentido dos mais idosos procurarem soluções residenciais independentes dos seus descendentes, e , portanto, evitando casos de coabitação entre pais idosos e filhos, condição esta que se torna mais evidenciada nos casos de famílias com graus educacionais mais elevados (pg. 27, 28), tal como se salienta no estudo que está a ser referido; uma situação que se julga abarcar duas subsituações “formalmente” distintas, que correspondem ao caso dos filhos que vivem na habitação dos pais ou ao caso dos pais que vivem na habitação dos filhos.

Claramente considera-se que tais condições são também sentidas em Portugal, colocando-se, talvez, de forma mais crítica, quando existem níveis culturais distintos, quando a relação familiar é menos coesa e quando os idosos são menos autónomos e exigem mais cuidados pessoais.

Naturalmente que tais soluções de coabitação são alternativas ao desenvolvimento de uma oferta residencial intergeracional ligada a espaços e serviços comuns; mas considera-se que faria todo o sentido que integrassem um amplo leque de ofertas residenciais amigas dos idosos e fragilizados e sendo que tanto a coabitação como intergeracionalidade residencial muito ganham com o desenvolvimento dos serviços pessoais domiciliares – ganhando estes com as concentrações residenciais intergeracionais.


1.4. A intergeracionalidade como futuro próximo da habitação para pessoas idosas e fragilizadas

Tal como se refere no próprio título de um estudo da European Federation for Living (EFL) - Accessible and Intergenerational Living – a habitação intergeracional deverá estar na primeira linha das recentes preocupações com a inadequação habitacional na Europa, tendo-se em conta o atual e futuro quadro demográfico e visando-se a inovação habitacional no sentido da autonomia dos residentes.[5]

O referido estudo ligou-se ao projeto Interreg NWE, intitulado IStay@Home, onde se apontaram diversos níveis de automação doméstica, capazes de suportarem pessoas idosas com variados graus de autonomia em termos de vida diária e, portanto, associáveis em termos de um agrupamento residencial intergeracional ou de uma opção de continuidade na própria habitação; níveis esses de automação que são em seguida citados: (negrito nosso)

… 5 levels of home automation, where, within the scope of home automation, we mention these levels: (negrito nosso)

.    Homes which contain intelligent, communicating objects

.    Homes contain appliances and objects which function intelligently in their own right and which also exchange information between one another to increase functionality.

.     Connected homes – homes have internal and external networks, allowing interactive and remote control of systems, as well as access to services and information, both within and beyond the home.

.    Learning homes – patterns of activity in the homes are recorded and the accumulated data are used to anticipate users’ needs and to control the technology accordingly.

.    Attentive homes – the activity and location of people and objects within the homes are constantly registered, and this information is used to control technology in anticipation of the occupants’ needs. (pg. 7)

No mesmo estudo, intitulado Accessible and Intergenerational Living, salienta-se que a existência de uma separação entre apoios habitacionais e apoios pessoais torna essencial o desenvolvimento de uma plataforma integradora dos serviços prestados por diversas entidades e pessoas, de modo a que o residente e, designadamente, o residente idoso, fragilizado e (dizemos nós) frequentemente ainda infoexcluído, não tenha de dialogar com muitas e diferentes interfaces. (pg. 8)

Depois o referido estudo aborda o importante objetivo de uma integração entre os cuidados sociais e os cuidados pessoais de bem-estar e de saúde, considerada estratégica no que se refere à qualidade de vida das pessoas idosas e, dizemos nós, numa perspetiva de habitação intergeracional na qual os mais idosos e fragilizados possam contar com tais cuidados prestados, em grande parte dos casos, ao domicílio, de certa forma separando-se a vertente residencial à dos cuidados pessoais, uma condição que é a base de uma positiva intergeracionalidade. (pg. 9)

No estudo que está a ser referido aborda-se, também, a possibilidade de uma intergeracionalidade residencial baseada em aspetos de automatização e informatização e em simples trocas de serviços entre habitantes mais e menos idosos.

Salienta-se a importância que se julga terem estes aspetos mais tecnológicos e que possam ser aplicados e/ou preparados em termos de instalação com antecedência, ficando, assim, potencialmente mais económicos e melhor instalados.

E generaliza-se no que se refere à aplicação destas medidas tecnológicas de adequação e de amigabilidade da habitação relativamente aos mais idosos e fragilizados, registando-se que estes aspetos aliados aos aspetos de adaptabilidade passiva dos diversos espaços da habitação a diversas necessidades e formas de vida, são ambos responsáveis pela conversão do espaço habitacional privado potencialmente intergeracional num espaço habitacional específica e adequadamente intergeracional e mesmo com adaptações e versões especialmente adequadas, por exemplo, às necessidades e formas de vida diária de um dado habitante com determinados condicionamentos e gostos.

Uma outra questão, mais pormenorizada, mas também muito importante refere-se à necessária integração dos diversos meios tecnológicos domésticos disponíveis no sentido do apoio a necessidades e formas de vida específicas dos habitantes e designadamente daqueles mais fragilizados; isto, evidentemente, no sentido de se obter a máxima eficácia na resposta de tais meios tecnológicos, designadamente, face a situações de emergência, nas quais qualquer pessoa e designadamente pessoas com iliteracias informáticas e fragilidades várias não irão poder, com certeza, lembrar-se, por exemplo, qual a plataforma a chamar para ações de emergência e qual o meio para a ativar.

E a título de exemplo julgado significativo e com base ainda no mesmo estudo da European Federation for Living (EFL) , que tem estado a ser referido, salienta-se a importância que tem a consideração e o adequado combate ao risco de quedas domésticas como aspeto essencial em soluções residenciais intergeracionais e, portanto, adequadas aos habitantes mais idosos – as quedas domésticas são, de longe, o principal acidente doméstico associado a idosos –, salientando-se nesta área específica, a importância que têm as condições de adequada iluminação, referidas a exigências gerais de adaptabilidade e conforto ambiental que também terão aspetos tecnológicos a considerar (ex., centralização de controlos, sensores de movimento, rotinas de iluminação) – e as condições tecnológicas de pedido de apoio (ex., reconhecimento de voz para pedido de apoio, alarme de queda, e até câmeras com rotinas de mergência) (pg. 10)

2. Habitação intergeracional: serviço humano e urbano

2.1. Intergeracionalidade residencial como processo de luta contra o isolamento e a solidão dos mais idosos 

A propósito de um dos casos de intergeracionalidade residencial mais recentes e conhecidos em Espanha, localizado em Alicante – e são ainda poucos os casos, diga-se registam-se, em seguida, algumas considerações retiradas de uma entrevista de Losa Garridos a Mayte Fernández Sarrión, técnica do respetivo município, que foi um dos promotores da iniciativa. [6] 

A título de nota prévia destaca-se que o tema e título da entrevista sublinha a importância da intergeracionalidade residencial na luta contra a solidão e o isolamento, que são verdadeiras “doenças” graves e frequentes nos idosos.

E ficamos com partes da referida entrevista de Losa Garridos a Mayte Fernández Sarrión: (negrito nosso)

Al final se hizo un proyecto en el que estaba incluido el centro de salud, un centro de día para mayores y viviendas en la parte de arriba de estos dos centros. Aparte de un parking público en la parte de abajo. (pg. 1)

… Todo proyecto que incluye a personas va a tener cosas que no esperas. Si no tuviera esos problemas el proyecto moriría. Las base de nuestra idea está en la proporción de jóvenes y mayores. En Barcelona se hizo un proyecto de mitad jóvenes y mitad mayores y fue un absoluto desastre.

Los mayores tienen que valerse por sí mismos, es la definición del requisito, o si tienen a alguien que les ayuda a valerse por sí mismos. Es decir, que no requieran un tratamiento especializado.

Los jóvenes tienen que tener entre 18 y 35 años, unos ingresos mínimos para pagar el alquiler y tener en currículum algún tipo de habilidad relacionada con el trato con las personas. Que luego sepan hacer algo es un plus.

Y luego están las condiciones del Patronato de Vivienda, como llevar empadronados dos años en Alicante los jóvenes, y cinco en el caso de los mayores.

…¿Qué tienen que hacer los jóvenes para estar allí?

No están para hacer trabajos pagados. No queremos que sean los trabajadores sociales que ayudan a los mayores. Los más mayores lo entienden como “el buen vecino”. Ese personaje que era habitual en la sociedad pero que en las grandes ciudades se ha perdido. Lo que se pretende es que si en un día y medio no has visto a tu vecino, te preocupes por él y sepas si está bien. Si está bien, perfecto, si no, da la voz de alarma. Además, los jóvenes se comprometen en la parte social del contrato a dedicar dos o tres horas semanales a algún tipo de actividad.

Normalmente esas horas son los talleres y las reuniones de planificación y coordinación que tenemos cada 15 días.

… ¿Hay algo que cambiar?

… Sí, por ejemplo, que los jóvenes no se tengan que marchar a los 35 años. Para mí está siendo bastante dramático tener que decirles a los chicos que se vayan, porque ninguno quiere irse. También cambiaría el servicio al edificio. (pg. 2)

Podemos retirar da leitura destes aspetos de análise que a intergeracionalidade não deve ter baias estanques em termos de gerações.


2.2. Da intergeracionalidade aos conjuntos habitacionais exclusivamente para pessoas idosas

A visada adequação residencial e urbana às pessoas mais idosas e fragilizadas é mais simples de resolver, pelo menos aparentemente, através da promoção de conjuntos habitacionais a ocupar exclusivamente por idosos, que têm surgido procurando substituir os antigos “Lares” e “Casas de Saúde” por uma oferta tendencialmente muito mais residencial do que de assistência institucional.

Assim aconteceu em Portugal através de promoções realizadas por grupos financeiros ligados à banca e ao sector hospitalar, desenvolvendo-se uma oferta com custos muito elevados e assim também aconteceu em Espanha, tal como aponta Fernando Barciela no artigo sugestivamente intitulado Ciudades para la tercera edad, onde é possível identificar um conjunto de empresas que têm trabalhado nesta área em Espanha e que é, em seguida, extensamente citado:  [7] (negrito nosso)

Las primeras iniciativas llegaron de la mano de empresas asociadas a los grupos residenciales, entre ellas inmobiliarias que vieron una oportunidad en el alto envejecimiento de la población y en el rechazo de las personas mayores a perder autonomía. Más tarde llegaron las firmas especializadas del sector — Ballesol, SARquavitae, Caser Residencial, Sanyres—, que construyeron edificios y urbanizaciones para jubilados. SARquavitae, con tres de estos complejos, fue pionera; abrió su primer centro en 2000 y tiene una ocupación en sus centros de entre el 60% y el 70%. Sanyres, también con tres complejos, se lanzó al segmento en 2002…

"Puedes hacer tu comida o bajar al restaurante", explica Ramón Berra de Unamuno, director general de Sanyres. "Entras y sales, recibes las visitas, es tu casa. Es una gran diferencia con la residencia tradicional, en la que tienes que aceptar una cierta disciplina horaria para que el centro sea manejable". Eso sí, con una serie de servicios y atenciones sanitarias que mejoran la calidad de vida (al eliminar, por ejemplo, la ansiedad ante posibles problemas de salud).

Los edificios combinan las ventajas de una vida independiente y las garantías de asistencia médica y técnica

En Adorea, de SARquavitae, ofrecen por el precio básico del apartamento un servicio de asistencia médica y enfermería, acceso gratuito a Internet, pulsadores de alarma en los apartamentos y el uso de las zonas comunes; restaurante, salas de estar con TV, biblioteca y sala de prensa, gimnasio, sala de juegos… Servicios como el aparcamiento, la limpieza, la consulta médica o la fisioterapia y rehabilitación, hay que pagarlos aparte.

Las firmas del sector alquilan estos apartamentos por semanas, meses o años a un precio que, limitándose a lo básico, no es muy elevado. "En Madrid, el alquiler y el paquete básico", apunta Berra, "asciende a unos 1.200 euros al mes. En León está sobre los 800"…

Luego hay que añadir a este precio los servicios más específicos, que se contratan solo en función del uso. De ahí que el promedio de precio total en el centro de Caser en La Moraleja (Madrid) "esté sobre los 1.800 euros, lo que incluye atención médica 24 horas, equipo de enfermería y el uso de las zonas comunes", apunta Valentín García, director general de Caser Residencial, que añade que la luz y el servicio de limpieza van aparte. Y aun cuando las compañías están publicitando estos centros para personas a partir de los 50 o 55 años, lo habitual es que los usuarios tengan edades más avanzadas. "En nuestros centros", señala Berra, de Sanyres, "la media de edad está sobre los 83 o 84 años. Se trata de gente que está bien físicamente".

Como era de esperar, en muchos lugares de España están surgiendo este tipo de complejos al margen de la oferta de las grandes empresas residenciales. Cooperativas de mayores, pequeños grupos empresariales y hasta firmas inmobiliarias y de la construcción han visto un nicho interesante. Uno de estos complejos es el de Profuturo, en Valladolid: tres edificios con 127 apartamentos que se autocalifica como uno de los más vanguardistas de España.

… También hay cooperativas como Vitápolis, en Toledo,

Uma das formas encontradas para se reduzirem e otimizarem os custos de funcionamento dos conjuntos residenciais exclusivos para pessoas idosas é realizá-los na vizinhança muito próxima ou na contiguidade de instituições dedicadas à habitação assistida para idosos; o que, na prática, pode vir a anular parte do seu interesse em termos de ambiente não institucional e a tornar muito difícil a sua escolha por pessoas que não sejam idosas ou mesmo muito idosas, anulando-se, assim, o seu potencial intergeracional, tal como refere Fernando Barciela no artigo que está a ser citado:

… con el fin de conseguir precios más competitivos, instalando el centro junto a una residencia tradicional pero con accesos diferentes. García, de Caser, reconoce que la razón de que muchas empresas implanten el complejo al lado de la residencia convencional es económica y de gestión. "Hacer un edificio en otro lugar, con sus propios servicios sanitarios y de asistencia tendría un precio prohibitivo".

É interessante salientar que neste artigo, que está a ser referido, se identificam como fatores que reduzem a vontade dos idosos mudarem de habitação a existência de cuidados pessoais domiciliares e o desenvolvimento dos meios tecnológicos de apoio e comunicação na habitação; aspetos que, mais uma vez , apontam para a “divisão das águas” no que se refere à habitação amiga dos idosos entre soluções intergeracionais plenamente residenciais e vitalizadamente urbanas onde sejam perfeitamente possíveis e até facilitados cuidados pessoais domiciliares com variadas naturezas (estruturação passiva e instalações prévias dos fogos), e soluções para-hospitalares muito dirigidaspara pessoas sem autonomia ou muito condicionadas.

 

2.3. A intergeracionalidade como um serviço prestado em troca de habitação

Esta mesma estratégia de intergeracionalidade desenvolvida como um serviço diversificado e bem definido que os habitantes mais novos prestam aos habitantes mais idosos e fragilizados de uma dada vizinhança de proximidade, que é, sem dúvida, uma das dimensões da mesma intergeracionalidade residencial, e que inclusivamente poderá ser integrada no âmbito de uma intergeracionalidade relativamente natural entre diversas gerações nessa vizinhança, é aplicada nos Países Baixos, tal como aponta Carey Reed no seu artigo intitulado Dutch retirement home offers rent-free housing to students, que é em seguida citado e comentado: [8]

Neste caso e tal como é referido no artigo,  seis estudantes universitários de escolas próximas são vizinhos de edifício de cerca de 160 pessoas idosas, tendo contratualizado atividades de convívio e companhia a estes idosos no mínimo 30 horas/mês, atuando como “bons vizinhos”, e, em troca, habitam pequenos apartamentos sem pagar renda, sendo que a única regra para os estudantes é não perturbarem os idosos  – caso da “habitação assistida para aposentados” (“nursing home”) em Deventer, que integra a organização Humanitas; mas atenção que os jovens estudantes não são “cuidadores”, quando muito serão “visitantes”.

E citam-se algumas interessantes considerações do referido artigo de Carey Reed: (negrito nosso)

Humanitas head Gea Sijpkes said in an email to PBS NewsHour.  Officials at the nursing home say students do a variety of activities with the older residents, including watching sports, celebrating birthdays and, perhaps most importantly, offering company when seniors fall ill, which helps stave off feelings of disconnectedness.

Both social isolation and loneliness in older men and women are associated with increased mortality, according to a 2012 report by the National Academy of Sciences of the United States of America. The students bring the outside world in, there is lots of warmth in the contact.”

Similar intergenerational programs exist in Lyons, France and Cleveland, Ohio, according to the International Association of Homes and Services for the Ageing. One program that began in Barcelona, Spain in the late 1990s has been replicated in more than 20 cities throughout the country. (pg. 2)

Numa mesma perspetiva de intergeracionalidade residencial prestada como um serviço poderemos considerar as tarefas de convívio e apoio formativo que os idosos podem prestar a crianças pequenas, por exemplo, no âmbito de uma intervenção urbana funcionalmente mista, que integre diversas valências, entre as quais habitação amiga de idosos e equipamentos de apoio à infância, tal como acontece já em alguns casos, designadamente no Reino Unido e no Japão, país este que se debate com uma das maiores taxas de envelhecimento residencial a nível mundial.

Ainda numa perspetiva de intergeracionalidade prestada um pouco como um serviço e também pelos habitantes mais idosos, salienta-se, ainda, a conjugação de intervenções de habitação amiga dos mais idosos em granes equipamentos urbanos centrais, que, desta forma, ganham uma vida mais intensa, etariamente diversificada e continuada (ex., conjunto de habitação para idosos integrado num novo grande mercado de Barcelona).

E julga-se que qualquer uma destas opções tem muito a explorar, positivamente, para os idosos que nelas participam e para os respetivos bairros e cidades.

Desta forma chegamos ao que parece ser  mais um dos “mandamentos” da intergeracionalidade que, ou é o mais possível natural, mimetizando a mistura geracional que devemos ou deveríamos encontrar nas nossas vizinhanças e nos nossos edifícios, ou, quando se refere a uma qualquer “troca” ou compensação por determinados serviços ou ações, realizados aos idosos ou pelos idosos, deve resultar num ganho mútuo de todos os envolvidos, tal como se defende no Programa de Alojamiento Alternativo: Convivencia Intergeracional y Ayuda Mutua, desenvolvido por diversos autores da Universidad de Deusto, Bilbao, Bizkaia e de um amplo conjunto de outras entidades (abaixo apontadas): [9]

Principio de mutualidad. No conce­bir el programa de cohabitación ni los programas intergeneracionales como iniciativas en las que una parte ofrece un servicio de proveedor y otra de receptor sino como un ejercicio de ganar-ganar donde opera el principio de mutualidad y donde ambas partes reconocen su contribución y su res­ponsabilidad ante la otra parte.

Programa este - Programa de Alojamiento Alternativo: Convivencia Intergeracional y Ayuda Mutua - onde se identificam dois outros importantes aspectos que devem ser garantidos em qualquer intervenção intergeracional; relativos ao seu adequado acompanhamento e aos cuidados a ter com os participantes: 

Integración de otras personas en los procesos de seguimiento. Es muy importante poder integrar a otras per­sonas en los procesos de seguimiento y control como pueden ser, … las propias familias de las perso­nas mayores o de las y los estudiantes para poder identificar posibles riesgos en la cohabitación.

Atención a los riesgos para las per­sonas participantes. Un programa de convivencia intergeneracional puede suponer unos riesgos para las perso­nas participantes que los equipos pro­motores de la iniciativa y coordina­ción deben conocer y atender. En el proceso de evaluación y adaptación se ha de asegurar que las personas participantes puedan identificar estos riesgos y poder tomar decisiones ade­cuadas en cada caso.

Refere-se ainda que a Universidad de Deusto promove este programa, na prática, no âmbito dos seus próprios alunos e no fomento de um conjunto amplo de valores de respeito, reciprocidade e solidariedade, considerados essenciais para a vida universitária, e apoiando um amplo conjunto de pessoas e agregados familiares fragilizados em termos de “coabitação” e no respeito dos princípios da rede Homeshare International.

Temos então, aqui, a intergeracionalidade aplicada em termos de coabitação.


3. Misturas sociais e funcionais no habitar

3.1. Sobre alguns aspetos a ter em conta a partir do uso atual dos apartamentos

A referência específica, ainda que muito sintetizada, a esta matéria do uso atual específico dos apartamentos e, cumulativamente, de apartamentos integrados em grande condomínios verticais da grande São Paulo, neste estudo sobre intergeracionalidade e habitação amiga dos idosos e fragilizados, justifica-se pois considera-se que de certa forma estes grandes condomínios verticais configuram uma espécie de edifício de habitação “coletiva”, um pouco aproximada do que se visa, no presente estudo, com os conjuntos residenciais intergeracionais com espaços e serviços comuns (PHAI3C), isto considerando a grande variedade de espaços e equipamentos comuns existente em muitos desses condomínios de São Paulo, variedade essa que, de certa forma, tenta até, por vezes, compensar a relativa exiguidade de alguns apartamentos.

Neste sentido iremos procurar registar e comentar, a propósito deste relativo paralelismo com o PHAI3C, alguns aspetos constantes na excelente tese de mestrado da Prof. Arq.ª Simone Barbosa Villa intitulada Apartamento metropolitano habitações e modos de vida na cidade de São Paulo. [10]

Já aqui se sublinhou diversas vezes que somos cada vez mais os que vivemos sozinhos e, por vezes até sozinhos em diversas habitações, o que levaria a colocar mais uma vez em causa os incríveis números de habitações ditas vazias em Portugal; mas adiante e centrando-nos em alguns dos interessantes resultados do referido estudo de Simone Villa: (negrito nosso)

 Nos países ocidentalizados, morar só parece estar sendo a opção de uma parcela crescente da população: 25% dos ingleses, 30% dos suíços, mais de 30% dos alemães e dos suecos, na segunda metade de 1980, já na França, os 20,3% de pessoas sós em 1968 são 26,7 em 1989, em Paris de 1982, quase metade dos domicílios são habitados por uma só pessoa. (pg. 168)

O crescimento recente do número de famílias monoparentais é atribuído, principalmente, aos divórcios e às rupturas de uniões livres, em número menor, aos casos de viuvez, e ao crescente número de mães solteiras, … (pg. 168)

… Outra variação desta tendência de distanciamento do modelo convencional de família são os DINKs – Double Income No Kids (duplo rendimento, sem filhos), que se aproximam do modelo “pessoas sós” , baseiam-se no desejo de levar uma vida confortável, garantida pela remuneração de ambos os componentes, mantendo a liberdade e a sensação de uma vida de solteiro… (pg. 171)

Muitos de nós vivem sozinhos mas sempre e cada vez mais com vontade de viver desafogadamente em espaços diversificados e bem apropriados, tal como refere Simone Villa no estudo que está a ser referido:

Uma diferenciação ocorreu nos apartamentos de um dormitório, que passaram a ser dotados, ao longo dos anos 1980, de uma sofisticação visando descaracterizar sua habitual imagem de moradia para pobres.

… A maioria destes empreendimentos oferecia a seus moradores uma variada gama de serviços e entretenimentos, (pg. 177)

Isto parece ter muito a ver na prática com o PHAI: um bom quarto, uma excelente sala, uma “casa de banho” com janela e potencialmente com banheira sob a janela e uma grande cozinha que poderá ser um misto de espaço convivial e gastronómico; e uma sub zona da sala repartível e que pode ser escritório e/ou pequeno espaço de “quarto” de recurso; e uma varanda/balcão de estar razoável; tudo isto pode ser muito importante na configuração de um mundo doméstico que não sendo espacialmente muito amplo acaba por ser espacialmente muito rico; até porque, suplementarmente, estão, “ali”, logo para lá da porta, uma série de excelentes espaços e serviços comuns. E julga-se que desta forma se entende o relativo paralelismo que aqui se pretendeu estabelecer entre as habitações do PHAI3C e alguns apartamentos de São Paulo.

Num processo que acabou por proporcionar descidas de áreas nos apartamentos (multiplicadas pelo respetivo número de unidades), com a muito relativa compensação em espaços comuns que, provavelmente, terão usos pouco intensos, tal como é interessantementeregistado no estudo de Simone Villa que está a ser referido: 

Para compensar as perdas de área das unidades, verificamos que, a partir dos anos 1970, os empreendimentos, principalmente de alto luxo, iniciam um processo que se desenvolve com toda a força nos dias atuais, de valorização da esfera coletiva dos edifícios de apartamentos, caracterizado pelo surgimento de equipamentos de uso coletivo.

… Piscina com deck, sauna e salão de jogos (snooker), sala de repouso, salão de ginástica equipado, salão de recepção decorado, bar, quadra de esportes, lavanderia, seriam, entre outros, os atrativos (pg. 178)

Segundo Tramontano, “em 1975, surgiu o primeiro edifício de flats de São Paulo, trombeteado por campanhas publicitárias que desafiavam o público a conhecer o ‘jeito moderno de morar’ e vendiam o apart-hotel como ‘casa do futuro’, lembra a jornalista Maria Edicy Moreira”.274 Entretanto foi nas décadas seguintes que esta modalidade habitacional teve maior repercussão, consolidando-se como mais uma opção verticalizada de morar. Com área útil média de 30m², os flats representam uma mistura de habitação e hotel, oferecendo aos moradores, ou locatários, a condição de possuir um espaço individualizado e privado, servido por facilidades de um hotel, além de representar uma forma de investimento e renda…Outro segmento do mercado foram os flats que tinham como público alvo profissionais liberais em início de carreira, que não possuíam condições financeiras para montar seu próprio escritório. Tais apartamentos foram dotados de serviços como fax, computadores com acesso à internet, atendimento, salas de reunião, secretárias em pool, office-boy, etc.

Atualmente, entre moradores permanentes e hóspedes, encontram-se desde executivos de passagem até idosos solitários, casais jovens sem filhos, solteiros começando a vida, descasados recomeçando, e até famílias formadas por pai, mãe e filhos. (pg. 182)

Um verdadeiro espaço intergeracional, comenta-se!

E os espaços e serviços de uso comum foram-se diversificando e enriquecendo, ao longo dos anos, com todo um leque de potenciais atividades, apontadas por Simone Villa no estudo que estamos a referir:

Entre eles estão o lounge – descrito em alguns panfletos como um espaço para receber pessoas, trocar informações, ver e ser visto –, o espaço gourmetlocal dotado de cozinha, sala de jantar e equipamentos destinados a reuniões gastronômicas dos moradores e seus convidados –, o space grill – local próprio para se grelhar alimentos, diretamente ligado ao espaço gourmet, entretanto, com sistemas talvez mais eficientes de exaustão. (pg. 196)

Enquanto no próprio espaço do fogo novos conceitos foram surgindo, por vezes muito associados a novos e elaborados serviços comuns, desenvolvidos, provavelmente, na senda dos conceitos do tipo “boutique”, “charme”, etc., e associados a variados tipos de estadias; o que acaba por ser positivo e com potencial inspirador, se retirarmos os aspetos de marketing e atentarmos nas influências produzidas numa “arejada” diversificação espacial e funcional dos respetivos fogos; gerando-se, por vezes, soluções tão espacialmente condensadas como multilateralmente relacionadas e proporcionando uma adequada adaptabilidade num mosaico de microespaços, tratados, por vezes, com grande sensibilidade, mas outras vezes negativamente dimensionados e excessivamente sobrepostos em termos de usos e apropriações; novidades estas bem salientadas por Simone Villa no estudo que está a ser referido:

Os novos equipamentos sugerem o suprimento de algumas demandas típicas da metrópole contemporânea. Uma delas pode estar associada à importância que o uso do tempo passa a ter na vida das pessoas, daí a crescente oferta de empreendimentos dotados de serviços típicos de hotelaria, como o long stay, um tipo de flat, destinado a grupos familiares pequenos, normalmente composto por dois ou três dormitórios. No caso dos apartamentos convencionais, também tem sido notado o aumento da quantidade de serviços oferecidos pelo condomínio, desde serviços domésticos, como lavar, passar e cozinhar, até atividades externas como pequenas compras e pagamentos.

Há casos em que esses serviços se estendem à vigilância dos filhos, à disposição de motorista, personal trainer, massagista e entertainer. (pg. 197)

Finalmente, nesta extensa, mas julga-se bem merecida, útil e muito dirigida referência ao excelente estudo de Simone Barbosa Villa [11], sobre a evolução recente do apartamento metropolitano em São Paulo, retiramos um aspeto que se julga muito interessante para o desenvolvimento do PHAI3C que é o aprofundamento das condições de privacidade e apropriação individual que tem marcado mais recentemente aquela evolução; condição esta de grande intimidade e identidade que se julga deve ser marcante nas habitações que integram um conjunto intergeracional com espaços e serviços comuns, proporcionando-se um nível de intimidade e de proteção da individualidade extremamente apurado e que irá, assim, tender a equilibrar as próximas condições de interação social nos respetivos espaços comuns:

outra tendência clara nos últimos anos, a do incremento da privacidade dentro do espaço doméstico, principalmente burguês. Cada indivíduo possui, via de regra, um espaço de isolamento dentro do apartamento. (pg. 200)


3.2. Apartamentos com serviços domésticos coletivos (a propósito do caso histórico de Nova Iorque)

Sobre a história da intergeracionalidade apoiada por espaços e serviços comuns registam-se e comentam-se, em seguida, alguns aspetos da excelente tese de doutoramento de  Anna Puigjaner, significativamente intitulada El Waldorf Astoria Apartamentos con Servicios Domésticos Colectivos en Nueva York 1871–1929, que muito se recomenda.[12]

Afinal a história parece fazer, sempre, grandes ciclos, e de certa forma parte das ideias presentes no desenvolvimento de uma habitação intergeracional participada e apoiada por espaços e serviços comuns surgiram perto do final do Século XIX nos EUA e aí proliferaram de forma muito expressiva, mas assim como surgiram acabaram por desaparecer quando da grande crise financeira cerca de 1930.

Considerando-se esta temática de especial interesse iremos apontar, em seguida, de forma bastante extensa, porque se julga muito oportuna, alguns aspetos do referido estudo de Anna Puigjaner, intitulado El Waldorf Astoria Apartamentos con Servicios Domésticos Colectivos en Nueva York 1871–1929, que queremos salientar tendo em conta os evidentes paralelismos com o PHAI3C, numa espécie de listagem de conceitos práticos e quase sem comentários nossos: (negrito nosso)

(Em seguida a esta longa, porque importante, listagem, juntamos uma síntese de nossas considerações que julgamos mais oportunas)

El presente texto es el resultado de una investigación acerca de una tipología de edificio de viviendas sin cocina dotada con servicios domésticos colectivos que apareció en Nueva York a finales del siglo XIX. (pg. 19)

el edificio había sido algo más que una residencia. Formaba parte de la cultura de la ciudad: “The hotel has held a place in the lives of many people who regarded it as something more than a mere lodging.” … (pg. 19)

Por ejemplo, el Hotel Plaza abrió en 1907 con sus habitaciones ocupadas mayoritariamente por residentes estables. Todas sus habitaciones disponían de tres accesos: uno de ellos conectaba la habitación con el pasillo colectivo, mientras las otras dos puertas conectaban las habitaciones contiguas, permitiendo de ese modo formar apartamentos cuya composición dependía de la demanda. Cuando el hotel abrió sus puertas, el periódico New York Times publicó un diagrama del edificio revelando sus residentes, entre los que se encontraban destacadas personalidades de la sociedad neoyorquina como George J. Gould, Alfred G. Vanderbilt, u Oliver Harriman. (pg. 23)

Años antes de la construcción del hotel Waldorf Astoria, existían aproximadamente 54.931 hoteles en todo el país…, y gran parte de estos albergaban a residentes permanentes. Por aquel entonces el hotel se había establecido como una tipología residencial más, hasta tal punto que en medio del proceso de experimentación de nuevas tipologías arquitectónicas de finales del s. XIX y principios de XX, surgieron diversos ejemplos de edificios de vivienda que, influidos por esta tradición de vivir en los hoteles, disponían de servicios domésticos colectivos. Estas tipologías, a medio camino entre el edificio de apartamentos y el hotel, empezaron a surgir después de la Guerra Civil (1860–65) y fueron evolucionando sustancialmente hasta finales de la década de 1920  (pg. 23)

Para algunos, la vida en el apartment hotel suponía por tanto una alternativa que tenía más que ver con el confort que con el ahorro económico, especialmente en el caso de familias con un nivel adquisitivo alto que simplemente buscaban dejar atrás las preocupaciones y molestias que conllevaba la gestión de una casa. (pg. 50)

las viviendas en los apartment hotel, comprendiendo desde aquellas que disponían de un salón, una habitación y un baño, hasta viviendas de grandes dimensiones con múltiples estancias. (pg. 50)

A excepción de la falta de la cocina y otras estancias de servicio, las viviendas seguían una distribución muy similar a la de las viviendas unifamiliares existentes (pg. 52)

El Grosvenor fue también el primero en abrir al público sus servicios comunes, la cocina y los comedores. Su restaurante no únicamente servía a los residentes sino que también estaba abierto al público (pg. 54)

De nuevo volvía el debate. Si por un lado los posibles beneficios económicos eran valorados positivamente, por otro se consideraba que la pérdida de intimidad respecto al interior del edificio y el hecho de que se asemejase más a un establecimiento hotelero, lo teñían de connotaciones negativas de cara a algunos usuarios. (pg. 55)

Durante estos primeros años, otra de las propuestas que surgió con el objetivo de abaratar la vivienda, fue el sistema multipropiedad para los edificios de apartamentos, comúnmente denominados apartamentos cooperativos (cooperative apartments).

El elevado precio de los alquileres llevó a Philip G. Hubert93 a proponer el sistema de multipropiedad, en el que, por primera vez, los futuros residentes se organizaban para construir su propio edificio de viviendas, reduciéndose así los costes (pg. 57)

Los Hubert Home Clubs estaban dirigidos a la clase adinerada. De hecho Hubert podía suponer perfectamente que la gente con ingresos limitados jamás podría correr el riesgo de una inversión de esas características. Aún así, el sistema de copropiedad permitía reducir notablemente los costes de la vivienda y los hacía asequibles para una creciente clase media, lo que garantizó que el sistema disfrutara de cierto éxito y proliferara notablemente durante la década de 1880. (pg. 58)

Se consideraba más conveniente compartir el edificio con vecinos que tuvieran el mismo estatus social e incluso los mismos intereses (pg. 60)

Los promotores escogían la localización, el tipo de acabados, la renta, la organización interior y todo tipo de pormenores en función del público al que querían dirigirse. (pg. 60)

Entre los distintos tipos habitacionales que surgieron, quizás los casos más ejemplares de esta tendencia a la especialización son los edificios de viviendas dirigidos exclusivamente a solteros.

En 1870 había 125.000 solteros en Manhattan una proporción bastante « considerable si tenemos en cuenta que la población total de la isla era, en esa fecha, de 940.000 ciudadanos, a lo que había que añadir que formaban un grupo social muy activo, además de ser unos de los principales consumidores de todo tipo de ocio,… (pg. 60)

Este tipo de domesticidad, basada en una cocina compuesta por unos mínimos elementos y, en cierto modo, precaria, acabó denominándose popularmente “Light housekeeping”, término que comprendía también el régimen “hotelero”, mucho más amplio y flexible en la medida que, aparte de disponer kitchenettes en los apartamentos, mantenía el servicio de restaurante y otros servicios domésticos colectivos, proponiendo un modus vivendi que combinaba la libertad de prescindir de las ocupaciones domésticas y a la vez mantenía la opción de poder disfrutar de ellas a conveniencia. (pg. 252)

Seguem-se os nossos comentários de trabalho ao referido e importante estudo de Anna Puigjaner (tese dout., dir. Xavier Monteys), intitulado El Waldorf Astoria Apartamentos con Servicios Domésticos Colectivos en Nueva York 1871–1929, que muito se recomenda; sendo estes comentários realizados a propósito de uma análise das soluções habitacionais com serviços que foram atrás sintetizadas mediante citações ao referido estudo:

.     É sempre um “fogo” sem cozinha, mas com um ou dois quartos e uma sala/parlor, mais uma casa de banho com banheira; interessante a separação forte da cozinha, que pode influenciar um espaço com kitchenette apenas e eventualmente embutida.

.    No rc: grande hall, grande sala jantar, “café” e gabinetes médicos com acessos independentes.

.    Há sequências alternativas (com acesso ao corredor comum) com q, s, q, s, q, s, entremeadas de casas de banho, prmitindo portanto uma alocação adaptável de espaços.

.    O “café” no piso térreo pode ser uma sequência de espaços muito apropriáveis por pequenos grupos conviviais.

.    Entre quarto e estar pode haver uma grande porta de correr.

.    Antes, havia pequeno quarto de criada de apoio ao quarto principal e depois a saleta; hoje podemos voltar a faze-lo sendo o pequeno quarto para estudio e/ou visitas .

.    Restaurante pode ter espaço mais pequeno multifuncional e café pode ter um espaço pequeno do tipo bar.

.    Uma unidade residencial pode dar duas, seja em escolha inicial, seja em escolha posterior.

.    Há unidades T1 com pequenas kitchenettes de canto abertas para a sala mas com recanto e mesa, junto da porta de entrada.

.    Já então as extremidades eram usadas para tipologias maiores.

.    E pode haver kitchenete com despensa anexa para vinhos etc.

Todo este universo de edifícios residenciais com apartamentos sem cozinhas e com espaços e serviços comuns entrou em colapso com a crise financeira dos anos de 1930, tendo sido convertidos, quase na globalidade, em apartamentos sem serviços coletivos.

Salienta ainda Anna Puigjaner, no estudo que está a ser referido [13] , que os poucos “hotéis de apartamentos” que sobreviveram a essa crise financeira, o deveram aos seus residentes permanentes e, imagine-se, a fortes ocupações temporárias ligadas a grandes eventos citadinos.

Um aspeto muito interessante também apontado nas conclusões deste estudo de Anna Puigjaner é a influência que a ausência ou menorização da importância da cozinha privativa teve, tanto na criação de uma forte dependência entre o espaço doméstico e o espaço urbano próximo, como na profissionalização das atividades domésticas.


3.3. Mistura social e intergeracional

Sobre a importância de uma mistura social e intergeracional regista-se, muito pontualmente, o interessante  trabalho do centro de estudos Récipro-Cité, intitulado Mixité sociale et mixité intergénérationnelle . [14]

Trata-se de um estudo que abre portas de investigação e que se situa no sempre recorrente e, infelizmente, sempre muito pouco aprofundado estudo das relações diretas e indiretas, mas concretas, entre espaços físicos e comportamentos humanos e sociais; sublinhando-se algo muito importante que se refere às bem possíveis e nefastas influências de uma má conceção arquitetónica de soluções residenciais marcadas pela forte proximidade entre habitantes e com habitantes cujos comportamentos são muito diversificados devido a serem de grupos etários e socioculturais distintos, tal como se salienta no estudo referido: (negrito nosso)

La proximité spatiale n’est pas gage de lien social, d’une baisse de l’exclusion, des inégalités, du conflit, des préjugés et des discriminations, de la ghettoïsation. Au contraire, mal mise en œuvre, elle peut même les renforcer et finalement favoriser les attitudes de fermeture et de rejet.

Facette longtemps oubliée de la mixité sociale, la mixité générationnelle revient sur le devant de la scène publique du fait du vieillissement en cours et à venir de la population française. De façon très complémentaire à la mixité sociale, la diversité des générations est une richesse, et le terreau sur lequel Récipro-Cité se base pour créer de la mixité intergénérationnelle : créer du lien entre les générations sur un même territoire (que ce territoire soit une commune rurale, un quartier de banlieue, un immeuble ou un lotissement pavillonnaire…).

 

3.4. Usos mistos e integeracionalidade

A já anotada e importante relação, com vantagens mútuas, entre soluções intergeracionais e funcionalmente mistas tem sido apontado em frequentes estudos prático-teóricos, tal como é apontado no trabalho do Senior Housing News Resource Center, intitulado Strategies for Mixed-Use Development in Senior Living, que em seguida é citado e sumariamente comentado. [15]

A ideia básica sublinhada no documento referido é que não devemos “encaixotar” os idosos em soluções de alojamento essencialmente funcionais e estandardizadas e neste sentido há que promover soluções residenciais duplamente mistas, quer em termos geracionais – portanto intergeracionalmente dinamizadas -, quer em termos de funções residenciais e urbanas integradas e mutuamente dinamizadas nessas soluções; isto porque, tal como é registado no documento, “mais do que nunca anteriormente, os atuais idosos procuram modelos residenciais inovadores para viverem os seus anos dourados”; vivendo-os na cidade e em exteriores agradáveis, tal como é sublinhado no referido estudo do Senior Housing News Resource Center:   (negrito nosso)

They want walkable access to retail, health care and entertainment. They want a connection to the outdoors and an intergenerational community. They want to be near loved ones and remain in or near the region they’ve always called home.

O enfoque que aqui se faz numa inovação residencial que atraia os “recentes idosos” e mesmo, dizemos nós, os “jovens idosos”, numa mistura etária que ajuda já muito ao referido objetivo de vivência local intergeracional, corresponde de certa forma a uma vontade de se ser positivamente surpreendido com um estimulante, diversificado e muito adequado quadro residencial e urbano, exatamente, quando vamos ter tempo e disposição para o gozar intensamente; e desta forma iremos conseguir optar pela mudança residencial mesmo quando idosos; e uma mudança residencial também funcionalmente inovadora e diversificada, tal como é sugerido no referido estudo do Senior Housing News Resource Center:

Along with the traditional retail and restaurants, developers are getting creative, tying senior living to other property types, including hospitals, pharmacies, hotels, preschools and libraries

E atente-se, caso a caso, no interesse que têm estas diversas possíveis variantes, funcionalmente mistas, de soluções residenciais também etariamente mistas (intergeracionais).

O estudo que está a ser referido aponta três interessantes caminhos da mistura ou mixagem funcional integrando habitações para os mais idosos: um caminho verticalizado; um outro caminho horizontalizado e volumetricamente marcado; e um terceiro mais ao nível do ordenamento urbano – tal como se desenvolve em seguida através de citações do mesmo estudo do Senior Housing News Resource Center:

The first is “vertical mixed-use.” This is perhaps the most traditional and what most people think of when they think of “mixed-use” — a single structure, often a tower, with retail or dining on the ground floor. The residential areas are above that, with a mix of care levels. These single structures often come with below-ground parking, and are often located in city centers, such as Chicago, Manhattan and Mexico City.

The second is “horizontal mixed-use. These are mall like sites with multiple plots run by multiple operators, including an area for senior living. These sites take the benefits of walkability and accessible shopping and build out, rather than up.

The third are master planned communities that situate senior living within vast acreage designed to create an inclusive living experience

Numa idêntica perspetiva e citando agora um interessante artigo publicado pela BBC Scotland e em parte baseado em textos de Stephen Burke, intitulado The unexpected benefits of bringing care homes and nurseries together , registam-se algumas referências à importância da convivência entre idosos e crianças, para ambos os grupos etários, e a uma questão que, inacreditavelmente, até parece que tem vindo a ser, quem sabe, talvez, oportunisticamente ignorada, que se refere aos críticos aspetos de segregação etária – ou de uma caraterização funcional etária criticamente unidirecional –, que marcam a nossa sociedade atual e que, evidentemente, afetam gravemente os mais idosos, fragilizados e com menos “voz ativa”: [16]

For twenty years, Judith Ish-Horowicz took children from her south London nursery school to visit the elderly residents of a care home. Intergenerational activity is now at the heart of the Nightingale House. ‘For children, it's about their early learning, we see children growing socially and their language developing.

Why is the UK so age segregated? ‘A lot of our activities are very segregated by age, whether it's care home and nurseries or the type of housing we live in.’ ‘A lot of our communities are very segregated by age, simply down to the housing.’ ‘And a lot of our social activities are very focused on one way age; increasingly pubs are much more age segregated than they used to be.’

4. Habitação intergeracional: soluções e tipologias

4.1. Intergeracionalidade  e habitação cooperativa

Uma hipótese interessante e que parece ser socialmente sustentável é a aliança entre intergeracionalidade e promoção habitacional cooperativa, pois para além de todo um conjunto de outros aspetos de oportunidade, ambas as iniciativas têm um fundo comum de solidariedade, convivialidade e mesmo ajuda mútua.

Assim indicam os responsáveis pela Intergenerational Living Auckland no seu artigo que é significativamente intitulado Intergenerational Living - Co-housing for all age groups a better living solution.[17]

E arrancam com uma definição de “vivência intergeracional” em que se sublinha a exploração de novas opções habitacionais e vivenciais, por parte de pessoas com mais de 50 e 60 anos, no sentido de “encontrarem uma «terceira via» que evitasse as desvantagens de viverem sozinhas em habitações independentes ou viverem apenas e exclusivamente entre outros idosos numa aldeia para aposentados”.

Considera-se esta uma excelente definição de intergeracionalidade aplicada aos mais idosos.

No mesmo folheto de apresentação da Intergenerational Living Auckland aponta-se um muito interessante conjunto de benefícios sociais que resultam de uma vivência intergeracional e que são, em seguida, citados: (negrito nosso)

.      Seniors remain integrated into society and are able to continue to contribute in meaningful ways. By maintaining independence and their own decision-making, seniors enjoy improved physical and mental health. Loneliness is prevented.

.      Families can draw on different generations for child support.

.      People without relatives living in the same city or country can draw on the support of surrogate grandparents, aunts, uncles etc.

.    The children of solo parents or one-child families can benefit from a wider sense of family.

.     The willingness to co-operate means that people choose to live alongside those who share the values of caring, support and respect for others.

.      An alternative model of living is demonstrated, which benefits the wider society by encouraging others into different options.

.      Government agencies save costs in social spending.


4.2. Habitação para os mais jovens num quadro intergeracional

Repensar a intergeracionalidade residencial tem de ser (re)pensar também a habitação para os mais jovens e não só os aspetos residenciais mais amigos dos idosos e mesmo do envelhecimento humano, por isso aqui se faz uma referência e, apenas uma referência, a essa outra matéria de investigação, de forma quase simbólica e utilizando/comentando, brevemente, algumas palavras e excelentes ideias ligadas a um “atelier” promovido pelo excelente Plan Urbanisme Construction Architecture (PUCA), intitulado Atelier Modes de vie et logements des jeunes: [18]

A ideia do referido “atelier” foi “repensar a conceção habitacional para melhor responder aos desafios da nossa sociedade.” (pg. 4)

Uma matéria recorrente nestas problemáticas habitacionais, em geral, e especificamente quando se abordam tipologias potencialmente mais informais, funcionais e globalmente minimalistas, como são habitualmente qualificadas as habitações dedicadas aos habitantes, é, naturalmente, a questão dimensional e muito e, negativamente, dirigida para as áreas mínimas.

Esquecendo-nos, frequentemente, que um pouco mais de área criteriosa e qualificadamente integrada nos “pontos” mais estratégicos (exemplos: uma circulação mais folgada e que permite introduzir mobiliário, uma zona de preparação de refeições mais polivalente no sentido de aceitar uma pequena mesa escamoteável, uma pequena varanda que dá para estar sentado), faz incrementar “exponencialmente” o que podemos considerar como o “capital de habitabilidade” do respetivo estúdio ou apartamento, com as consequências diretas na respetiva satisfação dos residentes e na direta adaptabilidade a diversas necessidades e gostos vivenciais, que se efetivam num melhor habitar desses espaços e numa melhor atitude para com os espaços comuns contíguos e próximos – e provavelmente esse “suplemento de alma” em termos de desafogo espacial é, até, feito, à custa de metros quadrados sem instalações especiais (é só um pouco mais de “espaciosidade cega”, poderemos dizer); e assim podemos sublinhar que não se devem aplicar “tamanhos críticos” (designação retirada do estudo do PUCA que está a ser referido).

Para além de uma espaciosidade bem distinta dos mínimos de áreas e dimensionais a habitação para os mais jovens não deve ficar refém de tipologias únicas, grandes consumidoras de instalações e que tendem a obrigar a exposições solares negativas e à multiplicação de soluções monorientadas e sem ventilação cruzada; e aliás ao integrar-se em soluções intergeracionais as habitações para os mais jovens deixam de  ter de ser sistematicamente as mais pequenas, pois pode haver, por exemplo, outros moradores que as prefiram; sendo que tudo o que se possa aproximar de um processo de uniformização na atribuição tipológica será de evitar pois tem conotações institucionais diretas; tal como é salientado no referido estudo, intitulado Atelier Modes de vie et logements des jeunes: (negrito nosso)

… des typologies plus larges peuvent permettre des réalisations plus polyvalentes, dont l’utilité serait plus pérenne. Le second, que le T1, considéré généralement comme la cellule standard d’un logement pour jeunes, pose divers problèmes, en particulier au niveau environnemental: par la multiplication des équipements consommateurs d’énergie, mais aussi parce que la multiplication de petites unités d’habitation complexifie forcément la recherche, pour chacune d’entre elles, d’un optimum en termes d’exposition, de chauffage et de ventilation. (pg. 7)

… En ce qui concerne la typologie des logements, parce qu’une plus grande diversité au sein d’un même bâtiment permettrait à la fois d’assurer une meilleure réponse (un étudiant en alternance est plus dans une logique hôtelière qu’un doctorant étranger qui n’a pas les ressources pour rentrer souvent dans sa famille, et dans son pays), mais aussi une plus grande perméabilité avec d’éventuelles occupations ultérieures (on peut en effet se demander si un ensemble de logements étudiants a forcément vocation à le demeurer sur l’ensemble de son cycle de vie), ou même simultanées : en ce sens, on peut penser qu’une trop grande spécialisation des logements nuit au développement de la mixité. (pg. 7)

Se deverão existir soluções de apartamentos compartilhados integrados num amplo quadro residencial intergeracional, julga-se ela ser globalmente positiva, porque poderá contribuir para uma ainda mais forte miscigenação etária e social, desde que essa  partilha de apartamentos seja especificamente dirigida para faixas etárias muito jovens (ex., universitários) e com reduzida capacidade financeira; em outras situações não se recomenda a integração de soluções de partilha de fogos integradas em quadros intergeracionais pois ela será muito provavelmente crítica, quer no caso da partilha de fogos ser feita por adultos, em situações que no limite poderão associar-se a casos de sobreocupação, quer quando a partilha é feita por idosos e neste caso tendencialmente associados a situações de grande dependência – julga-se que estes dois últimos casos de partilha habitacional obrigarão a um quadro de gestão comum bastante rígido e não compaginável com o ambiente naturalmente residencial e intergeracional que se pretende criar.

Um outro aspeto em que a prática da partilha habitacional e os seus ensinamentos, designadamente, em termos de zonas de transição e relação, têm grande interesse é na relativa transposição dos seus principais aspetos de harmonização entre os diversos quadros de privacidade e de “comunidade”, que se passam ao nível/escala de um apartamento habitado por pessoas potencialmente estranhas, entre si:

- quer para uma conceção habitacional geral que seja especialmente habilitadora dos “mundos” privados de cada habitante, das suas identidades e formas de apropriação – ensinamentos estes sempre extremamente úteis para uma renovada conceção habitacional mais amiga da individualidade e, consequentemente, da sua relativa comunidade (nos seus espaços mais comuns); e ensinamentos estes extremamente interessantes quando no âmbito de uma intervenção intergeracional bem desenvolvida em termos de espaços e serviços comuns, queremos assegurar, simultaneamente, uma afirmada e “enriquecida” defesa da intimidade, identidade e caráter de cada fogo e, neste, de cada um dos seus conjuntos espaciais mais íntimos;

- quer para uma conceção residencial que harmonize, ao máximo, as vivências privadas e bem recatadas nos seus fogos e estúdios, com as (con)vivências comuns nos espaços comuns contíguos e próximos, naturalmente, no âmbito de uma intervenção residencial intergeracional significativamente “equipada” com espaços e serviços comuns; tal como é apontado no referido estudo, intitulado Atelier Modes de vie et logements des jeunes:   

Parmi les caractéristiques de la colocation [apartamento compartilhado], est apparue également la limite d’une distribution des l’espaces collectifs et privatifs : l’existence de zones intermédiaires entre les deux, et permettant d’assurer une transition, est également souhaitable. En leur absence, le risque d’un « tout-partagé » mal vécu ou, à l’inverse, d’une quasi absence de vie collective, s’accroît, encore complexifié par le fait que l’analyse des comportements des colocataires montre clairement qu’il existe en fait deux vies sociales simultanées : celle de l’individu, qui reçoit dans sa chambre, et celle du groupe, qui reçoit dans les parties communes du logement(pg. 9) 

 

4.3. Vantagens mútuas na convivência entre idosos e crianças pequenas

A já anotada excelente relação, com vantagens mútuas, entre idosos e crianças muito pequenas é desde há algum tempo evidenciado em diversos estudos, apontando-se e comentando-se, aqui, brevemente, o artigo de Walt Gardner intitulado Interaction benefits toddlers and elderly alike. [19]

Esta referência não serve para mais do que deixar “uma porta aberta” à futura investigação teórico-prática nesta área e em Portugal, havendo até entre nós alguns casos que se aproximam deste modelo de ligação quase institucional entre equipamentos de apoio à infância e aos idosos; e sendo que nunca devemos esquecer que as intervenções do PHAI3C não são equipamentos coletivos nem instituições, mas sim habitação.

Fiquemos assim algumas interessantes considerações constantes do artigo de Walt Gardner intitulado Interaction benefits toddlers and elderly alike: (negrito nosso)

Although Kotoen was originally just another nursery school, during a renovation it was coupled with a senior center. By 1998, the concept had spread to include 16 other similar facilities, according to the Health, Labor and Welfare Ministry.

The benefits soon became apparent. Seniors found a solution to the loneliness and boredom that characterized so many nursing centers. According to a study in 2013, seniors began smiling and conversing more among themselves. Moreover, they exhibited delayed mental decline, lower blood pressure and reduced risk of disease and death compared with seniors in nonparticipating facilities.

But the program is not a one-way street by any means. Toddlers developed respect and empathy for the elderly, which enhanced their social and personal development. For children who live far away from the homes of their grandparents, the arrangement exposed them to a segment of society that they otherwise would not know except as an abstraction.

E de certa forma julga-se ser esta a versão mais apurada e evidenciada das virtudes da intergeracionalidade, tal como também é referido no artigo que está a ser citado e comentado:

Japan and the U.S. Geriatricians in particular are becoming increasingly interested in new ways of making the final years of life more fulfilling. When they can achieve that goal, while at the same time help those just beginning theirs develop socially and emotionally, they will have done an invaluable service to society.


4.4. Tipologias de vizinhanças intergeracionais e funcionalmente mistas

Uma outra forma de intergeracionalidade repousa em vizinhanças onde para além da habitação existam outras funções urbanas onde os habitantes mais idosos possam cumprir tarefas, que resultem em benefícios conviviais, de interação social e de reforço da autoestima, por exemplo, pela prestação de apoio formativo e educativo para eles próprios, mas também em benefícios formativos, educativos e de interação social, por exemplo, para crianças jovens com as quais os idosos interajam, naturalmente, num quadro formativo bem regrado.

E naturalmente que tais soluções intergeracionais e funcionalmente mistas não se esgotam em iniciativas em que se integram conjuntos residenciais e equipamentos coletivos para crianças.

É sobre estes aspetos de uma intergeracionalidade residencial casada com outras funções urbanas, num quadro funcionalmente misto, que incide o estudo de  Chris Phillipson, intitulado Growing older in urban environments: perspectives from Japan and the UK, que em seguida iremos citar e comentar. [20]

Uma hipótese interessante é incentivar intervenções urbanas integradas por habitações adequadas a diversos modos de vida e, especificamente, a diversas fases da vida; proporcionando-se um ambiente marcado por essas variadas formas de habitar e por esses variados níveis geracionais, assim como uma natural opção por tais soluções específicas à medida que vamos envelhecendo e ainda variadas e espontâneas relações interpessoais e mesmo redes de entreajuda e partilha de tarefas entre os habitantes, numa espécie de multigeracionalidade mais ativa, até porque abarcando não só habitação, mas também espaços de trabalho amigos dos idosos – em mais um reforço dos aspetos funcionais mistos; salientando-se e citando-se, em seguida alguns desses tipos de aspetos apontados por Chris Phillipson no referido estudo: (negrito nosso)

barrier-free condominium blocks to ensure mobility. The community will offer housing for people at various life stages, so that they can move to a place which meets their needs best throughout the life course.

 A 24-hour care system to support home-based care has also been mapped out as a key feature of service provision. One of the major objectives of the redesign is to improve networks among residents and develop various opportunities for older people to take a role in supporting their own community. A substantial population of baby boomers who are working in Tokyo will soon retire and return to suburban communities.

The project is planning to create age-friendly work places and flexible schemes of employment that will provide options for residents to work into their 70s and beyond. (pg. 10)The plan utilizes existing ICT [TCI, tecnologias de Informação e Comunicação] to reach out for people to stay safe and connected, and also tests the application of new technology in the community…

This is an ambitious social experiment for agents in different sectors to work together to create a community supportive of increasing numbers of people living into late old age. Key areas under development include:

Developing work places for the second half of life (e.g. community farms; after-school programmes supported by older people).

Developing housing to suit different phases of the life course.

Developing alternative means of transport (car sharing; community buses; specially-adapted cars; reforms to road systems). (pg. 10)

Mas em tudo isto importa ter os pés bem assentes na terra e considerar que tudo mexe com tudo e que o fazermos ambientes amigos do envelhecimento humano e do seu adequado e natural enquadramento intergeracional tem de ser devidamente harmonizado com uma globalidade de outros objetivos igualmente importantes; entre os quais Chris Phillipson salienta cinco, citando outro autor:

Professor Burton identified five important challenges in achieving age-friendly designs:

First, built environment interventions have to address a multitude of objectives, not just those related to healthy ageing (e.g. an intervention to optimise older people‘s well-being might have negative consequences for energy or heritage conservation).

Second, built environments are not tailor-made for individuals, they have to be suitable for everyone i.e. all ages and abilities.

Third, built environments have to be appropriate not just for current residents but future ones as well.

Fourth, community involvement in design is a challenge in terms of accessing a cross-section of views – often only the loudest‘ voices are those that get heard. (pg. 11)


Bibliografia (referências práticas)

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VILLA, Simone Barbosa (orientador prof. dr. Marcelo Tramontano) -  Apartamento metropolitano habitações e modos de vida na cidade de São Paulo. dissertação de mestrado, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo outubro 2002.


Notas editoriais gerais:

(i) Embora a edição dos artigos editados na Infohabitar seja ponderada, caso a caso, pelo corpo editorial, no sentido de se tentar assegurar uma linha de edição marcada por um significativo nível técnico e científico, as opiniões expressas nos artigos e comentários apenas traduzem o pensamento e as posições individuais dos respectivos autores desses artigos e comentários, sendo portanto da exclusiva responsabilidade dos mesmos autores.

(ii) No mesmo sentido, de natural responsabilização dos autores dos artigos, a utilização de quaisquer elementos de ilustração dos mesmos artigos, como , por exemplo, fotografias, desenhos, gráficos, etc., é, igualmente, da exclusiva responsabilidade dos respetivos autores – que deverão referir as respetivas fontes e obter as necessárias autorizações. 

(iii) Para se tentar assegurar o referido e adequado nível técnico e científico da Infohabitar e tendo em conta a ocorrência de uma quantidade muito significativa de comentários "automatizados" e/ou que nada têm a ver com a tipologia global dos conteúdos temáticos tratados na Infohabitar e pelo GHabitar, a respetiva edição da revista condiciona a edição dos comentários à respetiva moderação, pelos editores; uma moderação que se circunscreve, apenas e exclusivamente, à verificação de que o comentário é pertinente no sentido do teor editorial da revista; naturalmente , podendo ser de teor positivo ou negativo em termos de eventuais críticas, e sendo editado tal e qual foi recebido na edição.


Etiquetas/palavras chave: habitação, habitação intergeracional, habitação para idosos, intergeracionalidade, espaços residenciais, PHAI3C, Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional Cooperativa a Custos Controlados

 

Intergeracionalidade e convívio na habitação – versão de trabalho e base documental # 875 Infohabitar

António Baptista Coelho  – com base direta nos textos, ideias e opiniões dos autores referidos ao longo do artigo

 

Artigo XLIII da série editorial da Infohabitar – “Programa de Habitação Adaptável e Intergeracional através de uma Cooperativa a Custo Controlado “PHAI3C” 

Infohabitar, Ano XIX, n.º 875

Edição: quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Infohabitar

Editor: António Baptista Coelho, Investigador Principal com Habilitação em Arquitectura e Urbanismo – Departamento de Edifícios do  Laboratório Nacional de Engenharia Civil - LNEC

abc.infohabitar@gmail.com, abc@lnec.pt

A Infohabitar é uma Revista do GHabitar Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional Infohabitar – Associação atualmente com sede na Federação Nacional de Cooperativas de Habitação Económica (FENACHE) e anteriormente com sede no Núcleo de Arquitectura e Urbanismo do LNEC.

Apoio à Edição: José Baptista Coelho - Lisboa, Encarnação - Olivais Norte.

 

Notas bibliográficas:

[1] AA.VV ; Governo francês - L’habitat intergénérationnel. Portail National d’Information pour l’Autonomie des Personnes Âgées et l’Accompagnement de leurs Proches. 2015, atualizado em 2017. Sites indicados na publicação :

https://www.pour-les-personnes-agees.gouv.fr/

https://www.pour-les-personnes-agees.gouv.fr/choisir-un-hebergement/vivre-dans-un-logement-independant-et-beneficier-de-services/lhabitat-

[2] AA. VV - Architecture et logements des jeunes : comment réinventer ? Plan Urbanisme Construction et Architecture (PUCA, Logement Design pour Tous, «Atelier modes de vie et logements des jeunes». PUCA, Paris (SD).

[3] AA. VV - Architecture et logements des jeunes : comment réinventer ? Plan Urbanisme Construction et Architecture (PUCA, Logement Design pour Tous, «Atelier modes de vie et logements des jeunes». PUCA, Paris (SD).

[4] ILC-India and ILC-UK - Global perspectives on multigeracional households and intergerational relations. International Longevity Centre (ILC) Global Alliance. 2012

[5] European Federation for Living (EFL) - Accessible and Intergenerational Living. EFL, Topic Group Accessible and Integenerational Living. 2018.

https://www.ef-l.eu/working-groups/accessible-housing/ O referido grupo iniciou então o projeto Interreg NWE de quatro anos, intitulado  IStay@Home.

[6] Losa Garridos  - Las Viviendas Intergeneracionales están pensadas para que la soledad no se coma a los mayores. Alicante, 13 octubre, 2015.

https://www.reporterismoumh.org/las-viviendas-intergeneracionales-estan-pensadas-para-que-la-soledad-no-se-coma-a-los-mayores/  Entrevista a Mayte Fernández Sarrión, Jefa del Departamento Social del Patronato de Vivienda de Alicante.

[7] Fernando Barciela - Ciudades para la tercera edad. El País. Economía. 30, dezembro, 2014.

[8] Carey Reed  - Dutch retirement home offers rent-free housing to students . PBS NEWSHOUR, 5 abril, 2015 .

[9] AA. VV - Programa de Alojamiento Alternativo: Convivencia Intergeracional y Ayuda Mutua, desenvolvido por diversos autores da Universidad de Deusto, Bilbao, Bizkaia

PROMOTOR: Diputación Foral de Bizkaia. Departamento de Acción Social.

AUTORÍA: Centro del Conocimiento de Fundación EDE.

EQUIPO MOTOR: Álvaro Mosquera (Fundación Aspaldiko), Iñaki Artaza (Zahartzaroa: Asociación Vasca de Geriatría y Gerontología), Iñigo Vidaurrázaga (Gizardatz: Asociación de Entidades de Iniciativa e Intervención Social de Bizkaia), Luis Miguel Porto (Fundación para la promoción del Tiempo Libre Educativo-Aisi-Hezi), Miren Maite Alonso (Consejo Escolar de Euskadi), Natxo Arnaiz (Bolunta: Agencia para el Voluntariado y la Participación Social de Bizkaia), Pilar Ardanza (Diputación Foral de Bizkaia), Sabin Ipiña (Consejo de Personas Mayores de Bizkaia) y Sergio Murillo (Diputación Foral de Bizkaia).

[10] Simone Barbosa Villa (orientador prof. dr. Marcelo Tramontano) -  Apartamento metropolitano habitações e modos de vida na cidade de São Paulo. dissertação de mestrado, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo outubro 2002.

[11] Simone Barbosa Villa (orientador prof. dr. Marcelo Tramontano) -  Apartamento metropolitano habitações e modos de vida na cidade de São Paulo. dissertação de mestrado, Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo outubro 2002.

[12] Anna Puigjaner (tese dout., dir. Xavier Monteys) - El Waldorf Astoria Apartamentos con Servicios Domésticos Colectivos en Nueva York 1871–1929. Universidad Politecnica de Catalunya. 2014

[13] Anna Puigjaner (tese dout., dir. Xavier Monteys) - El Waldorf Astoria Apartamentos con Servicios Domésticos Colectivos en Nueva York 1871–1929. Universidad Politecnica de Catalunya. 2014

[14] Récipro-Cité (Centro de Estudos) - Mixité sociale et mixité intergénérationnelle. Récipro-Cité. 2017 a 2020. http://www.recipro-cite.com/mixite-sociale/

[15] Senior Housing News Resource Center - Strategies for Mixed-Use Development in Senior Living. Senior Housing News Resource Center. 2018.

[16] BBC Scotland e Stephen Burke from the think tank United for All Ages  - The unexpected benefits of bringing care homes and nurseries together. BBC Scotland. 2 de outubro, 2017. https://www.bbc.co.uk/programmes/articles/4Pk7l8CZKzrLrGL5N0FQ7d3/the-unexpected-benefits-of-bringing-care-homes-and-nurseries-together

[17] Alfred Hassencamp (hcamp@ihug.co.nz); Mary Buckland & Mike Elliot ( mikemary@nznet.gen.nz); Juliet Batten (jbatten@pl.net) - Intergenerational Living - Co-housing for all age groups a better living solution. Intergenerational Living Auckland. Julho. 2010. https://johnboywallbanger.wordpress.com/2010/07/09/co-housing-for-all-ages-a-better-living-solution/

[18] Plan Urbanisme Construction Architecture (PUCA) - Atelier Modes de vie et logements des jeunes. programme Logement Design pour tous. Maison Internationale de la Cité Internationale Universitaire de Paris. 6 julho 2009.

[19] Walt Gardner -  Interaction benefits toddlers and elderly alike. Japan Times, Mar 13. 2016.

Walt Gardner writes the Reality Check blog for Education Week in the U.S.

[20] Chris Phillipson - Growing older in urban environments: perspectives from Japan and the UK. The International Longevity Centre - UK . 2011.

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